Abramed publica relatório sobre boas práticas em canais de denúncias no setor de medicina diagnóstica

Desvio de comportamento e assédio moral lideram entre temas mais denunciados em 2023, com tempo médio de apuração de 30 dias

O Comitê de Governança, Ética e Compliance (GEC) da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) acaba de lançar o relatório técnico sobre boas práticas de canais de denúncias em laboratórios de análises clínicas, clínicas de radiologia e diagnóstico por imagem e hospitais. A publicação objetiva difundir boas práticas e promover a implementação e gestão eficazes desses canais.

As informações foram apuradas com 10 empresas associadas à Abramed, que responderam questionários estruturados com perguntas quantitativas e qualitativas. Os participantes representam um setor com receita de 24 bilhões de reais e são responsáveis por mais de 65% do total de exames realizados na saúde suplementar no Brasil.

O modelo de terceirização do canal de denúncias é o adotado por 70% das empresas ouvidas. Embora 60% dos participantes possuam políticas sobre o processo de apuração, a publicação avalia que há espaço para melhorias na definição de políticas de consequências. Desvio de comportamento e assédio moral lideram entre temas mais denunciados em 2023, com tempo médio de apuração de 30 dias.

O relatório revela também que a maior parte das denúncias não é tratada pela própria área de Compliance, sendo 60% encaminhadas para outras áreas ou consultoria externa. O material destaca ainda a importância dos canais de denúncias como instrumentos para garantir conformidade regulatória, segurança do paciente, proteção contra fraudes e corrupção, melhoria da qualidade do serviço e promoção de uma cultura de transparência e responsabilidade.

“Os canais de denúncia são ferramentas essenciais para empresas de todos os setores, em especial, o de saúde, que é feito de pessoas para pessoas. Dar aos colaboradores a possibilidade de relatar, de forma segura e com apuração independente, eventuais desvios de conduta e não conformidades, ajuda a criar uma cultura justa, proteger a integridade da organização e beneficiar o paciente”, explica Rafael Pedro Salustiano, membro do Comitê GEC da Abramed e coordenador de Compliance na Dasa.

Segundo ele, o objetivo da Abramed com o material foi trocar informações de forma segura e criar um documento de alta qualidade, de fácil leitura, que possa servir de guia para empresas que ainda não possuam um setor de compliance ativo. “O relatório pretende fornecer um caminho prático para a criação desses canais, abordando de maneira macro os critérios e diretrizes essenciais”, explica.

Neste processo, Salustiano faz questão de lembrar a importância da cultura organizacional, que influencia diretamente a qualidade das denúncias recebidas. “Ações de letramento, sensibilização e reforço contínuo dos valores de cultura ajudam a criar ambientes seguros onde as pessoas se sintam livres para expor seus relatos de forma precisa e eficaz, ajudando a manter altos padrões éticos e de conduta nas instituições.”

O executivo destaca também que uma política de apuração bem definida é fundamental para conduzir investigações imparciais e evitar conflitos de interesse. “A política de consequências deve observar os termos do código de conduta da empresa para determinar as medidas apropriadas para cada situação, desde abordagens que promovam atitudes alinhadas aos valores de cultura da companhia, até punições amparadas pela legislação.”, expõe Salustiano.

Em um setor altamente regulado, como o da saúde, o Compliance ganha ainda mais relevância. Para a Abramed, a evolução dos canais de conduta ainda está em curso, mas já mostra um avanço positivo na experiência dos colaboradores, dos pacientes e na qualidade dos serviços. Importante destacar que canal de denúncias e canal de conduta são sinônimos, assim como Compliance e integridade.

Acompanhamento de indicadores

A definição de indicadores é essencial para um monitoramento eficaz dos canais de denúncias, para acompanhamento da qualidade, rapidez das apurações e identificação de melhorias. Eles fornecem dados importantes para auditorias internas, administração e stakeholders, ajudando a identificar problemas, como o tempo de resposta a diferentes tipos de denúncias, a qualidade das apurações e o respeito à governança. “Esses indicadores tornam o canal mais robusto e direcionam melhorias necessárias para alcançar padrões de excelência”, conta Salustiano.

Exemplos de indicadores utilizados pelos associados da Abramed incluem o volume de acessos ao canal para entendimento da quantidade de denúncias realizadas; triagem da qualidade dos relatos para avaliação de procedência com o processo de investigação; planos de ação criados para avaliar se o direcionamento das medidas está focado em recuperação, aculturamento ou desligamento dos denunciados e envolvidos; tempo médio de apuração, que monitora quanto tempo correu para findar as investigações, principalmente em casos que necessitam de celeridade, como fraude, corrupção e violência no trabalho; e denúncias finalizadas com sua procedência para assegurar que a governança foi respeitada.

“Esta publicação da Abramed é fundamental para orientar os associados, ajudando-os a entenderem se estão no caminho certo para estabelecer padrões de excelência. Sendo um setor ainda em desenvolvimento, com desafios e práticas novas, vejo a entidade na vanguarda da criação de um modelo padronizado e eficiente que ajude a construir o futuro do Compliance”, conclui Salustiano.

Muito além do compliance: medicina diagnóstica incorpora conceito de Integridade às operações

Por Sara Cepillo e Vasconcelos*

Cada vez mais, as empresas do setor de medicina diagnóstica têm se dedicado a garantir a qualidade, a segurança e a confiabilidade dos seus serviços introduzindo iniciativas que envolvem governança, ética e compliance. Como resultado, nos últimos anos, temos observado um avanço significativo na forma como elas se estruturam e operam, evoluindo do compliance para a integridade.

Embora muitas vezes usados como sinônimos, esses conceitos têm distinções importantes. O compliance foca no cumprimento de leis e regulamentações, enquanto a integridade vai além, incorporando princípios éticos nas operações diárias e na tomada de decisões.

A transição do compliance para a integridade reflete uma abordagem mais holística e sustentável, onde a ética é integrada nas operações e cultura organizacional, resultando em benefícios a longo prazo tanto para a organização quanto para a sociedade.

Promover uma cultura de integridade envolve liderança ética, engajamento e responsabilidade de todos os colaboradores, bem como a criação de um ambiente de transparência e confiança. Essa abordagem não só assegura a conformidade legal, mas também promove comportamentos éticos e sustentáveis a longo prazo.

Fazem parte da integridade desde códigos de conduta e políticas internas até canais de denúncia e análises regulatórias. Na Abramed, que representa mais de 65% do volume total de exames realizados na saúde suplementar no país, nos comprometemos com a integridade de diferentes maneiras.

