Parceria Público-Privada: a integração em prol da saúde

* Milva Pagano

O sistema de saúde brasileiro é um dos maiores e mais desafiadores em termos de complexidade e abrangência, uma realidade que se torna ainda mais evidente diante do atual cenário de aumento de custos, limitações de acesso, envelhecimento da população e crescimento de doenças crônicas.

Nesse contexto, a parceria entre os setores público e privado (PPPs) desponta como uma estratégia com grande potencial para impulsionar melhorias em toda a cadeia, promovendo a evolução das práticas e o estabelecimento das bases para a construção de um modelo mais eficiente, acessível, transparente e sustentável.

De forma geral, as PPPs permitem que o setor público aproveite a expertise técnica, a eficiência operacional e a capacidade de inovação do setor privado. Por outro lado, o setor privado se beneficia do acesso a mercados amplos e do suporte institucional e regulamentar do setor público.

Neste cenário, as entidades sem fins lucrativos, que representaram diferentes atores da área de saúde, assumem o papel de liderar essa interlocução. Junto a órgãos regulatórios, é possível estruturar guias, cartilhas ou protocolos, facilitando a implementação de boas práticas pelos gestores e prestadores de serviços.

Essa cooperação também oferece um canal eficiente para que feedbacks do mercado sejam considerados no aperfeiçoamento das regulamentações, garantindo que sejam aplicáveis e adaptadas às realidades práticas. Essa dinâmica de troca contribui para um sistema regulatório mais ágil, eficiente e capaz de acompanhar a evolução das demandas do setor.

Além disso, a possibilidade de integração de dados de saúde entre os setores público e privado é uma oportunidade estratégica para promover a sustentabilidade de todo o ecossistema. A criação de um banco de dados unificado e robusto favorece a análise epidemiológica em larga escala, melhora o planejamento de recursos e evita duplicidades desnecessárias na realização de exames, por exemplo.

A interoperabilidade entre os setores reforça a qualidade assistencial, ao permitir que os profissionais de saúde tenham acesso a um histórico completo dos pacientes, resultando em condutas terapêuticas mais assertivas. Ela também possibilita uma jornada do paciente mais fluida e com menor risco de falhas na comunicação.

Outra frente de atuação das PPPs é a melhoria da transparência e da avaliação de qualidade no mercado. Programas regulamentados de monitoramento de indicadores oferecem uma visão clara sobre o desempenho dos prestadores de serviços, criando um ambiente de maior confiança entre contratantes de planos de saúde privados e usuários. Esse tipo de iniciativa favorece decisões embasadas e minimiza desperdícios e retrabalhos.

Não podemos nos esquecer que a saúde é um bem comum, e o aprimoramento contínuo dos serviços deve ser um objetivo compartilhado. Inclusive, está em discussão a criação de uma agência única de Avaliação de Tecnologias em Saúde (ATS), para harmonizar os processos de incorporação de tecnologias no Brasil, tanto no Sistema Único de Saúde (SUS) quanto na saúde suplementar.

Essa centralização eliminaria redundâncias, aceleraria a avaliação de novas tecnologias e garantiria critérios mais consistentes e transparentes. Além de reduzir a judicialização, uma agência única poderia priorizar as demandas de forma estratégica, equilibrando inovação, sustentabilidade financeira e as necessidades reais da população.

A troca de conhecimento entre os setores público e privado eleva os padrões de qualidade, promovendo cuidados mais humanizados e resultados clínicos mais eficazes. Ao otimizar processos e integrar serviços, as PPPs ajudam a reduzir os custos crescentes associados ao envelhecimento da população e às doenças crônicas.

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) tem sido protagonista na criação de um espaço de diálogo aberto com órgãos governamentais, como o Ministério da Saúde, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), tanto em assuntos regulatórios e de qualidade quanto na área de interoperabilidade.

Tudo isso demonstra que o caminho para aprimorar a saúde no Brasil vai além da soma de esforços isolados. Ele demanda a criação de uma rede robusta de colaboração, onde cada participante do ecossistema— sejam prestadores, gestores públicos, empresas ou reguladores — atue de maneira integrada e comprometida com um objetivo comum: construir um sistema de saúde mais justo, eficiente e abrangente.

Esse sistema deve ser capaz de atender às necessidades crescentes da população, assegurando qualidade e acessibilidade, ao mesmo tempo em que equilibra os impactos financeiros sobre as empresas e o governo, promovendo a sustentabilidade a longo prazo.

*Milva Pagano

Diretora-executiva da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed)

(22/01/2025)

Inovação, sustentabilidade e integração: o que esperar da medicina diagnóstica em 2025

Com avanços tecnológicos e foco em ESG, o setor reforça parcerias para atender aos desafios de 2025, assegurando a sustentabilidade do sistema de saúde

17 de janeiro de 2025 – O setor de medicina diagnóstica avança em direção a um futuro no qual inovação tecnológica, sustentabilidade e ética se integram de forma cada vez mais relevante. Em 2025, temas como transformação digital, qualidade dos serviços e responsabilidade ambiental e social ganham destaque, enquanto o envelhecimento populacional e as mudanças climáticas reforçam o papel estratégico do diagnóstico na prevenção, predição e gestão de doenças.

