Abramed apresenta estudo de impactos da reforma tributária na medicina diagnóstica a presidente da Câmara dos Deputados

Representando a Abramed, Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração; Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva; Fábio Cunha, diretor do Comitê Jurídico; Armando de Queiroz Monteiro Bisneto, assessor parlamentar; e Eduardo Muniz, consultor; estiveram em Brasília, no dia 4 de dezembro, em audiência com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para tratar dos impactos da reforma tributária no setor de medicina diagnóstica. 

Na oportunidade, foi declarado que a entidade apoia a reforma tributária, desde que não haja aumento de encargo tributário, e apresentado o estudo preliminar realizado pelo departamento de inteligência setorial da Associação, que mostra a carga tributária na medicina diagnóstica com as propostas de emendas à Constituição (PECs) da Câmara dos Deputados (PEC n° 45) e do Senado Federal (PEC n° 110). Ambas as PECs preveem a substituição de cinco tributos por um imposto único, chamado de imposto sobre bens e serviços (IBS). O modelo é inspirado em sistemas utilizados em outros países, que reúnem em um único imposto sobre valor adicionado (IVA) toda a tributação sobre o consumo, com uma alíquota uniforme. Ambas propostas simplificam o modelo tributário brasileiro, diminuem o número de tributos, mas apresentam prazos diferentes de transição; e há distinção no tratamento dado à atual zona franca de Manaus, e em relação à distribuição dos tributos entre União, Estados e municípios.

O estudo da Abramed apresentado ao presidente da Câmara dos Deputados demonstra que a arrecadação federal referente somente às atividades de atenção à saúde cresceu 172% entre 2011 e 2018, enquanto o valor total arrecadado em todos os setores da economia teve aumento de 47% no mesmo período. Ao isolar a medicina diagnóstica, a carga tributária prevista deve aumentar mais de 70%, segundo análise da Abramed. 

Shcolnik alertou que da maneira que estão sendo encaminhadas as propostas para a reforma tributária, os resultados serão o encolhimento do setor e redução de empregabilidade. “O setor da saúde promove mais de 250 mil empregos diretos e isso vai ser reduzido se as PECs tramitarem como estão hoje.” 

Reforma unindo o setor

Os potenciais efeitos drásticos da reforma tributária com as PECs 45 e 110 uniram as entidades da saúde, que estão trabalhando juntas na análise dos impactos da reforma em toda a cadeia da saúde. Em setembro, os presidentes da Abramed, Abramge, Anahp, CNSaúde, FenaSaúde, FBH, Unidas e Unimed foram recebidos pelos relatores de ambas as PECs, para apresentarem os impactos em seus respectivos setores. 

Além disso, Abramed e Anahp criaram um grupo de trabalho para melhor entender os impactos da reforma tributária para os prestadores de serviços de saúde – hospitais e laboratórios. Clique aqui e acesse o comunicado sobre o assunto, ou leia abaixo na íntegra.

COMUNICADO

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (ABRAMED) e a Associação Nacional dos Hospitais Privados (ANAHP), unindo propósitos, informam a constituição de um Grupo de Trabalho para monitoramento das propostas de reforma tributária. O foco dos trabalhos está nas repercussões que possam impactar as atividades desempenhadas na área das instituições de saúde privada e de medicina diagnóstica.

Como é de conhecimento público, além das reformas que já tramitam no Congresso Nacional, o Governo Federal trabalha com a perspectiva de instituição gradativa de um novo modelo de tributação, a ser composto por etapas.

Há estudos, inclusive, para que essas alterações sejam conduzidas sem a necessidade de uma ampla alteração constitucional, o que pode tornar mais célere o processo legislativo necessário, tendo como primeira fase a unificação das contribuições ao PIS e a Cofins, com extinção do regime cumulativo e fixação de alíquota entre 11% e 12%.

Essa medida, por si, implicaria impacto significativo e não desejado aos nossos associados, o que gera a necessidade comum de um assessoramento técnico, jurídico e estratégico. É fundamental que sejam adotadas as medidas adequadas a evitar a oneração excessiva na prestação dos serviços, ainda que o equilíbrio das incidências tributárias seja alcançado com o advento das demais etapas da reforma, dentre as quais insere-se a desoneração dos encargos sobre a folha de pagamento, ainda de contornos indefinidos.

Os hospitais privados e as empresas da área de medicina diagnóstica, para além da relevância dos serviços prestados, formam um relevante e imprescindível setor da economia para a geração de empregos, o que confere peso ao papel de suas entidades representativas no debate sobre o recondicionamento do sistema tributário nacional.

Nesse sentido, o Grupo de Trabalho composto por especialistas da ANAHP e da ABRAMED está atuando nas seguintes frentes:

a) estudos aprofundados sobre as propostas já divulgadas;
b) reunião de elementos técnicos e jurídicos relativos ao setor que orientem

o posicionamento construtivo a ser adotado;
c) desenvolvimento de cenários e de proposições que mitiguem ou

compensem eventuais impactos negativos da reforma;
d) construção de canais de interlocução com os Poderes Executivo e Legislativo.

A atuação especializada e direcionada proporcionará o tratamento da questão de forma profissional, pragmática e serena, no sentido de subsidiar as decisões a serem tomadas pelo poder público. Dessa forma, acredita-se na viabilidade de uma reforma sem aumento de carga tributária sobre as atividades dos nossos associados, preservando-se, assim, a capacidade de investimento, expansão e empregabilidade do setor de saúde.

Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica ABRAMED

Associação Nacional de Hospitais Privados ANAHP

2020 DESAFIOS E TENDÊNCIAS NA VISÃO DE LIDERANÇAS DA SAÚDE

Uma das principais demandas da população, o setor da Saúde começa o novo ano com grandes expectativas.

