Case sobre RNDS e parceira do Ministério da Saúde com a Abramed foram destaques no 8° FILIS

A padronização vai ajudar no desenvolvimento de políticas públicas epidemiológicas, contribuindo significativamente para a agenda de interoperabilidade do Ministério da Saúde

4 de setembro de 2024 – Na 8ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), a Abramed e o Ministério da Saúde oficializaram parceria para a padronização e integração de dados de exames de notificação compulsória. A iniciativa surgiu como uma ideia durante o 7º FILIS, em 2023, com a contribuição inicial de Wilson Shcolnik, na época presidente do Conselho de Administração da Abramed, e vem caminhando desde então.

O anúncio foi feito por Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, que destacou a importância da colaboração. “A padronização desses exames vai ajudar no desenvolvimento de políticas públicas epidemiológicas, contribuindo significativamente para a agenda de interoperabilidade do Ministério da Saúde. Nosso objetivo é garantir que os recursos sejam alocados de forma eficiente, em benefício da saúde da população brasileira”, afirmou.

A parceria envolve um grupo de trabalho conjunto, formado por membros da Abramed e da Secretaria de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI), focado em dois objetivos principais: a tradução dos códigos LOINC (padrão internacional de codificação) dos exames constantes na Lista Nacional de Notificação Compulsória para a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), etapa já concluída, e a revisão do modelo de resultados laboratoriais (REL) da RNDS.

Importante lembrar que a interação de dados entre o poder público e privado mostrou sua efetividade durante a pandemia. Agora, essa integração se estenderá a outras patologias, além de Covid-19 e Mpox, o que trará grandes benefícios para a gestão da saúde no país. “A cooperação técnica marca um passo importante na evolução das práticas de saúde digital no Brasil. O trabalho iniciado agora é visto como um marco para futuras iniciativas”, reforçou Milva.

Momento Transformação

Paula Xavier, coordenadora-geral de Inovação e Informática em Saúde na SEIDIGI, foi a palestrante convidada para o Momento Transformação da 8ª edição do FILIS, um espaço para apresentação de cases de inovação na área da saúde.

Em sua apresentação, Paula compartilhou a experiência brasileira de interoperabilidade em saúde no desenvolvimento da RNDS, que é a plataforma nacional do Ministério da Saúde. Ela contou que, historicamente, muitos países, incluindo o Brasil, enfrentaram desafios com sistemas de informação de saúde fragmentados. Estes sistemas, que abrangem desde prontuários eletrônicos até registros de resultados laboratoriais e vacinas, têm sido uma fortaleza e um patrimônio.

“No Brasil, o SUS realiza cerca de 3 bilhões de procedimentos anualmente, gerando uma vasta quantidade de dados que abrangem tanto o serviço público gratuito quanto a saúde suplementar. Integrar todos esses registros de saúde em um único ambiente é um grande desafio”, disse.

A RNDS tem como objetivo transformar um processo fragmentado em um sistema integrado, conectando todos os níveis de atenção à saúde, incluindo laboratórios, hospitais, unidades básicas de saúde (UBSs) e sistemas de regulação. Atualmente, a plataforma abriga quase dois bilhões de registros, com destaque para um bilhão e duzentos milhões relacionados a vacinas.

Entre os dados registrados estão os resultados de 75 milhões de exames laboratoriais, como os de Covid-19 e Monkeypox, além de registros de alergias, medicamentos e prescrições. Essa integração é facilitada através da adoção de padrões internacionais, como o HL7 FHIR, que garante a interoperabilidade entre diferentes sistemas e tecnologias.

A RNDS não só coleta e integra dados, mas também os torna acessíveis por meio de diversas plataformas. “O aplicativo Meu SUS Digital, por exemplo, oferece aos cidadãos acesso a serviços de saúde, como a emissão de documentos e a visualização de resultados de exames. Paralelamente, o SUS Digital Profissional permite que os profissionais de saúde acessem informações completas sobre os pacientes durante o atendimento, independentemente da localização ou do histórico clínico do paciente”, explicou Paula.

Esse avanço na interoperabilidade permite uma assistência integral e contínua, facilitando a transição entre diferentes níveis de atenção e setores da saúde. Segundo ela, com a RNDS, o Brasil se posiciona como um exemplo global em interoperabilidade em saúde, demonstrando como a integração e o compartilhamento eficaz de dados podem melhorar a qualidade e a eficiência dos cuidados de saúde.

Sobre a parceria com A Abramed, Paula ressaltou que a cooperação técnica é fundamental para a expansão do escopo para 41 doenças, todas de notificação obrigatória. “A escolha dessas doenças foi baseada em sua recorrência e na lista publicada pelo Ministério da Saúde. Com a integração dos resultados desses exames na RNDS, a expectativa é que essas informações estejam disponíveis para toda a população brasileira, tanto pelo aplicativo Meu SUS Digital quanto para os profissionais de saúde na plataforma SUS Digital Profissional”, finalizou.

A Interoperabilidade na Saúde ao redor do mundo

Brasil e outros países enfrentam desafios para integrar e otimizar sistemas. Interoperabilidade tem se tornado uma palavra-chave no cenário atual da saúde digital, especialmente impulsionada pela pandemia.

4 de setembro de 2024 – Nos últimos anos, a digitalização acelerada dos sistemas de saúde gerou uma imensa quantidade de dados. Cerca de 30% de todos os dados gerados na internet provêm de sistemas de saúde. Embora 80% a 90% das pessoas reconheçam a importância desses dados, muitos ainda lutam para utilizá-los de maneira eficaz.

Os insights são da palestra apresentada por Olivier Convard, Lifecycle Leader of Digital Infrastructure na Roche Information Solutions, durante o 8º FILIS. Segundo ele, o custo da interoperabilidade é elevado, estimado em 30 bilhões de reais, e vem crescendo, enquanto o aumento de ataques cibernéticos, que afetaram mais da metade dos sistemas de saúde, é uma preocupação crescente.

Portanto, a proteção dos dados de saúde é fundamental, uma vez que abrange tanto a privacidade quanto a segurança das informações sensíveis dos pacientes. “Para abordar essa questão, é importante lembrar da transformação digital que o Brasil enfrentou. O custo da baixa interoperabilidade nos sistemas de saúde é de R$ 30 bilhões. Além disso, é alarmante o aumento de 74% nos ataques cibernéticos em todo o mundo em 2022, em comparação com 2021”, apontou Convard.

Ainda de acordo com ele, muitos profissionais consideram que a inteligência artificial será valiosa para o laboratório. Globalmente ainda não existe uma abordagem padronizada de interoperabilidade, já que a integração de dados de saúde envolve uma série de complexidades. Hoje, os laboratórios e hospitais utilizam uma variedade de sistemas e tecnologias de diferentes fornecedores, o que torna a troca de dados um desafio significativo.

Para Convard, a infraestrutura digital tem um relevante papel nesse processo, servindo como uma camada de integração que facilita a comunicação entre sistemas diversos. A falta de uma infraestrutura digital coesa pode levar a ciclos de implementação ineficientes, nos quais múltiplas equipes trabalham simultaneamente em projetos, aumentando o risco de falhas e ineficiências operacionais.