“Para 2025, esperamos um avanço expressivo na integração de sistemas, com foco em plataformas que garantam o fluxo contínuo e seguro de informações entre diferentes players do setor. Isso não é apenas uma tendência tecnológica, mas uma necessidade para promover eficiência operacional, precisão diagnóstica e, principalmente, a personalização do cuidado ao paciente”, comenta Cesar Nomura, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

A implementação de novas tecnologias, como inteligência artificial (IA), será um grande desafio para 2025, já que a regulamentação precisa equilibrar a inovação com a segurança dos pacientes. “A IA já está sendo usada para melhorar a análise de exames e a decisão clínica, mas isso exige uma abordagem cuidadosa para garantir que os processos não sejam apenas automáticos, mas também confiáveis e transparentes”, ressalta Nomura.

Segundo Lidia Abdalla, vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed, o avanço da tecnologia e a transformação digital no setor de saúde exigirão uma abordagem mais integrada para questões éticas e de proteção de dados.

“A crescente digitalização, incluindo prontuários eletrônicos unificados e interoperabilidade, facilitará o compartilhamento de informações. Nesse cenário, os investimentos para segurança da informação e privacidade são fundamentais em toda cadeia, inclusive na própria educação do usuário do sistema de saúde para proteção dos seus dados, evitando a exposição a golpes”, expõe.

Também será necessário dar mais atenção à prevenção de fraudes no setor, pois as práticas ilícitas vêm crescendo com o desenvolvimento da tecnologia. O setor precisará investir, cada vez mais, em sistemas avançados de proteção e criar campanhas educativas para profissionais e usuários.

Nomura acrescenta que, em 2025, a ampliação das Parcerias Público-Privadas (PPPs) se tornará indispensável para a sustentabilidade do sistema de saúde, especialmente diante da crescente demanda por serviços, impulsionada pelo envelhecimento populacional e pela prevalência de doenças crônicas.

Essas parcerias podem oferecer soluções para expandir o acesso, otimizar recursos e ampliar a qualidade dos serviços oferecidos. “O fortalecimento das PPPs em 2025 representa uma oportunidade para transformar a medicina diagnóstica em uma aliada ainda mais estratégica na cadeia de saúde”, declara o presidente do Conselho de Administração da Abramed.

Para Nomura, ao projetar o futuro da saúde, é preciso entender os desafios de hoje: a sustentabilidade financeira, a incorporação inteligente de tecnologias e o impacto do envelhecimento populacional. “A qualidade deve ser o princípio que guia todas as nossas ações, e é essencial que o setor privado colabore com o governo para garantir que as instituições mantenham altos padrões. As medidas precisam ser urgentes”, expõe. 

ESG

Em 2024, o setor de medicina diagnóstica demonstrou avanços em relação às práticas ESG, mas é importante que em 2025 as empresas continuem investindo no setor para garantir um futuro mais sustentável e socialmente responsável. Segundo a sexta edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, as associadas reduziram o consumo de energia e o descarte de resíduos, além de aumentarem a diversidade de gênero.

“A mensuração de dados é ponto fundamental para validar os avanços nas práticas de ESG, permitindo que empresas avaliem o impacto de suas ações e identifiquem áreas de melhoria. Ferramentas de análise permitem acompanhar indicadores ambientais, sociais e de governança, garantindo transparência, embasando decisões e fortalecendo a confiança de investidores, colaboradores e da sociedade”, comenta Lidia.

Em 2025, as mudanças climáticas e seus impactos na saúde devem ganhar mais atenção. A medicina diagnóstica atuará na identificação precoce de doenças relacionadas a fatores climáticos, como problemas respiratórios agravados pela poluição, aumento de arboviroses em regiões tropicais e doenças causadas por água contaminada em enchentes. 

O foco na detecção precoce e na personalização de tratamentos será ainda mais relevante em um cenário em que o envelhecimento populacional aumenta a demanda por cuidados de saúde. “A medicina diagnóstica atuará no suporte à longevidade saudável, contribuindo para a qualidade de vida dos idosos e para a sustentabilidade dos sistemas de saúde”, aponta Lidia.

Regulamentação

O rápido avanço da tecnologia e das ferramentas na medicina diagnóstica demandará atualizações constantes no arcabouço regulatório. “Regulações bem fundamentadas ajudarão a consolidar a confiança dos stakeholders, promovendo um ambiente mais estável e previsível para investimentos”, comenta Lidia.

Em 2025, será essencial estabelecer regulamentos mais equilibrados, que considerem as realidades financeiras e operacionais das empresas, alinhando-se ao Objetivo de Desenvolvimento Sustentável (ODS) 3 de promover saúde e bem-estar para todos. O diálogo entre empresas e reguladores ganhará destaque, permitindo decisões baseadas em evidências e contribuindo para um ambiente regulatório flexível e inovador.