O Brasil vem de uma das maiores crises de sua história. As turbulências não ficaram totalmente para trás, mas sinais de recuperação e estabilidade, mesmo que tímidos, já podem ser vislumbrados. As reformas têm caminhado em Brasília, a inflação está sob controle e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) registrou no país um discreto aumento do número de beneficiários de planos de assistência médica, de 0,1% (outubro/2019). “Porém, ainda existe a desconfiança acerca do ritmo de crescimento, mesmo diante de uma retomada lenta e gradual da atividade econômica”, comenta Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). Mas a conjuntura que se apresenta já indica que 2020 será o ano da retomada, com reflexo positivo para o setor de Saúde? Para Sérgio Rocha, presidente da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (Abraidi), a Associação projeta 2020 com otimismo. “Vemos um país que se movimenta novamente para frente e enxergamos que a economia começa a mostrar reações positivas, o que nos faz pensar em resultados melhores em nossa área”, sublinha. Confira a seguir, na visão de diferentes lideranças e especialistas da Saúde, quais são as tendências e os grandes desafios do setor para o ano que se inicia.

MEDICINA DIAGNÓSTICA

O mercado de medicina diagnóstica é um dos que mais evolui e inova a cada ano. O avanço de tecnologias permite que os exames de diagnóstico sejam realizados em grande escala, em menor tempo, com melhor qualidade e precisão. Este segmento movimenta entre R$ 42 e R$ 43,7 bilhões por ano. E as tendências apontam para um cenário de desenvolvimento, com o surgimento de diversas healthtechs focadas em soluções nos diversos segmentos que permeiam os cuidados do paciente. Mas o país está atrasado quando a gente fala em incorporação tecnológica e uso de alta tecnologia. Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica).

LGPD

Em 2020, precisamos falar abertamente em inserção de novas tecnologias, com o máximo de transparência. Este, em nosso entendimento, é o principal assunto. O governo precisa esclarecer melhor o que quer fazer na saúde e de que forma. Ser mais transparente em suas possíveis ações para que haja previsibilidade e planejamento. Outro assunto é a Lei Geral de Proteção de Dados, sobre a qual nada está claro ainda. Há certa dificuldade de entendimento no setor, uma vez que, além da LGPD, há legislações sanitárias que também lidam com dados dos pacientes e tudo isso precisa ser bem esclarecido. Sérgio Rocha, presidente da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (Abraidi).

SAÚDE 5.0

Acredito que a Saúde no Brasil tem evoluído muito nos últimos anos com a chegada de novas tecnologias, como soluções paperless, telemedicina, inteligência artificial, IoTs, wearables e a própria medicina de precisão, que possibilita tratar o paciente de modo personalizado através de estudo genômico. Um dos desafios já em discussão da Saúde 5.0 é manter o paciente como o foco principal do processo contando com a otimização no atendimento e tratamento por meio da automação desta jornada, mas ainda assim, proporcionando um cuidado humanizado. Andréa Rangel, CEO da Associação Brasileira CIO Saúde (ABCIS).

ATENÇÃO PRIMÁRIA

Muitos não entenderam quando começamos dizendo que iríamos reorganizar o sistema partindo da atenção primária. No ato mais primário da atenção [a vacinação], vimos que os índices caíram. Então iniciamos um movimento para recuperar um dos orgulhos do SUS: o programa nacional de imunização. Já o Médicos pelo Brasil é um programa em que os critérios não serão mais políticos. Uma série de indicadores apontarão quais unidades e cidades precisam de profissionais. Vamos colocar médico contratado, com carteira assinada, ganhando bem, capacitado em atenção primária. Luiz H. Mandetta, ministro da Saúde, em entrevista para a imprensa no final de 2019.

SUSTENTABILIDADE DO SISTEMA

Uma das maiores expectativas do setor para este ano é a retomada no crescimento da economia. Acreditamos que os impactos serão positivos para a Saúde no que diz respeito à geração de empregos e ao aumento de beneficiários dos planos de saúde, o que reflete em um maior acesso à saúde privada. Já um dos grandes desafios é a busca pela redução de custos e maior sustentabilidade do sistema. Muitos investimentos estão sendo feitos por nossos hospitais, como modernização de sistemas, melhoria de processos, uso de big data, inteligência artificial, entre outros. Marco Aurélio Ferreira, diretor-executivo da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp).

EXPECTATIVA DA SOCIEDADE

Dentre os principais desafios estão as definições de melhores políticas públicas, que sejam capazes de atender os direitos e as expectativas da sociedade e o equilíbrio financeiro do setor para que sejamos capazes de manter e melhorar a estrutura e também adquirir novas tecnologias. Quanto aos assuntos mais abordados neste ano, estão o desenvolvimento e a aquisição de novas drogas; a ampliação do controle e da rastreabilidade dos medicamentos; e a aquisição de novas tecnologias para o tratamento de doenças. Paulo Cesar Maia, presidente-executivo da Associação Brasileira dos Distribuidores de Medicamentos Especializados, Excepcionais e Hospitalares (Abradimex).

TEMPO DE RECUPERAÇÃO

As perspectivas são boas. Vivemos um período consistente de recuperação econômica, tendo no ano de 2019 PIB positivo e com previsões melhores para 2020. Com a economia aquecida, a expectativa é que a geração de emprego ganhe fôlego e isso reflita também no número de vidas na saúde suplementar. Outro cenário de grandes perspectivas é o de fusões e aquisições, que a cada ano ganha destaque. Apenas no ano passado foram registradas 80 operações do ramo no setor Saúde, melhor ano desde 2000, com um número 50% maior que no ano anterior. Breno de Figueiredo Monteiro, Presidente da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde) e da Federação Nacional dos Estabelecimentos de Serviços de Saúde (Fenaess).

MELHOR CUSTO BENEFÍCIO

A perspectiva é dar prosseguimento ao engajamento das entidades de ensino no projeto de integridade na formação dos profissionais de saúde e médicos. Existem desafios no setor, como a escassez de recursos, seja no público ou privado, obrigando a melhoria da gestão através da formação e informação dos gestores em todos os níveis, por meio da digitalização dos processos – de forma confiável -, visando o melhor custo benefício. Outros temas que tendem a ganhar destaque são Telemedicina, LGPD e o cadastro único de pacientes, o qual, na minha avalição, é o grande passo inicial para toda essa revolução. Gláucio Pegurin Libório, presidente do Conselho de Administração do Instituto Ética Saúde.

