Especialistas debatem a relação entre custo e investimento na medicina diagnóstica

Terceira edição da série #DiálogosDigitais Abramed foi realizada em 24 de agosto e moderada por Wilson Shcolnik

31 de agosto de 2021

Especialistas em medicina diagnóstica estiveram virtualmente reunidos em mais uma edição da série #DiálogosDigitais Abramed. Neste episódio, comandado pelo presidente do Conselho de Administração da Associação, Wilson Shcolnik, o debate mesclou assuntos diversos que permeiam o setor com o objetivo principal de esclarecer: medicina diagnóstica é custo ou investimento?

Participaram do bate-papo Alexander Buarque, diretor de ética da Associação Paulista de Medicina do Trabalho (APMT); Bernardo Barros, gerente médico da BioMérieux; e Malu Sevieri, diretora-executiva da Medical Fair Brasil.

“Nosso setor teve um papel importante nessa pandemia, fomos mais valorizados e novos recursos surgiram ao longo do tempo. Hoje temos testes diferentes, cada um com sua aplicação correta. E isso nos colocou em evidência. Conseguimos perceber como o investimento em medicina diagnóstica é importante dentro desse momento de tantos novos recursos que podem, inclusive, gerar muita economia para o sistema de saúde, indicando a terapia certa para o paciente certo”, comentou Shcolnik.

Considerando que a medicina ocupacional vem ganhando cada vez mais relevância no ciclo de cuidado – inclusive agora com o retorno dos trabalhadores para seus escritórios e espaços de trabalho –, Buarque comentou como a testagem para COVID-19 foi aplicada à rotina das empresas como uma forma de prover mais segurança e tranquilidade. “Com a testagem, principalmente quanto aplicada diariamente, conseguimos captar algumas pessoas assintomáticas, em estágio inicial da infecção pelo novo coronavírus”, explicou. É a medicina diagnóstica agindo para detectar precocemente os contaminados evitando a disseminação do patógeno.

Na sequência, o executivo falou um pouco sobre as mudanças da medicina do trabalho. Segundo ele, nos últimos cinco anos, esse segmento da saúde alcançou um novo patamar, saindo do desenho de coordenação de ações básicas e exames de aptidão, para elaboração de estratégias populacionais, tanto de diagnóstico quando de cuidado coordenado.

“A medicina do trabalho tinha um perfil de exames focados no risco. Então, às vezes eram elaborados testes especialmente para algumas posições. Hoje entendemos que as pessoas passam dez horas por dia dentro do trabalho e que esse é um excelente lugar para que possamos cuidar e acolher esses trabalhadores elaborando, inclusive, estratégias de autocuidado”, completou. Quando se enxerga todo esse potencial da medicina ocupacional, agrega-se ainda mais valor à medicina diagnóstica.

Seguindo essa reestruturação, a medicina do trabalho passou a focar nas principais patologias, trazendo para perto de si a atenção primária, deixando de lado exames sem evidência de atuação para rastreio – como o eletroencefalograma para quem vai trabalhar diariamente em altura mencionado por Buarque – para englobar um checkup mais dinâmico.

De acordo com ele, foi adotada a estratégia “Know your numbers”, focada em fazer com que cada trabalhador conheça seus principais dados de saúde: pressão arterial, diâmetro da cintura abdominal, IMC, colesterol e glicemia de jejum. “Os três primeiros tínhamos acesso na consulta, mas os outros dois dependiam de exames laboratoriais. Então colocamos esses testes na estratégia para que as pessoas já saíssem da consulta conhecendo esse diagnóstico”, explicou. Além de realmente utilizar a medicina diagnóstica para traçar um perfil de risco, essa estratégia agrega um valor que antes não era visualizado nos exames ocupacionais.

Outro ponto do debate foi a possiblidade de empresas com grande número de funcionários trazerem, para dentro de seus workplaces, laboratórios clínicos. Na opinião de Buarque, essa não é uma decisão que pode ser padronizada. “Temos muitas empresas estruturando agora suas estratégias. É um mercado que ainda não apareceu 100%. É importante que os prestadores fiquem atentos a esse nicho, pois será preciso avaliar cada cenário, fazer estudo de mercado e entender as dores de cada cliente”, disse.

Medicina diagnóstica no ambiente hospitalar

Atuando em ambientes críticos, Barros falou um pouco sobre a rotina de solicitação de exames nas Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) e quais as mudanças mais recentes. Entre os apontamentos do especialista, estavam os exames focados no diagnóstico sindrômico. “Temos tentado alternativas com mais valor como, por exemplo, exames que auxiliam no diagnóstico de diarreias e pneumonias trazendo uma identificação do agente etiológico em menor tempo para início do tratamento antibiótico adequado mais rápido. Temos vários fabricantes, alguns já trabalhando com resultados prontos em até 60 minutos. Excelente para uma terapia empírica até mesmo dentro do pronto-socorro”, detalhou.

Contribuindo com a explanação sobre a relevância desses avanços diagnósticos, Shcolnik mencionou: “esses painéis que permitem diagnóstico muito rápido, para um caso de uma criança que chega ao pronto-socorro com suspeita de meningite, por exemplo, são fantásticos para permitir uma orientação terapêutica imediata. Faz muita diferença também para quem trabalha dentro do laboratório hospitalar”.

Barros mencionou, inclusive, que cada hora de atraso no início do tratamento com antibiótico correto há acréscimo linear na mortalidade. Quando esse atraso chega a seis horas, aumento de 30% na mortalidade e quando passa de 12 horas aumento de até 50%.

Lembrando que para cada tecnologia agregada a um sistema de saúde é preciso investir na educação e treinamento dos profissionais que ficarão responsáveis pela operação, Barros disse que a adesão tecnológica tende sempre a trazer benefícios, tanto para os pacientes quanto para o sistema.

Relacionamento, tecnologia e novos produtos

Considerando que a tecnologia segue em constante evolução trabalhando, inclusive, para agregar valor à medicina diagnóstica na construção de exames cada vez mais acessíveis e assertivos, trabalhando pela redução de custos e aumento do alcance, o relacionamento entre vendedores e compradores dentro do setor é indispensável para a construção de uma medicina diagnóstica sustentável. Nesse sentido, Malu trouxe algumas de suas principais perspectivas globais já que atua diretamente com a organização da Medical Fair Brasil, versão brasileira da Feira MEDICA da Alemanha.

