Episódio de encerramento da série #DiálogosDigitais Abramed debate os aprendizados da COVID-19

Encontro virtual reuniu especialistas para falar sobre abastecimento do setor, assistência à saúde e inovação

29 de novembro de 2020

O oitavo e último episódio da série #DiálogosDigitais Abramed, realizado na noite de 24 de novembro, reuniu virtualmente especialistas da medicina diagnóstica para um bate-papo sobre os principais legados da pandemia de COVID-19. A série de eventos digitais, promovidos pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), dialogou, ao longo de quatro meses, com lideranças do setor de saúde sobre os mais variados assuntos que impactam toda a cadeia.

Mediado por Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, o último encontro abordou a cadeia de abastecimento do setor; a segmentação das patologias afastando doentes crônicos dos atendimentos e criando dificuldades de acesso mesmo para casos críticos; e as novas metodologias que estão surgindo para otimizar o diagnóstico no país.

A mesa-redonda contou com a presença de Carlos Eduardo Ferreira, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML); Guilherme Ambar, CEO da Seegene Brazil, marca focada no mercado de diagnóstico in vitro; e Marcos Phillippsen, diretor-executivo da Euroimmun Brasil, que desenvolve soluções para diagnóstico laboratorial.

Ao dar início, Shcolnik falou sobre o atual cenário da medicina diagnóstica dentro do contexto da pandemia. “Já observamos, via Abramed, aumento na demanda dos exames para detecção da infecção pelo novo coronavírus. Os laboratórios clínicos estão preparados para atender esse novo pico de solicitações?”, questionou.

Trazendo o parecer da SBPC/ML, Ferreira enfatizou que não devemos considerar que o país começou a viver uma segunda onda, pois na realidade estávamos em um platô após uma leve queda no pico de infecções identificadas. “A gente convive com a doença desde março, sendo que o ápice ocorreu entre maio e junho. Mas, de lá para cá, assistimos a um declínio suave e, agora, a uma nova elevação nas últimas duas semanas”, pontuou.

Segundo o especialista, os laboratórios têm capacidade produtiva limitada para o processamento dos exames, o que pode vir a impactar o prazo de entrega dos resultados quando se fala no RT-PCR, exame molecular apontado como padrão ouro para diagnóstico da COVID-19. “O ideal é que tenhamos os laudos desses exames o quanto antes, pois com a confirmação de infecção, esse paciente precisa entrar em isolamento para contenção da doença. E com o aumento da demanda, que vem forte, há uma tendência de alargamento desses prazos”, declarou.

Do lado da indústria, há certa tranquilidade quanto ao fornecimento dos kits e o cenário visto no início da crise, em que havia imensa dificuldade em obter os testes para aplicar na população brasileira, não deve se repetir.

Lembrando que a Euroimmun dobrou sua capacidade produtiva ainda nos primeiros meses da pandemia, Phillippsen enfatizou que hoje em pouco tempo é possível reestabelecer os estoques. “A demanda por exames estava caindo, então é natural que as fabricantes reduzam a produção até para evitar o desperdício, visto que o produto tem prazo de validade. Na semana passada, a demanda voltou a subir. Mas não ouvimos nada sobre falta de kits na matriz, então é questão de timing para que possamos trazer mais testes para o Brasil mantendo o suprimento nacional”, disse.

De acordo com Ambar, a Seegene sente uma demanda, hoje, ainda maior do que ocorria em abril e maio. “Porém não vai faltar produto”, garantiu. Para o executivo, a preocupação não está mais na ausência de reagentes, mas nos insumos plásticos necessários para a coleta das amostras como cotonetes e outros materiais importantes à segurança do profissional de saúde.

Tratamento integral além da COVID-19

Outro ponto de aprendizado enfatizado pelo time de especialistas que compunham a mesa de debates do último episódio do #DiálogosDigitais Abramed foi a manutenção do atendimento à outras doenças mesmo em meio a pandemia.

“Em março e abril assistimos ao esvaziamento dos hospitais por conta da incerteza quanto à dinâmica da infecção. Quando começamos a compreender melhor o fluxo da doença passamos a retomar os procedimentos eletivos”, pontou Ferreira que além de presidir a SBPC/ML também é médico do Hospital Israelita Albert Einstein. “O paciente crônico não pode interromper seus atendimentos, principalmente os críticos. Tivemos casos de pacientes com problemas agudos que permaneceram em suas casas”, comentou.

A manutenção dos cuidados com a saúde tem sido comentada frequentemente pela Abramed. A Associação vem enfatizando que o diagnóstico precoce salva vidas e que outras doenças não esperam a COVID-19 passar para se manifestarem. “Vemos novamente a ocorrência de suspensão de cirurgias eletivas e procedimentos. Na semana que vem devemos nos reunir com a ANS e outras entidades da saúde para tratar justamente sobre esse assunto que nos preocupa bastante”, declarou Shcolnik.

Inovação em diagnóstico

Ambar comentou que a Seegene tem cerca de 160 profissionais trabalhando com pesquisa e desenvolvimento e que o foco está na redução dos custos dos kits para que, dessa forma, todas as inovações criadas pela empresa sejam mais acessíveis aos brasileiros. “Mas não paramos de desenvolver. Nos próximos dois anos devemos lançar 100 novos kits no mercado. Além disso, focaremos nas demandas individuais, ou seja, em desenvolver kits de forma rápida, em até dois meses, para atender necessidades específicas do país”, completou. Ele também enfatizou que a biologia molecular em testes de alta complexidade deve crescer bastante no mundo pós-pandemia.

Incorporação de exames no Rol da ANS

Com o decorrer do bate-papo, os especialistas também trataram da incorporação de novos exames no rol de procedimentos obrigatórios da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Com a COVID-19, os exames de RT-PCR e alguns sorológicos foram incorporados emergencialmente, o que trouxe luz à necessidade de avaliação de novas metodologias para garantia de tecnologias diagnósticas inovadoras para a população nacional.