CAPACITAÇÃO FREQUENTE

Diante das mudanças que a Saúde apresenta ao longo dos anos, com o turbilhão de novas tecnologias, modelos de atendimento e regulações, é necessário que gestores setor estejam sempre engajados com melhores práticas e procurem atualizações constantes. Não basta ter ciência de que transformações existem, é preciso capacitar-se para lidar com elas e estar preparado para resolvê-las. Nós, gestores, não devemos nos acomodar. É preciso ter como hábito o estudo e a capacitação frequentes. É desta maneira que alcançamos o modelo de saúde que esperamos. Líderes bem formados e organizados podem transformar o mercado de Saúde. Francisco Balestrin, presidente do Colégio Brasileiro de Executivos da Saúde (CBEXS).

ROTA DA PRODUTIVIDADE

A perspectiva é sempre positiva. Com as movimentações políticas que levam à aprovação de importantes reformas para a transformação do atual cenário econômico do país, a indústria tende a ganhar. Acreditamos que somente as reformas poderão nos colocar novamente na rota da produtividade. É o caminho para aumentarmos a nossa competitividade dentro e fora do país. Do lado de cá, seguimos batalhando por uma indústria inovadora, em parceria com universidades e institutos de pesquisa, a fim de desenvolver soluções disruptivas capazes de atender às demandas de um país em desenvolvimento e que está em processo de envelhecimento. Franco Pallamolla, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos e Odontológicos (ABIMO).

QUALIDADE DE VIDA

Embora existam motivos para preocupações, a indústria farmacêutica tem sido otimista com o futuro imediato do País. Quanto à ciência, tem caminhado cada vez mais para tratamentos personalizados e complexos, como as terapias gênicas e novos tratamentos biológicos. Ao observar essas abordagens, precisamos levar em conta não apenas a sobrevida do paciente, mas também a qualidade de vida, com controle de sintomas e resgate da autonomia. O papel do setor produtivo é participar da discussão com o governo e as agências reguladoras, para que as novas tecnologias possam ser trazidas ao Brasil de maneira segura para o paciente. Elizabeth de Carvalhaes, presidente-executiva da Interfarma.

ATENÇÃO AO PACIENTE

Com a tecnologia cada dia mais presente em nossas vidas, a expectativa é que possamos estar preparados para atender nossos pacientes da melhor forma, com agilidade e precisão das informações. Assim, temas como Internet das Coisas e Transformação Digital, devem ser olhados com muita atenção pelos Gestores da Saúde. Mesmo com toda tecnologia a nosso favor, não podemos deixar de lado itens como Atenção ao Paciente e tudo que o cerca. Em 2020 temos que observar e dar atenção para temas como Maturidade de Gestão; Projetos de Longevidade; e Neuroética. Marcio Moreira, presidente da Federação Brasileira de Administradores Hospitalares (FBAH).

QUALIFICAÇÃO HUMANA

Depois de muitas perdas de leitos e fechamento de hospitais, desejamos e seguimos confiantes com o crescimento da economia, o desenvolvimento da saúde, mas, também, da educação, pois, para se ter um setor de qualidade, a qualificação é o principal instrumento de avanço e evolução. Acredito que estamos no momento de investir na qualificação humana. Não há dúvidas de que a tecnologia continuará evoluindo e se inovando. O que precisamos é de cuidar da formação dos profissionais. Acredito que 2020 será o ano da consolidação de tecnologias digitais, não apenas como ferramentas de gestão, mas também de assistência, a exemplo da telemedicina e da tecnologia 3D. Adelvânio Francisco Morato, presidente da Federação Brasileira de Hospitais (FBH).

DEMANDA PERMANENTE

Os principais desafios da saúde para 2020 são: mudanças nas relações entre pagadores e fornecedores; restrições do orçamento público para o setor da saúde; maior demanda da população em relação à saúde, principalmente pelo envelhecimento populacional; maior demanda por novas tecnologias e novos tratamentos. E três temas tendem a ser bastante abordados neste ano: modelos de pagamento, tabelas SUS e saúde corporativa. Acredito que a saúde tem perdido espaço nas discussões públicas. Nos períodos eleitorais, a Saúde é a demanda número um da população. É preciso que esta demanda seja permanente. Ruy Baumer, diretor titular do Comitê da Cadeia Produtiva da Saúde e Biotecnologia (ComSaude) da Fiesp.

VALOR EM SAÚDE

Precisamos avançar na pauta relativa à melhoria da atenção primária. E temos que encontrar caminhos para melhorar a sustentabilidade financeira do setor de saúde, em função das questões de orçamento público, o aumento das contribuições privadas para os planos de saúde e o impacto do envelhecimento da população nos custos da Saúde. Teremos um aprofundamento não apenas dos debates, como também das experiências práticas na implantação de modelos de gestão relacionados a oferecer valor em Saúde. Já no setor de dispositivos médicos, vamos continuar observando o rápido avanço da tecnologia. Fernando Silveira Filho, presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed).

A saúde do Brasil

*Matéria da Revista Forbes ed 68

Quando alguém faz um exame de sangue, compra um remédio ou é atendido em um hospital, aciona uma das muitas engrenagens que movimentam um setor extremamente complexo e que tem papel fundamental na economia do país.

A saúde privada no Brasil reúne principalmente hospitais e clínicas, serviços de diagnósticos – como laboratórios de análises clínicas e de imagem -, farmácias e fabricantes de medicamentos e de produtos médico-hospitalares. Estes incluem desde luvas descartáveis e aventais até aparelhos de ressonância magnética, reagentes para exames de laboratórios e os equipamentos que processam todos esses exames.

Um dos aspectos que mais preocupam os gestores do universo da saúde é encontrar meios para usar os recursos de modo mais eficiente, reduzindo o desperdício de tempo, esforços e dinheiro. Essa busca tem movimentado grandes grupos e tem servido como mola propulsora para a criação de incontáveis healthtechs – startups focadas em saúde, geralmente apoiadas em inovações tecnológicas. O setor também observa atentamente a movimentação da economia de forma mais ampla. “A saúde privada depende diretamente da situação econômica e da geração de empregos para crescer. Quando a economia vai bem, aumenta o acesso aos hospitais, que é feito principalmente por usuários de planos de saúde”, explica Ary Ribeiro, ice-presidente do Conselho de Administração da Anahp, entidade de classe que tem 118 associados, entre eles os maiores hospitais do país.

Segundo Ribeiro, em 2018, os hospitais geraram 96 mil empregos, o que representa um crescimento de 81% em relação ao ano anterior. Somente nas atividades de atendimento foram criados 37 mil empregos.

