Dengue em alta: dados de laboratórios privados reforçam necessidade de testagem e prevenção

Segundo Abramed, a taxa de positividade dos casos de dengue na semana de 22 a 28 de dezembro de 2024 foi a maior do último trimestre do ano

13 de janeiro de 2025 – Com a temporada de calor e chuvas, o temor das arboviroses – doenças virais transmitidas principalmente por mosquitos – volta a rondar a população brasileira. Dentre as mais conhecidas estão dengue, zika, chikungunya, oroupouche e febre amarela, segundo o Ministério da Saúde.

A combinação de altas temperaturas e acúmulo de água parada cria um ambiente propício para a proliferação dos mosquitos transmissores da doença. Eles se tornam portadores dos vírus ao picar uma pessoa infectada e, subsequentemente, passam o vírus para outras pessoas durante suas picadas. Por isso, é importante intensificar as ações de prevenção e diagnóstico.

Segundo dados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), cujos associados são responsáveis por cerca de 80% do volume de exames realizados na Saúde Suplementar no Brasil, a taxa de positividade dos casos de dengue foi de 13,81% na semana de 22 a 28 de dezembro de 2024, a maior do último trimestre de 2024.

Além disso, a taxa de positividade registrou sua 3ª semana consecutiva de alta (de 1 a 28 de dezembro de 2024). O mesmo acontece com a média móvel, quando comparada com as últimas 5 semanas, indicando uma tendência de alta para os próximos períodos.

“A testagem e a prevenção são as chaves para enfrentar o desafio que as arboviroses representam, especialmente no período de maior vulnerabilidade climática. Nesse contexto, a análise de dados laboratoriais torna-se estratégica para antecipar tendências epidemiológicas, avaliar a eficácia das campanhas de prevenção e orientar políticas públicas”, comenta o médico patologista Alex Galoro, líder do Comitê Técnico de Análises Clínicas da Abramed.

Exames como PCR e testes de antígeno são essenciais, permitindo o tratamento adequado dos pacientes. No caso da dengue, Galoro lembra que as sorologias permitem detectar em apenas alguns dias os anticorpos IgM. Já os anticorpos IgG passam a ser detectáveis a partir do sétimo dia de doença.

“Na dengue, o hemograma é imprescindível após o diagnóstico, para monitoramento do paciente, para avaliação da necessidade de reidratação e o risco de dengue hemorrágica”, explica.

A Abramed reforça a importância de que exames diagnósticos sejam realizados em laboratórios clínicos, que garantem precisão nos resultados, testes mais abrangentes e total conformidade com os padrões de qualidade. Diagnósticos rápidos e precisos são essenciais para o controle das arboviroses.

Monitoramento

Os dados de exames realizados pelas associadas à Abramed são compilados por meio da plataforma de inteligência de dados METRICARE, desenvolvida e gerenciada pela Controllab, parceira da associação. Essa colaboração tem permitido o acompanhamento de dados relevantes, fornecendo uma visão clara e estratégica para a tomada de decisões em prol da saúde populacional.

Importante ressaltar que as associadas da Abramed enviam os resultados dos exames diretamente à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS/DATASUS), contribuindo para o monitoramento epidemiológico conduzido pelo Ministério da Saúde. Essas informações são essenciais para entender a progressão da dengue no Brasil e embasar medidas de saúde pública voltadas à contenção da doença.

Privacidade e tecnologia: Abramed alerta sobre a responsabilidade na gestão de dados de saúde

No Dia Internacional da Privacidade de Dados (28/1), a entidade mostra como garantir a segurança das informações, especialmente na era da inteligência artificial

13 de janeiro de 2025 – A proteção de dados pessoais vem ganhando cada vez mais relevância no cenário mundial, e em especial no setor de saúde, responsável por tratar um grande volume de dados sensíveis e de natureza confidencial. Em alusão ao Dia Internacional da Privacidade de Dados (28/1), a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) lembra a importância do tema.

Antes da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), o setor de saúde não se preocupava tanto com a segurança dos dados pessoais, limitando-se à confidencialidade entre médico e paciente, que era frequentemente comprometida devido à falta de boas práticas em governança de dados e segurança tecnológica nas empresas.

“Antigamente, as quebras de confidencialidade não causavam grandes danos, mas, com a globalização das informações e o aumento de golpes envolvendo dados pessoais, o setor de saúde tornou-se alvo de estelionatários”, explica Eduardo Nicolau, membro do Comitê de Proteção de Dados da Abramed e DPO – Data Protection Officer da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Diante desse novo cenário, empresas de medicina diagnóstica implementaram soluções para garantir a segurança da informação. Entre elas, a adoção de controles de acesso baseados na função do colaborador e a autenticação de sistemas com múltiplos fatores. Ou seja, o colaborador recebe um token, por mensagem ou aplicativo de celular que, juntamente com seu usuário e senha, permite o acesso a sistemas e plataformas da empresa.

Outros exemplos são a criptografia de dados armazenados, a atualização de patches de segurança para sistemas operacionais e acesso remoto a sistemas com rede privada — que corrigem vulnerabilidades e falhas de segurança, protegendo os sistemas contra ataques — e o uso de protocolo seguro de transferência de dados na internet.

Além dos cuidados com a segurança cibernética, muitas empresas do setor de medicina diagnóstica implementaram modelos de governança, garantindo a proteção dos dados pessoais de pacientes, médicos e parceiros de negócio. Entre as principais medidas adotadas está a gestão de risco em privacidade, por meio de processos que orientam a proteção dos dados pessoais desde sua concepção e incluem medidas compensatórias para processos de alto risco.

“Também é comum a avaliação de terceiros quanto à sua maturidade em proteção de dados, a gestão adequada de políticas de retenção de dados para cumprir obrigações legais e reduzir riscos em casos de vazamentos ou acessos indevidos, como também a implementação de um plano robusto de resposta a incidentes”, acrescenta Nicolau.

Após a promulgação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), as empresas tiveram tempo para se adaptar aos novos requisitos antes das sanções entrarem em vigor. Essa adaptação incluiu um passo importante: conscientizar os colaboradores sobre como manipular dados pessoais de acordo com a lei, esclarecendo seus direitos como donos dos dados e os deveres das empresas que os tratam.

“Hoje aqueles que manipulam os dados pessoais de outras pessoas o fazem com a consciência dos impactos e da responsabilização de seus atos, deixando as operações mais seguras”, comenta. Embora algumas empresas estejam mais maduras em privacidade e proteção de dados do que outras, Nicolau diz que todas, sem exceção, incluem em seus orçamentos anuais iniciativas para aumentar sua maturidade, implantar controles e fortalecer a governança.

