Avanços tecnológicos impulsionam gestão de saúde mais efetiva

Adotar novas tecnologias é estratégia para oferecer melhor assistência e reduzir desperdícios

A gestão e a tecnologia estão cada vez mais interligadas e desempenham um papel fundamental no avanço e na efetividade das organizações em diversos setores. No contexto da gestão da saúde, a tecnologia oferece soluções que auxiliam na melhoria dos serviços, na otimização dos processos e nas tomadas de decisões mais embasadas. 

“As tecnologias possibilitam análises diagnósticas mais rápidas e precisas, melhoram a experiência do cliente, permitem aprimorar a capacidade de atendimento, expandir as possibilidades diagnósticas e ter escalabilidade nos processos, garantindo o crescimento da empresa e a segurança do paciente”, declara Lídia Abdalla, CEO do Grupo Sabin e membro do Conselho de Administração da Abramed.

Segundo ela, essas soluções também trazem ganhos na eficiência operacional se direcionadas para a criação de produtos e serviços, por exemplo, nas áreas de gestão de saúde ocupacional e atenção primária, incluindo a integração com redes hospitalares. “Isso já vem acontecendo nos modelos de negócio atuais”, expõe. 

A tecnologia também tem papel importante no desenvolvimento de novos testes e exames, que podem ser realizados em tempo real. Além disso, o uso da inteligência artificial, da telerradiologia e dos wearables – aplicativos e sensores que se conectam com dispositivos médicos – vem contribuindo significativamente para avanços na medicina, gerando um número maior de informações, com maior celeridade.

Mais especificamente sobre inteligência artificial, os benefícios do uso de algoritmos incluem a velocidade na realização de exames e o maior conforto para o paciente. “Atualmente há equipamentos de ressonância e tomografia que, ao inserirmos os dados do indivíduo, fornecem várias informações de como ele deve ser colocado na máquina para realização do exame”, explica. 

Os algoritmos também ajudam no diagnóstico de quadros mais complexos. Várias ferramentas de IA contribuem para a entrega de laudos integrados, que relacionam exames de análises clínicas com exames de imagem, oferecendo sugestões para o médico fazer o diagnóstico de forma rápida e precisa.

“Temos ainda muito o que evoluir no uso da inteligência artificial para melhorar a velocidade, a precisão diagnóstica e a triagem de doenças. Isso fortalece, inclusive, as pesquisas e o desenvolvimento de testes genéticos, permitindo ao médico chegar mais precisamente à conclusão de qual medicamento terá o melhor resultado para determinado paciente”, explica. 

Falando em paciente, ele ocupa um papel central nesse cuidado, assumindo o protagonismo ao longo de sua jornada. “Através da tecnologia, ele tem acesso a uma ampla gama de informações, o que lhe confere maior capacidade de tomar decisões embasadas e interagir de maneira mais informada”, diz Lídia. 

Desafios e oportunidades

A interoperabilidade é uma grande oportunidade de gerar mais valor na jornada de cuidado do paciente e garantir a sustentabilidade de todo o ecossistema, embora seja preciso lidar com os riscos relacionados à segurança, devido à troca de dados sensíveis entre diferentes sistemas.

Por mais que haja investimentos em cibersegurança, o setor de saúde é visado pela grande quantidade de informações geradas. “Por isso é importante as instituições de saúde trabalharem a conscientização com suas equipes, para que atuem com ética, cuidado e responsabilidade”, expõe Lídia.

A adoção de novas tecnologias é sempre uma estratégia para oferecer a melhor assistência ao beneficiário dentro do sistema de saúde, ao mesmo tempo que traz muitas oportunidades de redução de desperdícios. “A tecnologia é fundamental tanto ao proporcionar desfechos mais efetivos para o paciente quanto ao auxiliar na tomada de decisões estratégicas e operacionais em relação aos negócios”, ressalta.

Com uma abordagem centrada na medicina preventiva e no uso inteligente dos dados, é possível criar um sistema de saúde mais eficiente, direcionando recursos de forma mais precisa e evitando tratamentos desnecessários. Isso não apenas contribui para uma perspectiva de vida mais saudável e com melhor qualidade, mas também ajuda a aliviar a pressão sobre os sistemas de saúde, especialmente em um cenário de envelhecimento populacional.

A colaboração entre todos os participantes da cadeia de saúde é essencial para alcançar maior velocidade e escalabilidade, com menor custo e risco. Essa cooperação é importante para acelerar o desenvolvimento das empresas, implementar novas tecnologias e criar modelos de negócio. Mas não apenas isso.

“Acredito que o setor de saúde possui uma grande quantidade de dados valiosos que podem melhorar o suporte diagnóstico e contribuir para a jornada de cuidado do paciente. Somente através da colaboração poderemos utilizar a interoperabilidade para proporcionar a melhor assistência possível ao nosso paciente”, finaliza a CEO do Grupo Sabin.

Lídia Abdalla é uma das convidadas para o debate “Avanços e efetividade para a Gestão da Saúde”, que acontecerá na 7ª edição do FILIS, no dia 31 de agosto, no Teatro B32, em São Paulo. Paulo Nigro, diretor-executivo do Hospital Sírio-Libanês; Manoel Peres, presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde); e Tobias Zobel, head do Medical Valley, também participarão do debate. 

Organizado pela Abramed, o Fórum Internacional de Lideranças da Saúde objetiva promover a troca de experiências e a geração de parcerias entre líderes da área, enfocando a gestão e a tecnologia como instrumentos para a melhoria dos cuidados de saúde. Faça já sua inscrição para o FILIS 2023 neste link.

Conheça os palestrantes confirmados para o FILIS 2023

Tobias Zobel, Jacson Barros e Wendi Mader compartilharão experiências sobre melhores práticas e tecnologia em saúde

A sétima edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS) está se aproximando, e entre os momentos aguardados estão as palestras, momento de atualização e conhecimento sobre as inovações no setor de saúde desenvolvidas no Brasil e no mundo, além de possibilitar a troca de experiências com profissionais renomados. 

Um dos palestrantes confirmados para esta edição é Tobias Zobel, diretor da Digital Health Innovation Platform, uma organização colaborativa entre Siemens Healthineers, Universidade FAU, Universidade Erlangen e a Medical Valley, focado no desenvolvimento de modelos de saúde e uso de inteligência artificial (IA) para auxiliar no percurso da doença e os resultados da terapia com base em dados clínicos.