Para a indústria farmacêutica, outro aspecto da economia que pesa na balança é a carga tributária, pois ela tem impacto no acesso da população aos medicamentos. “O desenvolvimento de um produto farmacêutico demora de oito a 12 anos, com investimentos que podem chegar a USS 1,5 bilhão. Em nosso setor, a carga tributária é de 33%, ou seja, de cada RS 100 que custa um produto, RS 33 vão para o governo, quando ele é que deveria fomentar o acesso da população aos medicamentos”, diz Nelson Mus-solini, presidente executivo do Sindicato da Indústria de Produtos Farmacêuticos (Sindusfarma), que representa 370 empresas nacionais e internacionais. Seus associados detêm mais de 95% do mercado de medicamentos do país e geram cerca de 90 mil empregos dire-tos e 500 mil indiretos.

A conjuntura também é motivo de preocupação para Paulo Henrique Fraccaro, superintendente executivo da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (Abimo), que representa 315 empresas de um universo de 600. “Há muito tempo reivindicamos uma política setorial específica para repensar aspectos como tributação, apoio à inovação, fomento e financiamentos, que não existem para a área de equipamentos e produtos descartáveis”, argumenta.

Regulação é um grande desafio para os prestadores de serviços de exames de imagem e análises clínicas, afirma Claudia Cohn, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnostica (Abramed). “As agências reguladoras da saúde e o próprio Ministério deveriam examinar os impactos na saúde privada antes de publicar novas regulamentações”, explica. Não são raros os casos em que normas são modificadas porque causaram um efeito mais negativo do que positivo. Na tentativa de minimizar esse tipo de problema, sociedades de especialidades médicas e entidades de classe, como a Abramed, oferecem seus especialistas para auxiliar na regulamentação.

À parte essas queixas, o setor de medicina diagnostica no país é imenso. Em 2017 foram realizados 2 bilhões de exames de imagem e análises clínicas – 817 milhões deles foram feitos na rede suplementar ou privada. No mesmo ano, o mercado de medicina diagnostica no Brasil gerou receita bruta de RS 35,4 bilhões.

Diretamente ligadas à medicina diagnostica estão 45 empresas associadas da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), que fornecem produtos e equipamentos para laboratórios clínicos. “Nosso principal desafio é oferecer produtos cada vez mais inovadores para diagnóstico”, diz Carlos Eduardo Gouvêa, presidente executivo da CBDL. O setor cresceu 8,8% nos últimos 12 meses em consumo aparente (produção industrial doméstica mais importações menos exportações), chegando a cerca de USS 2 bilhões.

Para as farmácias, o maior desafio, dentro da onda global de priorizar a prevenção de doenças, tem sido melhorar a participação desses estabelecimentos nos cuidados com a saúde dos clientes e ampliar a oferta de serviços. Segundo o presidente da Associação Brasileira de Redes de Farmácias e Drogarias (Abrafarma), Sérgio Mena Barreto, “até 2013, casos simples como gripes ou intoxicação alimentar demandavam atendimento em postos de saúde e hospitais”.

Barreto explica que o orçamento público não consegue arcar sozinho com todos os gastos. É essa lacuna que as farmácias tentam preencher, ao oferecer serviços de revisão de medicamentos, acompanhar o tratamento indicado pelo médico, medir pressão e níveis de colesterol e glicose, além de aplicar vacinas. Esse atendimento é regulamentado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). A Abrafarma reúne 25 grandes redes de farmácias no Brasil que, juntas, geram 129 mil empregos diretos. C) varejo farmacêutico soma 78 mil estabelecimentos e movimenta R$ 100 bilhões.

INOVAÇÃO

Inteligência artificial, machine learning, realidade aumentada… O setor de saúde no Brasil tenta acompanhar o acelerado movimento de transformação tecnológica que permeia produtos e processos ao redor do mundo. Nas páginas a seguir, você conhecerá um pouco da história e das aplicações de avanços como a telemedicina, entre várias outros avanços e novas ferramentas. Outra dessas ferramentas – e que tem se mostrado extremamente útil no universo da medicina – é a realidade virtual (ou realidade aumentada). Equipamentos de realidade virtual permitem a médicos e enfermeiros praticar procedimentos em um ambiente de total imersão.

É o que tem feito desde o ano passado a Johnson & Johnson Medical Devices em suas unidades de São Paulo e Recite. Como o projeto começou dentro da área de ortopedia da empresa, o foco da plataforma, por enquanto, ainda está centrado nessa especialidade. “Fazemos treinamentos para cirurgias de artrosplatia de joelho, em que a articulação é substituída por uma prótese, e de quadril, além de procedimentos em trauma com fratura de quadril e cirurgia ortognática, para os maxilares”, explica Elisabete Murara, diretora sênior de educação para América Latina. Em breve, a empresa iniciará treinamentos em cirurgia geral.

NA PRÁTICA

Um caso real ilustra esse cenário de inovação aplicada. Preocupada com os problemas de fala da filha Sofia, que nasceu com síndrome de Down e aos 3 anos ainda apresentava dificuldades, a cientista de computação Marinalva Soares procurou ajuda da amiga e pesquisadora Alessandra Macedo na USP de Ribeirão Preto. Depois de muita pesquisa, nasceu o aplicativo SofiaFala, que usa inteligência artificial para interpretar e avaliar a qualidade da fala de crianças com Down. O programa capta o som emitido e, por uma interface que incentiva a criança a participar, como se fosse uni jogo, ajuda-a a pronunciar corretamente as palavras. Ao mesmo tempo, envia as informações ao fonoaudiólogo para que ele possa acompanhar a evolução do aprendizado.

O app recebeu financiamento do CNPq e começou a ser desenvolvido em 2016. O trabalho reuniu uma equipe multidisciplinar da universidade, formada por profissionais de áreas de ciência da computação, fonoaudiologia, engenharia e psicologia. Foi lançado este ano.

A SAÚDE DO C-LEVEL EM PERIGO

Pressão por resultados e hábitos ruins aumentam riscos de AVC e infarto em executivos – e executivas

Se, como dizia o filósofo Jean-Jacques Rousseau, o homem é produto do meio, o ambiente em que o brasileiro vive está bastante nocivo. É o que se deduz dos resultados de milhares de check-ups realizados pela clínica Med-Rio Check-up, especializada em executivos e profissionais liberais.