Melhorias e Futuro da Interoperabilidade

A boa notícia é que o cenário está mudando. O FDA tem aprovado um número crescente de algoritmos de detecção de doenças, o que sugere um progresso na certificação e implementação dessas tecnologias. Exemplos concretos de como a interoperabilidade pode ser aprimorada incluem a integração de algoritmos clínicos aos sistemas hospitalares e a coleta de dados adicionais para melhorar a visibilidade dos testes laboratoriais. Esses casos destacam a importância de uma infraestrutura digital robusta e modular que possa suportar a implementação simultânea de múltiplos projetos e otimizar a eficiência.

Para enfrentar esses desafios, Convard disse ser essencial ter uma infraestrutura digital sólida, garantir a excelência operacional e adotar práticas robustas de cibersegurança. A interoperabilidade não deve ser vista apenas como uma questão técnica, mas como uma oportunidade para melhorar a eficiência, reduzir custos e oferecer cuidados de saúde mais rápidos e precisos. “O futuro da saúde digital depende da capacidade dos sistemas de se integrar de forma eficaz, protegendo dados sensíveis e aproveitando as inovações tecnológicas para proporcionar um atendimento mais eficiente e personalizado”, finalizou.

Especialistas debateram impacto da qualidade na sustentabilidade do setor durante 8º FILIS

Programas de melhoria, preservação de histórico de pacientes e ações envolvendo hospitais, serviços, profissionais e demais atores do sistema visam tornar o setor mais sustentável

4 de setembro de 2024 – O terceiro debate do 8º FILIS discutiu “O papel da qualidade para a sustentabilidade do setor”, sob a moderação de Wilson Shcolnik, gerente de Relações Institucionais do Grupo Fleury e Membro do Conselho de Administração da Abramed. Participaram Maurício Nunes da Silva, diretor de desenvolvimento Setorial na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Leandro Rodrigues Pereira, diretor adjunto da Terceira Diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), e Antônio Britto, diretor da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp).

A possibilidade de um setor mais sustentável passa diretamente pela qualidade oferecida por hospitais, serviços, profissionais e demais atores do sistema. Um dos projetos do governo focado em melhoria é o “Programa de Monitoramento da Qualidade Hospitalar – QUALISS-ANS”, como explicou Nunes.

Iniciado com a colaboração de um consórcio de hospitais de excelência, o programa conta com aproximadamente 180 instituições que participam de forma voluntária. Aproximadamente 102 delas têm seus resultados prontos para serem divulgados em setembro de 2024. Também no segundo semestre deste ano entra em vigor a nova norma da ANS, que permitirá aos beneficiários realizarem a portabilidade de planos de saúde caso um hospital seja retirado da rede.

Nunes revelou, ainda, que a Agência está preparando um programa para laboratórios e clínicas de diagnóstico, que buscará a colaboração das sociedades médicas e científicas, como a Abramed, para criar indicadores de qualidade e ferramentas de avaliação. A ideia é oferecer mais transparência aos usuários e valorização dos prestadores de serviços. “A informação e a transparência são as principais formas de empoderamento do consumidor”, explicou.

Outro exemplo de iniciativa focada em melhoria foi o “Projeto Com a Visa no Peito”, lançado em março deste ano pela Anvisa e realizado em parceria com vigilâncias sanitárias estaduais e municipais. Pereira lembrou que a proposta é avaliar a qualidade dos serviços de mamografia em todo o país e realizar um controle dos mamógrafos. “O objetivo é criar um mapa detalhado da qualidade do serviço de mamografia no Brasil”, ressaltou.

Para Britto, embora existam iniciativas relevantes em andamento, ainda há um vasto caminho a ser trilhado. O diretor da Anahp destacou como um dos principais desafios a carência de incentivos que estimulem os hospitais a adotarem práticas de qualidade. Ele ressaltou que apenas uma pequena fração dos hospitais brasileiros possui acreditação, o que evidencia a necessidade de uma abordagem mais sistêmica para aprimorar a qualidade e os resultados no setor de saúde. Britto enfatizou a importância de implementar um sistema de incentivos capaz de promover melhorias contínuas.

Ainda de acordo com o representante da Associação Nacional de Hospitais Privados, é importante alinhar a remuneração à qualidade dos serviços oferecidos. “Embora haja esforços para reconhecer e remunerar a qualidade, a discussão sobre implementar esses mecanismos está atrasada”, afirmou. Ele destacou que, na prática, a qualidade dos serviços muitas vezes não influencia diretamente nas negociações e na remuneração, o que acaba limitando a motivação para melhorar os resultados.

Já Nunes, da ANS, acrescentou mais um desafio à lista apresentada por Britto: o papel dos contratantes na escolha dos prestadores de serviços e na negociação de reajustes. Ele destacou que contratos de planos de saúde coletivos empresariais costumam ter uma duração média de dois anos e meio, o que evidencia a instabilidade e o impacto financeiro significativo para as empresas. Além disso, o custo antecipado para exames preventivos, como mamografias e colonoscopias, frequentemente resulta em reajustes que podem ser difíceis de negociar, levando à rescisão de contratos e à perda de históricos de saúde dos beneficiários. “Esse histórico deveria ser preservado para evitar desperdícios e melhorar a coordenação do cuidado”, afirmou.

A lista de desafios se estende também à Anvisa. Pereira detalhou a revisão da RDC 786 de 2023, que classificou os serviços de exames clínicos em três níveis de complexidade, permitindo que alguns exames sejam realizados em farmácias e consultórios. No entanto, ele reconheceu que a implementação da norma tem enfrentado dificuldades devido a problemas de interpretação e a falta de recursos humanos na agência.

Entretanto, a falta de recursos também afeta a capacidade da Anvisa de avançar com regulamentações importantes, como a norma de funcionamento de serviços de medicina nuclear. Pereira explicou que a Anvisa está lutando para manter a sustentabilidade de suas ações e destacou a necessidade urgente de mais recursos para lidar com a demanda crescente e garantir a segurança dos serviços de saúde.

Shcolnik lembrou que frequentemente laboratórios e clínicas parecem não ter influência no desfecho final da assistência, mas tanto os patologistas clínicos quanto os radiologistas têm influência direta no desfecho intermediário. “Se um laboratório ou clínica radiológica comete um erro no laudo ou o entrega atrasado, está interferindo na assistência. A importância da medicina diagnóstica está tanto no diagnóstico precoce quanto no desfecho intermediário”, ressaltou.

O debate encerrou com a convergência entre os participantes sobre a necessidade de uma abordagem sistêmica e colaborativa para promover a qualidade no setor de saúde, visando à sustentabilidade. A implementação de programas e regulamentações é fundamental, mas precisa ser acompanhada de incentivos, recursos adequados e a preservação de históricos de pacientes para garantir um cuidado coordenado e eficiente.