Como embaixador e acionista da Medical Valley, tem acesso a uma enorme rede de empresas e instituições de pesquisa. É fundador de quatro empresas e vem avaliando diferentes sistemas de inovação e pesquisa em vários países – Estados Unidos, Brasil, México, China, Israel e Alemanha. Sua participação no FILIS fornecerá insights valiosos acerca das melhores práticas adotadas. 

Com vasta experiência em gestão de saúde populacional, outra palestrante de peso é Wendi Mader, vice-presidente Employer na Quest Diagnostics. Ela compartilhará seu conhecimento, destacando sua experiência como líder à frente de solução e projetos dedicados a saúde da população.

Wendi começou sua carreira na Summex Health Management, agora WebMD Health Services, e obteve seu bacharelado em ciências da saúde na Truman State University. É, ainda, mestra em educação e promoção da saúde pela University of Northern Iowa.

Da mesma forma, Jacson Barros, gerente de desenvolvimento de negócios em saúde na Amazon, também trará uma valiosa contribuição ao evento. Com 31 anos de experiência em Health IT, Gestão Pública e Privada, Barros é graduado em Engenharia Elétrica e Doutor em Ciências Médicas pela FMUSP.

Como diretor do DATASUS/Ministério da Saúde, coordenou a implementação da Estratégia de Saúde Digital do país, bem como projetos importantes, como a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) e o ConecteSUS. Além disso, desempenhou papéis de destaque como CIO e CDO do Hospital das Clínicas da FMUSP e Fundação Faculdade de Medicina, por mais de 10 anos, sendo responsável pela implementação do Sistema de Gestão Hospitalar.

Ao longo dos últimos 25 anos, Barros liderou equipes de tecnologia da informação e áreas estratégicas, desempenhando um papel fundamental nas decisões de investimento em TIC (Tecnologia da Informação e Comunicação). Também participou ativamente de comissões nacionais e internacionais, bem como de grupos de estudos voltados para as áreas de gestão em saúde, inovação e ciência de dados.

O FILIS será realizado no dia 31 de agosto, no Teatro B32, em São Paulo. Organizado pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), o evento objetiva promover o debate, a troca de experiências e a geração de parcerias entre líderes da área da saúde, enfocando a gestão e a tecnologia no papel de instrumentos para a melhoria dos cuidados de saúde.

A programação incluirá debates sobre temas como o valor da medicina diagnóstica para a integração da saúde, os avanços e a efetividade na gestão da saúde, bem como o impacto das novas tecnologias no futuro da área. Faça já sua inscrição para o FILIS 2023 neste link.

Diagnóstico preciso é arma indispensável contra o superfungo Candida auris

Associados à Abramed estão preparados para oferecer testes que identifiquem a presença do microrganismo com precisão para acelerar o tratamento

Um “superfungo” vem preocupando nos últimos anos ao se espalhar silenciosamente pelo mundo. Trata-se do Candida auris, que ganhou destaque devido à sua resistência a medicamentos antifúngicos e à capacidade de causar infecções graves em pacientes vulneráveis. 

A confusão entre Candida auris e outras espécies de fungos pode afetar o tratamento da infecção de diversas maneiras, como atraso no diagnóstico, uso inadequado de medicamentos e agravamento da infecção. Portanto, laboratórios, clínicas e hospitais precisam estar preparados e capacitados para oferecer exames que identifiquem sua presença com precisão e acelerem o tratamento.

“A principal preocupação com o aumento da incidência do Candida auris é a ausência de tratamento direcionado, já que se trata de um microrganismo multirresistente, podendo levar a pessoa à morte”, explica Alex Galoro, líder do Comitê de Análises Clínicas da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

O fungo foi identificado pela primeira vez no Japão, em 2009, e depois se espalhou por países na Europa, na África, na Ásia, na Oceania e nas Américas. No Brasil, os primeiros casos de infecção foram conhecidos em dezembro de 2020.

Em 18 de maio deste ano, foi confirmado o primeiro caso, no estado de São Paulo, de um bebê no Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti, vinculado à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Já no estado de Pernambuco, nove casos foram registrados em 2023.

Como o fungo é detectado?

Os exames de cultura de urina e outras secreções são responsáveis por revelar o crescimento de microrganismos dentro do corpo. Uma vez confirmado, é realizado outro procedimento para identificar a bactéria ou o fungo que está agindo.

Isso pode ser feito de duas formas. Uma delas é por meio de provas bioquímicas, que são testes laboratoriais para caracterizar esses microrganismos, de acordo com seu metabolismo. O segundo modo é por meio de uma tecnologia de ponta chamada espectrometria, amplamente aplicada na identificação de moléculas em amostras biológicas. 

“Durante esse processo é possível distinguir, por exemplo, a Candida albicans, a espécie mais comum, de outros tipos. Não é padrão fazer exame de sangue para identificar Candida auris, pois ela é encontrada com mais frequência no trato urinário”, esclarece Galoro.

Pelo exame, o crescimento do microrganismo pode ser constatado em até 48h. Já o tipo de bactéria ou fungo leva de 4h a 12h na técnica de espectrometria e de 12h a 24h no caso de provas bioquímicas. “O método mais avançado tem disponibilidade restrita, pelo valor da tecnologia, mas a rapidez no resultado permite direcionar os cuidados adequados ao paciente em menor tempo”, conta Galoro.

Ele ressalta que os associados à Abramed seguem rigorosos protocolos de qualidade e possuem infraestrutura adequada para oferecer um diagnóstico preciso, nas duas técnicas apontadas.

Além disso, essas empresas seguem as boas práticas de laboratório, controle e garantia da qualidade. “A competência dos associados da Abramed também se reflete na capacidade de interpretar corretamente os resultados e fornecer informações relevantes aos médicos e profissionais de saúde”, acrescenta o coordenador do Comitê de Análises Clínicas.

Sintomas e tratamento

Os sintomas de alguém com Candida auris são típicos de uma infecção. Por exemplo, no caso de uma infecção urinária, são: dor ao urinar, aumento da frequência para ir ao banheiro e, eventualmente, febre. “Os pacientes internados em hospitais, mais propensos a ter o fungo, podem não ter sintomas, ou apenas estar colonizados. O diagnóstico é feito por culturas de monitoramento de infecções hospitalares”, explica Galoro. Ou seja, o alerta maior é para pacientes vulneráveis e hospitalizados. 
A maioria das infecções causadas por Candida auris é tratada com um tipo específico de medicamento antifúngico chamado equinocandinas. No entanto, há casos em que essa infecção é resistente e não responde de maneira favorável, o que torna o tratamento difícil. Portanto, é necessário recorrer à administração de múltiplas classes de antifúngicos em doses elevadas para combater a infecção.

