Abramed debate “O papel do ESG na Medicina Diagnóstica”

Parceria entre a Abramed, o Comitê de ESG e a Roche Diagnóstica, o encontro contou com representantes do Pacto Global da ONU, do Capitalismo Consciente e associados da entidade

26 de junho de 2024 – Para discutir como práticas sustentáveis, de governança e socialmente responsáveis moldam o futuro da saúde, a Abramed realizou, em 20 de junho, um encontro especial com profissionais referências, na sede da Roche Diagnóstica Brasil, em São Paulo.

Flavia Vianna, gerente de Saúde e Trabalho do Pacto Global Brasil da ONU; Lidia Abdalla, CEO do Grupo Sabin e vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed; Daniela Garcia, CEO do Capitalismo Consciente Brasil; e Sandra Sampaio, diretora de estratégia da Roche Diagnóstica trouxeram excelentes insights sobre o tema, sob mediação de Daniel Perigo, gerente de Sustentabilidade do Grupo Fleury e Líder do Comitê de ESG da Abramed.

Como anfitrião, Carlos Martins, CEO da Roche Diagnóstica Brasil, abriu o encontro, lembrando que, em 2024, a empresa foi eleita, pelo 15º ano consecutivo, a mais sustentável do setor de saúde, de acordo com o índice Dow Jones. “Sustentabilidade, segurança, diversidade e inclusão são vistas de forma muito séria por nós. Iniciamos há dois meses um projeto de alta profundidade, que tem como objetivo impactar quatro pilares: pessoas, pacientes, nossa cultura e, consequentemente, a sociedade”, explicou.

Logo após, Lidia apresentou a Abramed e ressaltou a relevância desse primeiro encontro para discutir o tema ESG e seus impactos na medicina diagnóstica. Na sequência, Périgo destacou que a reunião é um desejo antigo do Comitê de criar maneiras para estimular as melhores práticas de ESG nas empresas. “Sabemos que o trabalho é grande, mas há muitas oportunidades. Nosso grupo se dedica a conversar sobre esse tema e contribuir para o avanço das iniciativas”, expôs.

O encontro contou com palestra da Flavia, que iniciou falando sobre o Pacto Global Brasil da ONU, formado por 10 movimentos ligados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das questões mais urgentes do Brasil. “Trata-se de um chamado às empresas para promover ações concretas por meio de compromissos públicos. Somos a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, com abrangência e engajamento em 162 países”, expôs.

O Pacto Global da ONU – Rede Brasil é a segunda maior rede local do mundo, com mais de 1.900 participantes. Os mais de 50 projetos conduzidos no país abrangem, principalmente, os temas: Água e Saneamento, Alimentos e Agricultura, Energia e Clima, Direitos Humanos e Trabalho, Anticorrupção, Engajamento e Comunicação.

Flavia explicou o Movimento Mente em Foco, iniciativa do Pacto Global da ONU no Brasil que convida empresas a agir em benefício de seus colaboradores e da sociedade no combate ao estigma e ao preconceito social ao redor da saúde mental. O objetivo é que a saúde mental seja tratada não apenas como uma medida emergencial, mas, de forma preventiva e humanizada, como um tema perene e que faça parte da estratégia de negócio das companhias.

“É fundamental falar de sustentabilidade no trabalho, mas, se não olharmos para as pessoas, não vamos conseguir fazer a transformação que queremos no planeta. Cuidar da saúde mental é urgente e necessário. Portanto, ambicionamos ter, em 2030, mil empresas com programas estruturantes de saúde mental, impactando 10 milhões de trabalhadores”, disse.

Flavia também divulgou o Guia prático para construção de um ambiente de trabalho com segurança psicológica. “Trouxemos o assunto da saúde mental, mas reforçamos a saúde integral, ou seja, física e emocional. A proposta é colocar as pessoas nas tomadas de decisão das empresas”, expôs, lembrando que a saúde mental é responsabilidade de todas as pessoas, da liderança e de cada um, para um mundo corporativo mais saudável. “Sendo assim, precisamos realizar um trabalho preventivo, muito mais que um atendimento emergencial, sem tabu”, reforçou.

Após apresentação, foi aberta a mesa de debates com os demais participantes. Daniela começou explicando que o Capitalismo Consciente é um movimento que objetiva ajudar as empresas a implementarem práticas de estratégia e liderança conscientes, gerando um impacto positivo nos resultados, nas pessoas e no planeta. “A empresa é um sistema, que depende das boas relações com trabalhadores, fornecedores e comunidade”, disse.

Segundo ela, existem várias maneiras de externalizar isso, como a educação dos consumidores sobre medicamentos e a gestão de resíduos. Por exemplo, o descarte adequado de radiografias. “Uma empresa que ensina esses procedimentos está fortalecendo sua relação com os stakeholders externos que consomem seus produtos”, disse.

A Roche, por exemplo, busca engajar outros stakeholders da cadeia em suas ações sustentáveis, como explicou Sandra. São mais de 60 mil fornecedores, o que significa que a comunicação e a gestão dessa cadeia são fundamentais. “A Roche apoia os ODS e tem como meta, em relação aos parceiros, reduzir, até 2030, pelo menos 18% da emissão produzida de forma indireta”, disse.

Em relação aos distribuidores, a empresa garante o cumprimento das metas através do código de conduta, ética e sustentabilidade, que permeia todo o programa de desempenho. Para o paciente, há ações de conscientização sobre o descarte de medicamentos em parceria com outras empresas. E expandindo o impacto à comunidade, a Roche, por meio de um programa global, incentiva os colaboradores a fazerem doações a instituições que ajudam crianças em situação de vulnerabilidade. “Temos muitas ações internas e externas, o tema ESG é um dos critérios, por exemplo, para eleger fornecedores”, disse.

Falando sobre tecnologia, Sandra ressaltou o valor da inteligência artificial, destacando seu papel na redução do tempo de processos e na sustentabilidade do laboratório. Este tema está diretamente relacionado à medicina de precisão, que foca na prevenção e na diminuição de desperdícios. “No âmbito local, é fundamental dialogar com os órgãos de saúde competentes para ampliar o acesso da população a essas tecnologias e melhorar os desfechos para os pacientes”, expôs.

