Exames Laboratoriais – necessidade ou desperdício?

Agosto de 2018

Para médicos, pacientes e seus familiares, um dos momentos mais delicados da assistência à saúde é o da definição diagnóstica. Um diagnóstico correto é o primeiro passo para se definir o tratamento apropriado. Bernard Lown, médico professor emérito da Harvard School of Public Health, que desenvolveu o desfibrilador cardíaco, e Prêmio Nobel da Paz (1985), em 1999 afirmou que a história clínica, em 75% das consultas, fornece informações suficientes para o diagnóstico, mesmo antes da realização do exame físico e da solicitação de exames complementares.

Entretanto, o relatório “Melhorando o Diagnóstico na Assistência à Saúde” (“Improving Diagnosis in Health Care”), publicado pelo Instituto de Medicina norte-americano em 2015, aponta que o erro diagnóstico ainda representa um aspecto crítico da assistência à saúde. Segundo essa publicação, adultos norte-americanos serão vítimas de, ao menos, um erro diagnóstico ao longo de sua vida, algumas vezes com consequências devastadoras e 5% de adultos que buscam assistência ambulatorial experimentarão um erro diagnóstico, a metade com possibilidade de danos. Nos últimos anos o número de queixas por erros diagnósticos contra o sistema de saúde do Reino Unido cresceu 22%. É sabido que diagnósticos tardios de doenças aumentam o risco de disseminação e levam a complicações, tornando o tratamento mais difícil. Médicos que trabalham em condições de pressão podem perder preciosas informações durante a coleta de dados clínicos mas, hoje, já podem dispor de modernos exames complementares que auxiliam na rápida definição de diagnósticos, prognósticos e até tratamentos.

Por isso deve ser saudada a recente publicação da primeira edição da lista de exames laboratoriais essenciais, pela Organização Mundial da Saúde (OMS), onde estão destacados os exames necessários para endereçar prioridades em saúde. A lista, que teve como base diretrizes baseadas em evidências científicas, contém exames que devem estar disponíveis em ambientes de assistência primária à saúde, hospitais e em laboratórios de referência no mundo todo, inclusive no Brasil.

Os gastos com exames laboratoriais representam apenas 1,4% (Alemanha) e 2,3% (Estados Unidos) dos gastos totais do sistema de saúde e estima-se que o laboratório clínico contribua com cerca de 70% das informações utilizadas pelos médicos em suas decisões. Meta-análise realizada ao longo de 15 anos revelou maior prevalência de subutilização (44,8%) do que a superutilização (20%) de exames laboratoriais. Mais que se preocupar com o volume, portanto, deve-se avaliar o valor e os benefícios trazidos pelos exames laboratoriais.

No momento atual em que diferentes exames laboratoriais já são oferecidos livremente em várias redes de farmácias brasileiras, sem a devida regulação, cabe considerar o alerta da OMS em relação à realização de exames: “isoladamente eles não trarão os impactos desejados, sendo necessário que o laboratório clínico que os realiza seja dotado de infraestrutura suficiente, mostre-se integrado, conectado, tenha recursos humanos treinados e capacitados e sistemas de garantia de qualidade implantados”. No Brasil, o programa de acreditação de laboratórios clínicos (PALC), lançado pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial em 1998 e já reconhecido pela Agência Nacional de Saúde (ANS), há anos já avalia a qualidade oferecida pelos laboratórios clínicos brasileiros, contribuindo para assegurar a confiabilidade dos seus resultados e a segurança dos pacientes.

A OMS pretende atualizar a lista anualmente, e a próxima edição incluirá exames relacionados à resistência microbiana, surtos/emergências, doenças emergentes, negligenciadas e sepse. Nas palavras do Dr. Tedros Ghebreyesus, diretor da OMS, “ninguém deve sofrer ou morrer por causa da falta de serviços diagnósticos ou por não ter acesso aos exames mais indicados”.

Dr. Wilson Shcolnik, Presidente da Soc. Brasil. de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial.