“A participação técnico-científica das empresas será decisiva para alinhar regulações às melhores práticas globais e às demandas locais, impulsionando a adoção de novas tecnologias e fortalecendo o setor de saúde”, declara Lidia.

Para Nomura, em 2025, a medicina diagnóstica continuará a ser uma aliada na eficiência do sistema de saúde, ajudando a reduzir custos e a otimizar recursos. Com a ampliação do uso de tecnologias e o trabalho em conjunto, o setor terá ainda mais impacto na cadeia, colaborando para o desenvolvimento de todo o setor.

Dengue em alta: dados de laboratórios privados reforçam necessidade de testagem e prevenção

Segundo Abramed, a taxa de positividade dos casos de dengue na semana de 22 a 28 de dezembro de 2024 foi a maior do último trimestre do ano

13 de janeiro de 2025 – Com a temporada de calor e chuvas, o temor das arboviroses – doenças virais transmitidas principalmente por mosquitos – volta a rondar a população brasileira. Dentre as mais conhecidas estão dengue, zika, chikungunya, oroupouche e febre amarela, segundo o Ministério da Saúde.

A combinação de altas temperaturas e acúmulo de água parada cria um ambiente propício para a proliferação dos mosquitos transmissores da doença. Eles se tornam portadores dos vírus ao picar uma pessoa infectada e, subsequentemente, passam o vírus para outras pessoas durante suas picadas. Por isso, é importante intensificar as ações de prevenção e diagnóstico.

Segundo dados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), cujos associados são responsáveis por cerca de 80% do volume de exames realizados na Saúde Suplementar no Brasil, a taxa de positividade dos casos de dengue foi de 13,81% na semana de 22 a 28 de dezembro de 2024, a maior do último trimestre de 2024.

Além disso, a taxa de positividade registrou sua 3ª semana consecutiva de alta (de 1 a 28 de dezembro de 2024). O mesmo acontece com a média móvel, quando comparada com as últimas 5 semanas, indicando uma tendência de alta para os próximos períodos.

“A testagem e a prevenção são as chaves para enfrentar o desafio que as arboviroses representam, especialmente no período de maior vulnerabilidade climática. Nesse contexto, a análise de dados laboratoriais torna-se estratégica para antecipar tendências epidemiológicas, avaliar a eficácia das campanhas de prevenção e orientar políticas públicas”, comenta o médico patologista Alex Galoro, líder do Comitê Técnico de Análises Clínicas da Abramed.

Exames como PCR e testes de antígeno são essenciais, permitindo o tratamento adequado dos pacientes. No caso da dengue, Galoro lembra que as sorologias permitem detectar em apenas alguns dias os anticorpos IgM. Já os anticorpos IgG passam a ser detectáveis a partir do sétimo dia de doença.

“Na dengue, o hemograma é imprescindível após o diagnóstico, para monitoramento do paciente, para avaliação da necessidade de reidratação e o risco de dengue hemorrágica”, explica.

A Abramed reforça a importância de que exames diagnósticos sejam realizados em laboratórios clínicos, que garantem precisão nos resultados, testes mais abrangentes e total conformidade com os padrões de qualidade. Diagnósticos rápidos e precisos são essenciais para o controle das arboviroses.

Monitoramento

Os dados de exames realizados pelas associadas à Abramed são compilados por meio da plataforma de inteligência de dados METRICARE, desenvolvida e gerenciada pela Controllab, parceira da associação. Essa colaboração tem permitido o acompanhamento de dados relevantes, fornecendo uma visão clara e estratégica para a tomada de decisões em prol da saúde populacional.

Importante ressaltar que as associadas da Abramed enviam os resultados dos exames diretamente à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS/DATASUS), contribuindo para o monitoramento epidemiológico conduzido pelo Ministério da Saúde. Essas informações são essenciais para entender a progressão da dengue no Brasil e embasar medidas de saúde pública voltadas à contenção da doença.

Privacidade e tecnologia: Abramed alerta sobre a responsabilidade na gestão de dados de saúde

No Dia Internacional da Privacidade de Dados (28/1), a entidade mostra como garantir a segurança das informações, especialmente na era da inteligência artificial

13 de janeiro de 2025 – A proteção de dados pessoais vem ganhando cada vez mais relevância no cenário mundial, e em especial no setor de saúde, responsável por tratar um grande volume de dados sensíveis e de natureza confidencial. Em alusão ao Dia Internacional da Privacidade de Dados (28/1), a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) lembra a importância do tema.

Antes da LGPD (Lei Geral de Proteção de Dados), o setor de saúde não se preocupava tanto com a segurança dos dados pessoais, limitando-se à confidencialidade entre médico e paciente, que era frequentemente comprometida devido à falta de boas práticas em governança de dados e segurança tecnológica nas empresas.

