A Saúde Conectada 5.0 e a era da Medicina Digital

Ideia de Saúde Distribuída vem tomando corpo de forma acelerada junto a uma telemedicina realmente conectada e organizada

30 de setembro de 2020

A pandemia da Covid-19 deixou clara para as instituições de saúde a necessidade de ter uma Telemedicina estratégica, com atuação estruturada e organizada para a prestação dos serviços de saúde – o que vai muito além da interação médico-paciente por uma ferramenta de videoconferência para tratar doenças. Vem tomando corpo, de forma acelerada, a ideia de uma Saúde Distribuída, com uma Telemedicina realmente conectada e organizada, para o atendimento aos indivíduos como uma prática de cuidados da saúde, especialmente na prevenção.

Para o Dr. Chao Lung Wen, líder do grupo de pesquisa em Telemedicina da USP, professor da FMUSP e reconhecida autoridade no assunto, a Telemedicina é irreversível em razão da própria transformação digital da sociedade, que ganhou um impulso extraordinário no momento que vivemos. Em recente webinar promovido pela SYNNEX Comstor, ele lembrou a questão da conectividade, que no Brasil caminha agora para a 5G. E isso significa, entre outras coisas, que estamos evoluindo para casas conectadas, o que se relaciona diretamente a casas inteligentes e ao que se poderia chamar de Internet das Coisas Médicas.

Nesse quadro, seria a hora de falarmos em Sociedade 5.0, uma vez que o conceito “Revolução Industrial 4.0”, originado no Fórum Econômico de Davos em 2011, teria sido ultrapassado, com a presença já tão disseminada em nosso cotidiano da Robótica, com aparelhos até para a limpeza doméstica, e da Inteligência Artificial, de que os aplicativos de trânsito são um bom exemplo. Na Saúde 5.0, que é a saúde conectada, o cuidado com o bem-estar das pessoas é mais do que somente o tratamento de doenças. E aí que entra a importância da Telemedicina.

Vale a pena começar pela explicação do que não é Telemedicina. Uma simples chamada de vídeo não caracteriza a Telemedicina. Ela também não é uma ferramenta ou apenas um processo estruturado. Em primeiro lugar, exige a educação digital do profissional de saúde e a pesquisa continuada para que seja possível a prevenção, especialmente quando nos damos conta do envelhecimento da população e do aumento de doenças crônicas. Segundo uma breve definição do Dr. Chao, a Telemedicina “é um método de investigação e cuidados não presenciais, usando recursos digitais interativos”.

Nesse sentido, as empresas que fornecem tecnologias e os profissionais que desenvolvem soluções específicas têm muito a contribuir. A Telemedicina requer uma série de elementos com os quais ainda não contamos, como aparelhos que possam se conectar com a casa das pessoas para aferir condições específicas de cada paciente. Ela precisa, antes de tudo, de sistemas capazes de integrar informações e interação com o paciente, para que o médico seja capaz de manter o compromisso de realmente cuidar da saúde do paciente.

Já existem avanços nessa direção,  aqui no Brasil. A Yoobot, uma empresa com foco no desenvolvimento de sistemas integrados para resolver questões ligadas a processos, já está oferecendo uma solução que utiliza o Cisco Webex Meetings e Cisco Webex Teams para proporcionar a utilização, em uma só plataforma para atendimento mais simples, confortável e eficiente ao paciente, sem que seja necessário o médico entrar em vários sistemas, com diferentes logins, durante uma consulta. Isso implica dispersividade, prejudicando a atenção ao paciente. Nos sistemas comuns de conferência, o próprio contato visual, tão importante para a avaliação diagnóstica, se perde enquanto o médico navega em busca de informações.

A ideia é oferecer às instituições médicas um sistema realmente inteligente, completamente seguro, que evite a redundância de dados, que seja capaz de aplicar as regras de negócios dos sistemas internos. Além disso, esse sistema cuida da chamada ao paciente, do seu agendamento de forma on-line e de uma consulta simples, sem esforço, proporcionando ao médico o acesso a todos os dados referentes ao cliente em atendimento. A coleta de informações a cada momento da interação é também um ponto importante que permitirá ao médico adotar decisões com base em dados sempre atualizados.

Estamos dando, com certeza, os primeiros passos em direção à implementação de uma nova organização da Telemedicina. Como já está claro, não haverá retrocesso. O que precisamos agora é acelerar o desenvolvimento de novas plataformas que sejam seguras, robustas e de fácil utilização, em benefício do médico e do paciente.

Por Adilson Wada – Healthcare Business Development Manager da SYNNEX Brasil

Abramed fala sobre impactos da pandemia e novos pleitos da medicina diagnóstica

Encontro virtual promovido pelo Banco Citi Brasil recebeu Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Associação

29 de setembro de 2020

Ultrapassando as barreiras do setor de saúde, Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) participou, dia 29 de setembro, de uma live do Banco Citi Brasil sobre a atual situação e as perspectivas do setor de medicina diagnóstica do país. Mediado por Tobias Stingelin e Leandro Bastos, respectivamente diretor e analista de research para Varejo, Saúde e Educação, o bate-papo trouxe detalhes sobre os impactos da pandemia e os atuais pleitos desse segmento essencial da saúde.

Depois de apresentar a Abramed e falar sobre a representatividade da Associação no mercado de saúde brasileiro, enfatizando que os associados são responsáveis pela realização de 56% de todos os exames feitos na saúde suplementar, Priscilla teve a oportunidade de falar sobre a evolução da medicina diagnóstica diante da pandemia de COVID-19.

“O setor de diagnósticos, que é prestador de serviços assim como os hospitais, foi muito impactado na pandemia. Os pacientes desapareceram das unidades e a queda no atendimento de laboratórios e clínicas chegou a 70%”, comentou a executiva mencionando que a rede privada de laboratórios foi muito eficiente e, logo que o primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus foi confirmado no Brasil, saiu em disparada para desenvolver os exames e, assim, poder testar a população o mais rapidamente possível.

Claro que uma pandemia dessas proporções também traz desafios diários para as equipes de saúde. Segundo Priscilla, um dos principais foi a disputa internacional por insumos. “Somos um setor dependente da indústria estrangeira e competimos com muitos outros países”, disse. No que diz respeito à importação, Priscilla comemorou o fato de que se por um lado tínhamos dificuldade em obter esses produtos do mercado externo, por outro o setor conseguiu duas vitórias junto Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): liberação dos insumos em apenas 24 horas (antes levava 10 dias), e isenção fiscal em mais de 200 itens.

Outro desafio mencionado por Priscilla durante o encontro virtual foi a interrupção da malha aérea e de problemas relativos ao transporte terrestre, o que colocou todo o setor em contato direto com o Ministério da Infraestrutura para minimizar os entraves, o que foi essencial.

Vencidos muitos empecilhos, na opinião da diretora da Abramed, houve uma evolução natural e gradual do combate à crise e, hoje, a situação soa praticamente normalizada. “O setor já segue rígidas regulações focadas na segurança do paciente. Passamos a comunicar as pessoas de que elas deveriam retomar seus cuidados com a saúde. Em junho começamos a ver um reaquecimento e hoje ainda não chegamos ao mesmo nível pré-pandemia, mas estamos muito perto disso”, declarou.

