Conectando informações em Saúde: avanços e desafios na integração de dados

Por Fabiano Gomes Estellita*

Na medicina diagnóstica, a integração de dados entre sistemas é como um quebra-cabeça complexo: peças de informação valiosas espalhadas, com alta sensibilidade e sem um padrão para uni-las. Imagine os desafios: garantir a segurança de dados de saúde, como rege a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), e encontrar um modelo que atenda às necessidades de segurança, integridade e praticidade.

É como se cada organização tivesse seu próprio idioma, dificultando a comunicação e o compartilhamento de conhecimentos que podem salvar vidas. Sem um padrão claro de codificação, é preciso decidir qual modelo usar. A criação de novos formatos só complica ainda mais o processo de decisão, para quem tem à frente o desafio de fazer integrações cada vez mais complexas.

A saída para responder a estes anseios tem sido o foco de ação de empresas desenvolvedoras de softwares, entidades de representação, como a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), e outros agentes participantes deste complexo cenário. Em geral, são adotados modelos já criados pelos fornecedores de software com adequações específicas para atender alguma demanda. No entanto, cada integração é quase um novo modelo ou a versão adaptada de um já existente

Essa diversidade de formatos e codificações contribui para gerar ineficiência no setor, além de retrabalho e uma demora excessiva em viabilizar ações. Muitas vezes nos deparamos com mudanças que levam meses, desde a identificação de uma necessidade de integração, passando pela definição do formato e conciliação de códigos e validação. Ter a tecnologia como um fator que gera atrasos é um dilema antagônico, afinal, ela deve ser um catalizador para otimização de processos.

Nesse ponto, a Inteligência Artificial (IA) e a Internet das Coisas (IoT) estão revolucionando a troca, o tratamento e a análise de dados em saúde. A IoT facilita integrações entre sistemas, enquanto a IA identifica padrões, anomalias e sugere melhorias na gestão de informações, de forma rápida. Ainda estamos vivendo um momento de entendimento de até onde estas tecnologias podem nos levar, mas sem dúvidas há uma quebra de paradigmas e possibilidades a nossa frente.

Entre os fatores críticos relacionados à integração estão a segurança e a privacidade dos dados. Para lidar com isso, os protocolos de comunicação devem incluir camadas de proteção para garantir que apenas emissor e receptor interpretem os dados. Outros pontos importantes são integrar apenas informações necessárias e garantir que os proprietários estejam cientes do uso e acesso aos seus dados. Ao alimentar bases de conhecimento públicas, é fundamental proteger a identidade e os dados sensíveis dos indivíduos, tornando as informações úteis para pesquisas sem comprometer a privacidade.

De fato, a pandemia de 2020 destacou a importância de informações unificadas e padronizadas para respostas mais eficientes no sistema de saúde. Com a diversidade de empresas envolvidas na geração e compartilhamento de dados, a troca de dados é essencial para um sistema de saúde democrático e acessível, reduzindo custos e possibilitando o acesso a procedimentos modernos e eficazes.

Padrões de codificação como o LOINC (Padrão Universal para identificação procedimentos médicos) e o HL7 (conjunto de normas internacionais para a transferência de dados clínicos entre sistemas de informação em saúde), que já são usados em grande escala fora do Brasil, são caminhos promissores na direção da padronização e do ganho de eficiência. 

Vale ressaltar que a troca de informações de saúde garante que as operações tenham escala para suportar o grande volume de demandas por diagnósticos ágeis e confiáveis, além de ampliar o acesso a procedimentos complexos e diferenciados, possibilitados pela integração entre organizações. Além disso, o compartilhamento de dados entre as empresas viabiliza ações de negócios entre elas e ajuda a construir bases de conhecimento que possam servir como fonte de dados para orientar políticas de saúde públicas.

No Comitê de Interoperabilidade da Abramed, trabalhamos para democratizar o entendimento sobre interoperabilidade, tornando-o acessível a todos, não restrito a fóruns mais técnicos. Com uma equipe multidisciplinar, incluindo profissionais de diversas áreas e de relevantes empresas da medicina diagnóstica, buscamos promover uma visão ampla e integrada.

Também colaboramos com órgãos governamentais e outras associações para incentivar a adoção de padrões de comunicação e codificação, impulsionando a padronização e a simplificação das trocas de informações no setor. Estamos comprometidos em facilitar a colaboração e garantir um futuro mais conectado e sustentável para toda a cadeia da saúde.

* Fabiano Gomes Estellita, gerente de Tecnologia da Analiza e Membro do Comitê de Interoperabilidade da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). Formado em Matemática com especialização em Governança de Tecnologia de Informação (SENAC-RJ) e MBA em Liderança, Gestão de Equipes e Produtividade (PUCRS), atua há 30 anos com tecnologia em empresas de medicina diagnóstica.

28/05/2024

Summit Abramed na Hospitalar debate os desafios regulatórios da IA na saúde

Discussão também traz os desafios éticos e práticos, destacando a necessidade de regulamentação da IA

21 de maio de 2024 – O Summit da Abramed, realizado durante a Hospitalar 2024, abriu espaço para um importante debate: a regulamentação da Inteligência Artificial na saúde. O painel fez parte do evento que reuniu importantes nomes do setor para discutir soluções tecnológicas, sob o tema “Transformação Digital na Saúde: Como a Inteligência Artificial está moldando o futuro do cuidado”, no último dia 21 de maio, no São Paulo Expo.

O presidente do Conselho de Administração da Abramed, Cesar Nomura, deu as boas-vindas e iniciou a programação, que contou com duas palestras e dois debates para tratar dos impactos da Inteligência Artificial (IA) na saúde, além de aspectos regulatórios e éticos sobre o tema.

