Tecnologia aliada ao atendimento humanizado e foco no paciente mostram a relevância do segmento
Importante elo da cadeia da saúde, a medicina diagnóstica vem ganhando destaque por suas diferentes inovações, que resultam em melhoria da assistência e de eficiência para o sistema de saúde. Com a pandemia de Covid-19, o segmento assumiu seu protagonismo.
Diante dos desafios, nos últimos dois anos o setor não se debruçou unicamente sobre o novo coronavírus. Ele seguiu seu curso evolutivo: trouxe importantes possibilidades para o futuro, mostrando não haver um ponto final quando o assunto é desenvolvimento de novas tecnologias e formas de atendimento para otimizar testes e exames indispensáveis ao bem-estar humano.
“A medicina diagnóstica é infraestrutura, logística, capacidade de produção, pesquisa e desenvolvimento, assim como interface de sistemas. A pandemia colocou o holofote no segmento, ampliando sua visão na busca por uma infraestrutura melhor no Brasil”, afirma Roberto Santoro, CEO do Grupo Pardini, para quem a área vem demonstrando sua relevância no setor e na assistência à população.
Foi a reação rápida do segmento e a adaptação à nova realidade em dar uma resposta eficaz, focada na menor geração possível de danos, que fez com que a medicina diagnóstica continuasse relevante em momentos de crise.
“Os resultados de exames laboratoriais apoiam cerca de 70% das decisões médicas e são de suma importância na atenção à saúde. A tendência é que ela continue tendo um protagonismo ainda maior. Isso porque o avanço da tecnologia e a transformação digital estão garantindo exames e análises cada vez mais precisos e eficientes”, aponta Claudia Cohn, CEO do Alta Excelência Diagnóstica e diretora-executiva da Dasa.
Nesse contexto, a integração entre diferentes sistemas e frentes de intervenção confere maior taxa de acerto, humanização e viabilidade para tratamentos. São ações muito importantes inclusive para o atendimento à demanda reprimida de doenças crônicas devido à diminuição na procura e na realização de exames eletivos em decorrência do isolamento social.
Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), afirmou durante fórum realizado em maio pela FIND – Diagnosis for all – que o segmento tem de se empenhar para cuidar de outras tantas doenças que assolam o mundo e não somente a covid-19, pois elas não esperam a pandemia passar para aparecer ou se agravar.
“É preciso fortalecer o sistema multilateral, tornando o diagnóstico uma parte fundamental do desenvolvimento da área da saúde e da preparação às emergências. Sem o diagnóstico, estamos às cegas”, alertou.
Valor ao paciente
A tecnologia tem sido uma aliada para trazer mais eficiência aos serviços de diagnóstico, facilitando bastante os processos laboratoriais e permitindo a realização de exames em grande escala, em menor tempo, com melhor qualidade e precisão – tudo isso somado à redução de custos operacionais.
Para isso, investimentos em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento) deverão alimentar as inovações tecnológicas na busca por soluções que melhorem a experiência do paciente. O foco em atendimento humanizado e personalizado é uma das soluções para alcançar a satisfação do cliente.
A telemedicina, nesse contexto, tornou-se ferramenta importante, inclusive para a medicina diagnóstica, que já vinha atuando com serviços a distância. Uma prática consolidada, que preza pela eficiência e qualidade do atendimento e do diagnóstico em benefício da população.
De acordo com Gonzalo Vecina, médico sanitarista e professor da Universidade de São Paulo, outro ponto importante é a questão do acesso em um sistema ainda mais sobrecarregado devido à pandemia de Covid-19. “É preciso discutir a questão tanto com o SUS quanto com a iniciativa privada”, diz o médico, que aponta a Abramed como um elemento fundamental para construir essa colaboração no segmento.
“Para alcançar o propósito de levar saúde a todos os cidadãos, são necessárias ações colaborativas e entender que a entrega, o tratamento ou a alta complexidade podem ser o maior valor ao paciente”, destaca Vecina.
A inovação e a transformação digital, na visão do general manager da Abbott no Brasil, Julio Aderne, podem permitir a maximização da eficiência do sistema, no processo de criar valor à saúde e colocar o paciente no centro das decisões.
“A medicina diagnóstica tem grande potencial. Mesmo na crise econômica, nós crescemos, mas devemos acelerar as transformações em tecnologia e a qualidade do atendimento, colocando os pacientes no foco dos cuidados e investindo em ações preventivas”, comenta o especialista.
Entretanto, para que todos os avanços imaginados sejam efetivados, é preciso que o setor, em sua totalidade, seja sustentável, aponta Vecina. “Não há como falar em progresso sem antes pensar em sustentabilidade. É necessário garantir o funcionamento dos serviços para que a população tenha acesso a consultas e exames, que contribuem para o melhor diagnóstico e o tratamento de suas doenças”, diz o médico sanitarista.
E a medicina preventiva é um dos componentes da resposta à densa equação da sustentabilidade econômica do setor. É importante que todos os atores da complexa cadeia de saúde se unam na proposição de um modelo de diagnóstico sustentável que permita a incorporação tecnológica e o melhor desfecho clínico ao paciente.