Professor Dimas Covas é o homenageado da 4ª edição do Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld

Criado pela Abramed como um reconhecimento aos profissionais que fomentam o desenvolvimento e a melhoria da saúde no Brasil, premiação foi entregue durante a 6ª edição do FILIS

Foi na 6ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde, a Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica) anunciou o ganhador da quarta edição do Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld, criado pela entidade como um reconhecimento aos profissionais que fomentam o desenvolvimento e a melhoria da saúde no Brasil. O eleito em 2022 foi o Professor Dimas Tadeu Covas, Presidente do Instituto Butantan e do Conselho Curador da Fundação Butantan, que, assim como o médico que dá nome a premiação, é hematologista, especialidade médica diretamente relacionada à área de medicina diagnóstica. O evento foi realizado em São Paulo, no Teatro Santander, no dia 24 de agosto.

“Sem a sua atuação à frente do Instituto Butantan, não teria sido possível iniciar a vacinação de brasileiros contra covid-19 em tempo hábil. E não teríamos chegado até aqui. A população brasileira agradece, e a Abramed tem a honra de premiar Dimas Covas”, ressaltou Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

No palco para entrega da homenagem esteve Cláudia Cohn, membro do Conselho de Administração da Abramed e Nydia Bacal, hematologista e viúva de Dr. Luiz Gastão Rosenfeld, que salientou sua inquietação científica, seu pioneirismo em terapias celulares que beneficiaram centenas de pacientes hematológicos e sua participação ativa na produção de vacinas virais como a da dengue e a da covid-19.

“O importante é a atitude frente a uma pandemia, que só conhecíamos em livros e que pegou a nossa geração totalmente de surpresa. A atitude de vacinar que, em 2020, vivemos. Vimos que não era só conhecimento científico; era necessária a imposição daquele momento na vacinação; era coragem; era realmente mudar a história do Brasil. É de se admirar e honrar o Dr. Luiz Gastão que também era inquieto, líder e pioneiro. Fico muito feliz pela escolha deste ano”, ressalta.

Graduado em Medicina pela Universidade de São Paulo, mestre e doutor em medicina pela mesma instituição, Dimas Covas é livre-docente da USP desde 1999. É professor titular de Medicina Clínica da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, membro do Conselho Curador da Fundação Hemocentro, coordenador do Centro de Terapia Celular da FAPESP, coordenador do Instituto Nacional de Ciência e Tecnologia em Células-tronco e Terapia Celular, membro titular da Câmara de Hematologia e Hemoterapia do Conselho Federal de Medicina. Covas é também membro fundador, ex-presidente e atual diretor científico da Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia e Terapia Celular, editor associado da Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, editor acadêmico da Revista Close One e membro da Academia de Ciências de Ribeirão Preto. Além disso, foi ganhador do Prêmio Jabuti da Câmara Brasileira do Livro, em 2007, com o Livro Células-tronco, a nova fronteira da medicina

Na pandemia, Covas integrou o Centro de Contingência do Coronavírus do estado de São Paulo, participação que o levou a ganhar vários prêmios e ser escolhido o profissional do ano por diversas entidades e organizações de comunicação em reconhecimento ao papel desempenhado durante a pandemia de covid-19.

“É uma emoção enorme e uma satisfação imensa receber esse prêmio. Quando me formei e fiz minha residência médica, o Luiz era presidente da Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia, e tivemos em alguns momentos de nossas vidas a oportunidade de nos relacionarmos. Agradeço à Abramed de todo coração por essa premiação”, ressaltou o premiado durante a cerimônia.

Sobre o Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld

O prêmio foi criado pela Abramed em 2018 e leva o nome de Dr. Luiz Gastão Rosenfeld, membro da Câmara Técnica da Abramed e uma das maiores autoridades em patologia clínica e hematologia do Brasil. Seu legado influenciará por anos gestores e lideranças que militam no setor.

Entre os ganhadores das edições anteriores estão Jarbas Barbosa, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em 2018; Mayana Zatz, bióloga molecular e geneticista, em 2019; e Dra. Margareth Dalcolmo, médica pneumologista, professora e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em 2021.

Painel sobre inovação digital na humanização do cuidado encerra programação do 6º FILIS

Temas como inteligência artificial, IoT e deep learning surgem como ferramentas para auxiliar o trabalho médico visando melhorar a qualidade dos serviços e os desfechos dos pacientes

O módulo de encerramento da sexta edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), promovido pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), no último dia 24 de agosto, no Teatro Santander, em São Paulo, debateu “Inovação digital na humanização do cuidado”, reunindo lideranças para falar sobre como as tecnologias em saúde estão revolucionando a medicina. A moderação desse painel foi do jornalista Sidney Rezende, que engrandeceu o evento com seus 37 anos de carreira.

Para o presidente do Conselho de Administração da Dasa, Romeu Domingues, a transformação digital tem sido bastante notória, especialmente nos últimos cinco anos, é muito bem-vinda, e toda empresa na área de saúde precisa abraçá-la, e não vê-la como uma ameaça. Inteligência artificial e deep learning, por exemplo, são ferramentas que surgem para auxiliar todos os médicos visando melhorar a qualidade do laudo e a produtividade. Segundo ele, a pandemia de covid-19 mostrou que a telemedicina é eficiente e que 80% das consultas podem ser solucionadas por meio de uma boa anamnese. Com empatia e carinho com o paciente, é possível realizar o diagnóstico.

“Todas essas ferramentas e a internet das coisas (IoT) levam à digitalização da saúde, a mais acesso, à democratização. Observamos, por exemplo, algumas startups que hoje dão laudo de padrão de tuberculose; você poder oferecer isso no interior do Brasil ou na Nigéria – que não contam com radiologistas –, significa democratizar a saúde. As empresas precisam ter o espírito da transformação digital para se construir uma cultura. Tudo isso trará benefícios. Existe uma preocupação muito grande com a sustentabilidade da saúde, que está cada vez mais cara, e podemos utilizar da tecnologia para trazer mais eficiência, mais qualidade, usar os algoritmos de inteligência artificial para errar menos. Eu vejo com muito bons olhos, sou muito otimista e acho que todo mundo tem que estimular as empresas a dar esse salto”, destacou Rodrigues.

O presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, Sidney Klajner, integrou a discussão abordando o humanismo. De acordo com ele, quando se fala de algoritmos que farão o diagnóstico, às vezes até com melhor acurácia que o próprio radiologista, por exemplo, se está a referir a um suporte, não a uma substituição, permitindo que o médico deixe de realizar atividades que sejam tediosas e repetitivas para dedicar o seu tempo àquilo em que, de fato, ele faz a diferença, isto é, no contato com o paciente ou até na vigilância do algoritmo para que ele não saia da linha para a qual foi programado.