Integração da Saúde é recurso infinito e deve ser usado sem prescrição

Aumento e qualificação do acesso e sustentabilidade serão discutidos na sétima edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde, dia 31 de agosto, em São Paulo

A importância da integração como provedora da qualidade do cuidado, colaborando, especialmente, para a sustentabilidade de todo o ecossistema de saúde, será foco da 7ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), organizado pela Abramed, que acontece em 31 de agosto, no Teatro B32, em São Paulo (SP). Na programação principal, três painéis darão o tom do evento que reunirá líderes de todos os elos da cadeia, além de personalidades internacionais.

O primeiro debate do dia discutirá o “Valor da Medicina Diagnóstica para Integração da Saúde”. César Nomura, Presidente do Conselho Consultivo da Sociedade Paulista de Radiologia (SPR) e vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed, é um dos participantes confirmados e, segundo ele, é importante destacar que a medicina diagnóstica faz parte da medicina de precisão, oferecendo prevenção e acompanhamento de diferentes patologias. “Paralelamente, temos evoluído em tecnologia, aumentando acurácia e exames de melhor qualidade, mais rápidos.”

Nomura lembra que aproximadamente 70% dos médicos baseiam suas decisões em testes de análises clínicas ou de imagem, uma vez que são a porta de entrada para o cuidado especializado até o desfecho. “Mas, considerando a jornada do paciente, os pilares se estendem para demais atores, que precisam trabalhar de forma integrada: hospitais, operadoras, laboratórios, entidades reguladoras, clínicas e, inclusive, os próprios pacientes.”

No debate em destaque, especialistas de diferentes áreas com experiência na academia e no setor privado estarão na discussão. “Essa reunião é fundamental para esclarecimento da linha de custo, ou seja, o que é fazer exame na hora certa, no paciente certo, para início da terapêutica ou intervenção”, comenta Nomura.

Sem um ecossistema estruturado, inevitavelmente os resultados de exames, para dar um exemplo, não serão preditivos, ou seja, deverão ser refeitos ou serão realizados desnecessariamente, produzindo ainda mais estresse no sistema. Os pedidos podem ser desnecessários. A integração é um processo importante. Também permite um melhor gerenciamento de recursos, otimizando o tempo dos profissionais e o timing de oferta de cuidado.

Porém, falar desse tema requer entender o cenário atual. Atualmente, os planos de Saúde vivem um rombo operacional de R$ 11,5 bilhões, e as fraudes nas operadoras pioram o cenário. Discute-se a falta de educação continuada entre os profissionais ou a formação de médicos despreparados; o acesso e o real impacto das tecnologias e a interoperabilidade de dados para elaboração de prognósticos baseados em informações do paciente, levando em conta histórico familiar, hábitos, moradia.

Tendo esses pontos em mente, os debates se iniciam no FILIS 2023. “A Abramed mantém seu compromisso na realização de um evento que é uma referência para o setor da saúde, com um programa diferenciado que trará novidades nesta sétima edição. Com o FILIS, colocamos em pauta assuntos pertinentes a toda a cadeia de saúde, além de ser uma importante plataforma de conexão entre os profissionais e as empresas do setor”, diz Milva Pagano, diretora-executiva da entidade.

Acompanhe a programação e faça sua inscrição em: www.abramed.org.br/filis

Abramed participou de debate sobre a RDC 302 durante 48º CBAC, em SC

Wilson Shcolnik foi um dos convidados do 7º Fórum de Proprietários de Laboratórios, que fez parte do Congresso Brasileiro de Análises Clínicas.

No dia 3 de maio, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a revisão da RDC 302/2005, norma que estabelece os requisitos técnico-sanitários para o funcionamento de laboratórios clínicos e serviços relacionados a exames de análises clínicas no Brasil. Desde 2019, o órgão vinha realizando audiências e consultas públicas para permitir a atualização da norma.

Para discutir esse importante tema, Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, foi convidado a participar como debatedor do 7º Fórum de Proprietários de Laboratórios, que aconteceu no dia 20/06, durante o 48º Congresso Brasileiro de Análises Clínicas (CBAC), em Florianópolis, SC, realizado pela Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC).

O evento teve como palestrante Alex Machado Campos, diretor da 3ª Diretoria da Anvisa. Além de Shcolnik, participam da mesa Luiz Fernando Barcelos, diretor-executivo da SBAC; Helena Cristina Franz, coordenadora geral do CGLAB/DAEVS/SVSA do Ministério da Saúde; Pedro Eduardo Almeida da Silva, diretor do Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde; Fábio Vasconcellos Brazão, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML); e Carlos Eduardo Gouvêa, presidente-executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL). A mediação foi de Maria Elizabeth Menezes, presidente da SBAC.

A nova resolução em debate entrará em vigor em 1º de agosto deste ano e representa um avanço importante em relação à ampliação da lista de serviços executados nas farmácias e nos consultórios, a fim de permitir o melhor acesso da população à assistência à saúde, bem como garantir a qualidade dos exames de análises clínicas no país.

Segundo a Anvisa, durante os últimos anos, ficou evidente a necessidade de aprimoramento do marco regulatório, para abranger questões diversas. Entre elas, destacam-se o avanço tecnológico, a ampliação do acesso por meio da realização de testes de triagem para além das estruturas laboratoriais, os serviços itinerantes, o monitoramento da qualidade dos testes para triagem e diagnóstico, entre outros aspectos. 

Um dos principais requisitos apontados no debate é que apenas profissionais treinados estejam autorizados a realizar os exames. A nova norma também estabelece que as farmácias estão autorizadas apenas a fazer testes de triagem, que não substituem uma consulta médica nem confirmam diagnósticos de doenças. Além disso, exames realizados fora dos laboratórios clínicos devem seguir as mesmas diretrizes e os mesmos regulamentos aplicados a estes, incluindo normas de qualidade, segurança e biossegurança.

A revisão da RDC 302 busca garantir a segurança dos diagnósticos e a qualidade dos resultados. A Abramed apoia a iniciativa e destaca a importância da comunicação dos resultados dos exames às autoridades sanitárias. De acordo com a entidade, é fundamental a fiscalização das vigilâncias sanitárias municipais ou estaduais para proteger a saúde pública e garantir a segurança dos cidadãos brasileiros.

Vale ressaltar que a Abramed sempre contribuiu ativamente para a questão clarificando os impactos dessas modificações na segurança do paciente. Veja, no site, matéria que esclarece diversos pontos da revisão da RDC 302.