Como em toda crise, a pandemia de COVID-19 despertou a criatividade das empresas. “O que o setor tem feito para se reinventar”, questionou Stingelin. Priscilla mencionou a ampliação do atendimento na residência, com coletas domiciliares, e a vasta implementação do drive-thru, dando segurança e conforto para os pacientes. Paralelamente, mencionou uma certa competitividade prejudicial que fez com que houvesse muita irresponsabilidade na realização de testes em locais totalmente inapropriados. “Vimos testes para COVID-19 sendo feitos em postos de gasolina, conduzidos por profissionais que nem mesmo a máscara sabiam utilizar corretamente”, declarou. “Qual a procedência desses testes? Eles tiveram sua qualidade comprovada”, complementou.

Interessado em entender as lições que uma pandemia infecciosa como a do novo coronavírus gera em um setor tão importante da economia, Stingelin perguntou: “qual o grande aprendizado que veio para ficar e mudará a dinâmica do setor daqui para frente?”. Para Priscilla, a resposta está na telemedicina e na ampliação do diálogo entre todos os atores da complexa cadeia de saúde. “O telediagnóstico já existe há dez anos, mas a telessaúde como um todo, que a gente já desejava, foi acelerada e é um caminho sem volta. Assim como o diálogo que melhorou muito. Vimos muitas decisões serem tomadas a várias mãos e uma melhor comunicação com o governo”, apontou.

Novos pleitos do setor

Bastos questionou Priscilla sobre qual a atual agenda da medicina diagnóstica. Foi quando a executiva elencou os principais pleitos do segmento, começando pelas análises das Consultas Públicas 911 e 912 – que revisam a RDC 44, que regula as farmácias, e a RDC 302, responsável pelas diretrizes de funcionamento dos laboratórios clínicos – legislações que estão em andamento e visam a liberação de exames em farmácias e drogarias.

“Essa é uma discussão ampla, complexa, com prós e contras. Nosso setor entende que esse é sim um caminho, mas que não pode haver dois pesos e duas medidas. Caso as farmácias passem a realizar exames, deve haver regulação exatamente igual à que há para os laboratórios, até porque são justamente esses rígidos protocolos que garantem a segurança dos pacientes”, explicou.

Na sequência, Priscilla apresentou qual a percepção do setor quanto à atual Reforma Tributária que corre no Congresso Nacional, lembrando que laboratórios e clínicas de imagem apoiam a desburocratização, desde que haja neutralidade e que a essencialidade da saúde – bem como da educação – seja reconhecida. “As propostas que estamos vendo gerarão uma superoneração do sistema de saúde. Na medicina diagnóstica o aumento da carga tributária pode ultrapassar 40%. As empresas do setor, que não conseguirão arcar com suas folhas de pagamento, vão demitir e fechar; os beneficiários de planos de saúde vão ter dificuldade em manter seus convênios, migrando para o SUS; e o acesso ficará restrito independentemente da classe social das pessoas. É um problema que afeta todos”, explicou.

A executiva aproveitou a oportunidade para mencionar a campanha digital #aSaudeNaoPodePagarEssaConta e a aliança Saúde e Educação, formada entre os dois setores, para lutar pelo reconhecimento de sua essencialidade.

Oferecendo ambiente seguro e tecnológico, é possível atender todos os pacientes com confiança

Confira a entrevista com Carlos Figueiredo, do HCor, sobre telemedicina, COVID-19 e a importância de um setor unido e diverso

28 de setembro de 2020

É notório que a pandemia de COVID-19 impactou todos os setores e mudou muitos dos processos há anos consolidados. Com a tecnologia agregada ao DNA das corporações, a adaptação foi menos densa. Para Carlos Figueiredo, superintendente de Negócios e Operações do HCor, a telemedicina se tornou um dos pilares de inovação da instituição.

Paralelamente a esse avanço, que já fazia parte da realidade do hospital, mas foi alavancado pelo novo coronavírus, serviços de saúde tiveram de se movimentar a fim de criar um ambiente seguro para receber tanto pacientes com COVID-19 quanto pacientes que precisavam de consultas, exames e atendimentos para outras tantas doenças que nunca deixaram de se manifestar. E criar uma relação de confiança foi o que fez o HCor conseguir trazer esses pacientes de volta ao estabelecimento.

Nessa entrevista exclusiva para o Abramed em Foco, Figueiredo também fala sobre a importância de um setor unido e diverso para que a troca de experiências seja proveitosa.

Confira a entrevista completa.

Abramed em Foco – Em 2019, a Central de Telemedicina do HCor – que emite laudos à distância de exames de eletrocardiograma (ECG) para todo o país – completou 10 anos atingindo a marca de 1 milhão de laudos. O que a telemedicina representa para a instituição?

Carlos Figueiredo – Desde que começamos a atender aos usuários do SAMU através do Tele-Eletrocardiograma, muita coisa mudou na Telemedicina. Naquela época, o principal objetivo era levar atendimento qualificado a regiões onde não havia disponibilidade de profissionais e equipamentos para atender um caso de emergência cardiológica. Um cidadão de um município longínquo que sofria uma dor no peito e era atendido pela equipe do SAMU, realizando um eletrocardiograma em tempo real, com laudo feito aqui no HCor, por uma equipe médica altamente qualificada, com recomendação da melhor conduta de continuidade do cuidado, usando os protocolos mais atuais. Isso foi a diferença entre a vida e a morte de muitas pessoas. Atualmente, oferecemos outras modalidades de atendimento, como segunda opinião médica e consultas. A telemedicina é um dos pilares de inovação do HCor. É um caminho que a pandemia da Covid-19 consolidou.

Abramed em Foco – Há mais de um ano, o Conselho Federal de Medicina (CFM) regulamentou o atendimento online no Brasil e, com a pandemia de COVID-19, passamos a integrar essa realidade em nossa rotina. Quais ainda são os grandes desafios da telemedicina no país?

Carlos Figueiredo – Vejo a telemedicina como uma grande oportunidade de acesso, como no caso do Tele-Eletrocardiograma. Sabemos que há diversas regiões do país que são carentes de profissionais e equipamentos. Mas para a telemedicina disponibilizar todo o potencial que ela pode nos proporcionar, precisamos de infraestrutura de telecomunicações. Há lugares onde não temos banda larga de qualidade que nos permita fazer um atendimento em tempo real, seja para avaliar e laudar exames de imagens ou seja para uma avaliação de segunda opinião entre dois médicos. Outro desafio importante é cuidarmos para que não percamos o contato, o toque e tudo que compreende o processo do diagnóstico do paciente. De qualquer forma, esse é um aspecto que a tecnologia tem evoluído muito rapidamente. Antes pensávamos que a tecnologia iria nos afastar, hoje estamos mais próximos. Mesmo de longe.

Abramed em Foco – O Centro de Diagnósticos por Imagem HCor disponibiliza serviços como tomografia computadorizada, ressonância magnética, medicina nuclear, mamografia, MAPA, ecocardiograma e serviços de laboratório, entre outros. Durante a pandemia do novo coronavírus, muitos brasileiros estão deixando de realizar exames e de se prevenirem de outras doenças. Esses exames tiveram queda no número de realizações no CD HCor? Como a instituição está lidando com esse cenário?

Carlos Figueiredo – Assim como todas as instituições, precisamos construir fluxos específicos para pacientes Covid-19 e pacientes que denominamos do HCor+Seguro – ou seja, pacientes sem sintomas clínicos da doença. No primeiro momento, muitos pacientes, mesmo precisando realizar exames e outros procedimentos, deixaram de frequentar as instituições de saúde por medo de contrair a doença. Mas conseguimos construir fluxos seguros, de isolamento e distanciamento social, que transmitiram aos pacientes a segurança necessária para retomarem seus cuidados. Atualmente, conseguimos atender a todos, seja no fluxo da síndrome gripal ou no HCor+Seguro, com todas as regras e protocolos de proteção e segurança necessários.