Há, em curso, uma avaliação por parte da ANS de novos exames a serem incorporados como, por exemplo, um painel multiplex para infecções do trato respiratório capaz de identificar, de uma única vez, dezenas de agentes infecciosos, entre eles o coronavírus (temos, em nosso portal, uma matéria específica sobre esse assunto que você pode ler clicando AQUI). Mesmo com a apresentação de análise custo-efetividade confirmando que há economia por paciente quando aplicada a nova metodologia, a incorporação enfrenta dificuldades. “Investir no teste certo para o paciente agrega valor para o sistema de saúde, pois faz o diagnóstico mais certeiro e aumenta a segurança”, comentou Ferreira.

Complementando com o ponto de vista da inovação, Ambar declarou que a Seegene traz, para o Brasil, painéis com custos acessíveis e que o principal trabalho está na apresentação das novas tecnologias aos profissionais de saúde. “A incorporação também depende de o médico passar a solicitar aqueles exames”, disse. O executivo afirmou que em outros países onde a marca atua, em até dois anos é possível fazer com que novas metodologias diagnósticas sejam utilizadas pelos sistemas públicos de saúde.

Concordando com Ambar, Phillippsen mencionou a Euroimmun Academy, plataforma focada em disseminar conhecimento junto aos profissionais de saúde. “Somente trazendo a informação, enfatizando a importância dos testes diagnósticos, é que eles passarão a fazer parte do rol”, finalizou.

O bate-papo completo deste episódio está disponível no canal do YouTube da Abramed (clique AQUI para assistir), assim como todos os outros da série #DiálogosDigitais promovidos pela Associação.

Painel Abramed no Global Summit apresenta as benesses do telediagnóstico

Com o tema ‘O telediagnóstico dentro do ciclo de cuidados’, encontro virtual trouxe casos de sucesso e dados que validam a necessidade da telessaúde

25 de novembro de 2020

A edição 2020 do Global Summit Telemedicine & Digital Health, realizada esse ano em uma plataforma digital a fim de cumprir as recomendações impostas pela pandemia de COVID-19, trouxe muitos debates sobre as tendências que estão transformando o mundo da saúde. A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) promoveu um debate sobre o papel do telediagnóstico dentro do ciclo de cuidados, moderado por Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da entidade, e participação de Cristovam Scapulatempo, gerente médico de patologia avançada, imunohistoquímica e patologia molecular da DASA; e César Nomura, diretor de medicina diagnóstica do Hospital Sírio-Libanês.

Ao longo do debate foram apresentadas as diversas vantagens do telediagnóstico, possibilidade de transmissão de prontuários e laudos médicos para especialistas graças às plataformas que permitem que as imagens e vídeos gravados mantenham a qualidade necessária para o diagnóstico mesmo após passarem pelo processo de compressão.

Segundo Scapulatempo, esse ramo é excepcional por sanar algumas das principais dificuldades do sistema como, por exemplo, os custos de deslocamento para centros especializados e a falta de assistência local associada à infraestrutura precária de algumas regiões. Porém os entraves para que o telediagnóstico se firme ainda estão presentes.

“Talvez o maior desafio de todos, principalmente em um país como o nosso, seja a velocidade de conexão e o tamanho da banda, fatores extremamente limitantes. Na Europa, por exemplo, links de 1gb são comuns, mas no Brasil é difícil conseguir. Por isso já começamos em desvantagem”, comentou o especialista da DASA.

A conectividade, de fato, precisa ser olhada com mais profundidade. Principalmente agora que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) está vigente. “Em qual nível de conectividade vocês imaginam que estejamos hoje e o que pode nos gerar problemas em termos de segurança de dados?”, perguntou Shcolnik.

“Temos problemas de infraestrutura, às vezes temos de contratar links dedicados, que são caros. Temos, inclusive, problemas de energia elétrica. Se em janeiro começar a chover e cair uma árvore, teremos interrupção do fornecimento. Por isso o custo do Brasil é tão alto. Quanto à LGPD, nossa maior preocupação está em como ela vai funcionar. Nesse primeiro momento precisa ser mais educativa do que punitiva. Não pode virar foco para arrecadação de recursos, um mercado negro”, enfatiza Nomura.

Pensando em acesso, Shcolnik falou sobre a disponibilidade de profissionais em todas as regiões brasileiras. “Sabemos que uma das vantagens do telediagnóstico está em garantir o acesso em locais onde especialistas não estão disponíveis”, disse. Complementando esse raciocínio, Scapulatempo comentou que chegou a fazer uma visita em um hospital da região norte do país onde encontrou peças cirúrgicas de pacientes com câncer há mais de três anos sem macroscopia realizada. “É a realidade em alguns locais onde falta acesso ao médico patologista, profissão escassa e mal remunerada”, apontou.

Falando sobre as restrições impostas pelo Conselho Federal de Medicina (CFM), o diretor da DASA vislumbrou um cenário benéfico caso caíssem essas limitações. “Imagina, por exemplo, a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) com uma central de patologistas para que todos os hospitais federais tivessem acesso?”. “Quem sabe o tempo ajude a modificar essas exigências”, desejou Shcolnik.

Enquanto a telepatologia sofre com restrições, a teleradiologia – que teve início há 15 anos – enfrentou um caminho mais livre para seguir e se consolidar. “Não tivemos esses grandes entraves pois quando olharam para a teleradiologia, todos já estavam fazendo”, disse Nomura.

Patologia Digital

Para exemplificar a importância da telepatologia no Brasil, Scaputatempo apresentou dados do setor. Segundo ele, hoje são 3.400 patologistas atuando no país, ou seja, 1,55 para cada 100 mil habitantes. O Sudeste concentra 54% desses profissionais e há pouquíssimos em atuação na região Norte. “A gente precisa oferecer esse diagnóstico rápido e preciso para que os pacientes tenham melhor chance de tratamento. Apenas olhando esses números conseguimos justificar a necessidade da telepatologia”, comentou.

Entre os benefícios da patologia digital apresentados pelo especialista da DASA estão: criação de uma rede nacional e internacional de patologistas; implementação de subespecialidades; fácil acesso às lâminas quando necessário para revisão e discussão de casos à distância; casos de pacientes espalhados pelo Brasil sendo analisados por profissionais experientes e especializados; projetos com inteligência artificial; capacidade de produção fora do núcleo técnico operacional; e segurança por não haver trânsito de material biológico para fora desse núcleo.