O desafio da assistência na saúde suplementar garantindo acesso e sustentabilidade

Envelhecimento populacional, expansão da cobertura regional e menos operadoras de saúde atuando desenham novo cenário para mercado brasileiro

4 de setembro de 2024 – No cenário da saúde suplementar, a busca por acesso universal e pela sustentabilidade é um dos maiores desafios enfrentados pelo setor. Alexandre Fioranelli, diretor de Normas e Habilitação dos Produtos na Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), destacou, durante sua palestra no 8º FILIS, a importância do setor privado na manutenção da saúde suplementar: “sem o setor privado não existe saúde suplementar”.

Fioranelli apontou que os sistemas de saúde enfrentam três crises principais: de valor, de objetivo e de evidência. A crise de valor refere-se ao crescimento insustentável dos custos associados à saúde, à desconexão entre gastos e resultados de saúde e ao desperdício significativo, que pode variar entre 20% e 40%, frequentemente devido a condutas médicas inadequadas e variabilidade nos desfechos dos tratamentos.

Quanto à crise de objetivo, se relaciona à discrepância entre os objetivos declarados pelos profissionais de saúde e a realidade prática enfrentada no dia a dia. Por fim, a crise de evidência trata do gap entre a pesquisa científica e sua aplicação clínica. Há um crescimento desconectado entre ambas em relação a novos diagnósticos e terapêuticas. “Gastamos quase US$ 400 mil em pesquisa. Precisamos tratar com sabedoria o que são esses estudos, considerando o que realmente essas tecnologias estão trazendo para o mundo real e como podemos usá-las”, afirmou.

Na última década, a expansão da cobertura da saúde suplementar para além da região Sudeste, alcançando o Centro-Oeste e polos da região Norte, tem se mostrado um desafio. Essa expansão exige a oferta de cuidados que garantam a qualidade e a sustentabilidade, com parâmetros equivalentes aos das regiões onde a saúde suplementar já está consolidada. Além disso, o cenário atual aponta para uma nova dinâmica na quantidade de operadoras médico-hospitalares.

Em dezembro de 2000 atuavam no Brasil 1.970 operadoras, número que caiu para 670 em 2024, com 90% dos beneficiários – quase 46 milhões – sendo atendidos por apenas 214 delas. “Os outros 10% são de operadoras de pequeno e médio porte, que precisam ser consideradas quando se fala de incorporação de tecnologias”, detalhou Fionarelli.

Para a atualização de práticas e avaliação de aplicabilidade de novas tecnologias em saúde, a Agência adota o sistema de Avaliação de Tecnologia em Saúde (ATS), método utilizado por grandes agências mundiais. Ele prioriza a análise da eficácia e segurança das tecnologias para os pacientes e, em um segundo momento, permite a avaliação do impacto orçamentário e econômico.

Fionarelli ressaltou que o objetivo é obter melhor evidência científica para garantir a segurança na incorporação de novas tecnologias. Isso envolve verificar se a tecnologia é efetiva e proporciona melhorias relevantes na saúde, avaliar a viabilidade do custo adicional em relação à sustentabilidade, considerar as necessidades e perspectivas dos pacientes, e assegurar que há estrutura organizacional, capacidade instalada e recursos físicos e humanos adequados para a implementação.

“Existe ainda o desafio de mapear profissionais prestadores e capacitação para tomar uma conduta. Tudo isso tem impacto direto na incorporação e sustentabilidade do setor. E quando se discute acesso e sustentabilidade, um fator importante nessa equação é o Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde da ANS”, disse Fionarelli. O Rol é crucial para garantir a equidade no acesso, passando por uma avaliação contínua de tecnologias e procedimentos. Atualizado mensalmente, ele reflete as melhores práticas e inovações, com foco na eficácia, segurança e impacto orçamentário das tecnologias, assegurando que apenas as opções mais benéficas sejam incorporadas.

Entre os anos de 2021 e 2024, das 66 demandas que chegaram pelo site da ANS, 46 foram incorporadas, 26 ficaram fora e outras 10 estão em avaliação. Dessas últimas, 66% são da área oncológica, sendo 70% referentes a medicamento. A projeção da Organização Mundial da Saúde (OMS) para 2050 indica um aumento substancial nos casos de câncer, com uma duplicação do número de diagnósticos em países subdesenvolvidos.

No Brasil, o aumento dos casos de câncer e a predominância de beneficiários economicamente ativos na faixa etária de 30 a 59 anos ressaltam a necessidade urgente de melhorar a qualidade diagnóstica, a coordenação do cuidado e a sustentabilidade do tratamento oncológico. Segundo o diretor, o modelo fragmentado de cuidados precisa ser reformulado para incluir investimentos em prevenção, promoção e diagnóstico precoce.

Fionarelli apontou que no Brasil há uma curva ascendente no número de diagnósticos e de mortalidade, especialmente entre a população de 30 a 59 anos, que representa uma parte significativa dos beneficiários do setor de saúde suplementar e que contribuem para o mutualismo do plano de saúde. Existe uma tendência crescente nesta faixa etária no risco de desenvolvimento de tipos de câncer. “Fica claro que, ao discutir acesso e sustentabilidade, o diagnóstico de neoplasias é particularmente desafiador,” afirmou Fionarelli.

De acordo com o diretor da ANS, é essencial discutir e melhorar o modelo de cuidado oncológico, focando em diagnósticos mais precoces, redução da fragmentação das intervenções e melhor coordenação do cuidado. “É evidente que as despesas aumentarão com o envelhecimento da população, e 60% dos casos de câncer são diagnosticados em estágios avançados (nível 3 e 4), resultando em tratamentos mais caros e com menor chance de cura. Observamos na ANS que as tecnologias oncológicas estão se tornando cada vez mais individualizadas, o que dificulta alcançar a sustentabilidade do setor”, disse.

A discussão sobre o conceito de “valor” na saúde é complexa devido à diversidade do mercado. O principal desafio é alinhar valor com compensação adequada para prestadores, tecnologias e profissionais, sempre priorizando o paciente e a sustentabilidade. É crucial focar em indicadores de desempenho que mostrem o impacto do cuidado no paciente, considerando o custo total da jornada do paciente. Protocolos clínicos devem estar associados a custos e metas, e a incorporação de tecnologias deve ser avaliada para melhorar o atendimento, os resultados clínicos e a satisfação dos beneficiários.

Para promover a sustentabilidade, segundo Fionarelli, é necessário investir na melhoria da qualidade do serviço, identificar desperdícios e analisar resultados clínicos com precisão. Reconhecer o papel de todos os profissionais e atores envolvidos ajuda a mapear custos, qualidade e desperdício, com o paciente como foco central. Após a análise, negociações baseadas em valor e eficiência podem criar um caminho sustentável para a saúde suplementar.

Fionarelli também destacou o trabalho da ANS em transformar dados brutos em informações de qualidade e em torná-las públicas para promover a transparência. Essa abordagem visa resolver problemas sistemáticos com base em dados e evidências técnicas, criando um ciclo virtuoso de melhoria.

