Wilson Shcolnik fez uma discussão abrangente abordando os principais problemas que os associados da entidade devem enfrentar e como agir visando os desafios e as boas perspectivas para o próximo quadriênio
O presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik, participou da Academia Shift Summit, realizada no dia 6 de abril. Sob o tema “O Brasil é o melhor país da América Latina para parcerias público-privadas”, ele demonstrou, por meio de dados, a situação da medicina diagnóstica atual e os pontos de atenção para os próximos quatro anos, como as questões éticas e financeiras, a sustentabilidade e a integração diagnóstica da Saúde baseada em valor centrado no paciente. A Shift é parceria institucional da Abramed e promoveu a Academia Shift Summit até o dia 14, com programação voltada somente para especialistas.
Shcolnik estimulou os laboratórios a cumprirem sua missão de oferecer resultados rápidos, na hora oportuna e com menor custo, não se tratando de uma questão de quantidade, mas de qualidade. Ele comentou, ainda, que é imprescindível que a medicina diagnóstica consiga demonstrar seu valor para que as operadoras de Saúde não se mantenham resistentes à incorporação de novos procedimentos por entenderem representar apenas mais custos.
“Temos, hoje, um modelo que remunera quem produz mais exames e isso tem um incentivo muito perverso, ou seja, não se trata do valor que o exame traz. Estamos sendo cobrados em relação a isso”, comenta. Segundo ele, essa realidade não considera a oferta de novos serviços como, além da telessaúde, a biópsia líquida, a inteligência artificial para reconhecimento de imagem, os drones para transporte de amostras, bem como novos materiais, como saliva para detecção de câncer.
“É perverso não tratar do valor que o exame traz e remunerar em quantidade sem qualidade”, pondera o presidente, lembrando que os laboratórios têm investido para que o paciente e o médico sejam apoiados por seus resultados. “Não podemos mais ser onerados com impostos”, complementa. Neste âmbito, Shcolnik citou a reforma tributária, que deve ser votada ainda neste semestre.
O monitoramento da qualidade foi estimulado pelo presidente. “Temos formas de monitoramento desde 2000, e existem produções de indicadores que podem ajudar os laboratórios a avaliar desempenho de colaboradores, descarte de insumos etc.” A implementação de novas tecnologias deve ajudar num ecossistema mais sustentável e menos oneroso. Shcolnik lembrou do sistema Loinc para a transmissão de dados. “Não adianta compilar não tendo padronização.” Ainda no contexto de um ecossistema eficaz, ele destacou a parceria público-privada para a formação de redes de cuidado por meio de aquisições como acontece atualmente, formando grandes empresas que oferecem centros de diagnóstico, oncológicos, oftalmológicos, entre outras especialidades.
“As pessoas precisam fazer menos exames? Para diagnosticar as principais doenças que causam morte, precisamos nos relacionar com exames laboratoriais”, indaga. De acordo com ele, é necessário ter uma ideia do que acontece no país, das questões epidemiológicas, por exemplo, para demonstrar o valor de exames laboratoriais na prevenção de doenças e promoção da saúde.
Por meio de estudos britânicos apresentados, Shcolnik contradisse a perspectiva do público em geral de que se faz exames de forma exagerada e desnecessária. Sobre isso, ele explicou que os exames subsidiam 70% das resoluções médicas e devem ser feitos, porém, com monitoramento e assertividade.
Ele citou, ainda, as principais causas de morte no país; entre elas estão, principalmente, doenças crônicas não transmissíveis, como doenças arteriais coronarianas, derrame cerebral, doença pulmonar obstrutiva crônica, câncer de traqueia, brônquios e pulmões, infecção de baixo trato respiratório, diabetes mellitus, cardiopatia hipertensiva, mal de Alzheimer e outras demências e câncer de estômago.