Para se associar, as empresas precisam atender a requisitos organizacionais e éticos estabelecidos. Nosso Código de Conduta abrange pilares éticos e de integridade, definindo o padrão de comportamento obrigatório a todos os associados, e a Cartilha de Compliance – Guia de Boas Práticas para o setor de Medicina Diagnóstica orienta e baliza suas ações.

Além disso, a Associação mantém um canal de denúncias confidencial, onde partes interessadas podem reportar, sem medo de retaliação, qualquer comportamento inadequado ou violação das normas éticas e de compliance, que afetam a integridade do setor. As denúncias são investigadas e endereçadas de maneira imparcial e rigorosa. No caso de problemas identificados, são adotadas ações corretivas.

A fim de gerir e organizar este tema, a Abramed conta com o Comitê de Governança, Ética e Compliance (Comitê GEC), comprometido com diversas ações práticas para fomentar a atuação transparente e responsável no setor. É papel do Comitê comunicar regularmente os membros e partes interessadas sobre suas atividades, incluindo relatórios e resultados dos trabalhos desenvolvidos, promovendo a transparência e mantendo um diálogo aberto e transparente com todos os envolvidos.

O Comitê GEC avalia continuamente as práticas de governança, ética e compliance do setor, aprendendo com experiências passadas e aprimorando abordagens que possam fortalecer os valores definidos pela Abramed e o direcionamento estratégico de pautas relevantes para os associados. Como exemplo, estamos revisitando a matriz de riscos desenvolvida em 2021 para refinar os riscos relacionados ao clima, assim como o impacto em sustentabilidade ambiental e setorial.

Essas ações refletem o compromisso da Abramed em promover uma cultura de integridade, responsabilidade e conformidade dentro da Associação. O Comitê GEC busca constantemente formas de inovar e melhorar a prática e a abordagem de governança, ética e compliance, utilizando feedback de stakeholders e acompanhando as tendências e avanços do setor. Importante ressaltar que temos nos posicionado ativamente em relação aos Projetos de Lei de pesquisa clínica e inteligência artificial, que se relacionam a essa temática em diversos pontos.

No contexto da pesquisa clínica, apoiamos iniciativas e reconhecemos seu papel fundamental na descoberta e no aprimoramento de tratamentos, medicamentos e métodos de diagnóstico. Defendemos regulamentações claras e eficazes que garantam segurança jurídica à sociedade, bem como a segurança dos participantes e a integridade dos dados tratados, incentivando parcerias entre instituições de pesquisa, indústrias farmacêuticas e centros de diagnóstico. O Comitê GEC programou, para o segundo semestre de 2024, um workshop para os associados justamente sobre a nova Lei Federal de Pesquisa Clínica, nº 14.874/2024, sancionada em 28 de maio de 2024.

Em relação à inteligência artificial, reconhecemos seu potencial para aumentar a eficiência, a precisão e a personalização dos diagnósticos e serviços de saúde em geral. Defendemos a criação de um marco regulatório que viabilize a inovação e, ao mesmo tempo, garanta o uso responsável, ético, seguro e transparente da IA, protegendo os dados dos pacientes e promovendo a capacitação de profissionais de saúde para o uso adequado desta tecnologia.

A inteligência artificial pode trazer benefícios para medicina diagnóstica e serviços de saúde em geral, incluindo a melhoria na qualidade do atendimento, a otimização dos recursos, diagnósticos mais precisos, tomadas de decisões clínicas mais rápidas, análise preditiva, automação de tarefas repetitivas, personalização do tratamento, monitoramento contínuo da saúde, avanços na pesquisa e desenvolvimento, e redução de custos.

Contudo, é essencial que esses avanços estejam atrelados a uma governança robusta da IA e ao uso responsável dessa tecnologia, assegurando que os benefícios sejam alcançados de forma ética, sustentável, equitativa, responsável e segura, protegendo os direitos dos pacientes e garantindo a transparência dos processos.

Ao fomentar uma cultura de integridade, fortalecemos a confiança nos serviços de medicina diagnóstica, garantindo que a qualidade e a segurança sejam prioritárias em todas as etapas do cuidado ao paciente. Cumprindo nosso papel de forma responsável, esperamos inspirar todos os stakeholders da cadeia de saúde a se comprometerem com esses princípios.

*Sara Cepillo e Vasconcelos, Líder do Comitê de Governança, Ética e Compliance da Abramed, Consultora de Governança, Riscos e Integridade no Grupo Fleury. Advogada, pós-graduada em Direito Digital e Gestão da Inovação pela FIA, com LL.M em Direito e Prática Empresarial, com módulo internacional focado em American Corporate Law pelo CEU Law School.

18/07/2024

Segundo OMS, diagnóstico é fundamental para eliminar hepatites virais até 2030

Julho Amarelo é o mês de conscientização da doença. Em apoio, a Abramed promove a importância do diagnóstico precoce e o acesso ao tratamento adequado

18 de julho de 2024 – O diagnóstico é um dos pilares fundamentais para eliminar as hepatites virais até 2030, conforme meta estabelecida pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A doença representa uma preocupação global crescente, sendo a segunda principal causa infecciosa de morte no mundo. Com 3,5 mil óbitos diários e 1,3 milhão de mortes anuais, a hepatite viral se compara à tuberculose, a maior causa infecciosa de mortalidade, segundo a OMS.

“Esses números alarmantes destacam a necessidade urgente de medidas eficazes para combater essa crise de saúde pública e reforçam a importância do diagnóstico precoce como uma estratégia essencial na luta contra as hepatites virais”, salienta Alex Galoro, médico patologista clínico, líder do Comitê Técnico de Análises Clínicas da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

Segundo a OMS, as mortes registradas em 187 países aumentaram de 1,1 milhão, em 2019, para 1,3 milhão, em 2022. A hepatite B foi responsável por 83% desses óbitos, enquanto a hepatite C respondeu por 17%. Apesar da disponibilidade de melhores ferramentas de diagnóstico e tratamento, a testagem e o tratamento dos pacientes estagnaram. 

Estima-se que, em 2022, 254 milhões de pessoas viviam com hepatite B e 50 milhões com hepatite C. A maioria das infecções foi registrada entre adultos de 30 a 54 anos, com homens representando 58% de todas as infecções. Em todas as regiões do mundo, até o fim de 2022, apenas 13% das pessoas com infecção crônica por hepatite B foram diagnosticadas, e apenas 3% recebiam terapia antirretroviral adequada.

