Demografia, economia e medicina diagnóstica: o Brasil em transformação

O primeiro capítulo da 5ª edição do Painel Abramed oferece uma análise profunda das mudanças demográficas e econômicas no país

Conhecer dados demográficos e econômicos do Brasil é fundamental para o planejamento estratégico e a adaptação de serviços de medicina diagnóstica às necessidades e às condições do mercado. O acesso a informações precisas e atualizadas nessas áreas ajuda as empresas a ofertarem serviços mais eficazes e atenderem melhor a população.

Com gráficos claros e análises profundas, esses dados são expostos no primeiro capítulo do 5º Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico. Com o título “Demografia e Conjuntura Econômica”, o conteúdo que abre a publicação oferece uma visão completa sobre as transformações significativas ocorridas no Brasil em 2022 e seu impacto na saúde da população.

O primeiro aspecto relevante diz respeito à demografia. No ano passado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou o Censo, revelando uma população menor do que aquela estimada pelo IBGE ao longo dos anos entre a realização de Censos. “Esse fenômeno indica que o envelhecimento está ocorrendo em um ritmo mais acelerado do que se previa, e isso repercute significativamente não apenas no sistema de saúde, mas também no sistema educacional e previdenciário”, comenta Bruno Santos, Coordenador de Inteligência de Mercado da Abramed.

Outro ponto de grande relevância é a transição demográfica que o Brasil está vivenciando, um fenômeno intimamente relacionado ao envelhecimento da população. O país está transitando de um estado em que predominava uma população jovem para uma nação mais madura do ponto de vista etário. Além disso, esse processo de transição demográfica tem correlação com uma mudança paralela chamada transição epidemiológica.

A transição epidemiológica é um fenômeno no qual o principal causador de mortes deixa de ser as doenças infecto-contagiosas e passa a ser as doenças crônicas não-transmissíveis. Países de baixa renda, geralmente mais carentes, tendem a apresentar maior incidência de mortes decorrentes de infecções, enquanto países mais desenvolvidos e com uma população mais madura tendem a registrar predominância de mortes causadas por doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes. “No caso do Brasil, isso já é evidente, uma vez que a maioria das mortes no país é atribuída a doenças não transmissíveis, refletindo o impacto do envelhecimento populacional”, comenta Santos.

Um aspecto particularmente interessante é que, em 2021, houve uma reversão temporária dessa transição epidemiológica devido à pandemia. Naquele ano, a maior causa de morte no Brasil foram as doenças infecciosas, com a covid-19 se destacando como principal responsável por esse cenário. “Isso mostra como eventos extraordinários, a exemplo da pandemia, podem temporariamente alterar as tendências epidemiológicas em uma população que já está em processo de transição demográfica e epidemiológica”, acrescenta.

Uma informação adicional relevante trazida pelo Censo é a mudança na distribuição geográfica da população brasileira. Historicamente, o Brasil tem sido um país com uma concentração populacional significativa nas regiões litorâneas. No entanto, observou-se que essa tendência não é uniforme e varia de acordo com os estados. No geral, notou-se que a população está crescendo de forma mais lenta ou, em alguns casos, até mesmo diminuindo em estados situados no litoral, enquanto o aumento populacional tem sido mais rápido em estados do oeste, no interior do país, particularmente nas regiões do Centro-Oeste e Norte.

“Essa mudança na distribuição geográfica da população merece destaque, pois indica uma possível reconfiguração das dinâmicas populacionais e socioeconômicas no país. Ela pode estar relacionada a fatores como migração interna, desenvolvimento econômico regional e oportunidades de emprego, representando um importante aspecto a ser considerado ao analisar o panorama demográfico e socioeconômico do Brasil”, analisa o Coordenador de Inteligência de Mercado da Abramed.

Além disso, o capítulo ressalta a importância dos exames de diagnóstico para doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes. A detecção precoce dessas condições é fundamental para o gerenciamento e tratamento eficazes, e estima-se que a demanda por exames diagnósticos deverá crescer 96% até 2050.

O capítulo também discute o cenário econômico brasileiro em 2022, destacando a recuperação do crescimento após a pandemia e os desafios inflacionários. A alta inflação e o aumento da taxa básica de juros têm impactos significativos nos custos de capital, afetando particularmente o setor de medicina diagnóstica e as operadoras de planos de saúde.

Este material é um convite para explorar mais a fundo as implicações dessas transformações e os caminhos a serem seguidos para enfrentar os desafios futuros. Baixe gratuitamente a 5ª edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico e leia o conteúdo completo. São cinco capítulos, em 274 páginas, repletos de informações valiosas para o setor de saúde.

Fórum Internacional de Lideranças da Saúde discutiu a importância da integração para o futuro da saúde no Brasil

Evento promovido pela Abramed chegou à sua sétima edição promovendo a interação entre líderes da área. Mauricio Silva Nunes, diretor de desenvolvimento setorial da ANS, fez apresentação na abertura da programação

O 7º Fórum Internacional de Lideranças da Saúde – FILIS, que vem se consolidando como uma das principais agendas da Saúde no Brasil, foi realizado no último dia 31 de agosto, no Teatro B32, em São Paulo (SP). Desde sua primeira edição, tem se confirmado como referência de inovação e troca de experiências entre profissionais da cadeia da saúde. 

Em solenidade de abertura do evento, Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, destacou que a interoperabilidade é um tema central para a Abramed, pois tem foco direto na gestão da saúde do paciente. Opinião compartilhada pelo presidente do Conselho de Administração da entidade, Wilson Shcolnik. Para ele, as empresas de medicina diagnóstica estão integradas a outros segmentos de prestação de serviços e as fronteiras de atuação já não existem mais. 

“Isso nos traz a oportunidade de termos uma jornada mais orientada para os nossos pacientes, lucrando todos, evitando desperdícios e contribuindo com cuidado qualificado da saúde e sustentabilidade do sistema. Temos consciência do momento de transformações intensas vividos pelo sistema de saúde”, afirma o presidente.

Entre as novidades destacada do evento neste ano, houve o “Leaders Connection”, um período de parada na programação, direcionado ao relacionamento e à troca entre os participantes do evento, e o “Momento Transformação”, com apresentação de cases de inovação na área da Saúde.