“Temos visto, por exemplo, um aumento de casos de depressão. Eles passaram de 8% para 11% do total de 2017 para 2018”, ilustrou o médico especializado em medicina preventiva e CEO da clínica, Gilberto Ururahy. Ele cita ainda o aumento de casos de estresse, excesso de peso, sedentarismo, insónia (Ognomy), hipercolesterolemia, hipertensão e diabetes nos mais de 10 mil exames realizados anualmente.

As incertezas da economia e o acúmulo de tarefas, de responsabilidades e de metas agressivas – além da sensação de responsabilidade sobre o destino dos colaboradores e de suas famílias – ajudam a desarmar as defesas do organismo dos profissionais no alto da pirâmide. As portas se abrem perigosamente para problemas graves – como AVC e infarto do miocárdio, além da já citada depressão.

De modo geral, há carência de levantamentos sobre a saúde do brasileiro, incluindo as principais causas de morte no país. Por isso, levantamentos como o da Med-Rio servem como baliza para enxergar o cenário e traçar ações preventivas. “Além de aspectos físicos, fazemos várias avaliações no campo emocional: estresse, ansiedade e depressão. No âmbito cardiológico, constatamos que 22% da população examinada é hipertensa; 50% têm alta taxa de colesterol ruim (LDL); e a insónia aumentou de 18% para 25% do universo pesquisado de 2017 para 2018”, diz o CEO da clínica – que já realizou cerca de 140 mil check-ups desde o início das atividades.

SEXO MAIS FRÁGIL

Em 1990, quando a empresa começou a operar, apenas 10% do público era do sexo feminino. Hoje representa 40%, em razão da maior inserção da mulher no mercado de trabalho e da adoção de hábitos que até então eram mais característicos do sexo masculino, como fumar e beber.

“Em 1990, de cada nove infartos, um acontecia em mulher. Hoje, a cada três, um é no sexo feminino”, alerta Ururahy, ao lembrar da jornada dupla ou até tripla das mulheres. “Infartos e AVCs já matam duas vezes mais mulheres do que os tipos de câncer que só acometem o sexo feminino.”

Como melhorar esse quadro? Para o especialista, pela educação e pelo comprometimento – a transformação só pode ocorrer se o indivíduo quiser e agir para isso. A começar pela alimentação: maus hábitos alimentares têm contribuído não só para a epidemia de obesidade como também para o aumento dos casos de esteatose hepática (gordura no fígado) não alcoólica.

Um fator que tem contribuído para a melhora do quadro geral é justamente o avanço dos check-ups, que tempos atrás eram considerados um benefício exclusivo, que a empresa dava a poucos executivos, e hoje se transformou numa ferramenta de segurança empresarial.

O processo de contratação de um C-level custa caro para a empresa. Por isso, é melhor contar com seus altos executivos em plena forma desde o início. “O check-up se incorpora cada vez mais ao mundo empresarial”, destaca o médico – que prevê crescimento anual de até 15% nesses procedimentos para os próximos anos. (CV)

TELEMEDICINA

Novo “conjunto de ferramentas” revoluciona o setor e deve movimentar R$ 12,2 bilhões

A telemedicina é um conjunto de ferramentas que permitem maior integração no sistema de saúde, como conectar hospitais, médicos e serviços de saúde. A explicação é do cirurgião cardiovascular Edmo Gabriel, que ensina essa disciplina na Faculdade Unilagos, em São José do Rio Preto (SP). Em abril, ela foi tema do Global Summit Telemedicine & Digital Health, em São Paulo. No evento, chegou-se à conclusão de que a telemedicina é um caminho sem volta e que sua tendência é ganhar adesão de todas as especialidades médicas, com uma taxa de crescimento de 20% ao ano – até 2022, deve movimentar R$ 12,2 bilhões.

No início do ano, o Conselho Federal de Medicina (CFM) publicou uma resolução que detalhava os requisitos para telemedicina e temas relacionados, como teleconsulta, telediagnóstico, telecirurgia, teleconferência, teletriagem médica, telemonitoramento, teleorientação e teleconsultoria. O documento foi motivo de polémica. Diante da repercussão, o CFM suspendeu temporariamente sua validade para analisar os pontos que geraram discussão. A atualização de normas que regulem a telemedicina e o que ela compreende já deveria ter acontecido. As regras em vigor são antigas (de 2002) e genéricas. Muita coisa mudou, como mostra uma pesquisa da Associação Paulista de Medicina (APM) divulgada em abril. Segundo o estudo, 82,5% dos médicos paulistas afirmaram que utilizam tecnologias no dia a dia para assistência aos pacientes, entre elas os aplicativos de mensagens. Quase 85% dos entrevistados defenderam que as informações de saúde dos pacientes estejam disponíveis em nuvem, com proteção dos dados mas com acesso permitido aos médicos. A maioria dos entrevistados também disse acreditar que esse compartilhamento beneficia profissionais, pacientes e o sistema de saúde. Em São Paulo, o Hospital Albert Einstein usa a telemedicina síncrona, que conecta médicos e pacientes em videoconferências. Outros recursos incluem reuniões virtuais, em que médicos discutem casos, e a tele-UTI, em que os especialistas “visitam” os pacientes à distância, acompanhados de um plantonista no local e à beira do leito. Hospitais do Grupo Le-forte, também na capital paulista, usam o recurso no atendimento de emergências em neurologia, como AVCs, crises convulsivas e traumatismos cranianos.

Segundo o médico César Biselli, coordenador de Inovação e Tecnologia do Hospital Sírio-Libanês (SP), a telemedicina representa mudanças “que desafiam os médicos e os conselhos profissionais a se adaptarem de modo a integrar essas soluções em sua rotina, compartilhar decisões com outros profissionais à distância, sem perder a qualidade e a confiabilidade das relações entre profissionais e pacientes”.