“Quando falamos de humanismo, quer dizer que o médico poderá chegar ao paciente com uma maior oportunidade de acesso. Temos ido muito por esse caminho no Einstein quando vemos a complexidade de um paciente que procura uma organização de saúde com queixas que, às vezes, podem até ser comuns, mas por necessidades que diferem bastante. Usamos cada vez mais uma mudança cultural não só dos colaboradores, mas em investimento e plataformas que permitem acompanhar esse paciente em todos os pontos de contato, gerando dados que nos permitirão obter informações ainda com maior acurácia, para que isso se reverta, através de pesquisa de satisfação, de busca ativa de opinião sobre como que podemos contemplar a melhor experiência por meio de transformação digital, de aplicativos, de engajamento em termos do cuidado com a sua própria saúde utilizando a digitalização”, enfatizou o presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein.

Segundo Klajner, o grande desafio das organizações é utilizar todo o arsenal tecnológico que está disponível e um primeiro grande passo seria lidar com a “nuvem”’, para, então, poder oferecer aquilo de que cada ser humano necessita.

O futuro é agora

O country manager da Bracco Imaging do Brasil, Tommaso Montemurno, reiterou que a transformação digital na saúde não se trata de um tema do futuro, pois já é uma realidade, e que durante a pandemia se percebeu que o “futuro estava mais perto do que se imaginava”. Para ele, a indústria tradicional não pode prescindir dessa digitalização, assim como não pode limitar-se à entrega de produtos e serviços de qualidade. Deve-se considerar a integração, no ecossistema digital, desses produtos e serviços.

Montemurno frisa a necessidade de atenção sobre dois aspectos que dizem respeito diretamente ao paciente. O primeiro é a capacidade de otimizar todas as fases do processo de suprimentos, o que leva a uma otimização do processo, aumentando quantitativamente a disponibilidade de recursos para o paciente e reduzindo o custo. “À medida que otimizamos processos, de alguma forma, pensamos no acesso do paciente a esses recursos, temos uma abordagem humanizada. A otimização de todo o processo libera recursos, sobretudo humanos, para o atendimento do paciente. Então, toda essa cadeia consegue tirar o profissional de saúde de atividades burocráticas, repetitivas ou de problemas operacionais para focar na atenção ao paciente”, reforça o country manager da Bracco Imaging do Brasil.

O market lead Healthcare and Life Sciences Solutions Americas do Google Cloud, Esteban López, que abriu o módulo ministrando uma palestra exclusiva, retornou ao debate, unindo-se aos demais membros do painel para trazer novas contribuições. Em sua apresentação anterior, López mencionou a necessidade da visão integral sobre telemedicina, assim como sobre eficiência, automação de processos e inovação digital, reiterou também quanto a pandemia mudou e permitiu ao setor de saúde se atualizar tecnologicamente.

“Precisamos criar tecnologias que podem tanto afetar a experiência do paciente quanto a desses profissionais, porque o que fizemos tradicionalmente na área de saúde foi criar soluções que somente incluíam os clínicos. Precisamos analisar os sistemas de saúde para trazer informações de valor para os médicos, dessa forma eles se engajarão no projeto. Talvez a nova fronteira seja como gerar valor para o corpo clínico para que ele possa atender melhor os pacientes, de forma mais eficiente, com melhores desfechos, com melhor satisfação tanto para os pacientes quanto para os médicos”, complementa López.

Confira aqui a matéria sobre a palestra de Esteban López no 6° FILIS.

O futuro do setor da saúde no Brasil e na América Latina é tema de palestra internacional no sexto FILIS

Abrindo o módulo inovação e futuro, Esteban López abordou assuntos como a digitalização e transformação da indústria médica e o papel da inteligência artificial e da machine learning

O futuro da saúde no Brasil e na América Latina foi o tema central da palestra internacional que abriu as discussões do módulo de inovação da sexta edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), promovido pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). Esteban López, líder de mercado – Saúde e ciências da vida para as Américas no Google Cloud, não só trouxe sua visão internacional, mas também mostrou como a tecnologia e a computação em nuvem são cruciais na transformação da indústria médica e de medicina diagnóstica na América Latina.

Segundo o executivo, atualmente o setor de saúde está desestruturado e desorganizado quando se trata de dados de saúde. E, quando se pensa em futuro, quatro pilares devem ser considerados: a digitalização; a inteligência artificial e o machine learning; o atendimento virtual; e a integração. O cenário é marcado pela alta disponibilidade de dados médicos por conta da IoMT (internet das coisas médicas). Para se alcançar valor, é preciso utilizar tanto dados médicos como operacionais para embasar uma definição mais correta das próximas ações visando alcançar melhores desfechos clínicos e eficiência operacional.

“Faltam médicos e enfermeiros no mundo. Precisamos do atendimento virtual e que mais profissionais atuem em um nível mais alto. Nesse sentido, recursos como IA e machine learning nos permitiram otimizar o atendimento. Além disso, o suporte à decisão clínica com base na inteligência artificial ajudará nas tomadas de decisões. E, claro, isso tudo precisa ser integrado. O acesso a dados e informação precisa ser otimizado para redução de custos e para se obter uma visão integral do paciente”, ressaltou. 

López apontou que existem alguns desafios reportados pelos próprios CEOs. A busca pelo conhecimento, pela experiência digital do paciente e por melhorias na eficiência operacional e na prestação de cuidados digitais estão entre os anseios. “Uma porta digital com trabalho macro de analytics pode aprimorar os processos e reduzir custos administrativos. Os pacientes têm uma experiência melhorada nesses casos e a eficiência operacional é essencial para reduzir custos. A covid destacou muitas falhas no sistema e propiciar desfechos mais assertivos é fundamental, tanto quanto os modelos digitais de atendimentos tornaram-se um novo padrão. A automação desses processos amplia os insights, traz mais agilidade. Os sistemas precisam de mais dados e informações e a possibilidade de usá-los”.

A saúde é hoje uma prioridade no Google Cloud, conforme explicou o especialista. A instituição tem trabalhado para organizar as informações do setor no mundo, com o intuito de impactar a saúde por meio de dados e para acelerar a capacidade de todas as empresas de saúde e biociências no sentido de transformar e reimaginar os diagnósticos por meio da inovação baseada em dados.

“Sabemos que os sistemas de saúde do mundo inteiro estão cerca de 15 anos atrás de outros segmentos quando o assunto é uso da tecnologia e inovação. A pandemia permitiu acelerar esse processo. E o futuro da saúde é realmente o deep learning.

A patologia digital também foi apontada como um campo emergente da inteligência artificial. Nos próximos cinco anos, hospitais e laboratórios alavancarão as tecnologias digitais para melhorar a qualidade, a velocidade e a precisão na patologia, visando suprir uma escassez mundial de patologistas. Por exemplo, lâminas precisam ser digitalizadas e transformadas em novo padrão tecnológico. Depois disso, há uma grande economia no armazenamento e processamento, assim como uma grande oportunidade na revisão dessas imagens quando o conhecimento não está disponível localmente. Mas é possível aplicar a IA, o machine learning e o deep learning para descobertas e previsões relacionadas à saúde.

Para finalizar, o executivo trouxe uma visão geral de como o Google Cloud é importante para organizações de saúde e biociências, trazendo, entre outros pontos, segurança e conformidade para a indústria médica e oferecendo tecnologia de ponta.