Dados do Ministério da Saúde indicaram mais de 700 mil casos de diagnósticos positivos da doença de 2000 a 2021. Só por hepatite C, foram mais de 62 mil óbitos no período.

Segundo Galoro, o principal obstáculo para a detecção precoce das hepatites virais é que a maioria delas é assintomática, não gerando sintomas até que a doença atinja um estágio mais avançado. “Nesses casos, o diagnóstico tardio reduz significativamente as oportunidades de tratamento e intervenção eficaz, comprometendo a saúde do paciente e aumentando os riscos de complicações graves, como cirrose e câncer de fígado”, expõe. 

Por isso, é fundamental realizar a triagem na população através de exames laboratoriais, especialmente em grupos de risco, mas também de maneira ampla, uma vez que não há uma população específica exclusivamente exposta ao risco de hepatite. 

“A grande dificuldade está em garantir que esses exames de triagem alcancem toda a população no Brasil, tanto em áreas remotas quanto nos grandes centros urbanos. Muitas vezes, há falta de solicitação médica para a pesquisa de hepatite”, explica.

Galoro ressalta que apesar das orientações do Conselho Federal de Medicina (CFM) para que os médicos solicitem testes de sorologia para hepatite durante consultas de rotina, essa prática ainda não é amplamente adotada. “O diagnóstico precoce permite também a interrupção da transmissão do vírus, já que a pessoa diagnosticada pode tomar medidas para evitar sua propagação.”

Além de expandir o acesso a testes e diagnósticos, o relatório da OMS cita mais sete ações que devem ser tomadas pelos países para que a meta de eliminar as hepatites em 2030 continue viável. São elas: mudar políticas para implementação de tratamento equitativo; fortalecer esforços de prevenção da atenção primária; simplificar a prestação de serviços, otimizando a regulamentação e o fornecimento de produtos; desenvolver casos de investimento em países prioritários; mobilizar financiamento inovador; utilizar dados aprimorados para ação; e envolver as comunidades afetadas e a sociedade civil e avançar nas pesquisas para melhorar o diagnóstico e as possíveis curas para a hepatite B.

A Abramed reitera seu compromisso em apoiar as metas globais de eliminação das hepatites virais, promovendo a importância do diagnóstico precoce e o acesso ao tratamento adequado, garantindo assim uma melhor qualidade de vida para todos os pacientes.

Tipos de hepatites virais

As principais hepatites virais são A, B e C, sendo os tipos D e E menos frequentes. A hepatite A é transmitida principalmente por contaminação fecal, geralmente devido à falta de saneamento básico, e tende a ser auto eliminada, embora possa evoluir para uma hepatite fulminante em casos graves, possivelmente necessitando de um transplante de fígado.

A hepatite B pode ser transmitida por via sexual e pelo contato com sangue contaminado, e possui um índice de transmissibilidade maior do que o HIV. A principal forma de prevenção é a vacina. A hepatite C é transmitida principalmente pelo contato com sangue, sendo comum entre usuários de drogas intravenosas.

As hepatites B e C são mais destacadas devido à maior prevalência e gravidade, sendo as principais causas de complicações, como cirrose e câncer de fígado. Portanto, o diagnóstico e a triagem contínua dessas hepatites são essenciais para o controle e tratamento da doença.

FILIS 2024: ANS, Anvisa e Anahp participam de debate sobre qualidade em saúde

Encontro terá a participação de representantes de órgãos reguladores, medicina diagnóstica e hospitais

15 de julho de 2024 – No dia 29 de agosto, o 8º Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), realizado pela Abramed, reunirá no Teatro B32, em São Paulo, grandes nomes do setor para abordar o macro tema “Saúde Inovadora: Oportunidades para um setor sustentável”.

Um dos debates que serão realizados ao longo do dia abordará o tema “O papel da qualidade para a sustentabilidade do setor”, com a participação de Antônio Britto, diretor da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp); Daniel Meirelles, diretor da Terceira Diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa); e Maurício Nunes da Silva, diretor de Desenvolvimento Setorial na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). O moderador será Wilson Shcolnik, membro do Conselho de Administração da Abramed e gerente de Relações Institucionais do Grupo Fleury.

“A Abramed, que congrega tanto laboratórios clínicos, de anatomia patológica quanto clínicas de diagnóstico por imagem, espera que este debate com representantes e diretores de órgãos reguladores possa abrir caminhos e renovar expectativas. Trazendo nossas visões de mercado como usuários de novas tecnologias, queremos apresentar à Anvisa e à ANS as inovações mais recentes, criando oportunidades de reconhecimento para os prestadores e promovendo uma regulação mais direcionada à inovação emergente em nosso país”, comenta Shcolnik.

Ele também acredita que as sociedades médico-científicas, que congregam profissionais atuantes no setor de medicina diagnóstica, possam contribuir significativamente para a atualização dos padrões técnicos e requisitos de qualidade exigidos. Isso se deve à necessidade contínua de adaptação aos novos conhecimentos, aos modelos de prestação de serviços e às novas tecnologias que são constantemente introduzidas no mercado pela indústria. “Essa colaboração com os órgãos reguladores será uma grande oportunidade”, reforça.

Segundo Shcolnik, é importante incluir a ANS nesse debate, pois tanto as operadoras de saúde quanto os prestadores de serviço têm interesse no bem-estar dos beneficiários e pacientes. Também é do interesse das operadoras que eles não adoeçam ou que cuidem para o não agravamento de doenças, pois isso tornaria o tratamento mais difícil e, sobretudo, mais custoso.

“O programa Qualiss-ANS teve a boa intenção de premiar ou reconhecer os prestadores de serviços que investem em qualidade. No entanto, o número de serviços acreditados no Brasil ainda é muito pequeno, tanto na área hospitalar quanto na laboratorial e de diagnóstico por imagem. Infelizmente, a iniciativa da ANS ainda não atingiu os objetivos esperados, pois o reconhecimento em termos de divulgação para o público leigo e a obtenção de reajustes contratuais diferenciados não foram alcançados”, explica.

Com relação à Anvisa, Shcolnik destaca que a missão da agência é eliminar ou reduzir os riscos na prestação de serviços de saúde. Isso inclui regular tanto o registro dos produtos utilizados na assistência à saúde quanto os serviços de saúde em si. Na área de laboratórios clínicos, a agência possibilita e aprova o registro de kits de diagnóstico in vitro, contando com uma gerência específica para avaliar documentos e evidências que garantam que os kits de diagnóstico que chegam ao mercado não apresentem riscos para os pacientes.

