Economia e medicina diagnóstica – O que esperar do futuro?

Dia 13 de outubro, a agenda do 5º FILIS trará uma palestra e um debate sobre aspectos econômicos e o futuro da saúde

6 de outubro de 2021

A agenda do primeiro dia da edição 2021 do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde – FILIS trará dois importantes debates sobre as perspectivas econômicas para o futuro do setor. Após a palestra internacional ministrada por Paul Epner, co-fundador da Society to Improve Diagnosis in Medicine (SIDM), grandes nomes da saúde nacional se reunirão para um debate sobre os impactos da pandemia. O 5º FILIS será realizado dias 13 e 14 de outubro de forma totalmente digital.

Na quarta-feira, dia 13, a partir das 10h15, Epner, que é membro do National Steering Committee for Patient Safety e já se apresentou em todo o mundo, trará sua vasta expertise na busca pela melhoria da medicina diagnóstica sempre focada na segurança do paciente.

Além disso, por também presidir a Coalition to Improve Diagnosis, uma coalizão com mais de 60 sociedades profissionais, sistemas de saúde, organizações de pacientes e entidades focadas na melhoria da qualidade da assistência, contribuirá com percepções amplas sobre como a união de diversos atores de uma cadeia bastante complexa como a da saúde pode auxiliar na transformação e consolidação do setor.

Na sequência, a partir das 10h55, Gonzalo Vecina, médico sanitarista e professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, moderará o debate “Futuro da Saúde e os impactos econômicos no pós-pandemia”. Participarão, ao lado de Vecina, Julio Aderne, general manager da Abbott no Brasil; Marco Costa, CEO da Americas Serviços Médicos – United Health Group Brasil; Sidney Klajner, presidente do Albert Einstein; e Antonio Fabron Junior, CEO da DB Diagnósticos do Brasil.

A 5ª edição do FILIS será realizada de forma totalmente digital entre 13 e 14 de outubro. As inscrições, que são gratuitas, estão abertas e podem ser feitas AQUI.

Grupo Fleury, 95 anos de excelência e relevância na vida das pessoas

Nos últimos anos tem acelerado seu crescimento na direção de ser um ecossistema de saúde integrada, preventiva e híbrida

6 de outubro de 2021

Com 95 anos, o Grupo Fleury é uma das mais respeitadas organizações de medicina e saúde do Brasil, reconhecida pela comunidade e opinião pública pela sua excelência técnica, médica, em atendimento e gestão.

Nos últimos anos tem acelerado seu crescimento na direção de ser um ecossistema de saúde integrada, preventiva e híbrida, combinando ofertas físicas e digitais. Com esse sistema integrado, tem conseguido cada vez mais apoiar a conduta clínica do médico na busca de soluções que atendam às necessidades de cada paciente, ao mesmo tempo que contribuem para a sustentabilidade do sistema. Além de medicina diagnóstica, tem expandido sua atuação para as etapas de prevenção, atenção primária, secundária e terciária.

Com mais de 12 mil colaboradores e 3 mil médicos, a empresa está presente nos mercados de São Paulo, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Paraná, Bahia, Pernambuco, Rio Grande do Norte, Maranhão e Distrito Federal.

A empresa tem se consolidado como uma das maiores referências em melhores práticas sociais, econômicas e ambientais (Environmental, Social and Governance – ESG). Recentemente, foi reconhecida e passou a integrar pela primeira vez o ‘Índice Dow Jones de Sustentabilidade (DJSI)’, da Bolsa de Valores de Nova York, na carteira DJSI Emerging Markets 2020/2021, sendo a única empresa do setor de Saúde nas Américas a fazer parte do índice.

Comitê de Proteção de Dados lança Guia de Boas Práticas

Documento está disponível para download e busca auxiliar o processo de adequação à LGPD nas empresas de medicina diagnóstica

6 de outubro de 2021

Visando sempre enfatizar a importância de comportamentos éticos, transparentes e vitais para a evolução da sustentabilidade do sistema de saúde, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) acaba de lançar, por meio do Grupo de Trabalho (GT) de Proteção de Dados, o Guia de Boas Práticas em Proteção de Dados para o Setor de Medicina Diagnóstica.

O documento – que está disponível para download AQUI – traz as bases legais para o tratamento de dados sensíveis, apresenta detalhes sobre como atender aos direitos dos titulares, e aborda o compartilhamento de dados de saúde com as operadoras. Além disso, contribui diretamente com a gestão corporativa ao abordar a proteção de dados pessoais no contexto dos recursos humanos e as práticas comerciais em marketing.

“Para garantir a implementação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), as empresas devem criar estratégias administrativas, mecanismos jurídicos e tecnológicos e identificar responsabilidades, prevenindo e antecipando riscos. Para apoiar nossos associados e demais empresas do setor no processo de adequação à lei, preparamos esse guia com uma linguagem simples e exemplos práticos. Trata-se de uma ferramenta consultiva para diferentes áreas das corporações”, pontua Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

Devido à relevância do tema, em reunião realizada dia 23 de setembro, Milva Pagano, diretora-executiva da Associação, mencionou o interesse da entidade em transformar o GT de Proteção de Dados em um Comitê permanente na entidade. “Os grupos de trabalho têm ação específica e tempo pré-determinado de atuação. E o GT de Proteção de Dados foi iniciado com essa perspectiva. Porém, agora, a proposta é que ele evolua para um Comitê permanente envolvendo não somente membros dos departamentos jurídicos dos nossos associados, mas profissionais das áreas de tecnologia e segurança da informação. Assim poderemos ampliar as discussões”, disse.

Cibersegurança

A fim de promover conhecimento sobre a criação de um ambiente virtual seguro, a reunião de 23 de setembro contou com a participação de Domingo Montanaro, perito em TI e cofundador da Ventura Enterprise Risk. O especialista apresentou a palestra “Riscos e prevenção no uso de dados no setor de medicina diagnóstica”.