Bloco no 8º FILIS sobre mudanças climáticas destacou a urgência da pauta e os desafios para a humanidade

Apesar da falta de dados oficiais, sabe-se que o setor de saúde consome e emite muito. A balança segue desequilibrada e o planeta não pode esperar

4 de setembro de 2024 – O 8º FILIS abriu um importante bloco de discussões sobre as mudanças climáticas. A palestra inicial, “Emergência Climática: Desafios para a Humanidade”, proferida por Carlos Nobre, renomado cientista e especialista em aquecimento global, trouxe à tona uma série de alertas críticos e propostas urgentes para enfrentar os desafios climáticos que afetam diretamente a saúde humana. O cientista apresentou dados alarmantes sobre os impactos das ondas de calor e o efeito das ilhas de calor urbanas, enfatizando a crescente ameaça representada pelo aquecimento global.

De acordo com Nobre, o aumento da temperatura global acima de 2 graus Celsius pode resultar na perda de 50% a 70% da Amazônia, liberando grandes quantidades de dióxido de carbono na atmosfera. “Vários estudos científicos mostraram que a degradação das florestas tropicais do planeta pode gerar até duas pandemias por década. Se o aquecimento ultrapassar 2 graus, corremos o risco de descongelar o solo congelado da Sibéria e do Alasca. Portanto, não podemos ultrapassar 1,5 grau. Na COP 30, teremos que revisar as metas de zerar as emissões até 2050. Precisaremos alcançar a neutralidade global até 2040. O Brasil certamente tem um grande papel ao zerar o desmatamento e a degradação, além de consolidar a transição energética, que também é viável em nosso país”, reforçou.

Conectando ciência e prática

Após a palestra do especialista em aquecimento global, a discussão foi enriquecida com a apresentação de Ricardo Assumpção, Líder de ESG para Latin America e Chief Sustainability Officer Brasil da EY, que mostrou como as empresas podem e devem se adaptar para atender às novas exigências e expectativas em relação ao meio ambiente.

Ele ressaltou que o papel das corporações é essencial na construção de soluções que não só mitigam esses riscos, mas também promovem um impacto positivo no planeta. “Ter ESG como prioridade é uma questão de transformação do modelo de negócios para gerar lucro com efeitos positivos para o meio ambiente e a sociedade”, disse.

O especialista também detalhou a importância da integração de práticas sustentáveis nos negócios. “O mercado exige que as empresas não apenas sigam regulamentos, mas que integrem a sustentabilidade em suas estratégias de forma a criar valor de longo prazo”, explicou, apontando a necessidade de maior precisão nos dados sobre as ações internas de cada empresa para orientar decisões cada vez mais eficazes.

“A tecnologia deve fornecer respostas mais precisas sobre os impactos ambientais, ajudando a melhorar a gestão e a redução das emissões”, concluiu Assumpção.

Compromisso sustentável e impacto econômico

Para concluir o bloco sobre as mudanças climáticas, o 8º FILIS trouxe o debate “Impactos das Mudanças Ambientais e Climáticas na Saúde Brasileira”. O painel teve a participação de Carlos Nobre, Ricardo Assumpção e Cesar Nomura, diretor de Medicina Diagnóstica no Hospital Sírio-Libanês e presidente do Conselho de Administração da Abramed. A moderação ficou a cargo de Claudia Cohn, Membro do Conselho de Administração da Abramed, diretora de Negócios Nacionais na Dasa e CEO do Alta Diagnósticos.

Claudia iniciou o bate-papo destacando a importância do compromisso e da responsabilidade nas práticas sustentáveis das empresas de saúde. “Fazemos relatórios de sustentabilidade para apresentar ao mercado, mas muitas vezes sem considerar as preocupações que o professor Carlos e o Ricardo enfatizaram. Não podemos agir assim. Precisamos assumir um compromisso efetivo,” alertou, chamando a atenção dos congressistas para a urgência do tema.

De acordo com Assumpção, se continuarmos na trajetória atual de aquecimento global, até 2040 podemos enfrentar uma retração linear de 12% no PIB global. “Isso é catastrófico. A saúde é um setor ineficiente na gestão de resíduos e insumos. Por quê? Porque, por muito tempo, priorizou-se a qualidade e outras questões, deixando essa parte um pouco negligenciada, como a energia e a limpeza. Acredito que, ao abordar as questões ambientais de maneira estratégica, não apenas visando a redução, mas buscando uma maior eficiência, isso refletirá positivamente no caixa”, analisou o especialista.

Do ponto de vista econômico, Nobre destacou que o Brasil possui a maior biodiversidade do planeta. “Embora tenhamos cerca de 15% da biodiversidade mundial, essa riqueza ainda tem um papel muito pequeno na nossa economia. O grande desafio do projeto Amazônia 4.0 é demonstrar que é possível levar tecnologia para a região, industrializando esse potencial tanto rural quanto urbano, mantendo a floresta e impulsionando a economia,” explicou.

Diante de um cenário de incertezas, Nomura destacou que a plateia do FILIS é composta por tomadores de decisão capazes de fazer a diferença. “As lideranças estão aqui, e gostaria que levássemos essa discussão para as empresas. Dependendo de como a situação evolua e da urgência, isso pode se transformar em lei. Cabe a nós, como líderes, refletir sobre isso e, caso ocorra, estarmos preparados para agir”, enfatizou.

O debate ressaltou a urgência de uma abordagem integrada, conectada e responsável para enfrentar os desafios climáticos e garantir um futuro mais sustentável não só para a saúde, mas para todos.

Integrando a cadeia de valor na saúde: desafios e oportunidades em debate no 8º FILIS

Discussão abordou desde a colaboração entre diferentes setores até inovações necessárias para otimizar a assistência e reduzir desperdícios

4 de setembro de 2024 – Líderes do setor se debruçaram sobre as complexidades e oportunidades na integração dos serviços de saúde durante o primeiro painel do 8º FILIS, que discutiu a temática “Integrando a Cadeia de Valor: Desafios e Soluções para Melhoria do Cuidado em Saúde”. O debate evidenciou a necessidade urgente de conectar os diversos elementos da cadeia de saúde para proporcionar um cuidado mais eficiente e sustentável, abordando as lacunas existentes e propondo soluções inovadoras.

Moderada por Ademar Paes Jr., Membro do Conselho de Administração da Abramed, sócio da Clínica Imagem e Founder LifesHub, a mesa contou com a presença de Emmanuel Lacerda, superintendente de Saúde e Segurança na Indústria no SESI; Manoel Peres, CEO da Bradesco Saúde e MedService; e Sidney Klajner, presidente do Hospital Albert Einstein.

Paes Jr. destacou que “durante muito tempo, em momentos de crise, acabamos focando nossos trabalhos e decisões em soluções ligadas à nossa própria área de atuação. Mas, nos últimos tempos, temos visto soluções mais criativas e integradas, que chamam para projetos de múltiplos elementos”. Essa visão é essencial para enfrentar os desafios atuais e promover uma abordagem mais colaborativa na saúde.

Diante deste contexto, Lacerda sublinhou a importância de uma gestão mais abrangente. “A saúde dentro das empresas não é só plano de saúde. Infelizmente, ele é visto, muitas vezes, como um benefício de RH, não como uma ferramenta de gestão de saúde. Precisamos unir as empresas e dialogar com o setor público para criar uma agenda conjunta que permita um compartilhamento de dados e uma melhor gestão da saúde dos trabalhadores.” Segundo Lacerda, é fundamental uma colaboração mais eficaz entre a indústria e os prestadores de serviços de saúde para alcançar melhores resultados.