Ainda na abertura, Milva Pagano, diretora-executiva da entidade, apresentou institucionalmente a Abramed e mostrou a recém pesquisa lançada pela associação sobre o “Uso da Inteligência Artificial na Medicina Diagnóstica”, a publicação está disponível no site www.abramed.org.br.

Sob o tema “Os desafios regulatórios da Inteligência Artificial na saúde”, uma palestra introdutória com Guilherme Forma Klafke, líder de Projetos no Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação na FGV, abriu a segunda parte da programação. Para Klafke, a regulamentação é o elemento faltante em termos de diretrizes específicas e mostrou por que é necessário regulamentar: pela segurança jurídica; inclusão, eficácia e efetividade; responsabilidade, deveres de governança e fiscalização; realocação de responsabilidade; e deveres de conduta.

“Temos no Brasil uma proposta de regulamentação, o PL 2338, e nele foram associados todos os outros projetos. Existe uma Comissão temporária de IA, que começou em agosto de 2023, e a previsão é que em 18 de junho seja a votação desse PL”, resumiu.

Nesse ponto, o líder de projetos da FGV ressaltou alguns aspectos relevantes, como a categorização dos agentes segundo o risco. “Se a organização possui um sistema de IA que pode colocar em risco a vida ou a integridade das pessoas, ou se o sistema falhar na avaliação da gravidade do atendimento, é essencial ter uma supervisão rigorosa. A decisão final deve ser humana, ou um humano deve ser capaz de interromper o sistema, se necessário”, expôs.

Foi mostrado, ainda, como será a categorização do risco, que dependerá de regulamentação futura, baseada em critérios como: impacto negativo sobre direitos e liberdades; alto potencial de dano material, moral ou discriminatório; afetação de grupos vulneráveis, como crianças; e riscos de danos à saúde e à integridade física.

Logo após a palestra, Klafke integrou um debate moderado por Rogéria Leoni Cruz, líder do Comitê de Proteção de Dados da Abramed e Diretora Jurídica do Hospital Albert Einstein, com a participação de Marcelo Abreu, head de radiologia do Hospital Mãe de Deus, e de Fábio Cunha, membro do Grupo de Trabalho em Inteligência Artificial do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Rogéria começou com o questionamento: “Temos um Projeto de Lei e há muitas discussões sobre o tema, inclusive no CNJ, na Anahp e na Abramed. Como será o futuro da saúde a partir da evolução dessa tecnologia e de outras que irão surgir?”

“Com a observação dos movimentos regulatórios e do cenário internacional, onde se desenvolve uma corrida neopolítica em torno da regulação da IA, é necessário um controle e uma fiscalização mais rigorosos tanto da cadeia de saúde quanto do sistema de governança”, analisou Klafke.

Quanto ao papel da IA na radiologia e seus benefícios, Abreu destacou a intenção da indústria em sua rápida implementação. “Trabalho principalmente com ressonância e tomografia e estou preocupado com a direção que essa tecnologia inovadora está tomando, especialmente em relação à precisão. O diagnóstico clínico deve ser baseado em análise dos exames e dados, podendo ter interferências artificiais, desde que testadas adequadamente. A IA aumenta a eficiência e reduz os custos operacionais. Na área de imagem, é possível aprimorar a qualidade, mas como exatamente isso será feito? Precisamos avaliar os possíveis erros decorrentes disso. Embora traga benefícios e seja vista como uma promessa de revolução, questiono até que ponto uma solução específica pode ser utilizada”, ponderou.

Foi discutido, ainda, como equilibrar a necessidade de regulamentação na área da saúde, garantindo a segurança dos pacientes sem sufocar o progresso tecnológico. “Um ponto fundamental a ser considerado é que, em uma indústria como a da saúde, demonstrar segurança ao paciente fortalece a reputação e traz ganhos. A regulamentação se alinha à ideia de proporcionar segurança aos pacientes e estabilidade jurídica ao mercado”, afirmou Klafke.

Em relação aos desafios éticos relacionados à coleta e armazenamento de dados, bem como à garantia da privacidade e confidencialidade do paciente, levantados pela moderadora do debate, Abreu propôs: “Deveria existir um sistema que concedesse um selo, certificando que os dados estão sendo anonimizados. Essa validação, de acordo com os padrões de boas práticas na utilização de dados, nos traria uma maior segurança”.

E quanto às informações que já foram coletadas? “O PL não fornece uma documentação específica para os sistemas já desenvolvidos. É uma lacuna, e a transição ainda é carente. Será essencial realizar uma avaliação de impacto desses algoritmos, considerando o propósito e a função do sistema, a fim de fazer escolhas mais informadas”, observou Abreu.

No painel, Rogéria também enfatizou a importância do treinamento da comunidade médica para o uso da IA. “O Conselho Federal de Medicina já está debatendo como deve ser a regulamentação. Uma das principais preocupações é se essa tecnologia pode impactar a prática e a qualidade médica, e qual seria a responsabilidade do médico caso se oponha ao seu uso. Neste momento, o Conselho busca compreender esse avanço e aprender, sem impedir o progresso tecnológico por preocupações ainda não comprovadas”, explicou Cunha.

Por sua vez, Abreu ressaltou que o mercado enfrentou desafios significativos com o surgimento de tecnologias disruptivas e, com a chegada da IA, talvez a abordagem seja de “vamos regular isso adequadamente”, razão pela qual se adota a estratégia de implementar microrregulações. “O objetivo é evitar repetir o que aconteceu com as redes sociais, pois a ausência de regulamentação para proteger as crianças resultou em mudanças em toda uma geração”, explicou.