Legislação

Em relação à privacidade e proteção de dados pessoais no uso da inteligência artificial (IA), Nicolau diz que o Projeto de Lei 2338/2023, em análise pela Câmara dos Deputados, garante a proteção aos direitos fundamentais dos cidadãos e estabelece responsabilidades para desenvolvedores e operadores, mas sua eficácia só será comprovada com o passar do tempo, a evolução da tecnologia e o poder fiscalizatório dos órgãos reguladores.

“A proposta de regulação da IA permite inovações ao proteger dados pessoais e garantir algoritmos eficazes e éticos, mas o modelo de classificação de riscos pode dificultar a responsabilização e gerar debates complexos sobre impactos em direitos fundamentais. A IA ainda é muito recente e o mundo a entende de forma superficial”, expõe.

Nicolau considera a legislação atual de proteção de dados abrangente, mas aponta que a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) precisa abordar as particularidades do setor de saúde, que envolve um ecossistema de informações heterogêneas e desconexas.

“Diferentemente do modelo europeu, o Brasil carece de regras específicas para o compartilhamento de dados de saúde. O setor necessita de regulamentações que garantam a segurança, a qualidade e a interoperabilidade dos dados, permitindo a integração entre entidades públicas e privadas e melhorando os diagnósticos, tratamentos e redução de custos”, comenta.

A privacidade de dados é essencial para evitar consequências graves, como discriminação ou exposição indesejada de informações de saúde. Em um mundo digital, organizações que investem na proteção e transparência dos dados se destacam. “A implementação da privacidade está ligada a práticas éticas e responsáveis, aumentando a confiança e reduzindo riscos legais. Com a crescente conscientização sobre a proteção de dados, os consumidores tendem a escolher marcas que priorizam a privacidade de seus dados pessoais”, expõe Nicolau.

Através de seu Comitê de Proteção de Dados, composto por profissionais de diversas áreas, como saúde, direito, tecnologia e cibersegurança, a Abramed discute questões relevantes para o setor. “Entre as conquistas, destaque à contribuição para subsídios da ANPD sobre temas como multas, sanções administrativas, transferência internacional de dados e notificação de incidentes. Atualmente, o Comitê está focado em discutir a regulação da inteligência artificial, buscando influenciar as políticas que impactam as atividades do setor de saúde”, finaliza Nicolau.

Biologia molecular em crescimento: tecnologia e IA impulsionam diagnósticos personalizados

A popularização dos testes moleculares tem gerado aumento na demanda, incentivando grandes empresas a investirem em soluções pré-analíticas

09 de janeiro de 2025 – Uma das áreas em crescimento no setor de medicina diagnóstica é a biologia molecular. De acordo com a sexta edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, 93% das associadas à entidade atuam na área, atendendo às demandas de um mercado cada vez mais orientado pela tecnologia e pela personalização dos cuidados em saúde.

A biologia molecular identifica doenças e condições de saúde a partir da análise do material genético (DNA e RNA) dos pacientes, permitindo investigar alterações moleculares, como mutações genéticas, presença de microrganismos infecciosos e padrões de expressão gênica. “É uma área extremamente precisa e confiável”, afirma Guilherme Ambar, CEO da Seegene.

Com o uso de diversas técnicas avançadas, a biologia molecular permite diagnósticos rápidos, fornecendo informações detalhadas que orientam a definição da melhor conduta médica. “Com a popularização dessas técnicas e os avanços tecnológicos, cada vez mais essas ferramentas estarão acessíveis à toda a população”, diz.

Em termos de evolução, tem-se se visto no mundo todo o desenvolvimento do diagnóstico molecular com uma abordagem sindrômica. Esta estratégia, amplamente aprimorada pela Seegene, permite não apenas a identificação de múltiplos alvos simultaneamente, mas também a obtenção de dados quantitativos detalhados para cada alvo individualmente. Esse avanço reduz o tempo necessário para resultados, aumenta a precisão dos diagnósticos e auxilia na priorização de tratamentos mais eficazes.

Outro grande progresso é o refinamento das técnicas moleculares para o uso de Point-of-Care Testing (POCt), que se refere a métodos diagnósticos realizados “perto do paciente”, seja no local de atendimento ou em ambientes fora dos laboratórios convencionais. “Esses testes estão se tornando mais rápidos e precisos, o que possibilita uma tomada de decisão mais ágil em hospitais e centros de emergência. Além disso, com o auxílio da telemedicina, eles podem alcançar regiões distantes e com pouca infraestrutura de saúde”, explica Guilherme.

No campo da medicina personalizada, o avanço da abordagem multiômica está transformando a forma como os tratamentos são adaptados às características individuais de cada paciente. As multiômicas integram diferentes camadas de dados biológicos, gerados por tecnologias de análise, como genômica, transcriptômica, proteômica e metabolômica. Essa abordagem holística possibilita uma compreensão mais profunda dos processos biológicos, facilitando a adaptação dos tratamentos e potencializando a prevenção de doenças.

Inteligência artificial

Com o crescimento da inteligência artificial (IA) no apoio ao diagnóstico, as multiômicas têm ganhado cada vez mais relevância, especialmente no campo das doenças raras, no tratamento personalizado e, o mais importante, na prevenção. “A popularização dos testes moleculares tem gerado um aumento significativo na demanda, incentivando grandes empresas a investirem em soluções pré-analíticas para atender à crescente necessidade de processamento em larga escala”, acrescenta Guilherme.

A utilização de ferramentas de IA tem possibilitado a ampliação de técnicas diagnósticas que antes eram menos comuns, como o Sequenciamento de Nova Geração (NGS), que permite sequenciar o material genético de forma rápida, precisa e em grande escala. Também está ganhando relevância a proteômica, técnica que estuda o conjunto completo de proteínas expressas por células, tecidos ou organismos em determinadas condições. Assim como a metabolômica, que analisa os metabólitos presentes em células ou tecidos em um dado momento. Os metabólitos são pequenas moléculas intermediárias ou finais do metabolismo, como açúcares, aminoácidos, lipídeos e ácidos nucleicos.

A farmacogenômica, que investiga como as variações no DNA influenciam a resposta a medicamentos, também se tornará mais comum na área de diagnóstico. “O grande volume de dados gerados por essas técnicas será cada vez mais analisado com maior eficiência pela IA, proporcionando suporte às decisões médicas”, diz Guilherme.

Segundo ele, essa evolução permitirá que a medicina deixe de focar apenas no tratamento e diagnóstico, abrindo caminho para abordagens mais personalizadas. A IA aplicada à análise de grandes volumes de dados populacionais e metadados já desempenha um papel importante, mas seu impacto será ainda mais significativo na medicina personalizada. “Quando os dados são coletados ao longo do tempo de um único paciente, incluindo informações diagnósticas e sua jornada de saúde, a IA poderá fornecer um suporte de altíssima acurácia na tomada de decisões.”

