Mesmo diante dos
desafios econômicos, regulatórios e legislativos, o panorama para o setor no
Brasil é promissor
Mesmo com o panorama desafiador enfrentado nos últimos dois anos, o
setor de Medicina Diagnóstica continuou investindo em novas tecnologias e
formas de atendimento para ofertar soluções de diagnóstico laboratorial e de
imagem, acelerar ainda mais a transformação digital, a automação de processos,
a utilização das tecnologias de inteligência artificial, internet das coisas,
entre tantas outras, sempre visando fornecer serviços de excelência que
contribuem para o melhor cuidado da saúde.
Desde o início da pandemia, o setor atuou no desenvolvimento de
testes moleculares recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS). Os
exames de imagem, como as tomografias computadorizadas, também foram essenciais
para diagnosticar e monitorar casos mais graves que implicaram insuficiência
respiratória, com outros exames laboratoriais. Continuamente, inúmeras ações
foram realizadas para aprimorar os métodos diagnósticos e facilitar o acesso à
população brasileira. A cooperação dos diversos agentes foi essencial para o
avanço e a consolidação das medidas necessárias ao enfrentamento da crise.
Falando das perspectivas para 2022, Leandro Figueira,
vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed – Associação Brasileira
de Medicina Diagnóstica, acredita que aqueles que deixaram de cuidar da saúde
durante a pandemia vão voltar de forma gradativa às consultas e colocarão seus
exames em dia.
Segundo o Painel Abramed 2021 – o DNA do Diagnóstico, cerca de 177
milhões de exames complementares deixaram de ser realizados na saúde
suplementar em 2020 em decorrência da pandemia. “Percebemos que muitas pessoas
que acabaram não resistindo à covid-19 eram portadoras de doenças crônicas não
tratadas. Com isso, acreditamos que a população aprendeu a importância de se
cuidar, para estar mais segura sobre a própria saúde”, diz Figueira.
O cenário é bastante desafiador, afinal de contas, é preciso
assistir essa população. “Mas estamos otimistas, a vacinação trouxe benefícios
e vamos conseguir implantar um ritmo para que a saúde seja uma pauta para todos
os brasileiros”, comenta o vice-presidente.
Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da
Abramed, acrescenta que com o envelhecimento da população estão surgindo novos
movimentos para valorizar a prevenção e a promoção à saúde, como a medicina
personalizada. Vale lembrar que a quantidade de pessoas com 60 anos ou mais
aumenta a cada ano e de forma acelerada, principalmente nos países menos
desenvolvidos. “Há movimentos empresariais acontecendo, como novas
incorporações, aquisições, fusões. A área de Medicina Diagnóstica no Brasil vem
acompanhando o movimento mundial e acredito que ela possa dar as respostas que
o sistema de saúde precisa”, expõe.
Sem dúvida, o futuro da saúde está diretamente ligado à prevenção e
à promoção da saúde e também à saúde populacional. “Através da tecnologia,
conseguimos identificar segmentos de pessoas propensas a algumas doenças,
possibilitando programar e planejar intervenções para evitar que se instalem ou
se descontrolem”, acrescenta o presidente.
Também é preciso cuidar das pessoas que já têm doenças
identificadas, sobretudo crônicas, que exigem tratamentos prolongados. Os
exames de diagnóstico por imagem e laboratoriais possibilitam ao médico
gerenciar tratamentos, identificando mudanças de rumo terapêutico, às vezes tão
necessárias.
Outro tema, que já está presente na área de saúde e Medicina
Diagnóstica e ganha cada vez mais espaço, é o ESG (Environmental, social and
corporate governance), sigla em inglês para ambiental, social e governança
corporativa. Esse conceito amplia o olhar da sustentabilidade para eixos
diferentes, extrapolando as questões relacionadas ao meio ambiente, e
envolvendo ações que impactem positivamente a vida das pessoas de diversas
maneiras e com diversas frentes. A geração de resíduos na realização dos exames
é um dos assuntos que merecem atenção dentro desse conceito.
Vários laboratórios associados à Abramed já vêm adotando práticas
de sustentabilidade há alguns anos. A
Abramed, inclusive, criou um comitê para começar a abordar o tema. O Comitê de
ESG atuará em três pilares: benchmarking para trazer para os associados as
melhores práticas; geração de conteúdo; e projetos aplicados, que consistem nas
iniciativas que serão abraçadas pela entidade em ESG.
Mais um destaque quando se fala em perspectivas no setor é o
diagnóstico assistido por inteligência artificial, que pode considerar todas as
evidências médicas disponíveis, identificar patologias com exatidão e fornecer
atendimento personalizado, melhorando os resultados do tratamento frente à
existência de inúmeros dados em saúde, ainda pouco explorados.
Os softwares de inteligência artificial são capazes de incorporar o
histórico familiar, fatores de risco e resultados de diversos exames para
auxiliar no diagnóstico de inúmeras doenças.
“Há inúmeras oportunidades com a inteligência artificial, que,
aplicada na área de Medicina Diagnóstica, como já vem acontecendo, vai ampliar
a participação dos associados no sistema de saúde”, comenta Shcolnik.
Telemedicina
A telemedicina, mais do que tendência, é uma realidade necessária
na assistência à saúde da população mundial. Ela é impulsionada pela
necessidade de superar barreiras em regiões com infraestrutura limitada no
acesso dos serviços de saúde e restrições orçamentárias enfrentadas, principalmente,
por países em desenvolvimento.
De modo geral, a expectativa é que os procedimentos online sejam
mais baratos que os presenciais, o que pode resultar na redução dos custos em
saúde e evitar os desperdícios. Nesse sentido, diversas tecnologias estão em
desenvolvimento para atender às necessidades de pacientes, médicos e outros
profissionais de saúde.
Com a chegada do 5G e o avanço da tecnologia, o país vai ter mais
condição de, por meio de telemedicina, fazer a medicina chegar a locais mais
distantes. “A telerradiologia já é uma tecnologia regulamentada consagrada no
país. Através dela, é possível operar equipamentos de tomografia
computadorizada ou ressonância magnética a partir de centros tecnológicos em
São Paulo ou em outros lugares. O Brasil é pioneiro nisso”, diz Figueira.
Mesmo diante desse cenário, ainda há desafios para se alcançar o
pleno potencial da telemedicina. Entre eles, a necessidade de integração de
dados entre os atores do sistema de saúde, uma integração mais adequada das
atividades virtuais e rotinas de trabalho dos médicos no cotidiano, com o
objetivo de possibilitar modelos de atendimento híbridos e o alinhamento dos
incentivos para o trabalho virtual baseado em valor.
Durante a
pandemia, a plataforma de telemedicina desempenhou um papel relevante no
controle de disseminação e na ampliação do conhecimento sobre a doença. Mas a
manutenção do seu uso em grande escala é incerta. No entanto, várias lições
foram aprendidas neste período com objetivo de evitar o uso inadequado dos serviços
médicos, estabelecendo processos de triagem mais eficientes.