Debate sobre ecossistema em saúde e os impactos regulatórios reuniu representantes da ANS, IDEC e Abramge durante a sexta edição do FILIS

Modelos de remuneração, planos populares, interoperabilidade, digitalização e biometria facial foram temas discutidos no painel

O 6° Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), promovido pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), iniciou com um debate sobre o tema: “Ecossistema: A reinauguração da Saúde e seus impactos regulatórios”. Foram convidados para esta discussão Ana Carolina Navarrete, coordenadora do Programa de Saúde do Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC); Paulo Rebello, diretor-presidente da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS); e Renato Freire Casarotti, presidente da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge). A moderação ficou com Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

Modelos de remuneração, planos populares/acessíveis, interoperabilidade, open health, digitalização e biometria facial foram abordados com foco nos desdobramentos para a saúde suplementar. Palavras como qualidade, acesso, sustentabilidade, segurança, diálogo, transparência, conexão, regulamentação e confiabilidade fizeram parte da discussão, sempre tendo o paciente no centro do cuidado.

Shcolnik iniciou com um breve panorama sobre o assunto. “Sabemos que o sistema de saúde é fragmentado e muito se tem falado sobre a formação dos ecossistemas em saúde, na verdade, há tempos, os sistemas já existem em diferentes operadoras de saúde, sobretudo nas chamadas verticalizadas, que oferecem serviços próprios aos seus beneficiados.

”A verticalização é uma estratégia dos planos de saúde que consiste na criação de redes próprias de atendimento.. “Esse modelo tem riscos e benefícios, mas costumo dizer que não há modelo bom e ruim, mas sim gestor bom e ruim. Para um bom grupo verticalizado, a força está em excelentes protocolos para tratamento, com boa governança das exceções”, destacou Casarotti. Segundo ele, não devemos barrar a criação de ecossistemas, o desafio é fazê-los conversar entre si..

Para comentar sobre a opinião dos consumidores a respeito desses ecossistemas, Shcolnik chamou Ana Carolina, que disse que o IDEC não tem uma posição, já que o foco do instituto é o direito à saúde do usuário e a qualidade do atendimento. No entanto, a respeito da verticalização, fez duas ponderações. Uma delas é o impacto concorrencial, que merece atenção cuidadosa do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (CADE). E outra é o fato de ser o mesmo agente econômico aquele que paga a conta e aquele que prescreve o tratamento, pois isso não garante necessariamente o melhor desfecho em saúde.

“A experiência com a CPI da Pandemia trouxe uma lacuna que precisa ser preenchida em termos de quem fiscaliza, quem pune e quem cuida, ao tratarmos de serviços de baixíssima qualidade. Isso é uma preocupação que temos em relação aos modelos verticalizados”, expôs Ana Carolina.

A respeito de novas formas de remuneração, que indicam como será cobrado o serviço em saúde, Shcolnik falou sobre o sistema atual, que é o fee for service, ou seja, pagamento por volume de procedimento. “Este modelo é muito criticado, pois afeta a sustentabilidade do sistema de Saúde Suplementar.” Ele questionou como a ANS analisa a formação de ecossistema e as novas formas de pagamento, como o pagamento por resultados.

Rebello disse que a agência tem estimulado outros modelos diferentes do fee for service“Mas é o desfecho para o paciente que vai fazer com que os ecossistemas se encontrem e tentem chegar num consenso sobre o modelo mais adequado, colocando sempre o paciente como foco, senão não será possível destravar essa questão. A ANS está estabelecendo alguns indicadores de desfechos clínicos para induzir a mudança através do diálogo. Os problemas não são simples, mas, se não dermos um passo à frente, a realidade vai nos atropelar. Precisamos nos acomodar para garantir a sustentabilidade do sistema”, destacou.

“Lembro que no setor de medicina diagnóstica já medimos muitos indicadores e sabemos da importância que eles têm na contribuição para um bom desfecho em saúde. Medimos atrasos na entrega de exames e repetição de exames por conta de algumas inadequações. Esses são exemplos de indicadores que merecem nossa atenção”, comentou Shcolnik.

Em se tratando de modelos de pagamento diferentes, Casarotti acredita que só será possível avançar quando o diálogo for aberto e houver o entendimento de que é fundamental caminhar juntos. “O que me traz esperança, mais do que modelos, é o diálogo na busca por uma melhor solução para todos os envolvidos: os que cuidam do financiamento, os que entregam o cuidado e, principalmente, os que recebem esse cuidado. Cuidado este que deve ser acessível, sustentável e com padrão de qualidade aceitável”, reforçou.

Ana Carolina comentou que essa discussão está bem distante do consumidor, já que a preocupação maior é que esse modelo não gere violação no direito à saúde ou impacto na qualidade do serviço. “Também fazemos uma ressalva sobre o quanto esse modelo de remuneração vem atrelado a uma discussão sobre o repasse da economia gerada para o usuário, o que não é necessariamente uma verdade, pois há outros setores que podem absorver esse valor. Claro que faz sentido promover a discussão sobre a formas de pagamento, mas não sei quanto vale colocar no consumidor essa expectativa.”

Na questão do prontuário único integrando Sistema Único de Saúde (SUS) e Saúde Suplementar, os participantes o consideram fundamental para deixar a navegação do usuário mais fluida. “No entanto, é preciso ter ouvido aberto para ouvir os riscos, entender as oportunidades e discutir as alternativas”, acrescentou Casarotti.

Na discussão sobre se planos de saúde acessíveis vão ajudar no acesso à saúde, Ana Carolina chamou a atenção para aqueles com cobertura parcial de doenças, que representam um retrocesso do marco legal. “Permitir que esteja disponível à população um serviço restrito é colocar no usuário o dever de saber do que ele vai precisar para se tratar ou que tipo de doença vai ter. E não há negócio jurídico válido que se sustente nessa base.”

Sobre as clínicas populares e as exigências regulatórias, Shcolnik fez um questionamento ao representante da ANS. “Sabemos que a regulação contribui para a redução drástica do número de operadores. Assim, muitas health techs e clínicas populares surgiram para alcançar usuários que não têm acesso ao sistema de Saúde Suplementar. Mas essas clínicas não são reguladas pela ANS, como garantir a proteção dos usuários?”

Rebello revelou que a ANS não tem previsão de regular o mercado das health techs e dos planos acessíveis. “É um serviço prestado pontualmente que não se enquadra na legislação como plano de saúde. Não há iniciativa da agência em fazer qualquer regulação desse mercado”, afirmou mais de uma vez durante o debate.

Com relação a esse assunto, Casarotti se revelou preocupado com aquelas empresas que fazem um paralelo entre o que ofertam e o que mercado regulado de planos de saúde oferece. “O modelo fechado de atendimento é uma demanda, mas, quando ele passa a querer competir com o plano de saúde, dá início à precarização. É preciso, também, acompanhar o acesso à telemedicina, pois aumentou muito a oferta, o que pode gerar problemas de qualidade. É fundamental equilibrar acesso com qualidade para o serviço oferecido fazer sentido.”

