Tobias Zobel apresenta inovações que impactam no Valor em Saúde

Palestrante confirmado para o FILIS 2023, o diretor do D.Hip e embaixador do Medical Valley falará sobre gêmeos digitais e estará disponível para parcerias 

Um dos principais clusters nas áreas de engenharia biomédica e saúde digital do mundo quer estreitar relações com o Brasil. Tobias Zobel, diretor do Digital Health Innovation Platform (D.Hip) e embaixador do Medical Valley, estará no país como palestrante do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), que será realizado pela Abramed no dia 31 de agosto, em São Paulo.

Formado por mais de 500 empresas parceiras, o Medical Valley é um top cluster de saúde focado em inovação e colaboração, localizado em Erlangen, Alemanha. “Um cluster não é só um líder; nós também oferecemos serviços, como treinamento e educação, para capacitar nossos parceiros a melhor se posicionarem no mercado e aprimorarem suas habilidades inovadoras”, conta Zobel.

O Medical Valley é um modelo de sucesso, contando com uma ampla infraestrutura que inclui diversos hospitais, institutos de pesquisa e universidades. Essa colaboração é vital para impulsionar a inovação tanto na indústria quanto nos hospitais. O cluster não apenas busca o desenvolvimento tecnológico, mas também contribui para moldar políticas públicas, fazendo recomendações ao governo alemão que possam facilitar diagnósticos e terapias avançadas. “Para nossos parceiros, criamos modelos de business de acordo com as novas leis”, conta.

Além da Alemanha, o Medical Valley tem forte presença na China e nos Estados Unidos. No entanto, as mudanças nas leis e no cenário de desenvolvimento de produtos durante a pandemia levaram o cluster a enfocar parcerias dentro da Europa, com Suíça, Espanha, Portugal, Dinamarca e Itália. “A parceria com o Brasil é uma grande oportunidade para nós também”, disse.

Falando em Brasil, Zobel admite que os últimos dois anos foram desafiadores devido à pandemia. No entanto, ele expressa otimismo quanto ao futuro: “Estamos ansiosos para retomar nossas parcerias e colaborações no país. Nosso objetivo não é apenas promover intercâmbio científico, através de workshops, mas também garantir que as empresas alemãs do Medical Valley se beneficiem dessas relações, assim como as brasileiras, permitindo acesso a ambos os mercados”.

Zobel destaca parcerias já em andamento com instituições brasileiras, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o Hospital das Clínicas de São Paulo, para desenvolver novos algoritmos na área de imagens e tratamento de dados. Além disso, está iniciando uma aproximação com a Abramed, para colaboração entre os mercados e compartilhamento de tecnologias.

Sua agenda para o Brasil, durante a estada para o FILIS, consiste em visitas a hospitais, empresas e universidades. “Estou aberto a explorar novas oportunidades, tanto na Europa quanto no Brasil. Se há interesse em colaborar e inovar, estou disposto a discutir como podemos unir forças.”

Algo importante na colaboração entre o Brasil e a Alemanha é atender às rigorosas normas éticas de proteção de dados na Alemanha, o que permite a implantação da solução em qualquer lugar do mundo. “Esse intercâmbio promove um diálogo transcultural rico, que é fundamental para a inovação e soluções médicas eficazes em escala global”, expõe Zobel.

Gêmeo Digital

Em se tratando de novas tecnologias no setor de saúde, Zobel conta que o Instituto D.Hip tem se concentrado na pesquisa e no desenvolvimento de um gêmeo digital de saúde, tema que também será abordado por ele no FILIS. 

Um gêmeo digital é uma representação em tempo real de um paciente específico, incorporando informações médicas, histórico de tratamentos, exames, dados genéticos, estilo de vida e muito mais. Isso permite que os profissionais de saúde tenham uma visão abrangente do estado de saúde do paciente e possam tomar decisões informadas.

Além disso, os gêmeos digitais podem ser usados para simular cenários e procedimentos, permitindo que os médicos testem diferentes abordagens antes de realizar uma intervenção real em um paciente. Isso pode ser útil em situações complexas e de alto risco.

“Criamos um centro de dados clínicos interno em nosso hospital, mantendo assim todas as informações dentro da instituição. Não removemos nenhum dado do hospital, mas integramos os algoritmos para aprimorar a inteligência artificial. Diversos países são relevantes para esses estudos, cada qual com suas particularidades, e também para o constante refinamento dos algoritmos”, explica Zobel.

Há alguns anos, o foco era na obtenção massiva de dados, contudo os pesquisadores perceberam que a qualidade deles e a consistência das fontes são essenciais. A grande quantidade é refinada em fragmentos relevantes para treinar algoritmos. Hoje, o interesse mudou para projetos exploratórios prospectivos, em que pacientes consentem em compartilhar diversos dados, complementando o conhecimento clínico. Isso leva ao aprimoramento do sistema de suporte clínico.

No âmbito da colaboração entre governo, hospitais e indústria, é crucial haver diálogo transparente. O governo pode não compreender totalmente o desenvolvimento desses produtos de dados, então a informação técnica deve ser compartilhada. Questões éticas, como a proteção de dados e a reidentificação de pacientes, são relevantes. 

“Devemos avaliar os riscos em relação aos benefícios, ponderando preocupações legítimas dos pacientes com os resultados positivos para muitas vidas. O desafio é equilibrar esses aspectos ao influenciar regulamentações de proteção de dados eficazes e abrangentes. Isso assegurará uma abordagem equitativa que considere várias perspectivas”, conta Zobel.

Experiência do paciente

Sobre o impacto das tecnologias na experiência dos pacientes, Zobel explica usando o exemplo do gêmeo digital, que possibilita às pessoas ter as informações de sua saúde nas mãos, no próprio celular. Para pacientes com doenças crônicas ou em grupos de risco, por exemplo, isso é especialmente útil.

As pessoas podem ver de que modo suas ações, como exercício e alimentação saudável, impactam diretamente os parâmetros vitais. Isso não apenas educa o paciente, mas também constrói confiança no próprio comportamento e na assistência médica.

Essa abordagem, chamada de “Behavioral Health Care” (Cuidados de Saúde Comportamentais), permite personalizar as recomendações com base nos dados individuais do paciente, ajudando-o a entender seus sintomas e ações específicas necessárias. Isso funciona tanto para pacientes já diagnosticados como para pessoas em busca de prevenção.

Zobel ressalta que essa tecnologia não substitui o papel do médico, mas fornece uma nova opção de melhoria, sugestão e apoio baseados em estatísticas. Os algoritmos permitem uma visão holística e ajudam a encontrar conexões entre sintomas e condições, mas a decisão final continua sendo tomada pelos médicos. “Portanto, embora a inteligência artificial possa ser uma ferramenta poderosa, não substituirá o médico no processo de tomada de decisão clínica”, salienta.