Apresentação ANS

Em se tratando de desafios do setor, o diretor de desenvolvimento setorial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Maurício Nunes da Silva, afirma, em 20 anos de atuação na instituição, nunca ter visto um momento tão complexo e desafiador. Ele foi convidado para uma apresentação na abertura da programação do 7º FILIS.

Trazendo um panorama geral sobre o setor de saúde suplementar, o diretor lembra que em 2022 houve um “comportamento atípico” que coloca o segmento em situação de atenção, e para compreender esse movimento é necessário voltar para 2014 quando o setor de saúde suplementar apresentava o maior número de beneficiários em sua história: 50,4 milhões de pessoas em planos médicos hospitalares.

Porém, em razão da crise econômica que o Brasil passou entre os anos de 2015 e 2016, houve uma perda de mais de três milhões de beneficiários: “saindo de 50,4 milhões para pouco mais de 47 milhões”, aponta o diretor de desenvolvimento setorial da ANS. E desde então, esses números se mantiveram em oscilação até próximo do primeiro semestre de 2022, quando aconteceu um crescimento mês a mês. 

A trajetória crescente é interrompida em janeiro de 2023, porém em fevereiro os números de beneficiários voltaram a aumentar e em março alcança a maior quantidade da série histórica: 50,5 milhões e até junho essa constância leva aos 50,8 milhões. Mas, se houve essa melhora quantitativa, o que chama atenção da ANS como comportamento atípico?

Silva explica que junto a trajetória de crescimento de beneficiários houve queda de receita operacional das operadoras de R$ 7 bilhões; um aumento de despesas de aproximadamente R$ 700 milhões. “Essa queda de receita operacional chama a atenção porque no momento de tendência de aumento de beneficiários com queda de receita operacional, isso provavelmente nos mostra que os beneficiários procuram por planos mais baratos”, pondera.

Para a ANS, isso é um sinal de alerta, afinal o setor é de financiamento mutualista: um beneficiário paga anualmente pelo serviço, mas caso não o utilize, outra pessoa com tratamento de alto custo o faz, o que dilui os impactos e despesas. O diretor esclarece que no setor, 70% dos contratos são coletivos empresariais – “com contratos muito grandes ou muito pequenos. Microempreendedor Individual (MEI) se classifica por coletivo empresarial, por exemplo” -, 18% são planos individuais familiares e 12% são coletivos por adesão. 

Valor ao beneficiário

Há mais de 30 anos o bioquímico norte-americano Van Rensselaer Potter (1911-2001) trata do valor que é entregue ao beneficiário, de acordo com Silva. “Ele trouxe um debate nos Estados Unidos sobre a eficiência da utilização do recurso no setor de saúde, que para cada um dólar gasto com saúde o que entregamos de valor não é monetário, mas de resultado da saúde [do paciente]”, explica.

O diretor de desenvolvimento setorial da ANS afirma que até o final de 2023 há a expectativa de aprovar a certificação para a linha oncológica: “Já temos algumas para atenção primária. A oncologia é um grande exemplo. A certificação oncológica força operadoras e prestadores a buscar o melhor do resultado em saúde”.

Há ainda, segundo Silva, outros projetos de indução à qualidade, como o que a ANS chama de “Buscador Qualis”, ferramenta no portal da Agência onde o beneficiário pode pesquisar se um hospital ou prestador ou laboratório é acreditado e o Programa de Qualificação dos Prestadores de Serviços de Saúde (“QUALISS”), de monitoramento da qualidade hospitalar; lançado em 2022, começou com a participação de 133 hospitais – hoje são 176, dos mais diversos perfis, incluindo instituições privadas e Santas Casas. 

Ainda sobre o QUALISS, foram definidos indicadores de qualidade: dados reportados pelos próprios hospitais, que serão divulgados pela ANS. “O mais interessante é que é um programa de adesão voluntária. É a primeira vez na história do Brasil em que teremos indicadores de hospitais. É uma ação inovadora! ”, afirma o diretor. 

Outra meta relativa aos hospitais é a de transferência da rede hospitalar. Por força legal do artigo 17 da Lei 9.656, se define que toda vez que uma operadora de planos de saúde retirar ou substituir hospital, deve-se seguir parâmetros definidos pela ANS. Com essa norma o beneficiário ao contratar determinado plano devido à rede hospitalar, ao ser informado da remoção ou substituição, pode utilizar a portabilidade, indo para o plano que possua aquele determinado hospital, independentemente da faixa de preço. 

Silva explica ainda que junto dessas ações é proposta a possibilidade de que o beneficiário possa levar seu histórico médico para qualquer plano. “Aqui há um grande desafio em migrar dados – claro, respeitando a Lei geral de Proteção de Dados – entre planos e instituições. Mas reduz custos, como a repetição de exames, promovendo sustentabilidade no setor”.

Abramed apresenta dados sobre hepatites virais

Diagnósticos aumentaram depois da pandemia, e os números de casos também

A Abramed, por meio de seus associados – laboratórios privados do país que são responsáveis por 60% dos exames na Saúde suplementar brasileira, constatou em seu último boletim epidemiológico (BE) que houve aumento na testagem e na taxa de positividade para as principais hepatites virais – A, B e C – no primeiro trimestre de 2023, quando comparado ao mesmo período de 2022.

Segundo Alex Galoro, médico patologista clínico e líder do Comitê de Análises Clínicas da Abramed, isso se deve ao fato de a população ainda estar sob a influência da pandemia de covid-19 no primeiro trimestre de 2022. “Com a retomada das atividades, os testes de rotina de cuidados de saúde e realização de exames laboratoriais voltaram a ser realizados, com aumento na testagem. Quanto à positividade, sabe-se que grande parte da população que tem hepatites desconhece a doença e o aumento da testagem aumenta o seu diagnóstico.”

Houve uma diminuição de casos registrados durante a pandemia, mas impulsionados pela falta de diagnóstico, que apresentou retomada neste ano.

Os números indicam que aproximadamente 15% da população já teve contato com algum tipo desses vírus.

Galoro ainda ressalta que esses dados se referem a todos os marcadores sorológicos destes tipos de hepatite, sem distinção do tipo de hepatite, ou marcadores de doença aguda ou de contato prévio. O BE do Ministério da Saúde usa os dados de infecção aguda, assim, os BE não podem ser cruzados para análises epidemiológicas por usarem métodos distintos.

