Grupo foi estruturado para apoiar e desenvolver projetos e fomentar a troca das melhores práticas sobre o tema no setor de saúde brasileiro
A interoperabilidade desempenha um papel fundamental na transformação do setor de saúde, permitindo que as informações fluam de forma integrada e segura entre sistemas e profissionais, proporcionando melhores resultados para todos os envolvidos.
Pensando na importância do tema para a sustentabilidade do ecossistema da saúde, a Abramed criou o Comitê de Interoperabilidade, sob a liderança de Atualpa Carvalho de Aguiar, Diretor de Tecnologia e Inteligência Digital do CURA grupo, e André Santos, IT & Digital Transformation Manager do Hospital Israelita Albert Einstein.
O Comitê surge como um espaço institucional para avançar na agenda de interoperabilidade na medicina diagnóstica, além de apoiar e desenvolver projetos na intersecção entre o poder público e privado, e fomentar a troca das melhores práticas e desafios entre os principais atuantes da área.
A motivação por trás de sua criação é multifacetada. O principal objetivo é promover a colaboração entre os players do setor de medicina diagnóstica, especialmente os associados à Abramed, para desenvolver e implementar padrões de interoperabilidade, melhores práticas e soluções tecnológicas que aprimorem a eficiência e a qualidade dos serviços de saúde diagnóstica no Brasil. O Comitê também vai contribuir para a criação de políticas nacionais.
Desafios a serem vencidos
Um dos principais desafios da interoperabilidade é a diversidade de sistemas e padrões de dados usados por diferentes instituições, que dificulta a troca de informações. A segurança e a privacidade dos dados de saúde também são preocupações críticas, exigindo medidas rigorosas e conformidade com a legislação. A complexidade tecnológica e os custos associados à integração de sistemas de saúde são obstáculos significativos.
Além disso, as diferentes regulamentações de saúde em várias regiões e países complicam a busca pela interoperabilidade em nível global. A cultura organizacional e a aceitação da interoperabilidade nas instituições de saúde também podem ser desafios, exigindo conscientização, treinamento e mudanças na mentalidade.
O Comitê de Interoperabilidade da Abramed tem o potencial de ajudar a enfrentar esses desafios. “Ele pode desempenhar um papel vital na criação de padrões específicos para o setor de medicina diagnóstica no Brasil, promover a conscientização sobre a interoperabilidade e facilitar a colaboração entre partes interessadas. Pode, ainda, recomendar e explorar soluções tecnológicas para facilitar a troca de dados entre sistemas”, acrescenta Aguiar.
Prioridades do Comitê
Entre as prioridades está validar, entre os associados da Abramed, a proposta de adesão à autorregulação da padronização de assinatura eletrônica avançada, conforme estabelecido pela Lei 14.063/2020, nos relatórios de exames. Essa proposta foi apresentada pela Associação Brasileira das Empresas Desenvolvedoras de Sistemas de Informação Laboratorial (LISBrasil) e visa assegurar a conformidade e a segurança dos documentos eletrônicos utilizados na área.
Outra iniciativa é estabelecer uma cooperação técnica com a Secretaria de Saúde Digital do Ministério da Saúde, para alinhar os esforços, garantindo uma melhor coordenação e troca de informações entre os diversos atores do setor.
Mais uma meta importante do Comitê é a codificação das doenças e dos exames previstos na Lista Nacional de Notificação Compulsória para o padrão de terminologia LOINC, sistema de código universal para identificar informações clínicas em registros eletrônicos, visando a padronização dessas notificações para comunicação dos sistemas de informação dos associados à Abramed com a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS).
A padronização e a harmonização das informações de saúde entre os sistemas de saúde podem levar a melhorias na qualidade do atendimento, em eficiência operacional, apoio à pesquisa médica, envolvimento dos pacientes, conformidade regulatória e estímulo a parcerias no campo da medicina diagnóstica.
O futuro da interoperabilidade
Segundo Aguiar, o futuro da interoperabilidade no Brasil é promissor e representa uma etapa fundamental na evolução do sistema de saúde do país. Diversas tendências e expectativas apontam para avanços significativos nos próximos anos, e a interoperabilidade desempenhará um papel crucial nesse cenário.
Em primeiro lugar, espera-se um aprimoramento na padronização de sistemas e protocolos, facilitando a comunicação eficiente entre os sistemas de saúde. A inteligência artificial e a análise de dados também serão fundamentais na interpretação e utilização das informações de saúde interoperáveis, revolucionando diagnósticos e tratamentos personalizados.
A telemedicina, a saúde digital e a integração de dispositivos médicos enriquecerão o atendimento. “A segurança e a privacidade dos dados serão prioridades, assim como a conscientização e a educação dos profissionais de saúde. Regulamentações atualizadas e a colaboração entre diversos stakeholders serão fundamentais para o sucesso da interoperabilidade”, comenta Aguiar.
Segundo Santos, com a crescente adoção de sistemas eletrônicos de saúde e a necessidade de compartilhar informações de pacientes entre instituições, a interoperabilidade se tornará cada vez mais importante. “No entanto, o sucesso dependerá de esforços coordenados entre governos, prestadores de serviços de saúde, empresas de tecnologia e reguladores para desenvolver padrões de interoperabilidade robustos, garantir a segurança dos dados e promover a adesão geral. À medida que o setor avança, é essencial que haja um equilíbrio entre a facilitação do fluxo de informações e a proteção da privacidade dos pacientes”, finaliza.