Como garantir a gestão sustentável da água em serviços de medicina diagnóstica?

Como garantir a gestão sustentável da água em serviços de medicina diagnóstica?

É importante definir um programa estruturado e continuado de monitoramento, metas e planejamento de ações

Sabe-se que a água é um recurso limitado, cuja disponibilidade tem diminuído ao longo dos anos, em função da ação do homem no ambiente, como poluição, desvio e assoreamento de cursos d’água, mudanças climáticas, entre outros fatores, vêm aumentando o risco de crises no abastecimento e afetando os ecossistemas.

Em alusão ao Dia Mundial da Água, comemorado em 22 de março, a Abramed reafirma sua preocupação com a sustentabilidade do planeta, orientando os associados, através do Comitê de ESG (governança ambiental, social e corporativa), sobre como o setor de medicina diagnóstica pode preservar esse recurso. Tudo começa com a conscientização e a adoção de práticas sustentáveis de uso e conservação.

O Comitê de ESG da Abramed tem como objetivo atuar de modo colaborativo e sinérgico para a promoção de uma visão integrada de ESG no setor de saúde, por meio da geração de conhecimentos, mitigação de riscos e realização de projetos. “Uma das nossas primeiras ações foi desenvolver um conjunto de indicadores e questões ESG que, pela primeira vez, foram inseridas no questionário anual das associadas, como consumo histórico de água e fontes de captação utilizadas. Isso nos permite conhecer melhor o cenário de gestão do recurso e, a partir daí, definir prioridades e desenvolver ações mais orientadas às necessidades do setor”, explica Daniel Périgo, líder do Comitê de ESG.

Há muitas oportunidades de economia do consumo de água em empresas de saúde, das mais simples às mais complexas. Entre elas está a implantação de mecanismos de redução de consumo, como torneiras automáticas com temporizador (controle do fluxo) e redutores de vazão, além de maior controle na área de manutenção para acompanhamento e redução de vazamentos.

Também é importante aprimorar a gestão implantando indicadores de monitoramento e programas de gestão com metas e ações de redução definidas, assim como trabalhar a conscientização dos colaboradores acerca da importância do tema e ações de redução no dia a dia do laboratório ou clínica. Ao adquirir equipamentos analíticos, sistemas de condensação de ar-condicionado, entre outros, convém avaliar critérios ambientais, optando por aparelhos de menor consumo de água e energia.

As empresas podem utilizar, ainda, sistemas de reúso, por exemplo, reaproveitando água rejeitada em processos de deionização (tecnologia para remoção de sais inorgânicos dissolvidos) e destilação para outras finalidades; sistemas de captação de água da chuva; e sistemas de tratamento e reaproveitamento de água cinza, que são águas residuais que foram utilizadas em chuveiros, lavatórios de banheiro, tanques e máquinas de lavar roupa. “A escolha de qual ação executar dependerá de vários fatores, como as características de infraestrutura, o orçamento disponível e a visão de longo prazo para o tema”, expõe Périgo.

Passos da jornada

Para garantir uma gestão sustentável da água nos laboratórios e clínicas de imagem, primeiramente, deve-se fazer o diagnóstico atual do cenário local, incluindo questões de infraestrutura e avaliação histórica do consumo de água e das despesas relacionadas. O próximo passo é definir objetivos e metas, bem como as melhores ações a serem tomadas.

“É importante que o programa tenha uma visão de médio e longo prazo, para que as iniciativas sejam distribuídas ao longo do tempo, uma vez que muitas delas podem depender de investimentos financeiros que devem estar planejados e orçados”, ressalta Périgo.

Outro ponto importante é que o programa seja continuado, por isso devem ser definidos indicadores de acompanhamento que consigam demonstrar a evolução do tema e a eficácia das ações no período. Mais um elemento essencial é a comunicação, para que todos os colaboradores conheçam o programa e contribuam para o alcance dos objetivos, de modo que o sucesso da iniciativa passe a ser fruto de um esforço coletivo, e não somente da alta direção ou de áreas específicas da empresa.

Também é preciso se atentar à avaliação e atualização de metodologias analíticas. Uma tendência importante a ser avaliada é a miniaturização de métodos, que consiste na utilização de tubos menores ou placas no processamento, bem como no uso em menor quantidade de água e reagentes, gerando menos resíduos. Além dos ganhos ambientais, essa mudança traz maior conforto aos pacientes devido à diminuição do volume de amostra coletado.

Vale lembrar que a redução do consumo, além de beneficiar o ambiente, traz benefícios às empresas, como a diminuição das despesas financeiras e maior eficiência nos processos. Sistemas de redução de vazão, por exemplo, podem diminuir em até 60% o consumo na torneira, ao passo que sistemas de reúso podem gerar reduções superiores a 40%, dependendo da tecnologia adotada. Esse percentual, por sua vez, pode diminuir significativamente os valores das contas de água.

Desafios

Um dos grandes desafios enfrentados pelas empresas é alinhar os investimentos ao planejamento financeiro, balanceando as iniciativas com o resultado. A implantação de pequenas ações pode começar a surtir efeitos no curto prazo, mesmo que as iniciativas que demandem maior investimento sejam distribuídas em médio e longo prazos.

Segundo Périgo, também pode ser desafiador o estabelecimento e o acompanhamento de indicadores de monitoramento, pois, além de identificar os números, é importante analisá-los criticamente, de modo a definir ações efetivas, o que demanda tempo e disponibilidade das equipes.

Outro desafio está relacionado à questão comportamental e à adoção de práticas mais sustentáveis no dia a dia, que passam pelas ações de comunicação, conscientização e treinamento dos colaboradores do laboratório, a fim de que todos possam contribuir para uma melhor gestão do recurso.

Para trabalhar o desafio da conscientização dos colaboradores, Périgo destaca que existem vários mecanismos, desde a realização de estudos setoriais que tragam luz à questão de modo mais específico, até o desenvolvimento de campanhas motivacionais, competições entre unidades, palestras e treinamentos, pílulas e vídeos de conhecimento sobre o tema.

Portanto, é fundamental disponibilizar o desempenho do programa de gestão e consumo a todos, para que possam assumir a responsabilidade por ele e celebrar as conquistas e os resultados alcançados. “Ações desenvolvidas de modo coletivo, envolvendo parcerias entre os atores da cadeia de saúde, podem ter resultados ainda mais expressivos”, finaliza o líder do Comitê de ESG da Abramed.

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