Segundo a executiva, o Brasil é extremamente atrativo do ponto de vista de negócios por conta do tamanho do seu mercado, porém há ainda algumas barreiras de confiança a serem vencidas. Quanto a diferenças na apresentação dos produtos, Malu acredita que o mercado global está equilibrado. “Não vejo muita diferença na parte de avanços tecnológicos. A diferença maior está na oferta. Fora do Brasil temos muitas empresas vendendo as mesmas tecnologias que, quando chegam no mercado brasileiro, chegam com custo alto. Na Ásia, por exemplo, temos muito mais variedade para um mesmo tipo de produto”, pontuou.

Para exemplificar como o mercado está aquecido e trabalhando pela inovação, a diretora trouxe alguns exemplos: aplicativos para gerenciamento de cirurgias, tirando a responsabilidade de definição de prioridades do médico e colocando na inteligência artificial, o que é uma boa alternativa para o Sistema Único de Saúde (SUS), que lida com filas para operações; e softwares que trabalham com o cruzamento de dados de exames a fim de predizer o risco de pacientes internados nas UTIs.

O terceiro episódio da série #DiálogosDigitais Abramed está disponível na íntegra no canal do YouTube da entidade. Clique AQUI para assistir.

Lidando diariamente com dados sensíveis, medicina diagnóstica avalia os impactos da LGPD

Lei Geral de Proteção de Dados está em vigor; bate-papo na Digital Journey trouxe importantes apontamentos sobre o que merece mais atenção

31 de agosto de 2021

A participação da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) na Digital Journey, evento virtual promovido pelo time da Feira Hospitalar, foi iniciada com uma entrevista sobre proteção de dados no setor de medicina diagnóstica. O encontro, realizado na tarde de 30 de agosto, contou com a participação de Milva Pagano, diretora-executiva da entidade, direcionando perguntas à Rogéria Leoni Cruz, diretora jurídica e Data Protection Officer do Hospital Israelita Albert Einstein.

Na visão de Milva, esse é um dos assuntos mais importantes para serem debatidos agora no setor de diagnóstico, visto que é um segmento que lida diariamente com dados sensíveis. “Há sempre uma grande preocupação do setor de saúde quanto ao manejo desses dados. Antes mesmo da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) entrar em vigor, já existia um tratamento repleto de cuidado, proteção e confidencialidade. Mas agora novas regras foram criadas despertando muitos pontos de atenção”, esclareceu.

Para detalhar quais esses pontos, Rogéria – que também é a diretora do Grupo de Trabalho (GT) de Proteção de Dados da Abramed – enfatizou que inicialmente é preciso reconhecer que a implementação da lei no Brasil ocorreu de forma um tanto quanto atípica, já que primeiro veio a legislação e somente depois foi criada a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD). “Tivemos um gap grande nesse sentido e, consequentemente, uma demora razoável”, pontuou.

Dando sequência ao debate, Rogéria listou alguns pontos que merecem destaque:

  • Portabilidade
  • Posição do controlador e operador
  • Definição de qual o limite da tutela da saúde para a segurança de dados
  • Transferência internacional de dados

“Esses são alguns dos pontos críticos para a nossa atividade dentro da medicina diagnóstica”, disse a especialista. Para ela, essas questões em breve serão regulamentadas, mas há uma preocupação maior até mesmo porque a medicina diagnóstica também foi muito afetada pela pandemia de COVID-19, o que pode ter atrasado os investimentos em proteção de dados nas corporações. “Alguns programas talvez tenham sido freados, principalmente de conscientização e treinamento, já que todos estavam focados na linha de frente no combate ao novo coronavírus”, complementou.

Autoridade Nacional de proteção de Dados (ANPD) e punições

Na visão de Rogéria, a ANPD tem desempenhado uma função crítica em um curto espaço de tempo, mas aparentemente as fiscalizações serão responsivas. “Até mesmo pelas atitudes da agência, vejo um trabalho focado em diálogo e transparência somado à uma forte participação social”. A executiva diz perceber que a ANPD está ouvindo os setores e acredita que em breve chegará a hora da medicina diagnóstica ser recebida para tratar de suas demandas.

Para Milva, um dos pontos que merece muita atenção da ANPD é, mesmo, a tutela da saúde. “Um tema delicado e esperamos poder discutir com eles o assunto para abordar conceitos, limitações e as linhas muito tênues que existem entre os elos da cadeia”, comentou.

Passando para a percepção de quais faltas serão consideradas graves, Rogéria foi bastante enfática ao dizer que acredita que as punições severas estarão atreladas à falta de responsabilidade. “Vejo que nossa legislação está muito próxima ao que vem sendo feito na Europa. Então acredito que faltas graves serão aquelas aliadas a ambientes com inconsistências técnicas grandes e a falta de evidência de boas práticas”. Entre os erros por ela mencionados estariam a permissão de acessos indevidos por falta de controle, falhas que atinjam muitas pessoas dentro do ambiente e que tragam desconforto e contrariedade aos princípios da lei, e vazamentos irresponsáveis.

Especificamente dentro da medicina diagnóstica, os erros mais comuns podem envolver os cuidados com acessos indevidos, compartilhamentos desnecessários de informações e falta de transparência.

Ao mesmo tempo, Milva aproveitou a oportunidade para reforçar que existe um atenuante e que as empresas devem ficar atentas a isso. “A partir do momento em que a empresa mostra um cuidado, a implementação de um sistema de controle, seguido da orientação dos colaboradores, há a percepção de que acidentes acontecem e que houve empenho e dedicação em evitá-los”.

Próximos passos e preparação

Para que estejam preparadas para cumprir as obrigatoriedades da LGPD, as empresas devem, na opinião de Rogéria, iniciar um bom programa de proteção de dados. “O que temos visto é uma abordagem muito grande nas organizações em programas de conscientização, apresentando as armadilhas que existem no ambiente digital. Assim é importante evitar a coleta de informações desnecessárias, estruturar bem os sistemas de segurança da informação e investir em ciberseguros. Essa é a nossa nova realidade”, declarou. A especialista mencionou, também, que já vínhamos trilhando esse caminho, mas a pandemia o acelerou trazendo mais conectividade no ambiente de saúde.