Além da palestra, Zobel também participará do debate “Avanços e efetividade para a Gestão da Saúde”, junto a outros líderes do setor. O FILIS objetiva promover a troca de experiências e a geração de parcerias entre líderes da área, enfocando a gestão e a tecnologia como instrumentos para a melhoria dos cuidados de saúde. Faça já sua inscrição neste link.

Programação do FILIS 2023 inclui debates sobre gestão da Saúde, Integração e tecnologia, além da apresentação de cases nacionais e internacionais

O evento acontece no próximo dia 31 de agosto, em São Paulo, e visa promover o debate e o networking entre profissionais da saúde

A 7ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS) está chegando! O evento, organizado pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), acontecerá no dia 31 de agosto, no Teatro B32, em São Paulo, enfocando a gestão, a integração e a tecnologia como instrumentos para a melhoria dos cuidados de saúde. O “Leaders Connection”, uma novidade desta edição, trará um período de parada na programação, direcionado ao relacionamento e à troca entre os participantes do evento.

A programação iniciará com palestra do Diretor de Desenvolvimento Setorial da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), Maurício Nunes da Silva. Após apresentação, o primeiro debate discutirá o “Valor da Medicina Diagnóstica para integração da Saúde”, moderado por Carlos Figueiredo, CEO do Cura Grupo, com participação de Cesar Nomura, Presidente do Conselho Consultivo da Sociedade Paulista de Radiologia (SPR); Alberto Duarte, Pesquisador e Diretor de Análises Clínicas da Rede D’Or SP; Ademar Paes Jr., Presidente da Associação Catarinense de Medicina (ACM); e Clóvis Klok, Presidente da Sociedade Brasileira de Patologia (SBP).

O “Momento Transformação” é uma das novidades e destaque da programação neste ano, com apresentação de cases de inovação na área da Saúde. Participa do primeiro momento a palestrante internacional Wendi Mader, Vice President Employer da Quest Diagnostics, que abordará gestão e saúde populacional.

Após, haverá uma palestra internacional sobre “Digital Health Twin: Desafios e impactos para a inovação”, com Tobias Zobel, Diretor do Digital Health Innovation Platform (D.Hip) e embaixador do Medical Valley, da Alemanha.

Momento ainda mais especial é a entrega do Prêmio Dr. Luiz Gastão, que está em sua 4ª edição. Trata-se de um reconhecimento da Abramed a profissionais que estimulam o desenvolvimento e a melhoria da saúde brasileira. O vencedor será reconhecido e homenageado durante o evento.

O segundo painel de debates discutirá “Avanços e efetividade para a gestão da Saúde”, com moderação de Claudia Cohn, Diretora-Executiva na Dasa, e participação de Lídia Abdalla, CEO do Grupo Sabin; Paulo Nigro, Diretor-Executivo do Hospital Sírio-Libanês; Alexandre Fioranelli, Diretor da Diretoria de Normas e Habilitação dos Produtos (DIPRO), da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS); e Tobias Zobel.

O Presidente da Roche Diagnostics no Brasil, Carlos Martins, apresentará o segundo case transformação sobre “A integração de dados aumenta a eficiência e melhora os cuidados com os pacientes”.

Com a palestra “Potencializando o uso de dados para a inovação na saúde”, Jacson Barros, Healthcare Business Development Manager da Amazon, antecederá o terceiro e último debate do fórum, sobre “Novas tecnologias e seus impactos na Saúde: o que esperar do futuro?”. Eliezer Silva, Diretor do Sistema de Saúde Einstein, do Hospital Israelita Albert Einstein, será um dos debatedores e também fará o papel de moderador da discussão. Participarão com ele Ana Estela Haddad, Secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde; Jeane Tsutsui, CEO do Grupo Fleury; Gustavo Fernandes, Diretor Geral de Oncologia na Dasa; e Jacson Barros.

O evento terá a participação especial da Secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, com apresentação sobre a “Saúde Digital no Brasil”.

A abertura e o encerramento do FILIS ficarão a cargo de Milva Pagano, Diretora-Executiva, e Wilson Shcolnik, Presidente do Conselho de Administração da Abramed. “Com o evento, a Abramed coloca em pauta assuntos pertinentes a toda a cadeia de saúde, além de ser uma importante plataforma de conexão entre os profissionais e as empresas do setor”, finaliza Milva.

Faça já sua inscrição neste link e não perca este encontro fundamental para promover a integração de todo o ecossistema de saúde.

Abramed participará do 55° CBPC, em setembro

Com estande institucional, a entidade reforça sua atuação no mercado participando do maior Congresso de Medicina Laboratorial da América Latina

A Abramed anuncia sua participação no Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (CBPC), organizado pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica Medicina Laboratorial (SBPC/ML), que acontecerá entre 5 e 8 setembro no Pro Magno Centro de Eventos, em São Paulo. O tema desta edição será o “Papel do laboratório clínico na promoção da saúde”.

A entidade estará presente com um estande institucional nos quatro dias de evento, ressaltando seu papel fundamental para o desenvolvimento e a evolução da Saúde no Brasil, sempre com o compromisso de discutir questões que envolvam a medicina diagnóstica e estabelecer diálogos construtivos sobre o futuro da saúde com os visitantes.

“A participação no CBPC reafirma a importância do relacionamento da Abramed com sociedades médico-científicas, permitindo à entidade interagir diretamente com profissionais da área. Isso reforça nosso compromisso com a excelência e a inovação no campo da medicina diagnóstica, sempre com foco na integração e na sustentabilidade do sistema”, diz Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed.

Realizado pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), o CBPC reúne em média 4,2 mil participantes entre congressistas, visitantes, palestrantes e expositores do Brasil, da América Latina, dos Estados Unidos, da Europa e da Ásia. 

Com mais de 4.000 metros de exposição e mais de 90 expositores, o evento promete quatro dias de imersão, incluindo uma programação científica diversificada, com mais de 100 atividades, que abrangem desde conferências, mesas-redondas, cursos e workshops até encontros com especialistas e apresentações de casos clínicos.

Inscrições para o evento neste link.

Abramed e Anvisa esclarecem pontos sobre realização de exames de análises clínicas em farmácias

Teste de triagem feito nos serviços tipo I não ultrapassa o diagnóstico laboratorial convencional nem o substitui

No dia 1º de agosto último, entrou em vigor a Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) 786/2023, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que permite a realização de exames de análises clínicas, em caráter de triagem, em farmácias e consultórios. O tema tem sido bastante divulgado pela mídia, inclusive a Abramed foi fonte de diversas reportagens

Em nota de esclarecimento, a Anvisa afirma que os testes de triagem feitos nos serviços tipo I não ultrapassam o diagnóstico laboratorial convencional nem o substituem, já que as suas atuações são complementares, com finalidades distintas no atendimento à população.