“Precisamos tratar desse assunto que é recorrente e não se refere apenas à segurança do dado em si. Temos acompanhado, na Europa, que as instituições de saúde muitas vezes são as mais atingidas com a interrupção dos serviços e o sequestro de dados”, disse Rogéria Leoni Cruz, diretora jurídica e Data Protection Officer do Hospital Israelita Albert Einstein, ao iniciar a reunião e apresentar Montanaro.

Explicando em detalhes as ameaças do ransomware – software de extorsão utilizado por quadrilhas digitais para sequestrar sistemas e exigir um resgate para a liberação em ataques cada vez mais recorrentes – o especialista fez alguns apontamentos bastante interessantes.

“Tratávamos de dois a três casos de ransomware por ano. Hoje estamos tratando dez ou doze. Essas gangues que executam os ataques estão conseguindo bilhões de dólares em pagamentos e se antes eles apenas interrompiam as operações, hoje conseguem também copiar uma grande massa de dados das corporações”, declarou. 

Algumas empresas, a fim de se precaver desse tipo de incidente, podem dedicar muitos esforços na criação e atualização constante de um backup, mas nem sempre isso é suficiente. O especialista exemplificou com o caso de uma companhia que tinha um backup ideal, porém a restauração poderia demorar 21 dias. “Nesse caso a empresa pagou o resgate não porque não tinha os dados, mas porque não podia aguardar três semanas para retomar sua operação. Então é importante analisar o tempo da restauração do backup”, declarou.

Outro ponto que foi abordado por Montanaro é que atualmente essas quadrilhas não planejam quem vão atacar, ficam escaneando a rede em busca de uma oportunidade. “Cerca de 80% dos casos de ransomware a quadrilha não escolheu o alvo”, pontuou. São tantos ataques nos Estados Unidos gerando bilhões de dólares em pagamentos de resgate que o Tesouro Nacional resolveu se posicionar quanto a essas ações.

O que as empresas precisam fazer para prevenir esses ataques?

O primeiro passo, na opinião do especialista, é reconhecer os erros. “Estamos colocando motores cada vez mais potentes sem melhorar os pneus, a suspensão, o câmbio e sem instalar airbag, extintor e cinto de segurança”, disse. Além disso, é preciso entender que o risco cibernético é intransferível e que a responsabilidade não é apenas das áreas de TI e segurança da informação.

Na sequência, existem algumas perguntas que precisam ser feitas olhando para o ambiente interno:

  • Quem está preocupado com o tema?
  • Quais são os ativos mais importantes da empresa?
  • Quem são os adversários?
  • Quais são as ameaças?
  • Qual a estratégia de combate a ameaças cibernéticas?

E o interessante é que esses questionamentos sejam debatidos junto ao conselho que, inclusive, segundo Montanaro, deve sempre ter pelo menos um membro bastante familiarizado com o assunto. “Além disso, é preciso ter um comitê com uma linha direta ao conselho”, disse.

Em sua apresentação, o especialista mencionou uma palestra de Ronald Sugar, que atuou como presidente do Conselho e CEO da Northrop Grumman até 2010, sobre todo esse cenário de cibersegurança, sugerindo que todas as pessoas que estão inseridas nesses projetos assistissem. Essa palestra está disponível no YouTube e você pode vê-la clicando AQUI.

Diretora-executiva da Abramed fala à Jovem Pan sobre aumento da procura por testes RT-PCR no primeiro semestre de 2021

No dia 10 de setembro, a diretora-executiva da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) falou à Jovem Pan sobre o aumento na realização de exames RT-PCR durante o primeiro semestre de 2021. Confira a entrevista completa clicando AQUI.

Em entrevista, a executiva explicou que esse crescimento está relacionado ao aumento de casos registrados no começo do ano e que os planos de retomada influenciam nos números, uma vez que as pessoas precisam ser testadas para participar de eventos e outras ocasiões.

Abramed é destaque no Valor Econômico

No dia 3 de setembro, o jornal Valor Econômico publicou uma matéria destacando dados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) sobre o aumento na média mensal de testes RT-PCR entre março e junho de 2021. O valor de testes realizados foi quase 5 vezes superior à do mesmo período em 2020.

Os laboratórios de medicina diagnóstica associados à Abramed realizaram, no primeiro semestre desse ano, 8,4 milhões de exames RT-PCR, considerado padrão ouro pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para detecção do vírus Sars-CoV-2, responsável pela COVID-19.

Confira a matéria completa clicando AQUI.

Healthtech em crescimento, Pixeon fortalece soluções centradas no paciente

Felipe Clemente, CEO da Pixeon, fala sobre os projetos futuros da companhia

4 de outubro de 2021

Investindo em inovação para manter o paciente no centro de todas as ações, a Pixeon – empresa brasileira consolidada no mercado de tecnologia e que oferta um amplo portfólio de soluções de softwares para a área da saúde – trabalha com objetivos e metas bem definidos para 2022.

Nessa entrevista exclusiva para a Abramed em Foco, o CEO Felipe Clemente fala sobre os desafios gerados pela covid-19 e sobre as perspectivas futuras. “Felizmente não tivemos um impacto negativo nos investimentos, e seguimos trabalhando com o valor de R$ 83 milhões para o quinquênio que encerra em 2024”, comentou.

Confira a entrevista completa.

Abramed em Foco – Com a chegada da pandemia e os hospitais passando a direcionar a maior parcela de sua estrutura para atendimento a infectados pelo novo coronavírus e com um afastamento dos pacientes das clínicas e laboratórios, como ficaram os negócios da Pixeon? Como foi o impacto?

Felipe Clemente – Houve um impacto, sim. 2020 foi um ano sem precedentes, e acho que é impossível alguém dizer que não houve nenhum impacto em sua vida. Especialmente nos primeiros meses, em que não tínhamos nenhuma informação sobre como seria a pandemia. Foram vários tipos de impacto: tivemos que nos adaptar a novas formas de trabalho, novas formas de comunicação com os times… Nossa equipe precisou se adaptar ao home office que, em época de pandemia, exige um isolamento muito maior. E para lidar com os impactos na saúde da equipe, fizemos programas de saúde mental e atividade física, melhoramos as condições do home office disponibilizando cadeiras e mesas. Fomos aprendendo muito à medida que o tempo foi passando.

