Segundo painel do Summit Abramed na Hospitalar 2023 debate soluções para melhorar a gestão e a qualidade do cuidado em saúde

Segundo painel do Summit Abramed na Hospitalar 2023 debate soluções para melhorar a gestão e a qualidade do cuidado em saúde

Foram elencadas questões como modelo de negócios, avaliação da jornada do paciente e interoperabilidade de dados

“Gestão da Saúde e a sustentabilidade do setor” foi o tema do segundo painel do Summit Abramed, realizado dia 23 de maio, durante a Hospitalar 2023. Os convidados destacaram pontos importantes para maior resolutividade na área suplementar. Participaram Anderson Mendes, presidente da Unidas Autogestão; Carlos Martins, CEO da Roche Diagnóstica; e Claudio Tafla, presidente da Aliança para Saúde Populacional (ASAP). A moderação foi da diretora-executiva da Abramed, Milva Pagano.

Tafla, repercutindo o tema da mesa redonda, diz ser necessário engajamento para promover mudanças em prol do paciente, e não em prol de visão do mercado da Saúde. “Houve um distanciamento entre o médico e o paciente”, comenta. De acordo com ele, a prevenção não está sendo aplicada e isso corrobora para a insustentabilidade.

Mendes citou o foco da atenção na doença como ponto a ser combatido, por exemplo, voltar todos os esforços ao tratamento de diabetes, negligenciando a oportunidade de focar nos jovens obesos que poderão desenvolver o agravo no futuro. Mesmo uma coisa não excluindo a outra, a questão são as prioridades e isso é um tópico relacionado à gestão.

Atualmente, a atenção seria voltada a agravos relacionados ao envelhecimento da população, em detrimento da atenção primária, que poderia evitar a doença futura, tornando a Saúde, como um todo, onerosa e incapaz de se sustentar e de cuidar da população. “Gasta-se sem avaliação”, relata o presidente da Unidas. Ele explica que as condições do paciente também são um fator determinado por presença de saneamento, condições climáticas e outros fatores externos, tendo que ser avaliado. “Estamos enxugando gelo”, avalia.

Mendes entende que, inclusive, nada mudou durante a pandemia, diferentemente do que se coloca na maioria das discussões. A crise sanitária não trouxe alterações qualitativas e quantitativas, segundo ele. Nesse contexto, o presidente cita a telemedicina, que não seria um fator determinante se não observadas as demais prioridades citadas, tornando-se apenas uma ferramenta meio e, se mal utilizada, insustentável. Dados, para escolha de melhor tratamento, no momento certo ou o melhor método de trabalho evitariam os 20% de desperdício que poderiam ser empregados em acesso.

Os debatedores expuseram, inclusive, que o modelo de negócios healthcare, muito voltado para “pago, quero usar”, também não ajuda na construção da Saúde suplementar, que está em crise financeira sistêmica. Ou seja, não há base científica, epidemiológica ou comparativa que justifique a tomada de decisão, apenas a vontade expressa do cliente. Existe produção de dados financeiros, paradoxalmente. E não se trata de culpabilização do usuário; as questões são multidisciplinares e multifatoriais.

“A conta não fecha, estamos reduzindo acesso e qualidade e tem gente querendo ganhar dinheiro de outras formas”, diz Martins. A questão de como se deve gerenciar um produto peculiar como a Saúde foi repetidamente citada durante o painel. O CEO da Roche, defende que a indústria é um ator indispensável, pois investe em inovação, o que, bem gerida e bem administrada, é uma saída sustentável no cotidiano, por exemplo, da medicina diagnóstica.

Mas, Martins também problematizou “não devemos focar somente no preço, devemos investir em propósito”. E mais: os governos precisam proporcionar continuidade nas políticas públicas e desfragmentar a polarização entre público e privado e players. A desfragmentação também viria da integração estratégica de dados para a tomada de decisão. Ele lembrou que inovação requer treinamento e educação dos profissionais. “Vemos, nesta roda de conversa, que está tudo interligado”, conclui.

Milva lembrou que é necessário sair de mesas-redondas com uma agenda. E todos concordam. No entanto, entendem que não existe uma resolução única e fácil para qualidade, sustentabilidade e estratégia, e não um mercado de cura. Para Tafla, o protagonismo está nas mãos de todos os envolvidos, incluindo do usuário, que precisa entender seu papel no cuidado e como usar melhor seu plano. Comentando um caso pessoal e real, disse que é possível engajar hospitais, prestadoras e clínicas para tentar construir projetos novos. “Não fazer nada é votar nulo.”

Então quais seriam as soluções para melhorar a gestão e a qualidade, problemas elencados como estruturais? Foi unânime o entendimento de que a gestão de dados que cheguem para análise do desfecho do cuidado do usuário e educação continuada dos profissionais são prioridades. Mas, para isso, será necessário ultrapassar algumas barreiras: a falta de integração entre público e privado, o modelo de negócios, descredibilizado, o cuidado curativo em detrimento do preventivo e habilidades para elencar prioridades na gestão.

Leia a matéria sobre o primeiro painel, “Saúde, segurança e qualificação – Quais os desafios?” neste link.

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