Já na questão da interoperabilidade, Rebello disse que a ANS tem discutido bastante o assunto, pois sua preocupação é trazer segurança nas informações e trabalhar com os dados dos pacientes. “A agência vem dialogando com o setor e mantendo contato com a autoridade nacional”, expôs.

Para Ana Carolina, existe grande potencial de uso positivo de intercâmbio de informações dos usuários de serviço de saúde entre prestadores. Mas alerta que é preciso cuidado para não haver vazamentos, como visto em 2021, pois, segundo ela, não há como falar em interoperabilidade sem pensar em uma plataforma segura. “Outra questão é a privacidade, pois são dados sensíveis de saúde, e é necessário impedir o cruzamento dessas informações. Além disso, não devemos fazer a discussão de prontuário único e open health sem ter em mente o perigo que é acharmos que o indivíduo é responsável por sua situação de adoecimento. O IDEC está olhando para essas questões”, salientou.

Ana Carolina também comentou que a digitalização na saúde é uma tendência, mas não deve ser via única. São necessários alguns cuidados para que ela, de fato, melhore a experiência do usuário. Esses cuidados envolvem segurança contra o vazamento de dados, sem falar no quanto o sistema é capaz de gerar dados sobre o usuário que transcendem o próprio conhecimento que ele tem de si, podendo ser usado em seu prejuízo.

Já a biometria facial ligada à informação de dados em saúde é outro tema muito sensível para o IDEC, de acordo com a coordenadora do Programa de Saúde, pois convém pensar na proporcionalidade da medida e na vantagem que ela traz. Em sua consideração final, fez uma provocação referente à expansão do mercado. “Qual a finalidade desse crescimento? Crescer para aumentar lucro sem retorno para a sociedade do valor saúde, no contexto de hoje, em que colhemos os aprendizados com a pandemia, me parece estéril. E crescer aumentando a desigualdade entre quem acessa os mercados público e privado também tem que entrar nessa discussão”, finalizou Ana Carolina.

Em sua fala de encerramento, Casarotti disse querer acreditar na intenção positiva das pessoas envolvidas no sistema de saúde. “É possível avançar se sairmos das zonas de conforto, pararmos de ver o outro como inimigo e ouvirmos mais do que falamos.”

Por fim, Rebello comunicou que, a partir de setembro, a ANS vai abrir audiência pública para sua agenda regulatória, ou seja, o planejamento das prioridades para o próximo triênio. “Peço a todos que nos procurem, nos provoquem, apresentem suas sugestões e apontem as necessidades. Estamos abertos a debater todo e qualquer tema referente à Saúde Suplementar.”

A sexta edição do FILIS aconteceu em formato híbrido no último dia 24 de agosto, no Teatro Santander, em São Paulo.

Em palestra no FILIS, CEO da Aceso Global abordou o Value-Based Health Care e sua experiência dos EUA

Maureen Lewis citou as ACOs – redes de médicos, hospitais e outros provedores – que utilizam formas de pagamento baseadas em VBHC

Uma das palestras internacionais da sexta edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), promovido pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), foi proferida por Maureen Lewis, CEO da Aceso Global, organização sem fins lucrativos que concentra seu trabalho em questões relacionadas ao sistema de saúde no setor público e no privado em mercados emergentes.

A palestrante abordou o financiamento e suas aplicações no diagnóstico, os desafios do cuidado em saúde no Brasil, a importância da qualidade no setor, o Value-Based Health Care (VBHC), os novos modelos de pagamento e as implicações para o setor de medicina diagnóstica.

Falando em desafios e oportunidades, a Maureen apontou que apesar do grande impacto na saúde global, a covid-19   alavancou o uso da telemedicina no mundo todo. Outros pontos citados foram o aumento rápido dos custos na saúde brasileira, o envelhecimento populacional, o crescimento das doenças crônicas e a busca dos pacientes por conveniências e conforto.

“No Brasil, o nível da qualidade do cuidado é muito baixo, com grande quantidade de eventos adversos, que são caros não só para o paciente como também para todo o sistema. Faltam qualidade e eficiência, mas o mais sério é que não existem dados para avaliar isso. Um prédio bonito, como os usuários gostam, não significa qualidade no cuidado”, disse.

Segundo ela, o paciente fica confuso com a bagunça no sistema, sem saber para onde vai: quem manda, como é organizado e como o financiamento funciona? Isso é um desafio também nos Estados Unidos, que tem um sistema muito parecido com o do Brasil.

Maureen citou que 25% da população brasileira custeia o próprio tratamento, enquanto nos Estados Unidos são 11%. No Brasil, 34% utilizam planos de saúde e 41% o SUS. De acordo com ela, o sistema brasileiro ainda não está pronto para pensar em valor em saúde, devido aos problemas já apontados, além do uso inadequado dos dados, da utilização do pronto-socorro em vez de consultas e da falta de informações sobre o desempenho.

As prioridades da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OECD), com relação a financiamento e estrutura de saúde, são: colocar a qualidade do cuidado no centro; identificar e estratificar os riscos; concentrar-se em pacientes de alto risco e alto custo, mantendo-os saudáveis e evitando a hospitalização; sistema de dados integrados; e novos sistemas de pagamento.

Maureen mostrou um estudo feito nos Estados Unidos, em 2004, apontando que apenas metade dos pacientes recebeu o cuidado apropriado. Havia alta incidência de eventos adversos nos hospitais, baixa aderência a protocolos, alta morbidade e reinternações. Ao mesmo tempo, a despesa em saúde crescia em percentual do PIB sem melhores resultados. Depois desses dados preocupantes, o país mudou o sistema totalmente. 

O Value-Based Health Care foi uma resposta a alguns desses problemas. Trata-se de uma estratégia para promover qualidade e valor nos serviços em saúde com base nos pagamentos por resultados. Até então, o modelo predominante era o fee for service, pagamento por volume, que não informa sobre desempenho, nem se o gasto foi útil, além de não oferecer incentivos para eficiência nem qualidade. O pagamento por resultados é uma evolução do sistema.

Dentro do VBHC, Maureen citou bundled payments (pagamento por pacote), diagnostic related groups (DRGs), shared savings/risk (compartilhamento dos ganhos entre médicos e planos para melhorar qualidade e baixar custos) e pay for performance (P4P). Também falou sobre as Accountable Care Organizations (ACOs), redes de médicos, hospitais e outros provedores e prestadores de serviços de saúde, que utilizam várias formas de pagamento juntas, especialistas no VBHC. Essas entidades têm uma parceria muito forte entre gestão e equipe clínica, com enfoque em atenção primária e infraestrutura digital robusta. A palestrante acredita que, no Brasil, as ACOs podem oferecer muitos benefícios.

Segundo experiências de executivos de planos de saúde, com a adoção de VBHC, a qualidade melhorou em 80%, além de reduzir custos desnecessários. “Mas é difícil convencer operadores dos benefícios de bundled payments e outros sistemas de pagamento episódicos, porque é um modelo novo e há resistência”, disse.