E por outro lado, tivemos impacto na inovação. Intensificamos o modo de pensar nossas soluções colocando o paciente no centro de tudo. Com isso, passamos a ter áreas dedicadas a transformação digital, antecipamos soluções que estavam previstas para ser lançadas mais tarde – como a teleconsulta que, por não ter previsão de regulamentação antes da pandemia estava sendo adiada, mas depois de três meses de crise nós conseguimos lançá-la.

Abramed em Foco – Vencidos os primeiros 15 meses da pandemia de covid-19, quais são os desafios da Pixeon para o próximo ano?

Felipe Clemente – Temos objetivos e metas bem definidas para o próximo ano e queremos sempre inovar, buscando colocar as necessidades do paciente no centro de todas as nossas ações. Apesar da pandemia ter sido um momento muito desafiador para todas as áreas, principalmente para a área da saúde, conseguimos aprender alguns aspectos importantes na comunicação com as instituições de saúde e com o paciente. Assim, as necessidades foram modificadas abrindo espaço para novas tecnologias e soluções se desenvolverem mais ainda, como a inteligência artificial, ferramenta de trabalho muito importante para médicos e profissionais do setor. 

Com isso, conseguimos perceber como cada vez mais a transformação digital é algo que faz a diferença no cotidiano, afinal, quem não precisou consultar um médico e fez por meio da videochamada durante a pandemia? Todos nós nos adaptamos e tiramos lições que vamos carregar, e para sempre impactar no modo como pensamos em saúde. Vamos levar esses aprendizados para os próximos anos, tendo como foco a inovação, o bem-estar do paciente e a otimização de processo para laboratórios e outras instituições de saúde, fazendo a transformação digital se tornar mais presente.

Abramed em Foco – A pandemia impactou negativamente os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação? Ou mesmo diante da crise os projetos conseguiram avançar?

Felipe Clemente – Conseguimos passar por este momento com o desenvolvimento acelerado e as expectativas altas para as novidades que estamos prestes a lançar – algumas delas ainda este ano. Felizmente não tivemos um impacto negativo nos investimentos, e seguimos trabalhando com o valor de R$ 83 milhões para o quinquênio que encerra em 2024, em todo o nosso portfólio de produtos voltados para todos os profissionais da saúde.

Abramed em Foco – A Abramed reúne empresas de medicina diagnóstica de todos os portes, de todas as regiões do Brasil. Como é o portfólio de diagnóstico da Pixeon pensando nas particularidades dessas empresas? Vocês têm soluções tanto para os pequenos quanto para os grandes?

Felipe Clemente – Temos um dos portfólios mais completos do mercado de saúde, e esse é um motivo de grande orgulho para nós. Temos soluções de gestão para hospitais (HIS), centros médicos (CIS), laboratórios (LIS) e centros de diagnóstico por imagem (RIS). Aliás, para diagnóstico por imagem, nós temos também um PACS (Pixeon Aurora) que recebeu prêmio internacional de qualidade por três anos seguidos.

Recentemente, desde que o BoaConsulta passou a ser Pixeon, também passamos a ter uma solução voltada a consultórios menores, o BoaConsulta Gestão. E por fim, temos uma solução de inteligência artificial para agendamentos que pode se encaixar perfeitamente em todas essas realidades.

Abramed em Foco – Pensando em acesso – que é uma das dificuldades de um país continental como o Brasil – como a indústria de diagnóstico pode auxiliar a levar testes mais precisos, eficazes e acessíveis para toda a população? Inteligência artificial é um caminho?

Felipe Clemente – Bom, temos vários desafios na saúde que a Inteligência Artificial pode atuar diretamente na solução. Por exemplo, um desafio encontrado pelo setor são os processos repetitivos da rotina e que não necessariamente envolvem o paciente. A utilização da Inteligência artificial para otimizar esses processos, além de aumentar a eficiência dos profissionais, também o ajuda com questões emocionais, diminuindo a sobrecarga e o estresse, se configurando como uma ferramenta muito útil para profissionais de laboratórios e da saúde, em geral.

O outro desafio mais evidente, é justamente o que você citou na pergunta: o dos testes. A IA auxilia demais em questões relacionadas a precisão e eficácia de testes, e ainda pode atuar como um facilitador na hora do profissional de saúde tomar decisões relacionadas a laudos e diagnósticos. E tudo isso está relacionado a acesso, sim. IA combinada com outras tecnologias (teleconsultas, exames e resultados on-line) vai facilitar a vida de quem mora em regiões remotas, por exemplo, e quer consultar com um especialista. Ou de alguém que viajou e precisou dos resultados dos últimos exames na viagem.

Em um país com proporções continentais assim como o Brasil, essas soluções facilitariam demais o acesso. Existe um custo muito grande na saúde do Brasil, e a aplicação da IA e outras soluções em nuvem vai torná-la mais barata e acessível.

Abramed em Foco – O setor de medicina diagnóstica tem falado muito sobre integração diagnóstica, ou seja, a utilização de resultados de diferentes exames para a melhor tomada de decisão. Como a indústria tem atuado, quais os segmentos que são mais promissores quando pensamos nessa integração?

Felipe Clemente – Sim, e esse é um ótimo tema para se debater. As pessoas com frequência acham que inovação é inventar algo totalmente novo, do zero. Quando na verdade, inovar pode ser uma maneira diferente de ver e usar ferramentas. A comunicação entre diferentes sistemas tecnológicos e a integração diagnóstica são duas etapas importantes para a inovação da medicina diagnóstica, e que anda lado a lado com a resposta anterior, sobre acesso.

E nesse aspecto, eu acredito que as soluções mais promissoras são aquelas que focam no paciente, que facilitam o acesso do paciente a diferentes exames e o compartilhamento de informação e histórico com o seu médico, sempre que necessário. É uma maneira diferente de pensar a tecnologia para a saúde, que inclui o paciente como personagem agente também, em vez de apenas um receptor de atenção clínica, facilitando a atuação assertiva dos laboratórios e de outras instituições envolvidas nos processos.