Desafios

Apesar dos avanços, Guilherme diz que ainda existem barreiras que dificultam a expansão da biologia molecular. Entre as principais estão os custos elevados, uma vez que essas técnicas demandam reagentes caros e alto investimento para a implementação de laboratórios. Além disso, a falta de um parque industrial nacional que desenvolva essas tecnologias no Brasil impede a redução desses custos, que poderiam ser drasticamente diminuídos com a produção local.

Outro desafio é a infraestrutura, pois muitos laboratórios ainda carecem de equipamentos e espaços adequados para implementar as tecnologias avançadas de diagnóstico molecular. A capacitação profissional se junta à lista, já que é necessária uma formação especializada para operar essas novas tecnologias e utilizar adequadamente os resultados, o que limita o uso generalizado dos diagnósticos moleculares.

“Superar essas barreiras é essencial para garantir que os benefícios da biologia molecular sejam amplamente acessíveis à toda a população e integrados na prática clínica”, conclui o CEO da Seegene.

Algorética na saúde: ética e transparência nos algoritmos por um sistema mais confiável e inclusivo

Por Angélica Carvalho*

A ascensão da inteligência artificial (IA) na saúde trouxe à tona uma necessidade urgente: garantir que as decisões tecnológicas sejam fundamentadas em princípios éticos sólidos. É nesse contexto que surge a algorética, uma abordagem que integra transparência, justiça e responsabilidade no uso de algoritmos, capaz de nortear relacionamentos colaborativos entre diferentes atores da cadeia de saúde, garantindo que o paciente seja o centro do cuidado.

Alinhar-se à algorética requer uma abordagem sistêmica que promova confiança e respeito mútuo, incentivando o diálogo entre organizações do setor para consolidar a ética na concorrência, assegurar preços justos e otimizar recursos ao longo do ciclo assistencial.

Além disso, é necessário que os envolvidos adotem boas práticas no uso da IA, protejam a confidencialidade dos dados, garantam transparência para as partes interessadas, preservem a responsabilidade humana em decisões críticas e se responsabilizem por eventuais usos inadequados dessas ferramentas.

Nesse contexto, o Marco de Consenso para a Colaboração Ética Multissetorial na Saúde, liderado pelo Instituto Ética Saúde (IES) com apoio da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), orienta o setor a criar uma rede de autorregulação com princípios éticos no uso de tecnologias, como a IA em diagnósticos, tratamentos e gestão de dados, oferecendo um modelo que pode inspirar outros sistemas de saúde globalmente.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a adoção de mecanismos, como treinamento contínuo, participação do paciente e diversidade de dados, é essencial para garantir transparência na tomada de decisões por algoritmos, prevenir vieses contra minorias e corrigir falhas nos sistemas. O Marco de Consenso, um dos maiores acordos setoriais da saúde, tem gerado resultados que fortalecem modelos colaborativos entre os diversos atores do setor, promovendo integridade e confiança.

Em 2023, tive uma experiência marcante com o Papa Francisco, que foi o primeiro a abordar o tema “Ética dos Algoritmos”. Ele enfatizou a importância de sistemas de saúde mais humanos e igualitários, o que me levou a refletir sobre a necessidade urgente de um pacto global que priorize a saúde, focando não apenas no tratamento de doenças, mas também na promoção da saúde, prevenção e inclusão dos mais vulneráveis.

No VII Seminário sobre Ética na Gestão da Saúde, realizado na Cidade do Vaticano, o bispo Vincenzo Paglia também abordou a algorética e os riscos do uso irresponsável da IA. Toda essa reflexão levou à revisão do Marco de Consenso Brasileiro para incluir o tema. Assim, a nova versão foi assinada, no fim de 2024, pela Abramed e por diversas outras instituições, e levada ao Papa Francisco no VIII Seminário sobre Ética na Gestão da Saúde.

Importante ressaltar que a adoção de práticas éticas no uso IA pode transformar a experiência do paciente e melhorar a qualidade do atendimento na saúde. Tais práticas aumentam a confiabilidade dos sistemas, fortalecem a confiança entre pacientes, profissionais e organizações, além de minimizar erros diagnósticos.

Embora o uso de IA possa gerar preocupações sobre despersonalização, práticas éticas garantem que a tecnologia complemente o contato humano, personalizando tratamentos e mantendo o vínculo empático. A transparência, o consentimento informado e o acesso equitativo às tecnologias contribuem para uma assistência mais segura, justa e inclusiva.

Em síntese, não é apenas uma questão regulatória, mas um compromisso com a melhoria contínua da qualidade do atendimento. Essa abordagem fortalece a confiança no sistema de saúde e assegura que as inovações tecnológicas estejam a serviço do bem-estar humano. A ética, afinal, deve ser a base de toda inovação.

*Angélica Carvalho

Diretora-Adjunta de Desenvolvimento Setorial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)

(07/01/2025)

Abramed debate desafios e perspectivas para 2025

Durante Reunião Mensal de Associados, importantes players do setor analisaram o mercado de saúde no Brasil

6 de janeiro de 2025 – A última Reunião Mensal de Associados (RMA) da Abramed em 2024 foi realizada em 19 de dezembro, na sede do Hcor, em São Paulo, contando com o debate “Desafios e perspectivas para 2025”. Durante o encontro, foi entregue o Relatório Anual de Atividades 2024, um resumo do trabalho realizado pela entidade e seus associados durante o ano, destacando as iniciativas em prol do desenvolvimento da medicina diagnóstica e de todo o ecossistema de saúde.

Como anfitrião, Júlio Vieira, diretor de relacionamento com o Mercado, Negócios e Estratégia do Hcor e membro do Conselho de Administração da Abramed, apresentou dados sobre o hospital, que atua em mais de 50 especialidades médicas, além de contar com um Instituto de Pesquisa reconhecido internacionalmente.

“Compartilhamos tudo que aprendemos em nossos quase 50 anos no Hcor Academy, que, em 2023, capacitou mais de 5.500 alunos, quase 150% a mais que em 2022. Recentemente, lançamos cursos de pós-graduação nas frentes assistenciais e gestão em saúde, somando mais de 800 alunos”, destacou Vieira.

Na sequência, Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, fez uma retrospectiva da atuação da entidade em 2024. Foram 90 reuniões de seus 11 comitês temáticos, mais de 60 reuniões de relações governamentais com Ministério da Saúde, Anvisa, ANS, MDIC, entre outras instituições, além de 20 eventos promovidos e com participação da entidade.