Para auxiliar as empresas a compreender os desafios da LGPD enfrentando as mudanças, a Abramed em breve lançará uma Cartilha de Boas Práticas em Proteção de Dados. O guia, que está sendo finalizado pelo GT de Proteção de Dados coordenado por Rogéria, trará desde questões relacionadas ao departamento de Recursos Humanos até detalhes sobre o relacionamento com as operadoras de planos de saúde.

“Esse é, de fato, um trabalho de formiguinha, assim como toda mudança cultural. Mas eu vejo a LGPD com bons olhos, como uma vantagem competitiva. É uma boa lei e os associados à Abramed estarão bem amparados”, finalizou a especialista.

Diretor do Comitê de Análises Clínicas da Abramed é fonte na editoria Fato ou Fake do G1

No dia 13 de agosto, o portal de notícias da Globo publicou uma matéria contestando informações falsas que circulam nas redes sociais que sugerem que os testes PCR são usados para implementar microcristais na glândula pineal e estabelecer controle sobre a população. Especialistas apontaram que o teste é seguro.

Alex Galoro, diretor do Comitê Técnico de Análises Clínicas da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), explicou que a pineal fica no interior do cérebro e não é possível alcançá-la através da coleta do swab de orofaringe. “Os órgãos estão distantes anatomicamente. Não há conexão entre eles sem que haja lesão de algum tecido”, disse ao portal.

Confira a matéria na integram clicando AQUI.

Com segurança e controle, Abramed transforma dados em informações setoriais

Comitê de Dados Setoriais trabalha continuamente na gestão de indicadores para traçar uma visão do setor de medicina diagnóstica

11 de agosto de 2021

A construção de um panorama setorial é de fundamental importância para que todas as empresas envolvidas naquela cadeia de produtos e serviços possam desenvolver suas estratégias com base em informações fidedignas e que reflitam detalhadamente o comportamento e as tendências do mercado.

Na Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), o Comitê de Dados setoriais atua no desenvolvimento e aprimoramento dos principais indicadores setoriais das empresas associadas; e o Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico consolida e apresenta o conjunto dessas informações, reunindo detalhes sobre as principais instituições que atuam na oferta de serviços do segmento no país.

O trabalho, além de contínuo, é composto por muitas etapas para que as informações dos associados sejam mantidas em segurança. “Todas as informações recebem tratamento confidencial e são sempre divulgadas de forma consolidada, preservando a anonimização dos dados. Esse processo é garantido por meio do termo de confidencialidade (NDA), assinado pela nossa área de inteligência”, explica Álvaro Almeida, economista e analista de inteligência da Associação, que reforça que o processo é todo estruturado segundo os princípios da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Ao mesmo tempo em que coleta e trata os dados compartilhados pelos associados, que, hoje, são responsáveis por cerca de 60% dos exames realizados na saúde suplementar, a área de inteligência setorial atua na obtenção de informações em bancos de dados já consolidados como os da Organização Mundial da Saúde (OMS), do Ministério da Saúde, da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), entre outros, com objetivo de apresentar evidências robustas do impacto da medicina diagnóstica no setor de saúde e na economia do país.

Com todas essas informações em mãos, é possível fazer uma avaliação abrangente do setor, o que leva ao lançamento anual do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico. “A elaboração do Painel leva, em média, seis meses e envolve diversas atividades de planejamento e execução com atuação multiprofissional”, pontua Almeida. O especialista ainda relata que a criação do Comitê de Dados Setoriais contribuiu para aproximar ainda mais as empresas associadas do processo de desenvolvimento da publicação.

Durante a pandemia de COVID-19, a coleta e análise desses dados intensificou a percepção de relevância, visto que o compartilhamento das informações quanto à realização de exames para diagnóstico da infecção pelo novo coronavírus pautou, por diversas vezes, a imprensa e contribuiu com avaliações epidemiológicas e tomada de decisão.

Atualmente, a área de inteligência setorial da Abramed trabalha na coleta e consolidação dos dados que embasarão o Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico 2021. Desde a edição passada, o relatório traz uma seção específica sobre a COVID-19, pontuando todo o protagonismo do setor no controle da pandemia e no combate à disseminação do patógeno.

Com mudança no menu de exames e engajamento dos colaboradores, medicina diagnóstica encara os desafios da COVID-19

Abramed comandou um painel no Medical Conecta sobre os impactos da crise no setor

10 de agosto de 2021

Na terça-feira, 10 de agosto, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) conduziu um painel no Medical Conecta, plataforma criada pela Medical Fair Brasil para movimentar o mercado médico-hospitalar e promover o fechamento de negócios enquanto os eventos presenciais ainda não foram retomados. Na ocasião, reuniu especialistas para tratar dos desafios do setor de diagnóstico durante a pandemia de COVID-19.

Para esse bate-papo e troca de experiências, estiveram reunidos Carlos Aita, médico patologista e responsável técnico na DB Diagnósticos; César Amaral de Camargo Penteado, diretor médico do CURA; e Gabriela Brincas, diretora da Clínica Imagem. A moderação foi feita por Alex Galoro, diretor do Comitê de Análises Clínicas da Abramed e gestor médico no Grupo Sabin.

Após a abertura do painel, feita por Milva Pagano, diretora-executiva da Associação, Galoro declarou: “estamos em meio a uma pandemia de um vírus ainda pouco conhecido. No início, não tínhamos vacina tampouco muitas informações sobre como lidar com ele e ainda não temos tratamento específico. Tudo isso trouxe um grande impacto para a organização dos nossos serviços e tivemos de nos adaptar apostando em diferentes medidas para diferentes fases”. Na sequência, convidou os participantes a contar um pouco mais sobre como cada empresa enfrentou esse cenário.

O painel foi interessante por trazer a realidade de três modelos diferentes de negócios no setor de medicina diagnóstica. E, mesmo assim, as realidades muitas vezes coincidiram e os desafios enfrentados foram os mesmos.

A Clínica Imagem está instalada dentro de uma unidade hospitalar no estado de Santa Catarina e tem foco em exames de imagem, o que permitiu, à Gabriela, falar um pouco sobre a realidade do diagnóstico nesses dois ambientes. “Assistimos a uma queda muito grande na volumetria de diagnósticos entre março e abril do ano passado. A readequação de equipes e o medo dos nossos colaboradores frente ao desconhecido foram os principais desafios nos primeiros 40 dias de pandemia”, pontuou.