O cardiologista Roberto Botelho, membro-fundador da Associação Brasileira de Telemedicina e Telessaúde ao lado de nomes como Adib Jatene, Raul Cutait e Gyorgy Bohm (criador da disciplina de informática médica no Brasil), é um dos pioneiros da prática no país. No início das pesquisas, conheceu um especialista da Nasa que queria levar para a prática clínica o que já fazia com astronautas em órbita: monitorar sinais vitais à distância. “Ele transformava um eletrocardiograma em sinal de modem; o exame era transmitido por telefone fixo e depois decodificado na outra ponta”, lembra.

Botelho e sua equipe aprimoraram a tecnologia da Nasa e a aplicaram na América Latina. Com a ajuda de inteligência artificial e da nuvem de dados, eles ajudam centros que não têm cardiologistas (como inúmeras UPAs pelo Brasil) a fazer diagnósticos de infarto nos pacientes que dão entrada com sintomas característicos, como dores no peito. O paciente é imediatamente submetido a um eletrocardiograma; os dados são enviados para uma central remota que, em três minutos, devolve o diagnóstico, indica os procedimentos e faz os encaminhamentos necessários, além de alertar os hospitais especializados envolvidos no programa para a chegada iminente de um infartado. Em quatro anos, o programa atendeu 800 mil pessoas com sintomas suspeitos e diagnosticou 8 mil infartos. “Reduzimos a mortalidade em 50%”, comemora Botelho. Os custos também caíram pela metade – estudos indicam que o Brasil gasta anualmente R$ 22 bilhões com essa doença. “O próximo passo da telemedicina é chegar ao cidadão onde ele estiver, via celular e smartwatches, por exemplo. Basta a regulamentação sair para isso se tornar realidade.” (RD)

DOENÇAS CRÔNICAS

Incidência cresce entre jovens e crianças; recursos tecnológicos permitem diagnóstico precoce

Um fenômeno que vem se tornando preocupante-mente comum é a incidência cada vez maior de doenças crónicas em adultos jovens, crianças e adolescentes. Segundo o cardiologista e clínico geral Marcelo Sampaio, há algumas décadas eram muito raros os casos de infarto em pessoas com menos de 35 anos. A situação mudou. O médico diz que vê pacientes ainda na adolescência, dos 13 aos 17 anos, infartando. Para ele, parte desse problema é resultado de nosso estilo de vida atual, em que as pessoas estão sujeitas aos chamados fatores de risco, como fumo, álcool, uso de drogas, obesidade, sedentarismo e elevados níveis de estresse.

As principais doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) que afetam a população brasileira são as cardiovasculares, como hipertensão arterial, doença arterial coronariana – que pode provocar infarto agudo do miocárdio -, insuficiência cardíaca congestiva, acidente vascular cerebral (AVC), doenças respiratórias crónicas, diabetes e tumores. Estes, em alguns casos, já podem ser considerados crónicos graças aos recursos tecnológicos, que permitem um diagnóstico precoce, e aos novos medicamentos.

A hipertensão arterial é uma doença silenciosa, não apresenta sintomas visíveis. De acordo com Sampaio, um em cada cinco brasileiros é hipertenso. “A pessoa pode passar muitos anos sem saber que sofre de hipertensão arterial, sem fazer exames nem se tratar. Quando descobre, já está com os rins prejudicados – a lesão renal é uma das consequências dos níveis elevados de pressão”, alerta o cardiologista, que é coordenador do pronto atendimento da Beneficência Portuguesa de São Paulo. (RD)

DIABETES

A doença vem crescendo de forma alarmante e já pode ser considerada um problema de saúde pública – afeta de 8% a 9% da população brasileira. As duas formas da doença são o tipo 1 – conhecido com diabetes infanto-juvenil – e o tipo 2, que afeta adultos. Este é provocado em grande parte pela obesidade e sedentarismo, sendo um fator de risco para infarto e AVC. “O diabetes tipo 2 é outra doença silenciosa, porque os níveis elevados de açúcar não provocam nenhum sinal nem sintoma no início, mas ao longo dos anos isso vai afetar diversos órgãos. Às vezes, o primeiro sinal de diabetes pode ser um derrame”, explica Sampaio.

PREVENIR E CONTROLAR

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças crónicas não transmissíveis (DCNT) são responsáveis por 71% das mortes no mundo. No Brasil, de acordo com o Ministério da Saúde, a proporção é ainda maior: 74%. Apesar desses altíssimos índices, a maioria dessas doenças pode ser prevenida ou controlada, o que permite manter boa qualidade de vida.

INFLUÊNCIA GENÉTICA

As doenças crónicas são resultado de uma interação entre a carga genética do indivíduo e fatores ambientais, ou fatores de risco – fumo, alcoolismo, obesidade, sedentarismo, alimentação inadequada, estresse. A carga genética pode ser herdada, mas também pode decorrer de mutações ou alterações nos genes. Daí a importância de manter hábitos saudáveis e fazer exames regulares para medir a pressão, o colesterol e a glicose e controlar o peso. “No Brasil é comum a pessoa ir ao médico somente quando sente alguma coisa”, diz Sampaio. “É preciso mudar essa cultura e fazer avaliações regulares para se conhecer por dentro, sentindo-se bem ou não”, diz Sampaio.

COMBATE AO CÂNCER

Biópsia líquida detecta células ou fragmentos de DNA de tumores que circulam no sangue, na urina ou na saliva

Novas técnicas que analisam mutações nos genes dos tumores têm permitido aos médicos obter diagnósticos mais precoces e precisos e, assim, direcionar melhor o tratamento. “Nas últimas décadas, o conceito de medicina personalizada vem ganhando cada vez mais força na oncologia, e os testes moleculares são ferramentas para essa prática”, explica a oncologista clínica Marcela Grosara, coordenadora médica do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.

Alterações ou mutações anormais no DNA de um gene podem levar ao surgimento de um tumor. A análise das células em nível molecular permite identificar a mutação do gene, mapear alterações individuais daquele tipo de câncer e, até mesmo, determinar qual é a medicação mais adequada, o que aumenta as chances de o tratamento ser bem-sucedido, ao mesmo tempo que evita o uso de terapias desnecessárias ou que não seriam benéficas ao paciente, segundo Grosara.

Uma técnica empregada recentemente é a biópsia líquida, que detecta células ou fragmentos de DNA de tumores que circulam no sangue, na urina ou na saliva. Ela tem sido aplicada para rastreamento precoce de câncer, de modo menos invasivo, para estudar as características moleculares do tumor e avaliar a resposta ao tratamento.