Para melhorar a eficiência e aumentar a qualidade, as implicações para o setor diagnóstico, apontadas por Maureen, são: reduzir o desperdício no sistema, limitar o underuse, controlar os erros médicos, reduzir o número de infecções adquiridas em hospital e utilizar benchmarks para acompanhar o desempenho.

Desafios e possíveis ações para melhorar a saúde frente ao cenário econômico atual são temas do FILIS 2022

O orçamento público federal, a racionalidade no uso de recursos, a atenção primária, a tecnologia, a importância dos dados e da infraestrutura e a logística estiveram entre os temas abordados por lideranças internacionais e nacionais da saúde no módulo econômico do evento

Debater os principais desafios e obstáculos econômicos que permeiam o setor de saúde foi o objetivo de um dos painéis que aconteceram durante a sexta edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), promovido pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). Mediado pelo jornalista Sidney Rezende, o debate intitulado “Obstáculos econômicos frente aos desafios atuais” contou com a participação de Patricia Frossard, presidente Brasil da Philips; Roberto Santoro, CEO do Grupo Pardini; Maureen Lewis, CEO da Aceso Global; e Arthur Aguillar, diretor de Políticas Públicas do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS). O objetivo foi reunir diferentes visões sobre os pontos a serem observados e os aspectos do cenário econômico que podem ajudar a solucionar os principais desafios da saúde.

A saúde está em foco e a pandemia escancarou muitos obstáculos que até então estavam velados. Esse cenário, de acordo com Patricia, demanda discussões mais profundas sobre os entraves que permeiam o setor e por uma necessidade de os participantes da cadeia unirem-se em prol do paciente. A junção de esforços dos setores público, privado e da própria sociedade são, para ela, fundamentais, assim como os investimentos no engajamento do paciente e em PPPs (parcerias público-privadas), que, além de permitirem a consolidação de indicadores (KPIs), ajudam na redução de custos, no ganho de escala e no aprimoramento da efetividade no cuidado com o paciente.

“Pecamos na comunicação de massa para ensinar o paciente sobre quando ele deve procurar o hospital, em que momento ele tem que se submeter a um procedimento, entre outros. Embora eu veja essa consciência naturalmente acontecendo por conta da pandemia. Ainda esquecemos do paciente e de sua educação.”

Trazendo para o contexto da indústria, ela apontou a necessidade de solucionar o desafio de acompanhar o avanço, atender bem o paciente, com qualidade e, ao mesmo tempo, a baixo custo. Por isso, cada vez mais os produtos desenvolvidos consideram acompanhar toda a jornada do paciente, desde a entrada na recepção do serviço de saúde até o procedimento de diagnóstico, o tratamento e, eventualmente, o home care.

“Quando conseguimos participar de todo esse processo, conseguimos ajudar os hospitais e laboratórios a fazer uma gestão melhor de toda a sua cadeia, de forma que eles tenham menos perdas, seja de tempo, seja repetição de exames”, enfatizou Patricia.

A sofisticação das tecnologias, como a inteligência artificial, que ajuda a aprimorar o diagnóstico, também é útil e emerge como parte importante nessa busca da transformação. “Os gargalos existem, mas contamos com a IA, por exemplo, para melhorar a eficiência. Isso ainda é algo embrionário e que pode ser muito explorado, principalmente no que diz respeito ao diagnóstico.”

Do âmbito de políticas públicas, o diretor do  IEPS contextualizou que trazer a lente da economia, considerar a evidência empírica em políticas públicas para compreender os desafios do SUS e tentar resolvê-los da melhor maneira possível são objetivos da instituição. Para ele, ampliar o orçamento público de saúde, fazer melhor uso desses recursos e identificar possíveis fontes de origem desse incremento de receita, sobretudo em um momento como o atual, em que o cenário fiscal do país está complexo, são prioridades. “Seria irresponsável falar de mais gastos públicos, sem esclarecer como podemos fazer isso”, ressaltou.

Outro desafio apontado por Aguillar está em direcionar os investimentos à atenção primária, que, segundo ele, é mais custo-efetivo na saúde pública: “Na estratégia de saúde da família, que é uma política reconhecida, premiada e com as melhores evidências em periódicos científicos, mas que parou de crescer nos últimos oito anos, depois de um aumento de cobertura sistemático desde os anos 1990.

Usando como base uma nota técnica publicada pelo IEPS, que analisou o projeto de lei orçamentária para 2022, o especialista explicou que, olhando o orçamento público federal em saúde e descontando os gastos com a covid-19, trata-se do menor orçamento em dez anos para o setor. Além disso, o gasto em atenção primária está praticamente estabilizado, mesmo tendo um incremento importante da população nesse período. O outro ponto destacado é que o nível de investimento do governo caiu 70%.

“Nosso sistema de saúde tem diversas pressões de demanda, inflação médica, represamento de serviços advindos da covid-19, envelhecimento da população, afinal estamos em plena transição democrática, com um sistema que não está mudando seu patamar de financiamento. Temos também um momento muito complicado fiscal.”

Exatamente por esses motivos, o IEPS, na Agenda Mais SUS – documento da instituição para a eleição presidencial, propõe uma trajetória incremental do aumento de gastos públicos com saúde, saltando de 3,95% para 5% do PIB até 2026. Essa meta é considerada por ele exequível, quando observada a estrutura do orçamento. A saída apontada está em introduzir medidas para reduzir ou eliminar renúncias fiscais que o setor apresenta. Em 2018, o montante foi de 50 bilhões de reais, e, desse total, 26 bilhões em renúncias de imposto de renda das pessoas físicas e jurídicas. No caso da pessoa física, 80% desse montante está relacionado a 10% da parcela mais rica da população. “Parar de subsidiar a saúde das pessoas mais abastadas na saúde suplementar e colocar esses recursos no sistema público de saúde talvez seja o primeiro passo.”

A segunda ação proposta é olhar para outros entes de governo. Ele citou o exemplo do Ceará, que acabou de triplicar a parte do ICMS repassada para os municípios, condicionando tudo ao valor agregado e aos resultados obtidos. Também faz parte das proposições olhar para todos os bens e serviços que fazem mal para a saúde e aumentar a tributação desses setores para financiar a saúde pública. É o caso de bebidas açucaradas, alimentos ultraprocessados, álcool e tabaco.

O CEO do Grupo Pardini, organização presente em diferentes regiões, apontou questões de infraestrutura como um obstáculo, que inclusive está diretamente relacionado à logística, um problema na saúde de forma geral no Brasil. É preciso solucionar essas questões e aumentar a capacidade de transitar, como no caso da instituição, exames laboratoriais, e não os clientes, solucionando uma questão importante, que é dar acesso a exames cada vez mais especializados e de qualidade, em localidades remotas.

“Se um recém-nascido nas entranhas maranhenses precisa de um diagnóstico de uma doença rara, isso tem que ser feito de uma forma rápida. Mas não lá. Tem que ser transportado para e por um laboratório de referência que forneça essa solução imediata. Quando olhamos para o quesito infraestrutura, é extremamente importante saber como se pode prover isso”, ressaltou.