Peres também refletiu sobre o cenário atual do setor de saúde. “Lamentavelmente, ainda não temos um serviço tão integrado como o desejado. Há iniciativas importantes, mas ainda há muita fragmentação e desperdício.” Ele lembrou que o setor de saúde representa cerca de 9% do PIB, refletindo sua importância econômica, mas também destacou a desigualdade no financiamento do setor privado em relação ao público.

“É evidente que há um subfinanciamento no setor privado, mas estamos observando um grande esforço para melhorar essa situação, o que é significativo. Para aqueles que estão aqui e trabalham na área, muitas vezes a perspectiva tende a ser bastante negativa, pois focamos apenas no presente e esquecemos de como o setor era nos anos 70, 80 ou até mesmo 90”, completou.

Por sua vez, Klajner abordou a questão da remuneração e seus impactos na saúde. “O modelo de remuneração muitas vezes é perverso, pois incentiva mais a receita do que a saúde real. No Hospital Albert Einstein, ao assumirmos o cuidado de nossos colaboradores, conseguimos reduzir custos e promover um cuidado mais integrado e efetivo, evidenciando a importância de uma abordagem menos fragmentada.” Ele ressaltou que essa integração não apenas melhora a qualidade do cuidado, mas também resulta em economias significativas.

Reformas e inovações no setor de saúde

Com a necessidade crescente de reformulação e inovação no setor de saúde, as discussões do painel avançaram para a questão fundamental do novo marco regulatório e da tecnologia para compartilhamento de dados. “Está claro que o setor precisa de um novo marco regulatório para evoluir e responder às demandas atuais. A saúde mudou completamente nos últimos 20 anos, e um novo marco é essencial para atender às novas necessidades e expectativas da população”, disse Peres.

Ainda no quesito necessidade, Lacerda frisou as dificuldades da gestão de saúde na indústria. Ele afirmou que existe a necessidade de uma agenda do contratante e um movimento coordenado para que todos os stakeholders se reúnam e desenvolvam soluções eficazes, salientando que tanto grandes quanto pequenas empresas têm um papel crucial e que o RH deve criar sistemas de incentivo, sem tantas barreiras, para engajar os colaboradores em programas de prevenção. Além disso, enfatizou a relevância da Telessaúde e a necessidade de colaboração, mencionando que “não vai ser uma coisa exclusivamente do Sesi, mas em cooperação com o sistema”.

Sobre a complexidade e os problemas enfrentados com o modelo atual, Klajner refletiu sobre situações que acontecem em outros países e a preocupação para que isso não ocorra no Brasil. Ele também enfatizou a importância de uma abordagem mais integrada, que priorize a qualidade do cuidado e a eficiência dos recursos.

O painel encerrou com um olhar otimista para o futuro, destacando a importância da inovação e da tecnologia na melhoria dos cuidados de saúde. Paes Jr. concluiu: “Precisamos ser otimistas com o setor de saúde. Ano após ano, ele cresce em volume financeiro e participação no PIB, e há um grande potencial para incorporar novas tecnologias e inovações.” Em suma, a integração mais eficaz é o primeiro passo para promover uma assistência de qualidade.

Giovanni Guido Cerri recebe Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld pela contribuição ao setor de saúde

Presidente dos Conselhos do InRad e do InovaHC, do HCFMUSP, o médico também foi Secretário de Estado da Saúde de São Paulo

4 de setembro de 2024 – A sexta edição do prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld foi para o médico Giovanni Guido Cerri. A cerimônia de premiação aconteceu durante a 8ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde – FILIS, realizada dia 29 de agosto, no  Teatro B32, em São Paulo. A homenagem, criada pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), reconhece personalidades que se destacaram por contribuições significativas para o avanço do setor de saúde.

Giovanni Guido Cerri é professor titular de Radiologia da Faculdade de Medicina da USP; presidente dos Conselhos dos Institutos de Radiologia (InRad) e de Inovação (InovaHC), do Hospital das Clínicas da FMUSP; além de membro titular e da diretoria da Academia Nacional de Medicina e da Academia Paulista de Medicina. É responsável pelo Serviço de Diagnóstico por Imagem do Hospital Sírio-Libanês, além de presidente do Instituto Coalizão Saúde (ICOS) e membro do Fórum Nacional de Saúde do Conselho Nacional de Justiça (CNJ).

Formado pela Faculdade de Medicina da USP em 1976, o homenageado fez doutorado e livre-docência na mesma Instituição. Presidiu a Sociedade Paulista de Radiologia, o Colégio Brasileiro de Radiologia e o World Federation of Ultrasound in Medicine and Biology. Foi diretor científico da Associação Médica Brasileira (AMB), presidente do Conselho e diretor geral do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e presidiu os Conselhos do Hospital das Clínicas da FMUSP e da Fundação Faculdade de Medicina. Também atuou como diretor da Faculdade de Medicina da USP por dois mandatos.


Participou de Conselhos de diversas outras entidades, entre elas: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para a Saúde (Abimed), Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), Hospital Sírio-Libanês, Dasa e Fundação Zerbini. Foi Secretário de Estado da Saúde de São Paulo de 2011 a 2013.

“Tivemos a honra de reconhecer um profissional que é referência para todos nós, por sua vasta contribuição acadêmica e institucional para o desenvolvimento da radiologia no Brasil. Sua dedicação incansável e liderança em projetos inovadores, como os do InovaHC, exemplificam o espírito do Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld. Esta homenagem é um tributo ao legado e ao impacto positivo que o Dr. Giovanni Guido Cerri continua a exercer no nosso setor”, declarou Cesar Nomura, presidente do Conselho de Administração da Abramed, durante cerimônia.


“Sinto-me honrado em receber o Prêmio Dr. Gastão Rosenfeld. Conheci e convivi com o Dr. Gastão, com quem compartilhei momentos no conselho da Dasa. Esse reconhecimento é especialmente significativo para mim, pois valida a trajetória que construí na radiologia e no diagnóstico por imagem. Este é, sem dúvida, um momento muito importante da minha carreira”, disse Cerri.

Sobre o Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld

A premiação leva o nome do Dr. Luiz Gastão Rosenfeld (in memoriam), que foi membro da Câmara Técnica da entidade e uma das maiores autoridades em patologia clínica e hematologia do Brasil.

Já receberam a honraria: Jarbas Barbosa, Subdiretor da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), escritório regional da Organização Mundial da Saúde (OMS) para as Américas; Mayana Zatz, bióloga molecular, geneticista e docente do Departamento de Genética e Biologia Evolutiva do Instituto de Biociências de Universidade de São Paulo; Margareth Dalcolmo, médica pneumologista e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz); Dimas Tadeu Covas, Presidente do Instituto Butantan e do Conselho Curador da Fundação Butantan; e Alberto Duarte, pesquisador, doutor em Nefrologia pela Unifesp, pós-doutor pela Harvard Medical School e diretor de Análises Clínicas da Rede D´Or SP.