“Desenvolvemos mais de quatro conteúdos relevantes por meio dos nossos comitês, como a Cartilha Com A Visa no Peito, a Pesquisa sobre o uso de Inteligência Artificial na Medicina Diagnóstica e o Relatório sobre o Uso do Padrão TISS. Esses materiais têm contribuído significativamente para a qualificação e a evolução do setor”, disse.

Por sua vez, Cesar Nomura, presidente do Conselho de Administração da Abramed, destacou a relevância do trabalho da entidade junto aos associados. “Estamos cada vez mais próximos, permitindo que conheçam melhor a Abramed e, ao mesmo tempo, que a Abramed conheça mais profundamente as instituições. Esse movimento tem sido muito enriquecedor, pois fortalece o entendimento mútuo sobre o que já foi realizado e o que está em planejamento”, afirmou.

Ao comentar sobre o Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, publicação anual da entidade que traz um panorama do setor, Nomura enfatizou a importância dos dados para todo o mercado da saúde. “O Painel ajuda a combater mitos como a ideia de que 20% dos exames não são acessados. Isso não é verdade, apenas 3,8% dos exames não foram acessados diretamente pelos pacientes em 2023. Muitos desses exames, no entanto, são realizados dentro de hospitais, onde os médicos têm acesso e utilizam os resultados para conduzir o tratamento. É importante desmistificar essa ideia equivocada e valorizar os dados confiáveis que o Painel oferece”, afirmou.

Debate

Após as apresentações, Nomura moderou o debate “Desafios e perspectivas para 2025”, com participação de Ademar Paes Jr., sócio da Clínica Imagem, CEO da LifesHub e membro do Conselho de Administração da Abramed; Claudia Cohn, diretora-executiva no Grupo Dasa e membro do Conselho de Administração da Abramed; Fernando Torelly, CEO do HCor; e Giovanni Cerri, presidente dos Conselhos dos Institutos de Radiologia (InRad) e de Inovação (InovaHC), do HC da FMUSP.

Ademar ressaltou que o setor de saúde no Brasil enfrenta desafios complexos, como envelhecimento populacional, alta carga de doenças crônicas, subfinanciamento, acesso restrito a crédito e um modelo de negócios fragmentado. Apesar disso, há avanços, como maior acesso à saúde, desenvolvimento de biotecnologia e incorporação tecnológica focada em inteligência de dados e monitoramento de pacientes.

Ainda assim, o setor carece de um verdadeiro ecossistema de saúde. Segundo ele, a fragmentação atual coloca operadoras, redes e empresas em “modo sobrevivência”, sufocando criatividade e inovação. “Porém, parcerias estratégicas entre hospitais e operadoras começam a sinalizar mudanças rumo a sistemas eficientes, que devem ganhar força em 2025”, disse.

Para avançar, Ademar considera que o setor precisa investir em três pilares. O primeiro é gestão, focando em estratégia, pessoas, operações, marketing, vendas e finanças. O segundo são dados, direcionados para a criação de data lakes (repositórios para grandes volumes de informações) e uso mais robusto de tecnologias analíticas para melhorar a tomada de decisão.

“Diversas tecnologias avançadas, incluindo inteligência artificial, estão chegando. No entanto, não conseguiremos utilizá-las plenamente se não prepararmos os dados básicos necessários para que essas ferramentas operem de forma eficaz no setor de saúde”, explicou Ademar.

O terceiro é automação de processos, que ajuda a reduzir custos operacionais com tecnologia, especialmente frente ao alto custo de mão de obra. Esses passos são fundamentais para enfrentar os desafios e preparar o setor para as transformações tecnológicas que já estão emergindo.

Para entender 2025, Torelly voltou a 2019, considerado o último ano “normal” da saúde. Desde então, veio a pandemia e, em 2023, as operadoras acumularam prejuízos de R$ 11 bilhões, forçando ajustes drásticos nos custos, que continuaram em 2024. “A arquitetura competitiva mudou radicalmente e continuará mudando, com uma forte consolidação no setor hospitalar”, disse.

Segundo Torelly, apenas os que aliarem escala a eficiência e forem atrativos tanto para operadoras quanto para pacientes estarão protegidos. “Tenho preocupação com os hospitais filantrópicos, pois se eles continuarem isolados em um cenário de consolidação, vão perder protagonismo no futuro por uma questão de mercado”, expôs.

Além disso, apontou que se a saúde se tornar um mercado pouco atrativo devido a fatores como câmbio e juros elevados, o investimento pode diminuir, prejudicando todo o sistema no longo prazo. “Não me preocupo com isso hoje, mas daqui a 5 ou 10 anos.”

Apesar das dificuldades, Torelly considera que o setor parece caminhar para um 2025 mais positivo, com prejuízos das operadoras reduzidos e ajustes em andamento. Contudo, é necessário que hospitais e gestores olhem para sua própria prática, combatendo variabilidades e glosas injustificadas e enfrentando o mercado de forma mais assertiva e colaborativa.

Cerri também fez uma retrospectiva, mostrando que a primeira metade desta década foi marcada por desafios profundos no setor de saúde, desde a pandemia até a crise das operadoras de planos de saúde.

De acordo com ele, embora as operadoras estejam reduzindo seus prejuízos, o desarranjo econômico e político do país é a grande preocupação para 2025. O aumento dos juros e o dólar elevado dificultam investimentos e agravam a situação. Por outro lado, Cerri cita como elemento positivo o avanço tecnológico.

A transformação digital, incluindo inteligência artificial, telemedicina e interoperabilidade, oferece caminhos para maior eficiência e racionalização de processos. Essas inovações permitem que médicos se concentrem mais no cuidado direto ao paciente e podem ser fundamentais para a sustentabilidade do setor.

O desafio, no entanto, permanece na necessidade de mudanças estruturais, como novos modelos de pagamento, ampliação do acesso e o retorno dos planos individuais. “Vamos observar como essas duas variáveis – o cenário econômico e político e o avanço da tecnologia no setor – irão se encontrar. Qual será o resultado dessa combinação? Espero que seja positivo”, comentou Cerri.

Na análise da Cláudia, o Brasil deixou de ser o foco para investimentos internacionais e não será a “bola da vez” em 2025. Para ela, a dificuldade de captar recursos e a necessidade de buscar alternativas são realidades que o setor de saúde precisa enfrentar. Empresas que antes operavam com margens confortáveis precisaram repensar suas estratégias para garantir a sustentabilidade. Isso levou ao surgimento de sistemas integrados – como a união entre hospitais, operadoras e empresas de diagnóstico.

Claudia ressaltou, ainda, que dados estruturados e inteligência artificial podem revolucionar a produtividade e a organização do setor, mas ainda são iniciativas pontuais. Para avançar, é fundamental que as empresas adotem uma visão sistêmica, aproveitando as oportunidades oferecidas pela transformação digital.