Por sua vez, Lidia salientou que o compromisso com as metas ambientais e sociais deve estar na agenda das lideranças, pois dar o exemplo é essencial para o engajamento. “Quando as pessoas se sentem respeitadas e ouvidas, começam a ver que o impacto vai além delas, atingindo seu círculo de amigos e a comunidade. Mas se nada disso sensibiliza o líder, há a questão da lucratividade, pois a empresa se torna mais competitiva quando investe em ESG e sua reputação sobe”, declarou. 

Sobre como começar, Lidia disse que não é necessário reinventar a roda; basta buscar exemplos do que está funcionando bem. “É importante fazer benchmarking com empresas de outros segmentos também. Às vezes, encontramos boas práticas simples que podemos implementar no dia a dia. Começar é difícil, mas depois é questão de manter o foco e o compromisso. Fazer e replicar: esse é o maior potencial que temos como profissionais, influenciar aqueles ao nosso redor”, expôs.

De fato, Flavia comentou que o desafio é enorme e que precisamos nos unir para enfrentar o problema. “Não podemos mais olhar para uma catástrofe e achar que ela está longe, pois ela está muito perto de nós. Precisamos nos mobilizar. O Impacto Global também destaca a importância do movimento das empresas para a transformação. Muitas colocam a responsabilidade no público, mas cabe a elas reconhecerem o poder que têm de transformar e gerar receita de forma responsável e sustentável. Precisamos estar dispostos a separar o tempo necessário para estarmos juntos, ouvir o que os especialistas estão dizendo e aprender com o que outras empresas estão fazendo, promovendo a troca de experiências”, disse.

Questionada sobre tendências em ESG, Daniela respondeu que, em termos de business, é reportar cada vez mais, afinal, ESG não é uma escolha, mas uma jornada. Já em termos de negócio e reputação, a tendência é analisar como a empresa se organiza e amplifica a sua atuação a respeito desses temas com transparência e ética. “Por fim, a tendência global é olhar para dados, ajudando o ser humano a viver melhor. Estamos caminhando para a sociedade 5.0, que é a tecnologia a serviço do bem-estar”, disse.

Daniela reforçou que ESG é cultura, assim como a transformação digital, e precisa ser trabalhado transversalmente. “Procure entre seus pares líderes de outras áreas para que, juntos, possam comprometer a liderança a ser patrocinadora desse tema. De forma mais pragmática, ignorar o impacto positivo pode resultar em problemas na gestão de riscos, na área financeira e na reputação.”

Segundo Daniela, precisamos ter uma visão sistêmica. Se não olharmos para nós como parte do todo, não vamos caminhar. “O sistema precisa fluir, esse é aprendizado da pandemia. Todos devem seguir a mesma jornada e trabalhar com propósito. O recado é muito claro: precisamos ter consciência do nosso impacto, intencionalidade das ações e buscar a melhor performance possível com foco na prosperidade da sociedade.”

Ao final, Flavia deixou uma frase bem conhecida e inspiradora: sonho que se sonha só é só um sonho, mas um sonho que se sonha junto se torna realidade. “Precisamos sonhar com um mundo sustentável, inclusivo e que contemple todas as pessoas. E que elas estejam saudáveis em sua integralidade, porque só assim teremos um mundo seguro e saudável para cada um de nós.”

Associados da Abramed exploram a tecnologia para reduzir impacto ambiental na medicina diagnóstica

Iniciativas impulsionam a transformação ecossistêmica, refletindo o compromisso ético do setor com o meio ambiente

17 de junho de 2024 – Como toda atividade produtiva, a medicina diagnóstica impacta o meio ambiente, exigindo uma gestão consciente e eficiente dos recursos naturais e das emissões de gases de efeito estufa geradas pelas operações assistenciais e administrativas. Um aspecto chave no setor é a gestão adequada de água, efluentes, energia, resíduos e emissão de CO2.

Para ajudar nesse processo, as empresas do setor vêm investindo em tecnologia, como destaca Andrea Pinheiro, membro do Comitê ESG da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e diretora de Relações Institucionais e Comunicação Corporativa do Grupo Sabin. Segundo ela, a inovação tecnológica tem contribuído de forma decisiva em várias frentes. “A adoção de métodos de construção sustentáveis, a automação predial para iluminação e refrigeração, captação de águas da chuva e estações de tratamento de efluentes mais inovadoras viabilizam o reúso de um volume maior de água, por exemplo”, explica.

Como mostra o Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, quase metade das associadas participantes do levantamento recorre a fontes alternativas, como poços artesianos, água pluvial e água de reúso. As empresas não apenas captam água de forma responsável, mas também adotam práticas de conservação e uso eficiente da água em suas operações.   

“Aqui no Grupo Sabin, adquirimos, em 2021, uma nova Estação de Tratamento de Efluentes (ETE) para nosso maior Núcleo Técnico Operacional (NTO) em Brasília, permitindo a reutilização de 100% da água consumida no processamento de amostras clínicas para regar jardins e nas descargas sanitárias, totalizando 2,6 milhões de litros reutilizados no último ano”, conta Andrea.

Segundo ela, desde 2019, a empresa investe em projetos de migração de matriz energética, alcançando em 2023 a marca de 45% da energia consumida proveniente de fontes renováveis em todo o país. “Além disso, reciclamos 196,3 toneladas de material e recebemos o Certificado de Neutralização de Emissões de Gases de Efeito Estufa pelo terceiro ano consecutivo, com uma redução de 40% nas emissões em comparação com o ano anterior”, complementa.

Em relação ao processo analítico, Andrea acrescenta que a automação, através do uso de esteiras automatizadas em laboratórios de análises clínicas, é um grande divisor de águas. Essas esteiras transportam amostras de forma eficiente e organizada, permitindo a redução do número de tubos e do volume das amostras necessárias para a realização de exames. Como consequência, há uma redução significativa dos resíduos gerados. A cada ano, a evolução dessas esteiras automatizadas traz novos aspectos de integração que melhoram a gestão desses indicadores de eficiência e sustentabilidade.