8º Fórum Internacional de Lideranças da Saúde mostrou o poder da colaboração entre saúde pública e privada

Com a temática “Saúde Inovadora: Oportunidades para um setor sustentável”, o FILIS recebeu profissionais da saúde em mais uma edição do evento que já é referência para toda a cadeia

4 de setembro de 2024 – O 8º Fórum Internacional de Lideranças da Saúde – FILIS, promovido anualmente pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica – Abramed, foi realizado no último dia 29 de agosto, no Teatro B32, em São Paulo (SP). Com programação qualificada e público formado por gestores, especialistas e demais profissionais da saúde, o evento mostrou como a inovação e a cooperação entre os setores público e privado podem alavancar os resultados do setor em todo o país.

Durante a cerimônia de abertura, Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, frisou o poder do diálogo e do networking em busca de soluções para avançar diante dos desafios emergentes. “Nossos beneficiários, pacientes e executivos são todos pessoas. Então, ao agregar valor humano, promovemos uma verdadeira transformação. Que possamos sair daqui muito melhores do que quando chegamos”, enalteceu.

Cesar Nomura, presidente do Conselho de Administração da Abramed e diretor de Medicina Diagnóstica no Hospital Sírio-Libanês, concordou com Milva a respeito do olhar humano diante das adversidades e alertou os líderes presentes sobre a importância de direcionar recursos para inovação. “Sou testemunha viva de como o investimento em saúde gera valor. Só estou aqui porque realmente pude experimentar o que é fazer um exame rapidamente e receber uma intervenção em tempo hábil”, lembrou, referindo-se ao episódio de encefalite vivido há um ano. Segundo ele, cabe às lideranças olharem e discutirem a sustentabilidade e o futuro do setor da saúde.

Parcerias público-privadas

Entre as autoridades convidadas esteve Eleuses Paiva, Secretário Estadual da Saúde do Estado de São Paulo, que, em sua palestra magna, destacou a importância da colaboração entre os setores público e privado na construção de políticas de saúde eficazes. “Precisamos atuar juntos, com o mesmo objetivo, em busca de qualidade e assistência”, expôs.

Outro ponto central foi a necessidade de maior articulação do setor de saúde no Congresso Nacional, especialmente em relação à reforma tributária, que pode impactar diretamente os serviços prestados. “É importante conversarmos com as bancadas estaduais e partidárias e transmitir conhecimento suficiente para que a votação seja feita adequadamente.”

Paiva também apresentou um diagnóstico do cenário da saúde em São Paulo, apontando desafios como o colapso do sistema pós-pandemia, a falta de leitos e a grande fila de espera em setores críticos, como oncologia. Com orgulho, ele mencionou os avanços no ano passado, como a realização de mais de 1 milhão de cirurgias eletivas, superando em 25% a média anterior. Apesar desses avanços, ele ressaltou que a heterogeneidade do estado exige políticas de saúde regionalizadas para atender de forma mais precisa às diferentes necessidades de cada localidade.

Inovação e Saúde Digital

Adriano Massuda, Secretário de Atenção Especializada à Saúde – SAES/MS, também teve um papel de destaque entre as palestras das autoridades. Em um vídeo gravado exclusivamente para o evento, trouxe à tona temas relevantes para o futuro da saúde no Brasil, destacando os avanços do SUS, bem como os desafios estruturais que ainda precisam ser enfrentados.

Massuda enfatizou a relevância do programa “Mais Acesso a Especialistas”, recentemente lançado, que busca qualificar a atenção especializada no país. “São várias ações que estão em curso para ampliar a oferta de consultas e exames, porém, mais do que ampliar a oferta, o nosso objetivo é promover uma reorganização da atenção especializada no sistema de saúde”. Para ele, a inovação é fundamental nesse processo.

O secretário também destacou os avanços na área de Saúde Digital, impulsionados pela criação da Secretaria de Saúde Digital, liderada por Ana Estela Haddad. Ele acredita que espaços de discussão como o FILIS são essenciais para fomentar o progresso no setor.

Com informações relevantes e engajamento dos líderes presentes, o primeiro bloco do FILIS enumerou soluções práticas e colaborativas, em busca do desenvolvimento contínuo do setor.

Abramed promoveu debate sobre cenário atual e perspectivas futuras da medicina diagnóstica

Líderes discutiram os desafios para alcançar eficiência e produtividade e a necessidade de cooperação pela sustentabilidade do setor

26 de junho de 2024 – A Reunião Mensal de Associados (RMA) de junho da Abramed, realizado no Hospital Sírio-Libanês, contou com discussão sobre o “Cenário Atual e Perspectivas Futuras da Medicina Diagnóstica” e participação de importantes líderes da área.  Foi um valioso momento de troca de experiências sobre modelos de negócio, custos, eficiência, tecnologia e cooperação entre os stakeholders do setor. 

Cesar Nomura, presidente do Conselho de Administração da Abramed, abriu o debate, que teve como moderador Eliézer Silva, diretor do Sistema de Saúde Einstein no Hospital Albert Einstein e membro do Conselho de Administração da Abramed. Participaram da discussão: Fernando Torelly, CEO do HCor; Rafael Lucchesi, diretor geral Diagnósticos e Ambulatorial na Dasa; e Fernando Ganem, diretor geral do Hospital Sírio-Libanês.

Torelly destacou que a saúde suplementar no Brasil enfrentou grandes mudanças nos últimos anos a partir dos desafios trazidos pela pandemia de Covid-19. Em 2023, após um ano de esperança de recuperação, as operadoras de planos de saúde registraram um prejuízo operacional de R$ 11,5 bilhões. Em 2024, a complexidade no relacionamento com as operadoras aumentou, afetando o fluxo de caixa dos hospitais.

Segundo ele, um ponto importante nesse cenário é diferenciar os prestadores pela qualidade e não apenas pelo preço. Caso contrário, a indústria de saúde começará a perder. Considerando que a população brasileira com mais de 60 anos dobrará nos próximos 25 anos, essa questão se torna ainda mais crucial, pois isso trará grandes desafios de eficiência, acesso e desigualdade na saúde.

Para as instituições que fazem parte da Abramed, o CEO do HCor diz que o maior desafio é a concorrência. “Precisamos estabelecer a qualidade como um padrão essencial para competir, em vez de focar exclusivamente em contratos com operadoras e redução de preços para atrair demanda. Com certeza, o paciente não será o maior beneficiado por esse modelo concorrencial que estamos implementando.”

Tecnologia

Segundo Lucchesi, há 10 anos, havia grandes expectativas de avanços em integração de dados e muito se investiu em tecnologia para alcançar uma saúde mais integrada, eficiente e sustentável. “No entanto, parece que estamos retrocedendo. Este é um momento extremamente desafiador, com movimentos de sobrevivência no setor, especialmente na medicina diagnóstica. O fluxo de caixa tornou-se muito mais crucial e menos previsível do que no passado, o que levou a uma queda significativa nos investimentos”, expôs.