“Antigamente, as quebras de confidencialidade não causavam grandes danos, mas, com a globalização das informações e o aumento de golpes envolvendo dados pessoais, o setor de saúde tornou-se alvo de estelionatários”, explica Eduardo Nicolau, membro do Comitê de Proteção de Dados da Abramed e DPO – Data Protection Officer da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.

Diante desse novo cenário, empresas de medicina diagnóstica implementaram soluções para garantir a segurança da informação. Entre elas, a adoção de controles de acesso baseados na função do colaborador e a autenticação de sistemas com múltiplos fatores. Ou seja, o colaborador recebe um token, por mensagem ou aplicativo de celular que, juntamente com seu usuário e senha, permite o acesso a sistemas e plataformas da empresa.

Outros exemplos são a criptografia de dados armazenados, a atualização de patches de segurança para sistemas operacionais e acesso remoto a sistemas com rede privada — que corrigem vulnerabilidades e falhas de segurança, protegendo os sistemas contra ataques — e o uso de protocolo seguro de transferência de dados na internet.

Além dos cuidados com a segurança cibernética, muitas empresas do setor de medicina diagnóstica implementaram modelos de governança, garantindo a proteção dos dados pessoais de pacientes, médicos e parceiros de negócio. Entre as principais medidas adotadas está a gestão de risco em privacidade, por meio de processos que orientam a proteção dos dados pessoais desde sua concepção e incluem medidas compensatórias para processos de alto risco.

“Também é comum a avaliação de terceiros quanto à sua maturidade em proteção de dados, a gestão adequada de políticas de retenção de dados para cumprir obrigações legais e reduzir riscos em casos de vazamentos ou acessos indevidos, como também a implementação de um plano robusto de resposta a incidentes”, acrescenta Nicolau.

Após a promulgação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), as empresas tiveram tempo para se adaptar aos novos requisitos antes das sanções entrarem em vigor. Essa adaptação incluiu um passo importante: conscientizar os colaboradores sobre como manipular dados pessoais de acordo com a lei, esclarecendo seus direitos como donos dos dados e os deveres das empresas que os tratam.

“Hoje aqueles que manipulam os dados pessoais de outras pessoas o fazem com a consciência dos impactos e da responsabilização de seus atos, deixando as operações mais seguras”, comenta. Embora algumas empresas estejam mais maduras em privacidade e proteção de dados do que outras, Nicolau diz que todas, sem exceção, incluem em seus orçamentos anuais iniciativas para aumentar sua maturidade, implantar controles e fortalecer a governança.

Legislação

Em relação à privacidade e proteção de dados pessoais no uso da inteligência artificial (IA), Nicolau diz que o Projeto de Lei 2338/2023, em análise pela Câmara dos Deputados, garante a proteção aos direitos fundamentais dos cidadãos e estabelece responsabilidades para desenvolvedores e operadores, mas sua eficácia só será comprovada com o passar do tempo, a evolução da tecnologia e o poder fiscalizatório dos órgãos reguladores.

“A proposta de regulação da IA permite inovações ao proteger dados pessoais e garantir algoritmos eficazes e éticos, mas o modelo de classificação de riscos pode dificultar a responsabilização e gerar debates complexos sobre impactos em direitos fundamentais. A IA ainda é muito recente e o mundo a entende de forma superficial”, expõe.

Nicolau considera a legislação atual de proteção de dados abrangente, mas aponta que a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) precisa abordar as particularidades do setor de saúde, que envolve um ecossistema de informações heterogêneas e desconexas.

“Diferentemente do modelo europeu, o Brasil carece de regras específicas para o compartilhamento de dados de saúde. O setor necessita de regulamentações que garantam a segurança, a qualidade e a interoperabilidade dos dados, permitindo a integração entre entidades públicas e privadas e melhorando os diagnósticos, tratamentos e redução de custos”, comenta.

A privacidade de dados é essencial para evitar consequências graves, como discriminação ou exposição indesejada de informações de saúde. Em um mundo digital, organizações que investem na proteção e transparência dos dados se destacam. “A implementação da privacidade está ligada a práticas éticas e responsáveis, aumentando a confiança e reduzindo riscos legais. Com a crescente conscientização sobre a proteção de dados, os consumidores tendem a escolher marcas que priorizam a privacidade de seus dados pessoais”, expõe Nicolau.

Através de seu Comitê de Proteção de Dados, composto por profissionais de diversas áreas, como saúde, direito, tecnologia e cibersegurança, a Abramed discute questões relevantes para o setor. “Entre as conquistas, destaque à contribuição para subsídios da ANPD sobre temas como multas, sanções administrativas, transferência internacional de dados e notificação de incidentes. Atualmente, o Comitê está focado em discutir a regulação da inteligência artificial, buscando influenciar as políticas que impactam as atividades do setor de saúde”, finaliza Nicolau.