“Para o setor de prestação de serviços, isso é essencial. Basta lembrar que, durante a pandemia da Covid-19, vários dispositivos de testes rápidos apresentaram resultados falsos, demonstrando baixa qualidade ou desempenho, tanto no Brasil quanto em outros países. Isso ocorreu porque a maioria desses dispositivos – e é importante destacar que existem centenas de testes rápidos – não são avaliados antes de serem colocados no mercado”, expõe.

Portanto, segundo Shcolnik, o debate será uma excelente oportunidade para abordar esse assunto com Daniel Meirelles, da Terceira Diretoria da Anvisa. O objetivo é despertar a atenção da agência e de seus servidores para a necessidade de solucionar esse problema. “Além disso, na área de diagnóstico por imagem, a Anvisa tem se preocupado em disciplinar e regular boas práticas em outros setores, como medicina nuclear, por exemplo. Essa iniciativa também é recebida pelos prestadores com muita alegria”, complementa.

Sobre a participação da Anahp, Shcolnik frisa que a entidade, assim como a Abramed, compartilha a preocupação com a qualificação dos seus associados. Esse compromisso é evidenciado pelos critérios de admissão, que já exigem investimentos comprovados em qualificação na prestação de serviços.

“Infelizmente, o número de hospitais que adotam essas iniciativas ainda é baixo, assim como o de laboratórios. Esse movimento, iniciado há quase 25 anos, ainda não alcançou os resultados esperados, apesar dos diversos estímulos para indução da qualificação. Um ponto importante é a necessidade de que o público compreenda melhor o valor dessas iniciativas, pois, no final das contas, os beneficiários dos serviços são os principais interessados em sua implementação”, salienta.

Não perca esta oportunidade única de participar do 8º FILIS e discutir o papel da qualidade para a sustentabilidade do setor com os principais líderes do setor!

Serviço

8ª edição do FILIS – Fórum Internacional de Lideranças da Saúde

Tema: “Saúde Inovadora: Oportunidades para um setor sustentável”

Quando: 29 de agosto de 2024

Horário: Das 9h00 às 18h00

Onde: Teatro B32, São Paulo

Garanta já sua participação: http://www.abramed.org.br/filis

Abramed promoveu debate sobre cenário atual e perspectivas futuras da medicina diagnóstica

Líderes discutiram os desafios para alcançar eficiência e produtividade e a necessidade de cooperação pela sustentabilidade do setor

26 de junho de 2024 – A Reunião Mensal de Associados (RMA) de junho da Abramed, realizado no Hospital Sírio-Libanês, contou com discussão sobre o “Cenário Atual e Perspectivas Futuras da Medicina Diagnóstica” e participação de importantes líderes da área.  Foi um valioso momento de troca de experiências sobre modelos de negócio, custos, eficiência, tecnologia e cooperação entre os stakeholders do setor. 

Cesar Nomura, presidente do Conselho de Administração da Abramed, abriu o debate, que teve como moderador Eliézer Silva, diretor do Sistema de Saúde Einstein no Hospital Albert Einstein e membro do Conselho de Administração da Abramed. Participaram da discussão: Fernando Torelly, CEO do HCor; Rafael Lucchesi, diretor geral Diagnósticos e Ambulatorial na Dasa; e Fernando Ganem, diretor geral do Hospital Sírio-Libanês.

Torelly destacou que a saúde suplementar no Brasil enfrentou grandes mudanças nos últimos anos a partir dos desafios trazidos pela pandemia de Covid-19. Em 2023, após um ano de esperança de recuperação, as operadoras de planos de saúde registraram um prejuízo operacional de R$ 11,5 bilhões. Em 2024, a complexidade no relacionamento com as operadoras aumentou, afetando o fluxo de caixa dos hospitais.

Segundo ele, um ponto importante nesse cenário é diferenciar os prestadores pela qualidade e não apenas pelo preço. Caso contrário, a indústria de saúde começará a perder. Considerando que a população brasileira com mais de 60 anos dobrará nos próximos 25 anos, essa questão se torna ainda mais crucial, pois isso trará grandes desafios de eficiência, acesso e desigualdade na saúde.

Para as instituições que fazem parte da Abramed, o CEO do HCor diz que o maior desafio é a concorrência. “Precisamos estabelecer a qualidade como um padrão essencial para competir, em vez de focar exclusivamente em contratos com operadoras e redução de preços para atrair demanda. Com certeza, o paciente não será o maior beneficiado por esse modelo concorrencial que estamos implementando.”

Tecnologia

Segundo Lucchesi, há 10 anos, havia grandes expectativas de avanços em integração de dados e muito se investiu em tecnologia para alcançar uma saúde mais integrada, eficiente e sustentável. “No entanto, parece que estamos retrocedendo. Este é um momento extremamente desafiador, com movimentos de sobrevivência no setor, especialmente na medicina diagnóstica. O fluxo de caixa tornou-se muito mais crucial e menos previsível do que no passado, o que levou a uma queda significativa nos investimentos”, expôs.

Segundo Lucchesi, as tendências atuais no setor de saúde não parecem mudar, com uma pressão crescente especialmente sobre pequenos e médios prestadores, que sofrem mais devido à menor capacidade de escala, planejamento de fluxo de caixa e levantamento de capital. “Esses prestadores também têm menos força nas negociações com operadoras, o que é prejudicial para o setor, que necessita de capilaridade.”

Lucchesi ressalta o papel da tecnologia para aumentar a produtividade, mesmo que isso implique em custos adicionais. “Acredito que podemos continuar crescendo com produtividade se o setor encontrar um equilíbrio. Dados recentes mostram uma leve melhora, impulsionada pelo repasse de preços para os clientes. Em 2024, é provável que tenhamos uma carteira menor, com menos pessoas acessando serviços de alta qualidade e rede aberta, resultando em preços mais altos. Isso pode significar menos pacientes em serviços premium.”

Colaboração

Na opinião de Ganem, é preciso discutir como aumentar a eficiência, focando principalmente nos processos e tentando ao máximo evitar mudanças em relação às pessoas. “A radiologia desempenha um papel fundamental nisso, contribuindo para a eficiência através da otimização do uso das máquinas e evitando no show.”

Conforme avalia, há oportunidades nesse sentido e na colaboração com outras instituições. “Precisamos avaliar até que ponto cada instituição pode reduzir custos sem comprometer a qualidade dos resultados para se manter competitiva e credenciada.”