Tecnologia é importante, mas não substitui o sorriso, segundo VP do Grupo Meddi

Gileno Portugal acredita que a medicina do futuro é um alinhamento de investir em inovações sem esquecer do cuidado ao paciente

Foi com a responsabilidade de levar a medicina de alta complexidade para o interior da Bahia que, há 40 anos, nasceu o Grupo Meddi. Seu grande foco é atender toda a população baiana seguindo um padrão de atendimento diferenciado.

Fazem parte do grupo o IHEF (Instituto de Hematologia e Hemoterapia de Feira de Santana), centro de referência em saúde nas áreas de medicina laboratorial, diagnóstico por imagem, medicina nuclear, vacinas e banco de sangue; a Multimagem, que oferece serviços de medicina diagnóstica; e o Laboratório Meddi, que dispõe de mais de 4 mil tipos de exames diferentes.

Nesta entrevista especial para o “Por que Abramed?”, Gileno Portugal, médico e vice-presidente do Grupo Meddi há mais de 30 anos, aborda a experiência do paciente, citando exemplos inspiradores, bem como iniciativas em ESG e tecnologias que vieram para transformar a área de saúde.

Abramed em Foco: O mercado de saúde passou por mudanças significativas nos últimos anos, com avanços tecnológicos e novas abordagens de atendimento. Como o Grupo Meddi tem acompanhado essas transformações e incorporado inovações em suas práticas e serviços?

Gileno Portugal: A atenção ao cliente é uma questão que está no DNA do Grupo Meddi. Ao focar no paciente, estruturamos nossos canais para facilitar ao máximo o acesso às unidades. Hoje, com a tecnologia, temos mais de cinco formas de agendamento de exames: site, aplicativo, call center, WhatsApp e presencialmente.

Precisamos entender que o Brasil é um país continental, e que a Bahia é do tamanho da Espanha, formada por várias “Bahias” diferentes, com particularidades em cada região. Por isso, o modelo de atendimento não pode ser padronizado. Por exemplo, em Irecê, que fica a mais de 450 km de Salvador, os lavradores e a população mais idosa não estão familiarizados com a tecnologia, portanto preferem fazer o agendamento presencialmente.

Como uma empresa de DNA baiano, o Grupo Meddi sempre se preocupou em cuidar da população baiana, entendendo a dinâmica. Temos um modelo de atendimento de butique, buscando satisfazer as necessidades do cliente com atendimento de 360 graus, desde o agendamento, só finalizando com a satisfação do médico ao ler um laudo realizado por nós.

O mercado de saúde na Bahia recebeu 4 bilhões em aquisições e investimentos nos últimos anos. No início, ficamos preocupados: onde estaremos no futuro e em qual nicho de mercado? Então, o grupo identificou que o nicho seria cuidar melhor do cliente. Por isso, procuramos focar muito não só na questão de avanços tecnológicos, processos, guia de atendimentos e melhoria do parque tecnológico, mas principalmente no atendimento, em fazer a pessoa se sentir especial quando entra em nossas unidades.

As operadoras de planos de saúde começaram a entender que a atenção 360 graus, com foco na experiência do paciente, gera valor, reduzindo o número de repetições de exames e, consequentemente, o custo para o sistema.

Abramed em Foco: O acesso à saúde é um tema de extrema importância. Como o Grupo Meddi tem buscado ampliar o acesso aos serviços de saúde em regiões onde a oferta pode ser mais limitada?

Gileno Portugal: O principal foco é levar para o interior o nível de qualidade da medicina que se tem em Salvador. Outra decisão estratégica é construir a melhor unidade do ponto de vista do atendimento, utilizando equipamentos de última tecnologia. Para se ter uma ideia do nosso cuidado, contratamos um fotógrafo para tirar fotos dos lugares de maior valor para a história de cada cidade, assim, quando o cliente entra na clínica, se depara com imagens marcantes para ele, como se estivesse em sua casa. Todos os colaboradores são contratados na própria cidade e treinados por nós, para terem identidade com as pessoas.

Abramed em Foco: A personalização dos serviços tem se tornado uma demanda crescente no setor de saúde. Em sua opinião, como o mercado deve se adaptar a ela?

Gileno Portugal: Isso é fundamental hoje em dia para oferecer um diferencial ao cliente, desde estacionamento, facilitando, por exemplo, no caso de chuva, até ter um funcionário que vá até ele com um guarda-chuva. Também é importante que o processo de atendimento seja feito por uma única pessoa do início ao fim, e que a recepção não ofereça nenhuma dificuldade. Com isso, cria-se vínculo.

Quando entrar na máquina de ressonância pela primeira vez, o paciente precisa ter ao lado uma pessoa com quem já construiu o mínimo de confiança possível, pois isso proporciona uma percepção de segurança e valor.

Abramed em Foco: Quando se fala na experiência do paciente, de forma geral, quais preocupações toda empresa que atua com medicina diagnóstica deve ter? Quais são as novas exigências dos pacientes?

Gileno Portugal: A primeira exigência do cliente é facilidade no agendamento, ou seja, que o processo seja rápido, eficiente e pouco burocrático. A segunda é que seja respeitado o horário agendado, pois ele não aceita mais ficar uma ou duas horas esperando. Não fazemos overbooking, que é agendar pacientes extras para encaixar caso alguém falte. Respeitamos o horário e, caso aconteça alguma intercorrência, que foge do padrão, acionamos a enfermagem para explicar o motivo do atraso junto à família. Depois, no nível 2, o médico da unidade é designado para conversar sobre o caso com os envolvidos. Todas as nossas clínicas têm médico presencial durante o período de funcionamento, o que é outro diferencial. Com isso, o paciente se sente seguro.

Quando o exame indica alguma alteração, o médico liga para o solicitante e já discute ou passa o caso. Então, quando o cliente vai à consulta de retorno, o profissional sabe do que se trata. Isso é valorizar o paciente.

A percepção de valor só termina quando o cliente sai do consultório médico com o problema resolvido. E nós somos parte integrante desse processo. Não adianta o médico fazer uma consulta excelente se eu, no meu papel de relevância ao entregar um exame de qualidade, não faço isso.

Abramed em Foco: As práticas de ESG são cada vez mais cobradas pela sociedade. Como você avalia a maturidade das empresas que atuam no setor de medicina diagnóstica com relação a essa questão, não apenas sobre meio ambiente, mas também incluindo a parte social e de governança?

