Entidade também participou com estande
institucional que recebeu associados e parceiros durante os quatro dias de
evento
A Associação Brasileira de
Medicina Diagnóstica (Abramed) esteve na 52ª Jornada Paulista de
Radiologia (JPR), evento organizado pela Sociedade Paulista de Radiologia
(SPR), que ocorreu entre os dias 28 de abril a 01 de maio, no Transamérica Expo
Center, em São Paulo.
Em Painel promovido pela entidade
e que compôs a programação oficial do evento, executivos discutiram as
principais tendências do setor de medicina diagnóstica. O objetivo foi
evidenciar os movimentos mais atuais, em curso em hospitais e em grupos de
medicina diagnóstica e trazer subsídios para um maior entendimento do caminho
para o qual o futuro aponta, especialmente na radiologia.
Conduzida por
Wilson Shcolnik, presidente
do Conselho de Administração da Abramed, o bate-papo contou com a
participação de Jeane Tsutsui, CEO do Grupo Fleury; Fernando Ganen, Diretor
Geral do Hospital Sírio Libanês; e Lídia Abdalla, CEO do Grupo Sabin. Fragmentação do setor, digitalização,
interoperabilidade, qualidade e a importância da educação continuada e da
formação de profissionais foram tópicos abordados e apontados como desafios
importantes pelos executivos.
“A JPR é um evento com foco em
temas científicos e cumpre essa missão com muito brilhantismo. Mas,
complementar a programação com discussões de cunho mercadológico, como a que
estamos promovendo, é bastante importante para que os radiologistas conheçam o
seu ambiente de trabalho”, iniciou Shcolnik, ao agradecer o espaço e
também enfatizar a necessidade de que cada vez mais pautas como essas façam
parte da grade de eventos para especialistas.
O setor de saúde, sem dúvidas, é
um dos mais visados do ponto de vista de investimentos e de crescimento.
Trata-se do 8º maior mercado de saúde globalmente, 6º mercado farmacêutico
mundial e o 3º maior privado de saúde do mundo. São mais de 6,2 mil hospitais,
20 mil Centros de Diagnóstico e 300 mil entidades de saúde.
Entre os maiores desafios, segundo
Ganen, que abriu o painel trazendo números sobre o setor, estão os movimentos
cada vez mais intensificados de verticalização e consolidação e também um nível
muito baixo de integração e conectividade. Tudo isso potencializado pela alta
da inflação no pós-pandemia e pelo processo eleitoral para a Presidência da
República e outros importantes cargos públicos.
Fragmentação
A alta fragmentação do
ecossistema, com múltiplas regiões, perfis diferentes de pagadores e
provedores, foi também outro aspecto salientado por Ganen. Para ele, nesse
cenário, é ainda mais importante para que o cuidado centrado no paciente seja o
ponto inicial para qualquer discussão em saúde e que todos os stakeholders
trabalhem em alinhamento. Sem isso, o sistema torna-se insustentável. “É
preciso colocar a fonte pagadora, os contratantes da fonte pagadora e os
prestadores de serviços para pensarem em soluções conjuntas e, desta forma,
entregarem um melhor cuidado ao paciente”, enfatizou.
Segundo Jeane Tsutsui, esta fragmentação e a formação de
diversos ecossistemas acaba atingindo todo setor de uma forma geral no Brasil.
Mesmo quando se olha para o diagnóstico, os quatro maiores players do setor,
correspondem a 30% do market share. A executiva lembrou durante a sua
explanação que a própria jornada de cuidado do paciente é fragmentada e que,
durante sua trajetória, não é incomum que o paciente se sinta perdido e seja
deslocado de um local para outro, sem nenhuma conexão. Mas, destacou a
importância da medicina diagnóstica tanto para integrar, como para respaldar todas
essas etapas do cuidado.
“O diagnóstico está presente em
todas as etapas do cuidado, seja na atenção primária ou no suporte para
questões mais simples, até a alta complexidade. Ela acaba sendo a espinha
dorsal. Por isso, ela traz uma vantagem: o paciente pode ser conduzido no
cuidado na saúde, englobando o diagnóstico de uma maneira integrada e indo
além, conseguindo completar a jornada de cuidado mesmo em um ambiente outpatient e com parcerias com hospitais
de maior complexidade”.