Para qualquer instituição, três fatores são essenciais, de acordo com Ganem: o paciente precisa perceber valor na sua instituição e continuar buscando seus serviços; o corpo clínico deve ver sentido em cuidar dos pacientes dentro da instituição; e a operadora precisa reconhecer o valor de estar associada à sua instituição. “Este último ponto é o mais desafiador. Embora se fale muito sobre valor na saúde, na prática, isso raramente se traduz em ações concretas de remuneração, tempo e desempenho”, disse.

Para Ganem, é responsabilidade de todos os que lideram instituições sérias e comprometidas com a qualidade encontrar mecanismos para resolver os desafios. “Cada instituição tem sua própria agenda, mas resolver esses problemas individualmente pode ser difícil. Negociações individuais são importantes, mas também precisamos do envolvimento de outras instituições.”

Neste ponto, Torelly diz que é fundamental sentar todos juntos para encontrar soluções e lembra: “Estamos vivendo não mais na saúde baseada em evidências, mas na saúde baseada na eficiência. Quem não for eficiente não vai sobreviver.”

Como exemplos de parceria pela sustentabilidade do sistema, Eliézer disse que o Hospital Einstein, junto à Mayo Clinic, está explorando modelos bem-sucedidos de inteligência artificial. Durante uma consultoria, foi destacado que a transformação de uma instituição baseada em dados, análise e inteligência artificial começa com mudanças na mentalidade das pessoas.

“A eficiência trazida por esses modelos pode alcançar até 25%, abrangendo desde processos cotidianos como assinaturas de contratos até logística de medicamentos. Inspirados pela iFood, que expandiu para várias verticais, vemos que outras indústrias são mais cooperativas e integradas, enquanto o setor de saúde ainda enfrenta barreiras entre prestadores e operadoras”, disse.

Ele acredita que, como setor, é preciso mostrar a diferença do que se propõe: um aumento de custo necessário, mas acompanhado de ganhos em produtividade que ajudam a sustentar o setor. “Propomos uma agenda integrada para abordar essas questões de forma conjunta”, acrescenta.

Para Torelly, 2024 deve ser o ano do diálogo no setor da saúde. “Conflitos não levam a lugar nenhum quando todos estão sofrendo. Precisamos criar uma agenda de curto prazo e estruturante que fortaleça financeira e estruturalmente a saúde, para não ficarmos discutindo pagamentos de procedimentos. Estamos presos em discussões transacionais menores enquanto enfrentamos um problema macroeconômico de sustentabilidade do setor.”

Segundo ele, as lideranças da Abramed, Anahp, FenaSaúde e Abramge deveriam unir esforços para criar uma agenda política estratégica. “Continuar disputando pequenas vantagens apenas nos fará perder outra oportunidade de realizar uma grande transformação. Devemos explorar alternativas, como apoiar ações das operadoras que possam gerar mais recursos sem afetar os prestadores”, contou.

Por sua vez, Ganem resumiu essa discussão em três pontos essenciais: inteligência, cooperação e a necessidade de deixar de lado as vaidades. Ao final, Nomura ressaltou a importância da qualidade e da eficiência para direcionar o setor. “Junto aos associados, a Abramed tem discutido intensamente essas questões, que fazem parte do nosso Estatuto Social e do Regulamento Interno. Valorizamos muito esse compromisso com a excelência nas operações de nossos associados.”

O encontro terminou com uma visita guiada ao Hospital Sírio-Libanês.

FILIS 2024: líderes da Saúde se reúnem para debater um futuro mais sustentável

O evento será no dia 29 de agosto, no Teatro B32, em São Paulo; as inscrições estão abertas e as vagas são limitadas

26 de junho de 2024 – Ponto de encontro para todos os membros da cadeia de saúde, o Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), organizado pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), chega à sua 8ª edição, reunindo grandes nomes para discutir os desafios e as soluções que moldam o futuro do segmento no Brasil.

O evento, que tem como macrotema “Saúde Inovadora: Oportunidades para um setor sustentável”, acontecerá no dia 29 de agosto de 2024, das 8h00 às 18h00, no Teatro B32, em São Paulo, e promete ser um espaço valioso para a troca de conhecimentos.

“Em mais esta edição do FILIS, reiteramos nosso compromisso e protagonismo em promover agendas propositivas para a área. Este ano, a participação das agências reguladoras e do Ministério da Saúde reforça a importância de uma colaboração ampla e integrada para enfrentar os desafios e avançar em soluções inovadoras e sustentáveis para toda a cadeia”, declara Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed.

Ela participará da solenidade de abertura junto a Cesar Higa Nomura, presidente do Conselho de Administração da entidade. A primeira palestra será proferida por uma autoridade governamental, que apresentará um panorama amplo do setor de saúde no país. 

Logo após, será realizada a entrega da 6ª edição do Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld, que reconhece e homenageia personalidades que se destacaram por contribuições significativas para o avanço do setor. Criado pela Abramed em 2018, a premiação leva o nome de uma das maiores autoridades em patologia clínica e hematologia do Brasil, que foi membro da Câmara Técnica da entidade. 

O evento está repleto de debates e palestras que aprofundarão questões de alta relevância para toda a cadeia. O primeiro debate terá como tema “Integrando a cadeia de valor: Desafios e soluções para melhoria do cuidado em saúde”.

Para fortalecer o networking dos convidados, haverá uma pausa, chamada de Leaders Connection: uma oportunidade para líderes de diferentes áreas se reunirem informalmente para um momento de verdadeira interação.

Na sequência, terá início um bloco especial com duas palestras abordando aquecimento global e mudanças climáticas. Essas apresentações serão a base para o debate “Impactos das Mudanças Ambientais e Climáticas na Saúde Brasileira”, reunindo especialistas na área.

O intervalo para almoço será mais uma oportunidade para networking informal. Logo após, haverá uma palestra com mais uma autoridade governamental, trazendo contribuições para o desenvolvimento da Saúde Suplementar no Brasil.

Lideranças do setor público e privado estarão no debate “O papel da qualidade para a sustentabilidade do setor”, compartilhando experiências e inspirando mudanças. Ao final, outro Leaders Connection promoverá a interação entre os presentes, que poderão conferir, na sequência, o Momento Transformação, com a apresentação de um case de inovação.

O último debate abordará o tema: “Interoperabilidade na Saúde: Desafios, Perspectivas e Inovações”, trazendo relevantes personalidades do governo, da indústria e de instituições de saúde para falar deste assunto que tem sido o foco da Abramed, em prol da integração de todo o setor. O encerramento será com Lídia Abdalla, vice-presidente do Conselho de Administração da entidade.