Na área de diagnóstico por imagem, a tecnologia permite a digitalização e o uso de sistemas de laudos digitais. Isso significa que os resultados dos exames, como radiografias, ressonâncias magnéticas e tomografias, podem ser armazenados e compartilhados de forma eletrônica. Além da economia de recursos na cadeia de insumos, como toners de impressora e energia elétrica, a tecnologia também possibilita agilizar o processo de análise e de suporte ao diagnóstico à comunidade médica.

Vale destacar que a própria evolução dos sistemas de informações laboratoriais permitiu a disponibilização de laudos e históricos de exames digitais não só por meio de sites, mas também de aplicativos, contribuindo para a redução da impressão de laudos. Segundo o Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, em 2022, a quantidade de laudos acessados por meio eletrônico foi de aproximadamente 122 milhões, o que equivale a cerca de 19% do total de exames realizados. “Esses dados mostram que ainda temos um grande espaço para evoluir tanto tecnologicamente quanto na conscientização e educação dos usuários dos serviços”, expõe Andrea. 

Apesar da transformação digital, as empresas de medicina diagnóstica ainda possuem em suas operações a necessidade de impressão, guarda e descarte de papeis devido ao faturamento que envolve guias físicas em seus processos transacionais com as operadoras de saúde. “Os investimentos em sistemas integradores e que permitem a interoperabilidade dessas transações também contribuem positivamente na gestão ambiental”, acrescenta.

Além das associadas, a própria Abramed colabora para as práticas sustentáveis, ajudando a reunir e consolidar ações realizadas pelas empresas do setor. A entidade possui também um papel relevante nas discussões e contribuições técnicas a partir de seus comitês e consultas públicas sobre mudanças regulatórias. 

“Outra entrega importante se refere à geração de informações, indicadores e conteúdos, como o Painel Abramed, que permite acompanhar a evolução do setor, inspirando e dando suporte aos associados e outras empresas na expansão de suas ações e programas ambientais”, salienta Andrea.

Por fim, vale ressaltar que a adoção de práticas ESG não só mitiga os impactos no meio ambiente, mas também reflete um compromisso ético com a saúde e o meio ambiente. Além de demonstrar responsabilidade socioambiental, essas ações ajudam a fortalecer relações com clientes, fornecedores e outros stakeholders.

Ferramentas diagnósticas são fundamentais para mitigar os impactos da Covid longa

Conheça os sistemas e órgãos afetados, os principais exames para o diagnóstico de cada caso e as evidências até então

17 de junho de 2024 – A pandemia de Covid-19 trouxe desafios sem precedentes para a saúde pública e, agora, estudos se debruçam sobre as sequelas da Covid-19 ou Covid longa, condição caracterizada pela persistência ou desenvolvimento de novos sintomas três meses ou mais após a infecção inicial pelo SARS-CoV-2, sem que exista outra justificativa médica para o quadro clínico.

Segundo Estudo Multicêntrico Brasileiro, cerca de 10% a 20% dos pacientes que tiveram Covid-19, especialmente aqueles com formas mais graves da doença ou que já tinham problemas crônicos de saúde, podem apresentar sintomas relacionados à Covid longa. “O número de pessoas com sequelas da doença e sintomas persistentes é significativo, o que impacta diretamente a demanda por serviços de medicina diagnóstica”, comenta Marcos Queiroz, líder do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e diretor de Medicina Diagnóstica no Albert Einstein.

A Covid longa tem o potencial de afetar múltiplos sistemas e os principais órgãos do nosso corpo, sendo relacionada a mais de 200 sintomas diferentes na literatura médica, como: fadiga persistente, dificuldade respiratória, dor no peito, problemas de memória e concentração, dores musculares e articulares, alterações no paladar e olfato, taquicardia e outros sintomas cardíacos. 

De acordo com Queiroz, o comprometimento pulmonar na Covid-19 nas suas formas mais graves gerou sequelas, como cicatrizes pulmonares e diminuição da capacidade respiratória, aumentando, nestes casos, a demanda por exames diagnósticos específicos, como radiografia, tomografia de tórax e prova de função pulmonar.

“Essa demanda tem exigido planejamento e uma série de medidas para garantir o bom atendimento dos pacientes nos serviços de medicina diagnóstica, como disponibilidade ampliada de horários para exames, equipes médicas e de enfermagem capacitadas e rápida entrega de resultados. No entanto, com a diminuição da pressão causada pelos casos agudos de Covid-19, os sistemas de saúde estão mais aptos a atender pacientes com suspeita de Covid longa de forma eficaz, sem maiores dificuldades”, explica.

Queiroz destaca que, especialmente durante a fase aguda da Covid-19, houve um aumento significativo de fenômenos tromboembólicos. Isso, em parte, é atribuído à inflamação e ao dano vascular causados pelo vírus, resultando na formação de coágulos nos vasos sanguíneos, principalmente tromboses venosas. Esses coágulos podem, por exemplo, se desprender dos vasos e migrar para os pulmões, causando embolia pulmonar, gerando falta de ar e dor no peito, com potencial risco de vida.

O líder do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed também ressalta que em uma pequena proporção de casos, os coágulos não são totalmente dissolvidos e podem levar à doença tromboembólica crônica. No entanto, ainda não está claro se esse fenômeno será observado na Covid longa e com qual frequência.

“Testes de sangue são fundamentais para detectar marcadores de inflamação e avaliar o estado da coagulação. Técnicas de imagem avançadas, como ultrassonografia com Doppler vascular, angiotomografia computadorizada e angiorressonância magnética, são cruciais para identificar coágulos sanguíneos e avaliar danos vasculares”, explica.

Queiroz acrescenta, ainda, que avaliações cardíacas, incluindo ecocardiograma, eletrocardiograma e ressonância magnética cardíaca, são empregadas para monitorar complicações cardiovasculares, como inflamação do miocárdio, pericardite e infarto agudo do miocárdio.