Respondendo à pergunta da plateia, o membro do Grupo de Trabalho em Inteligência Artificial do CNJ destacou a posição da indústria, dos fabricantes e inventores. “Poderíamos aproveitar esse momento e criar um mapa de benefícios em aplicações. Isso incluiria o acesso às populações carentes e a integração de dados, bem como a redução de custos no sistema de saúde brasileiro, utilizando as tecnologias disponíveis no setor privado. Há muitas oportunidades, por isso, precisamos discernir o que pode ser empregado efetivamente. No setor de saúde, nosso objetivo é alcançar o paciente antes mesmo da manifestação da doença”, concluiu.

Rogéria finalizou ressaltando que a discussão não se encerrava ali e expressando a expectativa pela implementação da regulamentação em breve, visando alcançar um equilíbrio entre deveres, riscos e responsabilidade civil.

O Summit Abramed na Hospitalar 2024 também promoveu um debate sobre os desafios e oportunidades para o uso da Inteligência Artificial na Saúde. Leia aqui.

Summit da Abramed na Hospitalar reafirmou o papel da inteligência artificial na transformação do setor de saúde

21 de maio de 2024 – A Hospitalar 2024 foi palco para o Summit Abramed, que reuniu importantes nomes do setor para discutir o macro tema “Transformação Digital na Saúde: Como a Inteligência Artificial está moldando o futuro do cuidado”.  O encontro foi realizado no dia 21 de maio, no São Paulo Expo. 

O presidente do Conselho de Administração da Abramed, Cesar Nomura, deu as boas-vindas e iniciou a programação, que contou com duas palestras e dois debates para tratar dos impactos da Inteligência Artificial (IA) na saúde, além de aspectos regulatórios e éticos sobre o tema. 

Ainda na abertura, Milva Pagano, diretora-executiva da entidade, apresentou institucionalmente a Abramed e mostrou a recém pesquisa lançada pela associação sobre o “Uso da Inteligência Artificial na Medicina Diagnóstica”, a publicação está disponível no site www.abramed.org.br.

Sobre o tema “Desafios e oportunidades para o uso da Inteligência Artificial na Saúde”, foi realizada uma palestra introdutória com a participação da diretora geral da Siemens Healthineers no Brasil, Adriana Costa, que iniciou sua apresentação expondo que, atualmente, metade da população global não tem acesso aos cuidados básicos de saúde.

Segundo ela, todos que atuam na área, independentemente do segmento, precisam lidar com desafios globais relevantes, que causam essa falta de acesso, como longevidade, crescimento demográfico da população e escassez de mão de obra especializada. “A Siemens está presente em mais de 70 países, com mais de 84 soluções alimentadas por Inteligência Artificial. Já usamos a IA em nossas tecnologias e soluções há algum tempo, mas é importante conectarmos aos avanços atuais da IA generativa e outros pontos fundamentais em termos de discussões futuras”, explicou.

Adriana ressaltou que a IA é uma grande ferramenta que possibilita resolver os problemas atuais em saúde, desde que o dados sejam interpretados corretamente. “Geramos muitas informações, mas o que fazemos com esses dados?”, comentou, afirmando que a IA generativa foi a adoção mais rápida de uma oferta digital na história da humanidade. Para ela, a IA generativa complementará as atuais soluções e poderá ajudar na padronização de protocolos e boas práticas no Brasil e mundialmente. 

Logo após, foi realizado o debate moderado por Ademar Paes Jr., sócio da Clínica Imagem e membro do Conselho de Administração da Abramed, além de Adriana Costa, da Siemens, e Carlos Pedrotti, gerente médico de Telemedicina no Hospital Israelita Albert Einstein e presidente do Conselho de Administração da Saúde Digital Brasil.

Para Paes Jr., a IA é extremamente importante nessa jornada atual, com o objetivo claro de melhorar o acesso e o desfecho para os pacientes, além de aperfeiçoar a eficiência do setor no âmbito da gestão. “Utilizamos a IA em diversas áreas, incluindo gestão de pessoas, operações, finanças, comercial e estratégica. Nosso objetivo é melhorar a eficiência empresarial e criar condições para implementar tecnologias que impactem positivamente a vida das pessoas”, ressaltou.

No painel, Adriana colocou que qualquer avanço na área de tecnologia precisa considerar o mercado atuante e o benefício tanto para o paciente quanto para a cadeia como um todo. “Precisamos entender o contexto onde estamos, seguir padrões globais e locais. O uso deve estar associado à realidade do mercado, ao acesso a essas tecnologias, pensando na cadeia de forma integrada”, afirmou.

A tendência no aumento da oferta de novas soluções e como elas devem ser consumidas também foram discutidas. “Essa é a pergunta de um bilhão de dólares. Antes de discutir quem vai liderar, é fundamental entender por que estamos fazendo isso e qual é o propósito do desenvolvimento dessa tecnologia. Nesse processo, já estamos bem avançados junto a diversas instituições. A colaboração e a integração determinarão a rapidez com que endereçaremos as soluções. Não haverá uma liderança única”, disse Adriana. 

Por sua vez, Pedrotti comentou como será essa integração para que se possa oferecer soluções de forma mais organizada e estruturada. “Nesse cenário, o importante não é só a inovação, mas também como transformar o sistema para ter viabilidade econômica. Hoje, a saúde digital é de grande representatividade. Existe uma cadeia de tecnologias das mais simples às mais complexas, em contato direto com o público em geral”, disse.

Segundo o gerente médico de Telemedicina no Hospital Albert Einstein, a IA será rapidamente incorporada quando provar ao usuário, ao médico que utiliza o sistema ou a outro profissional de saúde que ele se tornará mais eficiente usando a tecnologia, sem perda de tempo com tarefas repetitivas e burocráticas. “A eficiência pode vir em poucos toques, baseada nos protocolos mais atualizados, para que o próprio médico possa acessar rapidamente e acompanhar o paciente transversalmente”, explicou.