O laboratório clínico convencional continuará a dominar o processo de diagnóstico no Brasil, como padrão ouro e de referência no atendimento à população. “Por sua vez, os testes rápidos em farmácias constituem uma inovação no que se refere à melhor acessibilidade da população e ao resultado rápido, no contexto de triagem para apoio ao diagnóstico”, complementa a nota.

O patologista clínico Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, reforça que o local mais apropriado para realização de exames ainda é o laboratório clínico, “que possui ambiente controlado, pessoal qualificado e treinado, que utiliza equipamentos precisos para assegurar a confiabilidade dos resultados”.

Segundo a norma da Anvisa, o profissional que vai realizar os exames fora do laboratório clínico precisa ser treinado e estar capacitado para fazer validações e controle de qualidade. “Só assim teremos a certeza de que o teste rápido poderá nos fornecer resultados confiáveis”, acrescenta Shcolnik.

A Agência também salienta que a RDC 786/2023 não traz um rol de testes permitidos em farmácias. Portanto, as listas que estão sendo noticiadas nos veículos de comunicação não foram elaboradas pela entidade, nem por ela validadas.  

Testes rápidos

Segundo Shcolnik, ao contrário do que muitas pessoas pensam, os testes rápidos não representam uma inovação. Eles já existem há décadas e foram projetados para uso em situações em que não seja possível realizar exames por um laboratório clínico, como desastres naturais ou guerras.

“Nós, profissionais de laboratório, conhecemos muito bem os benefícios e os riscos dos testes rápidos. Os benefícios são os resultados obtidos praticamente em minutos, mas o problema é que o funcionamento e o desempenho desses testes variam muito”, ressalta.

O primeiro alerta que ele faz quanto ao assunto é que esses testes são apenas para triagem. “Eles precisam ser confirmados em exames feitos em laboratórios clínicos. E o médico é o profissional mais indicado para solicitar exames e interpretar esses resultados”, salienta Shcolnik.

Convém lembrar que os testes rápidos não são produtos de consumo ou de mera conveniência. Eles podem ser úteis para apoiar os médicos em determinadas situações e devem estar vinculados à estratégia de cuidado em saúde.

Os exames feitos em farmácias não precisam de pedido médico, o que, dentro do contexto do cuidado em saúde, não faz sentido. “Recomendamos que, diante da suspeita de um problema, a população recorra a um médico, para que ele possa coletar a história clínica, realizar o exame físico e só então formular um pedido de exame em laboratório”, acrescenta o patologista clínico.

Na farmácia, o balconista ou mesmo o farmacêutico nem sempre é a pessoa mais apropriada e capacitada para fazer uma avaliação sobre o teste a ser feito. É importante salientar que um diagnóstico errado, baseado em um resultado falso de teste rápido, tem consequências drásticas, colocando em risco a saúde e a segurança dos pacientes. 

Shcolnik também destaca que a comunicação do resultado de alguns exames é obrigatória para possibilitar ao Ministério da Saúde ou às autoridades sanitárias o controle epidemiológico de algumas doenças. “Os laboratórios clínicos já fazem isso há décadas, e agora este é mais um desafio a ser cumprido pelas farmácias.”

Outro ponto a se considerar é o conflito existente. “A farmácia é o local onde se vende medicamento. Uma venda poderá ser induzida com base em resultados de um teste rápido? As autoridades competentes precisam se pronunciar”, alerta.

A RDC 786/2023 substitui a RDC 302/2005 e dispõe sobre os requisitos técnico-sanitários para o funcionamento de laboratórios clínicos, de laboratórios de anatomia patológica e de outros serviços que executam atividades relacionadas a exames de análises clínicas (EACs).Para auxiliar no entendimento da norma, a Anvisa divulgou a primeira edição de um documento com mais de 40 perguntas e respostas, que pode ser acessado aqui.

Número de exames de colesterol realizados na rede privada cresce 7,2%, segundo Abramed

A comparação entre o 1º semestre de 2022 e o de 2023 mostrou aumento de 15 milhões para 16,2 milhões no volume de exames

O número de exames de colesterol total realizados pelos laboratórios e clínicas particulares do Brasil aumentou 7,2% no primeiro semestre de 2023, em comparação com o mesmo período de 2022, registrando um crescimento de 15 milhões para 16,2 milhões. Os dados são da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), cujos associados representam 65% do volume de exames realizados na Saúde Suplementar no país.

De acordo com Alex Galoro, líder do Comitê Técnico de Análises Clínicas da Abramed, esse aumento pode ser creditado a alguns fatores. Entre eles, o término da pandemia de covid-19 e a retomada das atividades, que fizeram as pessoas voltar a buscar cuidados médicos e exames de rotina.

Outro motivo, também relacionado ao contexto da pandemia, é a maior conscientização sobre a importância de cuidar da saúde regularmente, para evitar complicações em algumas enfermidades. “No caso da covid-19, pessoas com doenças crônicas tiveram uma evolução mais desfavorável comparada àquelas que mantinham a saúde bem cuidada e equilibrada”, observa Galoro.

No entanto, ele chama a atenção para a saúde das crianças e jovens adultos. Segundo estudo da Escola de Enfermagem da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), divulgado em abril deste ano, 27,4% das crianças e dos adolescentes estão com colesterol alto e 19,2% apresentam alteração no LDL, conhecido como “colesterol ruim”. Participaram 62.530 voluntários com idade entre 2 e 19 anos, de todas as regiões do país. 

Os dados ressaltam a importância de medidas preventivas e conscientização sobre hábitos saudáveis desde a infância para evitar doenças cardiovasculares precoces. “O exame de colesterol total desempenha um papel fundamental na avaliação do risco cardiovascular. Diversos estudos têm mostrado que, juntamente com a diabetes e o tabagismo, a dislipidemia, que é a alteração no metabolismo lipídico, é um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares”, salienta Galoro.

Vale lembrar que os casos de infartos registrados por mês mais que dobrou nos últimos 15 anos no Brasil, e a média mensal de internações decorrentes subiu quase 160% no mesmo período. Entre jovens de até 30 anos, o crescimento foi 10% acima da média, segundo levantamento do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), com base nos dados do Ministério da Saúde. 

Além disso, as mulheres precisam se atentar também. “É um alerta para toda a população, inclusive para elas, que tinham, pela questão hormonal, uma proteção maior contra alterações cardiovasculares, mas a situação vem mudando”, acrescenta Galoro.

O estudo Global Burden of Diseases (GBD), elaborado por sociedades médicas brasileiras, como a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), revelou que a incidência de infarto em mulheres de 15 a 49 anos no Brasil saltou de 7,1 mil casos para cada 100 mil habitantes em 1990 para 11,6 mil em 2019. Em quase três décadas, o aumento foi de 62%.