Abramed em Foco – Está ocorrendo um grande movimento de fusões e aquisições no mercado de medicina diagnóstica. Na indústria, esse movimento também se consolida? A Pixeon passou por fusões no último ano?

Felipe Clemente – A Pixeon passou por este processo no último ano com a aquisição do BoaConsulta. A ação, que se concretizou em setembro de 2020, nos colocou na liderança do mercado de healthtechs, com quase 6 mil clientes em toda a América Latina. A plataforma de agendamento de consultas, sistema de gestão clínica e telemedicina, criada em 2012, registrou recorde de tráfego em seu site no ano passado, somando quase dois milhões de acessos em um mês. Com isso, essa movimentação se tornou uma das etapas de um plano estratégico da Pixeon em se tornar cada vez mais protagonista na transformação digital do país.

Abramed em Foco – Qual o grande objetivo de vocês como uma healthtech?

Felipe Clemente – Nossos clientes são principalmente laboratórios e médicos, mas nossos clientes finais consequentemente se tornam os pacientes, por isso um dos nossos principais objetivos e metas como healthtech é valorizar a importância da jornada desta pessoa, sempre levando em consideração ações mais assertivas e que facilitem o cotidiano. O cliente como centro está na base de todos os nossos valores da transformação digital, para isso procuramos sempre utilizar as tecnologias disponíveis e a inovação, para buscar tecnologias que ainda não existem, tudo para melhorar a interação dos médicos com os pacientes de diversas instituições de saúde.

Abramed em Foco – Como enxerga a atuação da Abramed na medicina diagnóstica? O que espera da entidade como parceira para melhoria do setor?

Felipe Clemente – Enxergamos a Abramed como uma organização importante no setor, tanto no quesito representatividade das empresas quanto no quesito associação. O setor da medicina diagnóstica está sempre passando por transformações e precisamos cada vez mais de ações integradas para defender as causas em comum. Para a Pixeon, a transformação digital com foco nos laboratórios, médicos e pacientes é a meta diária, e ações para difundir como essas tecnologias são confiáveis e só existem com o propósito de facilitar o cotidiano de todos é algo de muita relevância para nosso trabalho. Com isso, queremos sempre levar melhorias e qualidade de vida aos nossos clientes, buscando o desenvolvimento de soluções totalmente eficazes e fáceis de se adaptar.

Na JPR, Abramed fala sobre segurança em saúde digital e lança Guia de Boas Práticas em Proteção de Dados para a Medicina Diagnóstica

Entidade participou da programação oficial do evento, no dia 24 de setembro

4 de outubro de 2021

A 51ª edição da Jornada Paulista de Radiologia (JPR) – realizada entre 22 e 25 de setembro – trouxe para o público participante uma extensa programação permeando diversas especialidades e áreas da medicina diagnóstica. Na seção sobre Gestão e Profissionalismo em Saúde, o painel com o tema “Segurança em Saúde Digital e LGPD – Como isso me afeta?” foi moderado pelo presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik e contou com participação do professor doutor Henrique Simão Trad, fundador da Lotus Radiologia; Luzia Sarno, CIO do Grupo Fleury; e Lucas Bonafé, advogado da Machado Nunes especialista em direito digital e proteção de dados.

Ao fazer a abertura do bate-papo, Shcolnik apresentou em primeira mão o Guia de Boas Práticas em Proteção de Dados para o Setor de Medicina Diagnóstica, uma publicação concretizada pelo Grupo de Trabalho (GT) de Proteção de Dados da Abramed. “Estamos tratando de um tema muito atual e esse guia pode ser uma importante ferramenta para que todos possam compreender melhor o assunto”, declarou. Os presentes puderam fazer o download da versão digital do guia por meio de um QR Code disponibilizado na palestra (clique AQUI para acessar).

Em sua contextualização sobre a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e segurança digital, Trad explicou como a segurança afeta a infraestrutura de TI no ambiente da radiologia. Após mencionar aspectos relativos à transformação digital, o especialista abordou a significativa evolução da tecnologia da informação e explicou o que são dados sensíveis, um dos grandes ativos das empresas atuantes na área da saúde.

“O que é transformação digital? Em linhas gerais, é passar tudo para o digital. E isso transaciona nos materiais utilizados pelos radiologistas. Todos os mecanismos são, ao mesmo tempo, fonte e repositório de dados direcionados para algum lugar”, detalhou.

Outro assunto abordado foi a cibersegurança por ele definida como práticas, ferramentas e abordagens para proteger os dados e impedir que alguém desligue, por exemplo, equipamentos de ressonância que estão em funcionamento. “Os ataques estão cada vez mais frequentes e o nível de complexidade é crescente. Cada um desses ataques tem um objetivo que varia desde o simples prazer em atrapalhar até motivos econômicos que, inclusive, podem ser desastrosos”, disse. Entre os ataques que estão sendo observados no mercado estão pishing, malware, man-in-the-middle, password atacks e sequestro de dados.

Mas por qual motivo o setor de saúde vem sendo tão visado? Trad explica. “Dados médicos valem 25 vezes mais do que dados bancários. O cartão de crédito o usuário pode cancelar. O prontuário médico, não. Por isso os profissionais de saúde também devem tomar cuidado com os dados que estão transmitindo”, destacou.

O tema torna-se ainda mais importante com o advento da internet das coisas e o trabalho remoto, que de certa forma abriu as portas para novos ataques por conta da necessidade de acesso aos sistemas das empresas de diferentes locais, nem sempre tão seguros.

Especificamente no ambiente de radiologia, tecnologias como RIS/PACS estão cada vez mais complexas em suas interfaces, integrações e permissões. Mas onde entra, de fato, a LGPD?