Além disso, conforme acrescentou, há um excesso de investimentos em novas infraestruturas, como leitos hospitalares, que podem se tornar inviáveis diante do enfraquecimento do fluxo de capital. Segundo ela, é preciso refletir se essa expansão desordenada faz sentido, especialmente considerando o atual cenário econômico.

“Minha última provocação é: será que vamos deixar de lado as disputas por interesses próprios para avançarmos juntos em um nível mais elevado, com um olhar mais amplo para o setor? Vejo a Abramed entrando em uma nova fase, focando menos em problemas pontuais – sem deixá-los de lado, é claro, mas resolvendo-os enquanto promovemos discussões mais maduras e estratégicas sobre o que realmente precisamos fazer para transformar o setor e nos tornarmos mais fortes, em conjunto”, disse.

Outros apontamentos relevantes incluíram a importância de estratégias voltadas à eficiência operacional, como gestão de custos e estruturas administrativas mais enxutas. Foi citado que práticas eficientes em gestão de supply chain podem gerar economia significativa nos custos variáveis das organizações. Os participantes também ressaltaram que o setor deve adotar um modelo baseado em eficiência, além de evidências, para enfrentar os desafios macroeconômicos.

Ao final, Nomura ressaltou a relevância de unir forças para avançar. “Em momentos de crise, a criatividade tende a desaparecer; quando um animal está acuado, seu foco é apenas a sobrevivência. Vejo que algumas instituições estão passando por isso agora. Por isso, é essencial que, como líderes, sejamos capazes de transmitir a importância da coopetição – uma combinação de competição e colaboração. Que ao final de 2025 possamos dizer que conseguimos fazer algo diferente”, concluiu.

O evento se encerrou com uma visita técnica ao Hcor.

Fraudes na saúde são um desafio à sustentabilidade e eficiência de todo o sistema

Tema foi debatido em evento online da Unimed Federação Minas, com participação da Abramed na programação

13 de dezembro de 2024 – As fraudes no setor de saúde são um grande obstáculo para a sustentabilidade financeira e operacional de todo o sistema. As práticas ilícitas incluem desde falsificação de documentos e reembolsos fraudulentos até esquemas sofisticados envolvendo organizações criminosas. Além das perdas de recursos, essas ações comprometem a qualidade do atendimento ao paciente.

O assunto foi debatido durante evento virtual do Grupo Estadual de Recursos e Serviços Próprios da Confederação Nacional das Cooperativas Médicas – Unimed Federação Minas, realizada no dia 6 de dezembro. José Cechin, superintendente executivo do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), e Milva Pagano, diretora-executiva da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), foram convidados para palestrar sobre o tema “Controle de fraudes em recursos próprios”.

Cechin apontou que as perdas por fraudes e abusos no setor de saúde suplementar decorrem de práticas realizadas por beneficiários, prestadores e terceiros. Entre as mais comuns estão falsificar identidades para acessar serviços, desdobrar recibos, aumentar quantidades e incluir procedimentos não realizados. Também ocorrem abusos no uso de materiais médicos, com desperdícios ou escolha de itens mais caros, como visto no caso da “máfia das próteses”.

Outro esquema frequente envolve organizações criminosas que criam CNPJs e funcionários fictícios, contratam planos de saúde e simulam reembolsos de serviços inexistentes. Há casos, ainda, de recebimento de comissões irregulares em diferentes etapas da cadeia de distribuição e no uso de dispositivos médicos, como próteses de joelho.

Durante a pandemia, as solicitações de reembolso passaram a acontecer por meios eletrônicos, sem a necessidade de envio de documentos físicos. “E daí nasceu uma verdadeira indústria da fraude. Os reembolsos passaram de R$ 6 bilhões, em 2019, para R$ 11 bilhões, em 2022, de acordo com estudo do IESS”, mostrou Cechin.

Em vista a essa realidade, as operadoras de planos de saúde adotaram medidas preventivas e corretivas, incluindo campanhas educativas e o aprimoramento de métodos de detecção e apuração. Também chegaram a demitir funcionários envolvidos em fraudes e criaram comitês especializados, promovendo a troca regular de informações.

Entre as medidas possíveis para combater fraudes no setor de saúde, Cechin citou o uso de biometria para autenticar identidades, auditorias regulares, criação de uma base de dados com casos comprovados e suspeitos, bem como a troca de informações entre operadoras. “Precisamos avançar no uso da inteligência artificial, que, apesar de custosa, tem grande potencial para identificar desvios de comportamento e prevenir desperdícios. Além disso, pode ser aplicada de forma preventiva, por exemplo, para verificar a compatibilidade do que está sendo solicitado”, expôs.

Este é um tema de extrema importância para a Abramed, que estimula o uso racional de exames e trabalha ativamente pelo equilíbrio e pela sustentabilidade de todo o sistema de saúde, mantendo o diálogo aberto com diversos atores da cadeia, como salientou Milva. Ela mostrou que as fraudes são um forte ofensor à essa sustentabilidade e, como resposta, a entidade conta com iniciativas importantes, como o Código de Conduta, que influencia comportamentos éticos e transparentes e repudia qualquer oferta de benefícios financeiros indevidos.

“Esperamos que todos os associados cumpram rigorosamente as diretrizes desse código em qualquer circunstância. Também disponibilizamos um canal de denúncias para reforçar esse compromisso ético. Dessa forma, combatemos as fraudes e conscientizamos o setor”, expôs.

Segundo dados da Agência Nacional da Saúde Suplementar (ANS), o setor enfrentou uma epidemia de fraudes em 2023, com prejuízo de R$ 1,7 bilhão causado por falsificação de recibos e documentos médicos. “A fraude é uma ação enganosa, desonesta, ilegal e imoral que visa obter uma vantagem, seja financeira ou pessoal, prejudicando não apenas o sistema como um todo, mas também o paciente, que deixa de receber o atendimento adequado”, explicou Milva.

Os indicadores de fraudes no setor de saúde incluem práticas como o reembolso sem desembolso, quando uma operadora paga por serviços que não foram efetivamente prestados, e o reembolso assistido, em que o pagamento é realizado sem a devida documentação ou verificação do serviço executado. Outros indicadores incluem a renda incompatível com os valores desembolsados e a falsificação de comprovantes e documentos.

“Ao fornecer login e senha para o acesso de terceiros aos dados de seu plano de saúde, os beneficiários podem não perceber que estão, de forma passiva, contribuindo com uma fraude. Por isso, em 2022, a Abramed lançou campanhas de educação e conscientização voltadas para os pacientes, em parceria com diversos players da cadeia, com o objetivo de combater essa prática”, explicou Milva.