Exame de perfil lipídico

O exame de colesterol total, também chamado de painel ou perfil lipídico, mostra os níveis de colesterol e triglicérides na corrente sanguínea. Com base nas informações do exame, os médicos podem avaliar com precisão o risco e até mesmo fornecer uma estimativa das chances de ocorrer um infarto ou derrame nos próximos anos. Dependendo do nível de risco identificado, são orientadas mudanças nos hábitos de vida.

O colesterol tem uma ligação direta com a alimentação, portanto uma dieta adequada, rica em fibras, frutas, verduras e legumes ajuda a reduzir os níveis de “colesterol ruim” (LDL) no organismo. A atividade física regular também contribui para a redução do LDL e dos triglicérides, além de elevar o HDL, o “colesterol bom”.

“Em alguns casos, a utilização de medicamentos pode ser necessária para o controle adequado dos níveis de colesterol no sangue. Embora a maioria das ocorrências esteja relacionada a hábitos de vida e alimentação, é importante ressaltar que algumas pessoas têm predisposição genética ou outras condições metabólicas que também requerem tratamento específico”, acrescenta Galoro.

O Dia Mundial de Combate ao Colesterol (8 de agosto) é uma data de conscientização essencial para abordar a importância da prevenção de doenças cardiovasculares e a necessidade da realização de exames.

Prevenção de Acidentes de Trabalho: profissionais de medicina diagnóstica também estão expostos a riscos

As ações são direcionadas à redução do risco de exposições a agentes químicos, biológicos, físicos e ergonômicos

A celebração do Dia Nacional de Prevenção de Acidentes de Trabalho, em 27 de julho, é uma oportunidade valiosa para lançar luz sobre o tema e estimular a reflexão acerca dessas questões, fortalecendo o compromisso com a segurança em todos os setores, incluindo a medicina diagnóstica.

Assim como em qualquer outro ramo de atividade, os profissionais da área estão expostos a riscos ocupacionais que podem resultar em doenças e acidentes de trabalho. A prevenção envolve uma abordagem multidimensional, que inclui medidas de segurança, monitoramento da saúde, treinamento adequado e atualizações constantes, além de conscientização e adoção de políticas de segurança no local de trabalho.

“As ações são direcionadas à redução do risco de exposições dos profissionais a agentes químicos, biológicos, físicos e ergonômicos”, conta Paulo R. Leal, Coordenador Médico Corporativo do Programa Viver Melhor, do Grupo Fleury, membro do Comitê de RH da Abramed e membro do Comitê Científico da Associação Paulista de Medicina do Trabalho (APMT).

No que diz respeito aos agentes químicos, é importante que os profissionais estejam capacitados e sejam permanentemente treinados para manipular e armazenar substâncias químicas de forma segura, bem como para utilizar equipamentos de proteção individual, como luvas, aventais e óculos de segurança. “Além disso, é necessário estabelecer e divulgar protocolos de higiene e descontaminação, a fim de reduzir o risco à saúde nos casos de exposições acidentais a produtos químicos tóxicos”, explica Leal.

Em relação aos agentes biológicos, frequentemente, os profissionais lidam com amostras de sangue, fluidos corporais e materiais biológicos diversos. Nesse sentido, é fundamental seguir as diretrizes de biossegurança, que incluem a adoção de práticas adequadas de coleta, transporte e descarte de amostras biológicas. O uso de barreiras de proteção, como luvas, máscaras e aventais, é essencial para prevenir a exposição a patógenos.

Leal lembra, também, que os colaboradores devem receber treinamento em ergonomia, uma vez que muitas atividades envolvem movimentos repetitivos, posturas inadequadas e levantamento de peso. “A ergonomia adequadamente aplicada aos ambientes de trabalho auxilia na prevenção de lesões musculoesqueléticas, bem como contribui para promover um ambiente de trabalho mais seguro e saudável”, acrescenta.

A conscientização e a comunicação são aspectos essenciais na prevenção de acidentes. É importante que os profissionais estejam cientes dos perigos existentes, conheçam a dimensão dos riscos associados ao seu trabalho e sejam capazes de relatar condições inseguras ou práticas inadequadas. Ações direcionadas à promoção de uma cultura de segurança, com a participação ativa de todos os colaboradores, podem contribuir significativamente para a redução de acidentes.

Também é preciso atenção aos exames de saúde regulares, incluindo os ocupacionais, para detectar precocemente possíveis problemas. Além disso, como o trabalho pode ser exigente e estressante, é necessário buscar apoio emocional. “É importante, ainda, adotar estratégias de gerenciamento do estresse, como praticar exercícios físicos, relaxamento e cuidar do bem-estar mental”, expõe Leal.

Medicina nuclear

Acidentes envolvendo a radiação utilizada em exames de imagem podem resultar na contaminação de salas, pacientes e trabalhadores. Para preveni-los, é importante tomar algumas atitudes, como minimizar a exposição contínua na sala de exames.

É recomendável estabelecer uma escala de atividades para que os profissionais não fiquem expostos por longos períodos no local. Doses pequenas de fármacos radiológicos ou exposições frequentes devem ser reduzidas para minimizar riscos à saúde. Existem limites de doses individuais aplicados a pessoas expostas que devem ser seguidos.

Outra atitude é restringir o acesso à sala de exames. Apenas as pessoas necessárias devem permanecer no local. Acompanhantes de pacientes, por exemplo, devem aguardar fora da sala durante o procedimento, evitando exposição desnecessária.

“Nos setores de diagnóstico por imagem, especificamente onde existam fontes emissoras de radiação ionizante, como radiografias ou tomografias, as colaboradoras gestantes devem ser afastadas das áreas controladas a partir da suspeita de gestação e, caso confirmada, devem ser direcionadas para atividades somente em áreas livres de radiação”, destaca Leal.

Em termos de infraestrutura, as paredes precisam ser revestidas com chumbo para prevenir contaminações, e deve haver apenas um equipamento de raios X por sala. Portas precisam permanecer fechadas durante os procedimentos, e o símbolo internacional de radiação ionizante deve ser afixado nelas para evitar acesso indevido. Todas essas medidas estão previstas na norma CNEN NN 3.05, sobre requisitos de radioproteção e segurança para serviços de medicina nuclear.

É fundamental que os profissionais recebam treinamentos adequados sobre o uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e as principais medidas de proteção relacionadas à radiologia. Esses treinamentos devem ser realizados no início da atividade profissional e atualizados regularmente. Além disso, materiais educativos podem ser disponibilizados para reforçar a importância do cumprimento dos protocolos de segurança.

A saúde e segurança dos profissionais de medicina diagnóstica são fundamentais para a prestação de um atendimento de qualidade e para evitar riscos ocupacionais. “Ao adotar esses cuidados, os profissionais estão protegendo a própria saúde e contribuindo para um ambiente de trabalho seguro e saudável”, finaliza Leal.

