No mês em que é celebrado o Dia Mundial do Câncer, o
alerta é sobre a importância da retomada dos exames para diagnóstico precoce da
doença.
Com o agravamento da pandemia no país e
a manutenção das medidas de isolamento social, cerca de 177,5 milhões de exames
deixaram de ser realizados em 2020, muitos deles associados ao câncer. Neste 4
de fevereiro, Dia Mundial do Câncer, a Abramed – Associação Brasileira de
Medicina Diagnóstica faz, justamente, um alerta sobre a importância do
diagnóstico precoce.
Segundo o Painel Abramed 2021 – O DNA do
Diagnóstico, em 2020 houve redução de 133,5 milhões de exames de diagnóstico na
comparação com 2019, o que corresponde a 14,6%. Foi verificada redução
acentuada no número de exames que auxiliam no diagnóstico do câncer: queda de
37,3% de exames de pesquisa de sangue oculto nas fezes; 31,8% de colonoscopias;
28,3% de mamografias e 24,4% de exames de citopatologia cérvico-vaginal
oncótica.
O INCA – Instituto Nacional de Câncer
estima cerca de 625,4 mil novos casos da doença a cada ano, entre 2020 e 2022.
Serão, por exemplo, 65.840 casos novos de câncer de próstata, o que representa
uma probabilidade de 62,95 casos novos a cada 100 mil homens, e 66.280 casos
novos de câncer de mama, com um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100
mil mulheres.
A estimativa é que haverá um aumento de
20% no número de óbitos em pacientes com câncer nos meses subsequentes aos
períodos de confinamento da população em decorrência da pandemia. E não é só
isso, quanto mais tardio é o diagnóstico, piores são as sequelas do tratamento.
No Brasil, segundo o relatório de
auditoria sobre a política nacional para prevenção e controle do câncer
realizado pelo TCU – Tribunal de Contas da União, aproximadamente 80% dos
pacientes com câncer foram diagnosticados em grau de estadiamento 3 e 4. Esses
números geram preocupação, já que a detecção e o tratamento precoce podem
aumentar as chances de cura dos pacientes.
O entendimento de que diagnosticar
pacientes precocemente salva vidas e pode reduzir consideravelmente as despesas
assistenciais já está consolidado há muito tempo. Não há dúvida de que o
diagnóstico tardio, ao contrário, pode promover uma sobrevida pior e resultar
em tratamentos mais custosos e muitas vezes ineficientes.
“Os
números mostram que a pandemia reduziu as ações de prevenção de doenças. Agora
é o momento de reforçar a importância do autocuidado, dos exames preventivos e
dos benefícios do diagnóstico precoce junto à população”, salienta Wilson
Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.
O
trabalho de diagnóstico é fundamental para os resultados que trazem valor na
área da saúde e para a sustentabilidade dos tratamentos. As estratégias para a
detecção do câncer são o diagnóstico precoce e o rastreamento. O rastreamento
engloba vários procedimentos eficazes para o diagnóstico de doenças em pessoas
assintomáticas. Os exames permitem detectar anormalidades, evitando
intervenções mais complexas, que são necessárias quando o tumor já se formou ou
está em estágio avançado.
“É imprescindível estabelecer ações de
detecção com a garantia de acesso a exames de diagnóstico, em tempo adequado e
com qualidade em todas as etapas da linha de cuidado da doença”, diz Shcolnik.