Abramed em Foco – O Centro de Diagnósticos por Imagem do HCor reúne tecnologias avançadas e equipamentos de última geração. A inovação na esfera hospitalar é essencial, sobretudo para manter a competitividade da instituição no mercado. Em seu ponto de vista, o fortalecimento do setor está diretamente atrelado à inovação tecnológica?

Carlos Figueiredo – Diria que inovação e tecnologia são pilares do fortalecimento do setor. Com a evolução, temos conseguido oferecer uma gama cada vez maior de exames, com precisão e confiabilidade, embora o acesso a esses serviços ainda possa melhorar. Não é incomum um paciente precisar de um determinado exame e não encontrar locais onde realizá-lo. E, quando encontra, ou precisa se deslocar um longo tempo ou a disponibilidade de agenda não é imediata. O acesso é algo que ainda precisa evoluir em nosso sistema de saúde.

Abramed em Foco – Quais lições a Saúde pode aprender com a pandemia do novo coronavírus, especialmente a área de medicina diagnóstica?

Carlos Figueiredo – Diria que nossa maior lição foi entender que a velocidade de adaptação de processos e adoção de protocolos de segurança fazem a diferença. Foi necessário conquistar a confiança de nossos pacientes, através de medidas e ações concretas. Lembrem-se que, felizmente, os pacientes são bem informados e exigentes, conhecem os riscos da doença e sabem quando uma instituição de saúde está oferecendo medidas adequadas de proteção. Outro aspecto fundamental foi a capacidade de nossas equipes de lidarem com esses novos fluxos distintos. Como sempre, pessoas preparadas e engajadas são a receita do sucesso.

Abramed em Foco – Qual a importância de uma associação como a Abramed congregar serviços diversos dentro da área da medicina diagnóstica, incorporando desde hospitais, grandes grupos laboratoriais e até mesmo as pequenas empresas que atuam no segmento?

Carlos Figueiredo – A diversidade de experiências é fundamental. Aprendemos umas com as outras, através de compartilhamento de melhores práticas. E não importa o tamanho da organização, os problemas atingem a todos. A Abramed é um catalisador de processos. Isso faz com que o setor de medicina diagnóstica como um todo evolua. Ao mesmo tempo, a cooperação na troca de melhores práticas estimula a competição na oferta de melhores serviços aos nossos pacientes. É o que chamamos de coopetição. Cooperamos nas melhores práticas e competimos na conquista dos clientes através dos melhores serviços. No resultado final, ganham os pacientes.

Abramed em Foco – Este ano, a Abramed comemora 10 anos. Como associado, o que esperar da Associação para a próxima década?

Carlos Figueiredo – A Abramed já se consolidou como entidade representativa do segmento e como fórum de compartilhamento de melhores práticas, através dos diversos comitês e grupos técnicos. Espero que ela cresça no número de associados, para que, cada vez mais, outras organizações possam trilhar esses caminhos. Ganha o setor de medicina diagnóstica, ganha o setor saúde como um todo e, acima de tudo, ganham os nossos pacientes.

Presidente da Abramed fala ao Domingo Espetacular sobre regulamentação de laboratórios no país

O nosso presidente do Conselho de Administração, Wilson Shcolnik, participou da última edição do Domingo Espetacular, transmitida pela TV Record no dia 27/9, falando sobre a regulamentação no setor. Em reportagem, o telejornal denunciou um laboratório clandestino que realiza testes de covid-19 sem autorização no centro de São Paulo.

De acordo com o veículo, os exames realizados nesse labotarótio são adquiridos por estrangeiros, principalmente bolivianos, que querem deixar o Brasil durante a pandemia e precisam comprovar que não estão infectados pelo coronavírus. O Domingo Espetacular denuncia que a empresa não possuiu licença sanitária municipal ativa

“A legislação atual impõe desde requisitos de infraestrutura, como medições de sala, pias, lavatórios e macas, até a realização do controle de qualidade dos exames laboratoriais”, disse Shcolnik sobre a regulamentação do setor.

Assista a reportagem completa em: https://bit.ly/2HCMCl0

Expectativa x Realidade – Quais os pontos de discordância da CP 912?

Encontro virtual promovido pela LabRede coloca em debate a nova consulta pública proposta pela Anvisa que considera a realização de exames fora dos ambientes laboratoriais

25 de setembro de 2020

Na noite de 24 de setembro, três especialistas da área laboratorial estiveram reunidos em um debate virtual promovido pela LabRede para discutir a Consulta Pública 912, que envolve a revisão da RDC 302 e impacta diretamente o setor de medicina diagnóstica. Mediada por Roberto Joji Kimura, biomédico e CEO da Sancet Medicina Diagnóstica; a conversa recebeu Luisane Vieira, médica patologista clínica, auditora e consultora em gestão de qualidade; e Wilson Shcolnik, médico patologista clínico e presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

O webinar traçou um paralelo entre a expectativa do setor quanto à revisão da RDC 302 e a realidade que está se construindo com base na proposta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Foram colocados todos os principais pontos de discordância do segmento quanto à essa legislação.

Quando o setor analisou o texto da CP 912, na opinião de Shcolnik, o primeiro sentimento foi de espanto e preocupação, visto que foram muitas as solicitações para que a revisão da RDC 302 entrasse na agenda, mas o texto apresentado para a consulta pública deixa de considerar muitos dos apontamentos dos laboratórios clínicos. Porém, na visão do presidente da Abramed, vivemos um momento oportuno para que todos estejam unidos em prol de uma única batalha.

“Esse cenário criou uma oportunidade para que as entidades se aglutinassem em torno desse tema. É um momento importante para a história das análises clínicas”, enfatizou ao mencionar que uma recente reunião com a Anvisa para tratar especificamente desse assunto contou com a participação do Conselho Federal de Medicina (CFM), Conselho Federal de Farmácia (CFF), Conselho Federal de Biomedicina (CFBM), Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC), Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), Confederação Nacional da Saúde (CNSaúde), Associação Brasileira de Biomedicina (ABBM), além da Abramed e de vários sindicatos de várias regiões do país.

Um dos primeiros pontos de estranhamento apresentados no debate diz respeito a mudanças diretas no cenário de exames laboratoriais. “A impressão que tivemos foi que há um movimento para realização de exames laboratoriais em configurações diferentes das atuais, uma ampliação para que esses exames possam ser realizados por outras entidades como se análise clínica fosse uma atividade que pode ser feita por qualquer pessoa e em qualquer equipamento”, comentou Luisane.

Concordando com essa percepção, Shcolnik enfatizou a relevância das análises clínicas, atividade responsável por exames preditivos, confirmação de diagnósticos, definição e monitoramento de tratamentos e, inclusive, pela medicina personalizada, um grande avanço da saúde que depende dos resultados laboratoriais para ser constituída. “Nos sentimos desprestigiados diante dessa nova proposta”, apontou.

Testes Laboratoriais Remotos – TLR

Os Testes Laboratoriais Remotos (TLR), também conhecidos por sua terminologia em inglês Point-of-Care (POCT), existem há décadas no mercado e já eram mencionados na RDC 302. Com essa nova consulta pública, o assunto volta ao debate. “Nós que trabalhamos em laboratórios clínicos sabemos das virtudes e dos problemas desses testes, então a questão mercadológica não nos assusta”, explicou Shcolnik. Na visão do executivo, o problema está na forma como esses testes são realizados. “Temos visto exames sendo feitos em farmácias, mas também em outros locais como postos de gasolina, consultórios odontológicos e até pet shops. Será que todo mundo tem capacitação para realizar um exame, por mais simples que seja o dispositivo?”, questionou lembrando que o setor de laboratórios é um setor regulado com muita rigidez e que deve permanecer assim para que os interesses sanitários e populacionais sejam plenamente atendidos.