Abramed promove workshop sobre ética e compliance

Na pauta, dilemas do setor e iniciativas da Abramed acerca do tema

07 de Agosto de 2018

Engajada em influenciar a melhoria da saúde no Brasil usando o modelo de empresas éticas, sustentáveis e inovadoras no setor de serviços diagnósticos, a Abramed – Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica promoveu no último dia 7 de agosto o 1º Workshop de Ética e Compliance. Mais de 20 representantes das empresas associadas estiveram na sede da Associação para acompanhar as palestras promovidas por Wilson Shcolnik, coordenador da Câmara Técnica Abramed e presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC); Matheus Sabbag Leonel, coordenador do GT de Governança, Ética e Compliance da entidade e gerente de riscos e compliance do Grupo Fleury; e Walquíria Fávero, do departamento Jurídico do Grupo Dasa. Engajada em influenciar a melhoria da saúde no Brasil usando o modelo de empresas éticas, sustentáveis e inovadoras no setor de serviços diagnósticos, a Abramed – Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica promoveu no último dia 7 de agosto o 1º Workshop de Ética e Compliance. Engajada em influenciar a melhoria da saúde no Brasil usando o modelo de empresas éticas, sustentáveis e inovadoras no setor de serviços diagnósticos, a Abramed – Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica promoveu no último dia 7 de agosto o 1º Workshop de Ética e Compliance. Mais de 20 representantes das empresas associadas estiveram na sede da Associação para acompanhar as palestras promovidas por Wilson Shcolnik, coordenador da Câmara Técnica Abramed e presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC); Matheus Sabbag Leonel, coordenador do GT de Governança, Ética e Compliance da entidade e gerente de riscos e compliance do Grupo Fleury; e Walquíria Fávero, do departamento Jurídico do Grupo Dasa.

A presidente da entidade, Claudia Cohn, abriu o evento afirmando que esse trabalho era um sonho antigo da Abramed, materializado este ano no engajamento de todos os membros dos grupos e das câmaras técnicas da Associação. “As nossas empresas foram provocadas a mudanças importantes de atitude no passado, e acredito que coroamos esse início de atividades na área de compliance de uma forma muito mais prática, com a formação de um comitê composto não apenas por associados, mas também por membros independentes”, ressaltou.

Panorama da saúde – Wilson Shcolnik foi o primeiro a palestrar, abordando os dilemas do setor de diagnóstico, principalmente no âmbito da corrupção. “Ela existe, infelizmente, e é uma coisa que a gente se indigna muito quando escuta”, afirmou ao mostrar manchetes relacionadas aos desvios de verbas e outras atitudes ilícitas no setor, a fim de introduzir o tema. Apresentou ainda diversos dilemas vivenciados na relação entre médicos, prescritores e empresas de medicina, bem como na relação do setor com o governo e até mesmo com a sociedade. “Eu tenho a oportunidade de andar pelo Brasil afora e sei, porque vi, que essas questões levantadas, ainda que nos envergonhem muito, são uma realidade”, lamentou Shcolnik.

Iniciativas Abramed –Matheus Sabbag Leonel elencou toda a movimentação da Abramed em relação ao assunto, a começar pelo lançamento de um Código de Conduta, que estabelece compromissos públicos na relação da entidade com as operadoras; entre seus associados; com a comunidade médica e prescritores; com o governo e com a sociedade. “Esse é um trabalho feito com muitas mãos”, salientou. “Quando a gente começa a pensar em questões de tecnologia aplicada no setor de medicina diagnóstica, vão surgindo novos dilemas éticos e temos que tratá-los um a um.”

Ele frisou ainda a importância da participação de todos: “Quanto mais gente colaborando e entendendo não só das atividades em si, mas se aprofundando nas discussões e dilemas, mais enriqueceremos os debates”, frisou.

Após o Código, surgiu a necessidade de estabelecer a criação do Comitê de Ética da Abramed. Composto por quatro conselheiros, membros da entidade, e três membros independentes, o grupo tem como uma de suas atribuições avaliar os relatos recebidos por meio de um Canal de Denúncias e deliberar sobre eles, caminho que atenderá associados e não associados a respeito de desvios, com total anonimato e garantia de resposta.