Desafios na saúde suplementar afetam sustentabilidade de toda a cadeia de saúde

É fundamental a utilização responsável dos recursos e a promoção de um diálogo constante entre todos os envolvidos. Tema foi debatido em Reunião Mensal de Associados da Abramed

De 2013 a 2023, o número de beneficiários com idades entre 20 e 39 anos diminuiu 7,6%, enquanto o de pessoas com mais de 60 anos aumentou em 32,6%, segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS). Além disso, tem se tornado cada vez mais comum o reembolso assistido, prática ilegal que leva a operadora de plano de saúde a pagar por procedimentos que, muitas vezes, o beneficiário sequer realizou.

Vale lembrar, ainda, que os resultados das operadoras de saúde de 2022 foram os piores dos últimos 20 anos, de acordo com a ANS. Uma reportagem publicada pelo jornal O Globo mostrou que o prejuízo operacional acumulado em 12 meses foi de R$ 11,5 bilhões. Essa crise na saúde suplementar afeta a sustentabilidade de todo o sistema e precisa ser analisada com a devida atenção. 

“A Abramed tem plena consciência de que suas associadas dependem do setor privado, por isso acompanhamos de maneira muito próxima e consciente todos os movimentos que acontecem e que podem impactar essas empresas”, disse Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, durante a Reunião Mensal de Associado da Abramed (RMA) de junho, realizada em São Paulo.

Para assegurar o equilíbrio econômico e financeiro dos planos de saúde, é fundamental adotar uma abordagem responsável na utilização dos recursos disponíveis, além de promover um diálogo constante entre as operadoras, a ANS, as empresas contratantes, os prestadores de serviços e os representantes dos beneficiários.

“Há muito tempo estamos falando da insustentabilidade do setor e entendemos que os prestadores de saúde precisam se unir para fazer as mudanças. Quando falamos de combate aos desperdícios e às fraudes, precisamos de ações práticas para que o impacto causado nas operadoras não afete toda a cadeia”, comentou Aline Araujo Giovannetti, diretora de negócios na Dasa.

Segundo ela, a fonte pagadora acaba negando alguns atendimentos que não julga pertinentes, sem uma análise profunda, mas é preciso entender que o pedido médico é mandatório. “Não adianta adotar maneiras simplistas de controlar o sinistro e repassar para o prestador uma responsabilidade que não é apenas dele. Precisamos trazer outras ferramentas, estar abertos a novos modelos”, expôs.

A falta de recursos também se reflete no investimento em novas tecnologias. De acordo com Patricia Frossard, country manager Brazil da Philips, não adianta desenvolver um equipamento extremamente tecnológico se ele não for absorvido pelo mercado nas atuais condições. “Por isso, procuramos apoiar o setor oferecendo soluções que ajudem as empresas a passarem pelas dificuldades e se adequarem à nova demanda, como softwares que contribuem para a conectividade, a integração e o aumento da produtividade. Equipamentos voltados para telemedicina e desospitalização também colaboram na redução de custos”, compartilhou a executiva.

O Brasil voltou para o mapa da indústria global da Philips porque a economia está se apresentando melhor que a de outros países. No entanto, é necessário mais, segundo Patricia. “Nossa complexidade tributária precisa ser melhorada. Se a reforma tributária fizer isso sem elevar os custos, conseguiremos aumentar os negócios no Brasil, trazer inovação para o país e oferecer melhores preços.”

Complexo da Saúde 

No âmbito da produção e inovação, o governo federal retomou recentemente as atividades do Complexo Econômico-Industrial da Saúde, que tem medidas para reduzir a dependência do país e assegurar o acesso universal à saúde. A meta do governo federal, segundo a ministra da Saúde, Nísia Trindade, é produzir 70% das necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS) do país em até dez anos.

Segundo Patricia, é importante o retorno desse assunto com a ministra, mas a meta é bastante ambiciosa. “Parte do orçamento da pasta pode ser direcionada para financiar a inovação no Brasil, mas também é importante a participação estrangeira. Não podemos nos fechar para a troca com outros países, porque corremos o risco de ficar de fora do cenário de inovação mundial. No entanto, outros fatores precisam contribuir para isso, ou seja, a reforma tributária e a da previdência, além da desoneração de folha, são agendas que devem caminhar com as demais. Precisamos de um projeto de Estado e não de governo”, disse. 

O retorno a essa pauta reafirma o que o governo federal valoriza: a industrialização e a nacionalização, como apresentou o jornalista Fábio Zambeli, vice-presidente executivo do Ágora, durante a RMA. 

Em abril, o governo federal criou o Grupo Executivo do Complexo Econômico-Industrial da Saúde (Geceis), para promover articulação governamental e formular medidas que fortaleçam a produção e a inovação no país na área da saúde. O Geceis é parte de um programa de investimentos voltados à inovação, tecnologia e desenvolvimento regional no sentido de viabilizar a expansão da produção nacional.

O vice-presidente e ministro do MDIC, Geraldo Alckmin, tem estimulado o desenvolvimento do Complexo da Saúde, como destacou Claudia Cohn, integrante do Conselho de Administração da Abramed. “A tendência agora é uma atuação mais prática a partir da implantação de um cronograma”, disse.

Atualmente, o setor da saúde representa 10% do Produto Interno Bruto, garante a geração de 25 milhões de empregos diretos e indiretos e responde por um terço das pesquisas científicas no país.

Abramed celebra 13 anos valorizando o papel da medicina diagnóstica na cadeia da saúde

O compromisso com a ética e a transparência tem fortalecido sua atuação como protagonista para um setor mais sustentável

Em 14 de julho de 2023, a Abramed completou seu 13º aniversário e reforçou sua missão de promover a sustentabilidade e a integração da cadeia da saúde, comemorando uma série de realizações que vem impactando positivamente não só a área de diagnóstico, mas também todo o setor. Sua criação é resultado de esforços conjuntos de empresas de medicina diagnóstica, que reconheceram a importância de uma ação unificada na defesa de causas comuns.

A associação mantém diálogo aberto com diversos atores do setor, influenciando comportamentos éticos e transparentes, atuando de forma objetiva e imparcial. Entre seus objetivos estão promover o debate, mostrando o valor da medicina diagnóstica, estimular o uso racional de exames e equilibrar o sistema de saúde. Focando na geração de valor, fomenta as melhores práticas por meio de inovação e conhecimento, gestão profissionalizada, aprimoramento do benchmarking, governança, ética e compliance.

“A Abramed defende os interesses do setor de forma abrangente em nível nacional, com uma forte atuação política-regulatória, estando constantemente envolvida em debates e discussões com órgãos reguladores, autoridades governamentais e outras entidades para garantir que as necessidades do setor sejam atendidas”, salienta Milva Pagano, diretora-executiva da entidade.