Teleradiologia na prática

Para falar sobre a relevância da teleradiologia, Nomura apresentou detalhes de um projeto criado para melhorar o diagnóstico da COVID-19. O RadVid19, desenvolvido pelo Inova HC, ofereceu um serviço de inteligência artificial para avaliação de tomografias de tórax. “Lembrando que no começo de fevereiro ainda tínhamos muita dificuldade para oferecer testes RT-PCR para detecção da infecção pelo novo coronavírus, as imagens de tórax eram um dos caminhos”, comentou.

Com inteligência artificial, o hospital faz a tomografia e disponibiliza as imagens na nuvem. Essas imagens são processadas por dois algoritmos que trazem dados como a probabilidade, de 0% a 100%, daquela imagem representar um caso de COVID-19 e qual o grau de acometimento pulmonar daquele paciente.

“Em hipótese alguma a ideia é substituir o médico radiologista, até porque a ferramenta pode errar. A proposta é ser um auxílio a esse profissional. Porém é interessante observar que fizemos alguns comparativos e vimos que o médico radiologista tem certa tendência a superestimar o grau de acometimento pulmonar dos pacientes com COVID-19. Por isso é fundamental sairmos dos apontamentos qualitativos para os quantitativos”, disse Nomura.

Montada em um mês, a infraestrutura iniciou o trabalho em 4 de maio. Até hoje já foram mais de 30 mil acessos à plataforma que tem cerca de 50 hospitais conectados e já analisou 18 mil tomografias. Considerado um dos maiores bancos de dados de tomografia de COVID-19 do mundo, a ferramenta chegou a avaliar 180 casos diariamente e, hoje, checa cerca de 50 exames ao dia. “É uma iniciativa sem custo para qualquer instituição, pública ou privada, que queira acessar”, finalizou o especialista.

Definir parâmetros e garantir a qualidade são ações essenciais diante das CPs 911 e 912

SindHosp reuniu especialistas da medicina diagnóstica, hospitais, indústria e farmácia em debate sobre consultas públicas da Anvisa

25 de novembro de 2020

Debatidas incessantemente nas últimas semanas pelos protagonistas do setor de saúde, as Consultas Públicas 911 e 912 – sobre realização de exames laboratoriais em qualquer serviço de saúde –, abertas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foram tema de encontro virtual promovido em 19 de novembro pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp). Na reunião intitulada “Só os laboratórios estão sob ameaça?”, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) foi representada pelo presidente do Conselho de Administração, Wilson Shcolnik, que defendeu o posicionamento da entidade de que liberar a realização de exames fora dos ambientes altamente controlados dos laboratórios aumenta o acesso, mas também aumenta o risco ao paciente.

Moderado por Francisco Balestrin e Luiz Fernando Ferrari Neto, respectivamente presidente e vice-presidente do SindHosp, o debate também recebeu Carlos Eduardo Gouvêa, presidente-executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), Gonzalo Vecina Neto, sanitarista, ex-presidente da Anvisa e ex-secretário municipal de Saúde; e Marcos Machado Ferreira, presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP). O intuito do encontro foi abrir o diálogo permitindo que todos os envolvidos tivessem voz.

Partindo do cenário da medicina diagnóstica, na ocasião representada por Shcolnik, foi feito um breve retrospecto regulatório. O executivo reforçou que a revisão da RDC 302 tem sido um pleito frequente do segmento, visto que com a modernização de tantos processos que impulsionaram novas práticas, uma atualização se fazia necessária. “A RDC 302 disciplinou o setor de forma sensacional trazendo requisitos de gestão de qualidade para as três fases do processo laboratorial: pré-analítica, analítica e pós-analítica. Porém, após 15 anos, essa regulamentação não estava mais adequada aos novos métodos adotados”, disse o presidente ao enfatizar que os profissionais do ramo diagnóstico receberam com motivação a notícia de que finalmente a RDC seria revisada.

Porém, a revisão da norma por meio das CPs 911 e 912 assustou o setor. “A CP 911 trata das práticas farmacêuticas após a Lei nº 13.021/2014 que dá a esses estabelecimentos o status de serviços de saúde. Desde então, farmácias e drogarias estão se preparando para esse novo papel. Mas, para nós, essa assistência farmacêutica estaria relacionada ao monitoramento e uso de medicamentos. Não seria tão abrangente como estamos vendo agora que outros serviços são também oferecidos”, explicou Shcolnik.

Um dos principais questionamentos do setor está na capacitação dos profissionais que atuam em farmácias. “Na medicina, são mais de 50 especialidades e os médicos não estão preparados para exercer qualquer uma delas. Eu, como médico patologista clínico, não posso fazer uma neurocirurgia. Os profissionais que trabalham nas farmácias estão preparados para essa mudança radical no papel desses estabelecimentos?”, questionou o executivo.

Para a Abramed, a ampliação que está sendo proposta pelas consultas públicas gera dúvidas, pois não é adequado facilitar o acesso colocando, em risco, a segurança dos pacientes. “A justificativa de acesso não me parece razoável, pois o maior risco está na população. Sabemos que existem, por exemplo, testes rápidos de altíssima qualidade que evoluíram consideravelmente ao longo do tempo. Entretanto, sabemos também que há testes de qualidade variável e desempenho questionável”, pontuou Shcolnik lembrando que inclusive durante a pandemia de COVID-19 a união de diversas entidades do setor de diagnóstico e de laboratórios criou um programa de validação para apresentar, à sociedade, quais testes para detecção do novo coronavírus eram confiáveis.

Farmacêutico bioquímico, Ferreira trouxe a visão dos profissionais de farmácia. “Esse debate não é tão simples de lidar”, iniciou sua argumentação. Para ele, o caminho natural – e que já vem sendo observado no mundo inteiro – é a farmácia avançar para outros cuidados de saúde, inclusive a realização de exames. “Minha preocupação está em qual caminho seguir. Na CP 912, a criação do SADT-TAC (serviços de saúde que realizam atividades relacionadas a testes de análises clínicas) permite que exames sejam feitos em qualquer ambiente. As farmácias vieram se preparando ao longo do tempo para isso, mas ao criar o SADT-TAC, a Anvisa permite que esses testes ocorram em qualquer local considerado estabelecimento de saúde. Ou seja, consultório médico, psicológico, nutricional, odontológico e muitos outros. E isso é um problema sim quando consideramos a qualificação dos profissionais”, declarou enfatizando que com essa abordagem perde-se o controle da situação. “Exames sairão das mãos de profissionais qualificados, que se prepararam para tal, e isso é preocupante demais”, completou.