Para encerrar, uma pergunta da plateia mencionou a questão do tráfego de dados necessário para a tomada de decisões. Como fazer essas informações circularem entre instituições, em conformidade com a LGPD? “Embora ainda estejamos distantes da interoperabilidade, muitos outros países também enfrentam esse desafio. Esse é um dos pontos fundamentais para que o sistema de saúde avance com mais qualidade”, afirmou Pedrotti.

Já Adriana completou que poucos países têm tantos dados como o SUS. “Quanto mais os setores público e privado e as agências reguladoras trabalharem em conjunto, mais teremos essa articulação para trazer uma solução combinada de dados.”

Conforme destacou, a tecnologia é uma grande impulsionadora para garantir qualidade para todos em qualquer lugar. “Precisamos colocar o paciente no centro, e o negócio precisa ser rentável e justo para toda a cadeia. As pautas não são excludentes, mas combinadas, para ter um bom resultado para todos nós”, encerrou Adriana.

O Summit Abramed na Hospitalar 2024 também promoveu um debate sobre os desafios regulatórios da Inteligência Artificial na saúde. Leia aqui.

Quantidade de exames de dengue realizados na rede privada cai 3%, segundo Abramed

Passando de 69.166 para 67.365, a comparação é entre as semanas de 28/04 a 04/05 e 05/05 a 11/05

O número de exames de dengue realizados na rede privada caiu 3% na comparação entre as semanas de 28/04 a 04/05 e de 05/05 a 11/05, passando de 69.166 para 67.365. Em casos positivos, houve um pequeno aumento de 1%, passando de 22.735 para 22.895 no período. Os dados são da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), cujos associados representam cerca de 65% do volume total de exames realizados na saúde suplementar no Brasil.

Considerando os dados das últimas seis semanas, de 31/03 a 11/05, o total de exames realizados foi de 443.920, com uma taxa de positividade média ponderada de 32,8%, resultando em 145.734 casos positivos. Neste período, o pico foi na semana de 07/04 a 13/04, que registrou 80.554 exames e 26.730 casos positivos.  

Importante ressaltar que desde a semana de 14/04 a 20/04, a quantidade de exames de dengue realizados na rede privada vem reduzindo. Já a taxa de positividade variou entre 32% e 34%.

Esses dados ressaltam a importância da vigilância contínua e da implementação de medidas preventivas eficazes para combater a propagação da doença. Comprometida com a situação, a Abramed defende que os exames sejam feitos em laboratórios clínicos, que oferecem precisão, segurança, testes mais abrangentes e conformidade com padrões de qualidade, permitindo identificar casos mais graves de dengue. 

Vale lembrar que os laboratórios clínicos associados à Abramed enviam os resultados dos exames diretamente à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS/DATASUS), contribuindo para o monitoramento epidemiológico pelo Ministério da Saúde. Essas informações são essenciais para avaliar a situação da doença e orientar as medidas de saúde pública.

Casos de covid-19 na rede privada caem pela metade, segundo Abramed

De 05/05 a 11/05, foram realizados 8.509 exames, com 166 positivos: os números mais baixos das últimas seis semanas

Tanto a quantidade de exames de covid-19 quanto o número de positivos caíram mais de 50% na rede privada, na comparação entre a semana de 28/04 a 04/05 e a semana de 05/05 a 11/05. Os dados são da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), cujos associados representam cerca de 65% do volume total de exames realizados na saúde suplementar no Brasil.

Na semana de 28/04 a 04/05, foram realizados 18.468 exames com 345 casos positivos. Na semana seguinte, de 05/05 a 11/05, o número de exames caiu drasticamente para 8.509, com 166 casos positivos, os números mais baixos das últimas seis semanas, de 31/03 a 11/05. Isso significa que houve uma redução de 54% no número de exames realizados e uma diminuição de 52% no número de casos positivos. 

No total das últimas seis semanas, de 31/03 a 11/05, foram realizados 106.888 exames com uma taxa de positividade média ponderada de 2,7%, resultando em 2.908 casos positivos.

Prezando pela precisão e qualidade dos resultados, a Abramed defende que os exames sejam feitos em laboratórios clínicos. Vale lembrar que os associados enviam os resultados dos exames diretamente à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS/DATASUS), contribuindo para o monitoramento epidemiológico pelo Ministério da Saúde. Essas informações são essenciais para avaliar a situação da doença e orientar as medidas de saúde pública.

FILIS 2024 – Integrando a cadeia de valor: Desafios e soluções para melhoria do cuidado em saúde

Tema será discutido na oitava edição do evento, que acontecerá em 29 de agosto, no Teatro B32, em São Paulo

24 de maio de 2024 – Para atuar no complexo cenário da saúde, é preciso dedicar esforços em dois importantes pilares, já reconhecidos e debatidos. Um deles é a gestão dos serviços, que envolve as áreas de estratégia, pessoas, marketing, vendas e operações financeiras. O segundo é a inovação, que abre novos caminhos para resolver antigos problemas e está intrinsecamente ligada à gestão.

“A novidade é a incorporação de um terceiro pilar: a integração dos elementos da cadeia de valor. Se exercer a excelência em gestão e estar atualizado com as últimas inovações sempre foram obrigatórios para um sistema sustentável, agora precisamos reconhecer a importância de criar e implementar soluções inovadoras em conjunto, de forma eficaz”, explica Ademar Paes Junior, membro do Conselho de Administração da Abramed e moderador do debate “Integrando a cadeia de valor: Desafios e soluções para melhoria do cuidado em saúde”, programado para a 8ª edição do FILIS – Fórum Internacional de Lideranças da Saúde.