Para os especialistas, um dos pontos mais importantes e que precisam ser questionados está em quais exames serão permitidos fora do ambiente laboratorial. “Uma tira reagente de urina, uma pesquisa de sangue oculto nas fezes, uma glicemia em sangue capilar, são exemplos com equipamentos e sistemas de operação simples onde o risco é considerado tolerável para que seja executado sem toda a regulamentação que o laboratório clínico deve atender”, disse Luisane antes de explicar por qual motivo os TLRs são considerados complexos.

“Podemos fazer um teste para dengue em uma campanha de saúde de forma remota e podemos fazer dentro do laboratório. É o mesmo teste. O que caracteriza o TLR é que o resultado será entregue sem passar por toda a cadeia que o laboratório executa antes da geração do laudo. O resultado é imediato e por isso é de alto risco”, explicou.

Complementando esse raciocínio, Shcolnik, que é médico patologista clínico, questionou até onde a Anvisa pretende liberalizar os testes. “Hoje temos TLR até para biologia molecular e metodologias mais complexas. É desejo da Agência liberar todos os tipos de testes fora do ambiente laboratorial? Será que a população estará segura para receber resultados com essa complexidade?”, questionou.

Segundo o executivo, a própria consulta pública conta com documentos e estudos internacionais que mostram que os outros países impõem limites claros. “A Inglaterra permite a realização apenas de glicemia, colesterol, gripe e hepatites A e B nas farmácias. Na Escócia, o documento diz que farmácias podem realizar apenas testes de gravidez e de HIV. Já a França autoriza a realização desses testes fora dos laboratórios para glicemia, influenza e estreptococos do grupo A”, apontou.

O que está por trás da limitação? São criadas categorias para os testes remotos com base em diversos critérios como conhecimento, treinamento, experiência; preparação de materiais e de reagentes; e características dos espaços operacionais. Além disso, a liberação dos exames também obedece a critérios como calibração, controle de qualidade, ensaios de proficiência, resolução de problemas comuns, manutenção dos equipamentos, interpretação e julgamento de resultados. “Tanto o local quanto a pessoa que vai realizar esses testes fora do ambiente laboratorial devem atender a todos esses requisitos que servem para categorizar os exames”, completou Shcolnik.

Programas de ensaio de proficiência, inclusive, são fundamentais, na opinião do executivo, para que os diferentes kits que apresentam desempenho variável tenham essas diferenças evidenciadas e possam ser sinalizados aqueles com melhor qualidade.

Expectativa x Realidade

Shcolnik se mostrou confiante. “Acredito que com os dados que apresentamos à Anvisa e com todo o nosso conhecimento para contribuir com uma revisão saudável da RDC 302 chegaremos a um bom termo que levará benefícios para todos nós, profissionais sérios que atuam em laboratórios clínicos, e para todos os pacientes que recorrem aos nossos serviços”, disse.

Parafraseando Ariano Suassuna, Luisane disse que “o otimista é bobo, o pessimista é chato e bom mesmo é ser um realista esperançoso”. Para ela, é preciso entender o atual cenário e se posicionar. “Gostaria que todos lessem a CP 912 e comparassem com a RDC 302 e que se manifestassem”, comentou ao incentivar que tanto pessoas físicas quanto pessoas jurídicas acessassem a consulta pública para opinar.

Encerrando o webinar, Kimura questionou: “qual vai ser o desfecho disso tudo?”. Segundo ele, o momento é dinâmico e trará muito aprendizado e conhecimento para todos.

Ambiente acolhedor, multidisciplinar e envolvimento de todos os atores contribuem para experiências positivas na saúde

Quarto encontro da série #DiálogosDigitais Abramed tratou da experiência na jornada do paciente

24 de setembro de 2020

Colocar o paciente no centro do cuidado já é uma percepção fundamentada na saúde. Hoje, mais do que permitir que ele protagonize seu próprio atendimento, as instituições de saúde estão preocupadas em como esse paciente enfrenta toda a sua jornada. Impactos da pandemia, valor, inovações e tecnologia foram os temas abordados no quarto episódio da série #DiálogosDigitais Abramed, encontro virtual realizado na tarde de 22 de setembro.

O debate contou com profissionais com ampla expertise para a construção de um bate-papo positivo sobre o tema. Participaram Adriano Caldas, general manager da Guerbet do Brasil; Luis Natel, CEO do Grupo Oncoclínicas; e Maria Alice Rocha, diretora-executiva de Pessoas e Experiência do Cliente da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. A conversa foi moderada por Ademar Paes Junior, membro do Conselho de Administração da Abramed e sócio médico radiologista da Clínica Imagem.

“Nesse ano de 2020 é impossível não falarmos sobre o impacto de toda a transformação impulsionada pela COVID-19 na jornada e na experiência do paciente”, disse Ademar ao abrir o diálogo, dando a oportunidade para que os palestrantes comentassem como o novo coronavírus transformou suas atividades e qual a percepção de seus pacientes diante desses inúmeros desafios.

Na visão de Natel, que está habituado a gerenciar pacientes oncológicos e, por isso, com múltiplas necessidades distintas, o fato do Grupo Oncoclínicas ter investido no estabelecimento de um bom processo de governança, com um comitê de crise que permitiu decisões ágeis, foi fundamental para que os pacientes continuassem tendo acesso integral aos seus tratamentos. “Conseguimos manter a linearidade de tratamento dos nossos pacientes durante a pandemia. Temos uma tabela de controle daqueles que não compareceram nos últimos meses e esses poucos não vieram ou por ter alguma outra comorbidade mais importante ou por ter sido internado por COVID-19. Mas todo o restante, a maioria, em 15 dias do início da pandemia já tinha retornado aos seus tratamentos”, pontuou enfatizando que o câncer não espera a pandemia passar para surgir e se agravar.

Na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, que tem três unidades hospitalares espalhadas por São Paulo, a pandemia trouxe impactos de grandes dimensões, porém um bom alinhamento interno entre as equipes e o corpo clínico permitiu que os pacientes sentissem segurança na instituição para retomar os tratamentos. “A nossa relação direta com os pacientes e a proximidade deles com todas as especialidades deram a sensação de segurança que eles precisavam”, disse Maria Alice.

Complementando esse raciocínio, Natel estende essa visão de acolhimento aos familiares e acompanhantes, principalmente quando se trata do setor de oncologia. “No nosso caso, cada paciente tem suas necessidades pessoais. Além disso, o câncer afeta o contexto completo da família. Por isso é preciso manter a proximidade tanto com o paciente em si quanto com quem o acompanha, compartilhando detalhes sobre o tratamento, os efeitos adversos e qual a importância do apoio familiar durante todo o processo”, comentou. Além disso, o presidente enfatizou que o grupo está diariamente questionando os pacientes sobre suas experiências de atendimento em todas as etapas a fim de identificar falhas e potenciais melhorias.

Tecnologia como aliada

Para a executiva da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo, a construção do bom relacionamento entre paciente e hospital pode ser ampliada por meio da tecnologia. “Credibilidade se cultiva todos os dias. E quando o paciente precisa da instituição para receber a segurança necessária e seguir com seu tratamento é que essa credibilidade é testada. No momento em que a relação entre médico e paciente já está próxima e consolidada, baseada em confiança mútua, a tecnologia chega para facilitar”, declarou Maria Alice ao mencionar a adesão à telemedicina.