Essa mudança de nomenclatura também foi um ponto de questionamento por parte de Ferrari: “nossa estranheza está na destruição da RDC 302 somada à mudança até do nome para SADT-TAC”, citou. Para Balestrin, a impressão é de início de um processo que transformará as farmácias em clínicas populares prontas para receber o cidadão não atendido pelo SUS. “Aquele que não tem cobertura de saúde vai até uma farmácia e resolve seu problema. Mas isso é muito insuficiente quando pensamos, de fato, na gestão de saúde do cidadão”, falou mencionando a importância de debater a saúde baseada em valor. Já Vecina acredita que colocar as farmácias como hubs de saúde é algo inaceitável. “Vivemos um tempo em que existem extravagâncias que fazem mal à civilização. Temos que entendê-las negando a possibilidade que ocorram”, declarou.

Qualidade e validação

Apresentando a perspectiva da indústria que se empenha em fornecer kits de testes para abastecer a demanda interna e externa, Gouvêa falou sobre a incorporação tecnológica que vem ocorrendo para otimizar os processos produtivos e enfatizou ser necessário desmistificar as más impressões que se instalaram após muitos testes rápidos de COVID-19 serem criticados, justamente, por seu baixo desempenho.

“Os primeiros testes que saíram não eram bons, tinham acabado de ser desenvolvidos. À medida em que fomos avaliando esses testes, os fabricantes melhoraram seus processos. Nossa inovação é incremental, ou seja, utiliza o feedback dos profissionais que estão na ponta. Tivemos, inclusive, fabricantes que desistiram de lançar esses kits por perceber que seus produtos não tinham qualidade e que não teriam condições de melhorá-los rapidamente”, declarou.

Para o executivo da CBDL, o teste rápido nunca terá a mesma sensibilidade e especificidade dos apontados como padrão ouro, mas podem atingir um segmento da população maior, atuando como triagem. “A pessoa que passa por esse teste e tem um resultado positivo, precisará de confirmação”, declarou. Segundo Gouvêa, com essa ampliação proposta pelas consultas públicas, os laboratórios serão ainda mais acessados para exames complementares, de maior qualidade.

Vecina parte do pressuposto de que é impossível negar os avanços do sistema. “Não podemos nos posicionar contra melhorias que promovem o bem-estar. O que é melhor, tem que ficar”, disse. Para o especialista, os testes rápidos podem ser realizados por diferentes profissionais de saúde, desde que tenham sua qualidade comprovada. Para ele, o importante é não transformar o cuidado em saúde em algo totalmente comercial.

“O consumidor, protegido pelo Código de Defesa do Consumidor, tem direito a fazer o que bem entender, mas o produto a ele ofertado precisa de adequada especificidade e precisa ser validado”, pontuou. A liberação de testes rápidos para COVID-19 sem validação no começo da pandemia foi, na opinião de Vecina, um grande erro. “A Anvisa errou, mas todo mundo errou. O que fizemos foi fruto da nossa ignorância na ocasião. Mas agora as coisas melhoraram e temos de olhar para o futuro”, alertou.

Impor limites é fundamental

Para Ferreira – e também para a Abramed –, é preciso discutir a normatização definindo parâmetros assim como ocorre em outras partes do mundo. “Quais testes laboratoriais são possíveis de serem feitos nas farmácias? Precisamos discutir de forma mais clara”, alegou.

Vecina também concorda com a ideia de que é imprescindível definir os limites: “temos que decidir o que pode e o que não pode ser feito em farmácia; discutir quais testes serão liberados”.

Para encerrar a apresentação, Shcolnik pediu a todos que jamais esqueçam que o tema central de todo esse debate é saúde. E que é preciso sempre pensar até que ponto a liberalidade protege o cidadão. “A Anvisa foi criada para proteger a população, mitigar os riscos. Se há um risco identificado, é papel da Anvisa atuar. E ela tem mecanismos para isso”, encerrou.

Saúde 4.0 – Com ampla geração de dados, medicina diagnóstica depende de tecnologia

Debate virtual promovido pelo Sebrae-PB também abordou os aprendizados da pandemia

25 de novembro de 2020

Executivos da saúde se reuniram virtualmente dia 12 de novembro para debater os avanços e os desafios tecnológicos da medicina diagnóstica em um ambiente prioritariamente digital. Promovida dentro do Saúde Summit, realização do Sebrae-PB e Luz Criações, a palestra “O futuro da gestão na saúde 4.0” contou com participação de Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed); Jeane Tsutsui, diretora-executiva de negócios do Grupo Fleury; e Jimmy Ayoub, diretor de inovação e produtos da Cuco Health.

Os avanços tecnológicos na medicina diagnóstica são históricos. Estratégico e totalmente dependente de inovação, o setor também é responsável pela geração de uma vasta quantidade de dados que, quando bem geridos, são capazes de promover qualidade de vida ao paciente e informações eficientes para a geração de políticas públicas.

“A transformação digital que estamos vivendo é consequência de todo o investimento em tecnologia já feito. Hoje temos equipamentos monitorados e reparados remotamente, trazendo agilidade à manutenção e impactando positivamente a jornada do paciente; conseguimos fazer digitalmente desde o agendamento do exame até a retirada do resultado; e nos vemos a cada dia mais envoltos por startups que revolucionam o cenário”, comentou Priscilla enfatizando que tudo isso que foi construído com o passar das décadas foi fundamental para o melhor enfrentamento da pandemia do novo coronavírus. “Se não tivéssemos essa realidade agora, como teríamos acesso a tudo isso diante do isolamento social?”, completou.

Usar a tecnologia como forma de otimizar a jornada do paciente é um caminho extremamente necessário na visão de Jeane. Porém, para isso, é preciso ter clareza sobre os entraves que se consolidaram. “Precisamos saber quais necessidades resolver e a implementação precisa ser ágil e flexível para que não se perca o propósito. Se não for assim, as pessoas acabam se perdendo diante de tantas coisas a serem feitas”, disse enfatizando a necessidade de colaboração e união entre os atores.