Fazem parte da cadeia de valor: as empresas que contratam planos de saúde e oferecem esses benefícios aos seus funcionários; os intermediários financeiros, como seguradoras, operadoras de planos de saúde e cooperativas médicas; os prestadores de serviços de saúde, como hospitais, clínicas, consultórios médicos e profissionais de saúde autônomos; e demais fornecedores, como indústria farmacêutica, fabricantes de equipamentos médicos, serviços de manutenção e logística, startups, entre outros.

“Essas empresas frequentemente tentam resolver problemas sozinhos, o que resulta em barreiras e burocracias”, observa Paes Junior. A integração vem, justamente, para auxiliar em duas questões críticas quando se fala em sistema de saúde. A primeira é aprimorar a experiência do paciente, ou seja, reduzir o tempo de jornada e melhorar o desfecho, afinal, medicina não é só acesso. A segunda questão é otimizar os recursos financeiros, quer dizer, sempre fazer mais com menos.

Para fazer essa integração na prática, Paes Junior cita alguns exemplos. Uma startup pode unir forças com uma empresa e uma seguradora para reduzir a sinistralidade. Um plano de saúde e um prestador de serviços podem aprimorar a eficiência do atendimento e diminuir o deslocamento desnecessário dos pacientes, o que resultaria em uma maior eficiência e, consequentemente, em menores custos.

Além disso, um fornecedor pode melhorar a experiência do paciente em uma instalação médica, agregando valor em uma negociação com um plano de saúde. E, ainda, projetos colaborativos entre empresas, seguradoras e prestadores podem garantir a eficiência no atendimento de grupos específicos, como pacientes crônicos, de alto custo ou idosos com fragilidades.

“Isso já vem ocorrendo, mas de forma bastante limitada. Temos visto alguns modelos de planos de saúde estabelecendo parcerias diretas com hospitais e tanto hospitais quanto laboratórios fornecendo serviços diretamente para empresas. Há, portanto, diversas possibilidades”, acrescenta.

Segundo Paes Junior, a integração depende de criatividade e confiança entre os elementos da cadeia. Para ganhar essa confiança, são necessários três elementos-chave: comunicação assertiva, disponibilidade de dados e criação de uma agenda de trabalho. “Quando demonstramos uma abordagem ética, respeitosa e centrada no paciente, a confiança é construída de forma natural”, expõe.

Espaço para discussão

O FILIS, organizado pela Abramed – Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica, surgiu, justamente, como um ponto de encontro para iniciar a discussão sobre integração, já que seu objetivo é reunir lideranças de diversos setores da cadeia de saúde.

Especialmente agora, de acordo com Paes Junior, o setor vem encarando alguns desafios, como a dificuldade das empresas em lidar com os aumentos propostos pelos planos de saúde, os altos custos enfrentados pela cadeia de fornecedores e prestadores de serviços, bem como as dificuldades da rede prestadora em repassar esses custos aos intermediadores financeiros e planos de saúde.

“Nosso propósito é apresentar sugestões inovadoras que possam ser assumidas como compromissos após o FILIS, com o intuito de informar a comunidade da Abramed sobre os avanços que esse debate pode trazer para o setor”, acrescenta Paes Junior.

A Abramed também inova ao trazer para o evento representantes da indústria e das empresas que contratam planos de saúde. “Elas são o ponto inicial no financiamento do setor suplementar, e sua participação na discussão é considerada essencial pela entidade. Em algumas situações, as empresas enxergam o plano de saúde como uma ameaça devido aos custos crescentes, porém, o desenvolvimento econômico é crucial para que elas possam consumir serviços de saúde privados e contribuir financeiramente para o sistema de saúde público de qualidade”, ressalta.

Paes Junior destaca, ainda, que o FILIS tem se estabelecido como um evento de referência altamente conceituado entre os tomadores de decisão. “Durante sua realização, não temos apenas a oportunidade de compartilhar informações e dados relevantes do setor de medicina diagnóstica, mas também de utilizá-los como base para enriquecer nossas discussões. Além disso, a presença das lideranças oferece um momento propício para estabelecer uma agenda de trabalho, aproveitando as conexões estabelecidas ao longo do encontro”, finaliza.

Serviço

8ª edição do FILIS – Fórum Internacional de Lideranças da Saúde

Macrotema: “Saúde Inovadora: Oportunidades para um setor sustentável”

Quando: 29 de agosto de 2024

Horário: Das 9h00 às 18h00

Onde: Teatro B32, São Paulo

Inscrições em: www.abramed.org.br/filis

As vagas são limitadas!

Abramed participa da JPR 24, abordando o papel do radiologista na saúde do futuro

Além do estande institucional, a entidade promoveu um debate incluindo lideranças da indústria, academia e sociedade médica

16 de maio de 2024 – Com o objetivo de fomentar o diálogo e ressaltar sua contribuição para o desenvolvimento da medicina diagnóstica, a Abramed esteve na 54ª Jornada Paulista de Radiologia (JPR), realizada em São Paulo, de 2 a 5 de maio. No primeiro dia do evento, promoveu o Painel que discutiu “O Papel do Radiologista na Saúde do Futuro”, além de receber associados e parceiros em seu estande institucional, durante os quatro dias de JPR.

Na abertura, Cesar Nomura, presidente do Conselho de Administração da Abramed, iniciou ressaltando a parceria de longa data entre a associação, a SPR e o CBR – respectivamente, Sociedade Paulista e Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem. “Trabalhamos em diversas frentes, não apenas em defesa profissional, mas também em advocacy, buscando a melhoria contínua do setor, em estreita relação com entidades governamentais, como ANVISA e ANS”, declarou.

Na sequência, Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, reafirmou que as conquistas do setor só são possíveis por meio de uma atuação conjunta, especialmente em um setor tão regulado e fragmentado como o da saúde. “Por isso, as entidades precisam dar exemplo dessa integração para que seja possível gerar os resultados necessários aos beneficiários, que somos todos nós”, disse.