Boletim Abramed_Hepatites Virais

2022

Exames para Hepatites realizados pelas associadas Abramed em todo ano: 20,7 milhões

Exames para Hepatites realizados no primeiro trimestre: 5 milhões

Média mensal de exames para Hepatites no primeiro trimestre: 1,7 milhão

Taxa de positividade: 15,2%

2023 

Exames para Hepatites realizados no primeiro trimestre: 5,8 milhões

Média mensal de exames para Hepatites no primeiro trimestre: 1,9 milhão

Taxa de positividade: 15,44%

Importância do diagnóstico

Atualmente, existem vacinas para a prevenção das hepatites A e B. Não existe vacina contra o tipo C, o que reforça a necessidade de um controle adequado da cadeia de transmissão no domicílio e na comunidade, bem como entre grupos vulneráveis, por meio de políticas de redução de danos. Em grande parte dos casos, as hepatites virais são silenciosas, o que reforça a necessidade de ir ao médico regularmente e fazer os exames de rotina que detectam os vários tipos.

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas cerca de 18% das pessoas que vivem com hepatite B foram diagnosticadas e apenas cerca de 3% delas estão recebendo tratamento. Esse tipo é uma infecção sexualmente transmissível (IST). Segundo a OMS, nas Américas, cerca de 5,4 milhões de pessoas vivem com infecções por hepatite B, enquanto 4,8 milhões estão infectadas com hepatite C.

Geralmente, quando os sintomas aparecem, já se está em estágio mais avançado. O estímulo ao diagnóstico precoce tem sido um instrumento de promoção de qualidade de vida para quem convive com essas doenças, que podem levar a complicações importantes no fígado, como cirrose hepática e câncer.

O conceito de eliminação está baseado nas metas globais estabelecidas pela OMS consoantes com a Agenda 2030 para o alcance dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), que dizem respeito à redução das novas infecções em 90% e da mortalidade em 65%. Para tanto, é necessário realizar o diagnóstico de 90% dos casos e tratar 80% dos casos diagnosticados.

A medicina diagnóstica no centro da tomada de decisão

Painel da Abramed na grade oficial da JPR 2023 discutiu as novas formas de se fazer medicina diagnóstica para promover acesso à Saúde, melhor gestão de insumos e sustentabilidade financeira

A Abramed promoveu painel sobre “Futuro da medicina diagnóstica” durante a 53ª Jornada Paulista de Radiologia (JPR). Os participantes destacaram a utilização de tecnologia para promoção do acesso à Saúde e ética nos procedimentos.

Moderado por César Nomura, vice-presidente do Conselho de Administração da entidade, participam do painel Wilson Shcolnik, presidente do conselho de administração da Abramed, Fábia Tetteroo-Bueno, CEO Phillips Latin America; Eliezer Silva, diretor do Sistema de Saúde do Hospital Israelita Albert Einstein e membro do Conselho de Administração da Abramed, Romeu Domingues, presidente do Conselho de Administração da Dasa. Milva Pagano, diretora-executiva, abre as duas discussões.

A medicina diagnóstica é peça chave nas deliberações sobre acesso à Saúde, e se tornou peça-chave na implantação de tecnologias sustentáveis e na discussão para a saudabilidade das operadoras, que representam 90% da sua demanda.  Wilson Shcolnik, presidente do conselho de administração da instituição, destaca que “de todos os exames realizados na rede suplementar, 60% são feitos pelos associados da Abramed”. A Abramed tem cadeira na mesa de discussões da Agência Suplementar de Saúde (ANS), atuando como elo fundamental nas tomadas de decisão e na elaboração de políticas.

César Nomura lembrou que “a medicina diagnóstica é fundamental pelo seu potencial de precocidade de enfrentamento de doenças, prevenção e acompanhamento”, mas, ele completa, a medicina deve ser mais assertiva. Exaltando a realização do evento, destacou que é importante que as sociedades representativas ocupem espaços de diálogo e sejam protagonistas. “A Abramed busca olhar a medicina diagnóstica para o futuro. São sementes que estamos plantando.”

Mas a falta de eficiência ou as fraudes de algumas clínicas e hospitais ainda vilanizam o setor. “Escutamos falar de más práticas”, comenta Shcolnik. Segundo a Abramed, constatam-se pedidos de exames excessivos sem mesmo haver análise clínica. Ressaltando que os diálogos incluem as operadoras, o presidente destaca que o fomento de boas práticas e ética é fundamental e inegociável. Mas a pertinência é conhecida pelos profissionais.

Leonardo Vedolin também repercute a importância das análises diagnósticas. Segundo ele, o setor é grande gerador de dados e impacta muito a vida das pessoas. “Temos potencial de fazer análise preditiva, antecipar tendências e diminuir custos, e isso tem papel fundamental na crise.”

Fábia Tetteroo-Bueno destaca a interoperabilidade para evitar pedidos duplos e refação de exames. E defende que, frente aos problemas como envelhecimento populacional, falta de recursos humanos e acesso, a indústria deve investir em inovação para o prestador de serviços melhorar a eficiência da medicina diagnóstica, que já lança mão de inteligência artificial (IA) e softwares modernos de leitura e atendimento remotos. Segundo ela, o uso de IA pode melhorar em até 80% a eficiência, produtividade e velocidade na execução de exames.

“Mas é necessário ensinar médicos e enfermeiros a usar a tecnologia e analisar dados. No futuro, todos terão que saber usar”, comenta a CEO. Segundo ela, outro fator importante, além do ensino de novas formas de se fazer medicina nas universidades e para os formados há muitas décadas, é necessário regular as mudanças dinâmicas que acontecem e garantir a ética nos processos. Nomura somou à discussão o fato de que a Abramed, atenta ao tema levantado por Fábia, tem Código de Conduta e estimula seus associados para que eles sejam seguidos. “Isso deve ser multiplicado em todas as instituições.”

