Medicina diagnóstica, um elo fundamental na cadeia da saúde

Medicina diagnóstica, um elo fundamental na cadeia da saúde

Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, participou da live do Citi Brasil e destacou a importância do segmento na efetivação e eficácia da assistência à saúde

A diretora-executiva da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), Milva Pagano, foi a convidada para uma live do Citi Brasil –  banco global, que atua no país há mais de cem anos –, no último dia 10 de março, para falar sobre os desafios e perspectivas do mercado de medicina diagnóstica.

Inicialmente, Milva falou sobre a representatividade da Abramed, que reúne empresas responsáveis pela realização de cerca de 60% dos exames da saúde suplementar no Brasil, representando o setor de forma bastante abrangente. Para compreender e atuar nos desafios do segmento, a entidade conta com dez comitês específicos, compostos por executivos das associadas, responsáveis pelo planejamento e implantação de ações que geram impacto coletivo e positivo para o segmento, atuando sob três eixos: disseminação de boas práticas e benchmark; produção de conteúdo relevante e desenvolvimento de projetos aplicados.

“O setor da saúde passa por transformações e é um mercado em constante ebulição. O mesmo ocorre com a medicina diagnóstica, que é um segmento  bastante complexo, um importante elo da cadeia da saúde, que envolve questões diversas que  exigem muito diálogo intersetorial. Estamos sempre dialogando com os públicos estratégicos, como os poderes Executivo e Legislativo, órgãos reguladores e a imprensa, mostrando que é fundamental a comunicação entre todos os elos e os players do setor”, destacou a diretor-executiva.

Um dos temas questionados durante a live foi o projeto de lei (PL) nº 2.564/2020, que institui piso salarial para enfermeiros, técnicos e auxiliares de enfermagem e parteiras. O texto em análise na Câmara dos Deputados estabelece o valor mínimo inicial para os enfermeiros de R$ 4.750, R$ 3.325 para técnicos de enfermagem R$ 2.375  para auxiliares e parteiras, a serem  pagos nacionalmente pelos serviços de saúde públicos e privados.

A diretora-executiva da Abramed informou que participou de audiência realizada na Câmara dos Deputados convocada com o objetivo de viabilizar a aprovação do PL de maneira sustentável. Nesta audiência entidades de saúde apresentaram os possíveis  impactos financeiros sobre o setor  e a preocupação com as diferenças regionais.

A desoneração da folha de pagamento, segundo a diretora-executiva, foi uma possibilidade de solução apontada na ocasião, para tentar minimizar os efeitos da aprovação do piso salarial dos profissionais da enfermagem. O PL ainda precisa passar por quatro comissões da Câmara. Mas a aprovação de um pedido de urgência pode levar a proposta diretamente ao Plenário.

Outro assunto abordado foi a interlocução da Abramed com a Agência Nacional de Aviação Civil (ANAC) sobre os dispositivos da RBAC nº 175 e da IS nº 175-012, que obrigam a utilização de embalagens ensaiadas e apresentação dos respectivos laudos para o transporte de artigos perigosos e infectantes, demonstrando os impactos e as dificuldades atuais do mercado para atender a nova exigência, que em princípio valeria a partir de 1º de outubro de 2021. Porém, em atendimento ao pedido de adiamento formulado pela entidade perante o órgão regulador, o início da vigência foi prorrogado para 1º de abril deste ano, para adaptação do setor.

Após a prorrogação da entrada em vigor da resolução, foi constituído, por solicitação da Abramed, um grupo de trabalho na ANAC, com a participação de associados da Abramed e outros players do setor, que discutiu impactos e ajustes necessários nas exigências, segundo Milva, pois “a nova regra impacta na dinâmica e na logística de toda a rede de medicina diagnóstica nacional, que habitualmente se vale da aviação para transportar milhões de amostras de exames utilizados para prevenção, diagnóstico e gerenciamento de doenças”.

Questionada sobre a liberação de autotestes para Covid-19 e a realização de exames em farmácias, a diretora-executiva da Abramed disse que ambos facilitam o acesso da população ao diagnóstico. Porém, é preciso estar atento a qualidade desses dispositivos, possíveis falhas na execução dos autotestes e há grande preocupação com o cuidado e segurança dos exames fora do ambiente seguro dos laboratórios, pois pode haver impactos nos seus resultados.

Panorama

Na visão de Milva, o panorama para o setor de medicina diagnóstica no Brasil é promissor, mesmo diante dos desafios econômicos, regulatórios e legislativos.

“A saúde é uma área altamente regulada, que segue rígidas diretrizes, algo fundamental para garantir a segurança dos pacientes. Inserida nesse cenário, a medicina diagnóstica vem mantendo o diálogo com instituições públicas, governamentais e regulatórias, expressando a visão e os anseios quanto a assuntos relacionados ao setor, bem como à adoção de políticas e medidas que consideram a importância do segmento para os cuidados da população”, pontuou.

A pandemia, de modo geral, foi um processo de grande transformação e evidenciou a relevância da medicina diagnóstica. Um período muito difícil, mas também de muito aprendizado a todos os setores.

Para a diretora-executiva, o segmento tem se mostrado um elo fundamental na cadeia da saúde, com participação extremamente importante na efetivação e eficácia da assistência da população à saúde.

“Possuímos competência e expertise para atender aos principais padrões mundiais de qualidade. Temos que proteger o setor para que continue investindo em pesquisa e inovação, gerando empregos e cuidando da população, sempre com o olhar para a saúde das pessoas para conseguir diagnosticar e tratar as patologias da melhor forma possível, bem como promover a saúde”, afirmou Milva.

O principal desafio do setor de saúde, para a diretora-executiva da Abramed, é a conexão e a interoperabilidade, com o alinhamento de interesses e objetivos, na busca para oferecer valor em saúde e melhores desfechos aos pacientes.

“O setor de saúde ainda é muito fragmentado no Brasil e com a pressão do aumento de custos acima da inflação, é natural que haja consolidações de modo a obter escala e ganhos de produtividade. O mercado de diagnóstico é bastante atuante na consolidação. Em 2021, foram pelo menos 11 movimentações informadas ao CADE. Embora tenha havido mais movimentos em capitais brasileiras, a fragmentação existe e ainda há muito espaço para consolidação, pois, segundo o Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde, existem cerca de 12 mil laboratórios e 6 mil clínicas de radiologia e diagnóstico por imagem no Brasil. Alguns players do mercado acreditam que a diversificação e integração com outros atores do setor de saúde é fundamental para aperfeiçoar o desempenho financeiro. Isso vai ao encontro do que é pregado pelos especialistas em sistemas de saúde, que entendem que a única maneira de aperfeiçoar o atendimento, aumentar a qualidade e reduzir custos é por meio da atenção organizada e integrada, favorecendo uma jornada satisfatória aos pacientes”, concluiu. 

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