O relacionamento com entidades setoriais é parte inabalável da agenda da associação. “Atuamos em conjunto tanto com operadoras de planos de saúde, quanto com organizações que congregam outros prestadores de serviços. Isso sem falar do relacionamento com entidades sindicais. Considero essa iniciativa essencial para fortalecer a representatividade da área de saúde frente aos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário”, expõe Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

Atuação prática

Com seus Comitês e Grupos de Trabalho, responsáveis pelo planejamento e pela implantação de ações que geram impacto coletivo e positivo para o segmento de forma geral, a entidade promove a discussão de temas relevantes, como, mais recentemente, a reforma tributária, aprovada pelo plenário da Câmara.

Juntamente a outras entidades, a Abramed é protagonista no projeto que prevê ao setor da saúde um abatimento de 60% sobre a alíquota padrão, conferindo tratamento diferenciado ao segmento. “Estamos sempre prontos a atuar na construção de um sistema mais eficiente e integrado”, destaca Milva.

Além disso, a associação também atuou nas medidas necessárias sobre o piso salarial de enfermagem em virtude da falta de sustentabilidade financeira para arcar com os custos e da disparidade existente entre as diferentes realidades nas regiões do Brasil, apesar da importância e merecido reconhecimento da categoria.

Outro tema de importância para o setor foi a revisão da RDC 302/2005, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que estabelece os requisitos técnico-sanitários para o funcionamento de laboratórios clínicos e serviços relacionados a exames de análises clínicas no Brasil. 

Após extensas audiências e consultas públicas, nas quais a Abramed teve papel fundamental, a norma foi substituída pela RDC 786/2022, que entrará em vigor a partir de 1º de agosto deste ano. “Essa medida impacta de maneira positiva o setor, visando melhorar o acesso da população aos cuidados de saúde, além de assegurar a qualidade dos exames de análises clínicas realizados no país”, declara a diretora-executiva.

Para o futuro

Ao longo desses 13 anos, a Abramed ganhou robustez e está cada vez mais consolidada, fazendo parte de todas as transformações que impactam o setor de medicina diagnóstica. “Reconhecida por ter em seu quadro de associados empresas de grande porte, a entidade também foca nas de médio porte, tendo ciência de que suas conquistas beneficiam todo o setor”, comenta Milva.

Suas associadas representam cerca de 60% do volume de exames realizados na saúde suplementar do Brasil, e a meta é expandir ainda mais a representatividade, trazendo empresas de todos os portes em busca de pluralidade e diversidade. Milva lembra que a entidade é guardiã de uma política de compliance e de boas práticas, e que estar adequada a esses critérios é condição para se associar. 

Visando ampliar sua atuação, a Abramed implantou um novo comitê sobre interoperabilidade, para tratar especificamente da comunicação e da troca de informações entre diferentes sistemas de informação. Este tema já faz parte da agenda de gestores e formuladores de políticas de saúde há alguns anos. Outros países mais desenvolvidos e com sistema de saúde mais bem estruturado já desenvolveram soluções de interoperabilidade que estão sendo aplicadas com muitos benefícios para pacientes e para o sistema de saúde, como explica Shcolnik.

“Mas no Brasil, embora tenhamos padrões definidos pelo Ministério da Saúde desde 2011, estamos atrasados na implementação dessa ferramenta”, conta o presidente. A Abramed entende que na área de medicina diagnóstica, adotar o padrão de codificação de exames laboratoriais LOINC é fator crítico de sucesso para a interoperabilidade. “No momento, estamos trabalhando com o Instituto HL7 e a Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS) na tentativa de retomarmos e acelerarmos esse tema para gerar resultados concretos”, acrescenta Shcolnik.

Analisando o mercado, as expectativas para o futuro incluem a expansão dos ecossistemas, que consistem na união de diferentes empresas e serviços em um ambiente colaborativo. “Ao melhorar a eficiência, reduzir desperdícios e promover uma abordagem mais centrada no paciente, é possível garantir a viabilidade financeira e a qualidade dos serviços oferecidos. Temos um importante papel em promover, cada vez mais, essa visão”, acrescenta Milva.

Outro tema que merece atenção é a incorporação tecnológica. “Dependemos muito de novos métodos analíticos e tecnologias de informação, por isso, é importante discutir a inserção de Inteligência Artificial como ferramenta para oferecer mais precisão aos exames e, quem sabe, as tão desejadas predições, assim como a aplicação de aprendizado de máquina. Muitas empresas do nosso setor já contam com cientistas de dados, portanto, esse é um assunto que vai desafiar a Abramed no futuro”, adiciona Shcolnik.
A expectativa é que a cada aniversário, a Abramed possa comemorar ainda mais conquistas e colaborar para o desenvolvimento da cadeia de saúde, sempre com ética, transparência e integração com outros stakeholders, tendo o cuidado ao paciente como bússola norteadora.

Futuro do diagnóstico envolve expansão da genômica e uso inteligente dos dados

Especialistas em análises clínicas revelam desafios e tendências que influenciam a sustentabilidade do setor de Saúde no Brasil

Uso inteligente dos dados, descentralização do diagnóstico e expansão da genômica estão entre as tendências que têm o potencial de trazer avanços significativos para o setor da saúde e contribuir para a sustentabilidade de todo o sistema. O aumento do volume de exames e o surgimento de novos biomarcadores, principalmente no diagnóstico do câncer, também podem ser citados.

Outra tendência importante para gerar resultados significativos é a descentralização do diagnóstico, desde que feita com segurança e seguindo os protocolos adequados. Segundo Gustavo Campana, vice-presidente da Alliança Saúde, poder realizar exames em locais mais próximos dos pacientes, como farmácias, postos de coleta e consultórios médicos, facilita o acesso aos serviços de saúde e agiliza o início do tratamento.

Essa possibilidade de expansão surgiu com a atualização da RDC 302/2005, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que trata dos requisitos técnico-sanitários para o funcionamento de laboratórios clínicos, de laboratórios de anatomia patológica e de outros serviços que executam atividades relacionadas a exames de análises clínicas (EACs) no Brasil. Essa medida exige ainda mais atenção à segurança nos procedimentos.

Segundo Campana, uma mudança de dinâmica relevante que pode ser observada é a inversão da posição do laboratório clínico em relação ao médico prescritor. “Em vez de apenas atender às solicitações dos médicos, os laboratórios podem se posicionar como fornecedores de pacientes diagnosticados, conectando-os aos especialistas adequados no momento certo. Essa mudança trará eficiência para o processo e menor tempo de atendimento, sendo significativa tanto para o setor quanto para o paciente”, considera.