O FILIS é uma plataforma essencial para discussões estratégicas sobre as tendências e inovações no setor de saúde. A presença de autoridades, especialistas e líderes de várias áreas assegura um debate rico e diversificado, contribuindo para o desenvolvimento e aprimoramento das políticas e práticas de saúde no Brasil.

As inscrições estão abertas e as vagas são limitadas. Faça parte dessa jornada de transformação!

Serviço

8ª edição do FILIS – Fórum Internacional de Lideranças da Saúde

Tema: “Saúde Inovadora: Oportunidades para um setor sustentável”

Quando: 29 de agosto de 2024

Horário: Das 9h00 às 18h00

Onde: Teatro B32, São Paulo

Garanta já sua participação: http://www.abramed.org.br/filis

Casos de dengue caem 26% e casos de covid-19 sobem 14% na rede privada, segundo Abramed

Os resultados são enviados diretamente à RNDS/DATASUS, contribuindo para o monitoramento epidemiológico do Ministério da Saúde

26 de junho de 2024 – Os casos de dengue registrados na rede privada caíram 26% na comparação entre as semanas de 9 a 15 de junho e de 16 a 22 de junho, passando de 5.550 para 4.091. Os dados são da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), cujos associados representam cerca de 65% do volume total de exames realizados na saúde suplementar no Brasil.

Com relação ao número de exames realizados, a variação é baixa. Entre os dias 9 e 15 de junho, foram realizados 26.781, enquanto de 16 a 22 de junho, o número de exames caiu para 26.250, uma variação de 2%.

Ao analisar o período completo das últimas seis semanas, de 12 de maio a 22 de junho, os dados revelam uma tendência geral de queda na positividade dos exames de dengue. No total, foram realizados 236.430 exames com uma taxa de positividade média ponderada de 29,8%, resultando em 70.556 casos positivos.

Já os dados de exames de Covid-19 realizados na rede privada, segundo associados da Abramed, mostram um aumento de 14% na positividade, comparando as semanas de 9 a 15 de junho e de 16 a 22 de junho, passando de 353 para 311 casos. Esta quantidade é a maior registrada ao longo das últimas seis semanas, de 12 de maio a 22 de junho.

Em relação ao número de exames, de 9 e 15 de junho foram realizados 9.519, contra 9.171, da semana posterior, de 16 a 22 de junho. A queda foi de 4%.

Nas últimas seis semanas, de 12 de maio a 22 de junho, foram realizados 59.353 exames de Covid-19, com uma taxa de positividade média ponderada de 2,4%, resultando em 1.449 casos positivos. O valor mais baixo de positividade no período foi registrado na semana de 19 a 25 de maio, quando foram realizados 11.232 exames, com uma taxa de positividade de apenas 1,4%, resultando em 157 casos positivos.

Prezando pela precisão e qualidade dos resultados, a Abramed defende que os exames sejam feitos em laboratórios clínicos. Vale lembrar que os associados enviam os resultados dos exames diretamente à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS/DATASUS), contribuindo para o monitoramento epidemiológico do Ministério da Saúde. Essas informações são essenciais para avaliar a situação da doença e orientar as medidas de saúde pública.

Associados da Abramed exploram a tecnologia para reduzir impacto ambiental na medicina diagnóstica

Iniciativas impulsionam a transformação ecossistêmica, refletindo o compromisso ético do setor com o meio ambiente

17 de junho de 2024 – Como toda atividade produtiva, a medicina diagnóstica impacta o meio ambiente, exigindo uma gestão consciente e eficiente dos recursos naturais e das emissões de gases de efeito estufa geradas pelas operações assistenciais e administrativas. Um aspecto chave no setor é a gestão adequada de água, efluentes, energia, resíduos e emissão de CO2.

Para ajudar nesse processo, as empresas do setor vêm investindo em tecnologia, como destaca Andrea Pinheiro, membro do Comitê ESG da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e diretora de Relações Institucionais e Comunicação Corporativa do Grupo Sabin. Segundo ela, a inovação tecnológica tem contribuído de forma decisiva em várias frentes. “A adoção de métodos de construção sustentáveis, a automação predial para iluminação e refrigeração, captação de águas da chuva e estações de tratamento de efluentes mais inovadoras viabilizam o reúso de um volume maior de água, por exemplo”, explica.

Como mostra o Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, quase metade das associadas participantes do levantamento recorre a fontes alternativas, como poços artesianos, água pluvial e água de reúso. As empresas não apenas captam água de forma responsável, mas também adotam práticas de conservação e uso eficiente da água em suas operações.   

“Aqui no Grupo Sabin, adquirimos, em 2021, uma nova Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) para nosso maior Núcleo Técnico Operacional (NTO) em Brasília, permitindo a reutilização de 100% da água consumida no processamento de amostras clínicas para regar jardins e nas descargas sanitárias, totalizando 2,6 milhões de litros reutilizados no último ano”, conta Andrea.

Segundo ela, desde 2019, a empresa investe em projetos de migração de matriz energética, alcançando em 2023 a marca de 45% da energia consumida proveniente de fontes renováveis em todo o país. “Além disso, reciclamos 196,3 toneladas de material e recebemos o Certificado de Neutralização de Emissões de Gases de Efeito Estufa pelo terceiro ano consecutivo, com uma redução de 40% nas emissões em comparação com o ano anterior”, complementa.

Em relação ao processo analítico, Andrea acrescenta que a automação, através do uso de esteiras automatizadas em laboratórios de análises clínicas, é um grande divisor de águas. Essas esteiras transportam amostras de forma eficiente e organizada, permitindo a redução do número de tubos e do volume das amostras necessárias para a realização de exames. Como consequência, há uma redução significativa dos resíduos gerados. A cada ano, a evolução dessas esteiras automatizadas traz novos aspectos de integração que melhoram a gestão desses indicadores de eficiência e sustentabilidade.

Na área de diagnóstico por imagem, a tecnologia permite a digitalização e o uso de sistemas de laudos digitais. Isso significa que os resultados dos exames, como radiografias, ressonâncias magnéticas e tomografias, podem ser armazenados e compartilhados de forma eletrônica. Além da economia de recursos na cadeia de insumos, como toners de impressora e energia elétrica, a tecnologia também possibilita agilizar o processo de análise e de suporte ao diagnóstico à comunidade médica.