Biologia molecular em crescimento: tecnologia e IA impulsionam diagnósticos personalizados

A popularização dos testes moleculares tem gerado aumento na demanda, incentivando grandes empresas a investirem em soluções pré-analíticas

09 de janeiro de 2025 – Uma das áreas em crescimento no setor de medicina diagnóstica é a biologia molecular. De acordo com a sexta edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, 93% das associadas à entidade atuam na área, atendendo às demandas de um mercado cada vez mais orientado pela tecnologia e pela personalização dos cuidados em saúde.

A biologia molecular identifica doenças e condições de saúde a partir da análise do material genético (DNA e RNA) dos pacientes, permitindo investigar alterações moleculares, como mutações genéticas, presença de microrganismos infecciosos e padrões de expressão gênica. “É uma área extremamente precisa e confiável”, afirma Guilherme Ambar, CEO da Seegene.

Com o uso de diversas técnicas avançadas, a biologia molecular permite diagnósticos rápidos, fornecendo informações detalhadas que orientam a definição da melhor conduta médica. “Com a popularização dessas técnicas e os avanços tecnológicos, cada vez mais essas ferramentas estarão acessíveis à toda a população”, diz.

Em termos de evolução, tem-se se visto no mundo todo o desenvolvimento do diagnóstico molecular com uma abordagem sindrômica. Esta estratégia, amplamente aprimorada pela Seegene, permite não apenas a identificação de múltiplos alvos simultaneamente, mas também a obtenção de dados quantitativos detalhados para cada alvo individualmente. Esse avanço reduz o tempo necessário para resultados, aumenta a precisão dos diagnósticos e auxilia na priorização de tratamentos mais eficazes.

Outro grande progresso é o refinamento das técnicas moleculares para o uso de Point-of-Care Testing (POCt), que se refere a métodos diagnósticos realizados “perto do paciente”, seja no local de atendimento ou em ambientes fora dos laboratórios convencionais. “Esses testes estão se tornando mais rápidos e precisos, o que possibilita uma tomada de decisão mais ágil em hospitais e centros de emergência. Além disso, com o auxílio da telemedicina, eles podem alcançar regiões distantes e com pouca infraestrutura de saúde”, explica Guilherme.

No campo da medicina personalizada, o avanço da abordagem multiômica está transformando a forma como os tratamentos são adaptados às características individuais de cada paciente. As multiômicas integram diferentes camadas de dados biológicos, gerados por tecnologias de análise, como genômica, transcriptômica, proteômica e metabolômica. Essa abordagem holística possibilita uma compreensão mais profunda dos processos biológicos, facilitando a adaptação dos tratamentos e potencializando a prevenção de doenças.

Inteligência artificial

Com o crescimento da inteligência artificial (IA) no apoio ao diagnóstico, as multiômicas têm ganhado cada vez mais relevância, especialmente no campo das doenças raras, no tratamento personalizado e, o mais importante, na prevenção. “A popularização dos testes moleculares tem gerado um aumento significativo na demanda, incentivando grandes empresas a investirem em soluções pré-analíticas para atender à crescente necessidade de processamento em larga escala”, acrescenta Guilherme.

A utilização de ferramentas de IA tem possibilitado a ampliação de técnicas diagnósticas que antes eram menos comuns, como o Sequenciamento de Nova Geração (NGS), que permite sequenciar o material genético de forma rápida, precisa e em grande escala. Também está ganhando relevância a proteômica, técnica que estuda o conjunto completo de proteínas expressas por células, tecidos ou organismos em determinadas condições. Assim como a metabolômica, que analisa os metabólitos presentes em células ou tecidos em um dado momento. Os metabólitos são pequenas moléculas intermediárias ou finais do metabolismo, como açúcares, aminoácidos, lipídeos e ácidos nucleicos.

A farmacogenômica, que investiga como as variações no DNA influenciam a resposta a medicamentos, também se tornará mais comum na área de diagnóstico. “O grande volume de dados gerados por essas técnicas será cada vez mais analisado com maior eficiência pela IA, proporcionando suporte às decisões médicas”, diz Guilherme.

Segundo ele, essa evolução permitirá que a medicina deixe de focar apenas no tratamento e diagnóstico, abrindo caminho para abordagens mais personalizadas. A IA aplicada à análise de grandes volumes de dados populacionais e metadados já desempenha um papel importante, mas seu impacto será ainda mais significativo na medicina personalizada. “Quando os dados são coletados ao longo do tempo de um único paciente, incluindo informações diagnósticas e sua jornada de saúde, a IA poderá fornecer um suporte de altíssima acurácia na tomada de decisões.”

Desafios

Apesar dos avanços, Guilherme diz que ainda existem barreiras que dificultam a expansão da biologia molecular. Entre as principais estão os custos elevados, uma vez que essas técnicas demandam reagentes caros e alto investimento para a implementação de laboratórios. Além disso, a falta de um parque industrial nacional que desenvolva essas tecnologias no Brasil impede a redução desses custos, que poderiam ser drasticamente diminuídos com a produção local.