Segundo Lucchesi, as tendências atuais no setor de saúde não parecem mudar, com uma pressão crescente especialmente sobre pequenos e médios prestadores, que sofrem mais devido à menor capacidade de escala, planejamento de fluxo de caixa e levantamento de capital. “Esses prestadores também têm menos força nas negociações com operadoras, o que é prejudicial para o setor, que necessita de capilaridade.”

Lucchesi ressalta o papel da tecnologia para aumentar a produtividade, mesmo que isso implique em custos adicionais. “Acredito que podemos continuar crescendo com produtividade se o setor encontrar um equilíbrio. Dados recentes mostram uma leve melhora, impulsionada pelo repasse de preços para os clientes. Em 2024, é provável que tenhamos uma carteira menor, com menos pessoas acessando serviços de alta qualidade e rede aberta, resultando em preços mais altos. Isso pode significar menos pacientes em serviços premium.”

Colaboração

Na opinião de Ganem, é preciso discutir como aumentar a eficiência, focando principalmente nos processos e tentando ao máximo evitar mudanças em relação às pessoas. “A radiologia desempenha um papel fundamental nisso, contribuindo para a eficiência através da otimização do uso das máquinas e evitando no show.”

Conforme avalia, há oportunidades nesse sentido e na colaboração com outras instituições. “Precisamos avaliar até que ponto cada instituição pode reduzir custos sem comprometer a qualidade dos resultados para se manter competitiva e credenciada.”

Para qualquer instituição, três fatores são essenciais, de acordo com Ganem: o paciente precisa perceber valor na sua instituição e continuar buscando seus serviços; o corpo clínico deve ver sentido em cuidar dos pacientes dentro da instituição; e a operadora precisa reconhecer o valor de estar associada à sua instituição. “Este último ponto é o mais desafiador. Embora se fale muito sobre valor na saúde, na prática, isso raramente se traduz em ações concretas de remuneração, tempo e desempenho”, disse.

Para Ganem, é responsabilidade de todos os que lideram instituições sérias e comprometidas com a qualidade encontrar mecanismos para resolver os desafios. “Cada instituição tem sua própria agenda, mas resolver esses problemas individualmente pode ser difícil. Negociações individuais são importantes, mas também precisamos do envolvimento de outras instituições.”

Neste ponto, Torelly diz que é fundamental sentar todos juntos para encontrar soluções e lembra: “Estamos vivendo não mais na saúde baseada em evidências, mas na saúde baseada na eficiência. Quem não for eficiente não vai sobreviver.”

Como exemplos de parceria pela sustentabilidade do sistema, Eliézer disse que o Hospital Einstein, junto à Mayo Clinic, está explorando modelos bem-sucedidos de inteligência artificial. Durante uma consultoria, foi destacado que a transformação de uma instituição baseada em dados, análise e inteligência artificial começa com mudanças na mentalidade das pessoas.

“A eficiência trazida por esses modelos pode alcançar até 25%, abrangendo desde processos cotidianos como assinaturas de contratos até logística de medicamentos. Inspirados pela iFood, que expandiu para várias verticais, vemos que outras indústrias são mais cooperativas e integradas, enquanto o setor de saúde ainda enfrenta barreiras entre prestadores e operadoras”, disse.

Ele acredita que, como setor, é preciso mostrar a diferença do que se propõe: um aumento de custo necessário, mas acompanhado de ganhos em produtividade que ajudam a sustentar o setor. “Propomos uma agenda integrada para abordar essas questões de forma conjunta”, acrescenta.

Para Torelly, 2024 deve ser o ano do diálogo no setor da saúde. “Conflitos não levam a lugar nenhum quando todos estão sofrendo. Precisamos criar uma agenda de curto prazo e estruturante que fortaleça financeira e estruturalmente a saúde, para não ficarmos discutindo pagamentos de procedimentos. Estamos presos em discussões transacionais menores enquanto enfrentamos um problema macroeconômico de sustentabilidade do setor.”

Segundo ele, as lideranças da Abramed, Anahp, FenaSaúde e Abramge deveriam unir esforços para criar uma agenda política estratégica. “Continuar disputando pequenas vantagens apenas nos fará perder outra oportunidade de realizar uma grande transformação. Devemos explorar alternativas, como apoiar ações das operadoras que possam gerar mais recursos sem afetar os prestadores”, contou.

Por sua vez, Ganem resumiu essa discussão em três pontos essenciais: inteligência, cooperação e a necessidade de deixar de lado as vaidades. Ao final, Nomura ressaltou a importância da qualidade e da eficiência para direcionar o setor. “Junto aos associados, a Abramed tem discutido intensamente essas questões, que fazem parte do nosso Estatuto Social e do Regulamento Interno. Valorizamos muito esse compromisso com a excelência nas operações de nossos associados.”

O encontro terminou com uma visita guiada ao Hospital Sírio-Libanês.

Abramed debate “O papel do ESG na Medicina Diagnóstica”

Parceria entre a Abramed, o Comitê de ESG e a Roche Diagnóstica, o encontro contou com representantes do Pacto Global da ONU, do Capitalismo Consciente e associados da entidade

26 de junho de 2024 – Para discutir como práticas sustentáveis, de governança e socialmente responsáveis moldam o futuro da saúde, a Abramed realizou, em 20 de junho, um encontro especial com profissionais referências, na sede da Roche Diagnóstica Brasil, em São Paulo.

Flavia Vianna, gerente de Saúde e Trabalho do Pacto Global Brasil da ONU; Lidia Abdalla, CEO do Grupo Sabin e vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed; Daniela Garcia, CEO do Capitalismo Consciente Brasil; e Sandra Sampaio, diretora de estratégia da Roche Diagnóstica trouxeram excelentes insights sobre o tema, sob mediação de Daniel Perigo, gerente de Sustentabilidade do Grupo Fleury e Líder do Comitê de ESG da Abramed.

Como anfitrião, Carlos Martins, CEO da Roche Diagnóstica Brasil, abriu o encontro, lembrando que, em 2024, a empresa foi eleita, pelo 15º ano consecutivo, a mais sustentável do setor de saúde, de acordo com o índice Dow Jones. “Sustentabilidade, segurança, diversidade e inclusão são vistas de forma muito séria por nós. Iniciamos há dois meses um projeto de alta profundidade, que tem como objetivo impactar quatro pilares: pessoas, pacientes, nossa cultura e, consequentemente, a sociedade”, explicou.

Logo após, Lidia apresentou a Abramed e ressaltou a relevância desse primeiro encontro para discutir o tema ESG e seus impactos na medicina diagnóstica. Na sequência, Périgo destacou que a reunião é um desejo antigo do Comitê de criar maneiras para estimular as melhores práticas de ESG nas empresas. “Sabemos que o trabalho é grande, mas há muitas oportunidades. Nosso grupo se dedica a conversar sobre esse tema e contribuir para o avanço das iniciativas”, expôs.

O encontro contou com palestra da Flavia, que iniciou falando sobre o Pacto Global Brasil da ONU, formado por 10 movimentos ligados aos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das questões mais urgentes do Brasil. “Trata-se de um chamado às empresas para promover ações concretas por meio de compromissos públicos. Somos a maior iniciativa de sustentabilidade corporativa do mundo, com abrangência e engajamento em 162 países”, expôs.