Vale destacar que a própria evolução dos sistemas de informações laboratoriais permitiu a disponibilização de laudos e históricos de exames digitais não só por meio de sites, mas também de aplicativos, contribuindo para a redução da impressão de laudos. Segundo o Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, em 2022, a quantidade de laudos acessados por meio eletrônico foi de aproximadamente 122 milhões, o que equivale a cerca de 19% do total de exames realizados. “Esses dados mostram que ainda temos um grande espaço para evoluir tanto tecnologicamente quanto na conscientização e educação dos usuários dos serviços”, expõe Andrea. 

Apesar da transformação digital, as empresas de medicina diagnóstica ainda possuem em suas operações a necessidade de impressão, guarda e descarte de papeis devido ao faturamento que envolve guias físicas em seus processos transacionais com as operadoras de saúde. “Os investimentos em sistemas integradores e que permitem a interoperabilidade dessas transações também contribuem positivamente na gestão ambiental”, acrescenta.

Além das associadas, a própria Abramed colabora para as práticas sustentáveis, ajudando a reunir e consolidar ações realizadas pelas empresas do setor. A entidade possui também um papel relevante nas discussões e contribuições técnicas a partir de seus comitês e consultas públicas sobre mudanças regulatórias. 

“Outra entrega importante se refere à geração de informações, indicadores e conteúdos, como o Painel Abramed, que permite acompanhar a evolução do setor, inspirando e dando suporte aos associados e outras empresas na expansão de suas ações e programas ambientais”, salienta Andrea.

Por fim, vale ressaltar que a adoção de práticas ESG não só mitiga os impactos no meio ambiente, mas também reflete um compromisso ético com a saúde e o meio ambiente. Além de demonstrar responsabilidade socioambiental, essas ações ajudam a fortalecer relações com clientes, fornecedores e outros stakeholders.

Ferramentas diagnósticas são fundamentais para mitigar os impactos da Covid longa

Conheça os sistemas e órgãos afetados, os principais exames para o diagnóstico de cada caso e as evidências até então

17 de junho de 2024 – A pandemia de Covid-19 trouxe desafios sem precedentes para a saúde pública e, agora, estudos se debruçam sobre as sequelas da Covid-19 ou Covid longa, condição caracterizada pela persistência ou desenvolvimento de novos sintomas três meses ou mais após a infecção inicial pelo SARS-CoV-2, sem que exista outra justificativa médica para o quadro clínico.

Segundo Estudo Multicêntrico Brasileiro, cerca de 10% a 20% dos pacientes que tiveram Covid-19, especialmente aqueles com formas mais graves da doença ou que já tinham problemas crônicos de saúde, podem apresentar sintomas relacionados à Covid longa. “O número de pessoas com sequelas da doença e sintomas persistentes é significativo, o que impacta diretamente a demanda por serviços de medicina diagnóstica”, comenta Marcos Queiroz, líder do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e diretor de Medicina Diagnóstica no Albert Einstein.

A Covid longa tem o potencial de afetar múltiplos sistemas e os principais órgãos do nosso corpo, sendo relacionada a mais de 200 sintomas diferentes na literatura médica, como: fadiga persistente, dificuldade respiratória, dor no peito, problemas de memória e concentração, dores musculares e articulares, alterações no paladar e olfato, taquicardia e outros sintomas cardíacos. 

De acordo com Queiroz, o comprometimento pulmonar na Covid-19 nas suas formas mais graves gerou sequelas, como cicatrizes pulmonares e diminuição da capacidade respiratória, aumentando, nestes casos, a demanda por exames diagnósticos específicos, como radiografia, tomografia de tórax e prova de função pulmonar.

“Essa demanda tem exigido planejamento e uma série de medidas para garantir o bom atendimento dos pacientes nos serviços de medicina diagnóstica, como disponibilidade ampliada de horários para exames, equipes médicas e de enfermagem capacitadas e rápida entrega de resultados. No entanto, com a diminuição da pressão causada pelos casos agudos de Covid-19, os sistemas de saúde estão mais aptos a atender pacientes com suspeita de Covid longa de forma eficaz, sem maiores dificuldades”, explica.

Queiroz destaca que, especialmente durante a fase aguda da Covid-19, houve um aumento significativo de fenômenos tromboembólicos. Isso, em parte, é atribuído à inflamação e ao dano vascular causados pelo vírus, resultando na formação de coágulos nos vasos sanguíneos, principalmente tromboses venosas. Esses coágulos podem, por exemplo, se desprender dos vasos e migrar para os pulmões, causando embolia pulmonar, gerando falta de ar e dor no peito, com potencial risco de vida.

O líder do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed também ressalta que em uma pequena proporção de casos, os coágulos não são totalmente dissolvidos e podem levar à doença tromboembólica crônica. No entanto, ainda não está claro se esse fenômeno será observado na Covid longa e com qual frequência.

“Testes de sangue são fundamentais para detectar marcadores de inflamação e avaliar o estado da coagulação. Técnicas de imagem avançadas, como ultrassonografia com Doppler vascular, angiotomografia computadorizada e angiorressonância magnética, são cruciais para identificar coágulos sanguíneos e avaliar danos vasculares”, explica.

Queiroz acrescenta, ainda, que avaliações cardíacas, incluindo ecocardiograma, eletrocardiograma e ressonância magnética cardíaca, são empregadas para monitorar complicações cardiovasculares, como inflamação do miocárdio, pericardite e infarto agudo do miocárdio.

“A detecção precoce e o gerenciamento abrangente por meio dessas ferramentas diagnósticas são fundamentais para mitigar os impactos de longo prazo da Covid longa na saúde e melhorar os resultados dos pacientes, considerando que este aspecto ainda não foi completamente explorado na literatura médica”, destaca o entrevistado.

Já as condições neurológicas frequentemente identificadas em pacientes com Covid longa incluem: confusão mental, cefaleias crônicas, neuropatia periférica e encefalite. No entanto, por serem queixas muito frequentes, a relação causal com infecção prévia por Covid-19 nem sempre é clara. Os exames utilizados para identificar essas condições são ressonância magnética (RM) do cérebro, eletroencefalograma (EEG), estudos de condução nervosa e avaliações neuropsicológicas.

Tecnologia 

Sobre as inovações tecnológicas, Queiroz menciona que a pandemia foi um grande catalisador no desenvolvimento de novos algoritmos e ferramentas de inteligência artificial, conhecimentos que podem ser utilizados no melhor entendimento das alterações a longo prazo da infecção por Covid-19. Isso se dá por meio da análise de dados longitudinais coletados ao longo do tempo, incluindo sintomas, exames laboratoriais, imagens, avaliações funcionais, anotações médicas e monitoramentos.