O comitê deve ainda recomendar diretrizes e posicionamentos. A aprovação para que esse grupo passe a ser estatutário deve ser votada na assembleia geral do dia 16 de agosto: “Esse também é um avanço do ponto de vista de governança e compromisso da associação”, evidenciou.

Todo o movimento dessa delegação é apoiado pelo GT Governança, Ética e Compliance, formado por representantes dos associados, que tem como objetivo equalizar e compartilhar conhecimentos entre eles. “Quem ainda não participou de uma reunião deve saber que esperamos que todos consigam participar”, reforçou o coordenador GT, abonando a importância da pluralidade de porte entre as partes, para que todas as perspectivas sejam alinhadas: “Se tivermos só dois ou três players que estão com uma determinada maturidade no programa de compliance, não conseguiremos tratar o problema de forma setorial”, destacou Matheus.

Outros documentos e ações ainda foram citados. Será preparada uma comunicação complementar para reforçar o posicionamento da Abramed em relação aos princípios éticos e de integridade no setor, além do Regimento Antitruste, um documento que define regras e cuidados a serem tomados durante os encontros na Abramed para proteger a Associação, as pessoas envolvidas e seus associados frente à legislação de defesa da concorrência.

Que futuro você quer para sua organização? – Foi com essa questão que Walquíria Fávero, do departamento Jurídico do Grupo Dasa, iniciou sua apresentação. Ela afirmou que associações são um dos agentes mais importantes no que se refere à disseminação de ideias e padrões como um todo, porém são um ambiente propício para práticas de não compliance, por unir vários competidores na discussão de temas em comum, citando como exemplo condenações do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) por formação de cartel em outros setores. “Não se pode usar a associação como fórum para manter acordos ou trocar informações sobre preços, clientes, áreas de atuação, práticas comerciais e participação em licitações”, exemplificou a advogada, que lembrou ainda outras condutas nocivas, que podem se manifestar em diversas situações do dia a dia, entre elas a entrega de brindes, hospitalidades, doações e patrocínios.

Penalidades aplicáveis – Multa de 0,1 a 20% do faturamento bruto ou de R$ 6.000 a R$ 60.000.000. Essas são algumas das penalidades previstas na esfera administrativa para violações às políticas anticorrupção. Na competência judicial, pode haver ainda perda dos bens ou proveitos obtidos da infração, suspensão ou interdição parcial de atividades. Ainda segundo a especialista, podem ser aplicadas penalidades para as pessoas físicas.

“O que esperamos dos presentes e de nossos associados? Que cumpram as leis, normas e regulamentos. Que disseminem e pratiquem a mensagem do Código de Conduta da Abramed na sua organização e no mercado. E que denunciem quaisquer tentativas ou constatações de violações às condutas éticas estabelecidas”, declarou.

Ao final do evento, Marisol Rodrigues, especialista em Projeto de Controladoria do HCor, e Laura Fonseca, gerente de Produto da BP Medicina Diagnóstica, apresentaram uma pesquisa interativa a fim de conhecer um pouco mais do nível de maturidade do compliance dos associados presentes.

“O que a gente pretende fazer daqui para frente? Pretendemos muito mais, para que possamos disseminar os conceitos e as práticas positivas promovidas pelo setor de diagnóstico brasileiro”, finaliza Claudia Cohn.

Abramed, CBR e ABCDI debatem Gestão de Custos, Resultados e Suprimentos

Tema foi debatido no workshop “Gestão de Custos, Resultados e Suprimentos”; criação de agenda inteligente e apresentação de case de sucesso compuseram a programação

03 de Agosto de 2018

Promovido pela Abramed em parceria com o CBR (Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem) e a ABCDI (Associação Brasileira de Clínicas de Diagnóstico por Imagem), o workshop “Gestão de Custos, Resultados e Suprimentos” apresentou, no dia 3 de agosto, estratégias para que instituições de saúde focadas em diagnóstico façam uma melhor gestão de seus fluxos. A meta é reduzir custos, otimizar processos e acabar com a ociosidade de seus equipamentos, ampliando os ganhos e a margem de lucro.