Repercutindo o futuro, tema do painel, em outra frente, Eliezer Silva, diretor do Sistema de Saúde do Hospital Israelita Albert Einstein e membro do Conselho de Administração da Abramed, ponderou que a falta de estratégia com que os stakeholders se relacionam com o setor só piora a visão de futuro. “Agimos sem entender do ponto de vista epidemiológico, não desenhamos promoção, criamos um sistema reativo para ser consumido, como um shopping.” Nesse contexto, ele ressalta que o próprio paciente deve ser informado sobre como usar a prestadora de Saúde e reconhece que os médicos também devem mudar a forma de agir. E vai além, o médico não pode trabalhar sob pressão de pagamentos, mas sob a lógica do cuidado.

Líderes dos comitês da Abramed se reúnem para debater temas transversais focando a atuação conjunta

A partir desse encontro, haverá um canal de comunicação entre os comitês para facilitar a condução dos projetos.

A Abramed promoveu, no dia 13 de abril, um encontro com as lideranças de seus comitês para discutir ética, compliance, sustentabilidade do setor da saúde, regulação e outros temas transversais. 

“A partir desse encontro, poderemos criar grupos de trabalho com membros de mais de um comitê, para que possam contribuir entre si e facilitar a condução dos projetos”, disse Milva Pagano, diretora-executiva da associação, que moderou o debate. 

Os líderes se apresentaram e debateram sobre os principais temas e projetos de seus comitês, buscando alinhamento com outros. Sobre o Comitê de Comunicação, Milva salientou a importância de apoiar a campanha Saúde Sem Fraude, da FenaSaúde, e a atuação deste comitê no trabalho de conscientização e educação a respeito de boas práticas para orientar o paciente no uso adequado do sistema de saúde. 

A Abramed não estimula a solicitação de exames desnecessários, e sim a utilização correta e consciente do sistema de saúde. Esse tema tem alinhamento com outros comitês, como o de Governança, Ética e Compliance (GEC) e o de Sustentabilidade Ambiental, Social e de Governança Corporativa (ESG).

Andrea Pinheiro (Sabin), uma das líderes do Comitê de Comunicação, disse ser importante englobar os associados de grande e pequeno porte nessas discussões, mostrando que a Abramed tem um trabalho sério de racionalizar o serviço de saúde. “Grandes empresas estão demitindo colaboradores por participarem de atividades fraudulentas relacionadas aos planos de saúde. O assunto tem ocupado as páginas policiais, o que é muito ruim para o setor”, apontou.

William Malfatti (Fleury), também líder do Comitê de Comunicação, disse que boa parte da sinistralidade do segmento acabou se formando no mercado de reembolsos assistidos e devido ao uso inadequado do plano. “Precisamos fazer essa mobilização por questão de sobrevivência, não apenas dos planos, mas nossa também”, observou.

Nessa questão, ele acredita ser importante envolver a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) e a Associação Médica Brasileira (AMB), além de fazer parceria com a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde) e a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), para que apliquem punições aos infratores. 

“Essas entidades podem negar o reembolso, descredenciar o médico que aderiu à prática, verificar qual é o laboratório e tomar as medidas adequadas. Assim, seremos mais efetivos e mostraremos a todos os agentes de saúde que há um olhar atento para a questão”, explicou Malfatti.

Tecnologias

O Comitê de GEC está atento, em se tratando da Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), à questão da segurança e padronização no envio obrigatório de dados referentes a endemias e pandemias para secretarias municipais e estaduais. “Se não fornecemos, somos penalizados; se fornecemos, ficamos vulnerabilizados, devido à exposição de dados”, apontou o líder do grupo, Jair Rezini (Grupo Pardini).

A falta de integração entre os sistemas leva a outros temas sensíveis, como interoperabilidade e compartilhamento de dados. Na reunião, foi salientada a importância de a Abramed levar essa preocupação ao conhecimento da Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), para se engajarem pela melhoria.

A questão das notificações das doenças também é um assunto que envolve o Comitê de Análises Clínicas. “Se conseguirmos informatizar e padronizar, poderemos ajudar outros comitês que venham a ter a mesma dificuldade”, disse Alex Galoro (Grupo Sabin), um dos líderes desse comitê.

Outro ponto são as atualizações da tabela da Classificação Brasileira Hierarquizada de procedimentos médicos (CBHPM) quanto à codificação do TUSS e TISS. “Poderemos interagir com as sociedades científicas para fazer propostas de testes a serem retirados ou adicionados”, acrescentou Galoro.

Prioridade também é trabalhar a interoperabilidade e usar o padrão LOINC, mas isso envolve vários níveis, inclusive o governo, passando pelas empresas de sistemas. Nesse sentido, Milva adiantou que a Abramed vai criar mais um comitê, o de interoperabilidade.

A novidade do Comitê de Padrão TISS é a entrada em vigor da nova versão. Ele também está acompanhando, com a Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), uma sugestão de padronização para biometria facial que seja incorporada nas próximas  versões TISS.

Há ainda a criação de um possível grupo de trabalho sobre questões que envolvam faturamento. “Algumas operadoras de saúde querem mudar a forma de agrupar o lote de faturamento, tentando estabelecer o padrão de envio em formato único”, acrescentou Cláudio Laudiauzer (Sabin), líder desse comitê.

Já no Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, há dois assuntos que merecem atenção. Um deles é a eliminação do uso de filmes, em busca de soluções mais ecológicas, o que se relaciona ao Comitê de ESG. 

“Há um caminho longo a ser percorrido, porque as operadoras enxergam como uma forma de reduzir a remuneração, sendo que o investimento feito no sistema de imagens é muito maior do que o feito no processo de revelação dos filmes”, apontou Marcos Queiroz (Albert Einstein), um dos líderes do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem. 

O segundo tema é a exigência legal sobre o prazo de armazenagem de exames de diagnóstico por imagem. A Abramed pode ajudar a partir de um posicionamento oficial, mas, para isso, entra o segundo ponto: por quanto tempo guardar o exame radiológico, já que é preciso investir em armazenamento em nuvem? É importante considerar que a discussão não tem a ver com os laudos, mas com as imagens, que ocupam um espaço consideravelmente maior. 

“Queremos trazer esse debate englobando os Comitês Jurídico, de Proteção de Dados e de ESG. Precisamos do respaldo deles ainda que lutemos por uma mudança na legislação”, disse Queiroz.