O Pacto Global da ONU – Rede Brasil é a segunda maior rede local do mundo, com mais de 1.900 participantes. Os mais de 50 projetos conduzidos no país abrangem, principalmente, os temas: Água e Saneamento, Alimentos e Agricultura, Energia e Clima, Direitos Humanos e Trabalho, Anticorrupção, Engajamento e Comunicação.

Flavia explicou o Movimento Mente em Foco, iniciativa do Pacto Global da ONU no Brasil que convida empresas a agir em benefício de seus colaboradores e da sociedade no combate ao estigma e ao preconceito social ao redor da saúde mental. O objetivo é que a saúde mental seja tratada não apenas como uma medida emergencial, mas, de forma preventiva e humanizada, como um tema perene e que faça parte da estratégia de negócio das companhias.

“É fundamental falar de sustentabilidade no trabalho, mas, se não olharmos para as pessoas, não vamos conseguir fazer a transformação que queremos no planeta. Cuidar da saúde mental é urgente e necessário. Portanto, ambicionamos ter, em 2030, mil empresas com programas estruturantes de saúde mental, impactando 10 milhões de trabalhadores”, disse.

Flavia também divulgou o Guia prático para construção de um ambiente de trabalho com segurança psicológica. “Trouxemos o assunto da saúde mental, mas reforçamos a saúde integral, ou seja, física e emocional. A proposta é colocar as pessoas nas tomadas de decisão das empresas”, expôs, lembrando que a saúde mental é responsabilidade de todas as pessoas, da liderança e de cada um, para um mundo corporativo mais saudável. “Sendo assim, precisamos realizar um trabalho preventivo, muito mais que um atendimento emergencial, sem tabu”, reforçou.

Após apresentação, foi aberta a mesa de debates com os demais participantes. Daniela começou explicando que o Capitalismo Consciente é um movimento que objetiva ajudar as empresas a implementarem práticas de estratégia e liderança conscientes, gerando um impacto positivo nos resultados, nas pessoas e no planeta. “A empresa é um sistema, que depende das boas relações com trabalhadores, fornecedores e comunidade”, disse.

Segundo ela, existem várias maneiras de externalizar isso, como a educação dos consumidores sobre medicamentos e a gestão de resíduos. Por exemplo, o descarte adequado de radiografias. “Uma empresa que ensina esses procedimentos está fortalecendo sua relação com os stakeholders externos que consomem seus produtos”, disse.

A Roche, por exemplo, busca engajar outros stakeholders da cadeia em suas ações sustentáveis, como explicou Sandra. São mais de 60 mil fornecedores, o que significa que a comunicação e a gestão dessa cadeia são fundamentais. “A Roche apoia os ODS e tem como meta, em relação aos parceiros, reduzir, até 2030, pelo menos 18% da emissão produzida de forma indireta”, disse.

Em relação aos distribuidores, a empresa garante o cumprimento das metas através do código de conduta, ética e sustentabilidade, que permeia todo o programa de desempenho. Para o paciente, há ações de conscientização sobre o descarte de medicamentos em parceria com outras empresas. E expandindo o impacto à comunidade, a Roche, por meio de um programa global, incentiva os colaboradores a fazerem doações a instituições que ajudam crianças em situação de vulnerabilidade. “Temos muitas ações internas e externas, o tema ESG é um dos critérios, por exemplo, para eleger fornecedores”, disse.

Falando sobre tecnologia, Sandra ressaltou o valor da inteligência artificial, destacando seu papel na redução do tempo de processos e na sustentabilidade do laboratório. Este tema está diretamente relacionado à medicina de precisão, que foca na prevenção e na diminuição de desperdícios. “No âmbito local, é fundamental dialogar com os órgãos de saúde competentes para ampliar o acesso da população a essas tecnologias e melhorar os desfechos para os pacientes”, expôs.

Por sua vez, Lidia salientou que o compromisso com as metas ambientais e sociais deve estar na agenda das lideranças, pois dar o exemplo é essencial para o engajamento. “Quando as pessoas se sentem respeitadas e ouvidas, começam a ver que o impacto vai além delas, atingindo seu círculo de amigos e a comunidade. Mas se nada disso sensibiliza o líder, há a questão da lucratividade, pois a empresa se torna mais competitiva quando investe em ESG e sua reputação sobe”, declarou. 

Sobre como começar, Lidia disse que não é necessário reinventar a roda; basta buscar exemplos do que está funcionando bem. “É importante fazer benchmarking com empresas de outros segmentos também. Às vezes, encontramos boas práticas simples que podemos implementar no dia a dia. Começar é difícil, mas depois é questão de manter o foco e o compromisso. Fazer e replicar: esse é o maior potencial que temos como profissionais, influenciar aqueles ao nosso redor”, expôs.

De fato, Flavia comentou que o desafio é enorme e que precisamos nos unir para enfrentar o problema. “Não podemos mais olhar para uma catástrofe e achar que ela está longe, pois ela está muito perto de nós. Precisamos nos mobilizar. O Impacto Global também destaca a importância do movimento das empresas para a transformação. Muitas colocam a responsabilidade no público, mas cabe a elas reconhecerem o poder que têm de transformar e gerar receita de forma responsável e sustentável. Precisamos estar dispostos a separar o tempo necessário para estarmos juntos, ouvir o que os especialistas estão dizendo e aprender com o que outras empresas estão fazendo, promovendo a troca de experiências”, disse.

Questionada sobre tendências em ESG, Daniela respondeu que, em termos de business, é reportar cada vez mais, afinal, ESG não é uma escolha, mas uma jornada. Já em termos de negócio e reputação, a tendência é analisar como a empresa se organiza e amplifica a sua atuação a respeito desses temas com transparência e ética. “Por fim, a tendência global é olhar para dados, ajudando o ser humano a viver melhor. Estamos caminhando para a sociedade 5.0, que é a tecnologia a serviço do bem-estar”, disse.

Daniela reforçou que ESG é cultura, assim como a transformação digital, e precisa ser trabalhado transversalmente. “Procure entre seus pares líderes de outras áreas para que, juntos, possam comprometer a liderança a ser patrocinadora desse tema. De forma mais pragmática, ignorar o impacto positivo pode resultar em problemas na gestão de riscos, na área financeira e na reputação.”

Segundo Daniela, precisamos ter uma visão sistêmica. Se não olharmos para nós como parte do todo, não vamos caminhar. “O sistema precisa fluir, esse é aprendizado da pandemia. Todos devem seguir a mesma jornada e trabalhar com propósito. O recado é muito claro: precisamos ter consciência do nosso impacto, intencionalidade das ações e buscar a melhor performance possível com foco na prosperidade da sociedade.”

Ao final, Flavia deixou uma frase bem conhecida e inspiradora: sonho que se sonha só é só um sonho, mas um sonho que se sonha junto se torna realidade. “Precisamos sonhar com um mundo sustentável, inclusivo e que contemple todas as pessoas. E que elas estejam saudáveis em sua integralidade, porque só assim teremos um mundo seguro e saudável para cada um de nós.”