Foram 38,1% de
positividade em 2022 contra 15,6% em 2021, apesar de ter sido realizado o dobro
de exames
Mais de 3,2 milhões de testes de covid-19 foram realizados no primeiro
semestre de 2022, sendo 1,2 milhão de positivos. A taxa de positividade média
do período foi de 38,1%. Os dados foram compilados pela Associação Brasileira
de Medicina Diagnóstica (Abramed), cujos associados respondem por cerca de 60%
de todos os exames realizados pela saúde suplementar no país.
Como comparação, no primeiro semestre de 2021 foram realizados 7,2
milhões de testes, sendo 74% PCR e os demais, testes rápidos. O total de
positivos foi de 15,6% ou 1,1 milhão. Ou seja, de janeiro a junho do ano
passado, o total de casos positivos foi menor que neste ano, apesar de ter sido
realizado o dobro de exames.
Os dados do primeiro semestre de 2021 estão relacionados à segunda onda
de Covid-19, com predomínio da variante delta, enquanto os de 2022 estão na
terceira onda, quando a predominância foi da variante ômicron. Segundo Alex
Galoro, médico patologista e diretor do Comitê Técnico de Análises Clínicas da
Abramed, a delta era mais grave e gerava mais internação em hospitais, o que
pode ter causado medo na população, ajudando a justificar o aumento na
quantidade de testes realizados no segundo semestre de 2021.
“Além disso, neste período, havia a exigência de exames para viagens,
volta ao trabalho presencial e eventos culturais. As pessoas realizavam testes
sem suspeita de terem a doença ou sem nenhum sintoma, apenas para comprovar o
resultado negativo. Já no primeiro semestre de 2022, a positividade maior
mostra que os testes foram efetuados realmente por pessoas que já apresentavam
sintomas”, explica Galoro.
O patologista também cita a questão comportamental. Com o tempo, as
pessoas foram perdendo o medo da doença e, com a confiança na vacina, passaram
a fazer menos testes, já que os sintomas ficaram mais leves e persistem por
menos tempo. “Também temos visto um relaxamento em relação às medidas não
farmacológicas, ou seja, uso de máscara e de álcool em gel e distanciamento
social. As pessoas não fazem mais questão de saber se estão infectadas com a
covid-19”, diz.
Esse comportamento também reflete a própria evolução da doença. Com o
contato com o vírus e a criação de anticorpos, o organismo está mais preparado
para a resposta imunológica, por isso os picos de casos de coronavírus são mais
rápidos e mais curtos, como pode ser visto nas últimas semanas em relação a
novas variantes.
Mês a mês de 2022
Em janeiro foram realizados 1.246.598 exames de covid-19, sendo 559.972
positivos (taxa de 44,9%), enquanto em fevereiro, foram 604.900 exames, com
248.535 positivos (taxa de 41,1%). Março registrou 249.620 exames, com 20.318
positivos (taxa de 8,1%). Em abril, dos 88.606 exames realizados, 9.366 deram
positivo (taxa de 10,6%). Maio fechou com 277.922 exames e 77.301 positivos
(taxa de 27,8%). Por fim, junho registrou 802.135 exames, com 329.549 positivos
(taxa de 41,1%).
Última semana de junho
A última semana de junho (25/06 a 01/07) foi marcada por queda no
número de exames de covid-19 realizados, uma retração de 9% em relação à semana
anterior (18/06 a 24/06). Foram feitos 154.000 exames, dos quais 64.000 deram
positivo.
A proporção de exames PCR observada nas
associadas se manteve estável, em 84%. A taxa de positividade geral caiu,
passando de 44,6% na semana anterior para 42% na semana atual. “Esse resultado
já indica uma tendência de redução tanto no número de testes quanto na
positividade para os próximos períodos”, acrescenta Galoro.
Os números referentes a testes para diagnóstico são os primeiros que
mostram a evolução de uma doença e o aumento da transmissibilidade, por isso os
resultados apresentados semanalmente pela Abramed são tão importantes para o
acompanhamento da covid-19 no Brasil.