Além das fraudes, ela destacou outros pontos críticos que devem ser observados para melhorar a eficiência do sistema de saúde. “Para que o paciente seja colocado no centro do cuidado, é essencial que ele tenha conhecimento sobre sua saúde e saiba utilizar adequadamente o plano de saúde. Sem essa conscientização, ele pode ser manipulado, tanto por práticas fraudulentas quanto por outros golpes, frequentemente orquestrados por quadrilhas”, disse.

É igualmente importante analisar as condutas médicas relacionadas a pedidos de procedimentos desnecessários, seja por motivações financeiras ou por excesso de cautela — muitas vezes decorrente de lacunas no processo de formação profissional. Além disso, o setor de saúde enfrenta desafios como a fragmentação e a falta de integração e interoperabilidade entre os diversos atores, o que agrava esse cenário.

“A fragmentação do sistema de saúde gera desperdício e custos desnecessários. A integração do sistema é necessária para uma maior eficiência e efetividade, além da mudança de cultura, sendo fundamental que todos os profissionais de saúde, incluindo médicos, sejam educados sobre as melhores práticas e a importância de atuar com base no cuidado integral e na colaboração entre os diversos stakeholders do setor”, expôs.

As apresentações destacaram que enfrentar as fraudes no setor de saúde vai além de punir culpados: exige educação, normas claras e atuação em conjunto. Só assim será possível criar um ambiente mais ético, funcional e sustentável, onde os recursos sejam usados de forma inteligente e o foco retorne ao que realmente importa: um atendimento de qualidade, com o paciente no centro das decisões.

Indicadores de qualidade na medicina diagnóstica: pilar para a sustentabilidade do sistema

Para aprimorar a capacidade de gerar dados e informações sobre o setor, a Abramed faz parceria estratégica com a Controllab para gestão comparativa de indicadores

6 de dezembro de 2024 – A tomada de decisão baseada em dados é fundamental tanto para a segurança dos pacientes quanto para a sustentabilidade financeira das organizações e do setor de saúde como um todo. Especialmente no segmento de medicina diagnóstica, os desafios são intensos, envolvendo a gestão eficiente de recursos, a garantia da segurança do paciente, o cumprimento de requisitos legais e a incorporação de tecnologias avançadas.

“As organizações devem ter capacidade e competência para agir rapidamente frente aos cenários em contínua transformação, tomando decisões assertivas e guiadas por dados e evidências. Indicadores são ferramentas essenciais nesse processo”, comenta Vinicius Biasoli, CEO na Controllab.

Segundo ele, monitorar continuamente o desempenho frente a metas preestabelecidas é importante para estar pronto para decidir e agir, aproveitando as oportunidades do mercado e minimizando os riscos inerentes aos novos desafios.

“Os indicadores nos ajudam a compreender o contexto da organização. Quando comparados com o mercado, proporcionam uma visão abrangente das dinâmicas e as ações necessárias para nos mantermos competitivos e sustentáveis nesse cenário desafiador. Eles permitem trabalhar aspectos complementares como conhecimento, pessoas, processos, tecnologia, clientes e, sobretudo, a dimensão financeira”, explica.

Devido à importância do tema, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) vem atuando em parceria com a Controllab por meio do uso da plataforma Metricare, uma solução de gestão e comparação de indicadores para organizações do setor. “A plataforma une tecnologia e boas práticas de gestão, disponibilizando conhecimento e dados para impulsionar a cultura da melhoria contínua dos serviços prestados a médicos e pacientes, bem como para assegurar a sustentabilidade de longo prazo das organizações”, detalha Biasoli.

De acordo com ele, a expertise da Controllab nas temáticas da qualidade e inteligência da comparação de dados associada à relevância e credibilidade da Abramed empodera ainda mais as empresas de medicina diagnóstica para a evolução da sua gestão e resultados, além de aprimorar a capacidade do segmento em gerar dados e informações relevantes para todos os stakeholders do ecossistema.

Dentro desse escopo, podem ser destacados os dados do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico e os indicadores epidemiológicos, informações tradicionalmente oferecidas pela entidade ao mercado e que já são atualmente geradas pela Metricare.

“A utilização de dados confiáveis e bem estruturados é o alicerce para a evolução de toda a cadeia da saúde. Desde o diagnóstico preciso até a gestão eficiente de recursos, os dados orientam decisões que impactam diretamente pacientes, profissionais, instituições e reguladores. Na Abramed, estamos comprometidos em fomentar essa transformação, promovendo transparência e melhoria contínua nos serviços de saúde em benefício de toda a sociedade”, destaca Milva Pagano, diretora-executiva da entidade.

Como funciona?

Mais de 180 indicadores padronizados podem ser inseridos pelas organizações de saúde participantes diretamente na Metricare ou por meio da integração com sistemas informatizados de clínicas e laboratórios. Após serem capturados de forma anonimizada e segura, esses dados são utilizados para calcular indicadores com base em uma padronização internacionalmente harmonizada.

Os indicadores são validados e analisados estatisticamente, permitindo comparações entre as organizações participantes. Os resultados dessa análise comparativa são apresentados por gráficos, que possibilitam às empresas visualizarem seu desempenho individual em relação à amostragem global do grupo. “Isso facilita a identificação de oportunidades de melhoria, visando a evolução positiva no desempenho competitivo do mercado”, expõe Biasoli.

A análise da comparação de indicadores identifica pontos críticos, orientando a alocação estratégica de recursos para resultados significativos. Eles fornecem dados confiáveis que embasam decisões seguras em todos os níveis, fortalecendo processos e promovendo aprendizado organizacional, transformando a cultura e qualificando a gestão.

Motor para a acreditação

A gestão organizacional segue um ciclo contínuo: planejamento de políticas e processos, execução padronizada, monitoramento de desempenho e melhoria contínua. Programas de acreditação estabelecem normas que abrangem todas essas etapas, exigindo padronização, monitoramento e ações de melhoria para garantir qualidade e segurança.

Os indicadores são importantíssimos nesse processo, servindo como pilar para avaliar a conformidade com as normas de acreditação e demonstrar a competência técnica da organização. Eles são essenciais para evidenciar o compromisso com a qualidade perante pacientes, médicos e órgãos reguladores.

A conquista de um selo de acreditação reforça a credibilidade da instituição, destacando seu foco nas melhores práticas, no monitoramento contínuo e na busca por melhorias. “A gestão de indicadores, portanto, é o motor de qualquer programa de acreditação de alto nível, garantindo serviços mais seguros e de qualidade para todos os envolvidos”, salienta Biasoli.