Penteado, cuja empresa abraça tanto o diagnóstico laboratorial quanto o de imagem, também destacou a queda considerável no número de exames realizados nos dois primeiros meses da crise. “No início foi bem difícil para nos equilibrarmos, mas é interessante perceber que a nossa estrutura predial, térrea e fragmentada, que antes considerávamos uma fraqueza, se mostrou uma vantagem competitiva. Por conta desse formato, conseguimos estabelecer uma boa segmentação de fluxo, para a segurança de todos, garantindo a tomografia ao nível ambulatorial para confirmação de diagnóstico de COVID-19”, declarou.

Mesmo atuando principalmente como laboratório de apoio, Aita tem uma percepção similar à de Gabriela e de Penteado, porém trouxe, ao debate, um outro desafio muito importante durante a crise: a logística. “Além de depender dos laboratórios que são nossos clientes e foram impactados, também dependemos da logística, que teve o fluxo aéreo interrompido nos obrigando a atuar com a logística terrestre”, disse.

Atrelado à questão logística, está o aumento considerável dos preços. “Estamos sofrendo, ainda hoje, pois a alavanca está voltando, mas o preço de compra ainda é um preço pandêmico. Quanto tempo vamos carregar o aumento de valor dos nossos consumíveis do dia a dia?”, questionou Gabriela. Esse aumento, inclusive, teve de ser absorvido pelas empresas de medicina diagnóstica, já que não foram repassados para as operadoras e planos de saúde, o que aumenta ainda mais o impacto já existente sobre as operações.

Mudanças no catálogo de exames

Além de impor mudanças estruturais aos laboratórios e clínicas de imagem, a pandemia também levou as empresas a uma adaptação do seu catálogo de exames. No setor de imagem, Gabriela comenta que o carro chefe passou a ser a tomografia de tórax, exame também utilizado para diagnóstico da infecção pelo novo coronavírus. “A tomografia virou, de fato, a nossa sustentabilidade financeira e volumétrica quando vimos o ultrassom e a mamografia despencarem”, declarou.

Na DB Diagnósticos, uma das estratégias foi concentrar os exames que dependiam de insumos chegando por via aérea nas unidades de São Paulo, deixando, no sul, os exames que poderiam ser abastecidos pela malha rodoviária. Tudo isso somado a uma drástica mudança no menu geral de exames que incorporou os testes de COVID-19. “Tivemos que nos adaptar e o que facilitou foi nossa agilidade em incorporar esses testes em nossa rotina”, disse Aita.

Porém, essa queda no número de exames preocupa não só as empresas por questões de sustentabilidade, mas de saúde. O amplo afastamento dos pacientes de exames preventivos atrasa diagnósticos de doenças e piora os prognósticos. Atuando para evitar que muitas pessoas deixassem de realizar seus exames, as empresas privadas de diagnóstico investiram em ações pontuais. A Clínica Imagem, por exemplo, fez um trabalho de aproximação com os oncologistas para que as biópsias não parassem, mesmo tendo de enfrentar um certo desafio logístico para a obtenção das agulhas próprias para esse procedimento.

Além da mudança nos exames ofertados, houve mudança também no formato. Penteado comentou que além do drive-thru – sistema abraçado por muitos laboratórios para evitar que pessoas potencialmente infectadas com o novo coronavírus tivessem de circular pelas unidades para fazer os testes – o CURA investiu no walk-thru a fim de atender aqueles que chegavam sem carro ao laboratório.

Equipes e recursos humanos

A queda no número de procedimentos impacta, diretamente, as equipes, exigindo, da gestão, a tomada de decisão. No CURA, foi possível manter todo o time. “Em um primeiro momento, todos ficaram assustados com os números de exames despencando. Porém, com as medidas provisórias que surgiram, como, por exemplo, a possibilidade de antecipação de férias e implementação de jornadas reduzidas, pudemos nos reequilibrar”, disse Penteado.

Na DB, houve uma redução do quadro de pessoal, porém esse cenário já foi reestabelecido. “O maior impacto foi no mês de abril de 2020, mas com a retomada da produção, hoje temos uma equipe maior do que antes”, falou Aita.

Essa necessidade de equilíbrio também foi um dos desafios apontados por Gabriela, que enfatizou que além das questões administrativas, o time teve de lidar com afastamentos por sintomas respiratórios e, inclusive, com um aumento significativo do número de gestantes, que também impactou o quadro.

Porém, mesmo diante desse cenário de altas taxas de infecção no país, os três executivos contaram motivados que entre seus times o número de casos de COVID-19 foi significativamente baixo, não ultrapassando 25% em nenhuma das empresas.

Interessante observar, inclusive, alguns apontamentos sobre os potenciais locais de infecção. Segundo Aita, na DB Diagnósticos foi possível perceber uma maior taxa de infecção nas pessoas que estavam atuando em home office. “Aparentemente, quem estava em trabalho presencial, acabava se cuidando mais. Em casa, podemos nos desarmar e ficamos mais suscetíveis ao contágio”, declarou.

Expectativas e futuro da medicina diagnóstica

“Vendo o momento atual, com tendência de queda de casos e aumento da vacinação, como vocês enxergam a evolução dos próximos meses? E o que fica de aprendizado”, questionou Galoro.

Para Gabriela, um dos grandes aprendizados foi perceber que mesmo com todas as dificuldades, os colaboradores estavam engajados. “Apesar dos afastamentos, das infecções, das novas regras, vimos uma equipe muito motivada e com senso de pertencimento”, declarou a executiva que também mencionou que durante a crise eles conseguiram reduzir o tempo do laudo, uma novidade que permanecerá e beneficia os pacientes que acabam acessando seus resultados mais rapidamente. Penteado e Aita também concordaram que a resiliência das equipes foi fundamental. Para encerrar o encontro virtual, Milva enfatizou que o fator humano tem, de fato, um peso positivo em todo esse cenário desafiador. “Apesar das limitações e do medo, fico feliz em ver a capacidade humana de união, resiliência e motivação. Especialmente no setor de saúde, sempre me emociono ao ver as pessoas atuando na linha de frente, expostas ao risco e mesmo assim em um espírito de doação, entrega e atenção ao outro. Acredito que sairemos desse túnel chamado pandemia melhores do que entramos”, finalizou.