Santoro reforçou não só a ideia colocada por outros participantes, que é a necessidade do foco em atenção primária no sistema de saúde, como também a relevância da medicina diagnóstica nesse contexto. “Hoje o setor representa 20% dos gastos na saúde suplementar. Mas, se associada à atenção primária, ela é muito mais resolutiva. O volume de exames feitos na rede pública equipara-se ao da saúde privada. Os exames estão acontecendo, mas sem ligação com atenção primária. Se formos falar em economia, gastos com hospitalização e outros custos também evitáveis, é preciso dar mais visibilidade à medicina diagnóstica. Penso que, inclusive, os resultados disso precisam ser medidos”, explica.

A necessidade de se rediscutir o modelo de saúde, a exemplo do que aconteceu na criação do SUS, é também uma urgência apontada pelo executivo, assim como a inclusão digital, que, apesar dos avanços, segue sendo uma barreira. Em sua fala ao longo do debate, Santoro também enfatizou várias vezes a necessidade de preparar profissionais, inclusive para lidar com as tecnologias, e de ser criada uma trilha de carreira para os profissionais no sistema público de saúde. “Esse é um momento adequado de realizar uma nova discussão setorial, fomentada pelo governo para podermos realmente atingir um novo patamar. Nenhuma transformação de saúde acontecerá sem transformação digital e utilização de tecnologia.”

Trazendo a visão internacional desses desafios, Maureen acredita que a carência do uso de dados para embasar a gestão, assegurar a qualidade e melhorar a eficiência deve ser prioridade quando o assunto é saúde. Existe a necessidade de um novo enfoque em qualidade, tema que está diretamente relacionado, segundo ela, a todos os outros desafios apontados durante o debate. “Dados são importantes para saber como tudo está funcionando e o que deveria ser mudado. Não se pode alcançar qualidade sem isso”, explica.

A própria configuração da saúde no Brasil foi salientada como um ponto de atenção, pois não há integração entre os sistemas público e privado e também dos serviços. Em sua concepção, o cenário ideal não seria falar de quem está prestando o serviço, e sim do resultado alcançado. Essa descentralização do cuidado e a existência de uma série de atores fazem o paciente se perder em sua jornada por não saber o que deve fazer.

“A gestão é fraca tanto na saúde suplementar como no sistema público. O uso de dados e os ajustes que eles permitem são fundamentais para a saúde de forma geral. Isso é muito interessante para acompanhar se houve melhora e para criar políticas. O tempo é agora e existe uma abertura para as PPPs, inédita, que é bastante animadora. Lembrando que o Brasil está à frente dos países emergentes”, enfatiza.

Maureen também trouxe a necessidade de se pensar em aspectos que ajudem a melhorar a eficiência e a qualidade do atendimento, apontando mais uma vez a atenção primária e a prevenção como caminhos bem-sucedidos.

A CEO da Aceso Global também foi palestrante no sexto FILIS. Confira aqui a matéria sobre sua apresentação.

Abramed realiza 6º Fórum Internacional de Lideranças da Saúde – FILIS

Em seu retorno ao formato presencial, evento aconteceu no dia 24 de agosto, em São Paulo, e apresentou os novos Conselhos de Administração e Fiscal da entidade

A sexta edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), evento promovido pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), foi realizada no último dia 24 de agosto, no Teatro Santander, em São Paulo, reunindo mais de 450 participantes que acompanharam ao vivo o evento, sendo uma parte por transmissão remota através de uma plataforma customizada. Esse foi o retorno do FILIS ao formato presencial após um hiato de dois anos, em função da pandemia de covid-19.

Desde a primeira edição, em 2016, o Fórum se tornou referência de inovação e compartilhamento de experiências entre as lideranças que compõem a cadeia da saúde. Em 2022, trouxe como macrotema “A Medicina Diagnóstica na Disrupção da Saúde”, em uma programação composta de três módulos com debates abordando aspectos político-regulatórios, econômicos e de inovação e futuro. Além disso, contou com a participação de dois palestrantes internacionais: a CEO da Aceso Global, Maureen Lewis, e o líder de mercado em Soluções de Saúde e Ciências da Vida nas Américas do Google Cloud, Esteban López.

A abertura foi conduzida pela diretora-executiva da Abramed, Milva Pagano. Ela celebrou o reencontro e agradeceu a confiança e o apoio inconteste de associados e não associados em prol da troca de conhecimento e informações qualificadas. “É uma emoção e felicidade estarmos aqui hoje, reunidos presencialmente. No ano passado, fizemos a nossa primeira edição remota que foi um desafio, mas também uma surpresa muito gratificante, pois tivemos ampla participação e engajamento. De qualquer forma, a tecnologia, por melhor que seja, não substitui a riqueza deste momento, do presencial, da conexão, da troca. É muito bom estarmos aqui. Agradeço a todos a confiança, o apoio, a possibilidade deste encontro”, discursou Milva.

Na ocasião, a diretora-executiva apresentou ao setor os membros que irão compor os Conselhos de Administração e Fiscal da Abramed pelos próximos três anos. A eleição dos nomes ocorreu no mês de agosto e foram empossados em jantar realizado na noite anterior ao 6º FILIS. Wilson Shcolnik foi reconduzido à presidência do Conselho de Administração e Cesar Higa Nomura assumiu a vice-presidência. Os demais membros nomeados são Ademar Paes Junior, Carlos Figueiredo, Claudia Cohn, Eliezer Silva e Lídia Abdala. O Conselho Fiscal da próxima gestão é formado por Caio Duarte, Guilherme Colares e Isadora Bittar.

Em seu discurso, Shcolnik reiterou a alegria do encontro presencial e lembrou que a pandemia de covid-19 não reprimiu os serviços de medicina diagnóstica, pelo contrário. O segmento foi alçado a um protagonismo poucas vezes observado, dada a importância que os exames de diagnóstico tiveram nesse período de emergência sanitária, contribuindo para confirmar infecções agudas, proporcionar informações sobre a gravidade da doença, na identificação de variantes do vírus e na avaliação de resposta vacinal.

“Capacitamos nossas equipes, adaptamos nossa infraestrutura, nossos processos e inovamos com drive thru; aumentamos os atendimentos domiciliares e não abandonamos os pacientes que precisavam tratar também de outras doenças. As empresas associadas à Abramed foram solidárias e muitas delas contribuíram com atendimento na área pública, o nosso famoso Sistema Único de Saúde (SUS). E a entidade não parou. Graças aos nossos colaboradores, continuamos realizando inúmeras atividades”, frisou o presidente do Conselho de Administração.

Shcolnik destacou o apoio oferecido aos associados na interlocução com diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que muito contribuíram para a liberação de reagentes e de kits que proporcionaram a realização dos exames de covid-19; assim como ressaltou os diálogos com diretores da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que possibilitaram a incorporação dos exames de covid-19 no rol de cobertura obrigatória; além disso, outros biomarcadores para monitoramento de gravidade da doença em doentes hospitalizados foram igualmente incorporados. O presidente ainda mencionou a cooperação da entidade para possibilitar a transmissão de resultados de exames para a rede nacional de dados em saúde, possibilitando, dessa maneira, ao Ministério da Saúde monitorar epidemiologicamente o que se passava durante a pandemia.