Gileno Portugal: Houve uma decisão estratégica da diretoria do Grupo Meddi para que as políticas de sustentabilidade, socioambiental e de governança fizessem parte do DNA da empresa. Assim, começamos criando os comitês de governança, social e ambiental e, em outubro, vamos inaugurar uma usina de energia solar para que 100% das nossas unidades tenham energia limpa. Também contratamos uma empresa para poder avaliar o consumo de água e o descarte de resíduos.

Na questão social, temos uma série de ações em desdobramento, englobando a diversidade em todos os aspectos. O empoderamento feminino é cada vez mais forte na empresa e estamos focando em ampliar a presença de mulheres nos cargos de liderança, com muito cuidado do ponto de vista salarial.

Contamos com um projeto social chamado Isa e Almerinda, que cuida de mais de 200 idosos em Feira de Santana, onde eles passam o dia tendo à disposição uma série de atividades, como dança, hidroginástica, jogos, corte e costura. No final do dia, eles voltam para casa, porque entendemos que o melhor lugar do idoso é com sua família. Isso faz total diferença em sua qualidade de vida.       

Abramed em Foco: Com base em sua experiência no setor de medicina diagnóstica, quais mudanças mais significativas você tem observado no mercado nos últimos anos?

Gileno Portugal: A mudança principal que vemos no dia a dia é o nível de exigência do cliente em relação à percepção de qualidade do serviço. Hoje as pessoas estão mais esclarecidas e com maior acesso à informação do que no passado. Não dá mais para enrolar o cliente. Ele já sabe muito bem seus direitos, suas necessidades e quer que a clínica entregue aquilo que foi prometido.

Por isso, um dos desafios é acompanhar a mudança de mindset dos clientes, que estão mais exigentes com horário, qualidade de atendimento e dos equipamentos utilizados. Essa mudança veio para ficar.

Outra é a incorporação de novas tecnologias de inteligência artificial nos equipamentos, para reduzir o tempo de realização dos exames e ganhar em produtividade, o que também é melhor para o cliente, porque ele vai ficar menos tempo no equipamento. Esperamos que a AI seja um instrumento de apoio ao médico para melhorar ainda mais a qualidade do laudo médico.

É um desafio ter todo o arsenal tecnológico que os novos equipamentos exigem. É preciso continuar investindo todo ano no parque tecnológico e nos upgrades dos equipamentos, pois isso faz diferença no final.

O setor de saúde é um ser vivo, em contínua transformação e mudança, então, ou a empresa acompanha esse processo, ou não vai conseguir entregar qualidade ao longo do tempo. Por isso, precisa estar sempre se reinventando e reinvestindo, buscando as melhores práticas e valorizando o capital humano dos seus colaboradores, que é fundamental.

Não adianta querer que a pessoa dê um sorriso todo dia para o seu cliente, se você não valoriza as pessoas que estão no dia a dia atendendo. A empresa de saúde tem de deixar de ser apenas prestadora de serviço, focando na área comercial, o que não significa só a relação clínica e operadora, mas também clínica e cliente, clínica e colaborador, clínica e médico e clínicas e clínicas.

Abramed em Foco: O diagnóstico remoto rápido, por meio de dispositivos como telefones celulares, relógios inteligentes e sensores vestíveis, está revolucionando a maneira como conectamos pessoas aos serviços de saúde. Como você analisa o uso dessa tecnologia?

Gileno Portugal: Eu sou fã dessa tecnologia, ela agrega muito valor, porque tudo que for embarcado em uma clínica de diagnóstico que entregue como resultado exames mais precisos, com imagem de maior qualidade, sempre será bem-vindo. Buscamos todas essas tecnologias, porque acreditamos que a medicina do futuro é um alinhamento de investir em inovações sem esquecer que cuidar do paciente é o grande diferencial de qualquer empresa do setor de saúde. 

Abramed em Foco: Como a empresa enxerga a atuação da Abramed na medicina diagnóstica? O que espera da entidade como parceira para melhoria do setor?

Gileno Portugal: Estamos extremamente felizes em nos associarmos à Abramed. Esse relacionamento, principalmente com os outros associados, trocando experiências e vivências, será fundamental dentro do processo de aprendizado e de crescimento da nossa empresa.

A Abramed é extremamente reconhecida em nível nacional pelo padrão de desenvolvimento de atividades e estratégias no setor de saúde, e o Grupo Meddi não poderia se furtar de estar junto da entidade. Para nós, é muito gratificante e um prazer enorme.

Diagnóstico precoce e tratamento de doenças raras devem ser acessados pelos pacientes para melhor qualidade de vida

Com mais de sete mil tipos descritos na literatura médica, patologias raras atingem grande número de pessoas e é a segunda causa de mortalidade infantil no Brasil

As doenças raras, de acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), afetam até 65 pessoas a cada 100 mil indivíduos ou 1,3 a cada dois mil. Alguns dados estimam que, no Brasil, são 13 milhões de habitantes com algum dos sete mil tipos. Devido a ampla diversidade, o diagnóstico é complexo e, em muitos casos não há cura, apenas cuidados paliativos com valores inacessíveis para a maioria da população de um país de baixa renda. Legislação e tecnologia devem ser a alternativa para o acesso à Saúde desses pacientes. Essa é a segunda causa de mortalidade infantil no país.

Uma matéria do Word Economic Forum, publicada em março deste ano, repercutiu o tema a nível internacional e mostrou a situação epidemiológica global. Segundo o periódico, mais de 400 milhões de pessoas vivem com alguma doença rara no mundo, sendo 75% delas começando na infância e ocasionando a morte de terço das crianças antes dos cinco anos de idade.

Diagnóstico precoce

Esclerose múltipla, hemofilia, autismo, tireoidite autoimune, hipopituitarismo, demência vascular, encefalite, fibrose cística, hiperidrose, osteogênese imperfeita, hipotireiodismo congênito e hiperplasia adrenal congênita, são alguns dos exemplos desse tipo de doença. E pela quantidade de CIDs (Classificação Internacional de Doenças) relacionados, o diagnóstico depende de uma atuação precisa e capacitada de médicos e laboratórios especializados. Além de melhor acesso à informação para a população sobre o tema.

O trabalho é multidisciplinar. É necessário contar com um exame médico clínico que encaminhe corretamente o paciente, enquanto os laboratórios de medicina diagnóstica precisam contar com profissionais atualizados para detectar as alterações genéticas. Segundo a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), uma equipe capacitada aumenta as chances de detecção de doenças raras: geneticistas, por exemplo. As análises também devem contar com médicos especialistas como neurologistas, pediatras e fisioterapia.