“A detecção precoce e o gerenciamento abrangente por meio dessas ferramentas diagnósticas são fundamentais para mitigar os impactos de longo prazo da Covid longa na saúde e melhorar os resultados dos pacientes, considerando que este aspecto ainda não foi completamente explorado na literatura médica”, destaca o entrevistado.

Já as condições neurológicas frequentemente identificadas em pacientes com Covid longa incluem: confusão mental, cefaleias crônicas, neuropatia periférica e encefalite. No entanto, por serem queixas muito frequentes, a relação causal com infecção prévia por Covid-19 nem sempre é clara. Os exames utilizados para identificar essas condições são ressonância magnética (RM) do cérebro, eletroencefalograma (EEG), estudos de condução nervosa e avaliações neuropsicológicas.

Tecnologia 

Sobre as inovações tecnológicas, Queiroz menciona que a pandemia foi um grande catalisador no desenvolvimento de novos algoritmos e ferramentas de inteligência artificial, conhecimentos que podem ser utilizados no melhor entendimento das alterações a longo prazo da infecção por Covid-19. Isso se dá por meio da análise de dados longitudinais coletados ao longo do tempo, incluindo sintomas, exames laboratoriais, imagens, avaliações funcionais, anotações médicas e monitoramentos.

O objetivo é compreender melhor a doença, suas diferentes formas de apresentação, evolução e os resultados dos tratamentos, permitindo um entendimento mais preciso de como a Covid longa se manifesta em cada indivíduo, qual a evolução esperada, o momento ideal para intervenção e o tratamento mais eficaz para cada caso.

Fronteiras da IA na Medicina: desafios regulatórios e potencial transformador

Por Rogéria Cruz*

Na saúde e na medicina diagnóstica, a inteligência artificial está revolucionando a forma como os profissionais lidam com diversas tarefas, desde a triagem de pacientes até a personalização de tratamentos. Sua aplicação abrange o apoio ao diagnóstico por imagem, a condução de pesquisas médicas avançadas e a otimização de processos de trabalho. A IA permite avaliar uma grande quantidade de dados de um paciente de maneira ágil e precisa, analisando prontuários eletrônicos para compilar o histórico de saúde, identificar riscos e ajudar na formulação de terapias personalizadas.

Por exemplo, na área de diagnóstico por imagem, existe um protocolo de AVC que permite uma avaliação mais rápida e facilita a comunicação entre a imagem e o pronto atendimento. Também há uma ferramenta que realiza o cálculo automatizado da idade óssea em radiografias de mão, outra que detecta fraturas em radiografias de extremidades, e mais uma, ainda, que utiliza tecnologia avançada para a detecção automática de alterações em radiografias de tórax.

Já estamos testemunhando modelos que trazem maior eficiência e redução de custos, o que tem impulsionado debates maduros sobre o impacto de uma regulamentação restritiva que não permita captar todo o benefício possível.

E justamente para regulamentar o tema, está em tramitação e discussão no Congresso Nacional o Projeto de Lei (PL) 2338/2023, que propõe estabelecer um novo marco regulatório para a IA no Brasil, visando garantir a proteção dos direitos fundamentais, a implementação de sistemas seguros e confiáveis e o desenvolvimento responsável dessa ferramenta. 

Recentemente, uma nova proposta foi apresentada para o texto regulatório, trazendo mudanças significativas e introduzindo algumas novidades. Entre elas, a criação do Sistema Nacional de Regulação e Governança de Inteligência Artificial (SIA), que atuará em cooperação e harmonização com as demais agências e órgãos reguladores. Além disso, a proposta prevê a implementação de Códigos de Conduta, certificadoras e mecanismos de autorregulação.

A regulamentação precisa considerar questões éticas e de segurança, como a garantia do uso responsável das tecnologias, a segurança e o tratamento adequado dos dados, a acessibilidade, o impacto social, a desigualdade digital e as implicações morais e sociais específicas dessas tecnologias. É fundamental discutir sobre ética na inteligência artificial e garantir transparência. A tecnologia deve ser desenvolvida e usada de maneira responsável e justa, com o objetivo de atender a sociedade.

Enquanto a regulamentação está em tramitação, as empresas que atuam no setor de saúde precisam lidar com a tecnologia de forma responsável, utilizando dados confiáveis. É fundamental realizar uma análise de impacto algorítmico e implementar uma supervisão humana com monitoramento constante.

Os principais obstáculos que ainda precisam ser superados para uma regulamentação mais eficaz e abrangente são diversos. O maior desafio reside em buscar uma regulamentação que promova a inovação, mitigue os riscos e garanta segurança jurídica. Este é um processo complexo e desafiador.

Observando o cenário internacional, vemos discussões avançadas nos Estados Unidos e na Europa. Enquanto os Estados Unidos focam em iniciativas principiológicas e estruturas de governança e avaliação de risco, a União Europeia optou por uma legislação mais robusta e prescritiva, como o AI ACT, com 458 páginas.

Recentemente, tive a oportunidade de saber como o tema é tratado no Reino Unido e sua abordagem criteriosa e ponderada, com cinco princípios orientadores fundamentais: segurança, robustez, transparência, governança e segurança jurídica, que despertaram minha simpatia. Neste momento, estamos em busca de uma legislação que estimule o desenvolvimento socioeconômico, a inovação e a competitividade do país, sem deixar de lado a proteção de direitos e garantias. 

A colaboração entre governos, empresas de tecnologia, profissionais de saúde, reguladores e entidades, como a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), é essencial para o desenvolvimento da regulamentação em IA na área da saúde. A entidade tem desempenhado um papel de destaque nesse cenário, participando ativamente de discussões e audiências públicas, com o objetivo de sensibilizar senadores, deputados e a sociedade em geral sobre o impacto da IA no setor.

Inclusive, a Abramed desenvolveu a pesquisa “O uso da IA na medicina diagnóstica brasileira”, com dados de 30 laboratórios privados, que representam 65% de todos os exames realizados na Saúde Suplementar no Brasil. Segundo o documento, o uso da IA impacta mensalmente um número significativo de pacientes, variando de 10 mil a 140 mil, dependendo do porte e capacidade dos laboratórios.