Desafios

Além das tendências, há alguns desafios. No caso dos painéis integrados de biomarcadores, Carlos Eduardo Ferreira, patologista clínico do Hospital Israelita Albert Einstein e um dos líderes do Comitê Técnico de Análises Clínicas da Abramed, cita a precificação e a viabilidade de sua aplicação na medicina de precisão.

Ele ressalta que a tecnologia vem ganhando sensibilidade analítica, mas há poucos novos parâmetros sendo colocados no setor. Nesse ponto, May Chen, general manager Brasil, Canadá e Estados Unidos da Snibe, compartilha a experiência da empresa chinesa especializada em equipamentos para laboratórios clínicos e reagentes de diagnóstico in vitro

“Lançamos pelo menos dez novos parâmetros por ano, levando em consideração a demanda do mercado. Essas necessidades são identificadas por meio de pesquisas com clientes, inclusive laboratórios. Em um período de um ano e meio, os parâmetros comercializados para o mercado global cresceram de 185 para 211”, comenta May, destacando o crescimento da operação da empresa no Brasil.

Outra questão importante a ser enfrentada é a fragmentação do mercado. “Não conhecemos os desafios dos outros agentes da cadeia, os interesses são conflitantes, mas estão velados”, diz Campana. Sobre esse ponto, Alex Galoro, diretor médico do Grupo Sabin e líder do Comitê Técnico de Análises Clínicas da Abramed, lembra que, em sua época de residência, pensava que a patologia clínica perderia a importância porque se acreditava que o laboratório seria apenas um produtor de exames.

“No entanto, evoluímos para compreender a relevância do laboratório e dos especialistas em diagnóstico, que conhecem as ferramentas disponíveis para realizar diagnósticos mais precisos. Porém, no modelo atual, marcado pela desconfiança, ainda é difícil avançar porque há uma crença de que cada um está tentando enganar o outro”, diz.

Integração de dados

Um tema relevante que deve se desenvolver em curto prazo – até por pressão do setor e das fontes pagadoras – é o uso mais inteligente dos dados gerados. O valor dos laboratórios não se resume à realização dos exames, ele também está na forma como essas informações são utilizadas.

“O compartilhamento de dados entre os diferentes atores do sistema de saúde já é uma realidade e está sendo utilizado para estratificação de riscos e projeção de sinistros. A sustentabilidade do setor está relacionada ao uso racional dessas informações”, expõe Campana.

Ainda falando em tecnologia, espera-se que ela permita a escalabilidade de áreas como a genômica, em que há desafios a superar. Mas isso pode demorar um pouco, de acordo com o vice-presidente da Alliança Saúde.

Um dos principais obstáculos enfrentados pelos laboratórios clínicos é a implementação de sistemas laboratoriais (LIS, na sigla em inglês) de forma eficiente. Anteriormente, os processos de cadastro e registro de informações eram manuais, mas hoje em dia se depende cada vez mais da tecnologia da informação. “O uso de novos devices e a conectividade com todo o sistema são fundamentais para garantir a segurança e a confiabilidade dos processos”, diz Ferreira.

Outro desafio é progredir com a padronização e a estruturação dos dados utilizando o LOINC, sistema de código universal para identificar informações clínicas em registros eletrônicos. “Muitos laboratórios estão trabalhando nisso, o que permite a tomada de decisões mais rápida tanto no aspecto técnico-operacional quanto no gerencial. Essa integração de dados veio para ficar”, ressalta o patologista clínico do Hospital Albert Einstein.

Ainda sobre estruturação de dados, ele considera que áreas como Anatomia Patológica e Radiologia estão avançando nesse campo. O uso de Inteligência Artificial (IA) já é realidade em alguns laboratórios, como no Einstein, contribuindo para diagnósticos mais precisos. Segundo Ferreira, a utilização prática dos dados está apenas começando, mas já existem modelos em funcionamento que são extremamente úteis nas tomadas de decisões médicas.

Outra tendência na área de saúde que traz benefícios também do ponto de vista econômico, segundo Campana, é a verticalização virtual, que se refere à integração de diferentes serviços e recursos de saúde em uma plataforma online única. Isso pode incluir consultas médicas virtuais, agendamento de consultas, acesso a registros médicos eletrônicos, pedidos de exames laboratoriais, entrega de medicamentos, acompanhamento de saúde, entre outros. No entanto, ele chamou a atenção para o fato de que os médicos precisam fazer parte disso.

Medicina diagnóstica olfativa é uma das possibilidades do metaverso

Outras aplicações incluem educação continuada, tratamento humanizado, discussões de casos e planejamento cirúrgico

Já ouviu falar em medicina diagnóstica olfativa? Pois saiba que essa é uma das possibilidades do metaverso na saúde. Especialistas treinados poderiam sentir o “cheiro de câncer” em estágios prematuros, segundo Fabricio Campolina, presidente da Johnson & Johnson MedTech Brasil, referência quando o assunto é tecnologia, inovação e transformação digital.

Ele acredita que, em algumas décadas, identificaremos a combinação de moléculas olfativas que permitem a um cachorro farejar câncer de mama em estágios iniciais. Imagine um dispositivo que identifique essa combinação e envie um sinal elétrico diretamente à área olfativa frontal em nosso córtex cerebral!

O metaverso é uma experiência que proporciona a ilusão de que o mundo digital é real, permitindo que o cérebro assimile muito mais o conteúdo passado devido à criação de sinapses. “Ele tem potencial para transformar a experiência dos indivíduos envolvidos no ecossistema da saúde, incluindo pacientes, médicos, profissionais atuantes da área e pesquisadores”, ressalta.

As principais aplicações dessa tecnologia na área da saúde são em educação continuada, tratamento humanizado, terapias cognitivo-comportamentais, atendimento, discussão de casos e planejamento cirúrgico.

Na prática

O Johnson & Johnson Institute (JJI), em São Paulo, utiliza o metaverso para educação continuada de residentes e especialistas das áreas de ortopedia e saúde cardíaca/eletrofisiologia, permitindo maior visibilidade das condições estudadas.

Outro caso de grande potencial está relacionado ao tratamento humanizado de câncer infantojuvenil. O Hospital de Amor, em Barretos, SP, usa uma ferramenta que transporta a criança em tratamento oncológico a um mundo de fantasia, fundindo animação em realidade virtual (RV), com sensação tátil do tratamento.

Durante exames e vacinações, o metaverso pode distrair os pacientes e proporcionar experiências visuais imersivas, como jogos ou cenários de natureza, reduzindo a percepção de desconforto e dor. A tecnologia também está sendo testada em terapias cognitivo-comportamentais, no caso de pacientes no espectro autista, e também no tratamento de fobias, transtornos de ansiedade e pânico, bem como traumas.