A medicina preventiva não deve ser negligenciada. Por ser, em sua maioria, de base genética e incidente maior em crianças, a análise neonatal a partir do histórico familiar já pode identificar, desde o nascimento, tratamentos adequados e assegurar qualidade de vida para o paciente, visto que a maioria das patologias não têm cura, muitas vezes são crônicas, progressivas e degenerativa. Além disso, o Teste do Pezinho, também pode identificar agravos.

Pela complexidade, os diagnósticos precoces demoram em média sete anos nos Estados Unidos e de dez a 15 no Brasil. Embora seja imprescindível o diagnóstico precoce, ainda não se consegue identificar sua causa e fechar um prognóstico preciso em cerca de 40% dos casos. Essa realidade afeta o paciente e seus familiares, pois, na ocasião de uma pessoa ser identificada com uma patologia rara, deve-se considerar o aconselhamento genético, uma vez que o histórico familiar influencia no aparecimento da condição.

Porém, com o acesso à tecnologia, redes de pesquisa colaborativas estão melhorando o compartilhamento de dados e recursos, padrões e protocolos comuns estão sendo desenvolvidos e o tempo médio para um diagnóstico está diminuindo. Os avanços na genômica e na medicina de precisão permitem que os pesquisadores entendam melhor as causas subjacentes de muitas doenças raras e desenvolvam terapias direcionadas.

A informação é importante, pois, sem diagnóstico precoces e tratamento adequados, as sequelas causadas pelas doenças raras são responsáveis pelo surgimento de cerca de 30% das deficiências (que podem ser físicas, auditivas, visuais, cognitivas, comportamentais ou múltiplas, a depender de cada patologia).

Todas essas premissas: capacitação de equipes e do uso de tecnologias, deve ser parte da formação do médico, é preciso explorar esse campo de atuação e atuar com medicina preventiva.

Remédios caros inviabilizam tratamento

Os Estados Unidos, União Europeia e Japão, subsidiam, em algumas jurisdições, a pesquisa de medicamentos órfãos, cuja produção não seria lucrativa sem a assistência do governo. São medicamentos órfãos aqueles usados para o diagnóstico, prevenção e tratamento das doenças raras, mas, a raridade dos casos, dificulta a comprovação da eficácia clínica destes medicamentos e a produção em larga escala.

Para discutir o tema complexo, foi instituído no Brasil, em junho deste ano, o Dia Nacional da Informação, Capacitação e Pesquisa sobre Doenças Raras no último dia do mês de fevereiro. Enquanto isso, alguns tratamentos estão sendo regulamentados, como o uso do canabidiol.

Mas, não há consenso entre indústria, operadoras de Saúde e entidades reguladoras sobre a oferta de cuidado desses usuários. A Saúde pública apresenta o mesmo problema. Por serem tratamentos de alto custo, muitas vezes, um único caso significa uma conta alta, o que pode levar o plano de saúde à insolvência, por exemplo. O preço proposto pela indústria farmacêutica para incorporação da droga que trata da atrofia muscular espinhal (AME) é de R$ 5,7 milhões por paciente. A AME é uma doença rara e degenerativa, passada de pais para filhos, como é comum entre esse tipo de doença.

Alguns especialistas defendem que interesses puramente mercadológicos não devem superar os interesses da oferta de cuidado, mas não existe consenso, tornando a vida do paciente dependente de judicialização. Com a publicação da Lei 14.454 no ano passado, o “rol taxativo” foi derrubado. Assim, as operadoras de assistência à saúde poderão ser obrigadas a oferecer cobertura de exames ou tratamentos que não estão incluídos no rol de procedimentos e eventos em saúde suplementar, desde que haja aprovação por agências de avaliação de incorporação de tecnologias e comprovação de eficácia.

Estratégias de cuidado ambiental promovem mais sustentabilidade no sistema de saúde

Em alusão ao Dia Mundial do Meio Ambiente, a Abramed traz a perspectiva da medicina diagnóstica na pauta ESG; descarte correto de materiais e diminuição de CO2 devem estar na rotina dos laboratórios 

A pauta ESG (governança ambiental, social e corporativa) já é uma realidade no mercado. Todas as áreas estão atentas aos parâmetros exigidos na execução de suas tarefas. Pensando nos impactos que as empresas podem causar, a Abramed também insere a questão nos debates entre seus associados. No setor de Saúde, ainda que seja um movimento mais recente, há uma preocupação com a atuação responsável na comunidade onde atuam e no planeta como um todo, afinal, a questão interfere diretamente na promoção do cuidado.

Estabelecimentos como hospitais e laboratórios geram diferentes tipos de resíduos, com potenciais riscos à natureza e à saúde pública. “Alguns exemplos são os resíduos infectantes, químicos e rejeitos radioativos, além dos especiais, como filmes de raios-x, reveladores e fixadores, lâmpadas fluorescentes e óleo diesel”, explica Daniel Marques Périgo, gerente sênior de ESG do Grupo Fleury e líder do Comitê ESG da Abramed.

Segundo dados do governo federal, diariamente são produzidas mais de 9 mil toneladas de carga orgânica no país, e em torno de 5 mil toneladas chegam aos rios e reservatórios mesmo após o tratamento dos esgotos. Vale destacar que 100 milhões de pessoas não têm acesso a saneamento básico e para 35 milhões falta água potável. Daí a importância da gestão dos materiais, como os utilizados nas salas de coleta, e dos resíduos, como os tubos pós-processamento, no caso da medicina diagnóstica.

Rejeitos radioativos, como radiofármacos, e outros tipos de resíduos, devem ser separados no momento da geração, descartados nos coletores adequados e identificados conforme seu tipo, transportados e armazenados em segurança. “No entanto, os processos devem considerar desde o início a coleta seletiva e a reciclagem dos materiais sem risco, que podem retornar ao processo produtivo”, comenta Périgo. Além de evitar a contaminação das pessoas, o descarte correto evita enchentes, a acumulação de lixo e a disseminação de vetores e outros animais.

No que se refere à poluição do ar, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), estima-se que nove em cada dez pessoas no mundo respiram ar poluído, o que contribui para o aumento das taxas de derrames, doenças cardíacas, câncer de pulmão e outras doenças respiratórias. Outro dado alarmante: 7 milhões de mortes prematuras são provocadas todos os anos pela poluição do ar, sobretudo nos países de baixo e médio rendimentos.

