Milva Pagano,
diretora-executiva da Abramed, moderou o debate sobre promoção da saúde e
Gestão de Pessoas no evento digital #ComMeet, na FISWeek
A Associação Brasileira de Medicina
Diagnóstica (Abramed) promoveu, no dia 3 de maio, durante o #ComMeets, um dos
eventos digitais da FISWeek — encontro virtual que reúne lideranças, empresas e
entidades para compartilhar conteúdos e experiências para transformar o
ecossistema da saúde —, o painel Promoção da Saúde na Gestão de Pessoas.
Com a participação de Lucilene Costa,
gerente de Saúde e Segurança Corporativa no Grupo Fleury e diretora do Comitê
de RH da Abramed; Cesar Izique, gerente-executivo da Dasa e também membro do
Comitê de RH da Abramed, e moderação da diretora-executiva da entidade, Milva
Pagano, o debate destacou que as empresas vêm passando por um processo de
transformação nos últimos anos no que se refere à gestão e promoção da saúde de
seus colaboradores e beneficiários, acelerado ainda mais nos últimos dois anos
pela pandemia de Covid-19.
Os especialistas ressaltaram que, por
isso, cada vez mais é importante que as organizações sejam protagonistas do
cuidado integral desses profissionais, inclusive de seus familiares, pensando
no ecossistema da saúde como um bem maior.
“É importante que a empresa cuide dos
seus colaboradores indo além da oferta de planos de saúde, completando esse
ciclo com a gestão e a promoção da saúde, inclusive para haver o autocuidado”,
afirmou Lucilene.
Para tanto, é fundamental um processo
de mudança das instituições em que o ponto de partida deixe de ser a doença
para dar lugar à saúde. Segundo Milva, trata-se de uma nova perspectiva em que
as organizações passam a acompanhar de perto o histórico clínico dos seus
colaboradores e fazer a coordenação do cuidado para que esses profissionais
tenham mais qualidade de vida, ao mesmo tempo, em que sejam evitados
desperdícios de recursos financeiros.
A resposta para esse desafio passa pela
formação de ecossistemas. Na prática, é o desenvolvimento de soluções
integradas que viabilizam enxergar todos os aspectos relacionados à saúde de
cada indivíduo para fazer a efetiva coordenação de cuidados.
“É uma nova forma de observar a saúde,
de maneira mais ampla, com atenção aos cuidados preventivos e preditivos,
trabalhando com dados para evitar desperdícios, visto que o custo hoje relacionado
às doenças é altíssimo”, ponderou Izique, que salientou ser importante que se
avalie também porque as pessoas estão precisando cuidar da saúde física e
mental e como está a cultura de saúde dentro dessas organizações.
Na visão de Milva, a ideia da linha de
cuidado no ecossistema, com a atuação primária, secundária e terciária
efetivamente mostra essa transformação da saúde ocupacional e da medicina do
trabalho, saindo da esfera meramente burocrática, muitas vezes de somente
cumprir legislação, fazer exames admissionais e demissionais, para muito além.
“As empresas com a área da saúde
ocupacional envolvida estão implantando os programas mais bem-sucedidos em
gestão da saúde ou até mesmo liderando essas ações. Isso representa um forte
indicador de sucesso nos programas de gestão de saúde corporativa”, afirmou a
executiva.
O empoderamento das pessoas, enquanto
pacientes, também foi destacado pela diretora da Abramed.
“Hoje ele dialoga com o médico, discute
os diagnósticos, ou seja, atua sob uma nova postura. Para nós, esse
empoderamento representa vantagens e diversas oportunidades, pois estamos
falando de pessoas e a pandemia revisitou a importância das pessoas, suas
forças e fraquezas. Essa transformação pela qual o setor passa e que na saúde
ocupacional também foi intensificada, trouxe mudanças positivas e vejo isso com
bons olhos, como a telemedicina e a telessaúde, que com a eficácia dos
atendimentos a distância, conseguiram promover a jornada do ciclo do cuidado
com muito mais efetividade”, pontuou.
Saúde mental
Se hoje a saúde ocupacional tem uma
atuação muito mais protagonista e relevante na gestão de saúde corporativa,
liderando ou co-liderando a jornada do cuidado, também é necessário, segundo
Milva, que as organizações estejam atentas às questões da saúde mental dos
profissionais, pois antes mesmo do novo coronavírus já se vivia uma epidemia,
com muitos afastamentos do trabalho em decorrência desse tipo de doença.
Saber como as pessoas estão sendo
cuidadas nas corporações, com atenção ao tipo de ambiente, clima e cultura
organizacionais ofertados, para identificar o que está adoecendo as pessoas, ou
mantendo a saúde delas é papel da Gestão de Pessoas.
Para Lucilene, é muito importante a
diretoria entender que os departamentos da empresa não são ilhas, que todas as
informações recebidas a partir da operadora de plano de saúde, das gerências de
RH, incluindo dados sobre turnover (taxa de rotatividade de
funcionários), absenteísmo, presenteísmo e afastamento de trabalho, são
necessárias para se entender como área de apoio.
“No Fleury, assim como em outras
organizações, temos setores e negócios com as suas peculiaridades e entender
que as necessidades de quem atua no laboratório, no administrativo, no home
office, e no hospital diferem é fundamental. Essa delicadeza e pesquisa são
importantes, assim como avaliar os dados com continuidade, pois darão insumos
para analisar as necessidades de cada população. É entender no perfil
epidemiológico qual é a sua população e criar programas específicos para ela,
conforme o que precisa, inclusive com o olhar para a saúde mental”, explicou
Lucilene.
É um trabalho dinâmico, segundo Izique,
para entender se a linha do cuidado da sua população de colaboradores está no
caminho certo. Ele ressaltou ser muito importante a integração entre a medicina
assistencial, ocupacional e a segurança do trabalho, estruturas que não podem
atuar em áreas e conceitos diferentes.
“A atuação do médico do Trabalho é
relevante para direcionar as atuações nas companhias. Eles são os captadores
das informações nos exames periódicos para direcionar os cuidados que os
colaboradores precisam”, justificou o gerente-executivo da Dasa.
Já para a segurança psicológica
inclusive de líderes e gestores, ele informou ser preciso realizar treinamento
e prepará-los para identificar quem está doente e necessita de acolhimento, por
questionários, e contribuir para haver uma relação de confiança, algo tão
importante em qualquer relação.
“Quando se traz isso diminui-se turnover,
absenteísmo, presenteísmo e de fato se consegue enxergar o cuidado que a
empresa tem com o colaborador e com sua família”, finalizou Izique.