Por
Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed
A saúde no Brasil tem avanços históricos
como a descentralização, a municipalização de ações e serviços, a melhoria e a
ampliação da atenção à saúde, o fomento à vigilância em saúde e sanitária
e o controle social com a atuação dos conselhos de saúde.
A última década apresentou
algumas características diferenciadas no que diz respeito à evolução do setor
da saúde. Observamos não só um sistema bastante fragmentado, com pouca troca de
informação; com foco na doença e não na prevenção na gestão da saúde; e uma
visão prioritária em custo e não em valor.
Em complemento a isso,
temos um cenário de envelhecimento da população, o advento de novas tecnologias,
o crescimento da judicialização e uma série de outros aspectos que fizeram com
que o número de procedimentos por vida na saúde suplementar tivesse um
crescimento. Com isso o chamado share
of pocket só fez crescer.
Foi esse cenário que
incentivou enormemente a entrada de capital no setor, colaborando para esse
processo de consolidação, em especial no que tange a verticalização. Então,
podemos dizer, que o setor de saúde é aquele que, nos últimos dois anos,
apresentou o maior número de fusões e aquisições no Brasil.
Aprofundando, o nosso setor
de medicina diagnóstica não ficou ileso nesse momento. Porém, foi de maneira
diferente dependendo do perfil das empresas a serem consideradas. As maiores e
mais estruturadas, que tiveram condição de ir ao mercado financeiro e se valer
dessa oportunidade, participam e estão participando desse processo de
consolidação. Todavia, temos também as menores, mais regionalizadas, que
observaram as suas operações sendo prejudicadas do ponto de vista de
sustentabilidade e lucratividade pela própria discrepância de tamanho com as
fontes pagadoras.
Mas, ainda há muito espaço
para esse movimento. E, será inevitável nesse nosso segmento de medicina
diagnóstica que algumas dessas médias e pequenas empresas acabem sendo consolidadas.
Minguando de tamanho ou, eventualmente, mudando até o perfil de atuação para
atender essa nova realidade do mercado.
Além disso, temos um forte
movimento de formação de ecossistemas da saúde, onde as linhas de atuação dos
players são muito mais tênues, buscando uma integração do cuidado com o foco na
gestão da saúde e uma melhoria da efetividade.
E se formos falar de
ameaças. Hoje gasta-se mais com saúde. Em geral, historicamente o principal
desequilíbrio acontecia pelo conflito entre fontes pagadoras e prestadores de
serviço. Nos últimos anos, a tese da verticalização emerge como ponto central
dessa discussão, surgindo como uma alternativa a esse controle de custo baseado
no consumidor. A perspectiva que se tem é que tendo tudo “dentro de casa” fica
mais fácil controlar o acesso e o custo.
Neste cenário, a medicina
diagnóstica ganha cada vez mais espaço e importância. Como um “mapa” que
orienta o nosso caminho, o diagnóstico embasa o cuidado, o tratamento, a
prevenção de doenças e a efetiva gestão da saúde.
A Abramed entra nesse ponto,
com uma visão de futuro de protagonismo no setor de saúde, como um agente
transformador deste setor. Neste sentido, nosso primeiro passo, a curto e médio
prazo, é fortalecermos nossa posição de representatividade na medicina
diagnóstica. Digo isso, pois acredito que tornar a entidade mais plural e mais
diversa, trará mais elementos de representação do setor.
E, é exatamente esse
momento de amadurecimento, expansão e consolidação que estamos vivendo. Fundada
há onze anos, a Abramed é uma entidade jovem que está vivendo um momento muito
especial, buscando tornar-se efetivamente conhecida e protagonista, passando
mais, claramente, a percepção de que agrega valor para o associado. Seja com
serviços ou pelos próprios benefícios proporcionados pelo associativismo.
Entramos na fase de implantação
do nosso planejamento estratégico, desenvolvido no ano passado após diversas
entrevistas com gestores da Abramed, associados e parceiros, levantamento de
uma visão do setor, impactos nos tipos de prestadores, posicionamentos,
construções de cenários. Tudo para chegar no futuro que queremos chegar. Tudo
isso para aumentar a pluralidade.
Também estamos finalizando
a implantação da reestruturação dos 10 (dez) comitês da Abramed, com
representantes dos nossos associados para deliberar sobre as agendas
propositivas, com atuação em três eixos: benchmarking de boas práticas;
desenvolvimento de conteúdos de valor; e desenvolvimento de projetos aplicados.
Acreditamos no nosso papel
de influenciar o mercado na defesa de comportamentos éticos e transparentes,
vitais para a evolução e a sustentabilidade do sistema de saúde e em benefício
da população que busca os serviços essenciais que o setor fornece e queremos gerar
cada vez mais valor para nossos associados e para a sociedade.