Com moderação de Marcos Queiroz, diretor de Medicina Diagnóstica no Albert Einstein e líder do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed, o painel contou com a participação de Cibele Carvalho, presidente do CBR; Marina Viana, diretora-executiva Brasil da GE HealthCare; e Felipe Kitamura, diretor médico na Bunkerhill Health.

“Diante de todas as transformações que estão acontecendo no sistema de saúde como um todo e na radiologia, debater o papel do radiologista no futuro é fundamental, considerando que, nos últimos anos, a procura pela especialidade diminuiu, principalmente devido ao desenvolvimento da Inteligência Artificial”, começou Queiroz.

Nesse ponto, Cibele mencionou um tema preocupante: o medo dos jovens colegas em relação à radiologia, que muitas vezes começa dentro das próprias faculdades de medicina. Ela relatou um episódio em que três acadêmicos a procuraram após uma palestra em um grande hospital, questionando sobre a profissão após ouvirem de professores que a IA ocuparia o lugar dos radiologistas.

“É triste ver jovens sendo desencorajados a seguir um caminho que pode ser gratificante e é essencial para a medicina. A IA é uma aliada, não uma ameaça, capaz de melhorar os processos e esclarecer dúvidas diagnósticas. Apesar dos avanços na tecnologia, ainda não houve estudos que demonstrem sua superioridade em relação à capacidade humana”, disse.

Segundo Marina, da GE HealthCare, a redução da disponibilidade de profissionais qualificados no mercado de trabalho gerou uma pressão nos radiologistas que já estão em atuação. “Antes, a cobrança era por precisão, agora, além disso, exige-se volumetria, ou seja, fazer muito mais. A IA veio para ajudar, tirando do profissional as atividades que não agregam valor ao diagnóstico”, disse.

Por exemplo, a GE desenvolveu uma ferramenta que melhora significativamente a produtividade e a qualidade das imagens, sendo o radiologista o responsável pela interpretação. “Essa é uma área em que a IA não pode substituir a expertise humana.”

Marina explicou que a indústria médica nunca desenvolve nada isoladamente, sempre conta com o feedback e a expertise dos profissionais da área médica. “Todas as soluções são concebidas com o objetivo de auxiliar na melhoria do diagnóstico e na tomada de decisões clínicas. O desafio crítico para os radiologistas é adaptar-se à IA e utilizá-la como uma ferramenta para aprimorar o cuidado ao paciente”, adicionou.

Para Kitamura, o conhecimento técnico sempre fez a diferença na prática médica. Agora, a máquina só está ampliando o acesso às informações. “Nosso papel como profissionais de saúde não é aprender a programar e desenvolver o algoritmo, mas precisamos entender muito bem como essas ferramentas funcionam. Aos poucos vamos nos atualizando e logo a IA estará no nosso dia a dia, ajudando a exercer uma atividade cada vez melhor”, expôs.

Sobre o alto investimento demandado para implantar soluções com tecnologia de ponta, Marina disse que essa barreira está sendo superada. Embora o custo inicial possa não ser baixo, os benefícios ao longo do tempo são substanciais, como redução de energia elétrica e de outros recursos, colaborando também para um ecossistema sustentável. No caso da falta de capital para o investimento inicial, é importante buscar novos modelos de negócios, com financiamento diferenciado e opção de locação.

Além disso, manter a tecnologia atualizada também é essencial para a sustentabilidade. “Hoje, os equipamentos são passíveis de atualização, o que representa economia para todo o sistema. A tecnologia precisa gerar redução de custos e aumentar a produtividade. De que adianta se ela não for acessível ao longo do tempo?”, expôs.

Voltando para a questão do mercado de trabalho e as chances de empregabilidade, Kitamura disse ser essencial desenvolver outras habilidades importantes. “Precisamos nos manter atualizados através de cursos e eventos em que são abordados temas emergentes, incluindo tecnologia e aspectos profissionais. Isso deve ser parte integrante do compromisso contínuo que sempre caracterizou a profissão médica”, disse.

Segundo ele, é crucial estudar áreas como marketing, finanças e gestão, mesmo que o profissional não esteja diretamente envolvido com elas. “Não é suficiente fazer o diagnóstico mais preciso a qualquer custo. Devemos considerar o valor e o tempo demandados, compreender os problemas e saber como resolvê-los. Não podemos simplesmente buscar onde encaixar a tecnologia, mas entender seu papel”, declarou.

Outro tópico debatido foi em relação ao Ato Médico. Queiroz comentou que outras profissões tentam invadi-lo e que a tendência é essa situação aumentar. Ele prevê que um dia vai chegar uma pressão para que um relatório feito por IA possa ser liberado sem a intervenção de um médico.

Para Cibele, o que mais incomoda não é tanto o fato de a IA eventualmente superar o diagnóstico humano, mas sim a questão mercadológica envolvida. “Quando falamos de telerradiologia, por exemplo, a definição remete à prática exercida à distância. No entanto, temos observado situações em que isso não se aplica, como hospitais que dispensam seu corpo clínico para aderir a serviços terceirizados de transmissão. A medicina está se tornando um negócio, e precisamos ter cautela com isso”, salientou.

De acordo com Cibele, nunca se discutiu tanto sobre qualidade na medicina e, paradoxalmente, nunca os radiologistas foram tão cobrados para entregar essa qualidade por um valor tão baixo. “O Ato Médico precisa ser cada vez mais defendido, a máquina não pode substituir o profissional, pois isso vai impactar a sustentabilidade do sistema”, declarou.

Para ela, o momento é desafiador. “Estamos testemunhando um aumento alarmante de faculdades que oferecem uma formação questionável. Recebemos denúncias de médicos sem a devida especialização, e é um desafio lidar com a evasão desses profissionais. Somos ameaçados o tempo todo no exercício de nossa profissão.”