Após a abertura realizada pelo presidente do CBR, Manoel de Souza Rocha, o evento contou com apresentações de diretores e gerentes da Planisa e da Bionexo. Criado com o objetivo de auxiliar os profissionais da área na identificação de oportunidades, ações e ferramentas capazes de contribuir para a sustentabilidade de clínicas e serviços, o workshop enfatizou a importância da busca pela eficiência em todos os processos, desde o agrupamento de procedimentos por modalidade até a aquisição de materiais e o relacionamento com fornecedores.

“Como podemos efetivamente gerar resultados?”, questionou Marcelo Carnielo, diretor técnico da Planisa, ao iniciar sua apresentação. Enfatizando a importância de reduzir a ociosidade de máquinas, equipamentos e estruturas para que seja possível melhorar o preço de venda baseado em custo, Carnielo explicou como a gestão pode interferir negativamente no resultado da empresa. Na sequência apresentou o conceito da “agenda inteligente”, sistema que considera as margens de contribuição de cada exame para, então, definir quais procedimentos devem ser encarados como prioritários. “Assim, os horários nobres da agenda devem ser preenchidos com esses exames de altíssima prioridade, pois são eles que permitem a manutenção da instituição, gerando resultados e garantindo o retorno de investimento”, declarou.

Direcionando sua apresentação ao departamento de compras, Danilo Faria, gerente comercial da Bionexo, falou sobre a importância de ampliar a gama de fornecedores. “O setor de compras é a área mais rica da empresa, responsável pela movimentação de até 80% da verba local. É um dos setores mais acessíveis para reduzir custos e, justamente por isso, está se tornando cada vez mais estratégico”, relatou. Faria lembrou, também, que quanto maior o número de propostas, maior o poder de barganha, estimulando os participantes a conhecerem novos fornecedores para ampliar suas chances de encontrar o melhor custo-benefício a cada aquisição.

Complementando o evento, também foram apresentadas funcionalidades de ferramentas desenvolvidas tanto pela Planisa quanto pela Bionexo que contribuem diretamente para a gestão de custos e a aquisição de materiais. Além disso, Marcelo Cunha, CFO da FIDI (Fundação Instituto de Pesquisa e Estudo de Diagnóstico por Imagem), apresentou o case de sucesso da instituição que aplicou a tecnologia para atingir suas metas de redução de despesas. “O Brasil precisa buscar eficiência em todas as áreas.  Precisamos investir em competitividade”, declarou Cunha ao relatar que, depois de atingir os resultados que o grupo almejava, passou a investir em novas soluções tecnológicas para angariar ainda mais economia nos processos. “Começamos a colocar, por exemplo, sensores para medição de temperatura, umidade e de presença nas salas de procedimentos. Isso nos dará informações se há oscilação de energia que faz com que as máquinas parem e deixem de gerar receita”, completou.

Participantes satisfeitos – Bastante diversificado, o grupo de profissionais inscritos no workshop mostrou-se satisfeito com as explanações dadas ao longo do dia. Coordenador de atendimento da BP Diagnóstica, Alan Araújo buscava ampliar seu conhecimento. “Gostei bastante do evento. Este é um tema muito interessante e que toca diretamente na área de medicina diagnóstica, que é a minha operação no dia a dia. Assim, estou sempre em busca de alternativas e melhorias para aplicar na BP e para que possamos pensar diferente e melhorar nossos processos”, declarou.

O Grupo Fleury também foi representado por duas profissionais. Lucimara Nascimento, gerente de processos do centro de diagnósticos do grupo, acredita que participar de encontros como esse é sempre válido. “O tema de gestão de custos e melhor eficiência operacional é importante para que possamos manter a perenidade de todos os serviços. O Grupo Fleury já tem essa visão e é sempre bom termos contato com outras instituições que também seguem este lema. Foi uma troca muito enriquecedora”, disse.

Complementando o pensamento de Lucimara, Michele de Paula, consultora de ressonância do grupo, enfatizou a importância de se estar atento ao que seus pares estão desenvolvendo. “Para quem atua com gestão de custos, produtividade e eficiência operacional, ter contato com quem desenvolve essas plataformas é algo riquíssimo, pois sempre achamos que estamos fazendo o nosso melhor até vermos o que o outro está praticando e encontrarmos oportunidades de agregar ainda mais valor ao que já sabemos”, finalizou.