Uma sugestão consiste em elaborar um dossiê completo que contenha tanto uma avaliação dos prazos adequados para a guarda das imagens quanto uma análise técnica minuciosa. Esse dossiê poderia ser apresentado a um regulador legalmente habilitado para dispor sobre essa questão. No entanto, é importante destacar que esse trabalho exige uma abordagem multidisciplinar, com a participação de diferentes áreas, para que seja devidamente fundamentado.

Gestão de risco e pessoas

Por sua vez, o Comitê de ESG está focado nas maneiras de estimular as boas práticas e de ajudar o setor de saúde a ser mais transparente. Não fazer isso gera desperdícios e mau uso de recursos, tema que se conecta com sustentabilidade e questão social.

“Outro assunto é a gestão de riscos. As empresas precisam olhar não apenas para os riscos assistenciais, mas também para direitos humanos e mudanças climáticas. Como ampliar essa visão nas instituições de saúde?”, expôs Daniel Périgo (Grupo Fleury), líder do comitê de ESG.

Ele também citou a relevância dos temas da diversidade e da inclusão, que precisam ganhar mais força no setor da saúde, não incluindo somente a gestão interna de colaboradores, mas também o atendimento de pacientes, o preparo das equipes e as instalações. 

Sobre a atualização da RDC 302, Périgo disse que é necessário considerar o quanto isso pode trazer novas obrigações e pontos a serem considerados. “Precisamos ter um conhecimento mais homogêneo entre todos os comitês sobre esse tema.”

O Comitê de RH está trabalhando justamente a questão da diversidade e da inclusão, como comentou a líder Lucilene Costa (Grupo Fleury). “Estamos desdobrando esses temas falando também de PcD, grupos de afinidade, pessoas LGBTs, violência e etarismo, bem como debatendo o papel da empresa e seu olhar para a sociedade”, explicou.

Ela lembrou que os assuntos sobre reembolso assistido, judicialização e liminares trazem custo para a folha de pagamento, o que reafirma a importância de trabalhar a conscientização da população e de ter o apoio da FenaSaúde e da ANS.

Sustentabilidade e regulação

No Comitê Jurídico, há dois grandes temas em discussão: a sustentabilidade do setor, no qual se encaixa a campanha da conscientização de boas práticas para pacientes, e a regulamentação da saúde digital.

Além da RDC 302, ainda em andamento, outro assunto é o piso de enfermagem, que, segundo Caroline Ranzani (Dasa), uma das líderes do comitê, não terá uma solução muito rápida, pois o governo não vai regulamentar isso por medida provisória. No entanto, em paralelo, a Abramed já está trabalhando na criação de um novo código de Classificação Brasileira de Ocupações (CBO).

Há, ainda, a questão da reforma tributária. “Se houver uma supertributação do setor, os usuários migrarão para o sistema público, que não tem capacidade de absorver a demanda”, disse Caroline.

“A Abramed tem atuado fortemente sobre esses temas juntamente a outras entidades do setor de saúde, envolvendo os seus comitês nos debates e nas ações necessárias”, complementou Milva.

Já o Comitê de Proteção de Dados tem importante interação com outros comitês, como RH, ESG e GEC, no que se refere a ética digital. Entre os pontos de discussão estão a proteção dos dados pessoais dos pacientes, o compartilhamento desses dados e a transparência na comunicação online. É importante que sejam desenvolvidas regras para prescrição eletrônica, prontuário único eletrônico e inteligência artificial. 

“E ainda estamos lidando com o novo Regulamento de Dosimetria e Aplicação de Sanções Administrativas, publicado pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados, em fevereiro, que aplica penalidades elevadíssimas dentro de um setor extremamente sensível. Afinal, dependemos de pessoas, e a maioria das falhas são humanas”, expôs Rogéria Cruz (Einstein), líder desse comitê.

Os focos do Comitê de Anatomia Patológica são a patologia digital, que exige um Termo de Consentimento do paciente para compartilhar informações; a responsabilidade técnica dos laboratórios em ter um médico responsável para receber amostras; e o transporte de material biológico, conforme explicou Cristovam Scapulatempo (Dasa), líder desse comitê.

Evolução dos comitês

Os Comitês da Abramed são grupos de trabalho compostos exclusivamente por associados. Cada Comitê tem uma liderança e um planejamento anual bem definido, atuando sob três eixos principais: benchmark/boas práticas, desenvolvimento de conteúdos e desenvolvimento de projetos aplicados.

“No ano passado, esses comitês foram reestruturados com base nesses eixos, seguindo um caminho de evolução constante. Agora, o objetivo é ir além e implantar ainda no primeiro semestre deste ano indicadores de desempenho para cada eixo. Isso permitirá uma melhor avaliação do trabalho realizado e também contribuirá para o aprimoramento contínuo das atividades desenvolvidas por eles”, finalizou Milva.

Inteligência artificial: o futuro da saúde passa pela medicina diagnóstica

A tecnologia tem potencial de revolucionar o tratamento de doenças crônicas, permitindo um monitoramento contínuo e personalizado; o papel do médico e a regulamentação são pontos de atenção

A medicina tem utilizado cada vez mais recursos tecnológicos para atingir seus objetivos: promoção de bem-estar, prevenção e aumentar as chances de cura de doenças. O setor diagnóstico desponta como uma das áreas que mais têm se beneficiado com a nova realidade. Ferramentas como inteligência artificial (IA) são capazes de, por meio de algoritmos programados, fazer uma varredura rápida e assertiva sobre os melhores exames a serem ofertados em determinadas situações e ler com precisão os resultados. As ferramentas de comunicação remotas também são utilizadas para promover acesso à saúde.

Embasando 70% das decisões médicas, os exames diagnósticos são indispensáveis para a garantia da saúde global e cumprem papel fundamental nas ações de prevenção e detecção precoce de doenças. Para Ademar Paes Junior, médico radiologista, membro do Conselho de Administração da Abramed, presidente da Associação Catarinense de Medicina e sócio da Clínica Imagem e CEO LifesHub Inteligência em Saúde, o destaque vai para o uso da IA na patologia. “Sistemas como o Paige.AI identificam padrões em amostras de tecido que podem ser indicativos de câncer ou outras doenças”, declara.