A CEO do Grupo Sabin, Lidia
Abdalla, também reforçou a ideia de o Brasil ser um país heterogêneo e
com muitas diferenças de uma estrutura para outra. É evidente, na opinião da
executiva, que olhar para a sustentabilidade do setor da saúde e também dos
negócios para seguir sendo competitivo no mercado, seja algo complexo no atual
cenário. Mas, atentou também para o fato que, embora essa estrutura traga os
desafios da fragmentação, ela cria, em simultâneo, oportunidades para o setor e
possibilidades de solucionar problemas que ocorrem já há algum tempo.
“Temos que
estruturar novos serviços e inseri-los no fluxo para termos de fato uma
presença maior na jornada do paciente, pensando em como podemos nos diferenciar
e entregar mais valor ao cliente. A medicina diagnóstica tem uma característica
muito importante, como já foi dito, e não podemos deixar de lado esse foco
central: tudo começa por ela e tudo continuará passando independente do modelo
verticalizado ou de consolidações.”, enfatizou Lídia.
Ainda sobre a
crucialidade do setor de medicina diagnóstica, o presidente do Conselho de
Administração da Abramed, reforçou o seu papel na prevenção, que, no que lhe
concerne, é ainda uma forte aliada para a redução dos custos totais na saúde. “Um diagnóstico errado, compromete
todos os passos que se sucedem no cuidado à saúde. A medicina diagnóstica pode
contribuir muito para trazer eficiência ao sistema de saúde. E, o nosso desafio
é comprovar isso”, complementa Shcolnik.
Interoperabilidade
Emendando o
tema aumento de eficiência, os CEOs foram indagados a respeito da importância
da digitalização e da interoperabilidade nesse sentido. A inovação e o uso da
tecnologia foram apontados como inegociáveis para o setor de radiologia, em
especial com a chegada do 5G, inteligência artificial, entre outros avanços. Os
radiologistas são afeitos a tecnologias e em alguns casos pioneiros em sua
utilização. Muitos aspectos relacionados à digitalização e à interoperabilidade
na saúde começam na medicina diagnóstica, área onde também muitos dados médicos
são gerados. Inclusive, elas já são uma realidade e devem ser pensadas para
agregar valor aos negócios e aos pacientes, sempre considerando os aspectos
relacionados à segurança.
Porém, Lídia
Abdalla, chamou a atenção para um ponto, enfatizando que existe uma certa
ambiguidade nesse tema: de um lado a necessidade e do outro, a manutenção da
privacidade. Ter dados e informações integradas de todos os exames, sejam eles
de análises clínicas ou de imagem, é uma tendência. Como solução, a LGPD emerge
como algo bastante positivo que norteia como trabalhar essa questão do
compartilhamento de dados e destacou ainda que “muitas pessoas falam que a
interoperabilidade é complicada e ela é. Mas, ela acontecerá de qualquer forma”,
ressalta a executiva.
Fora a
adequação, Jeane, apontou que a tecnologia tem que ser usada a favor da
medicina e da prática médica para aumentar a produtividade. Segundo a presidente
do Grupo Fleury, isso é crucial em um país de muita carência em saúde e de
sobrecarga de trabalho. “Existe
diferença entre teoria e prática e uma lacuna grande entre o que é possível e o
que é necessário. É importante pensar em como fazer isso, na prática. Olhando o
futuro, o equilíbrio está em nossas mãos, e precisamos incorporar a tecnologia,
porque o mundo será cada vez mais digital. Se somos organizações focadas no
cliente, temos por obrigação aderir ao digital, pois isso já faz parte da vida
dele e a área da saúde também pede isso”.
Porém, Ganen
ressaltou que a despeito da tecnologia ser crucial, a humanização segue sendo
um fator de extrema importância. “Diante de um achado crítico, por exemplo, é
importante que o radiologista pegue esse exame e vá até à sala ao lado discutir
esse caso com o seu colega. Isso muda a vida do paciente. Falo isso como
clínico e não como gestor”.
A mudança nos
modelos de remuneração e a continuidade ou não do modelo fee service também foram abordados durante a discussão. E, os
painelistas chegaram à conclusão de que a complexidade da saúde não permite que
se tenha um único modelo. O setor está tentando buscar alternativas
sustentáveis, mas o fator crítico de sucesso desse negócio é ter pessoas
preparadas, capacitadas e sendo desenvolvidas continuamente. Por isso,
qualidade e educação continuada também foram aspectos abordados pelos CEOs
durante diversos momentos do painel.
“O paciente é
dono de seus dados e também de escolhas. Por isso temos que trabalhar para ter
melhor serviço, pelo atendimento humanizado e sim olhando para a
sustentabilidade financeira dos nossos negócios”, finaliza Lídia a respeito da
questão.