Abramed participa da JPR 24, abordando o papel do radiologista na saúde do futuro

Abramed participa da JPR 24, abordando o papel do radiologista na saúde do futuro

Além do estande institucional, a entidade promoveu um debate incluindo lideranças da indústria, academia e sociedade médica

16 de maio de 2024 – Com o objetivo de fomentar o diálogo e ressaltar sua contribuição para o desenvolvimento da medicina diagnóstica, a Abramed esteve na 54ª Jornada Paulista de Radiologia (JPR), realizada em São Paulo, de 2 a 5 de maio. No primeiro dia do evento, promoveu o Painel que discutiu “O Papel do Radiologista na Saúde do Futuro”, além de receber associados e parceiros em seu estande institucional, durante os quatro dias de JPR.

Na abertura, Cesar Nomura, presidente do Conselho de Administração da Abramed, iniciou ressaltando a parceria de longa data entre a associação, a SPR e o CBR – respectivamente, Sociedade Paulista e Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem. “Trabalhamos em diversas frentes, não apenas em defesa profissional, mas também em advocacy, buscando a melhoria contínua do setor, em estreita relação com entidades governamentais, como ANVISA e ANS”, declarou.

Na sequência, Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, reafirmou que as conquistas do setor só são possíveis por meio de uma atuação conjunta, especialmente em um setor tão regulado e fragmentado como o da saúde. “Por isso, as entidades precisam dar exemplo dessa integração para que seja possível gerar os resultados necessários aos beneficiários, que somos todos nós”, disse.

Com moderação de Marcos Queiroz, diretor de Medicina Diagnóstica no Albert Einstein e líder do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed, o painel contou com a participação de Cibele Carvalho, presidente do CBR; Marina Viana, diretora-executiva Brasil da GE HealthCare; e Felipe Kitamura, diretor médico na Bunkerhill Health.

“Diante de todas as transformações que estão acontecendo no sistema de saúde como um todo e na radiologia, debater o papel do radiologista no futuro é fundamental, considerando que, nos últimos anos, a procura pela especialidade diminuiu, principalmente devido ao desenvolvimento da Inteligência Artificial”, começou Queiroz.

Nesse ponto, Cibele mencionou um tema preocupante: o medo dos jovens colegas em relação à radiologia, que muitas vezes começa dentro das próprias faculdades de medicina. Ela relatou um episódio em que três acadêmicos a procuraram após uma palestra em um grande hospital, questionando sobre a profissão após ouvirem de professores que a IA ocuparia o lugar dos radiologistas.

“É triste ver jovens sendo desencorajados a seguir um caminho que pode ser gratificante e é essencial para a medicina. A IA é uma aliada, não uma ameaça, capaz de melhorar os processos e esclarecer dúvidas diagnósticas. Apesar dos avanços na tecnologia, ainda não houve estudos que demonstrem sua superioridade em relação à capacidade humana”, disse.

Segundo Marina, da GE HealthCare, a redução da disponibilidade de profissionais qualificados no mercado de trabalho gerou uma pressão nos radiologistas que já estão em atuação. “Antes, a cobrança era por precisão, agora, além disso, exige-se volumetria, ou seja, fazer muito mais. A IA veio para ajudar, tirando do profissional as atividades que não agregam valor ao diagnóstico”, disse.

Por exemplo, a GE desenvolveu uma ferramenta que melhora significativamente a produtividade e a qualidade das imagens, sendo o radiologista o responsável pela interpretação. “Essa é uma área em que a IA não pode substituir a expertise humana.”

Marina explicou que a indústria médica nunca desenvolve nada isoladamente, sempre conta com o feedback e a expertise dos profissionais da área médica. “Todas as soluções são concebidas com o objetivo de auxiliar na melhoria do diagnóstico e na tomada de decisões clínicas. O desafio crítico para os radiologistas é adaptar-se à IA e utilizá-la como uma ferramenta para aprimorar o cuidado ao paciente”, adicionou.

Para Kitamura, o conhecimento técnico sempre fez a diferença na prática médica. Agora, a máquina só está ampliando o acesso às informações. “Nosso papel como profissionais de saúde não é aprender a programar e desenvolver o algoritmo, mas precisamos entender muito bem como essas ferramentas funcionam. Aos poucos vamos nos atualizando e logo a IA estará no nosso dia a dia, ajudando a exercer uma atividade cada vez melhor”, expôs.

Sobre o alto investimento demandado para implantar soluções com tecnologia de ponta, Marina disse que essa barreira está sendo superada. Embora o custo inicial possa não ser baixo, os benefícios ao longo do tempo são substanciais, como redução de energia elétrica e de outros recursos, colaborando também para um ecossistema sustentável. No caso da falta de capital para o investimento inicial, é importante buscar novos modelos de negócios, com financiamento diferenciado e opção de locação.

Além disso, manter a tecnologia atualizada também é essencial para a sustentabilidade. “Hoje, os equipamentos são passíveis de atualização, o que representa economia para todo o sistema. A tecnologia precisa gerar redução de custos e aumentar a produtividade. De que adianta se ela não for acessível ao longo do tempo?”, expôs.

Voltando para a questão do mercado de trabalho e as chances de empregabilidade, Kitamura disse ser essencial desenvolver outras habilidades importantes. “Precisamos nos manter atualizados através de cursos e eventos em que são abordados temas emergentes, incluindo tecnologia e aspectos profissionais. Isso deve ser parte integrante do compromisso contínuo que sempre caracterizou a profissão médica”, disse.

Segundo ele, é crucial estudar áreas como marketing, finanças e gestão, mesmo que o profissional não esteja diretamente envolvido com elas. “Não é suficiente fazer o diagnóstico mais preciso a qualquer custo. Devemos considerar o valor e o tempo demandados, compreender os problemas e saber como resolvê-los. Não podemos simplesmente buscar onde encaixar a tecnologia, mas entender seu papel”, declarou.

Outro tópico debatido foi em relação ao Ato Médico. Queiroz comentou que outras profissões tentam invadi-lo e que a tendência é essa situação aumentar. Ele prevê que um dia vai chegar uma pressão para que um relatório feito por IA possa ser liberado sem a intervenção de um médico.

Para Cibele, o que mais incomoda não é tanto o fato de a IA eventualmente superar o diagnóstico humano, mas sim a questão mercadológica envolvida. “Quando falamos de telerradiologia, por exemplo, a definição remete à prática exercida à distância. No entanto, temos observado situações em que isso não se aplica, como hospitais que dispensam seu corpo clínico para aderir a serviços terceirizados de transmissão. A medicina está se tornando um negócio, e precisamos ter cautela com isso”, salientou.

De acordo com Cibele, nunca se discutiu tanto sobre qualidade na medicina e, paradoxalmente, nunca os radiologistas foram tão cobrados para entregar essa qualidade por um valor tão baixo. “O Ato Médico precisa ser cada vez mais defendido, a máquina não pode substituir o profissional, pois isso vai impactar a sustentabilidade do sistema”, declarou.

Para ela, o momento é desafiador. “Estamos testemunhando um aumento alarmante de faculdades que oferecem uma formação questionável. Recebemos denúncias de médicos sem a devida especialização, e é um desafio lidar com a evasão desses profissionais. Somos ameaçados o tempo todo no exercício de nossa profissão.”

Ao final do painel, Queiroz concluiu enfatizando novamente a relevância da parceria entre sociedades médicas, indústria e academia. “Somente dessa forma é possível praticar uma medicina de excelência. O futuro da medicina global depende da habilidade de trabalhar em conjunto com a Inteligência Artificial”, expôs.

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