Segundo o médico, sensores, wearables e implantes podem monitorar a saúde do paciente em tempo real e fornecer dados valiosos para médicos e pesquisadores e têm o potencial de revolucionar o tratamento de doenças crônicas como diabetes e doenças cardíacas, permitindo um monitoramento personalizado. Predisposição a doenças hereditárias também podem ser identificadas e prevenidas por meio de IA.

Paes Junior ainda traz outra inovação para o debate. “O projeto do Google DeepMind desenvolveu uma IA capaz de diagnosticar doenças oculares com precisão similar a especialistas humanos”, comenta.

No caso de exames por imagem, como ressonância magnética, tomografia computadorizada e radiografias, os benefícios das novas tecnologias também são múltiplos. “O resultado dessa digitalização vai do auxílio para diagnóstico aos médicos radiologistas e patologistas até a seleção da melhor conduta clínica”, explica Gustavo Meirelles, médico radiologista e líder do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed. Atualmente, uma imagem já pode ser lida por um software que consegue detectar padrões e ajuda o médico em diagnósticos.

 “Esses avanços estão em implantação principalmente nos grandes centros, com uma tendência de acontecer em seguida em clínicas menores”, avalia Meirelles. A aplicação de tecnologia nos serviços garante, ainda, o acompanhamento da jornada do paciente, por meio de interoperabilidade de dados que, inclusive, mostra situações de saúde para tomada de decisão e aplicação de novas políticas.

Entendendo que alguns recursos ainda são pouco acessíveis financeiramente, Paes Junior avalia que “à medida que a adoção dessas tecnologias aumenta e os custos associados caem, elas se tornam mais acessíveis para hospitais, clínicas e outros estabelecimentos públicos”. Segundo ele, os governos se beneficiam do uso da IA na medicina diagnóstica, pois tende a diminuir a demanda por tratamentos caros e prolongados, o que pode aliviar a pressão sobre os sistemas.

Meirelles também acredita que o SUS deverá ter mais acesso a tecnologias de última geração: “Novos auxílios levarão a IA para o setor público; não há inovação realmente transformadora e disruptiva que não passe pelo auxílio à esfera pública de saúde”. Ele comenta, ainda, que os chatbots poderão ser provedores de grandes mudanças no atendimento. Esses dispositivos simulam conversas e podem melhorar o acesso à saúde, além de promover agilidade na interação com o paciente.

Ele ainda exalta, no mesmo contexto, a telessaúde, que tem se tornado cada vez mais popular. “Essa combinação de IA e telemedicina tem o potencial de levar o atendimento médico a áreas remotas e melhorar o acesso aos cuidados de saúde para pessoas em todo o mundo”, comenta. A telessaúde foi muito usada durante a pandemia e ganhou espaço na oferta de saúde, assim como o uso de tecnologias modernas, que aceleram a tomada de decisão, como em momentos de crise sanitária. Porém, o acesso universal depende da oferta de internet de qualidade, inclusive para acessar prontuários remotamente.

O líder do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed defende que a IA trabalhe como aliada do médico, permitindo maior precisão diagnóstica “e evitando que o profissional perca tempo com tarefas repetitivas que podem ser automatizadas, oferecendo mais espaço para a interação com os pacientes”. Nesse sentido, diferentemente do que se pode imaginar, a IA proporciona mais possibilidades de humanização e menos burocracia para o profissional.

Segundo informações da AllScripts divulgadas pela Health IT & CIO Report, disponibilizadas pelo radiologista, os profissionais de saúde passam metade de seus dias inserindo dados em prontuários eletrônicos e conduzindo trabalhos administrativos, reduzindo o contato com os pacientes a apenas 27% de sua rotina diária. “Além disso, as atividades exaustivas provocadas pela fusão de trabalho administrativo e médico influenciam no absenteísmo por burnout”, afirma.

Ele ainda destaca outro ponto de atenção: a apreensão dos profissionais quanto aos seus empregos. “Os médicos não precisam se preocupar quanto à manutenção de suas funções nas clínicas e nos hospitais, uma vez que as tecnologias devem passar pelo crivo de um profissional, sendo elas uma forma de leitura ou revisão para aprimorar o trabalho humano e não extingui-lo.” Mas ele pondera que serão necessários investimentos para capacitar a prestação de serviços de saúde pública e privada. “Houve um medo muito grande no início, mas a IA está sendo bem aceita, inclusive pela população.”

IA sob ameaça

Em março deste ano, diversas autoridades internacionais no setor de tecnologia, entre outras personalidades, emitiram carta aberta ao mundo alertando sobre o uso da IA. Segundo o documento, é preciso regular e democratizar a tecnologia para evitar danos como a disseminação de informações equivocadas e o mau uso dos dados coletados. “Estamos em momento de regulamentação, discutindo isso neste momento”, afirma Meirelles.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) já falava sobre a temática em 2021. Segundo o relatório Ethics and governance of artificial intelligence for health (Ética e governança da inteligência artificial para a saúde, em tradução livre) da entidade vinculada à Organização das Nações Unidas (ONU), é preciso garantir alguns princípios para a regulamentação e governança da IA: proteger a autonomia humana; promover o bem-estar, a segurança e o interesse público; garantir transparência, explicabilidade e inteligibilidade; promover responsabilidade e prestação de contas; garantir inclusão e equidade e promover inteligência artificial que seja responsiva e sustentável.

No Brasil, a Lei Geral de Proteção de Dados é usada para garantir a proteção de dados do paciente e a tranquilidade para a exposição de seus diagnósticos. O Projeto de Lei 21/20 cria o marco legal do desenvolvimento e uso da IA pelo poder público, por empresas, entidades diversas e pessoas físicas. O texto, em tramitação na Câmara dos Deputados, estabelece princípios, direitos, deveres e instrumentos de governança para a IA a fim de que se garantam os direitos humanos e os valores democráticos.

Na Abramed, os comitês discutem todas as questões que envolvem a proteção do paciente e as difundem entre seus associados. Resguardados esses princípios, as tecnologias tendem a se consolidar, como está acontecendo na saúde, uma vez que proporcionam benefícios múltiplos.