Ao final do painel, Queiroz concluiu enfatizando novamente a relevância da parceria entre sociedades médicas, indústria e academia. “Somente dessa forma é possível praticar uma medicina de excelência. O futuro da medicina global depende da habilidade de trabalhar em conjunto com a Inteligência Artificial”, expôs.

Os impactos da RDC 786/2023 na assinatura eletrônica: como proceder?

A exigência da assinatura traz desafios operacionais e técnicos para o setor medicina diagnóstica e demanda atenção

10 de maio de 2024 – A Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) n° 786, promulgada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), representa um marco regulatório significativo no setor da saúde. Ao estabelecer diretrizes específicas para laboratórios clínicos, de anatomia patológica e outros serviços relacionados a exames de análises clínicas, essa norma visa aprimorar a qualidade e a segurança dos serviços prestados à população.

Um dos pontos abordados é a exigência de assinatura eletrônica avançada ou qualificada nos laudos de exames, que visa garantir a autenticidade, a integridade e a confiabilidade dos documentos emitidos. No entanto, a implementação eficaz dessa exigência apresenta desafios operacionais e técnicos para os profissionais e organizações do setor.

A fiscalização da assinatura eletrônica será realizada principalmente pelos órgãos de vigilância sanitária, podendo ser estaduais ou municipais. A ANVISA publica roteiros de inspeção para orientar essa atividade, incluindo um específico para serviços de laboratório clínico. Durante a fiscalização, será verificado se os laudos são assinados de forma legalmente válida, conforme definido na própria RDC 786, e se o estabelecimento possui instruções escritas para liberação de resultados, incluindo situações de rotina, plantões, urgências e emergências.

É esperado que, durante a fiscalização, seja exigida a comprovação de que a assinatura eletrônica atende aos requisitos legais para ser considerada avançada ou qualificada, embora seja pouco provável que os fiscais tenham conhecimento técnico em tecnologia da informação. Enquanto a assinatura eletrônica qualificada segue procedimentos específicos, como a obtenção de certificados digitais por meio de autoridades certificadoras, a assinatura eletrônica avançada oferece uma alternativa mais flexível, embora ainda deva atender a padrões de segurança estabelecidos.

A questão sobre quem pode assinar os laudos não está completamente esclarecida. O artigo 138 da norma exige a inclusão do nome e número de registro do Responsável Técnico (RT) no documento, mas não especifica se o profissional legalmente habilitado que assina o laudo do exame deve ser o mesmo RT ou outro profissional.

Inicialmente, pode-se interpretar que a assinatura do laudo deve ser feita pelo profissional que realizou o exame, uma vez que o RT é mencionado separadamente no artigo 138, sem indicação explícita de sua necessidade de assinatura. No entanto, devido à falta de clareza nesta questão, foi enviado um questionamento à ANVISA para esclarecer se o RT pode ou deve assinar todos os laudos ou se outros profissionais legalmente habilitados podem realizar essa tarefa.

Para evitar custos adicionais, as empresas podem desenvolver internamente ou em parceria com empresas de tecnologia soluções de assinatura eletrônica que atendam aos requisitos legais, em vez de recorrer a plataformas comerciais, como DocuSign e outras. 

Desafios e considerações operacionais 

A exigência da assinatura eletrônica avançada e qualificada, conforme estipulado na RDC ANVISA n° 786/2023, pode acarretar diversos impactos operacionais, especialmente devido às características dos laudos digitais, que são geralmente compostos por dados dispersos e compilados ao final.

Para implementar a assinatura qualificada, é necessário, inicialmente, definir a tecnologia e a plataforma a serem utilizadas, além de manter os dados atualizados de todos os profissionais de saúde envolvidos na emissão dos documentos. Além disso, a tecnologia empregada precisa ser revisada periodicamente para garantir a conformidade com os requisitos de autenticidade, integridade e disponibilidade.

No caso da assinatura qualificada, o impacto operacional é ainda maior, pois os profissionais devem manter ativos seus certificados digitais, geralmente médicos, e a instituição deve encontrar maneiras para que os demais, que não possuem esses certificados, possam assinar os documentos. Isso é crucial para a operacionalização, pois nem todos os conselhos de classe oferecem os certificados gratuitamente, e eles precisam ser renovados a cada dois anos em média.

Para os serviços de laboratórios clínicos, anatomia patológica e outros relacionados aos exames de análises clínicas, a RDC n° 786/2023 exige assinatura eletrônica avançada ou qualificada. No entanto, para os serviços que realizam exames de imagem, regulamentados pela RDC ANVISA n° 611/2022, não há especificações sobre as modalidades de assinatura eletrônica aceitas em laudos.

Embora haja essa lacuna na regulamentação específica para os exames de imagem, entende-se que prevalece o disposto na Lei nº 14.063/2020, que permite a utilização de assinatura eletrônica avançada ou qualificada em documentos assinados por profissionais de saúde. A exceção ocorre nos casos de receituário de medicamentos sujeitos a controle especial e atestados médicos, nos quais a assinatura deve ser qualificada.

Como a implementação da assinatura eletrônica requer um entendimento claro dos requisitos legais e dos desafios operacionais envolvidos, a Abramed desenvolveu a “Cartilha de Boas Práticas: Os impactos da RDC 786 na assinatura eletrônica”, focando nas equipes de Tecnologia de Informação dos associados. O material atua como um guia no desenvolvimento de soluções de assinaturas digitais com as equipes internas ou fornecedores externos e pode ser baixado gratuitamente no site da entidade.