Na visão de Ayoub, apesar de tantos avanços significativos, o setor ainda tem um delay que precisa ser eliminado. “A pandemia diminuiu esse atraso, mas ele certamente existe. Nem toda a cadeia de saúde, nem todo o ecossistema, estão alinhados com esse processo de transformação que tende a ficar mais robusto”, pontuou. “Criamos maturidade nos últimos meses, infelizmente impulsionada pela COVID-19. Mas, hoje, temos um cenário de transição em velocidade mais alta do que tínhamos ano passado e com certa tendência de ser irreversível. Há alguns meses eu escutava que isso era fogo de palha e que passaria logo, hoje vejo que há sim uma corrida desenfreada na busca por aderir ao conceito de omnichannel”, completou.

Moderado por Dalu Melo, jornalista e criadora digital, o debate seguiu tratando sobre a relevância dos dados gerados pela medicina diagnóstica. “Por que esses dados ainda não estão sendo usados de forma colaborativa”, questionou a mediadora.

Jeane acredita que colocar o paciente no centro do cuidado também otimiza esse processo colaborativo. “Ele deve ter as informações para compartilhar com quem quiser. Hoje o foco está nos diferentes elos da saúde, ou seja, em operadoras, prestadores e hospitais. Precisamos mudar o foco para o paciente”, declarou. Segundo a executiva, o Grupo Fleury vem trabalhando para que os dados fiquem à disposição do indivíduo e no desenvolvimento de ferramentas que permitam, a ele, o compartilhamento.

Priscilla também acredita que empoderar o cidadão é o melhor caminho, mas que as empresas têm grande responsabilidade, principalmente educacional. “Não basta ter o acesso se o paciente não entende a importância desse histórico”, alertou. Para a diretora, além da empresa ensinar e do paciente aprender, há também o papel do Estado na integração dos setores público e privado de saúde permitindo a visualização sistêmica. “Hoje, se faço um exame na rede privada, não consigo utilizá-lo no meu atendimento via SUS”, disse reforçando que para que tudo isso seja concretizado, há também a necessidade de garantir ao país inteiro uma conexão de qualidade.

Para Ayoub, a tecnologia que existe no país consegue garantir essa conexão. Mas Jeane diz que na teoria a tecnologia está disponível, mas que no dia a dia há sim dificuldades, além de certa carência de profissionais especializados para promover esse processo integrativo.

Aprendizados da pandemia

“Difícil não ter uma sensação de aperto no peito por tudo isso que estamos vivendo. Mas é inegável que tivemos aprendizados e muita colaboração”, disse Priscilla ao iniciar o debate sobre como a COVID-19 impactou o setor. “Nunca tínhamos visto um diálogo tão aberto no setor de saúde que, historicamente, conversava pouco. Foi a pandemia que transformou tudo isso. De repente nos vimos todos com as mesmas dores tendo de sentar e debater como superar os desafios no menor espaço de tempo possível”, disse a executiva.

Jeane, concordando com Priscilla, enfatizou a importância desse movimento assistido nos últimos meses. “Nunca tivemos no Brasil tantas empresas se mobilizando para auxiliar no combate ao novo coronavírus. Obviamente o governo puxou algumas ações, mas muita coisa partiu do setor privado. Não podemos perder esse espírito”, comentou.

Para Ayoub – um pouco menos otimista – apesar do diálogo ter existido, ainda é preciso focar nos resultados dessas conversas. “Tivemos poucas soluções que, usando a tecnologia, envolviam diversos players e ainda há concorrência entre eles”, declarou trazendo à tona o debate sobre os atuais modelos de remuneração praticados no país. “Ainda estamos pautados pelo fee-for-service. Existe sensibilização e inúmeras discussões. Mas também existe, ainda, uma percepção de que é cada um por si quando, na verdade, o produto tecnológico é a soma de várias ações e pontos bem feitos”, finalizou.

Abramed fala à GloboNews e ao Bom Dia SP sobre aumento de 25% nos resultados positivos de Covid-19

Estudo realizado pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) apontou aumento de 30% no número de exames para o diagnóstico da Covid-19 e 25% na quantidade de resultados positivos da doença nos últimos 15 dias.

Os dados foram destaque na imprensa brasileira. Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed, conversou sobre o tema com as equipes de jornalismo da GloboNews e Bom Dia São Paulo.

“O crescimento está atrelado ao comportamento da população. É necessário que as pessoas entendam que a pandemia não acabou e que as medidas de segurança precisam ser reforçadas”, disse a executiva em entrevista.

Confira as reportagens na íntegra nos links:

Bom Dia São Paulo – https://bit.ly/3fqYtQ3

GloboNews – https://bit.ly/33aDg7V

Inserção de novos exames no Rol da ANS otimiza assistência à saúde com impacto orçamentário mínimo

Consulta Pública capta opiniões sobre cobertura obrigatória de novos procedimentos diagnósticos para 2021; estudo da Abramed sobre última inclusão traça comparativo entre número de exames esperados e realizados nos 12 primeiros meses da incorporação e mostra que impacto é inferior ao sugerido

20 de novembro de 2020

Com a Consulta Pública (CP) 81 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aberta para que a sociedade opine sobre a inclusão de novos procedimentos no rol de obrigatoriedades dos convênios médicos, a medicina diagnóstica vivencia uma nova oportunidade para ofertar aos usuários de planos de saúde exames mais modernos, tecnológicos e assertivos para uma infinidade de patologias. Corroborando com a aceitação da inclusão, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) elaborou um estudo sobre a incorporação anterior e confirma que o impacto orçamentário da inclusão de 10 novos exames de alta complexidade no rol foi mínimo.

Segundo a análise da Associação, os benefícios gerados pela ampliação do número de procedimentos extremamente eficazes para diagnóstico precoce de doenças são muito maiores do que o possível aumento do custo assistencial. “Quando temos diagnóstico precoce e correto, o tratamento é mais assertivo melhorando o prognóstico dos pacientes e, inclusive, diminuindo o custo da assistência”, explica Alex Galoro, diretor do Comitê Técnico de Análises Clínicas da Abramed.

O processo para a inclusão de novos exames, cuja lista deve ser anunciada ainda no primeiro trimestre de 2021, começou em 2018 e diversas entidades de classe e sociedades científicas fizeram sugestões de procedimentos sempre apresentando evidências científicas e análises financeiras. Entre os exames propostos pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), por exemplo, estão painéis para diagnóstico de infecções do sistema nervoso central, como meningites e encefalites, e de infecções respiratórias, incluindo a COVID-19.