Essa colaboração multifacetada pode gerar uma série de benefícios, incluindo a redução da desigualdade e a ampliação do acesso aos serviços de saúde. A inteligência artificial tem o potencial de ampliar as habilidades humanas e melhorar os resultados clínicos. Portanto, ouvir e valorizar todos os setores envolvidos, em uma abordagem integrativa, é fundamental para assegurar o desenvolvimento científico, tecnológico e econômico do país, garantindo ao mesmo tempo a segurança, a eficácia e a ética no uso da IA.

Questões cruciais como responsabilidade civil, definição e classificação de riscos, governança e sanções estão sendo discutidas e refinadas. Estamos engajados com a sociedade na construção desse caminho, contribuindo ativamente para o texto em discussão. Já conseguimos a prorrogação, solicitada pelo Senador Eduardo Gomes, até o dia 18 de julho, da Comissão Temporária Interna sobre Inteligência Artificial no Brasil (CTIA). Essa prorrogação garante discussões integrativas e multissetoriais, promovendo um debate amplo e aprofundado.

À medida que avançamos rumo a uma regulamentação abrangente da IA, é essencial manter um diálogo contínuo entre todos os envolvidos. Com a colaboração entre governo, empresas, profissionais de saúde e entidades reguladoras, podemos moldar um futuro em que a IA aprimore os cuidados de saúde, promovendo tanto a inovação quanto a segurança dos pacientes.

*Rogéria Cruz, Líder do Comitê de Proteção de Dados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e Diretora-Executiva Jurídica da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein

17/06/2024

SBT News publica matéria sobre regulamentação da IA com participação da Abramed

A Abramed foi fonte de matéria no SBT News online, em 10 de junho de 2024, sobre a regulamentação da Inteligência Artificial no Brasil. O texto, assinado por Guilherme Resck, abordou o Projeto de Lei (PL) que foi discutido no Senado Federal.

Na matéria, a Abramed afirmou que, para assegurar que a inteligência artificial seja usada de forma ética e segura, é fundamental estabelecer normas gerais para desenvolvimento, implementação e uso responsável da tecnologia.

A entidade também salientou que não há como negar a importância do respeito às singularidades de cada setor, sobretudo pela transversalidade dos sistemas de IA. “Neste sentido, a participação dos agentes da cadeia de saúde para auxílio no amadurecimento da norma é essencial”, pontuou.

Veja aqui o conteúdo na íntegra.

Conectando informações em Saúde: avanços e desafios na integração de dados

Por Fabiano Gomes Estellita*

Na medicina diagnóstica, a integração de dados entre sistemas é como um quebra-cabeça complexo: peças de informação valiosas espalhadas, com alta sensibilidade e sem um padrão para uni-las. Imagine os desafios: garantir a segurança de dados de saúde, como rege a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), e encontrar um modelo que atenda às necessidades de segurança, integridade e praticidade.

É como se cada organização tivesse seu próprio idioma, dificultando a comunicação e o compartilhamento de conhecimentos que podem salvar vidas. Sem um padrão claro de codificação, é preciso decidir qual modelo usar. A criação de novos formatos só complica ainda mais o processo de decisão, para quem tem à frente o desafio de fazer integrações cada vez mais complexas.

A saída para responder a estes anseios tem sido o foco de ação de empresas desenvolvedoras de softwares, entidades de representação, como a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), e outros agentes participantes deste complexo cenário. Em geral, são adotados modelos já criados pelos fornecedores de software com adequações específicas para atender alguma demanda. No entanto, cada integração é quase um novo modelo ou a versão adaptada de um já existente

Essa diversidade de formatos e codificações contribui para gerar ineficiência no setor, além de retrabalho e uma demora excessiva em viabilizar ações. Muitas vezes nos deparamos com mudanças que levam meses, desde a identificação de uma necessidade de integração, passando pela definição do formato e conciliação de códigos e validação. Ter a tecnologia como um fator que gera atrasos é um dilema antagônico, afinal, ela deve ser um catalizador para otimização de processos.

Nesse ponto, a Inteligência Artificial (IA) e a Internet das Coisas (IoT) estão revolucionando a troca, o tratamento e a análise de dados em saúde. A IoT facilita integrações entre sistemas, enquanto a IA identifica padrões, anomalias e sugere melhorias na gestão de informações, de forma rápida. Ainda estamos vivendo um momento de entendimento de até onde estas tecnologias podem nos levar, mas sem dúvidas há uma quebra de paradigmas e possibilidades a nossa frente.

Entre os fatores críticos relacionados à integração estão a segurança e a privacidade dos dados. Para lidar com isso, os protocolos de comunicação devem incluir camadas de proteção para garantir que apenas emissor e receptor interpretem os dados. Outros pontos importantes são integrar apenas informações necessárias e garantir que os proprietários estejam cientes do uso e acesso aos seus dados. Ao alimentar bases de conhecimento públicas, é fundamental proteger a identidade e os dados sensíveis dos indivíduos, tornando as informações úteis para pesquisas sem comprometer a privacidade.

De fato, a pandemia de 2020 destacou a importância de informações unificadas e padronizadas para respostas mais eficientes no sistema de saúde. Com a diversidade de empresas envolvidas na geração e compartilhamento de dados, a troca de dados é essencial para um sistema de saúde democrático e acessível, reduzindo custos e possibilitando o acesso a procedimentos modernos e eficazes.

Padrões de codificação como o LOINC (Padrão Universal para identificação procedimentos médicos) e o HL7 (conjunto de normas internacionais para a transferência de dados clínicos entre sistemas de informação em saúde), que já são usados em grande escala fora do Brasil, são caminhos promissores na direção da padronização e do ganho de eficiência. 