Futuro

A importância desse tema tende a crescer ainda mais nos próximos anos, segundo o CEO da Controllab. Avanços tecnológicos e o impacto positivo da ciência de dados estão impulsionando o uso de informações em tempo real para embasar decisões. Além disso, tendências como a medicina de precisão, a crescente restrição de recursos e a necessidade de ampliar a qualidade tornam indispensável o uso intensivo de dados.

“Indicadores estão se consolidando como elementos indispensáveis para qualquer empresa de saúde. Não há retorno: o futuro exige organizações guiadas por comparação de dados em nosso segmento”, finaliza Biasoli.

Aids: diagnóstico é um dos pilares para alcançar as metas globais de controle da epidemia

Diagnósticos mais precoces e confiáveis contribuem para reduzir a transmissão do vírus e melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV

1 de dezembro de 2024 – Neste Dezembro Vermelho, mês da campanha nacional de conscientização sobre HIV/Aids, é importante ressaltar que o diagnóstico é um dos pilares para alcançar as metas globais de controle da epidemia. O objetivo estabelecido pelo Unaids é claro: ter, até 2030, 95% das pessoas diagnosticadas, tratadas e com carga viral indetectável no mundo.

“Atualmente, dois grandes grupos de testes são utilizados para a detecção do HIV: os testes sorológicos e os moleculares, cada um com funções específicas no diagnóstico e acompanhamento da infecção”, explica o patologista clínico Carlos Eduardo Ferreira, líder do Comitê Técnico de Análises Clínicas da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e gerente médico do Laboratório Clínico do Hospital Israelita Albert Einstein.

Os testes sorológicos estão disponíveis de duas formas. No laboratório clínico, o processo envolve coleta de sangue, separação do soro e análise automatizada. Já os testes rápidos, incluindo os autotestes, disponíveis em farmácias e clínicas, são feitos com amostras de sangue ou saliva.

“Os testes realizados em laboratório permitem pesquisar tanto os anticorpos quanto o antígeno do vírus, o que garante um desempenho superior em comparação aos testes que analisam apenas a presença de anticorpos. Já os testes rápidos têm maior chance de resultados falso-positivos — ou seja, quando o teste indica um resultado positivo, mas a pessoa não está infectada”, salienta Ferreira.

Segundo ele, a chance de um resultado falso-negativo nos testes laboratoriais é praticamente mínima, devido à janela imunológica, que é o período entre a infecção e a detecção do vírus. “No laboratório, essa janela é de apenas alguns dias, então, se uma pessoa entrou em contato com o vírus hoje, é provável que o teste já seja positivo após cinco ou seis dias. Para identificar a infecção na fase aguda, quando a janela imunológica ainda pode ser um fator, somente o teste molecular é capaz de detectar diretamente o vírus”, salienta.

Os testes moleculares, como o PCR para HIV, podem ser qualitativos, usados para confirmar infecções, ou quantitativos, que medem a carga viral e auxiliam no monitoramento do tratamento de pacientes já diagnosticados. Eles são essenciais para detectar a presença do vírus em fases muito precoces da infecção, quando outros testes ainda não conseguem identificar o HIV.

Ferreira destaca que com os avanços tecnológicos, os resultados falso-positivos diminuíram consideravelmente em todos os tipos de testes. Ainda assim, sua ocorrência reforça a importância de protocolos de confirmação diagnóstica. “O recente caso de contaminação de pacientes com o vírus HIV no Rio de Janeiro evidencia falhas na execução do teste ou até mesmo a sua não realização, mas isso não implica que o teste seja ineficaz.”

O progresso no desenvolvimento dos testes diagnósticos reflete os esforços contínuos da comunidade científica para ampliar o acesso e a precisão na detecção do HIV. “Esses avanços, aliados ao compromisso com a equidade no acesso ao diagnóstico e tratamento, são passos essenciais para cumprir as metas da Unaids para 2030. Eles garantem diagnósticos mais precoces e confiáveis, contribuindo para reduzir a transmissão do vírus e melhorar a qualidade de vida das pessoas que vivem com HIV”, finaliza Ferreira.

Dados sobre a Aids

Segundo o Unaids Brasil, a mortalidade pela doença caiu mais de 25% na última década, passando de 5,5 mortes por 100 mil habitantes para 4,1. No mundo, o impacto do HIV também diminuiu. Em 2023, 1,3 milhão de pessoas foram infectadas pelo vírus, um número muito inferior aos 3,3 milhões registrados em 1995. Desde 2004, as mortes relacionadas à Aids foram reduzidas em 69%, e em 51% desde 2010.

No entanto, essa realidade é desigual. Populações vulneráveis enfrentam barreiras significativas no acesso e na adesão ao tratamento. Apenas 15% das pessoas trans, por exemplo, têm o tratamento em dia, e as mulheres apresentam piores desfechos em todas as etapas do cuidado, desde a detecção até a supressão da carga viral. A falta de informação entre jovens e pessoas negras sobre tratamentos preventivos e emergenciais agrava ainda mais esse cenário.

O Relatório do Dia Mundial de Luta Contra a AIDS 2024, intitulado “Sigamos o caminho dos direitos”, enfatiza que a igualdade de gênero e o respeito aos direitos humanos são pilares fundamentais para erradicar a doença. Promover aceitação, cuidado e inclusão em todas as comunidades é indispensável para alcançar o desenvolvimento sustentável e garantir segurança e dignidade para todos.

Abramed na FISWeek2024 e no Rio Health Forum: confira cobertura completa dos painéis

Foram discutidos temas como qualidade na medicina diagnóstica, agência única de avaliação de tecnologia, desafios da saúde suplementar e interoperabilidade

20 de novembro de 2024 – Em novembro, a Abramed marcou presença em dois eventos simultâneos realizados pela Iniciativa FIS: a FISWeek2024 e o Rio Health Forum, no ExpoMag, Rio de Janeiro.

A FISWeek2024, considerado o maior evento de inovação, empreendedorismo e tendências da saúde da América Latina, aconteceu de 6 a 8 de novembro, reunindo mais de 5.000 participantes e mais de 450 speakers em 12 palcos diferentes, totalizando cerca de 180 painéis.

A Abramed participou com estande institucional e na promoção do painel “O Futuro da Medicina Diagnóstica: Inovações e Desafios em Qualidade”, moderado por Milva Pagano, diretora-executiva da entidade.

Já o Rio Health Forum, realizado nos dias 6 e 7 de novembro, foi um espaço exclusivo para líderes, governos, reguladores, empresas e academia discutirem temas fundamentais para a transformação do ecossistema da saúde. A Abramed colaborou em quatro mesas de debates.