Como promover ações de governança climática

Périgo destaca que tudo começa com a mensuração dos gases causadores do efeito estufa gerados pelo laboratório. “É preciso identificar as fontes de geração e os gases gerados, permitindo a priorização e a adoção de ações de maior ganho”. O segundo passo é a definição de metas de redução, em relação ao total de emissões de CO2, ou a alguma fonte ou escopo específico de geração (escopo 1 – emissões diretas; escopo 2 – emissões indiretas do consumo de energia; escopo 3 – emissões indiretas).

O líder do Comitê de ESG da Abramed reforça a importância da elaboração de um plano que envolva a adoção de uma série de medidas, como a substituição de equipamentos de refrigeração (geladeiras, ar-condicionado) por equipamentos que utilizam gás ecológico; as ações de redução do consumo de energia ou de substituição da matriz energética por alternativas mais sustentáveis (biomassa, solar, eólica); racionalização do uso de anestésicos como óxido nitroso; redução da geração de resíduos; redução de viagens corporativas; otimização de rotas logísticas de entrega de amostras e insumos; adoção de frotas de veículos elétricos ou na categoria flex; estímulo à carona solidária, entre outras possíveis ações, que vão contribuir para a redução das diferentes emissões da empresa. Segundo estudos da Health Care Without Harm (HCWH), o setor Saúde contribui com 5% de emissões de gases carbônicos.

Tecnologias de produção mais limpa, métodos de economia circular, e outras, contribuem para a redução da pegada ecológica de produtos e serviços. O próximo painel de indicadores Abramed trará um capítulo de informações ESG, incluindo as relacionadas às questões ambientais.

A adoção de práticas de proteção ambiental muitas vezes obedece a leis municipais, estaduais e federais. A regulamentação mais conhecida em escala nacional para resíduos de saúde é a RDC 222/2018, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que define regras para o seu gerenciamento. Enquanto isso, os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), fixados pela Organização das Nações Unidas (ONU) como meta até 2030, incluem reduzir o impacto ambiental negativo per capita das cidades. Os esforços de regulação em relação às emissões são resultado da observação de que metade da população urbana está exposta a níveis de poluição do ar exterior pelo menos 2,5 vezes acima do padrão de segurança estabelecido pela OMS.

Se continuarmos produzindo da mesma forma, sem responsabilidade, diz a HCWH, 70 milhões de pessoas vão morrer por causa do estresse climático até o final do século, e o setor pode salvar pelo menos metade delas. O adoecimento por fatores climáticos afeta todo o sistema, com ocorrências de saúde fora da sazonalidade ou situações emergenciais, como no caso de eventos climáticos extremos, ou aumento da demanda, por exemplo, de pessoas com problemas respiratórios. Por isso, agir de forma proativa e preventiva e reduzir o impacto ambiental é a mudança de atitude que se espera. “Isso pode ser melhorado pela adoção de mudanças em infraestrutura, equipamentos com maior eficiência energética e consumo de água reduzido, digitalização e melhorias em processos e campanhas educacionais”, comenta Périgo.

Ele ainda faz um alerta para a formação dos profissionais. “Nas faculdades, geralmente não temos matérias sobre mudanças climáticas e saúde. Se não aprendemos isso na formação, não entendemos a realidade. Como podemos ser multiplicadores?”, questionou. “A crise climática não é algo do futuro, é cada vez mais frequente.”

Périgo lembra que as medidas contribuem, inclusive, para a melhoria dos indicadores financeiros dos estabelecimentos, como o EBITDA (lucro antes de juros, impostos depreciação e amortização, em português). “Empresas com melhor situação financeira, por sua vez, contribuem para o fortalecimento do setor como um todo, e isso traz benefícios para os pacientes, uma vez que os recursos economizados podem ser aplicados na melhoria dos processos assistenciais.”

É importante, ainda, destacar que o uso racional dos serviços como exames, procedimentos e terapias contribui para a sustentabilidade econômica como um todo, favorecendo diagnósticos mais ágeis e assertivos para o paciente. “Por isso, ações desenvolvidas de modo coletivo, envolvendo parcerias entre os atores da cadeia de saúde, podem ter resultados ainda mais expressivos”, finaliza.

Abramed participa de bate-papo sobre desafios da Saúde com o Citi Brasil

Piso salarial, reforma tributária, crise nas operadoras e RDC 302 foram alguns dos assuntos abordados

A diretora-executiva da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), Milva Pagano, foi a convidada para um bate-papo online com o Citi Brasil, banco global, que atua no país há mais de 100 anos. A transmissão aconteceu no dia 31 de maio e abordou os desafios e as perspectivas do mercado de medicina diagnóstica e do setor como um todo.

O vice-presidente de Pesquisa de Ações do Citi, Leandro Bastos, e o analista associado de Pesquisa de Ações do Citi, Renan Prata, mediaram a discussão, instigando temas que afligem a área da saúde atualmente.

Compartilhando que as entidades estão unidas para encontrar soluções, Milva não se absteve de dizer que existe uma crise sistêmica. “O diálogo aberto, nosso Código de Conduta, nossa agenda regulatória, nossos dez comitês e grupos de trabalho estão empenhados em mitigar o problema”, destacou. De acordo com ela, todas as deliberações entre os conselhos internos, as entidades de classe, os órgãos reguladores e demais players são feitas com imparcialidade e independência, colocando a segurança do paciente no centro.

Sobre o piso salarial de enfermagem, a diretora esclareceu que não há nenhum entendimento na medicina diagnóstica sobre o não merecimento de melhor remuneração dos profissionais e técnicos de enfermagem. Porém, como se propõe a Lei 14.434/22, que está judicializada no momento, não haverá sustentabilidade financeira que mantenha essa transformação tão impactante em um setor já no vermelho.

“Estamos discutindo uma forma de custeio. Ela deve abranger as realidades distintas do Brasil”, disse Milva, considerando que um valor único não se adapta às diferenças do país. O grande déficit ficaria no Norte e no Nordeste, além do Sudeste – este pelo grande número de contratados.

Segundo Milva, é preciso também fazer um plano que contemple o segmento privado. A proposta fundamenta seus argumentos no público. “Quando o setor privado apresenta problemas, há uma evasão para o Sistema Único de Saúde (SUS), e vice-versa. Temos que ter isso planejado”, atesta a diretora-executiva.

A criação de um novo cargo que contemple a ocupação desses profissionais é um ponto de pauta resolutiva, mas que também apresenta cursos e resultados apenas em longo prazo, sendo necessárias ações mais ágeis. “Mas, se não iniciarmos de algum ponto, o prazo não chega”, afirma.

Outra pauta discutida foi a nova Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 302, que regulamenta os requisitos técnico-sanitários para o funcionamento de laboratórios e farmácias no Brasil quanto à oferta de testes diagnósticos. A norma entra em vigor em setembro.