Vale ressaltar que a troca de informações de saúde garante que as operações tenham escala para suportar o grande volume de demandas por diagnósticos ágeis e confiáveis, além de ampliar o acesso a procedimentos complexos e diferenciados, possibilitados pela integração entre organizações. Além disso, o compartilhamento de dados entre as empresas viabiliza ações de negócios entre elas e ajuda a construir bases de conhecimento que possam servir como fonte de dados para orientar políticas de saúde públicas.

No Comitê de Interoperabilidade da Abramed, trabalhamos para democratizar o entendimento sobre interoperabilidade, tornando-o acessível a todos, não restrito a fóruns mais técnicos. Com uma equipe multidisciplinar, incluindo profissionais de diversas áreas e de relevantes empresas da medicina diagnóstica, buscamos promover uma visão ampla e integrada.

Também colaboramos com órgãos governamentais e outras associações para incentivar a adoção de padrões de comunicação e codificação, impulsionando a padronização e a simplificação das trocas de informações no setor. Estamos comprometidos em facilitar a colaboração e garantir um futuro mais conectado e sustentável para toda a cadeia da saúde.

* Fabiano Gomes Estellita, gerente de Tecnologia da Analiza e Membro do Comitê de Interoperabilidade da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). Formado em Matemática com especialização em Governança de Tecnologia de Informação (SENAC-RJ) e MBA em Liderança, Gestão de Equipes e Produtividade (PUCRS), atua há 30 anos com tecnologia em empresas de medicina diagnóstica.

28/05/2024

Summit Abramed na Hospitalar debate os desafios regulatórios da IA na saúde

Discussão também traz os desafios éticos e práticos, destacando a necessidade de regulamentação da IA

21 de maio de 2024 – O Summit da Abramed, realizado durante a Hospitalar 2024, abriu espaço para um importante debate: a regulamentação da Inteligência Artificial na saúde. O painel fez parte do evento que reuniu importantes nomes do setor para discutir soluções tecnológicas, sob o tema “Transformação Digital na Saúde: Como a Inteligência Artificial está moldando o futuro do cuidado”, no último dia 21 de maio, no São Paulo Expo.

O presidente do Conselho de Administração da Abramed, Cesar Nomura, deu as boas-vindas e iniciou a programação, que contou com duas palestras e dois debates para tratar dos impactos da Inteligência Artificial (IA) na saúde, além de aspectos regulatórios e éticos sobre o tema.

Ainda na abertura, Milva Pagano, diretora-executiva da entidade, apresentou institucionalmente a Abramed e mostrou a recém pesquisa lançada pela associação sobre o “Uso da Inteligência Artificial na Medicina Diagnóstica”, a publicação está disponível no site www.abramed.org.br.

Sob o tema “Os desafios regulatórios da Inteligência Artificial na saúde”, uma palestra introdutória com Guilherme Forma Klafke, líder de Projetos no Centro de Ensino e Pesquisa em Inovação na FGV, abriu a segunda parte da programação. Para Klafke, a regulamentação é o elemento faltante em termos de diretrizes específicas e mostrou por que é necessário regulamentar: pela segurança jurídica; inclusão, eficácia e efetividade; responsabilidade, deveres de governança e fiscalização; realocação de responsabilidade; e deveres de conduta.

“Temos no Brasil uma proposta de regulamentação, o PL 2338, e nele foram associados todos os outros projetos. Existe uma Comissão temporária de IA, que começou em agosto de 2023, e a previsão é que em 18 de junho seja a votação desse PL”, resumiu.

Nesse ponto, o líder de projetos da FGV ressaltou alguns aspectos relevantes, como a categorização dos agentes segundo o risco. “Se a organização possui um sistema de IA que pode colocar em risco a vida ou a integridade das pessoas, ou se o sistema falhar na avaliação da gravidade do atendimento, é essencial ter uma supervisão rigorosa. A decisão final deve ser humana, ou um humano deve ser capaz de interromper o sistema, se necessário”, expôs.

Foi mostrado, ainda, como será a categorização do risco, que dependerá de regulamentação futura, baseada em critérios como: impacto negativo sobre direitos e liberdades; alto potencial de dano material, moral ou discriminatório; afetação de grupos vulneráveis, como crianças; e riscos de danos à saúde e à integridade física.

Logo após a palestra, Klafke integrou um debate moderado por Rogéria Leoni Cruz, líder do Comitê de Proteção de Dados da Abramed e Diretora Jurídica do Hospital Albert Einstein, com a participação de Marcelo Abreu, head de radiologia do Hospital Mãe de Deus, e de Fábio Cunha, membro do Grupo de Trabalho em Inteligência Artificial do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Rogéria começou com o questionamento: “Temos um Projeto de Lei e há muitas discussões sobre o tema, inclusive no CNJ, na Anahp e na Abramed. Como será o futuro da saúde a partir da evolução dessa tecnologia e de outras que irão surgir?”

“Com a observação dos movimentos regulatórios e do cenário internacional, onde se desenvolve uma corrida neopolítica em torno da regulação da IA, é necessário um controle e uma fiscalização mais rigorosos tanto da cadeia de saúde quanto do sistema de governança”, analisou Klafke.

Quanto ao papel da IA na radiologia e seus benefícios, Abreu destacou a intenção da indústria em sua rápida implementação. “Trabalho principalmente com ressonância e tomografia e estou preocupado com a direção que essa tecnologia inovadora está tomando, especialmente em relação à precisão. O diagnóstico clínico deve ser baseado em análise dos exames e dados, podendo ter interferências artificiais, desde que testadas adequadamente. A IA aumenta a eficiência e reduz os custos operacionais. Na área de imagem, é possível aprimorar a qualidade, mas como exatamente isso será feito? Precisamos avaliar os possíveis erros decorrentes disso. Embora traga benefícios e seja vista como uma promessa de revolução, questiono até que ponto uma solução específica pode ser utilizada”, ponderou.

Foi discutido, ainda, como equilibrar a necessidade de regulamentação na área da saúde, garantindo a segurança dos pacientes sem sufocar o progresso tecnológico. “Um ponto fundamental a ser considerado é que, em uma indústria como a da saúde, demonstrar segurança ao paciente fortalece a reputação e traz ganhos. A regulamentação se alinha à ideia de proporcionar segurança aos pacientes e estabilidade jurídica ao mercado”, afirmou Klafke.