Segundo Trad, a proteção de dados do paciente é, também, a proteção do médico. “O radiologista distribui, gera, armazena e comunica dados o tempo inteiro. Dessa forma, a lei está no dia a dia do profissional. O paciente, titular do dado, tem o direito de consentir, corrigir ou pedir a eliminação daquela informação a qualquer momento. E há, ainda, todas as questões relativas à sigilo e boas práticas”, pontuou.

Trazendo todo o conceito para a realidade dos laboratórios, Shcolnik convocou Luzia a falar um pouco mais sobre suas percepções quanto à preparação do setor de saúde. “Como você enxerga nosso segmento e qual seu diagnóstico sobre nossa adequação para que sobrevivamos aos desafios da LGPD”, questionou o executivo.

Luzia reforçou que o setor de saúde vem vivenciando um momento de crescimento significativo dos dados gerados dia a dia. “A questão é que, diferentemente da área financeira, nosso segmento não está preparado para isso. Nem clientes e nem pacientes. Não temos maturidade para proteger nossos próprios dados”, pontuou.

Segundo a especialista que comanda a área de tecnologia do Grupo Fleury, trata-se de um investimento pesado, mas a inércia e a falta de adequação podem gerar prejuízos consideráveis. “Do ponto de vista das empresas e clínicas menores, terceirizar é a solução para ter pessoas especializadas focadas em mitigar o custo”, disse.

Especialista em direito digital, Bonafé trouxe para o público presente bastante conhecimento sobre a regulamentação. Além de abordar as implicações jurídicas e as responsabilidades atreladas aos profissionais de saúde quando há vazamento de dados, mencionou que o mercado da saúde é bastante regulado e já tinha uma cultura de proteção dos dados do paciente. “Temos de ser diligentes na gestão das informações fazendo um trabalho jurídico a fim de compreender onde estão os gaps e observar quais podem ser os impactos”, disse.

Para pequenas e médias empresas – que são parte considerável da assistência em medicina diagnóstica no Brasil – o essencial é, na visão do especialista, entender onde estão essas brechas no dia a dia de trabalho, principalmente do ponto de vista ético. “Por vezes estão transitando dados de pacientes com uma liberdade maior do que deveriam. Claro que haverá burocratização de acesso para maior controle, mas será necessário”, pontuou.

Antes de finalizar sua apresentação, Shcolnik disse que ainda há muitas dúvidas sobre a solicitação de dados por parte das operadoras de planos de saúde, que contratam laboratórios e clínicas de imagem para prestação de serviços. Ao explicar a relação das empresas com operadoras no que tange ao intercâmbio desses dados, Bonafé sugeriu a criação de um contrato que detalhe como o compartilhamento será feito e quais serão as ações tomadas com as informações compartilhadas. “A solução seria cada um cuidar do seu dado, mas, por outro lado, quem tiver maior concentração de dados ganha mais. Teríamos que ter muita maturidade e ainda não temos no nosso país”, finalizou Luzia.

Wilson Shcolnik modera debate sobre telemedicina em evento promovido pelo CFM

Presidente do Conselho de Administração da Abramed recebeu especialistas para falar dos avanços da telessaúde

23 de setembro de 2021

Muitos dos debates sobre a evolução da telessaúde no país envolvem as resoluções do Conselho Federal de Medicina (CFM). Para abordar essa temática, traçando todo o histórico desse desenvolvimento, a entidade realizou, dentro do III Fórum de Segurança do Paciente, uma palestra que, moderada por Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), recebeu especialistas para apresentar tanto a visão do médico quanto a visão do paciente no que tange à disponibilidade da telemedicina no Brasil.

Participaram do encontro virtual Donizetti Dimer Giamberardino Filho, vice-presidente e coordenador do Departamento de Comissões e Câmaras Técnicas do CFM; Maria Inês Dolci, presidente da Organização Internacional de Associações de Consumidores de Língua Portuguesa (CONSUMARE); e Chao Lung Wen, docente e chefe da disciplina de Telemedicina da Faculdade de Medicina da USP.

Abrindo a sessão, Giamberardino Filho apresentou o histórico da telemedicina no país, que se inicia com a Resolução CFM 1643/2002, que define e disciplina a prestação de serviços através da telemedicina; passa pela Resolução CFM 2227/2018, que declara a telemedicina como forma de prestação de serviços médicos mediados por tecnologia e foi revogada no ano seguinte; e chega no cenário da pandemia de covid-19, que por apresentar uma necessidade emergencial de ampliar a assistência à saúde ao mesmo tempo em que evitava a exposição tanto dos pacientes quanto dos profissionais à contaminação, culminou em novas legislações como o Ofício CFM 1756/2020, a Portaria MS 467/2020 e a Lei nº 13.989/2020, também chamada de Lei da Telemedicina.

O ponto de partida do debate, na opinião do executivo, é a necessidade de valorização da autonomia tanto do médico quanto do paciente. “Temos de deliberar essa busca de consenso das duas autonomias dentro da racionalidade, que leva à tomada de decisões razoáveis e prudentes. E isso vale tanto para o atendimento presencial quanto para o atendimento à distância”, declarou. Em resumo, na visão de Giamberardino Filho, a telemedicina só deve ocorrer quando for uma opção tanto do profissional de saúde quanto do cidadão.

Também nesse sentido, Maria Inês reforçou que cada consulta é única e que há diferenças, também, de acordo com as especialidades médicas, o que reforça a importância de o sistema garantir que o atendimento virtual seja uma escolha. “O que não pode ocorrer, principalmente no contexto dos planos de saúde, é engessar o tipo de atendimento dado ao paciente. As duas opções devem estar disponíveis”, completou.

Um dos temas amplamente debatidos e que, inclusive, foi motivo de questionamento por parte da audiência diz respeito ao Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), um documento que explica objetivamente e de forma clara quais os procedimentos, vantagens e desvantagens, daquele atendimento. “É altamente recomendado que médico e paciente tenham um documento que formalize as informações e o consentimento com relação à proposta de encaminhamento e de procedimentos. E isso deve estar anexado ao histórico do paciente”, comentou Maria Inês reforçando que é um documento que pode ser usado como medida preventiva.