Atualmente, quando um paciente chega com suspeita clínica de meningite, ou seja, apresenta febre, rigidez na nuca e alteração do nível de consciência, são realizados exames diversos para obtenção do diagnóstico, o que envolve exame de líquor por punção lombar, análises epidemiológicas e de imagem, e testes bioquímicos. Além disso, também são feitas coletas de sangue e de fezes para identificação de várias possibilidades virais, bacterianas ou fúngicas da encefalite. Todo esse procedimento faz com que o diagnóstico final seja obtido, em média, após 13,3 horas.

Se aplicada a identificação multiplex por PCR em tempo real de até 25 agentes infecciosos simultaneamente – exame que está na lista avaliada pela ANS para incorporação como procedimento obrigatório dos planos de saúde – em menos de três horas há definição do diagnóstico e o melhor tratamento pode ser iniciado. “Em casos de meningite bacteriana, se o paciente não começar a terapia adequada em até quatro horas ele pode ter sequelas irreversíveis como surdez, lesão no sistema nervoso central e déficit intelectual e pode, inclusive, chegar a óbito”, explica Alvaro Pulchinelli, diretor científico da SBPC/ML.

Essa nova metodologia diagnóstica para infecções do sistema nervoso central que já é utilizada por grandes laboratórios e hospitais de referência no atendimento particular e que está sendo avaliada na CP 81 apresentou sensibilidade entre 84,4% e 100% e especificidade superior a 99,9%.

Quando adotado esse novo exame em substituição a todos os outros tidos como padrão hoje, o custo permanece praticamente o mesmo. Do diagnóstico ao tratamento, o custo mediano por paciente com o método padrão é de US$ 239,63. Quando utilizado o painel multiplex, esse custo é de US$ 239,14.

Para infecções do trato respiratório – tipo mais comum de infecção entre os brasileiros – a utilização dessa nova metodologia diagnóstica também traz resultados muito positivos. Pacientes diagnosticados com influenza pelo painel multiplex permaneceram internados por 38,8 horas, enquanto os submetidos ao teste rápido de antígeno (padrão atual) ficaram hospitalizados por 49,8h. Além disso, aqueles que tiveram acesso à nova metodologia ingeriram antibióticos por menos tempo e fizeram menos radiografias do tórax. Em pessoas imunocomprometidas, por exemplo, a incorporação desse exame traz uma economia de R$ 251,22 por paciente no comparativo com o atendimento utilizando os exames tidos, hoje, como padrão.

Além de analisar a incorporação ou não de novos procedimentos, a consulta pública também sugere a inclusão ou a alteração de Diretrizes de Utilização (DUT) desses testes. “Tem sido frequente a criação de diretrizes que obrigam a realização dos exames apenas nos casos que se enquadram em determinadas situações clínicas”, explica Galoro. É o caso de alguns exames de imagem que estão sendo reavaliados como, por exemplo, a mamotomia via biópsia percutânea à vácuo guiada por raio X ou ultrassonografia.

O procedimento, que é indicado para investigação de alterações mamárias, já integra a lista da ANS e a nova consulta pública sugere algumas mudanças para a autorização, indicando que o exame deve ter cobertura obrigatória quando preenche alguns critérios específicos e quando os nódulos são menores do que 2 centímetros, de categorias 4 ou 5 do BI-RADS (ou seja, quando há suspeita de malignidade) e permanecem dúvidas mesmo após a realização de core biopsy orientado por ultrassonografia. Diferentemente do procedimento que está sendo discutido que é feito à vácuo, o core biopsy é uma biópsia na qual a amostra é retirada com uma agulha de calibre mais grosso.

Diante desse cenário, o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) reafirma que existem várias situações clínicas na qual não é possível – ou mesmo necessária – a realização do core biopsy antes do procedimento à vácuo. Essa diretriz pode aumentar a ansiedade do paciente por submetê-lo a mais exames, atrasar o diagnóstico e elevar os custos da assistência.

Inclusão de 2018 gerou impacto mínimo no orçamento

A Abramed realizou um estudo baseado na incorporação, em 2018, de 10 novos exames na lista de procedimentos com cobertura mínima obrigatória dos planos e seguros de assistência médica elencada pela ANS, todos exames de alta complexidade como, por exemplo, ressonância magnética de fluxo liquórico, que atua na identificação de presença de líquor no cérebro e na medula espinhal, auxiliando o diagnóstico de hidrocefalia e outras condições; e a elastografia hepática ultrassônica, exame que pode substituir a biópsia de fígado.

Para a análise, a Abramed computou a quantidade de exames realizados por suas associadas ao longo do primeiro ano de vigência do novo rol e, também, os dados compartilhados pela ANS nesse mesmo período. E, então, comparou as informações com as estimativas traçadas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em estudo que avalia as consequências financeiras da adoção de novas tecnologias ou procedimentos em saúde. Importante ressaltar que as associadas à Abramed foram responsáveis pela realização de mais de 480,8 milhões de exames em 2018, o que representa 56% do total de procedimentos diagnósticos realizados na saúde suplementar.

Na estimativa da CNI, seriam efetivados 77.441 exames da lista dos 10 novos procedimentos diagnósticos incorporados ao Rol em 2018. Porém, encerrado o primeiro ano de vigência, as associadas à Abramed confirmaram a realização de apenas 37.665 exames, o que confirma que a inclusão de novos procedimentos não atingiu sequer 50% do volume de exames que eram esperados para os primeiros 12 meses após a ampliação do Rol.

Traduzindo os percentuais para valores monetários, a CNI estimava uma despesa assistencial de R$ 50,9 milhões com a realização dos novos exames, porém, segundo dados das associadas à Abramed, o valor total concretizado no período foi de R$ 20 milhões.

Desta forma, a Abramed reforça, em seu estudo, que a incorporação de novos procedimentos em saúde é, muitas vezes, apontada como um dos principais fatores que impulsionam o crescimento das despesas assistenciais sem que haja uma análise mais aprofundada de quanto essas novas tecnologias são benéficas para o diagnóstico precoce e, por consequência, para o bem-estar do paciente e a redução dos custos com tratamentos e terapias.