“Todos nós teremos de tomar decisões muito mais assertivas”

Malu Sevieri, diretora-geral da Medical Fair Brasil, fala sobre a retomada das feiras de negócios para o setor de saúde

10 de agosto de 2021

Saúde é um setor essencial e que envolve muitos players distintos para que a complexa cadeia possa fluir. Em entrevista exclusiva à Abramed em Foco, Malu Sevieri, CEO da Emme Brasil – representante do grupo alemão Messe Düsseldorf –, e diretora-geral da Medical Fair Brasil (MFB) aborda os principais impactos da COVID-19 na paralisação de feiras de negócios, fundamentais para promoção do relacionamento entre compradores e vendedores. A executiva fala sobre quais soluções adotou para minimizar os imensos desafios que surgiram e reforça que a retomada está com data e hora marcada.

Confira a entrevista na íntegra.

Abramed em Foco – É notável que o setor de feiras e eventos profissionais foi um dos mais afetados pela pandemia de COVID-19. Um impacto gigantesco para as organizadoras e também para os expositores e compradores, que tiveram de encontrar outros meios para se aproximar de seus clientes e parceiros. Quais os prejuízos dessa paralisação para todo o setor de saúde?

Malu Sevieri – Estamos há mais de um ano e meio sem poder realizar eventos profissionais, um setor que movimentava, antes da pandemia, cerca de R$ 1 trilhão. O próprio Ministério do Turismo declarou que fomos o segundo segmento mais afetado, atrás somente do entretenimento. O setor precisou se reinventar, intensificamos nossa presença no meio digital e embora tivéssemos alguma resposta positiva na tentativa de ajudar nossos clientes com a geração de novos negócios, a falta do contato presencial nos é completamente desfavorável. É incomparável o poder do olho no olho, do estar junto e como isso se reflete em fluxo financeiro. Sem eventos físicos, a demonstração de um produto fica comprometida. O que tivemos bastante foi geração de conteúdo de qualidade. Isso não podemos negar. Mas qual o objetivo de uma feira? A geração de negócios. E quanto a isso, infelizmente, nossos resultados não foram os melhores. Além disso, vivemos todo esse tempo com a invisibilidade do nosso setor, sem que nos dessem a atenção devida, como se fôssemos menos importantes para a sociedade. O impacto econômico que nós geramos prova o contrário. Quando temos evento físico são apresentadas diversas novas tecnologias e equipamentos que todo mundo pode conhecer e manusear, o evento é democrático, deixa a tecnologia disponível para todos, para a saúde isso é muito importante, aqueles profissionais de hospitais e clínicas têm a possibilidade de estar em contato com tecnologias que podem não adquirir naquele momento, mas o aprendizado está sim sendo adquirido.

Abramed em Foco – Comparando o impacto da COVID-19 no setor no Brasil e nos outros países, como nos saímos? Quais as principais diferenças vistas entre nós e outras nações?

Abramed em Foco – Em outras nações, como países da Ásia, os eventos retornaram ainda no segundo semestre do ano passado. Claro que com protocolos de segurança seguidos à risca, diminuição da capacidade de público, uma nova realidade, mas estavam acontecendo, dando oportunidade de emprego a milhares de pessoas e contribuindo justamente para a geração de negócios. No Brasil, somos um segmento propulsor de 12 milhões de postos de trabalho, mas ainda assim fomos relegados e silenciados, não tivemos qualquer tipo de abertura e compreensão por parte dos governos em suas diferentes instâncias. Há mais de 50 anos, eventos como feiras de negócios se firmaram como principal canal de relacionamento, prospecção de oportunidades de negócios e vendas de curto, médio e longo prazo para a grande maioria das atividades comerciais no Brasil, não somente o setor da saúde. O que fazemos é gerar receita, circular a economia e promover o turismo de negócios que, obviamente, também sofreu com a falta de organização de eventos. Também faz diferença a parte da cultura das pessoas, na China todo mundo super respeita o uso de máscara, por exemplo, todo mundo foi se vacinar. Por lá, existem aplicativos para monitorar as pessoas, tudo isso ajuda na retomada segura.

Abramed em Foco – A medicina diagnóstica é uma das áreas da saúde que se mantém em contínua evolução. Depende bastante de investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação para aumentar o portfólio de exames capazes de diagnosticar a cada dia mais rápido, com mais assertividade e com melhor custo uma infinidade de doenças. Como, na sua opinião, laboratórios e clínicas podem agir para se manter em contato com o que está sendo lançado de mais inovador no mundo enquanto os eventos ainda permanecem paralisados?

Abramed em Foco – A indústria médico-hospitalar não ficou parada durante a pandemia. Ela se manteve ativa, se reorganizando e analisando o seu portfólio de produtos e serviços para suprir as necessidades de mercado, inclusive dos laboratórios. A razão de ser dos eventos corporativos é o relacionamento e essa é a palavra que deve ser trabalhada continuamente, inclusive no meio digital. Se informar, acompanhar os lançamentos, participar dos eventos online. Essa tem sido a realidade atual, mas é perene e está passando, para que nosso networking presencial torne a ocorrer novamente. A indústria deve promover mais encontros com os usuários, não com o CEO do laboratório ou o profissional de compras, mas aquele que fica na ponta, que operacionaliza equipamentos, eles são fonte barata e pura de informação para evoluir o negócio.

Abramed em Foco – É sabido que diante da pandemia, as notícias acabam mudando muito rapidamente, bem como medidas restritivas aumentam e diminuem com o passar dos dias. Porém, qual é a sua expectativa hoje para os próximos meses? Podemos imaginar uma retomada das feiras?