Porém, em se tratando de um atendimento virtual, como deveria ser esse processo? Por parte da classe médica, Giamberardino Filho comentou que há um grande empenho do CFM para facilitar o acesso dos profissionais à assinatura eletrônica. Paralelamente, considerando que esse documento também precisa de um consentimento por parte do paciente e que nem todo cidadão brasileiro contará com esse tipo de assinatura, o especialista fez apontamentos interessantes: “temos que ter plataformas com segurança de concordância dos atos praticados, tal qual temos em aplicativos bancários”.

Trazendo uma visão mais conceitual ao debate, o professor Wen declarou que muitas vezes subestimamos a telemedicina, resumindo-a a uma consulta feita por vídeo. “Não se trata apenas de uma videochamada. Temos a telemedicina síncrona e a assíncrona”, disse ele que visualiza quatro telemedicinas em nosso cenário: acadêmica, governamental, comercial e empreendedora, e social. “Cada uma dessas quatro telemedicinas tem características especiais e muitas vezes a forma de coordenação é diferente a cada uma”, disse ele que acredita que nos últimos anos tivemos muitos avanços no âmbito da academia e que a telemedicina comercial, que começou a ganhar força em meados de 2015, deve se ampliar consideravelmente até 2025 graças à incorporação do 5G.

Reforçando que não há uma competição entre a medicina tradicional e a telemedicina, mas sim uma somatória de forças que levarão ao conceito de medicina conectada, Wen declarou que o objetivo deve ser uma medicina sem distância, pois independentemente de onde o paciente está, o médico conseguirá acompanhá-lo.

Porém, para que todo esse cenário positivo que está sendo desenhado de fato possa se concretizar, é indispensável investir em educação e formação da classe médica. “Ferramentas não têm ética e responsabilidade. Quem tem é o profissional. A telemedicina tem que capacitar os médicos que utilizarão essa metodologia”, afirmou.

Como forma de mostrar os excelentes avanços que a tecnologia vem proporcionando, Wen disse que há evidências de que o telemonitoramento de pacientes idosos com doenças crônicas reduziu em 15% as visitas desses pacientes à emergência, 20% a admissão em hospital e 45% a taxa de mortalidade.

Por fim, quando questionados se haveria uma tendência de queda da utilização do atendimento remoto após sanada a pandemia de covid-19, os palestrantes concordaram que não há como fugir dos avanços tecnológicos. Na visão de Maria Inês, mesmo não havendo a possibilidade de substituição do atendimento presencial pelo virtual, visto que a telessaúde surge mais como um complemento, esses atendimentos seguirão. “É algo que veio para ficar, claro que com os aperfeiçoamentos que se fazem necessários e sem haver rigidez no ato médico”, disse.

Também estiveram presentes no debate Florentino de Araújo Cardoso Filho, conselheiro federal do CFM e representante da Associação Médica Brasileira (AMB) e Natasha Slhessarenko Fraife Barreto, conselheira federal pelo estado do Mato Grosso.

Warm-Up do FILIS trata dos movimentos setoriais que estão transformando a medicina diagnóstica

Executivos debateram temas como fusões e aquisições, tecnologia e LGPD; Vice-presidente da Abramed apresentou dados atualizados sobre as movimentações

15 de setembro de 2021

A quinta edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS) está se aproximando e para aquecer o mercado com informações relevantes sobre o setor, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) realizou, em 14 de setembro, o Warm-Up FILIS, encontro virtual com grandes líderes da saúde durante o qual foram apresentados dados sobre os principais movimentos setoriais que estão transformando o segmento.

Após abertura conduzida por Milva Pagano, diretora-executiva da entidade, Leandro Figueira, vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed, fez uma rápida apresentação recheada de indicadores atualizados. Na sequência, convidou Fernando Torelly, CEO do HCor; Jeane Tsutsui, CEO do Fleury; e João Alceu, vice-presidente da NotreDame Intermédica para destrinchar esses dados e passar suas percepções empresariais quanto a esses movimentos consolidados.

Segundo Figueira, que apresentou dados computados pela KPMG, em 2020 o Brasil assistiu à concretização de 1.117 fusões e aquisições, sendo que o setor hospitalar e laboratorial foi responsável por quase 5% delas, uma tendência de crescimento notada a partir de 2015, ano em que houve mudanças regulatórias.

Importante observar que a maior parte dos investimentos provém de capital estrangeiro: 68,8% dos Estados Unidos, Argentina, Reino Unido, Canadá, França e Alemanha. “Muitos disseram que o capital chinês entraria no país de forma vigorosa, mas não é isso que vemos refletido nos números. Aliás, a Argentina, nosso irmão latino-americano, foi o segundo principal investidor no mercado brasileiro de fusões e aquisições”, declarou Figueira.

Observando o comportamento dos estados brasileiros perante essa movimentação, mais da metade de todas as fusões e aquisições ocorreu em São Paulo, estado que detém o maior número de beneficiários dos planos de saúde, hospitais, consultórios e laboratórios clínicos e de imagem. “Temos cerca de 20 mil unidades de apoio diagnóstico no Brasil e 58% delas estão instaladas em municípios com mais de 100 mil habitantes”, disse o vice-presidente. Quanto à expansão do setor, enfatizou que há um ritmo mais intenso em números absolutos no Sudeste, porém, em termos relativos, nota-se avanço mais acelerado no Norte, Sul e Nordeste.

Segundo a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), nos últimos dez anos houve crescimento de mais de 60% no número de laboratórios clínicos e de 96% na quantidade de serviços de diagnóstico por imagem instalados no país. Em contrapartida, uma redução de 8,8% nos laboratórios de anatomia patológica, um mercado que, segundo Figueira, é de difícil escalabilidade.

Para a economia, esse crescimento reflete em ampliação de emprego, renda e concentração de capital. “Hoje 70% dos prestadores de serviços vinculados à medicina diagnóstica têm até 9 empregados. Menos de 1% dos laboratórios do país têm, em sua estrutura, mais do que 100 colaboradores. É um mercado ainda bastante pulverizado e descentralizado”, pontuou.

