O quarto capítulo do 5º Painel Abramed mostra os principais sistemas de saúde no mundo, sua organização e influência.
O debate sobre os desafios enfrentados pelos sistemas de saúde ao redor do mundo é uma questão de interesse global. Cada país enfrenta seus próprios dilemas e adota abordagens únicas para superá-los. A Abramed reconhece a importância dessa discussão e incluiu um capítulo dedicado a esse tema na 5ª edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico.
Os sistemas de saúde são cruciais para a qualidade de vida. Uma estrutura bem organizada resulta em custos mais baixos, maior cobertura da população, melhor qualidade de atendimento e estímulo à inovação na área da saúde. Os principais atores são: beneficiários, prestadores e financiadores, e a tipologia mais utilizada é a RW1, que identifica 27 maneiras de organizar esses sistemas, considerando serviços, financiamento e regulamentação.
Apesar das muitas possibilidades teóricas, apenas cinco sistemas são viáveis na prática, conforme análise da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE). A regulação desempenha um papel vital na definição das regras e pode ser governamental, autorregulação ou privada. Em nenhum país da OCDE o mercado detém controle total na regulação, com o governo ou entidades não governamentais atuando em pelo menos uma das seis áreas-chave.
Os sistemas de saúde também variaram historicamente, indo desde o financiamento por famílias e caridade até sistemas organizados. Os três modelos principais de financiamento são público, privado e misto. Quanto à prestação de serviços, diferentes tipos: públicos, privados sem fins lucrativos e com fins lucrativos podem atender em sistemas variados.
Os modelos de atenção à saúde desempenham papel fundamental na produção de cuidados de saúde, influenciando como os serviços são entregues e acessados. A atenção coordenada à saúde prioriza prevenção e cuidados contínuos, reduzindo a fragmentação dos serviços e envolvendo protocolos e encaminhamentos. Essa abordagem é adotada em sistemas de saúde em vários países.
Sistemas de saúde pelo mundo
Os sistemas de saúde ao redor do mundo são diversos em sua organização e funcionamento. Este capítulo do Painel Abramed analisa dez países, entre eles, a Alemanha, que possui um sistema composto por seguro de saúde compulsório (SSC) e seguro de saúde privado (SSP). O SSC abrange a maioria da população, com contribuições divididas entre empregado e empregador. Os beneficiários têm liberdade de escolha de médicos e provedores de serviços. A regulação é supervisionada pelo Ministério da Saúde Federal, e o planejamento hospitalar é responsabilidade dos governos locais.
Na Argentina, o sistema de saúde inclui obras sociais, que cobrem cerca de 55% da população, além do sistema público, para aproximadamente 35%. As obras sociais são financiadas pelas contribuições de trabalhadores e empregadores, já o sistema público é administrado pelas províncias e utilizado por pessoas de menor renda. O seguro de saúde privado cobre 8% da população, e médicos trabalham em consultórios próprios.
Os Estados Unidos possuem um sistema de saúde complexo, com um grande setor privado e público. O Medicare e o Medicaid são programas públicos que atendem populações específicas. O setor privado desempenha um papel significativo, com a maioria dos americanos em planos privados. A regulamentação do governo nos EUA incide principalmente sobre medicamentos e produtos médicos.
Já o sistema de saúde francês é financiado por meio de impostos e um tributo específico. O governo central da França desempenha papel central na supervisão e organização do sistema. A prestação de serviços de saúde é mista, com médicos geralmente em consultórios privados. A remuneração dos médicos e hospitais é determinada pelo governo.
O Reino Unido possui o National Health Service (NHS), financiado por meio de impostos, fornecendo serviços de saúde gratuitos. O governo desempenha um papel central na regulação, no financiamento e na prestação de serviços.
Por sua vez, o Brasil possui dois subsistemas distintos de saúde: o SUS (Sistema Único de Saúde) e a Saúde Suplementar. O SUS é financiado por taxas e impostos e oferece cobertura universal, com prestação de serviços pública e privada. A Saúde Suplementar é financiada por recursos privados e regulamentada pelo Estado, mas a relação entre financiadores e prestadores é principalmente privada.
Confira no Painel outros detalhes desses países e também de Canadá, China, Dinamarca e Israel.
A medicina diagnóstica e os sistemas de saúde
Nos últimos anos, a relação entre medicina diagnóstica e sistemas de saúde se tornou crítica, especialmente no Brasil, devido a desafios complexos que afetam a eficiência e a qualidade do sistema. Fatores como o envelhecimento da população, a queda na natalidade e a transição epidemiológica têm aumentado a pressão sobre os sistemas de saúde, levando a uma demanda crescente por cuidados médicos, sobretudo para doenças crônicas e degenerativas, resultando em custos mais elevados.
“A moderação no uso dos recursos é necessária, enfocando a pertinência dos procedimentos diagnósticos, visto que estudos indicam tanto a subutilização quanto a sobreutilização desses procedimentos, destacando a importância de uma abordagem baseada em evidências científicas”, salienta Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração.
Segundo ele, é essencial que políticas de saúde sejam orientadas por informações precisas e atualizadas, garantindo que a medicina diagnóstica desempenhe um papel fundamental na promoção da saúde, gerenciamento das doenças e no controle de custos, dentro de um sistema de saúde equitativo e de qualidade.
“A análise das despesas per capita e do desempenho em medicina diagnóstica em diferentes países nos lembra que o modelo do sistema de saúde é apenas uma peça do quebra-cabeça. Outros fatores, como políticas de saúde, práticas clínicas e incorporação da inovação, também desempenham um papel fundamental”, finaliza.Faça o download gratuito da 5ª edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico e explore todo o conteúdo que aborda os desafios e as oportunidades do setor de saúde. Com cinco capítulos e 274 páginas repletas de informações, este recurso é uma fonte valiosa para profissionais de saúde, pesquisadores e formuladores de políticas interessados em promover o desenvolvimento sustentável e integrado do setor de saúde no Brasil e em todo o mundo.