Abramed em Foco – A partir do dia 17 de agosto, o governo de São Paulo vai começar a permitir o funcionamento de eventos sociais, museus e feiras corporativas, que estavam proibidos desde o início da pandemia. Essa liberação estará condicionada ao controle de público e o uso de máscara será obrigatório. Foi informado que esses eventos não podem gerar aglomeração. O setor de eventos é uma indústria e o que nos diferenciou até agora das outras que logo retomaram foi o fato de continuarmos inoperantes, por acreditarem que nosso negócio é menos relevante e nos considerarem um fator de risco para transmissão do novo coronavírus, com a justificativa de que propiciamos aglomerações. Um evento corporativo possui um protocolo de segurança bem mais rígido que um de um shopping center, com controle, registro e banco de dados completos de quem entra e de quem sai, pessoas que vão única e exclusivamente para prospectar e fechar negócios e, obviamente, para ampliarem seu networking e o alcance das marcas que representam. A retomada está com data e hora marcada, ainda bem, agora temos que seguir os protocolos e logo, logo estaremos juntos na Medical Fair Brasil.

Abramed em Foco – A pandemia mudará para sempre a forma como laboratórios e clínicas de imagem se relacionam com seus parceiros de negócios?

Abramed em Foco – Acredito que não somente com parceiros de negócios, o que vai ocorrer é que todos nós vamos precisar tomar decisões muito mais efetivas, que nos tragam retorno positivo. No caso da medicina diagnóstica, essa eficiência vai se refletir no melhor relacionamento com pacientes. É preciso que a gestão seja capaz de estabelecer um vínculo saudável com os parceiros, para que juntos compreendam as mudanças que o mercado já está exigindo, como o impacto cada vez maior da tecnologia. Aplicativos, monitoramento em tempo real, soluções digitais de maneira geral devem ser uma constante em todos os vieses. Com todos focados em uma mesma perspectiva, o relacionamento não tem como dar errado.

Abramed em Foco – Observando a movimentação do segmento, que tipo de soluções voltadas à medicina diagnóstica vocês acreditam que se destacarão nesse futuro próximo?

Abramed em Foco – A pandemia do coronavírus certamente deixará um legado positivo para a medicina diagnóstica, principalmente se pensarmos que os laboratórios criaram seus próprios testes in house para já atender a população, junto com um investimento massivo em mudanças estruturais para evitar a disseminação do vírus, mudaram até o agendamento, criaram o drive- thru de exames, assim como um maior número de equipamentos portáteis para fazer exames na casa do paciente, com aumento, consequentemente da coleta domiciliar. Tudo isso, aliado aos investimentos em tecnologia certamente ditarão as tendências desse amanhã que estamos próximos. Também será interessante acompanhar a evolução deste mercado, como ficará a relação com operadoras de saúde, telemedicina, segurança dos dados? Acredito que muito vai mudar e rápido.

Abramed em Foco – Como enxerga a atuação da Abramed no setor? O que espera da entidade como parceira para melhoria dos negócios?

Abramed em Foco – A Abramed é fundamental para o setor de medicina diagnóstica, não somente por representar as empresas líderes desse mercado, como também por unir todos os elos para uma atuação conjunta para garantir o foco na atenção ao paciente, dialogando e estabelecendo agendas positivas com as sociedades científicas. Em uma década, ela já compreendeu que o intercâmbio de informações e experiências é uma maneira de propagar o conhecimento e compartilhar boas práticas, qualidade e inovações deste segmento que assumiu protagonismo e continua sendo fundamental ao enfrentamento da COVID-19.

FILIS 2021 – Palestrantes internacionais confirmados na programação

5ª edição do fórum será 100% digital e gratuita; inscrições estão abertas

6 de agosto de 2021

A 5ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), marcada para 13 e 14 de outubro, já tem palestrantes internacionais confirmados em sua programação. Duas grandes personalidades do setor no mundo confirmaram presença neste evento que é reconhecido por promover debates extremamente relevantes sobre o setor de saúde. Este ano, o encontro será 100% digital e gratuito e terá, como tema principal, “A medicina diagnóstica de hoje na construção do sistema de saúde do amanhã”.

No dia 13 de outubro, Paul Epner será o responsável pela palestra de abertura do módulo de Economia. Epner é diretor-executivo e co-fundador da Society to Improve Diagnosis in Medicine (SIDM) e preside a Coalition to Improve Diagnosis, uma coalizão com mais de 60 sociedades profissionais, sistemas de saúde, organizações de pacientes e entidades focadas na melhoria da qualidade da assistência.

Para o FILIS, Epner, que é membro do National Steering Committee for Patient Safety e já se apresentou em todo o mundo, trará sua vasta expertise na busca pela melhoria da medicina diagnóstica sempre focada na segurança do paciente. Logo após a apresentação de Epner, executivos de grandes empresas brasileiras do setor de saúde debaterão o futuro e os impactos econômicos no pós-pandemia.

Já no dia 14, Andrew Morris abrirá o módulo Inovação e Futuro. Morris é diretor do Health Data Research UK (HDR UK), instituto britânico da ciência de dados em saúde que tem, como missão, promover descobertas que tragam melhorias para a vida das pessoas e reúne 38 instituições acadêmicas do Reino Unido. Um dos projetos atuais da HDR UK envolve a criação de um ecossistema aberto de pesquisa de dados em saúde, interoperável e confiável para os 66 milhões de habitantes do Reino Unido.

Na sequência da apresentação de Morris, especialistas em atuação no mercado brasileiro debaterão sobre a transformação e o futuro da medicina diagnóstica.

Warm up FILIS – No dia 14 de setembro, a partir das 17h30, a Abramed realizará o Warm Up FILIS, um encontro online com o objetivo de promover um aquecimento para a 5ª edição do FILIS. Com abertura de Milva Pagano, diretora-executiva da entidade, o evento trará uma apresentação de Leandro Figueira, vice-presidente do Conselho de Administração, com dados setoriais que compõem o Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico. Na sequência, parceiros e associados debaterão sobre os movimentos empresariais que vêm transformando a medicina diagnóstica. Acompanhe a Abramed nas redes sociais (Instagram + Facebook + LinkedIn) para ficar por dentro.

Inscrições abertas para o FILIS – A 5ª edição do FILIS será 100% digital e gratuita. As inscrições estão abertas e podem ser feitas em www.abramed.org.br/filis. Neste portal também é possível conferir a programação completa. Inscreva-se!