Ainda trazendo informações sobre as tendências do setor, Figueira comentou que o mercado de TI avaliado em US$ 61 bilhões em 2017 deve alcançar a marca de US$ 149,2 bilhões até 2025; que estima-se que o mercado global de Internet das Coisas movimente cerca de US$ 158,1 bilhões em 2022; que há entre 20 e 30 bilhões de dispositivos médicos conectados; e que a LGPD deverá proporcionar maior transparência, segurança e confiabilidade para todos os players e usuários dos serviços de saúde.

Debates empresariais

Na sequência da apresentação de Leandro Figueira, o Warm-Up do FILIS recebeu executivos de grandes empresas do setor de saúde para debater as percepções quanto aos movimentos setoriais. Foram tratados assuntos de extrema relevância para o posicionamento estratégico da medicina diagnóstica na cadeia de saúde. Confira alguns destaques:

Fusões, aquisições e IPOs

Corroborando com os números apresentados por Figueira que mostram crescimento das fusões e aquisições do setor de saúde nos últimos anos, Jeane Tsutsui, CEO do Fleury, mencionou que assim como no segundo semestre as empresas do setor começaram a notar uma recuperação no número de atendimentos realizados após forte queda em decorrência da pandemia de covid-19, as fusões e aquisições também voltaram a ser retomadas graças a melhorias na visibilidade econômica.

“Esses movimentos são atrativos para ganho de escala. Além disso, apesar de todo o cenário macroeconômico extremamente desafiador, existe liquidez no mercado de capitais onde vemos oportunidade de aportes estrangeiros”, declarou a executiva reforçando que todos conseguem enxergar a importância da saúde, um setor que está valorizado.

Segundo Jeane, o grupo Fleury está adquirindo empresas de outros segmentos, porém não deixa de estar focado no seu core, que é a medicina diagnóstica. “Nosso primeiro posicionamento sempre será continuar crescendo em medicina diagnóstica. Mas investiremos em outras áreas a fim de manter a conexão com o cuidado do paciente trazendo, para perto, cada vez mais o elemento digital”, explicou. Para ela, a saúde deve ser cada vez mais integrada.

João Alceu, vice-presidente da NotreDame Intermédica, lembrou que as fusões e aquisições são de fato extremamente relevantes, pontuando inclusive que ao grupo está atualmente vivenciando um processo de fusão com a Hapvida. Porém, fez questão de enfatizar também que em 2020 foram concretizados vários IPOs. “Foi um ano muito forte para a abertura de capital, além das fusões tanto entre empresas do mesmo segmento quanto as inorgânicas que agregam novos setores”, declarou.

Dando exemplos sobre como a NotreDame Intermédica vem se desenvolvendo, disse que somente em 2020 a marca anunciou 19 aquisições, concluindo 15 delas. “Todas elas financiadas com capital próprio. 2021 tem sido muito interessante e 2022 também será”, completou. O executivo indicou que entre os princípios que estão por trás dessas movimentações estão expansão geográfica, economia de escala, mutualismo, verticalização, concorrência e retorno de investimento. Aproveitou, também, para mencionar o boom de healthtechs que invadem o mercado trazendo soluções pontuais para necessidades dos pacientes e das corporações.

Mudanças, verticalização e descentralização

Para Torelly, CEO do HCor, durante 2020 a grande preocupação estava em conseguir atender toda a população diante da crise do novo coronavírus, mas o país acordará em 2022 com uma indústria da saúde completamente diferente da atual. “Vejo que o segmento de saúde vai ser reinaugurado a partir do ano que vem, com crescimento significativo e um novo conceito onde a população aprendeu a importância de cuidar de si ao longo da vida”.

Passando para a temática da verticalização, segundo Alceu, o grau de verticalização da NotreDame Intermédica é de cerca de 72% e o executivo reconhece que descentralizar é preciso. “Fazemos isso de forma verticalizada pela abertura de centros clínicos menores e mais ágeis”, pontuou. “A regra geral é sempre ir aonde nossos clientes estão. Queremos inclusive aumentar o índice de verticalização”, completou.

LGPD

Recentemente o Grupo Fleury vivenciou um ataque cibernético e durante o debate no Warm-Up FILIS, Jeane mencionou que por eles já estarem há um certo tempo investindo na adequação do grupo para atender às diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), os estragos foram mínimos. “Já vínhamos trabalhando a segurança da informação com investimentos significativos, o que trouxe proteção às nossas bases de dados e nos permitiu reestabelecer o atendimento de forma relativamente rápida”, comentou.

A executiva ainda listou os três pilares principais adotados pela companhia durante esse processo de adaptação: mapeamento rigoroso de todos os processos de coleta e tratamento de dados dos pacientes; elevação dos níveis de segurança da informação; e mudança cultural por meio de treinamento e políticas de privacidade de dados.

Um ponto relevante trazido por Torelly ao debate foi a necessidade de apoio ao Sistema Único de Saúde (SUS). “Me preocupa não falarmos do sistema público, onde muitos hospitais não têm as questões fundamentais para implementação da privacidade de dados”, disse ele que participa de um movimento onde profissionais da saúde estão doando tempo para auxiliar as instituições públicas a fim de reduzir a desigualdade.

5º FILIS

A 5ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS) será realizada de forma 100% digital nos dias 13 e 14 de outubro. A programação, que conta com palestrantes internacionais e grandes nomes do mercado brasileiro de saúde, está disponível bem como as inscrições, que são gratuitas. Clique AQUI para conferir.

Reforma Tributária – Atualização do cenário e impactos para a medicina diagnóstica

Segunda fase está totalmente voltada ao imposto de renda; impactos variam de acordo com o modelo de tributação das empresas

14 de setembro de 2021

Desde as primeiras movimentações pela Reforma Tributária no Brasil, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), por meio do seu Comitê Jurídico, segue atenta avaliando os impactos das mudanças no setor de saúde e contribuindo para um debate mais claro e transparente tanto com os tomadores de decisão quanto com a sociedade.