No campo do atendimento, a ferramenta pode ser usada para criar uma simulação onde as pessoas possam interagir como se estivessem em um call center. O objetivo é oferecer uma experiência mais ampla e interativa, com um avatar treinado para fornecer informações sobre exames, agendamentos, localizações e até mesmo mostrar o caminho no mapa.

“A vantagem é que, ao contrário de um call center tradicional, no metaverso é possível compartilhar o que está na tela, como o Waze, por exemplo”, explica Eliézer Silva, membro do Conselho de Administração da Abramed, diretor do Sistema de Saúde Einstein do Hospital Israelita Albert Einstein.

Além disso, o metaverso permite que os médicos sejam treinados em ambientes virtuais que simulam com precisão o ambiente cirúrgico real, melhorando a qualidade das cirurgias robóticas. Estudo publicado no Journal of Surgical Education revelou que o treinamento em realidade virtual está associado ao aprimoramento das habilidades cirúrgicas e à redução de erros em comparação com os métodos tradicionais.

Justamente com foco em pesquisas, discussões de casos e planejamento de cirurgias foi criado o Biodesign Lab da Dasa, em parceria com a PUC-Rio. Com base em imagens de exames, como ultrassonografia, ressonância magnética e tomografia computadorizada, o laboratório faz uma replicação tridimensional para uso no metaverso. Isso permite discutir um caso virtualmente, sem deslocar a equipe.

O ginecologista Heron Werner, coordenador do Biodesign Lab, ressalta que todas as ferramentas de reconstrução de imagem em 3D dependem do exame original. Essas imagens ajudam a melhorar a comunicação em uma discussão multidisciplinar e planejamento cirúrgico, por exemplo.

Para ilustrar, no caso de um diagnóstico de craniópagos (gêmeos que nascem ligados pelo crânio), as informações adquiridas nos resultados de exames de ultrassom e ressonância magnética no pré-natal serão somadas aos exames realizados no pós-natal, mostrando a evolução da condição.

“Outras modalidades de imagem enriquecem a análise da situação e ajudam a manejar a conduta em casos complexos. Isso é feito no mundo todo, e começamos aqui. Muitos grupos de outros países pedem para ajudarmos com essas reconstruções. Isso é muito gratificante”, expõe Werner. Entre as especialidades que mais usam essa tecnologia estão dermatologia, neurocirurgia, ginecologia e ortopedia.

Que tecnologias são utilizadas?

O dispositivo de entrada neste mundo digital é a principal tecnologia nessa revolução, sejam óculos de Realidade Virtual, como o Oculus Quest 2, da Meta, sejam óculos de Computação Espacial, como o Vision Pro, da Apple.

Outro elemento-chave é a conexão estável com a internet, que se obtém por meio de redes 5G ou acesso Wi-Fi por meio de redes de fibra óptica de alta velocidade. “No futuro, devemos ver essa experiência evoluir para incluir todos os nossos sentidos e de forma cada vez mais imersiva, como visão hiper-realista, sons em 3D, sensação tátil, olfativa e de calor e frio”, acrescenta o executivo da Johnson & Johnson.

Um ponto fundamental, mas pouco comentado, é o ambiente digital que será acessado pelo metaverso para educação continuada. Um ambiente realista ajuda os alunos a se envolverem e a assimilarem o conhecimento de forma mais efetiva, proporcionando uma experiência mais próxima do real. Enquanto um ambiente pouco realista pode comprometer a imersão dos estudantes, dificultar a compreensão de conceitos e reduzir a eficácia geral da aprendizagem.

Primeiros passos

As instituições de saúde, mesmo as pequenas, podem fazer parceria com empresas de tecnologia – healthtechs, startups, até mesmo com a Apple e o Google – para aprender como utilizar melhor a realidade estendida. Uma alternativa, adotada pelo Hospital Israelita Albert Einstein, foi a criação de uma incubadora de startups, proporcionando um ambiente de aprendizado de mão dupla. No caso, a instituição ensina padrões e técnicas de qualidade e segurança de dados enquanto as startups transferem conhecimento sobre realidade estendida.

“Para otimizar a utilização de metaverso no sistema de saúde é preciso, necessariamente, encontrar o parceiro adequado. Claro que é necessário investimento, mas é mais fácil saber onde se quer chegar quando se dialoga com as empresas de tecnologia, porque elas tentam encontrar soluções para suas necessidades”, conta Silva.

A associação entre uma instituição de saúde e uma startup cria uma plataforma única, com objetivo claro. “Os investidores percebem essa sinergia e podem direcionar recursos para que a tecnologia desenvolvida ganhe escala de forma mais rápida”, expõe.

O que esperar do futuro

O potencial do metaverso na saúde irá aumentar exponencialmente à medida que o grau de imersão for ampliado. Segundo Campolina, a atual tecnologia disponível em larga escala ainda é bem rudimentar. “Em sua essência, ela permite apenas enxergar um mundo semelhante a um desenho animado e ouvir sons com pouca percepção de profundidade”, comenta.

A perspectiva é de que num período entre 10 e 20 anos a experiência seja muito mais imersiva e se torne possível entrar em uma realidade em alta definição, ouvir sons em três dimensões, assim como ter sensações táteis – de calor, de frio, por exemplo – e olfativas muito próximas das que experimentamos no mundo real.

“É importante, também, entender que nossos sentidos são ‘fabricados’, e não literalmente ‘interpretados’ pelo nosso cérebro. Fótons de luz não têm cores, ondas acústicas não têm som, moléculas olfativas não têm cheiro. Quase toda a riqueza da vida é criada dentro de nossas cabeças. Isso tem uma implicação profunda, em especial para o que vamos vivenciar no metaverso”, analisa Campolina.

Para ele, a partir de um certo nível de imersão, o cuidado médico no metaverso será equivalente ao do mundo real. “Passadas algumas décadas, esse cuidado será superior às possibilidades atuais e não existirão mais barreiras físicas para a entrega desse cuidado”, acrescenta.

No entanto, segundo Silva, essa tecnologia levanta preocupações sobre a perda da interação humana e os possíveis impactos no cérebro, uma vez que a realidade virtual pode confundir a percepção do que é real e do que é simulado.

“Ainda não se sabe ao certo quais serão as consequências para o cérebro humano. O CEO do Facebook e da Meta Platforms, Mark Zuckerberg, acredita que todos terão acesso a essa tecnologia nos próximos cinco anos”, comenta o diretor do Sistema de Saúde Einstein.

Em termos éticos e regulatórios, o metaverso passará pela mesma trajetória que a telemedicina e o compartilhamento de dados (Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais – LGPD) passaram, porque a inovação precede as regulamentações legais. Silva acredita que só quando forem comprovadas a eficácia e a segurança da realidade estendida para tratar questões de saúde mental e as instituições de saúde começarem a utilizá-la de forma massiva ela realmente se tornará um novo serviço.