Testagem diária nos Jogos Olímpicos 2020 reforçou importância da medicina diagnóstica para controle da pandemia

No Japão, atletas, comissões técnicas e organizadores passaram por triagem diária; objetivo era identificar rapidamente pessoas infectadas – mesmo que assintomáticas – para isolá-las e evitar a disseminação do novo coronavírus entre os participantes

6 de agosto de 2021

Adiada por um ano, a edição 2020 dos Jogos Olímpicos do Japão foi iniciada em 20 de julho, ainda sob a pandemia de COVID-19. Para ampliar a segurança das provas e permitir que a competição fosse realizada, muitas medidas não farmacológicas para evitar a disseminação do novo coronavírus foram tomadas. Além de extinguir o público das provas, foram implementados rígidos protocolos de proteção. A máscara facial devia ser usada por todos os participantes que foram, também, instruídos a reduzir a interação física. Além disso, o Comitê Olímpico Internacional (COI) apostou na medicina diagnóstica para identificar o mais rápido possível qualquer participante infectado, garantindo o seu isolamento e o rastreio de seus contatos.

“O sistema de testagem aplicado pelo COI soava muito eficiente, pois utilizava testes com bastante sensibilidade e especificidade, sempre processados dentro dos ambientes altamente controlados dos laboratórios clínicos”, explica Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

Antes mesmo de embarcar para a jornada competitiva, os atletas tiveram de apresentar dois testes negativos para coronavírus nas 96 horas que antecediam o voo. Os testes válidos para essa etapa eram aqueles capazes de identificar a doença na fase ativa, ou seja, testes de anticorpos não eram aceitos. Na lista divulgada pelo Japão, constavam apenas os testes realizados com amostras nasofaríngeas, orofaríngeas e de saliva, entre eles o RT-PCR, padrão ouro para detecção da infeção pelo novo coronavírus, e o RT-LAMP.

Na chegada ao Japão, ainda no aeroporto, todos realizavam um novo exame, desta vez um teste de antígeno do SARS-CoV-2 feito com amostra de saliva. Se o resultado fosse positivo, os responsáveis realizavam um novo exame com a mesma amostra para confirmação do diagnóstico.

Mas a testagem não parava por aí. Durante os jogos, todos os participantes foram submetidos à triagem diária feita com o mesmo teste aplicado no aeroporto: detecção qualitativa de antígenos em amostras de saliva. A logística para que essa triagem funcionasse foi muito bem planejada, visto que eram cerca de 11 mil atletas, suas comissões técnicas e mais uma grande leva de profissionais que atuavam para que os jogos pudessem acontecer.

Dessa forma, todos os participantes receberam recipientes com códigos de barra que os identificavam. Todos os dias eles deviam depositar, nesses frascos, uma amostra de saliva, entregando essa amostra nos locais previamente indicados pela organização. Essas amostras eram recolhidas e transferidas para um laboratório que processava o exame em aproximadamente 12 horas. “A identificação das amostras com códigos de barras representa parte crítica do processo pré-analítico, pois contribui para evitar trocas e dar credibilidade aos resultados. Esse processo já está bastante consolidado aqui no Brasil e é amplamente utilizado pelos melhores laboratórios brasileiros”, comenta Shcolnik.

Com o resultado negativo, o participante seguia normalmente na competição. Porém, se o resultado fosse positivo, ele era notificado e o laboratório reanalisava a mesma amostra. Quando o resultado da nova análise também era positivo, o atleta era convocado para realização de um RT-PCR com amostra nasofaríngea. O prazo máximo para a entrega desse laudo era de cinco horas.

Na Internet, o atleta Douglas Souza, da equipe masculina de vôlei de quadra, foi um dos responsáveis por divulgar a exigência. Em seu perfil no Instagram, Douglas mostrou, por diversas vezes, a realização cotidiana dos testes enquanto esteve no Japão.

Segundo Shcolnik, a testagem durante a competição envolvia duas metodologias diagnósticas muito eficientes. “Primeiramente eles investiam no teste por amostra de saliva, visto que isso facilita a logística, já que o próprio participante podia coletar e entregar sua amostra para a avaliação laboratorial. Caso o resultado desse exame fosse positivo ou suspeito, eles seguiam com o cronograma podendo solicitar ao participante a realização de um RT-PCR com amostra nasofaríngea, tipo de exame e de amostra mais certeiros para a confirmação diagnóstica”, explica.

Além da triagem diária, os atletas também eram instruídos a ficarem atentos a qualquer mínimo sintoma de COVID-19, comunicando a organização para que o melhor teste fosse aplicado.

Em lista divulgada pelo COI, ao longo dos jogos foram realizados mais de 571 mil testes de triagem para COVID-19 com uma taxa de positividade de 0,02%. No geral, 198 pessoas tiveram diagnóstico confirmado para COVID-19 durante a realização dos Jogos Olímpicos de 2020.

Abramed atua em prol da telessaúde no país

Entidade está envolvida nos debates quanto ao projeto de lei 1998/20

5 de agosto de 2021

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) está atuando em conjunto com a Saúde Digital Brasil (SDB) e a Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp) em prol do projeto de lei 1998/20, que autoriza e define a prática da telemedicina em todo o território nacional.

Em análise na Câmara dos Deputados, a proposta prevê a realização dos atendimentos remotos, sendo que o Conselho Federal de Medicina poderá regulamentar os procedimentos mínimos para a prática. De acordo com o texto do projeto de lei, telemedicina é a transmissão segura de dados e informações médicas, por meio de texto, som, imagens ou outras formas necessárias para prevenção, diagnóstico, tratamento (incluindo prescrição medicamentosa) e acompanhamento de pacientes.

Na opinião de Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, esse debate é de extrema importância. “Precisamos trabalhar pelo futuro da telessaúde no Brasil, atividade presente em muitas das nossas empresas associadas e que auxilia na ampliação de acesso ao diagnóstico de qualidade em todo o país”, pontua.

O projeto sugere que a telemedicina deve ser realizada por livre decisão do paciente ou de seu representante legal e sob responsabilidade do médico. Além disso, enfatiza que o Marco Civil da Internet e a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) devem ser respeitados.

Em 13 de julho, Shcolnik esteve em Brasília (DF) para uma reunião com a deputada estadual Aline Gurgel (Republicanos/AP), que se declarou a favor do projeto em seu formado original; Eduardo Cordioli, presidente da SDB; e Marco Aurélio, diretor de Relações Governamentais da Anahp. Dois dias depois, a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados promoveu uma audiência pública para ampliar a discussão quanto ao projeto de lei 1998/20 (é possível assistir AQUI).