O objetivo é compreender melhor a doença, suas diferentes formas de apresentação, evolução e os resultados dos tratamentos, permitindo um entendimento mais preciso de como a Covid longa se manifesta em cada indivíduo, qual a evolução esperada, o momento ideal para intervenção e o tratamento mais eficaz para cada caso.

Fronteiras da IA na Medicina: desafios regulatórios e potencial transformador

Por Rogéria Cruz*

Na saúde e na medicina diagnóstica, a inteligência artificial está revolucionando a forma como os profissionais lidam com diversas tarefas, desde a triagem de pacientes até a personalização de tratamentos. Sua aplicação abrange o apoio ao diagnóstico por imagem, a condução de pesquisas médicas avançadas e a otimização de processos de trabalho. A IA permite avaliar uma grande quantidade de dados de um paciente de maneira ágil e precisa, analisando prontuários eletrônicos para compilar o histórico de saúde, identificar riscos e ajudar na formulação de terapias personalizadas.

Por exemplo, na área de diagnóstico por imagem, existe um protocolo de AVC que permite uma avaliação mais rápida e facilita a comunicação entre a imagem e o pronto atendimento. Também há uma ferramenta que realiza o cálculo automatizado da idade óssea em radiografias de mão, outra que detecta fraturas em radiografias de extremidades, e mais uma, ainda, que utiliza tecnologia avançada para a detecção automática de alterações em radiografias de tórax.

Já estamos testemunhando modelos que trazem maior eficiência e redução de custos, o que tem impulsionado debates maduros sobre o impacto de uma regulamentação restritiva que não permita captar todo o benefício possível.

E justamente para regulamentar o tema, está em tramitação e discussão no Congresso Nacional o Projeto de Lei (PL) 2338/2023, que propõe estabelecer um novo marco regulatório para a IA no Brasil, visando garantir a proteção dos direitos fundamentais, a implementação de sistemas seguros e confiáveis e o desenvolvimento responsável dessa ferramenta. 

Recentemente, uma nova proposta foi apresentada para o texto regulatório, trazendo mudanças significativas e introduzindo algumas novidades. Entre elas, a criação do Sistema Nacional de Regulação e Governança de Inteligência Artificial (SIA), que atuará em cooperação e harmonização com as demais agências e órgãos reguladores. Além disso, a proposta prevê a implementação de Códigos de Conduta, certificadoras e mecanismos de autorregulação.

A regulamentação precisa considerar questões éticas e de segurança, como a garantia do uso responsável das tecnologias, a segurança e o tratamento adequado dos dados, a acessibilidade, o impacto social, a desigualdade digital e as implicações morais e sociais específicas dessas tecnologias. É fundamental discutir sobre ética na inteligência artificial e garantir transparência. A tecnologia deve ser desenvolvida e usada de maneira responsável e justa, com o objetivo de atender a sociedade.

Enquanto a regulamentação está em tramitação, as empresas que atuam no setor de saúde precisam lidar com a tecnologia de forma responsável, utilizando dados confiáveis. É fundamental realizar uma análise de impacto algorítmico e implementar uma supervisão humana com monitoramento constante.

Os principais obstáculos que ainda precisam ser superados para uma regulamentação mais eficaz e abrangente são diversos. O maior desafio reside em buscar uma regulamentação que promova a inovação, mitigue os riscos e garanta segurança jurídica. Este é um processo complexo e desafiador.

Observando o cenário internacional, vemos discussões avançadas nos Estados Unidos e na Europa. Enquanto os Estados Unidos focam em iniciativas principiológicas e estruturas de governança e avaliação de risco, a União Europeia optou por uma legislação mais robusta e prescritiva, como o AI ACT, com 458 páginas.

Recentemente, tive a oportunidade de saber como o tema é tratado no Reino Unido e sua abordagem criteriosa e ponderada, com cinco princípios orientadores fundamentais: segurança, robustez, transparência, governança e segurança jurídica, que despertaram minha simpatia. Neste momento, estamos em busca de uma legislação que estimule o desenvolvimento socioeconômico, a inovação e a competitividade do país, sem deixar de lado a proteção de direitos e garantias. 

A colaboração entre governos, empresas de tecnologia, profissionais de saúde, reguladores e entidades, como a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), é essencial para o desenvolvimento da regulamentação em IA na área da saúde. A entidade tem desempenhado um papel de destaque nesse cenário, participando ativamente de discussões e audiências públicas, com o objetivo de sensibilizar senadores, deputados e a sociedade em geral sobre o impacto da IA no setor.

Inclusive, a Abramed desenvolveu a pesquisa “O uso da IA na medicina diagnóstica brasileira”, com dados de 30 laboratórios privados, que representam 65% de todos os exames realizados na Saúde Suplementar no Brasil. Segundo o documento, o uso da IA impacta mensalmente um número significativo de pacientes, variando de 10 mil a 140 mil, dependendo do porte e capacidade dos laboratórios.

Essa colaboração multifacetada pode gerar uma série de benefícios, incluindo a redução da desigualdade e a ampliação do acesso aos serviços de saúde. A inteligência artificial tem o potencial de ampliar as habilidades humanas e melhorar os resultados clínicos. Portanto, ouvir e valorizar todos os setores envolvidos, em uma abordagem integrativa, é fundamental para assegurar o desenvolvimento científico, tecnológico e econômico do país, garantindo ao mesmo tempo a segurança, a eficácia e a ética no uso da IA.

Questões cruciais como responsabilidade civil, definição e classificação de riscos, governança e sanções estão sendo discutidas e refinadas. Estamos engajados com a sociedade na construção desse caminho, contribuindo ativamente para o texto em discussão. Já conseguimos a prorrogação, solicitada pelo Senador Eduardo Gomes, até o dia 18 de julho, da Comissão Temporária Interna sobre Inteligência Artificial no Brasil (CTIA). Essa prorrogação garante discussões integrativas e multissetoriais, promovendo um debate amplo e aprofundado.

À medida que avançamos rumo a uma regulamentação abrangente da IA, é essencial manter um diálogo contínuo entre todos os envolvidos. Com a colaboração entre governo, empresas, profissionais de saúde e entidades reguladoras, podemos moldar um futuro em que a IA aprimore os cuidados de saúde, promovendo tanto a inovação quanto a segurança dos pacientes.

*Rogéria Cruz, Líder do Comitê de Proteção de Dados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e Diretora-Executiva Jurídica da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein

17/06/2024