Muita dessa tecnologia que ganhou corpo durante a pandemia nasceu por conta das adversidades na opinião de Caldas, da Guerbet do Brasil. Para o especialista, ao reduzir muitos dos passos burocráticos e permitir que o trâmite dentro do hospital seja mais acelerado, há ganho para todos os envolvidos, inclusive para o paciente. “Até mesmo o checkin do paciente, que antes envolvia vários passos após ele entrar no hospital e agora é feito grande parte de forma remota e antecipada, traz benefícios. São mudanças que surgiram e que não vão desaparecer após a COVID-19. Elas vão permanecer”, declarou.

Multiprofissional e multidisciplinar

A jornada do paciente depende de uma boa integração entre todos os elos da cadeia de saúde. “Quando falamos em ter uma equipe multidisciplinar pensamos na necessidade de envolvimento do médico, que é parte fundamental dos tratamentos, mas também dos técnicos de enfermagem, dos enfermeiros, dos farmacêuticos e psicólogos”, disse Natel ao relatar que todos esses trabalhadores precisam estar alinhados com o propósito de construir um ambiente acolhedor e seguro.

Porém, não adianta ter todo um ambiente preparado se o paciente não tem acesso correto a ele. Quando o assunto foi a mudança de comportamento desse paciente nos últimos tempos, Maria Alice mencionou que percebe sim uma alteração na forma como o paciente busca o atendimento, que muitas vezes se concentra no pronto-socorro. “Historicamente falando, a dificuldade de acesso para chegar a uma consulta levava muitas pessoas a buscar atendimento no pronto-socorro a fim de evitar os dias de demora para agendar e conseguir uma consulta. Quando temos uma oferta completa, acesso facilitado para o serviço certo e uma perspectiva de cuidado contínuo, essa migração passa a ser natural e representa um enorme ganho para o paciente, que começa a ter um serviço integrado”, completou.

Para Caldas, a indústria também tem atuação muito relevante na construção dessa jornada positiva que ultrapassa a inovação e a melhoria de processos, o que mostra que além de multidisciplinar dentro dos preceitos da medicina, é preciso que o engajamento seja multiprofissional. “Nosso papel, como indústria, não é somente oferecer produtos de alta qualidade e que promovam a segurança dos pacientes, mas trabalhar em conjunto com todos os atores em protocolos adequados e indicações corretas para o melhor uso daqueles produtos”, esclareceu.

Para finalizar, Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed, a pedido do presidente do Conselho de Administração da entidade, Wilson Shcolnik, solicitou que os participantes resumissem em uma só palavra um valor principal que constrói a jornada positiva do paciente. Maria Alice escolheu “boa saúde”; Adriano apontou “respeito”; Natel definiu como “propósito”; e Junior escolheu “confiança”.

O bate-papo completo deste episódio está disponível no canal do YouTube da Abramed (clique AQUI para assistir) e a próxima edição está marcada para 6 de outubro e trará, como tema principal, “O futuro dos suprimentos de saúde”.

Entre mudanças e adaptações, tecnologia em saúde encontra espaço para crescer na crise

Confira a entrevista com Luciano Chieco, diretor de TI da Aspect Mídia, sobre os impactos da pandemia no segmento

24 de setembro de 2020

Adaptar-se é necessário. Principalmente em épocas de crise como a que vivemos agora, sob a pandemia de COVID-19. Nessa entrevista exclusiva para o Abramed em Foco, Luciano Chieco, diretor de TI da Aspect Mídia, desenvolvedora de tecnologias, soluções e sistemas, fala sobre suas percepções diante do novo coronavírus e reforça que a adaptação se faz sempre necessária para a sobrevivência e o desenvolvimento dos negócios.

Atuando fortemente na área da saúde durante os últimos meses, inclusive presencialmente para sanar necessidades de seus clientes, a Aspect Mídia assistiu a mudanças em seu ambiente de negócios. Internamente, investiu em estrutura física, capacitação da força de trabalho e adaptação de portfólio. Externamente, acompanhou parceiros e fornecedores diversificando suas atividades. Com boas perspectivas para o primeiro semestre de 2021, Chieco também fala sobre alterações culturais como a adesão à telemedicina e ao home office.

Confira a entrevista completa.

Abramed em foco – Hoje, quais os grandes desafios que vocês enxergam ao atuar na área da saúde?

Luciano Chieco – Um grande desafio é manter soluções de vanguarda e de alta tecnologia no SICS (Sistema Inteligente de Chamada de Senha), que é o nosso produto para gestão de atendimento em hospitais, clínicas e laboratórios, com investimentos constantes e de retornos nem sempre palpáveis em P&D (Pesquisa e Desenvolvimento), porém cuidando para controlar e otimizar os custos de tais soluções. Manter nossa posição no mercado e buscar expandi-la, sempre fazendo mais por menos. Outro desafio é a gestão dos recursos humanos, tentando controlar o turn over, desenvolvendo e retendo talentos e mantendo o time motivado e produtivo mesmo em situações adversas, como o atendimento nesta época de pandemia, que naturalmente traz insegurança e incerteza a todos.

Abramed em foco – Como parceira, o que a Aspect Mídia espera da Abramed para auxiliar a vencer esses desafios?

Luciano Chieco – Esperamos, como parceiros da Abramed, seguirmos alinhados com as expectativas e demandas do mercado de medicina diagnóstica, do qual somos fornecedores com o SICS há 25 anos. Esta parceria reflete o compromisso da Aspect com este setor, sempre atenta ao que está em andamento e à evolução nos centros de excelência que são os associados da Abramed. Esperamos que a Abramed siga nos proporcionando um posicionamento premium junto a seus associados.

Abramed em foco – Como ficaram os negócios em saúde da Aspect Mídia durante a pandemia?

Luciano Chieco – Como parte da cadeia produtiva de serviços essenciais, não paramos um só dia e seguimos atendendo nossos clientes normalmente, não em home office e sim presencialmente em campo, às vezes nas mais adversas situações. Alguns negócios sofreram interrupções e queda na demanda. Outros, entretanto, tiveram aumento de demanda, com atuações da Aspect Mídia na implantação de gripários e covidários, estruturas de atendimento temporárias e permanentes para enfrentamento da pandemia.

Abramed em foco – Vocês investiram em adaptação das atuais soluções? Ou mesmo na criação de novos produtos?

Luciano Chieco – Investimos e nos adaptamos fazendo alterações em nossa estrutura física e na capacitação do time em relação aos protocolos vigentes para prevenção e manejo do contágio no ambiente profissional e em casa, com cada família. Adaptamos também alguns produtos e sistemas, como por exemplo a inclusão de dispenser automático de álcool gel em nossos totens de autoatendimento.

Abramed em foco – E como ficou a relação com os fornecedores?

Luciano Chieco – Tivemos consultas e ofertas de fornecedores habituais e de novos para incluirmos em nossa linha de produtos alguns itens que estavam em pico de demanda, como EPIs (máscaras, toucas, aventais e propés), totens de aferição de temperatura e totens mecânicos de álcool gel. Às vezes estas ofertas chegaram de forma bastante inusitada, como por exemplo um fornecedor nosso de mecânica de precisão que passou a nos oferecer máscaras de proteção após ter adaptado sua linha de produção para este novo item. Houve também um fabricante de biquínis que nos procurou e nos trouxe boa oferta de EPIs que poderíamos distribuir para hospitais e laboratórios que já são nossos clientes. Escutamos todas estas ofertas e optamos por não ampliar nossa linha com tal diversificação, especialmente acreditando que o pico de demanda logo se acomodaria com a entrada de diversos fornecedores para estes produtos, o que poderia levar a margens muito pequenas. Optamos sim por seguir focados nos produtos e soluções em que somos especialistas, aprimorando ainda mais o SICS e outras soluções que já temos e para as quais temos total domínio. Acreditamos ter sido uma decisão acertada e seguimos firmes em nossos propósitos, produtos e soluções.