Importante lembrar que, devido à pandemia de COVID-19, em abril do ano passado a telemedicina foi autorizada em caráter temporário no Brasil.

Wilson Shcolnik palestra sobre relevância da medicina laboratorial para o futuro do diagnóstico

Presidente do Conselho de Administração da Abramed fez apresentação no Congresso Brasileiro de Raciocínio Clínico

02 de agosto de 2021

Na tarde de quarta-feira, 28 de julho, Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), ministrou uma palestra sobre as contribuições da medicina laboratorial ao futuro do diagnóstico na primeira edição do Congresso Brasileiro de Raciocínio Clínico. Durante a apresentação o executivo abordou temas bastante atuais sobre o desenvolvimento do setor.

Um dos assuntos debatidos foi a importância da coleta de dados para a formação do raciocínio clínico. Reunir essas informações envolve obter detalhes sobre o histórico do paciente – o que é uma tarefa árdua diante de um mercado de trabalho onde os médicos estão a cada dia mais sobrecarregados – mas também dados advindos dos exames físicos, que podem evidenciar importantes sinais, e aqueles contidos nos resultados dos exames complementares. “Assim o profissional encarregado do diagnóstico pode tirar suas conclusões e seguir com o ciclo de cuidado”, pontuou o presidente.

Durante os primeiros meses de pandemia de COVID-19, o setor assistiu a uma diminuição drástica do número de exames realizados no país, já que as pessoas se sentiram ameaçadas e deixaram de comparecer a consultas e exames eletivos. Porém, o segmento já vem se recuperando e, na visão de Shcolnik, o número de solicitação de exames tende a aumentar nos próximos anos.

Esse aumento não está relacionado à crise do novo coronavírus, mas sim a outros fatores. A população está envelhecendo e cada dia mais atenta aos cuidados. “Vivemos um momento que valoriza a prevenção e a promoção da saúde. Paralelamente, continuamos convivendo com doenças crônicas e degenerativas que exigem exames rotineiros para gerenciamento e controle dos tratamentos”, esclareceu o palestrante.

Outro ponto que leva a um potencial aumento do número de exames realizados está nas conquistas obtidas pela exploração do genoma humano, que abriram novos horizontes para a medicina diagnóstica. “Graças a esses avanços, agora contamos com a medicina de precisão, a medicina personalizada e outras abordagens que partem de dados da saúde populacional”, disse.

Como forma de consolidar a percepção de que a cada dia temos mais exames relevantes para a saúde humana e mais pessoas necessitando desses testes, o presidente da Abramed mencionou a publicação, há três anos, por parte da Organização Mundial da Saúde (OMS), de uma lista com mais de uma centena de exames considerados essenciais. Essa lista passou por duas atualizações e, hoje, envolve também um conjunto de testes para doenças infecciosas e evitáveis por vacinas, além de exames para detecção de doenças não transmissíveis como câncer e diabetes.

Os 4 P’s da medicina

Em sua palestra, Shcolnik também falou sobre os quatro P’s da medicina: preditiva, preventiva, personalizada e participativa. Em sua explanação, o executivo enfatizou a importância do diagnóstico em cada uma delas. “O primeiro P, de preditividade, reforça a relevância dos dados preditivos trazidos pelos exames genéticos e que, feitos logo após o nascimento, podem orientar a gestão de saúde quanto a predisposições a doenças e nos levam justamente ao segundo P, de prevenção. Além disso, temos a medicina personalizada (terceiro P) que também acontece graças aos exames genéticos, e o quarto e último P, de medicina participativa, que coloca o paciente no centro do cuidado e permite, inclusive, que ele mesmo realize alguns exames por meio de autotestes”, declarou.

Para consolidar todo esse cenário, o presidente mencionou os significativos avanços obtidos no setor ao longo do tempo. Apontou melhorias que otimizaram o diagnóstico, como os painéis de biologia molecular que são capazes de identificar muitos patógenos diferentes responsáveis por infecções de corrente sanguínea, gastrointestinais, respiratórias, encefalites e meningites. “Pense em uma mãe que está com seu filho com suspeita de uma meningite bacteriana, como ela fica ansiosa com a confirmação do diagnóstico. Os métodos tradicionais envolviam recursos como análise citológica, análise bioquímica do liquor, exames demorados e que podem levar até dias para serem concretizados como as culturas, a microscopia e a bacterioscopia. Testes inseguros, limitados e inespecíficos”, pontua. “Agora temos esses painéis, um recurso fundamental sobretudo nos prontos-socorros”, complementa.

Mostrou, também, como os testes podem contribuir com a definição do melhor tratamento, impactando inclusive no prognóstico. Para isso, trouxe um excelente exemplo que já está, inclusive, disponível no Brasil: exame capaz de identificar, através de marcadores laboratoriais e mutações genéticas, se aquela mulher que acabou de ser diagnosticada com um câncer de mama de fato será beneficiada pela quimioterapia, um tratamento bastante agressivo. “Esse é um tipo de teste que auxilia muitas pacientes e traz um enorme valor ao diagnóstico dessa patologia”, completou.

Essencial para a gestão da pandemia

Shcolnik também abordou a importância dos laboratórios clínicos para o melhor controle da pandemia. “Essa área tem sido essencial não somente para a confirmação dos diagnósticos, mas também para a tipagem dos agentes etiológicos, visto que estamos convivendo com diferentes cepas do novo coronavírus”, esclareceu.

Mudança de paradigma

Por fim, um dos pontos bastante relevantes apresentados por Shcolnik em sua palestra do Congresso Brasileiro de Raciocínio Clínico foi uma mudança de percepção dos conceitos e missões dos laboratórios. “Pensávamos que o nosso papel era fornecer resultados exatos, precisos, oportunos, no tempo certo e com o menor custo possível. Hoje acreditamos que nossa missão é fornecer resultados de forma rápida e eficiente, sem descuidar dos custos dos exames, para possibilitar um diagnóstico exato e preciso, a seleção de um tratamento apropriado, e um monitoramento correto do status da saúde ou de uma doença”, finalizou.

O I Congresso Brasileiro de Raciocínio Clínico: O Futuro do Diagnóstico foi realizado entre os dias 27 e 29 de julho de 2021 e contou com apoio da Abramed.