No entanto, de acordo com o oncologista Fernando Santini, médico titular do Centro de Oncologia do Sírio-Libanês, o uso da biópsia líquida ainda não é tão amplo porque sua indicação é mais comprovada para tumor de pulmão, tanto para o diagnóstico inicial quanto para a detecção de resistência ao primeiro tratamento.

“Para diagnosticar o tumor de um modo geral, ainda precisamos retirar e analisar uma amostra do tecido desse tumor para saber seu ’nome’ e ’sobrenome’, isto é, se é um adenocarcinoma, um tumor escamoso ou outro tipo”, esclarece Santini, que também é médico titular do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo.

Ele explica que a biópsia de tecidos também utiliza métodos de análise molecular e, dependendo do tipo de câncer, é realizada por meios relativamente simples. “Para um tumor de pulmão, por exemplo, é feito um procedimento minimamente invasivo, em que se introduz uma agulha que é guiada

pela tomografia para coletar uma amostra do tecido. Da mesma forma isso é feito para o fígado”, diz o oncologista. Caso o material retirado não seja suficiente para fazer a pesquisa molecular, então pode ser usada a biópsia líquida. (RD)

VIDA MAIS SAUDÁVEL

Estudo feito em conjunto pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) e pela Universidade de Harvard (EUA), publicado em abril na revista científica Câncer Epidemiology, concluiu que adoção de hábitos de vida saudáveis poderia evitar 63 mil mortes por ano no Brasil devido ao câncer, O trabalho utilizou dados da OMS e de instituições brasileiras de pesquisas. Os resultados mostram que tabagismo, álcool, sedentarismo, obesidade e consumo de alimentos muito industrializados estão relacionados a 20 tipos de câncer. Hábitos saudáveis ajudariam a evitar 114 mil novos casos a cada ano.

DOENÇAS INFECTOCONTAGIOSAS

Democráticas, elas afetam todas as classes socioeconômicas; laboratórios brasileiros usam técnicas de Primeiro Mundo

Ele mede apenas l centímetro de comprimento, tem o corpo facilmente identificado por listras e se tornou o grande vilão dos centros urbanos. É o famosíssimo Aedes aegypti, mosquito transmissor das principais doenças infectocontagiosas que afetam a população brasileira, classificadas como arboviroses -dengue, chikungunya, zika e, mais recentemente, febre amarela, depois que esta deixou de ser uma doença exclusiva das matas e se disseminou por capitais, inclusive na populosa e urbanizada região Sudeste.

Segundo o infectologista Alberto Chebabo, do laboratório Alta Diagnósticos, teoricamente as arboviroses são mais frequentes em áreas de baixa renda, em locais que geralmente favorecem a proliferação do mosquito. “Mas como há cidades em que populações de diferentes classes socioeconômicas vivem muito próximas, no mesmo bairro ou até na mesma rua, a doença afeta todo mundo”, diz. Nessas condições, o mosquito não escolhe suas vítimas para a próxima refeição. As arboviroses se tornaram um problema de saúde pública também em países desenvolvidos da Europa e nos EUA. (RD)

FÍGADO NA MIRA

Hepatite é uma doença que provoca a inflamação do fígado e pode ser causada pelo uso de alguns remédios, por alcoolismo, por outras doenças e também por vírus. As virais são classificadas pelas letras A, B, C, D e E. No Brasil, mais de 70% das mortes por hepatites virais são consequência da C, seguida da B (21,8%) e da A (1,7%). A D é mais frequente na região Norte. Muitos têm o vírus da B ou da C e não sabem. Assim como as arboviroses, elas também não escolhem suas vítimas. Em maio, um campus da UniRio foi interditado após diversos casos de hepatite A. A vigilância sanitária concluiu que as cisternas da universidade foram contaminadas durante os temporais que alagaram o Rio de Janeiro em abril.

PRINCIPAIS SINTOMAS

As arboviroses apresentam sintomas muito parecidos e incluem febre, mal-estar, dor de cabeça, nas articulações, nas costas ou em todo o corpo, manchas vermelhas e erupções na pele, além de náuseas, vómitos, fadiga e fraqueza. O paciente com hepatite pode sentir cansaço, febre, mal-estar, tontura, náuseas, vómitos, dor abdominal, pele e olhos amarelados, urina escura e fezes claras.

DIAGNOSTICO AVANÇADO

Muitos laboratórios clínicos brasileiros já utilizam técnicas avançadas, como os métodos moleculares de diagnóstico, que permitem detectar a doença com mais rapidez e precisão. “Temos na rede privada uma estrutura para diagnóstico ’up to date’ muito semelhante à que se encontra nos países desenvolvidos”, diz Chebabo. Arboviroses e hepatites virais fazem parte da lista de doenças de notificação compulsória do Ministério da Saúde. Sempre que diagnosticarem um caso, médicos e serviços de saúde públicos e privados devem obrigatoriamente informar as autoridades. Os dados são importantes para determinar ações de combate a essas doenças.

DORES CRÓNICAS

Mal afeta mais mulheres que homens; um único remédio rende quase R$ 500 milhões às farmácias

Pesquisa da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED) entrevistou recentemente 990 pessoas, entre homens e mulheres. Do total, 42% das pessoas ouvidas relataram sentir algum tipo de dor, enquanto 37% responderam que vivem com dor há mais de seis meses. Outro dado obtido no levantamento: as mulheres são mais afetadas (56%) do que os homens (44%). As dores mais comuns são as lombares, nas articulações, no rosto, na boca, pescoço e cabeça. Tem crescido também o diagnóstico de fïbromialgia.

Para alívio do incómodo, de forma geral os médicos indicam exercícios físicos, correção postural, reeducação alimentar, vacinação (como contra herpes-zóster) e controle de diabetes e hipertensão.

“A dor constante e persistente pode causar depressão e ansiedade e interferir em quase todas as atividades. Os pa-

cientes podem se tornar inativos, socialmente afastados e preocupados com sua saúde física”, explica o reumatolo-gista Dante Bianchi, do Hospital Copa D’Or, do Rio de Janeiro. A condição pode ainda prejudicar o sono, provocar irritabilidade, perda de interesse sexual, abuso de álcool e drogas e até mesmo levar a pensamentos suicidas.