Presidente da Abramed fala à GloboNews sobre consultas públicas que impactam a medicina diagnóstica

O presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), Wilson Shcolnik, concedeu entrevista para a GloboNews dia 13/11. A pauta foi sobre as Consultas Públicas (911 e 912), abertas pela Anvisa, que buscam a opinião da sociedade sobre a realização de exames laboratoriais em farmácias e drogarias.

Além de colocar em risco a segurança dos pacientes, visto que a história nos mostra que os testes rápidos nem sempre trazem resultados confiáveis, as propostas desprestigiam os profissionais que se especializaram para desempenhar com qualidade e eficiência seu trabalho nos laboratórios que seguem as rígidas recomendações sanitárias impostas pela RDC 302.

Assista a reportagem completa em: https://glo.bo/2UnKkZV

Abramed é destaque na coluna da Mônica Bergamo

Nessa sexta-feira (13/11), a colunista Mônica Bergamo, da Folha de São Paulo, publicou nota sobre o número de testes para Covid-19 no Brasil, destacando números levantados pela Abramed.

Segundo dados do Ministério da Saúde, de março até a primeira quinzena de outubro de 2020 foram realizados cerca de 15,2 milhões de exames para COVID-19 no país. Considerando que as associadas à Abramed foram responsáveis por 6,2 milhões de todos os exames no período, os outros 9 milhões foram feitos por laboratórios e hospitais privados que não integram a vitrine da Associação; pelo Sistema Único de Saúde; e pelas farmácias e drogarias.

Dos mais de 15 milhões de testes no país, 7,8 milhões foram sorológicos (entre testes rápidos e exames laboratoriais para IGG, IGM e anticorpos totais) e 7,5 milhões foram de RT-PCR.

LGPD – Desafios extrapolam a tecnologia e envolvem mudança de cultura

Sétimo encontro do #DiálogosDigitais Abramed reuniu especialistas para tratar dos melhores caminhos para adequação à legislação

11 de novembro de 2020

Em vigor desde 18 de setembro no Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD – Lei nº 13.709/2018) vem causando muitos debates e questionamentos. Influenciada pela legislação europeia e promovendo a regulamentação do tratamento de dados pessoais, a norma brasileira promove alterações nas rotinas empresariais e traz diversos impactos diretos ao setor de saúde.

Abordando os inúmeros desafios inerentes à adaptação à lei, o sétimo encontro da série #DiálogosDigitais Abramed reuniu, na noite de 10 de novembro, Fernando Torelly, CEO do Hcor; Marcelo Lorencin, presidente da Shift e diretor presidente da Associação Brasileira das Empresas Desenvolvedoras de Sistemas de Informação Laboratorial (LIS Brasil); e Teresa Gutierrez, sócia da Machado Nunes, para um bate-papo completo moderado por Rogéria Cruz, coordenadora do GT de Proteção de Dados da Abramed e Diretora Jurídica do Hospital Israelita Albert Einstein.

A LGPD entrou em vigor durante a pandemia de COVID-19, o que foi mais um entrave para as instituições de saúde que já estavam lidando com um cenário totalmente inesperado. “Um setor extremamente impactado pela pandemia teve de se adaptar ainda mais. E sabemos que proteção de dados é um processo contínuo e multidisciplinar que requer esforço de todos. Não há como relacionar a LGPD apenas à uma área”, comentou Rogéria ao dar início ao debate.

Bastante regulado, o setor de saúde já tinha boas percepções quanto ao tratamento de dados, principalmente por lidar com dados sensíveis. Porem é preciso lembrar que dentro do segmento existe uma variedade de empresas com diversos níveis de maturidade. E isso tornou necessário o investimento em um processo educacional, de mudança de cultura.

“A proteção de dados não deveria ser uma novidade para o setor que já tinha de contar com essa preservação de dados embutida em qualquer instituição. Mas vejo, hoje, que o aculturamento é necessário”, comentou Teresa enfatizando que a lei está inserida até mesmo em atitudes consideradas rotineiras como a troca de informações de pacientes por WhatsApp, uma plataforma que já se comprovou insegura.

Para Lorencin, esse processo de instrução também deve enfatizar que a adequação à LGPD não envolve apenas a tecnologia, como muitos empresários pensam. “O primeiro grande desafio está na cultura do Brasil e das empresas nacionais, pois o problema vai muito além da tecnologia da informação. É uma questão de compliance e de processos”, disse. Segundo o executivo, há pessoas que questionam quando que será lançada uma nova versão dos softwares com compliance 100% adequado à LGPD. “Não há uma compreensão de que não haverá essa ‘nova versão’. As versões lançadas incorporam novidades que auxiliam a adequação, mas há muito além disso”, declarou.

No HCor, por exemplo, onde há grande dedicação ao tema com reuniões semanais entre os envolvidos, há uma revisão da política de utilização de dispositivos pessoais na organização e um debate interno aquecido quanto ao desenvolvimento de uma plataforma substitutiva ao WhatsApp. “Pensamos em como criar uma ferramenta institucional para que o corpo clínico possa transitar informações de forma segura, pois hoje boa parte do segmento utiliza o WhatsApp”, declarou Torelly. O executivo também mencionou que dentro do hospital já foram levantadas 150 oportunidades de melhorias e ajustes que auxiliarão na adequação da instituição às normas impostas pela LGPD.

Investimentos necessários

A adequação à LGPD passa, impreterivelmente, por investimentos tanto em recursos humanos quanto em tecnologia da informação. Porém dentro de um setor tão complexo, onde há empresas de todos os portes e maturidades, esse processo não será igualitário para todos. “O que me preocupa não é apenas a aplicação da LGPD em si, mas a estrutura do nosso segmento. Temos mais de seis mil hospitais pelo país, poucos acreditados e poucos com condições de investir em segurança da informação”, pontuou Torelly.

O Hcor já contratou um Data Protection Officer (DPO) exclusivo para a instituição. “O tema  proteção de dados deixou de ser um projeto estratégico para se tornar um tema central da gestão e, a partir de agora, é um processo que não terminará nunca pois cada vez teremos mais informações importantes dos pacientes. Por isso entendemos que o DPO é um cargo de liderança, estratégico, que reporta direto ao CEO”, completou o executivo.