FILIS 2023 discute a importância da integração para o futuro da saúde no Brasil

A 7ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde acontecerá em 31 de agosto, no formato presencial, no Teatro B32, em São Paulo

A 7ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS) está confirmada para acontecer no dia 31 de agosto, no Teatro B32, em São Paulo, capital. Organizado pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), o evento tem como objetivo fomentar o debate e a troca de experiências sobre as melhores práticas e soluções inovadoras em gestão e tecnologia na área da saúde. Além disso, busca promover a interação entre líderes da área, oferecendo um ambiente propício para a geração de novas ideias e parcerias.

O FILIS conta com algumas novidades este ano. O fórum, que retoma seu formato 100% presencial, trará o “Momento Transformação”, com a apresentação de cases nacionais e internacionais sobre inovações na área da saúde. Além disso, o “Leaders Connection” será um período de parada na programação, direcionado ao relacionamento e troca entre os participantes do evento.

“A Abramed mantém seu compromisso na realização de um evento que é uma referência para o setor da saúde, com um programa diferenciado e que trará novidades nesta sétima edição”, diz Milva Pagano, diretora executiva da entidade.

O macrotema deste ano, que permeará toda a programação, é “Saúde Integrada: um caminho para o futuro”, destacando a importância da integração como principal direção para a melhoria da qualidade dos cuidados de saúde, aumento de eficiência e redução dos custos, colaborando, especialmente, para a jornada do paciente e a sustentabilidade de todo o ecossistema de saúde.

O primeiro debate sobre “Valor da Medicina Diagnóstica para Integração da Saúde”, abordará a integração das especialidades da medicina diagnóstica, o que traz eficiência e ganhos para o setor. Quando as diferentes especialidades trabalham em conjunto, é possível oferecer um diagnóstico mais preciso e completo, evitando a realização de exames desnecessários e reduzindo os custos do sistema de saúde. A integração também permite um melhor gerenciamento de recursos, otimizando o tempo dos profissionais e o uso de equipamentos.

O segundo debate tratará de “Avanços e efetividade para a Gestão da Saúde”, destacando coordenação do cuidado; transformação do comportamento do paciente; predição e analytics para gestão do cuidado; e cases práticos, mostrando a realidade dos mecanismos que já são utilizados. “A gestão da saúde se tornou um desafio cada vez maior, exigindo novas abordagens e tecnologias para garantir a efetividade do cuidado ao paciente. Então, este debate é uma forma de mostrar como as soluções estão funcionando na prática. Esses exemplos podem inspirar outras instituições a adotar soluções semelhantes e aprimorar os próprios sistemas”, ressalta Milva Pagano.

O terceiro e último debate traz o tema “Novas tecnologias e seus impactos na Saúde: O que esperar do futuro?”. A discussão incluirá o impacto da inovação no dia a dia da saúde; as melhorias na prática médica; e a visão de futuro.

A programação conta ainda com palestras internacionais que trarão apresentações relacionadas aos temas debatidos durante o dia.  

“Com o evento, a Abramed coloca em pauta assuntos pertinentes a toda a cadeia de saúde, além de ser uma importante plataforma de conexão entre os profissionais e as empresas do setor”, finaliza a diretora-executiva da entidade.

Para mais informações e inscrições acesse www.abramed.org.br/filis 

Acompanhe também as redes sociais da Abramed (@abramedoficial).

Número de exames de Covid-19 realizados por laboratório privados cresce 39,26%, segundo Abramed

Já a positividade pode ser considerada estável, comparando as duas últimas semanas

Na semana de 25 de fevereiro a 3 de março, houve um aumento significativo no número de exames de Covid-19 realizados pelas empresas representadas pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). Foram 31.894 exames contra 22.902 realizados na semana de 18 a 24 de fevereiro, um aumento de 39,26%. Já a positividade pode ser considerada estável: foi de 21,3% para 22,1% em uma semana, um aumento de apenas 0,8 ponto percentual. 

Esse padrão já se repetiu outras vezes. Desde o final de janeiro até março, o número de exames de covid-19 realizados vem aumentando gradativamente, juntamente com a taxa de positividade, mesmo que levemente. Nas últimas seis semanas (21 de janeiro a 3 de março), o total de exames chegou a 126.885, com média de positividade no período de 18,3%.

A Abramed reitera a importância de seguir as medidas preventivas recomendadas pelas autoridades de saúde e se compromete a fornecer dados que ajudem a entender o desenvolvimento da doença. Suas associadas representam 60% do volume de exames realizados na Saúde Suplementar. 

Positividade de Covid-19 cresce 4,9 pontos percentuais na semana do Carnaval

O número de exames realizados cresceu 7,76% em relação à semana anterior, de 11 a 17 de fevereiro

De 18 a 24 de fevereiro, semana de Carnaval, o número de exames de Covid-19 realizados pelos associados à Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica) chegou a 22.902, um aumento de 7.76% em relação à semana anterior, de 11 a 17 de fevereiro, quando foram realizados 21.251 exames. Já a positividade foi de 17,2% para 22,1%, no período em comparação, o que significa um crescimento de 4,9 pontos percentuais.

“Os dados demonstram que o coronavírus continua circulando, como já era esperado. Os eventos que geram aglomeração de pessoas, como o carnaval, contribuem para haver tanto  aumento na testagem, devido a diferentes sintomas, quanto crescimento da positividade, por aqueles que já têm a infecção”, declara Alex Galoro, líder do Comitê de Análises Clínicas da Abramed, cujos associados realizam cerca de 60% de todos os testes da saúde suplementar no país. 

Desde a semana de 21 a 27 de janeiro, tanto o número de exames realizados quanto de positividade foi ligeiramente crescendo. Nas últimas seis semanas, o maior volume tanto de exames quanto de positividade foi registrado justamente na semana do carnaval. De 14 de janeiro a 24 de fevereiro (seis semanas), o total de exames de Covid-19 realizados foi de 110.981, enquanto a média de positividade foi de 16,6%. 

“Reforçamos que a pandemia ainda não acabou e que todos devem continuar a tomar as precauções necessárias, como manter o distanciamento físico e usar máscaras, além de seguir as recomendações da ANVISA, para podermos manter a circulação do coronavírus sob controle”, finaliza Galoro.