“Por isso, a intervenção e seu tratamento são fundamentais”, alerta o anestesiologista Fábio Curtis, do Departamento de Anestesiologia e Dor da Faculdade Unilagos de São José do Rio Preto (SP). Ele explica que existem várias causas para a dor crónica, como artrite, lombalgia (costas), cefaleia (cabeça), lesão de um nervo, câncer, refluxo gastro–esofágico, fïbromialgia, endometriose e cirurgia. O importante, segundo os especialistas, é procurar um médico e não aceitar “diagnósticos” ou sugestões de tratamento de parentes ou amigos, tampouco se automedicar. (RD)

FÏBROMIALGIA

Em muitos casos, o médico chega ao diagnóstico de fibromialgia depois de realizar exame físico específico, de laboratório e de imagem e descartar outras doenças com sintomas parecidos. Ela não tem cura, suas causas são desconhecidas e afeta mais as mulheres, principalmente entre 25 e 65 anos. “Como a dor não tem uma origem definida, nem sempre analgésicos e anti-inflamatórios ajudam. Em muitos casos, os medicamentos que surtem algum efeito são os da classe dos antidepressivos, neuromodu-ladores e relaxantes musculares”, diz Bianchi. Há casos em que a dor diminui e quase desaparece, mas depois volta sem motivo aparente. Em maio foi anunciado um novo método para alívio do problema: um aparelho que une laser e ultrassom (foto) desenvolvido pelo Instituto de Física de São Carlos, da USP. Aplicado na mão do paciente por três minutos, diminuiu os sintomas em 90% deles após dez sessões.

NOVOS TRATAMENTOS

A chamada “indústria da dor” movimenta desde terapias alternativas (como homeopatia, florais, acupuntura, hipnoterapia, hidroterapia, ayurveda e medicamentos à base de Cannabis) até o remédio convencional mais consumido pêlos brasileiros – o Dorflex (da Sano-fi), que rende anualmente R$ 470 milhões às farmácias. “Hoje há centros especializados no tratamento da dor crónica, com abordagem multidisciplinar e profissionais habituados a esse tipo de atendimento, como anestesiologistas, neurologistas, reumatologistas, fisiote-rapeutas, psicólogos, psiquiatras e terapeutas ocupacionais”, afirma Fábio Curtis. Uma das novidades é a medicina regenerativa, que usa células-tronco retiradas do próprio paciente.

FONTE: Revista Forbes

FILIS 2019 recebe secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde

16 de Setembro de 2020

A participação de Francisco de Assis Figueiredo, secretário de Atenção Especializada à Saúde do Ministério da Saúde, na abertura do 4° FILIS – Fórum Internacional de Lideranças da Saúde, no dia 30 de agosto, em São Paulo, foi destaque em matéria do site do Jornal Valor Econômico. Presente no evento, a jornalista Beth Koike salientou o discurso do secretário, exaltando a importância da união dos setores público e privado. A matéria, para assinantes e cadastrados, está disponível em: https://mla.bs/871f2829

Claudia Cohn participa do Programa Veja Saúde

19 de Agosto de 2019

Nossa presidente do Conselho de Administração, Claudia Cohn, participou do Programa Veja Saúde, que foi ao ar no dia 14 de agosto. Em entrevista para Natália Cuminale, jornalista especializada em saúde da Revista Veja, Claudia esclareceu sobre o uso racional de exames e falou da importância da medicina diagnóstica na prevenção da saúde. Assista em https://mla.bs/5b14c5e0

Matéria do Jornal DCI traz dados do Painel Abramed 2019

31 de Julho de 2019

Dados do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico de 2019 foram utilizados em matéria do Jornal DCI que abordou a segmentação no atendimento ao público feminino como oportunidade para o setor de medicina diagnóstica. De acordo com nosso último balanço, dos 27 milhões de pacientes registrados em exames no ano de 2017, cerca de 67% eram mulheres.

Leia a matéria em: https://mla.bs/0a99d74b

Abramed em matéria especial da Revista Setorial Saúde do Jornal Valor Econômico

28 de junho de 2019

O setor de medicina diagnóstica foi destaque mais uma vez na Revista Setorial Saúde do Jornal Valor Econômico. Nossos dados do Painel Abramed 2019 – O DNA do Diagnóstico foram importantes para a construção da pauta, que conta ainda com a participação de associados.

Acesse a publicação em https://mla.bs/848ebf65 (apenas para assinantes do Valor).

O Globo comenta sobre a participação da Abramed no 8º Conahp

27 de Novembro de 2018

O jornal O Globo destacou participação da Abramed no 8º Conahp, e ressaltou a afirmação de Claudia Cohn, presidente do Conselho, a respeito das informações da pesquisa realizada pela Anahp, que convidam prestadores de serviço, operadora e população a ampliar a discussão a partir de dados.

“A prevenção é um recurso intangível. Já a incorporação tecnológica tem que ser usada de forma correta, para evitar custos. Temos que buscar a eficiência”, comenta.

Artigo sobre LGPD é destaque no jornal Valor Ecônimico

25 de Outubro de 2018

A Lei Geral de Proteção de Dados, sancionada em agosto deste ano e a primeira legislação específica sobre o tema no Brasil, é retratada em artigo assinado por Rogéria Leoni Cruz, coordenadora do Grupo de Trabalho de Proteção de Dados da Abramed e diretora jurídica do Albert Einstein, publicado pelo Valor Econômico, dia 20/10. Rogéria levanta questionamentos do setor da Saúde acerca da aplicação da Lei, por esta ser uma das áreas que mais se vale de dados pessoais para o oferecimento de melhores serviços e assertividade em tratamentos. Leia a íntegra: https://goo.gl/2c6gKk

Claudia Cohn fala para a Coluna Mercado Aberto da Folha de S. Paulo

11 de Outubro de 2018

Nossa presidente do Conselho de Administração, Claudia Cohn, em entrevista à coluna Mercado Aberto, da Folha de S.Paulo, fala sobre as demandas do setor de Medicina Diagnóstica aos presidenciáveis. “Para que a revisão dos regulamentos siga critérios técnicos, precisamos de profissionais competentes nesses órgãos”, afirma.