Outro desafio é a infraestrutura, pois muitos laboratórios ainda carecem de equipamentos e espaços adequados para implementar as tecnologias avançadas de diagnóstico molecular. A capacitação profissional se junta à lista, já que é necessária uma formação especializada para operar essas novas tecnologias e utilizar adequadamente os resultados, o que limita o uso generalizado dos diagnósticos moleculares.

“Superar essas barreiras é essencial para garantir que os benefícios da biologia molecular sejam amplamente acessíveis à toda a população e integrados na prática clínica”, conclui o CEO da Seegene.

Algorética na saúde: ética e transparência nos algoritmos por um sistema mais confiável e inclusivo

Por Angélica Carvalho*

A ascensão da inteligência artificial (IA) na saúde trouxe à tona uma necessidade urgente: garantir que as decisões tecnológicas sejam fundamentadas em princípios éticos sólidos. É nesse contexto que surge a algorética, uma abordagem que integra transparência, justiça e responsabilidade no uso de algoritmos, capaz de nortear relacionamentos colaborativos entre diferentes atores da cadeia de saúde, garantindo que o paciente seja o centro do cuidado.

Alinhar-se à algorética requer uma abordagem sistêmica que promova confiança e respeito mútuo, incentivando o diálogo entre organizações do setor para consolidar a ética na concorrência, assegurar preços justos e otimizar recursos ao longo do ciclo assistencial.

Além disso, é necessário que os envolvidos adotem boas práticas no uso da IA, protejam a confidencialidade dos dados, garantam transparência para as partes interessadas, preservem a responsabilidade humana em decisões críticas e se responsabilizem por eventuais usos inadequados dessas ferramentas.

Nesse contexto, o Marco de Consenso para a Colaboração Ética Multissetorial na Saúde, liderado pelo Instituto Ética Saúde (IES) com apoio da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), orienta o setor a criar uma rede de autorregulação com princípios éticos no uso de tecnologias, como a IA em diagnósticos, tratamentos e gestão de dados, oferecendo um modelo que pode inspirar outros sistemas de saúde globalmente.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a adoção de mecanismos, como treinamento contínuo, participação do paciente e diversidade de dados, é essencial para garantir transparência na tomada de decisões por algoritmos, prevenir vieses contra minorias e corrigir falhas nos sistemas. O Marco de Consenso, um dos maiores acordos setoriais da saúde, tem gerado resultados que fortalecem modelos colaborativos entre os diversos atores do setor, promovendo integridade e confiança.

Em 2023, tive uma experiência marcante com o Papa Francisco, que foi o primeiro a abordar o tema “Ética dos Algoritmos”. Ele enfatizou a importância de sistemas de saúde mais humanos e igualitários, o que me levou a refletir sobre a necessidade urgente de um pacto global que priorize a saúde, focando não apenas no tratamento de doenças, mas também na promoção da saúde, prevenção e inclusão dos mais vulneráveis.

No VII Seminário sobre Ética na Gestão da Saúde, realizado na Cidade do Vaticano, o bispo Vincenzo Paglia também abordou a algorética e os riscos do uso irresponsável da IA. Toda essa reflexão levou à revisão do Marco de Consenso Brasileiro para incluir o tema. Assim, a nova versão foi assinada, no fim de 2024, pela Abramed e por diversas outras instituições, e levada ao Papa Francisco no VIII Seminário sobre Ética na Gestão da Saúde.

Importante ressaltar que a adoção de práticas éticas no uso IA pode transformar a experiência do paciente e melhorar a qualidade do atendimento na saúde. Tais práticas aumentam a confiabilidade dos sistemas, fortalecem a confiança entre pacientes, profissionais e organizações, além de minimizar erros diagnósticos.

Embora o uso de IA possa gerar preocupações sobre despersonalização, práticas éticas garantem que a tecnologia complemente o contato humano, personalizando tratamentos e mantendo o vínculo empático. A transparência, o consentimento informado e o acesso equitativo às tecnologias contribuem para uma assistência mais segura, justa e inclusiva.

Em síntese, não é apenas uma questão regulatória, mas um compromisso com a melhoria contínua da qualidade do atendimento. Essa abordagem fortalece a confiança no sistema de saúde e assegura que as inovações tecnológicas estejam a serviço do bem-estar humano. A ética, afinal, deve ser a base de toda inovação.

*Angélica Carvalho

Diretora-Adjunta de Desenvolvimento Setorial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS)

(07/01/2025)

Abramed debate desafios e perspectivas para 2025

Durante Reunião Mensal de Associados, importantes players do setor analisaram o mercado de saúde no Brasil

6 de janeiro de 2025 – A última Reunião Mensal de Associados (RMA) da Abramed em 2024 foi realizada em 19 de dezembro, na sede do Hcor, em São Paulo, contando com o debate “Desafios e perspectivas para 2025”. Durante o encontro, foi entregue o Relatório Anual de Atividades 2024, um resumo do trabalho realizado pela entidade e seus associados durante o ano, destacando as iniciativas em prol do desenvolvimento da medicina diagnóstica e de todo o ecossistema de saúde.