Painel Abramed 2022 – O DNA do Diagnóstico trará comparativos entre sistemas de saúde de diferentes países e boas práticas de ESG

O documento passou a ser lançado no início do ano, para que as informações do ano anterior sejam fechadas e comparáveis

O Painel Abramed 2022 – O DNA do Diagnóstico, uma publicação da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), será lançado ainda no primeiro trimestre de 2023 e traz diversas novidades, reforçando sua relevância no mercado de saúde ao apresentar o panorama do setor de medicina diagnóstica no Brasil com responsabilidade, transparência e abrangência.

Lançado em 2018, o Painel tem um processo de concepção estruturado e, nesta edição, traz mudanças no formato de elaboração e lançamento, sendo o material divulgado para o mercado no início do ano, para que as informações de um ano inteiro sejam fechadas e comparáveis. Além disso, serão inseridas atualizações de dados de outros anos. “Essa primeira mudança permite contrastar dois anos cheios, 2021 e 2022, ficando mais fácil e atraente para os leitores”, explica Bruno Santos, coordenador de Inteligência de Mercado da Abramed.

Outra novidade é a construção de uma seção que compara o sistema de saúde do Brasil com o de outros países. Foram escolhidos cerca de 10 ou 12 nações para se fazer uma descrição detalhada de como funciona o sistema de saúde de cada um. Muitos pensam que nos Estados Unidos, por exemplo, não há sistema de proteção pública, mas, na verdade, cerca de 60% dos americanos dependem do sistema financiado pelo governo.

“A ideia é trazer essas informações para as pessoas entenderem como a situação no Brasil se compara à de outros países, especialmente no que diz respeito à produção assistencial e aos exames de imagem. A quantidade de exames de imagem feitos no Brasil é muito diferente da quantidade dos Estados Unidos, da Alemanha e da China? Qual é o resultado disso? Queremos mostrar como esses sistemas diferem e quais são os resultados disso”, explica Santos.

Para Ademar Paes Junior, membro do Conselho de Administração da Abramed, o material é uma rica fonte de pesquisa, conhecimento e informação. Ele destaca, justamente, a revisão dos sistemas de saúde, comparando o Brasil e o mundo.

“Isso é extremamente importante para entendermos que existe uma grande complexidade, não só no Brasil, mas também em outros países em relação ao funcionamento dos sistemas de saúde, para equilibrar os orçamentos públicos e privados”, explica. Assim como no Brasil, há na Inglaterra um sistema universal, mas na maioria existem sistemas complementares, com graus variados de participação da iniciativa privada e do governo, assim como diferentes modelos de orçamento e financiamento.

Em relação a essas comparações, Santos acrescenta que o modelo em si não embute grandes diferenças assistenciais, são outras condicionantes que impactam a saúde. “Os americanos têm um estilo de vida totalmente diferente do inglês, mostrando, então, que o comportamento importa muito mais do que o modelo de saúde”, expõe.

O Painel fornecerá um panorama para que as empresas do setor de medicina diagnóstica possam conhecer esses sistemas e se inspirar para desenvolver novos modelos usando a criatividade. “A inovação e a criatividade serão fundamentais para superar o momento de dificuldade que o sistema de saúde vive atualmente no Brasil, tanto em termos de financiamento, quanto de relacionamento de confiança entre as partes envolvidas”, complementa Paes Junior. Segundo ele, as negociações ficam direcionadas, basicamente, a reajustes, sendo que é necessário propor novos modelos: o grande desafio para o setor.

Panorama geral

O mais importante referente à edição 2022 do Painel são os dados setoriais, pois as associadas realizam aproximadamente 70% dos exames de medicina diagnóstica do setor privado brasileiro. Vale lembrar que a Abramed inclui empresas de todos os portes, as quais atuam com laboratórios clínicos, serviços de patologia, serviços de análise de líquor, radiologia e diagnóstico por imagem.

O panorama de dados setoriais permite definir parâmetros de comparação entre medicina diagnóstica privada e pública. “Inclusive, há uma grande oportunidade nesse ponto para o setor privado contribuir para a melhoria do Sistema Único de Saúde (SUS), eventualmente até pensando em parcerias público-privadas, levando o que é feito na medicina diagnóstica privada para o SUS”, acrescenta Paes Junior.

De acordo com ele, é crucial trabalhar para que as empresas brasileiras tenham um setor de medicina diagnóstica saudável, a fim de prosperar e oferecer aos usuários brasileiros o que há de melhor no mundo. Mas, isso só será possível, se houver um ambiente adequado e equilibrado, que é justamente uma das missões da Abramed.

“O nosso papel é criar um espaço saudável para que essas companhias possam se desenvolver e garantir que os pacientes em todo o país, estejam eles em São Paulo, Florianópolis, Recife, Belém ou Brasília, tenham a segurança de que estão recebendo atendimento semelhante ao que encontrariam nas melhores clínicas e hospitais do mundo, como Berlim, Nova York, Paris ou Tóquio”, expõe Paes Junior.

Para facilitar a coleta e manter os dados atualizados constantemente, a Abramed vem construindo sistemas de pesquisa e coleta de dados automatizados, organizados em dashboards, utilizando inteligência artificial do tipo NLP (Natural Language Processing), além de dashboards inteligentes.

Sustentabilidade

Outra novidade nesta edição é o capítulo dedicado ao tema ESG – Governança ambiental, social e corporativa (do inglês Environmental, social, and corporate Governance), com ações adotadas pelas associadas e indicadores que possam guiar todo o setor a seguir essas práticas fundamentais com foco em meio ambiente, social e governança. “Assim, continuamos a melhorar cada vez mais nosso setor, a exemplo de outros que já têm avançado no tema”, acrescenta Paes Junior.

A inclusão desse capítulo no Painel mostra que o setor está preocupado com essas questões e demonstra para as empresas associadas e para o mercado como um todo que é importante medir e implementar essas medidas. Além disso, a inclusão também serve como uma forma de divulgar o que já está sendo feito no setor e mostrar o que ainda precisa ser feito.

“O Painel Abramed é uma ferramenta essencial para o setor de saúde como um todo, pois permite que as empresas se inspirem em líderes do setor, identifiquem seu posicionamento atual no mercado, verifiquem se suas estratégias de produtos e serviços estão alinhadas às tendências do segmento e planejem seu futuro com base em tendências emergentes”, finaliza Paes Junior.