No dia 6, Cesar Nomura, presidente do Conselho de Administração da entidade, participou do painel “Agência Única de Avaliação de Tecnologia: É Urgente Tratar desse Assunto!”, organizado pela Diretoria de Normas e Habilitação do Produtos (DIPRO), da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS).

No dia 7, Nomura contribuiu para as discussões do painel “Desafios da Saúde Suplementar para os Próximos 20 anos”, organizado pela Diretoria de Desenvolvimento Setorial (DIDES), da ANS.

Já Milva foi moderadora do painel “RNDS: Próximos Passos para uma Interoperabilidade e Integração dos Dados na Saúde” e, no fim do dia, integrou o painel “SandBox Regulatórios na Saúde: Prioridades, Instrumentos e Medição de Resultados”.

“A participação da Abramed na FISWeek2024 e no Rio Health Forum reforça o nosso compromisso com a inovação, a qualidade e a sustentabilidade do ecossistema da saúde no Brasil. Esses eventos proporcionam um espaço único para discutir tendências e desafios que impactam diretamente o setor, conectando líderes, empresas, governo e reguladores. Contribuir para painéis que abordam temas como interoperabilidade, regulação e o futuro da medicina diagnóstica é uma grande oportunidade de impulsionar mudanças e integrar toda a cadeia de saúde”, expõe Milva.

Clique nos títulos das palestras e acesse as matérias de cobertura de cada painel.

Medicina diagnóstica reduz geração de resíduos e investe em práticas ESG

Uso de tecnologia, treinamentos e parcerias fazem parte das ações dos associados da Abramed voltadas à sustentabilidade

22 de novembro de 2024 – A gestão de resíduos é um dos pilares da agenda ESG para empresas que buscam sustentabilidade e responsabilidade socioambiental. No âmbito da saúde e, mais especificamente, na medicina diagnóstica, a implementação de práticas adequadas de tratamento, descarte e redução de resíduos faz parte das ações para minimizar o impacto ambiental e atender às exigências regulatórias.

Segundo a sexta edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, entre 2021 e 2023, a gestão de resíduos no setor de medicina diagnóstica mostrou avanços. Os resíduos comuns gerados pelos associados diminuíram 36,63% ao longo do período, enquanto os resíduos infectantes e perfurocortantes caíram 34,48%. Os resíduos químicos tiveram uma redução de 11,6%. Por outro lado, os rejeitos radioativos aumentaram 25,25% em 2022, mas caíram em 2023, acumulando uma redução de 58,34% em relação ao início do período.

É importante destacar que essas variações nos dois últimos anos são efeito da redução de unidades monitoradas, de 93% para 86%. Além disso, houve mudança no mix de empresas que responderam.

De qualquer forma, entre as iniciativas que podem explicar parte destas reduções, Fernanda Avila, membro do Comitê de ESG da Abramed e gerente ESG da Dasa, cita investimento em inovação tecnológica, treinamentos e parcerias. A tecnologia atua como uma aliada, seja na busca de novos métodos de tratamento de resíduos, seja na pesquisa de novos materiais que impactem menos o meio ambiente.

Como exemplo, laboratórios estão utilizando tubos menores e placas no processamento de amostras, o que reduz significativamente o uso de água e reagentes, diminuindo também a geração de resíduos. Além do benefício ambiental, essa prática melhora a experiência do paciente ao exigir volumes menores de amostras coletadas. “Neste ponto, os treinamentos são importantes, pois permitem compartilhar a responsabilidade para encontrar soluções”, acrescenta Fernanda.

Para uma boa gestão de resíduos, é preciso que as pessoas compreendam o tema, seus desafios e impactos. Nesse processo, o papel das lideranças merece destaque, pois elas ensinam pelo exemplo, promovendo a conscientização e o engajamento. Importante lembrar que as práticas de ESG demandam intencionalidade e consistência para superar os desafios de implementação e garantir resultados efetivos a longo prazo.

Além das soluções tecnológicas e treinamentos, que são fundamentais, a gestão contínua e a mensuração dos resíduos também precisam ser priorizadas pelas equipes responsáveis pelo tema. “Elas possibilitam identificar e corrigir erros de processo, além de acelerarem as oportunidades de redução de resíduos de forma mais efetiva. Isso contribui para uma operação mais eficiente e responsável na escolha do investimento”, diz.

Dados do Painel Abramed mostram que todas as empresas participantes possuem políticas de gestão de resíduos e oferecem treinamento sobre o tema, enquanto 84% promovem campanhas de conscientização e realizam inspeções ou auditorias internas para monitoramento das práticas. Além disso, 92% implementaram coleta seletiva, 54% reutilizam materiais e 76% reaproveitam recursos.

Em termos de metas específicas, 62% das associadas estabeleceram objetivos de redução de resíduos e realizam acompanhamento regular desses resultados, refletindo um compromisso crescente com a sustentabilidade no setor de medicina diagnóstica.

“Sempre digo que o ESG impacta as pessoas ‘pelo amor ou pelo bolso’. Ambas são estratégias válidas, e a coexistência das duas é recomendável nas empresas. Campanhas e metas, por exemplo, são ferramentas que aceleram resultados, criam um ambiente propício à inovação e atraem soluções eficazes”, comenta Fernanda.

Sobre o futuro, ela acredita que é importante dar mais relevância e direcionar mais investimentos às pesquisas e tecnologias voltadas para sustentabilidade. “Já existem muitas soluções interessantes disponíveis, mas o custo de implementação ainda é elevado em comparação àquelas que não focam no impacto positivo para o meio ambiente. Os desafios de sustentabilidade são complexos e exigem a colaboração de diversos setores. Não há uma ‘bala de prata’ para essas questões; os desafios são sistêmicos e estruturais, assim como suas soluções”, diz.

Para lidar com esses desafios, são fundamentais espaços de troca de experiências, como o Comitê ESG da Abramed. “É importante perceber que muitos desses desafios são comuns a todos os associados, independentemente do tamanho ou grau de maturidade da empresa. Vejo o Comitê como uma oportunidade para o setor crescer nesse debate e acelerar sua participação nas soluções que as questões de sustentabilidade trazem para todos”, declara Fernanda.

Como entidade representativa do setor de medicina diagnóstica, a Abramed vem mobilizando os associados em torno da sustentabilidade, alinhando práticas e estratégias que contribuem para um setor mais responsável, como salienta a diretora-executiva, Milva Pagano. “Atuamos como facilitadora do diálogo, promovendo a disseminação de boas práticas e a implementação de soluções que não só atendem às demandas ambientais, mas também geram valor para as empresas e para a sociedade. Nosso compromisso reflete a necessidade de uma abordagem integrada, que considere o impacto de todas as ações no longo prazo”, finaliza.