Como anfitrião, Júlio Vieira, diretor de relacionamento com o Mercado, Negócios e Estratégia do Hcor e membro do Conselho de Administração da Abramed, apresentou dados sobre o hospital, que atua em mais de 50 especialidades médicas, além de contar com um Instituto de Pesquisa reconhecido internacionalmente.

“Compartilhamos tudo que aprendemos em nossos quase 50 anos no Hcor Academy, que, em 2023, capacitou mais de 5.500 alunos, quase 150% a mais que em 2022. Recentemente, lançamos cursos de pós-graduação nas frentes assistenciais e gestão em saúde, somando mais de 800 alunos”, destacou Vieira.

Na sequência, Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, fez uma retrospectiva da atuação da entidade em 2024. Foram 90 reuniões de seus 11 comitês temáticos, mais de 60 reuniões de relações governamentais com Ministério da Saúde, Anvisa, ANS, MDIC, entre outras instituições, além de 20 eventos promovidos e com participação da entidade.

“Desenvolvemos mais de quatro conteúdos relevantes por meio dos nossos comitês, como a Cartilha Com A Visa no Peito, a Pesquisa sobre o uso de Inteligência Artificial na Medicina Diagnóstica e o Relatório sobre o Uso do Padrão TISS. Esses materiais têm contribuído significativamente para a qualificação e a evolução do setor”, disse.

Por sua vez, Cesar Nomura, presidente do Conselho de Administração da Abramed, destacou a relevância do trabalho da entidade junto aos associados. “Estamos cada vez mais próximos, permitindo que conheçam melhor a Abramed e, ao mesmo tempo, que a Abramed conheça mais profundamente as instituições. Esse movimento tem sido muito enriquecedor, pois fortalece o entendimento mútuo sobre o que já foi realizado e o que está em planejamento”, afirmou.

Ao comentar sobre o Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, publicação anual da entidade que traz um panorama do setor, Nomura enfatizou a importância dos dados para todo o mercado da saúde. “O Painel ajuda a combater mitos como a ideia de que 20% dos exames não são acessados. Isso não é verdade, apenas 3,8% dos exames não foram acessados diretamente pelos pacientes em 2023. Muitos desses exames, no entanto, são realizados dentro de hospitais, onde os médicos têm acesso e utilizam os resultados para conduzir o tratamento. É importante desmistificar essa ideia equivocada e valorizar os dados confiáveis que o Painel oferece”, afirmou.

Debate

Após as apresentações, Nomura moderou o debate “Desafios e perspectivas para 2025”, com participação de Ademar Paes Jr., sócio da Clínica Imagem, CEO da LifesHub e membro do Conselho de Administração da Abramed; Claudia Cohn, diretora-executiva no Grupo Dasa e membro do Conselho de Administração da Abramed; Fernando Torelly, CEO do HCor; e Giovanni Cerri, presidente dos Conselhos dos Institutos de Radiologia (InRad) e de Inovação (InovaHC), do HC da FMUSP.

Ademar ressaltou que o setor de saúde no Brasil enfrenta desafios complexos, como envelhecimento populacional, alta carga de doenças crônicas, subfinanciamento, acesso restrito a crédito e um modelo de negócios fragmentado. Apesar disso, há avanços, como maior acesso à saúde, desenvolvimento de biotecnologia e incorporação tecnológica focada em inteligência de dados e monitoramento de pacientes.

Ainda assim, o setor carece de um verdadeiro ecossistema de saúde. Segundo ele, a fragmentação atual coloca operadoras, redes e empresas em “modo sobrevivência”, sufocando criatividade e inovação. “Porém, parcerias estratégicas entre hospitais e operadoras começam a sinalizar mudanças rumo a sistemas eficientes, que devem ganhar força em 2025”, disse.

Para avançar, Ademar considera que o setor precisa investir em três pilares. O primeiro é gestão, focando em estratégia, pessoas, operações, marketing, vendas e finanças. O segundo são dados, direcionados para a criação de data lakes (repositórios para grandes volumes de informações) e uso mais robusto de tecnologias analíticas para melhorar a tomada de decisão.

“Diversas tecnologias avançadas, incluindo inteligência artificial, estão chegando. No entanto, não conseguiremos utilizá-las plenamente se não prepararmos os dados básicos necessários para que essas ferramentas operem de forma eficaz no setor de saúde”, explicou Ademar.

O terceiro é automação de processos, que ajuda a reduzir custos operacionais com tecnologia, especialmente frente ao alto custo de mão de obra. Esses passos são fundamentais para enfrentar os desafios e preparar o setor para as transformações tecnológicas que já estão emergindo.