Em relação aos desafios éticos relacionados à coleta e armazenamento de dados, bem como à garantia da privacidade e confidencialidade do paciente, levantados pela moderadora do debate, Abreu propôs: “Deveria existir um sistema que concedesse um selo, certificando que os dados estão sendo anonimizados. Essa validação, de acordo com os padrões de boas práticas na utilização de dados, nos traria uma maior segurança”.

E quanto às informações que já foram coletadas? “O PL não fornece uma documentação específica para os sistemas já desenvolvidos. É uma lacuna, e a transição ainda é carente. Será essencial realizar uma avaliação de impacto desses algoritmos, considerando o propósito e a função do sistema, a fim de fazer escolhas mais informadas”, observou Abreu.

No painel, Rogéria também enfatizou a importância do treinamento da comunidade médica para o uso da IA. “O Conselho Federal de Medicina já está debatendo como deve ser a regulamentação. Uma das principais preocupações é se essa tecnologia pode impactar a prática e a qualidade médica, e qual seria a responsabilidade do médico caso se oponha ao seu uso. Neste momento, o Conselho busca compreender esse avanço e aprender, sem impedir o progresso tecnológico por preocupações ainda não comprovadas”, explicou Cunha.

Por sua vez, Abreu ressaltou que o mercado enfrentou desafios significativos com o surgimento de tecnologias disruptivas e, com a chegada da IA, talvez a abordagem seja de “vamos regular isso adequadamente”, razão pela qual se adota a estratégia de implementar microrregulações. “O objetivo é evitar repetir o que aconteceu com as redes sociais, pois a ausência de regulamentação para proteger as crianças resultou em mudanças em toda uma geração”, explicou.

Respondendo à pergunta da plateia, o membro do Grupo de Trabalho em Inteligência Artificial do CNJ destacou a posição da indústria, dos fabricantes e inventores. “Poderíamos aproveitar esse momento e criar um mapa de benefícios em aplicações. Isso incluiria o acesso às populações carentes e a integração de dados, bem como a redução de custos no sistema de saúde brasileiro, utilizando as tecnologias disponíveis no setor privado. Há muitas oportunidades, por isso, precisamos discernir o que pode ser empregado efetivamente. No setor de saúde, nosso objetivo é alcançar o paciente antes mesmo da manifestação da doença”, concluiu.

Rogéria finalizou ressaltando que a discussão não se encerrava ali e expressando a expectativa pela implementação da regulamentação em breve, visando alcançar um equilíbrio entre deveres, riscos e responsabilidade civil.

O Summit Abramed na Hospitalar 2024 também promoveu um debate sobre os desafios e oportunidades para o uso da Inteligência Artificial na Saúde. Leia aqui.

Summit da Abramed na Hospitalar reafirmou o papel da inteligência artificial na transformação do setor de saúde

21 de maio de 2024 – A Hospitalar 2024 foi palco para o Summit Abramed, que reuniu importantes nomes do setor para discutir o macro tema “Transformação Digital na Saúde: Como a Inteligência Artificial está moldando o futuro do cuidado”.  O encontro foi realizado no dia 21 de maio, no São Paulo Expo. 

O presidente do Conselho de Administração da Abramed, Cesar Nomura, deu as boas-vindas e iniciou a programação, que contou com duas palestras e dois debates para tratar dos impactos da Inteligência Artificial (IA) na saúde, além de aspectos regulatórios e éticos sobre o tema. 

Ainda na abertura, Milva Pagano, diretora-executiva da entidade, apresentou institucionalmente a Abramed e mostrou a recém pesquisa lançada pela associação sobre o “Uso da Inteligência Artificial na Medicina Diagnóstica”, a publicação está disponível no site www.abramed.org.br.

Sobre o tema “Desafios e oportunidades para o uso da Inteligência Artificial na Saúde”, foi realizada uma palestra introdutória com a participação da diretora geral da Siemens Healthineers no Brasil, Adriana Costa, que iniciou sua apresentação expondo que, atualmente, metade da população global não tem acesso aos cuidados básicos de saúde.

Segundo ela, todos que atuam na área, independentemente do segmento, precisam lidar com desafios globais relevantes, que causam essa falta de acesso, como longevidade, crescimento demográfico da população e escassez de mão de obra especializada. “A Siemens está presente em mais de 70 países, com mais de 84 soluções alimentadas por Inteligência Artificial. Já usamos a IA em nossas tecnologias e soluções há algum tempo, mas é importante conectarmos aos avanços atuais da IA generativa e outros pontos fundamentais em termos de discussões futuras”, explicou.

Adriana ressaltou que a IA é uma grande ferramenta que possibilita resolver os problemas atuais em saúde, desde que o dados sejam interpretados corretamente. “Geramos muitas informações, mas o que fazemos com esses dados?”, comentou, afirmando que a IA generativa foi a adoção mais rápida de uma oferta digital na história da humanidade. Para ela, a IA generativa complementará as atuais soluções e poderá ajudar na padronização de protocolos e boas práticas no Brasil e mundialmente. 

Logo após, foi realizado o debate moderado por Ademar Paes Jr., sócio da Clínica Imagem e membro do Conselho de Administração da Abramed, além de Adriana Costa, da Siemens, e Carlos Pedrotti, gerente médico de Telemedicina no Hospital Israelita Albert Einstein e presidente do Conselho de Administração da Saúde Digital Brasil.

Para Paes Jr., a IA é extremamente importante nessa jornada atual, com o objetivo claro de melhorar o acesso e o desfecho para os pacientes, além de aperfeiçoar a eficiência do setor no âmbito da gestão. “Utilizamos a IA em diversas áreas, incluindo gestão de pessoas, operações, finanças, comercial e estratégica. Nosso objetivo é melhorar a eficiência empresarial e criar condições para implementar tecnologias que impactem positivamente a vida das pessoas”, ressaltou.