Teresa concorda com Torelly que a LGPD deve ser observada com continuidade. “Esse é um trabalho que nunca vai acabar, que não terá fim. É preciso investir dinheiro, investir em sistemas e aqueles que ainda não têm, por exemplo, prontuários eletrônicos implementados terão um passo ainda maior a ser dado”, enfatizou.

Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD)

Os cinco membros do primeiro conselho diretor da ANPD foram aprovados pela Comissão de Infraestrutura do Senado em meados de outubro e o órgão foi estabelecido para garantir a eficácia da LGPD. Para Lorencin, é importante que a Autoridade atue como uma facilitadora dos processos. Teresa concorda e reforça: “Esperamos que seja uma atuação mais consultiva nesse primeiro momento, que não seja apenas punitiva. Vamos torcer”.

Gestão de dados sem bloqueios

Para Lorencin é preciso empoderar o paciente, garantindo sua privacidade, mas sem coibir o trânsito relevante de informações que beneficiam o próprio paciente. “Os negócios vão sendo transformados pela tecnologia, mas sempre a favor do ser humano. Empoderar sim, trancar não”, disse.

Um bom exemplo de como a troca de informações entre players do setor pode impactar positivamente o paciente foi apresentada por Torelly. Segundo ele, as grandes instituições de saúde estão criando programas de atenção primária para atendimento aos colaboradores. Com isso, o médico da atenção primária tem todas as informações sobre doenças crônicas e acompanhamento dos profissionais. Paralelamente, o departamento de recursos humanos tem os atestados médicos. Na terceira vertente, os sistemas hospitalares têm as informações de atendimento nos prontos-socorros.

“Em três sistemas diferentes, a soma das informações pode predizer quem vai infartar no ano que vem e apontar eventos preditivos mais graves. Se essas informações não são trabalhadas, é tirada dessa pessoa a oportunidade de tratar aquele evento antes que ele de fato ocorra”, declarou lembrando que é fundamental que essa pessoa autorize a utilização desses dados diversos. “Pode ser que a pessoa não autorize, porém creio que com a explicação, 99% das pessoas vai permitir”, complementou.

Em Portugal, segundo Torelly, o médico da família tem total acompanhamento do paciente, inclusive recebendo um SMS quando ele é internado em algum hospital. Também por mensagem de texto, o paciente pode autorizar o acompanhamento do médico de família e, assim, as informações são trocadas entre os profissionais que estão prestando a assistência. Por lá, além do médico de família, a estrutura também oferece um enfermeiro e um secretário responsável por cuidar dos agendamentos de procedimentos evitando que o paciente postergue exames preventivos relevantes para a manutenção da saúde.

Para encerrar o debate, Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed, trouxe a pergunta do presidente do Conselho de Administração da entidade, Wilson Shcolnik: “sabemos que os serviços de saúde têm sido alvo de hackers. Em suas respectivas empresas, vocês já fizeram testes de pishing?”.

Lorencin disse ser normal a contratação de empresas para um autoataque; Rogéria confirmou que dentro do Hospital Israelita Albert Einstein há empresas que testam o ambiente simulando esses ataques; Torelly disse que inclusive é comum a contratação de mais de uma empresa para que o ataque não seja padronizado, testando de fato a segurança local; e Teresa citou que há sim testes de vulnerabilidade, porém que o vazamento de dados costuma ocorrer por conta das pessoas mesmo, nem sempre em decorrência de falhas nos sistemas. O bate-papo completo deste episódio está disponível no canal do YouTube da Abramed (clique AQUI para assistir) e a última edição está marcada para 24 de novembro e trará, como tema principal, “Aprendizados COVID-19”.

Laboratórios privados associados à Abramed já realizaram mais de 6 milhões de testes para COVID-19

Desse montante, 57% foram RT-PCR e 43% exames sorológicos

11 de novembro de 2020

No início de março, Tedros Adhanom, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), declarou pandemia do novo coronavírus e pediu aos países que aumentassem seus programas de testagem como melhor caminho para conter a propagação do patógeno. Levantamento feito pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) mostra que, desde o início da crise até outubro, os laboratórios privados associados à entidade já realizaram 6,2 milhões de exames relacionados à doença no Brasil, sendo que desse montante 57% foram RT-PCR, padrão ouro utilizado para detecção na fase ativa; e 43% exames sorológicos que checam anticorpos para indicar se o individuo já teve contato com o vírus.

A rápida resposta dos laboratórios privados no país foi fundamental para que o Brasil trabalhasse dentro dessa perspectiva. “Os números refletem o empenho das empresas associadas à Abramed na intensificação da oferta e na ampliação da capacidade de processamento desses testes”, comenta Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

Segundo o executivo, é importante ressaltar que nenhuma nação estava preparada para enfrentar uma epidemia de um vírus desconhecido, porém logo que o surto chegou ao Brasil, os laboratórios privados – mesmo frente à escassez de insumos e problemas logísticos – se movimentaram para desenvolvimento in house dos primeiros exames moleculares, ofertando com agilidade boas possibilidades diagnósticas.

Segundo dados do Ministério da Saúde, de março até a primeira quinzena de outubro foram realizados cerca de 15,2 milhões de exames para COVID-19 no país. Considerando que as associadas à Abramed foram responsáveis por 6,2 milhões de todos os exames no período, os outros 9 milhões foram feitos por laboratórios e hospitais privados que não integram a vitrine da Associação; pelo Sistema Único de Saúde; e pelas farmácias e drogarias.

Dos mais de 15 milhões de testes no país, 7,8 milhões foram sorológicos (entre testes rápidos e exames laboratoriais para IGG, IGM e anticorpos totais) e 7,5 milhões foram de RT-PCR. “Importante frisar que os exames sorológicos realizados pelos laboratórios em ambientes controlados que respeitam as boas práticas laboratoriais levaram a resultados mais confiáveis do que aqueles realizados fora do ambiente laboratorial”, especifica Shcolnik.

O executivo reforça que a fim de garantir que a população brasileira utilizasse apenas testes de qualidade, laboratórios e entidades do setor de saúde se uniram em um projeto para verificar o desempenho dos kits disponibilizados em território nacional, apresentando os resultados – incluindo os que evidenciaram problemas – no portal testecovid19.org.