“Tivemos um apoio permanente de entidades do nosso setor, sociedades médicas e da indústria, que nos apoiou em muitas iniciativas; mantivemos as reuniões periódicas dos nossos comitês e, como somos uma entidade empresarial, foi durante a pandemia que criamos mais um comitê em linha com a modernidade, o Comitê de ESG, que já está com projetos muito interessantes”, disse Shcolnik sobre a atuação da Abramed nos últimos anos.

“A medicina diagnóstica cada vez mais se complementa, contribuindo para a promoção da saúde, a prevenção e o gerenciamento de doenças. Já temos recursos para, hoje, indicar tratamentos personalizados. O segmento segue em frente, consciente da sua importância para os sistemas de saúde brasileiros”, concluiu o presidente do Conselho de Administração da Abramed na cerimônia de abertura.

Testes para varíola dos macacos: veja tira-dúvidas sobre como fazer, onde conseguir e os requisitos

A Abramed foi fonte do portal G1 no último dia 13/08, em matéria intitulada “Testes para varíola dos macacos: veja tira-dúvidas sobre como fazer, onde conseguir e os requisitos”. A publicação traz, de forma detalhada, como funciona a testagem da doença na rede pública e privada do país, ressaltando que a iniciativa privada também se mobiliza para oferecer exames específicos, que ainda não têm o aval da Anvisa. Autorização pode abaixar custos dos testes, que não são cobertos por planos.

Leia a matéria na íntegra

https://g1.globo.com/saude/variola-dos-macacos/noticia/2022/08/13/testes-para-variola-dos-macacos-veja-tira-duvidas-sobre-como-fazer-onde-conseguir-e-os-requisitos.ghtml

Para análise e reflexão: ressignificando a medicina diagnóstica

Por Roberto Santoro*

A medicina diagnóstica é um importante elo da cadeia de saúde. Suas inovações, por exemplo, aprimoram a assistência e a eficiência do sistema. Não por acaso, o segmento assumiu seu protagonismo durante a pandemia de covid-19, iniciada, no Brasil, em março de 2020. E quando tudo indicava um setor atuando única e exclusivamente sobre o novo coronavírus, o que se viu – e se vê! – é uma evolução constante com o desenvolvimento de novas tecnologias e formas de atendimento para otimizar tanto testes quanto exames indispensáveis ao bem-estar humano.

O segmento é composto de pessoas, infraestrutura, logística, capacidade de produção, pesquisa e desenvolvimento, assim como interface de sistemas. A pandemia o evidenciou, permitindo ampliar sua perspectiva em prol de uma infraestrutura melhor no país. E foi a reação rápida e a adaptação em dar uma resposta eficaz, focada na menor geração possível de danos, que fez a medicina diagnóstica continuar relevante em momentos de crise.

Os resultados de exames laboratoriais apoiam cerca de 70% das decisões médicas e são de grande valia na atenção à saúde. A tendência é que ela continue protagonista. Isso porque o avanço tecnológico e a transformação digital garantem exames e análises cada vez mais precisos e eficientes. Ainda assim, os gastos das operadoras de saúde com medicina diagnóstica, em termos relativos, estão entre os menores, se analisarmos a relevância desse segmento.

Na perspectiva da prevenção, através da atenção primária, a medicina diagnóstica, além do impacto nas decisões médicas, contribui para os custos evitáveis, ou seja, diminuindo a propensão de adoecimento e doenças crônicas e, além disso, a atenção pode ser feita fora de ambientes hospitalares.

A medicina diagnóstica tem ainda uma parte de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) bastante valiosa, com alta velocidade na introdução de novas tecnologias, com custos menores e incorporação rápida. Essa capacidade de criar testes com maior acurácia, faz parte da essência da medicina diagnóstica, isto é, temos cada vez mais novas tecnologias disponibilizadas em menor tempo e com menos gastos.

Segundo o Painel Abramed 2021 – O DNA do Diagnóstico, a medicina diagnóstica é um dos setores que mais evoluem e inovam na busca por tecnologias capazes de aprimorar e melhorar a qualidade dos diagnósticos na área da saúde. O surgimento de tecnologias permite que os exames sejam realizados em grande escala, em menor tempo, com melhor qualidade e precisão, evitando o desperdício e o aumento na escalada dos custos na saúde. 

A publicação já destacou, inclusive, que inúmeros fatores impulsionam o crescimento do setor, entre os quais se destacam a inteligência artificial e os processos digitais para apoiar os diagnósticos, a modernização dos equipamentos e novas tecnologias laboratoriais, a utilização da telemedicina e subespecialidades em larga escala, as inovações na área de genética, a rede integrada de saúde, entre outros.

Entre tantos pontos positivos, a medicina diagnóstica tem ainda a possibilidade de movimentar amostras sem movimentar o paciente. E aqui estamos falando de acesso populacional. Você não precisa movimentar o paciente, você colhe em um local e pode circular por meio de serviços de logística, permitindo que uma parcela maior de pessoas possa realizar seus exames em grandes centros tecnológicos. Aliás, a logística é responsável pela quebra de barreiras, permitindo acesso à tecnologia em áreas remotas do Brasil, cujo território tem dimensões continentais.

E o que falta para a medicina diagnóstica ser cada vez mais valorizada? Ampliar o conhecimento do seu papel, da função dos exames, principalmente laboratoriais e de imagem, nas decisões médicas. Sob a ótica de educação em saúde, suponho que deveria haver maior foco na relevância das unidades de Serviço de Apoio de Diagnose e Terapia (SADT), porque no Brasil, de acordo com dados de junho de 2021, do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde do Ministério da Saúde (CNES/MS), existem 26.545 deles.

É de suma importância o reforço desse tema, com maior intelectualidade relativa nas universidades brasileiras e entidades formadoras de profissionais de saúde. Além disso, é necessário que os próprios governos tenham mais consciência e que entidades, como a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), atuem como fomentadoras de atividades de ensino e pesquisa em medicina laboratorial, justamente para ressaltar o papel da medicina diagnóstica na cadeia de valor da saúde.

Ainda sobre educação médica, precisamos de uma “descomoditização” intelectual. A medicina diagnóstica é um setor com atualizações constantes e por vezes o próprio mercado tem dificuldade de acompanhar, e ao setor cabe incentivar, fomentar e contribuir para que nossos profissionais sejam plenamente capazes de lidar com a evolução constante do segmento.

Veja bem, estamos diante de um dos menores custos para o sistema, cuja importância e grandeza são incontestes, seja no acesso, na atenção primária, no impacto na decisão médica, no custo evitável. Mas como é possível ressignificar a medicina diagnóstica? Um dos passos é a educação em saúde deste tema.