Abramed em foco – E o que esperam para o segundo semestre? Mudaram a estratégia de negócios por conta da crise?

Luciano Chieco – Esperamos que o mercado como um todo se reaqueça. Historicamente, os segundos semestres são mais volumosos, em termos de negócios, do que os primeiros. Porém, estamos passando por um ano mundialmente atípico e acreditamos que os investimentos retornem com mais força a partir do primeiro semestre de 2021. Já sentimos uma certa movimentação do mercado no sentido de retomada do crescimento e de investimentos, porém ainda nos traz preocupação o universo de pessoas que perderam seus empregos e seus negócios, o que pode se refletir em queda da demanda no setor de saúde privada, com a diminuição dos que são atendidos por convênio ou seguro saúde de seus empregadores. Seguimos fazendo nossa parte, atentos também ao cenário político que se desdobrará das eleições municipais deste ano. Temos linhas de produtos que não se aplicam ao setor de saúde, nos quais houve bastante retração e onde já observamos leve melhoria, incluindo a retomada do que ficou represado.

Abramed em foco – Acha que a pandemia deixa um legado para o setor de saúde no Brasil? Quais os aprendizados?

Luciano Chieco – A pandemia deixa um legado a todos. Lições aprendidas de solidariedade, novas formas de trabalhar, novas formas de renda em substituição ao que era certo e, de repente, se perdeu. Novas formas de se relacionar no trabalho, na família e entre amigos. Algumas ideias que se apresentavam como tendências mas com muita incerteza e dúvidas sobre sua efetividade e receptividade, como o home office de forma ampla, a telemedicina, reuniões de trabalho virtuais e online e o home school, tiveram de ser postas em prática e implementadas às pressas, passando por cima de preconceitos e quebrando paradigmas em tempo recorde.

Abramed em foco – Foi a emergência que instalou essas novas realidades como a telemedicina e o home office?

Luciano Chieco – Se a telemedicina se desenhava como uma opção para o futuro, acreditada por alguns e duvidada por outros, de forma repentina tornou-se, muitas vezes, a única opção de atendimento clínico. Consolidou-se, mostrando seus prós e contras. Softwares, processos e procedimentos foram criados para viabilizá-la e seguem sendo aprimorados constantemente e com grande velocidade. Home office é outro exemplo idêntico, também colocado em prática às pressas no setor de saúde e que, entre dúvidas e certezas, acertos e erros, melhorias de processos e de sistemas, tem mostrado seu valor e certamente seguirá como legado, balanceado em modelo híbrido com o trabalho presencial e de reuniões tradicionais, que mantenham o relacionamento interpessoal seguro e saudável, quando a pandemia se for.

Abramed em foco – A Abramed acaba de completar 10 anos de atuação no segmento de medicina diagnóstica. Qual mensagem você deixa para a instituição?

Luciano Chieco – Que venham mais 10 e mais 10 e mais 10 deste trabalho tão importante, executado de forma brilhante por todos os que já passaram e que continuam na Abramed ao longo desta década! Parabéns! O setor de Medicina Diagnóstica, unido pela Abramed, é mais forte e trilha de forma ordenada seu melhor caminho! Esta união e uniformidade certamente se traduzem em benefício para quem é o foco de tudo isso: os clientes finais, cidadãos do nosso país. É uma honra e um prazer contribuirmos juntos e diariamente para a saúde do Brasil, setor unanimemente tão carente. Contem conosco nos desafios presentes e futuros!

Efeito cascata: Reforma Tributária aumentará custo de exames em até 10%, dificultando diagnóstico precoce

Com R$ 3,6 bilhões de impostos a mais ao ano, laboratórios e clínicas de imagem preveem que os preços ao consumidor final podem aumentar até 10%; mensalidades dos planos de saúde ficarão insustentáveis, levando milhares de pessoas para o já sobrecarregado sistema público, e o país dependerá cada vez mais de tecnologias importadas para diagnóstico e tratamento de doenças

16 de setembro de 2020

A proposta de Reforma Tributária apresentada pelo Governo Federal ameaça a saúde de forma generalizada. Sem reconhecer a essencialidade desse setor, o texto considera a unificação de PIS/Pasep e Cofins sob uma alíquota única que aumentará drasticamente a carga tributária de instituições de saúde e ampliará ainda mais as dificuldades de acesso já existentes.

No setor de medicina diagnóstica – indispensável para que doenças sejam identificadas precocemente e, assim, os tratamentos sejam mais efetivos bem como os pacientes tenham maior chance de recuperação –, os custos tributários podem subir até 40,4%. Isso representa aumento médio de R$ 3,6 bilhões ao ano para laboratórios e clínicas de imagem; para o paciente, exames até 10% mais caros.

Portanto, assistiremos a um efeito cascata com impactos que se espalham por toda a cadeia.

Impactos para o paciente

Caso laboratórios e clínicas tenham mais R$ 3,6 bilhões de custo com impostos ao ano, impreterivelmente haverá repasse de parte desse valor para operadoras de saúde. Segundo a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), pode haver aumento de até 10% no custo dos exames. No final, o consumidor e as empresas contratantes dos planos de saúde pagarão a conta.

“É impossível afirmarmos exatamente qual será o impacto em cada tipo de exame e em cada prestação de serviço pois cada laboratório e clínica de imagem terá liberdade para decidir como reorganizará suas contas. Dessa forma, poderão ocorrer cortes na força de trabalho qualificada, aumento do preço de exames individuais e de alta complexidade, redução da oferta, incremento no custo geral de todos os procedimentos, entre outros. Mas acreditamos que, de forma geral, os exames podem sofrer com até 10% de aumento”, explica Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed.

Dessa forma, os planos de saúde tendem a ficar mais caros. Segundo a CNSaúde, as mensalidades podem subir 5,2%. Esse aumento é muito expressivo, principalmente quando consideramos que, no Brasil, 67,4% dos planos de saúde são empresariais, ou seja, ofertados pela empresa contratante ao colaborador. Para as empresas, esse custo pode tornar o benefício inviável. E, para os cidadãos que contratam planos individuais, o cenário não será diferente. Dessa forma, estudos da CNSaúde sugerem perda potencial de até 500 mil beneficiários de planos de saúde. Ou seja, mais 500 mil pessoas passarão a depender totalmente do Sistema Único de Saúde (SUS).

O SUS, que, na teoria, oferece atendimento universal a todo cidadão brasileiro, já sofre com a demanda atual pelo orçamento insuficiente e pela falta de infraestrutura para suportar todos os atendimentos, o que torna a rede suplementar parte fundamental do sistema de saúde nacional. No pós-pandemia de COVID-19, exatamente quando a saúde pública precisará de esforços para se recuperar, poderá receber um fluxo maior de pacientes. Com o desequilíbrio entre oferta e demanda, o cenário tende a piorar.

Hoje temos uma fila de espera para realização de exames na rede pública com prazos maiores do que os estabelecidos na saúde suplementar e, com a Reforma Tributária aumentando o custo da rede privada e dificultando o acesso, a expectativa é de que essa espera aumente ainda mais.