Para entender 2025, Torelly voltou a 2019, considerado o último ano “normal” da saúde. Desde então, veio a pandemia e, em 2023, as operadoras acumularam prejuízos de R$ 11 bilhões, forçando ajustes drásticos nos custos, que continuaram em 2024. “A arquitetura competitiva mudou radicalmente e continuará mudando, com uma forte consolidação no setor hospitalar”, disse.

Segundo Torelly, apenas os que aliarem escala a eficiência e forem atrativos tanto para operadoras quanto para pacientes estarão protegidos. “Tenho preocupação com os hospitais filantrópicos, pois se eles continuarem isolados em um cenário de consolidação, vão perder protagonismo no futuro por uma questão de mercado”, expôs.

Além disso, apontou que se a saúde se tornar um mercado pouco atrativo devido a fatores como câmbio e juros elevados, o investimento pode diminuir, prejudicando todo o sistema no longo prazo. “Não me preocupo com isso hoje, mas daqui a 5 ou 10 anos.”

Apesar das dificuldades, Torelly considera que o setor parece caminhar para um 2025 mais positivo, com prejuízos das operadoras reduzidos e ajustes em andamento. Contudo, é necessário que hospitais e gestores olhem para sua própria prática, combatendo variabilidades e glosas injustificadas e enfrentando o mercado de forma mais assertiva e colaborativa.

Cerri também fez uma retrospectiva, mostrando que a primeira metade desta década foi marcada por desafios profundos no setor de saúde, desde a pandemia até a crise das operadoras de planos de saúde.

De acordo com ele, embora as operadoras estejam reduzindo seus prejuízos, o desarranjo econômico e político do país é a grande preocupação para 2025. O aumento dos juros e o dólar elevado dificultam investimentos e agravam a situação. Por outro lado, Cerri cita como elemento positivo o avanço tecnológico.

A transformação digital, incluindo inteligência artificial, telemedicina e interoperabilidade, oferece caminhos para maior eficiência e racionalização de processos. Essas inovações permitem que médicos se concentrem mais no cuidado direto ao paciente e podem ser fundamentais para a sustentabilidade do setor.

O desafio, no entanto, permanece na necessidade de mudanças estruturais, como novos modelos de pagamento, ampliação do acesso e o retorno dos planos individuais. “Vamos observar como essas duas variáveis – o cenário econômico e político e o avanço da tecnologia no setor – irão se encontrar. Qual será o resultado dessa combinação? Espero que seja positivo”, comentou Cerri.

Na análise da Cláudia, o Brasil deixou de ser o foco para investimentos internacionais e não será a “bola da vez” em 2025. Para ela, a dificuldade de captar recursos e a necessidade de buscar alternativas são realidades que o setor de saúde precisa enfrentar. Empresas que antes operavam com margens confortáveis precisaram repensar suas estratégias para garantir a sustentabilidade. Isso levou ao surgimento de sistemas integrados – como a união entre hospitais, operadoras e empresas de diagnóstico.

Claudia ressaltou, ainda, que dados estruturados e inteligência artificial podem revolucionar a produtividade e a organização do setor, mas ainda são iniciativas pontuais. Para avançar, é fundamental que as empresas adotem uma visão sistêmica, aproveitando as oportunidades oferecidas pela transformação digital.

Além disso, conforme acrescentou, há um excesso de investimentos em novas infraestruturas, como leitos hospitalares, que podem se tornar inviáveis diante do enfraquecimento do fluxo de capital. Segundo ela, é preciso refletir se essa expansão desordenada faz sentido, especialmente considerando o atual cenário econômico.

“Minha última provocação é: será que vamos deixar de lado as disputas por interesses próprios para avançarmos juntos em um nível mais elevado, com um olhar mais amplo para o setor? Vejo a Abramed entrando em uma nova fase, focando menos em problemas pontuais – sem deixá-los de lado, é claro, mas resolvendo-os enquanto promovemos discussões mais maduras e estratégicas sobre o que realmente precisamos fazer para transformar o setor e nos tornarmos mais fortes, em conjunto”, disse.

Outros apontamentos relevantes incluíram a importância de estratégias voltadas à eficiência operacional, como gestão de custos e estruturas administrativas mais enxutas. Foi citado que práticas eficientes em gestão de supply chain podem gerar economia significativa nos custos variáveis das organizações. Os participantes também ressaltaram que o setor deve adotar um modelo baseado em eficiência, além de evidências, para enfrentar os desafios macroeconômicos.

Ao final, Nomura ressaltou a relevância de unir forças para avançar. “Em momentos de crise, a criatividade tende a desaparecer; quando um animal está acuado, seu foco é apenas a sobrevivência. Vejo que algumas instituições estão passando por isso agora. Por isso, é essencial que, como líderes, sejamos capazes de transmitir a importância da coopetição – uma combinação de competição e colaboração. Que ao final de 2025 possamos dizer que conseguimos fazer algo diferente”, concluiu.

O evento se encerrou com uma visita técnica ao Hcor.