A preocupação é com a segurança dos pacientes. Farmácias e laboratórios têm funções diferentes, e isso não pode ser confundido. A Abramed está em contato permanente com a Anvisa para a retomada das discussões e a revisão dos dispositivos. “Os testes permitidos em farmácias são apenas de triagem e não substituem os testes em laboratório, que são os locais adequados para receber o paciente e o material para diagnóstico”, esclarece Milva.

Ela ainda complementa que os exames diagnósticos respaldam 70% das decisões médicas. Os parágrafos da norma que permitem postos de coleta, segundo a diretora, têm brechas para fraudes e precisam ser revistos também. Neste ponto, ela lembra o próximo tópico, a crise financeira nas operadoras de Saúde agravadas por atitudes criminosas.

Crise no setor suplementar

Em meio à temática, é inevitável não falar da crise nas operadoras, que acumulam um rombo operacional de R$ 11,5 bilhões. Um número que está em movimento crescente, com forte impacto das perdas por fraudes. Há relatos de pedidos de exames de clínicas e médicos que chegam a uma lista de até 60 tipos, antes mesmo da primeira consulta. “As fraudes são cometidas por profissionais e usuários que confiam nas orientações dos médicos”, diz Milva. Um movimento autêntico, ela define.

É certo que o volume de exames (números coletados entre os associados) cresceu. Entre 2021 e 2022, houve um aumento de 14%. O resultado vem do efeito rebote pós-pandemia, do envelhecimento populacional e da maior noção de cuidado e importância dos exames preventivos. Uma informação complementar: 60% dos exames realizados na rede privada são realizados pelos associados da Abramed. No entanto, não há motivo para comemorar quando se lida com fraudes, por exemplo. A conta não fecha e não há espaço para pedidos irregulares.

Existem relatos também a respeito de profissionais sugerindo que pacientes forneçam login e senha do plano para que seja feito o reembolso assistido, ou seja, o beneficiário recebe como promessa a facilitação do processo de pedido de reembolso, além dos pedidos de reembolso sem desembolso.

Esse fato aumentou significantemente o número de sinistralidade e glosas. A Abramed concentra 90% do seu volume de oferta de serviços em operadoras. Enquanto isso, os atrasos de pagamento chegam de 80 a 100 dias. Tudo isso é um efeito cascata em cada prestador de serviço.

Milva conta que ouviu de um colega que as fraudes sempre existiram, mas quando faltou orçamento elas se tornaram evidência. “A saúde desperdiça muito, e isso é assustador.” Ela destaca a acreditação das unidades como forma de garantir melhor desempenho e segurança em todas as etapas. A premissa para se associar à Instituição é ser acreditado.

Milva também falou sobre a Reforma Tributária que está em tramitação. Existem duas propostas, a PEC 110, do Senado, e a PEC 45, da Câmara, ambas com a finalidade de unificar tributos sobre o consumo formando um imposto único sobre o valor agregado, pago pelo consumidor final, cobrado de forma não cumulativa em todas as etapas da cadeia produtiva de alguns setores. O Imposto Sobre Valor Agregado (IVA) e o Imposto Seletivo aglutinariam os cinco tributos atuais: ICMS (estadual), PIS/Cofins e IPI (federais) e ISS (municipal).

O preço da saúde aumentaria em 15% e a folha de pagamento, em 150%. Paradoxalmente, a taxa de 25% estudada para o Brasil, caso entre em vigor, pode ser uma das maiores existentes. A atual é de 5%. É esperado que os parlamentares apresentem uma alíquota especial para serviços em Saúde, mas ainda sem previsibilidade, deixando o setor refém até a apreciação do texto, provavelmente da PEC 45, que deve acontecer diretamente em plenário ainda neste semestre.

Posicionamento Abramed sobre a RDC 302

Abramed recebe Prêmio Líderes da Saúde 2023 na categoria Diagnóstico

A diretora-executiva, Milva Pagano, recebeu a homenagem no dia 30 de maio, em São Paulo, em nome dos associados, colaboradores e parceiros que contribuem diariamente para o crescimento e fortalecimento da entidade.

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) brilhou na 10ª edição do Prêmio Líderes da Saúde, conquistando o prêmio na categoria Diagnóstico. A celebração aconteceu no último dia 30 de maio, no Renaissance Hotel, em São Paulo. A premiação reconhece os principais líderes e instituições do setor de saúde no Brasil.

A diretora-executiva da Abramed, Milva Pagano, recebeu a honraria em nome de todos os associados, colaboradores e parceiros que têm contribuído diariamente para o crescimento e fortalecimento da entidade. “Ao receber essa homenagem em nome da Abramed e seus colaboradores, me sinto feliz, honrada e prestigiada. É um reconhecimento importante do trabalho que é desenvolvido há pouco mais de 10 anos pela entidade, cujos associados são responsáveis por 60% dos exames realizados na saúde suplementar no Brasil”, afirmou Milva.

Importante ressaltar que os laboratórios DB Diagnósticos e Dasa, associados da Abramed, também foram premiados nesta categoria. Ou seja, a entidade foi reconhecida dentro do seu core business de atuação e não na categoria Associação. “Isso tornou a conquista ainda mais representativa”, complementou.

Milva destacou que a entidade tem uma atuação forte em aspectos regulatórios, mantendo um canal de comunicação bastante ativo, intenso e fluido com todos os stakeholders do setor e a sociedade em geral. “A premiação é reflexo desse engajamento e impacta não apenas os associados, mas todo o setor, beneficiando, ainda, as empresas que não são associadas por meio de pleitos realizados pela Abramed”, expôs.

Ela enfatizou ainda que a entidade é uma guardiã da ética e do compliance na medicina diagnóstica, tanto que estabelece critérios de elegibilidade para empresas se associarem, demonstrando preocupação com a qualificação do setor. “A premiação recebida reafirma e estimula a entidade a intensificar suas ações nesse caminho”, concluiu.

O Prêmio Líderes da Saúde é realizado anualmente pelo Grupo Mídia e conta com 24 categorias, abrangendo diferentes segmentos do setor de saúde, como entidades setoriais, associação, indústria de equipamentos, indústria farmacêutica, logística, telemedicina, interoperabilidade e operadora de saúde.

A seleção dos premiados é feita por um comitê técnico formado por profissionais experientes e renomados do setor de saúde. Eles avaliam os indicados de acordo com critérios específicos, como inovação, qualidade dos serviços, impacto social e resultados alcançados.