A Abramed tem como missão promover a excelência e a segurança na prestação de serviços diagnósticos, visando sempre o bem-estar dos pacientes e a qualidade dos resultados oferecidos pelos laboratórios. “Nesse contexto, a definição de diretrizes claras e atualizadas sobre as modalidades de assinatura eletrônica é essencial para garantir a segurança jurídica, a integridade dos documentos médicos e a interoperabilidade dos sistemas de informação em saúde”, ressalta Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed.

Segundo ela, a entidade está comprometida em colaborar ativamente com as autoridades competentes e demais stakeholders do setor para contribuir com a construção de um marco regulatório adequado e eficaz, alinhado às necessidades e às melhores práticas do segmento de medicina diagnóstica no Brasil.

Abramed lança pesquisa sobre o uso de Inteligência Artificial na medicina diagnóstica

O propósito é fornecer insights para a tomada de decisão estratégica e ações de advocacy em defesa do setor

9 de maio de 2024 – A Inteligência Artificial (IA) tem se destacado como uma poderosa aliada na área da saúde, otimizando tanto procedimentos clínicos quanto administrativos e operacionais. Diversas empresas da área de medicina diagnóstica têm implementado soluções baseadas em IA para aprimorar seus serviços e oferecer um atendimento mais eficiente e personalizado aos pacientes.

Comprometida com o desenvolvimento e a regulamentação da Inteligência Artificial no Brasil, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) desenvolveu a pesquisa “O uso da IA na medicina diagnóstica brasileira”. Seu propósito é fornecer insights para a tomada de decisão estratégica e ações de advocacy em defesa do setor, especialmente com relação ao Projeto de Lei 2.338/2023, que regula o uso da IA no país e está em discussão no Congresso Nacional. A tramitação deste PL é de extrema importância à Abramed e seus associados.

A pesquisa utilizou uma abordagem qualitativa com um questionário estruturado, aplicado em 30 laboratórios privados, que representam 65% de todos os exames realizados na Saúde Suplementar no Brasil. Segundo o documento, o uso da IA impacta mensalmente um número significativo de pacientes, variando de 10 mil a 140 mil, dependendo do porte e capacidade dos laboratórios. 

Nos procedimentos clínicos, de acordo com percepção dos entrevistados, a IA permite a melhora da experiência do paciente, com a priorização de laudo por médicos radiologistas na suspeita de casos urgentes. Para os algoritmos de IA que atuam como triagem de casos de urgência, o que faz mais sentido é o algoritmo analisar o exame assim que ele é realizado, para ganhar tempo.

Entre os principais procedimentos clínicos beneficiados pelo uso de IA estão a Tomografia Computadorizada (TC) de Crânio para diagnóstico de Acidente Vascular Cerebral (AVC); a Ressonância Magnética para análise de volumetria cerebral, identificação de escore de cálcio em TC de tórax de rotina, quantificação de gordura abdominal e idade óssea; e o Raio-X de Tórax. Nestes casos, algoritmos de IA são empregados para analisar imagens médicas com precisão e rapidez, auxiliando os profissionais de saúde no diagnóstico precoce e na tomada de decisões mais assertivas.

Além disso, a aplicação de Processamento de Linguagem Natural (NLP) tem sido fundamental na interpretação de laudos médicos e prontuários, automatizando tarefas de leitura e identificação de informações relevantes. Essa tecnologia também é utilizada na gestão de agendamentos, filas e liberação de resultados de exames, proporcionando uma experiência mais fluida e eficiente tanto para os pacientes quanto para os profissionais de saúde.

No âmbito administrativo e operacional, a IA tem se mostrado igualmente imprescindível. A leitura automatizada de carteirinhas de planos de saúde facilita o processo de agendamento de exames, eliminando burocracias e reduzindo o tempo de espera dos pacientes. Além disso, a aplicação de NLP na leitura de prontuários médicos contribui para a melhoria da jornada do paciente, garantindo uma comunicação mais clara e eficaz entre os diversos profissionais envolvidos no seu tratamento.

A pesquisa revelou que a maioria das tecnologias de IA utilizadas é desenvolvida por terceiros (80%), enquanto apenas 20% são desenvolvidas internamente, geralmente por grandes laboratórios. Os fornecedores de IA são tanto nacionais quanto internacionais, com uma ligeira predominância de empresas multinacionais.

Apontamentos e contribuições

Segundo o documento, é necessária uma abordagem regulatória principiológica para o uso da IA na saúde, respeitando princípios como transparência, justiça, equidade e responsabilidade. É crucial o diálogo entre o setor da saúde e as agências regulatórias para estabelecer normativas que garantam a segurança e eficácia da IA.

Também é destacada a necessidade de regulamentação específica para garantir a qualidade e a segurança dos procedimentos assistenciais que utilizam IA, enquanto se defende a autonomia do profissional de saúde na tomada de decisão.

“As evidências apresentadas na pesquisa servem como contribuição, por exemplo, para que o PL 2338/2023 seja alterado profundamente, especialmente no que diz respeito ao enquadramento das aplicações de IA no setor da saúde como sendo de alto risco, independente dos dados que são utilizados e a sua área de atuação, já que existe uma vasta possibilidade de utilização no campo administrativo e operacional”, destaca Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed.

Por fim, existem as questões técnicas específicas do desenvolvimento do algoritmo relacionadas à qualidade da distribuição, composição e representatividade dos dados, assim como análise de bias, também chamado de viés, que se refere a uma tendência sistemática do modelo de IA para produzir resultados imprecisos, injustos ou incorretos devido a certos preconceitos ou desequilíbrios nos dados de treinamento. Nesse sentido, é preciso conectar as referências e trazer o olhar da ciência aplicada e da segurança do paciente na formatação final do uso dessas aplicações na medicina.

Acesse aqui a pesquisa completa “O uso da IA na medicina diagnóstica brasileira”.