Segundo dados do Painel
Abramed 2021, a expansão foi mais intensa no Sudeste, com aumento de 3.574
unidades nos últimos dez anos, passando de 7.635 em junho de 2011 para 11.209
em junho de 2021.
No Brasil existem 26.545 unidades de serviço de apoio de diagnose e
terapia (SADT), segundo dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde
do Ministério da Saúde (CNES/MS), ao final de junho de 2021. Esse número
compreende as unidades que atuam nos segmentos de apoio diagnóstico e
terapêutico onde são realizadas atividades que auxiliam no processo de
diagnóstico ou complementam o tratamento e a reabilitação do paciente.
A distribuição regional deste número de unidades está relacionada,
principalmente, com as condições socioeconômicas e a disponibilidade dos
serviços de saúde. A região Sudeste detém 11.209 unidades e representa 42,2% do
total existente no país, constituídas principalmente como entidades privadas
com fins lucrativos.
“O ritmo de expansão do setor foi mais intenso em números absolutos no
Sudeste, com aumento de 3.574 unidades nos últimos dez anos, passando de 7.635
em junho de 2011 para 11.209 em junho de 2021. Em termos relativos, nota-se um
avanço mais acelerado no Norte (65,8%), Sul (62,4%) e Nordeste (51,9%), no
mesmo período”, analisa Milva Pagano, diretora-executiva da Associação
Brasileira de Medicina Diagnóstica, baseada nos dados que fazem parte do
Painel Abramed 2021 – O DNA do Diagnóstico.
De acordo com Milva, o aumento do número de SADT ocorreu,
especialmente, rumo aos municípios do interior do país e nas regiões metropolitanas.
“Preencheu-se, assim, uma lacuna na oferta e disponibilidade dos serviços de
diagnóstico, além das regiões mais desenvolvidas economicamente. Apesar desse
avanço, muitos municípios não contam com nenhuma unidade de SADT. Nos últimos
dez anos, o número de municípios sem a presença de SADT passou de 2.907 (52,2%)
para 2.005 (36%). As áreas escuras representam os municípios com a presença de
unidades em junho de 2011 e junho de 2021”.
A disponibilidade de estabelecimentos de saúde predomina nos municípios
com população acima de 100 mil habitantes. No setor de saúde, assim como nos
diversos segmentos econômicos, as economias de escala são extremamente
relevantes para manutenção e sustentabilidade das atividades laboratoriais e de
imagem.
“Por esse motivo, observa-se uma oferta maior
dos serviços de saúde nessas regiões mais populosas e densamente habitadas.
Nota-se que 55,2% das unidades de SADT; 58% das unidades de apoio diagnóstico;
51,7% dos hospitais; e 69,4% dos consultórios, estão distribuídos em um
conjunto de 326 municípios do país. Nas regiões, o Sudeste contempla 42,2% do
total das unidades de SADT e 44,1% de apoio diagnóstico”, ressalta a
diretora-executiva da Abramed.
Crescimento acelerado
A evolução do número de estabelecimentos relacionados às atividades
diagnósticas é influenciado, especialmente, pela inovação e avanço tecnológico
– o que permite a detecção cada vez mais precoce e, até mesmo, a probabilidade
de uma pessoa desenvolver uma determinada doença. Segundo os dados da Relação
Anual de Informações Sociais (RAIS), havia cerca de 24,5 mil estabelecimentos
relacionados às atividades de serviços de diagnóstico e terapia, ao final de
2020.
“Desse total, 12,6 mil (51,4%) são laboratórios clínicos e 6 mil
(24,7%) unidades de serviços de diagnóstico por imagem. Nos últimos dez anos,
observa-se crescimento mais acelerado em termos absolutos nos laboratórios
clínicos, com mais de 4,3 mil novos estabelecimentos e nos serviços de
diagnóstico por imagem, com 2,6 mil novas unidades”, observa o presidente do
Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik.
De acordo com o documento, o crescimento foi mais intenso nos serviços
de diagnóstico por registros gráficos (métodos gráficos), com 209,3% de aumento
entre 2010 e 2020. Esses serviços compreendem diversos exames para o
diagnóstico de doenças do coração, entre eles o eletrocardiograma de repouso,
teste ergométrico, eletrocardiograma de alta resolução, Holter, MAPA
(Monitoramento Ambulatorial da Pressão Arterial), teste cardiopulmonar e
Tilt-Test.
“Regionalmente, nota-se um aumento do número de laboratórios clínicos
nas regiões Norte (86,1%), Nordeste (76,3%) e Centro-Oeste (69,5%) nos últimos
dez anos. No segmento de diagnóstico por imagem, o aumento foi maior no
Nordeste (166,7%), Norte (126,2%) e Centro-Oeste (115%), no mesmo período. Esse
crescimento rumo ao interior do país está diretamente associado ao número de
beneficiários de planos de assistência médica e à oferta dos serviços de
assistência à saúde da população”, diz Shcolnik.
Perspectivas
O panorama para o setor de medicina diagnóstica no Brasil é promissor,
mesmo diante dos desafios econômicos, regulatórios e legislativos. Considerado
como um dos setores que mais evoluem e inovam a cada ano, o surgimento de
tecnologias permite que os exames de diagnóstico sejam realizados em grande
escala, em menor tempo, com melhor qualidade e precisão, evitando o desperdício
e o aumento na escalada dos custos na saúde.
“Inúmeros fatores têm impulsionado o crescimento do setor: utilização
da Inteligência Artificial e processos digitais para apoiar os diagnósticos, a
modernização dos equipamentos e novas tecnologias laboratoriais, a utilização
da telemedicina e subespecialidades em larga escala, inovações na área de
genética, rede integrada de saúde, entre outros. Esse conjunto de fatores
aponta para um cenário em desenvolvimento, especialmente com o surgimento de
diversas startups”, finaliza Shcolnik.