Somente em 2019 o governo sancionou a Lei nº 13.896, que estabelece o prazo máximo de 30 dias para a realização de exames que comprovem o diagnóstico de câncer dentro do SUS; no entanto, para demais patologias e tratamentos, não há previsão para realização desses procedimentos. “Diagnóstico precoce salva vidas. Prevenção é o caminho para a saúde populacional, e cada dia a mais de espera por um exame acarreta atrasos na confirmação de diagnósticos, agravamento do quadro e diminuição das chances de desfechos positivos nesses pacientes”, pontua Priscilla. O diagnóstico tardio é um dos principais entraves à boa recuperação e a um prognóstico positivo.

Impactos para a economia

Com aumento de mais de 40% na carga tributária, impreterivelmente muitas empresas de medicina diagnóstica não conseguirão se manter em funcionamento. Com o fechamento de unidades pelo país, há uma tendência de aumento do vazio assistencial já identificado em uma nação continental como o Brasil. Ao pensar no câncer de mama, por exemplo, que segundo o Inca deve acometer mais de 66 mil mulheres em 2020 no Brasil, temos um cenário já complexo com que lidar. E ele tende a piorar.

Hoje, dados do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico mostram que, dos 5.570 municípios brasileiros, apenas 1.217 (21,8%) possuem ao menos um equipamento de mamografia. Entre esses, o número aproximado de mamógrafos é de 4,7 por cidade, em média. Do total de 5.723 mamógrafos em uso distribuídos no país em dezembro de 2018, 11,4% concentravam-se nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, com um total de 652 unidades. A região Sudeste concentra quase 47,44% dos aparelhos do país, tanto na esfera pública como na privada. Em seguida vem Nordeste (22,2%); Sul (15,7%), Centro-Oeste (8,5%) e Norte (6%).

Se o interior do país sofrer com o fechamento de unidades, essas populações regionais terão ainda menos chances de realizar seus exames preventivos em dia.

Além disso, há o impacto direto na economia. Em 2018, o mercado de medicina diagnóstica foi responsável pela manutenção de mais de 250 mil postos de trabalho. “Com unidades fechando, laboratórios e clínicas precisando reajustar suas contas para englobar esse aumento bilionário, é inevitável dizer que a Reforma Tributária, nos moldes em que vemos hoje, levará a uma nova onda de desemprego no setor”, esclarece Priscilla.

Impactos na medicina

O setor de saúde é altamente dependente de investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação. Com o aumento de custos tributários, as grandes empresas do setor, responsáveis por evoluções muito importantes no diagnóstico, terão menos chance de investir em novas tecnologias de diagnóstico.

Um exemplo muito importante de como esse investimento é fundamental está ocorrendo agora mesmo no país, diante da pandemia de COVID-19. Assim que o primeiro caso de infecção pelo novo coronavírus foi confirmado no Brasil, as grandes redes privadas de laboratórios desenvolveram, in house, os kits para diagnóstico da doença. Em um cenário de disputa global por insumos, de incertezas e que exigia tomada rápida de decisão, essa capacidade interna de produzir os exames foi fundamental.

Na sequência, esses mesmos laboratórios seguiram buscando alternativas diagnósticas para aumentar a capacidade de testagem do país e, hoje, já foram criados outros métodos para detecção da COVID-19 na fase aguda, o que tem sido indispensável para a estratégia de contenção da transmissão do vírus.

Além disso, sem investimento interno, ficamos mais uma vez dependentes de importações e vimos recentemente como essa dependência é prejudicial à saúde da população e ao desenvolvimento da indústria nacional.


Testes, colaboração e retomada são palavras-chave do atual cenário da medicina diagnóstica

Abramed participou de painel do IX Congresso Brasileiro Fenaess Online para debater o que o setor vive e quais os desafios futuros

16 de setembro de 2020

Ainda em curso, a pandemia do novo coronavírus desperta muitos questionamentos, entre eles quais serão os desafios da saúde quando o vírus estiver controlado. Para debater esse assunto, dedicando especial atenção ao setor de diagnóstico, o IX Congresso Brasileiro Fenaess (Federação Nacional dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde) convidou a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), representada por Priscilla Franklim Martins e Claudia Cohn, respectivamente diretora-executiva e membro do Conselho de Administração da entidade, para um debate junto a Fábio Brazão, diretor da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), e Christiane do Valle, presidente da Federação dos Hospitais, Laboratórios, Clínicas de Imagem e Estabelecimentos de Serviços de Saúde no Estado de Goiás (Fehoesg).

O encontro virtual realizado na tarde de 11 de setembro, colocou em pauta qual a atual situação da medicina diagnóstica em tempos de COVID-19, para onde o setor está indo e quais as perspectivas futuras desse mercado altamente relevante para a saúde populacional. Priscilla, da Abramed, fez a mediação e, na sequência das apresentações, moderou as perguntas que chegarão virtualmente.

A primeira a se apresentar foi Claudia Cohn, que também é diretora-executiva da Dasa e membro do Conselho de Medicina Diagnóstica da CNSaúde, que traçou um rápido histórico dos últimos seis meses. Segundo a executiva, o Brasil seguiu todas as diretrizes internacionais no que diz respeito à testagem, mas ainda assim vivenciou um percurso diferente de países europeus no combate ao novo coronavírus. Por esse motivo precisamos ficar atentos ao que está acontecendo em outras nações a fim de compreender como serão as próximas fases da pandemia por aqui.

Claudia também falou sobre as dificuldades enfrentadas. “No início, vivemos a ausência de insumos e de testes, fazendo com que os recursos fossem destinados às pessoas com mais necessidade. Seguimos com o RT-PCR, padrão ouro para diagnóstico da COVID-19, e vimos os sorológicos ganharem espaço na medida em que apresentavam reprodutibilidade adequada em relação à sensibilidade”, pontuou.

Ao entrar no assunto dos testes sorológicos, Fábio Brazão citou o Programa de Avaliação de Kits para SARS-CoV-2, uma iniciativa da Abramed e da SBPC/ML junto com a Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL) e a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) para validar os kits de testes disponíveis no mercado nacional. “Temos visto exames sorológicos com boa acurácia, sensibilidade e especificidade, o que traz mais confiança aos colegas da saúde e à população em geral”, pontuou enfatizando que os resultados das avaliações são públicos e podem ser acessados por meio do portal testecovid19.org.

Além disso, explicou qual o atual cenário de acesso aos testes ao dizer que desde o início da pandemia a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) incluiu o teste molecular RT-PCR no rol de procedimentos obrigatórios e que, nas últimas semanas, acrescentou também os sorológicos de anticorpos totais e de IgG como exames de cobertura obrigatória.

Vacina, telemedicina e globalização

Ao seguir com sua apresentação, Claudia entrou na temática da tão esperada vacina, reforçando que essa discussão é extremamente relevante até por fortalecer a pesquisa e desenvolvimento em saúde, e na mudança de comportamento dos pacientes e do corpo clínico. “O usuário da saúde mudou suas expectativas e a forma como usa os serviços. Enquanto isso, os médicos também tiveram de se adaptar à telemedicina, que veio para ficar ampliando o acesso e trazendo mais possibilidades aos pacientes”, apontou.

Segundo Claudia, os pacientes aprenderam a escolher quando precisam de uma consulta presencial e quando podem apelar à saúde digital. E, no âmbito dos exames, passaram a usar mais a coleta domiciliar, inclusive de exames de imagem. “Não tem como darmos um passo para trás. Essa é a nova realidade e toda colaboração se faz necessária para caminharmos juntos, inclusive, com órgãos reguladores”, disse.