Precisamos que seja destacada a sua importância também na saúde suplementar, por meio de atualizações constantes. Os gastos das operadoras de saúde com medicina diagnóstica são relativamente menores do que outros gastos e de alto impacto para o bem-estar social e na economia em saúde.

*Roberto Santoro é Diretor Presidente do Grupo Pardini, empresa associada à Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed)

Aumento dos casos de monkeypox exige diagnóstico mais rápido e preciso

Atualmente, há pelo menos 50 mutações do vírus, por isso, a importância de ampliar a definição diagnóstica

Após o surto de covid-19, todas as atenções passaram a se voltar para a monkeypox, também chamada de varíola dos macacos, que está se espalhando em grande escala no mundo inteiro desde o início de maio de 2022. Já foram registrados 27 mil casos em 88 países, de acordo com o Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos Estados Unidos (CDC).

Primeiramente, os casos foram detectados no Reino Unido, Portugal e Espanha. No Brasil, são 1.860 confirmados, segundo dados divulgados pelo Ministério da Saúde na primeira semana de agosto, representando um aumento de 48% em relação à semana anterior. O estado de São Paulo está na liderança, seguido por Rio de Janeiro e Minas Gerais.

No dia 29 de julho, foi confirmada a primeira morte pela doença no Brasil. Era um homem de 41 anos com graves problemas de imunidade e que estava internado no Hospital Eduardo Menezes, em Belo Horizonte, MG. Importante ressaltar que a monkeypox é bem menos letal que a varíola dos humanos, erradicada em 1980. Segundo a Organização Mundial da Saúde, a letalidade é de 3% a 6%.

A Monkeypox é uma doença transmitida pelo ortopoxvírus, um poxvírus de circulação até então restrita a países africanos, onde as pessoas vivem perto dos animais da floresta que carregam o vírus. A transmissão se dá por meio do contato com animal ou humano infectado ou com material corporal humano contendo o vírus. Entre humanos se dá principalmente por meio de secreções respiratórias, lesões de pele ou objetos recentemente contaminados. O grande alerta é para evitar o contato íntimo e prolongado com quem tem a doença.

A data mais precoce de início dos sintomas no mundo foi em 17 de abril de 2022, sendo a maioria dos casos entre pessoas de 31 e 40 anos (42%) e do sexo masculino (99,6%). A maioria apresentou erupção cutânea e sintomas como febre, fadiga, dores musculares, vômitos, diarreia, calafrios, dor de garganta ou dor de cabeça.

A erupção na pele geralmente se desenvolve pelo rosto e acaba se espalhando para outras partes do corpo, incluindo os órgãos genitais, parecendo com varicela ou sífilis, a diferença é a evolução uniforme das lesões. Os quadros são normalmente brandos e não há necessidade de internação, mas a hospitalização pode ser necessária quando há grande desconforto e dificuldade de ingestão de água e/ou alimentos, dor na região anogenital ou infecção bacteriana secundária das lesões. O vírus é normalmente autolimitado e dura entre 3 e 4 semanas.

O aumento da incidência da doença pode ser explicado por quatro razões, segundo estudos do Núcleo de Enfrentamento e Estudos em Doenças Infecciosas Emergentes e Reemergentes (Needier) da Universidade Federal do Rio de Janeiro: a cessação da vacinação contra a varíola em 1980 e a queda da imunidade contra os ortopoxvírus; exposição maior ou mais frequente a espécies de animais transmissores; aumento da taxa de transmissão de humano para humano; e avanço na capacidade de diagnóstico e educação em saúde.

A gravidade da monkeypox pode ser maior entre crianças pequenas, mulheres e indivíduos imunodeprimidos, o que causa grande preocupação. Além disso, alguns casos não registram lesões da pele, apenas acometimento anal, ou seja, padrões completamente diferentes dos casos clássicos de monkeypox. Atualmente, há pelo menos 50 mutações do vírus, por isso a importância de ampliar a definição diagnóstica.

Diagnóstico

A recomendação mundial é que se expanda a capacidade diagnóstica, no entanto, no Brasil, ainda há limitações. O Ministério da Saúde instituiu quatro laboratórios públicos de referência capazes de fazer o diagnóstico. Todos estão localizados na região Sudeste e vão receber, inclusive, amostra de outros estados, o que pode atrasar os resultados.

Já está bem definido que o melhor material a ser colhido para o diagnóstico está nas lesões de pele, que têm alta carga viral, mesmo nove dias após seu surgimento. Importante friccionar muito bem o local para colher a quantidade suficiente. Outras recomendações são: não diluir, encaminhar refrigerado e não juntar coletas diferentes. Amostras de sangue, swab de orofaringe e urina também têm sua importância, mas possuem carga viral mais baixa.

A recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) é o diagnóstico molecular, que permite mais agilidade e precisão. Em países não endêmicos, é aceitável o diagnóstico por exame qPCR genérico para poxvírus, não necessariamente para monkeypox, no entanto, os laboratórios estão dando preferência a testes específicos.

Segundo Alex Galoro, diretor do Comitê de Análises Clínicas da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), pelo menos oito laboratórios associados à entidade realizam o exame específico para diagnóstico da monkeypox no país, atendendo a totalidade do território brasileiro. O qPCR, teste de biologia molecular que amplifica partes do DNA viral, é utilizado em vários países e recomendado pela OMS.

O tempo para obter o resultado dos testes costuma variar conforme a metodologia e os equipamentos utilizados, mas a execução em si leva em torno de 6h a 12h. A divulgação dos resultados é de 1 a 2 dias. Os testes de qPCR são bastante precisos, tendo uma sensibilidade e uma especificidade normalmente acima de 95%.

“Nossos associados representam mais de 60% de todos os exames efetuados na saúde suplementar no Brasil, inclusive apoiando pequenos laboratórios que coletam e enviam exames para análise dos grupos maiores. Com o passar do tempo e com o crescimento da demanda, pode haver novos laboratórios realizando esse serviço”, expõe Galoro. Ele enfatiza que quanto antes realizar o exame, melhor para o diagnóstico precoce, a fim de que as recomendações de isolamento e quarentena sejam seguidas.

Vale lembrar que esse exame não precisa de prescrição médica, mas é recomendado que seja indicado por um profissional de saúde após avaliação, inclusive para ver qual o tipo de lesão e fazer a orientação da necessidade e posteriormente do resultado do teste. “Até o momento, a doença não demonstra o mesmo potencial de aumento no número de casos que a covid-19, mas é importante seguir as informações e acompanhar os desdobramentos e as mudanças dos protocolos de saúde”, ressalta Galoro.

O Brasil deve receber as primeiras doses de vacina contra a monkeypox em setembro, segundo o Ministério da Saúde. Este lote deve conter 20 mil doses do imunizante Jynneos, da farmacêutica dinamarquesa Bavarian Nordic. Em outubro, um segundo lote deve chegar, com 30 mil doses da vacina. Apenas dois grupos receberão as primeiras doses: profissionais de saúde que manipulam as amostras colhidas de pacientes; e pessoas que tiveram contato direto com casos confirmados da doença.