No painel, Adriana colocou que qualquer avanço na área de tecnologia precisa considerar o mercado atuante e o benefício tanto para o paciente quanto para a cadeia como um todo. “Precisamos entender o contexto onde estamos, seguir padrões globais e locais. O uso deve estar associado à realidade do mercado, ao acesso a essas tecnologias, pensando na cadeia de forma integrada”, afirmou.

A tendência no aumento da oferta de novas soluções e como elas devem ser consumidas também foram discutidas. “Essa é a pergunta de um bilhão de dólares. Antes de discutir quem vai liderar, é fundamental entender por que estamos fazendo isso e qual é o propósito do desenvolvimento dessa tecnologia. Nesse processo, já estamos bem avançados junto a diversas instituições. A colaboração e a integração determinarão a rapidez com que endereçaremos as soluções. Não haverá uma liderança única”, disse Adriana. 

Por sua vez, Pedrotti comentou como será essa integração para que se possa oferecer soluções de forma mais organizada e estruturada. “Nesse cenário, o importante não é só a inovação, mas também como transformar o sistema para ter viabilidade econômica. Hoje, a saúde digital é de grande representatividade. Existe uma cadeia de tecnologias das mais simples às mais complexas, em contato direto com o público em geral”, disse.

Segundo o gerente médico de Telemedicina no Hospital Albert Einstein, a IA será rapidamente incorporada quando provar ao usuário, ao médico que utiliza o sistema ou a outro profissional de saúde que ele se tornará mais eficiente usando a tecnologia, sem perda de tempo com tarefas repetitivas e burocráticas. “A eficiência pode vir em poucos toques, baseada nos protocolos mais atualizados, para que o próprio médico possa acessar rapidamente e acompanhar o paciente transversalmente”, explicou.

Para encerrar, uma pergunta da plateia mencionou a questão do tráfego de dados necessário para a tomada de decisões. Como fazer essas informações circularem entre instituições, em conformidade com a LGPD? “Embora ainda estejamos distantes da interoperabilidade, muitos outros países também enfrentam esse desafio. Esse é um dos pontos fundamentais para que o sistema de saúde avance com mais qualidade”, afirmou Pedrotti.

Já Adriana completou que poucos países têm tantos dados como o SUS. “Quanto mais os setores público e privado e as agências reguladoras trabalharem em conjunto, mais teremos essa articulação para trazer uma solução combinada de dados.”

Conforme destacou, a tecnologia é uma grande impulsionadora para garantir qualidade para todos em qualquer lugar. “Precisamos colocar o paciente no centro, e o negócio precisa ser rentável e justo para toda a cadeia. As pautas não são excludentes, mas combinadas, para ter um bom resultado para todos nós”, encerrou Adriana.

O Summit Abramed na Hospitalar 2024 também promoveu um debate sobre os desafios regulatórios da Inteligência Artificial na saúde. Leia aqui.

Quantidade de exames de dengue realizados na rede privada cai 3%, segundo Abramed

Passando de 69.166 para 67.365, a comparação é entre as semanas de 28/04 a 04/05 e 05/05 a 11/05

O número de exames de dengue realizados na rede privada caiu 3% na comparação entre as semanas de 28/04 a 04/05 e de 05/05 a 11/05, passando de 69.166 para 67.365. Em casos positivos, houve um pequeno aumento de 1%, passando de 22.735 para 22.895 no período. Os dados são da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), cujos associados representam cerca de 65% do volume total de exames realizados na saúde suplementar no Brasil.

Considerando os dados das últimas seis semanas, de 31/03 a 11/05, o total de exames realizados foi de 443.920, com uma taxa de positividade média ponderada de 32,8%, resultando em 145.734 casos positivos. Neste período, o pico foi na semana de 07/04 a 13/04, que registrou 80.554 exames e 26.730 casos positivos.  

Importante ressaltar que desde a semana de 14/04 a 20/04, a quantidade de exames de dengue realizados na rede privada vem reduzindo. Já a taxa de positividade variou entre 32% e 34%.

Esses dados ressaltam a importância da vigilância contínua e da implementação de medidas preventivas eficazes para combater a propagação da doença. Comprometida com a situação, a Abramed defende que os exames sejam feitos em laboratórios clínicos, que oferecem precisão, segurança, testes mais abrangentes e conformidade com padrões de qualidade, permitindo identificar casos mais graves de dengue. 

Vale lembrar que os laboratórios clínicos associados à Abramed enviam os resultados dos exames diretamente à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS/DATASUS), contribuindo para o monitoramento epidemiológico pelo Ministério da Saúde. Essas informações são essenciais para avaliar a situação da doença e orientar as medidas de saúde pública.

Casos de covid-19 na rede privada caem pela metade, segundo Abramed

De 05/05 a 11/05, foram realizados 8.509 exames, com 166 positivos: os números mais baixos das últimas seis semanas

Tanto a quantidade de exames de covid-19 quanto o número de positivos caíram mais de 50% na rede privada, na comparação entre a semana de 28/04 a 04/05 e a semana de 05/05 a 11/05. Os dados são da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), cujos associados representam cerca de 65% do volume total de exames realizados na saúde suplementar no Brasil.

Na semana de 28/04 a 04/05, foram realizados 18.468 exames com 345 casos positivos. Na semana seguinte, de 05/05 a 11/05, o número de exames caiu drasticamente para 8.509, com 166 casos positivos, os números mais baixos das últimas seis semanas, de 31/03 a 11/05. Isso significa que houve uma redução de 54% no número de exames realizados e uma diminuição de 52% no número de casos positivos. 

No total das últimas seis semanas, de 31/03 a 11/05, foram realizados 106.888 exames com uma taxa de positividade média ponderada de 2,7%, resultando em 2.908 casos positivos.

Prezando pela precisão e qualidade dos resultados, a Abramed defende que os exames sejam feitos em laboratórios clínicos. Vale lembrar que os associados enviam os resultados dos exames diretamente à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS/DATASUS), contribuindo para o monitoramento epidemiológico pelo Ministério da Saúde. Essas informações são essenciais para avaliar a situação da doença e orientar as medidas de saúde pública.