Ao final do ano passado, encerradas as atividades da Comissão Mista que avaliou a PEC 45/19 e a PEC 110/19, foi gerado um novo projeto de lei: o PL 3887/20. Esse projeto altera a legislação tributária federal e institui a Contribuição Social sobre Operações com Bens e Serviços (CBS), que unifica PIS/Pasep e Cofins num único tributo com uma alíquota geral de 12%.

Ainda sem considerar que alguns setores da economia – como saúde e educação – são essenciais, o PL 3887/20 ameaça a funcionalidade e a sustentabilidade da medicina diagnóstica nacional e permanecem os problemas apontados previamente pelas instituições de saúde: a aprovação dessa reforma desencadeará o fechamento de muitas unidades que atuam com medicina diagnóstica, que não conseguirão arcar com o aumento expressivo de custos, e, como consequência, teremos uma nova leva de desempregados (já que o segmento é responsável pela manutenção de 264 mil postos de trabalho); ampliaremos a pressão sobre o Sistema Único de Saúde (SUS), já sobrecarregado e tentando se recuperar de uma pandemia; e teremos uma dificuldade ainda maior de garantir acesso a exames de qualidade a todos os cidadãos brasileiros.

“Seguimos dedicados à discussão da CBS. Semanalmente temos audiências com deputados e senadores, por meio da Aliança Saúde e Educação, e essa é uma frente que tem surtido bastante efeito. Tanto que agora estamos considerando uma perspectiva positiva de uma alíquota diferenciada para os setores da saúde, educação e também de transportes. A neutralidade fiscal é justamente o nosso pleito”, explica Fábio Cunha, diretor do Comitê Jurídico da Abramed.

Porém, paralelamente ao debate sobre o PL 3887/20, no início deste ano a Reforma Tributária entrou em uma segunda fase com a apresentação, pelo Ministro da Economia, Paulo Guedes, do projeto de lei 2337/21, que altera a legislação do Imposto sobre a Renda das Pessoas Físicas e das Pessoas Jurídicas e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.

“Essa é uma fase totalmente voltada ao imposto de renda e temos que nos atentar a duas modificações principais: a reinstituição da tributação da distribuição de lucros e dividendos, que desde 1995 é isenta; e a redução da alíquota do Imposto de Renda da Pessoa Jurídica”, explica Renato Nunes, sócio da área Tributária da Machado Nunes.

É preciso entender que essas mudanças propostas pelo PL 2337/21 afetam as empresas de forma diferente a depender do seu modelo de tributação.

Para as optantes pelo Simples Nacional (ou seja, pessoas jurídicas com faturamento máximo anual de R$ 4,8 milhões), se o projeto for aprovado não deve haver muito impacto. Isso porque na versão mais recente do texto essas empresas estarão dispensadas de promover a retenção de Imposto de Renda sobre as distribuições de lucros, independentemente de valor. Considerando que inicialmente a isenção seria apenas para a distribuição de até R$ 20 mil por sócio, podemos entender que houve um avanço.

A mesma previsão acima voltada ao Simples se aplicaria às empresas optantes pelo Lucro Presumido e que faturam até R$ 4,8 milhões ao ano. Para estas, os impactos devem ser indiretos, ou seja, podem surgir pelo aumento de preços de fornecedores e prestadores de serviço que sofrerão com uma possível ampliação da carga tributária.

Já para empresas que faturam mais de R$ 4,8 milhões ao ano e atuam sobre Lucro Real ou Lucro Presumido, os impactos precisam ser compreendidos e analisados, pois são bem significativos. As companhias mais penalizadas, em tese, serão aquelas que optam pelo lucro presumido.

“Isso acontece porque essas empresas trabalham com percentuais de presunção, e não com lucro efetivo. Assim, acabam sentindo menos o impacto positivo da redução do IRPJ, que é uma das principais contrapartidas ao retorno da tributação sobre a distribuição de lucros e dividendos”, explica Nunes reforçando que ao mesmo tempo em que se beneficiam pouco dessa redução, do outro lado estão sentindo totalmente o peso do aumento da carga tributária.

Outro ponto apresentado por Nunes e que deve ser percebido é que no setor de serviços da saúde, o lucro presumido conta com um regime especial apelidado de “lucro presumido saúde”. Enquanto no modelo tradicional, o percentual de presunção para se chegar à margem de cálculo é de 32%, nesse formato especial os percentuais de presunção do imposto de renda e da contribuição social sobre o lucro caem para, respectivamente, 8% e 12%. “Isso faz com que tenhamos o aproveitamento da redução da alíquota do IRPJ seja bastante limitado, e, por consequência, uma menor neutralização do Imposto sobre a distribuição de lucros”, declara Nunes.

“Tínhamos uma grande preocupação com o impacto dessas mudanças nos prestadores de serviço e no efeito em cascata que poderia ocorrer. Quando o texto foi alterado, mantendo a isenção para todas as empresas do Simples Nacional e para uma parcela das optantes pelo lucro presumido, a situação melhorou”, relata Cunha.

Monitorando a Reforma Tributária desde o início, o executivo acredita que nos últimos dias a aprovação da reforma foi dificultada. “Enquanto na primeira fase, de aprovação do CBS, tínhamos metade da sociedade contra e outra metade a favor, nessa segunda fase focada no imposto de renda temos 100% dos setores se posicionando contrários ao projeto de lei. Na nossa visão, isso faz com que a reforma enfrente muito mais dificuldades para ser tramitada e o fato de a aprovação ter sido recentemente postergada deixa claro o enfraquecimento do governo com relação a esse movimento”, finalizou.

A Abramed segue acompanhando todos os novos passos para esclarecer os impactos e as demandas do setor de medicina diagnóstica, evitando prejuízos para as empresas e para a população. Inclusive, participará de uma reunião com o deputado federal Luiz Carlos Mota (PL-SP), relator do PL 3887/20, intermediada pela Frente Parlamentar de Serviços.