Sobre a incorporação tecnológica, a executiva acredita que “apesar da pandemia ser triste para o mundo inteiro, ela trouxe oportunidades de avanços em equipamentos, pesquisa clínica, insumos, vacinas e exames”.

Já Brazão adentrou aspectos relacionados à globalização que, na sua opinião, desponta como uma faca de dois gumes. “Sabemos que a globalização traz benefícios, mas vimos ser importante estimular a indústria nacional para produção de tudo o que é indispensável ao atendimento da saúde no dia a dia”, comentou após lembrar as dificuldades para aquisição de equipamentos de proteção individual.

Criatividade

Trazendo um questionamento sobre as mudanças criativas adotadas pelo setor de diagnóstico para atender os pacientes durante a pandemia, Priscilla lembrou que a medicina laboratorial se aproximou do público promovendo coletas domiciliares e até mesmo sistemas de drive-thru. Porém, paralelamente à criatividade dos laboratórios, houve uma criatividade não tão positiva. “Vimos testes sendo realizados em postos de gasolina, em pet shops e em clínicas odontológicas. Será que o brasileiro é criativo demais?”, provocou.

Nesse momento, Claudia explicou que a excelência e confiabilidade dos testes está vinculada ao controle, cuidado e conhecimento de quem os realiza. E que todo laboratório segue a RDC 302 – que dispõe sobre o Regulamento Técnico para funcionamento de Laboratórios Clínicos – e que qualquer estabelecimento que vá realizar procedimentos diagnósticos deve seguir a mesma regulação para que tenha o mesmo controle rígido de qualidade.

Retomada

Para Christiane do Valle, a flexibilização que o Brasil está vivendo está paralela à retomada do setor de saúde, visto que os pacientes aos poucos voltam a se cuidar, buscando atendimentos antes paralisados. E, nesse sentido, depois de meses de queda da arrecadação, os laboratórios estão prontos para renascer. Para isso, a adaptação ao novo cenário foi primordial. “A saúde digital que surgiu na pandemia vai permanecer e podemos receber novamente os pacientes em nossas unidades que não eram tão amplas e tiveram de ser readequadas. Com tudo isso, agregamos muito ao nosso mercado”, declarou ao mencionar que o paciente não chegava ao laboratório, mesmo assim o laboratório conseguia levar o acesso a esse paciente. “O drive thru foi extremamente significativo”, exemplificou.

O protagonismo dado ao setor de diagnóstico na pandemia foi apontado como um avanço pelos participantes do webinar. “Vejo, como ganho, não um protagonismo egocêntrico, mas o protagonismo colaborativo”, finalizou Claudia.

O bate-papo completo deste painel do IX Congresso Brasileiro Fenaess Online está disponível no canal do YouTube da Federação e pode ser acessado AQUI.

Painel Multiplex – Exames se mostram eficazes para serem incorporados ao Rol da ANS

Encontro virtual tratou de novos exames para diagnóstico de patologias diversas

16 de setembro de 2020

Periodicamente, a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) atualiza seu Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde para garantir o acesso de determinados serviços aos beneficiários dos planos de saúde. Na área de medicina diagnóstica, novos exames que se mostram relevantes para a detecção de doenças são apresentados como potenciais inclusões. Em 10 de setembro, a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML) e a Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), em parceria com a bioMérieux, realizaram o I Fórum de Discussão – Novo conceito sindrômico – “Painel Multiplex” e perspectivas de incorporação.

O evento online moderado por Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), contou com apresentações de Álvaro Pulchinelli, diretor científico da SBPC/ML; Ivan França, chefe de departamento no AC Camargo Cancer Center; Gustavo Bruniera, médico do laboratório clínico do Hospital Israelita Albert Einstein; e Juliana Mourão, da bioMérieux, empresa especializada no desenvolvimento de soluções em diagnóstico in vitro como reagentes, equipamentos, software e serviços.

“Esse debate é de suma importância para a comunidade laboratorial pois sabemos que a ampliação da expectativa de vida, o diagnóstico precoce e a cura de muitas doenças se devem às pesquisas muitas vezes realizadas pela indústria. Não teria nenhum sentido se não tivéssemos a possibilidade de ofertar, aos nossos pacientes, o acesso a essas novas descobertas em saúde”, disse Shcolnik ao abrir a apresentação.

O debate foi focado no Painel Multiplex e no Sistema FilmArray, tecnologia exclusiva da bioMérieux capaz de detectar, em apenas uma hora, dezenas de microrganismos, vírus, bactérias, fungos e protozoários. Essas plataformas foram apresentadas como alternativas eficientes para patologias do sistema nervoso central, do sistema respiratório, e do sistema gastrointestinal, além de infecções da corrente sanguínea.

Ao longo das apresentações, os especialistas mostraram quão eficientes esses exames podem ser tanto para a qualidade de vida dos pacientes quanto para os sistemas de saúde, visto que geram economias financeiras ao permitir um diagnóstico mais rápido, preciso e, assim, reduzir as despesas com medicamentos inapropriados e até mesmo com hospitalizações.

Um dos exames apresentados ao longo do fórum diz respeito à identificação multiplex por PCR em tempo real para agentes infecciosos do sistema nervoso central como, por exemplo, meningite e encefalite, que são emergências médicas.

Segundo Pulchinelli, esses são casos em que o diagnóstico precisa ser feito com extrema rapidez, visto que o desfecho do paciente será melhor se rapidamente ele entrar na terapia adequada. Diante dessa situação, as evidências científicas mais contundentes desse exame – que engloba 25 agentes entre bactérias, vírus e até leveduras – mostram uma economia de R$ 1.210 ao usar o painel multiplex no comparativo com os exames comumente usados hoje em dia para esse diagnóstico. “Isso tudo sem levar em consideração o ganho de tempo e de efetividade do tratamento, além de outros fatores correlatos que não são monetizados nessa comparação”, esclarece o especialista.

Mas há desafios para a implementação desses exames nos planos de saúde. Para Bruniera, é preciso divulgar os benefícios dos testes inclusive entre a comunidade médica. “O que pode ser uma barreira é que muitas vezes os médicos ainda não conhecem esses testes, não tiveram a oportunidade de utilizá-los, de experimentá-los”, declarou.

Complementando esse posicionamento, Pulchinelli disse: “Temos que mostrar que o investimento nesse tipo de procedimento traz valor do ponto de vista clínico, na assistência médica, e traz retorno financeiro, auxiliando na sustentabilidade do sistema”, concluiu.

Inclusão no rol

A incorporação do painel multiplex no Rol de Procedimentos da ANS mostra-se benéfica em múltiplos aspectos. Após explicar o caminho para que essa inclusão se concretize, Shcolnik detalhou que para que sejam incorporados, os procedimentos devem ser avaliados do ponto de vista técnico, científico, fármaco e econômico.

Sobre os exames debatidos no fórum, os dossiês já foram apresentados, as defesas já foram feitas, bem como as contra argumentações por parte da ANS, e agora há uma expectativa de liberação, em meados de outubro, para consulta pública.

“A contribuição de todas as sociedades médicas, de laboratórios e de todos os nossos colegas é primordial para nos apoiar na consulta pública contando dados relevantes, compartilhando experiências, apresentando artigos para que a gente consiga agregar peso a esse processo lá na frente”, convocou o presidente da Abramed. A consulta pública estará disponível em www.ans.gov.br acessando o menu “participação da sociedade”.