Abramed apresenta estudo de impactos da reforma tributária na medicina diagnóstica a presidente da Câmara dos Deputados

Representando a Abramed, Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração; Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva; Fábio Cunha, diretor do Comitê Jurídico; Armando de Queiroz Monteiro Bisneto, assessor parlamentar; e Eduardo Muniz, consultor; estiveram em Brasília, no dia 4 de dezembro, em audiência com o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), para tratar dos impactos da reforma tributária no setor de medicina diagnóstica. 

Na oportunidade, foi declarado que a entidade apoia a reforma tributária, desde que não haja aumento de encargo tributário, e apresentado o estudo preliminar realizado pelo departamento de inteligência setorial da Associação, que mostra a carga tributária na medicina diagnóstica com as propostas de emendas à Constituição (PECs) da Câmara dos Deputados (PEC n° 45) e do Senado Federal (PEC n° 110). Ambas as PECs preveem a substituição de cinco tributos por um imposto único, chamado de imposto sobre bens e serviços (IBS). O modelo é inspirado em sistemas utilizados em outros países, que reúnem em um único imposto sobre valor adicionado (IVA) toda a tributação sobre o consumo, com uma alíquota uniforme. Ambas propostas simplificam o modelo tributário brasileiro, diminuem o número de tributos, mas apresentam prazos diferentes de transição; e há distinção no tratamento dado à atual zona franca de Manaus, e em relação à distribuição dos tributos entre União, Estados e municípios.

O estudo da Abramed apresentado ao presidente da Câmara dos Deputados demonstra que a arrecadação federal referente somente às atividades de atenção à saúde cresceu 172% entre 2011 e 2018, enquanto o valor total arrecadado em todos os setores da economia teve aumento de 47% no mesmo período. Ao isolar a medicina diagnóstica, a carga tributária prevista deve aumentar mais de 70%, segundo análise da Abramed. 

Shcolnik alertou que da maneira que estão sendo encaminhadas as propostas para a reforma tributária, os resultados serão o encolhimento do setor e redução de empregabilidade. “O setor da saúde promove mais de 250 mil empregos diretos e isso vai ser reduzido se as PECs tramitarem como estão hoje.” 

Reforma unindo o setor

Os potenciais efeitos drásticos da reforma tributária com as PECs 45 e 110 uniram as entidades da saúde, que estão trabalhando juntas na análise dos impactos da reforma em toda a cadeia da saúde. Em setembro, os presidentes da Abramed, Abramge, Anahp, CNSaúde, FenaSaúde, FBH, Unidas e Unimed foram recebidos pelos relatores de ambas as PECs, para apresentarem os impactos em seus respectivos setores. 

Além disso, Abramed e Anahp criaram um grupo de trabalho para melhor entender os impactos da reforma tributária para os prestadores de serviços de saúde – hospitais e laboratórios. Clique aqui e acesse o comunicado sobre o assunto, ou leia abaixo na íntegra.

COMUNICADO

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (ABRAMED) e a Associação Nacional dos Hospitais Privados (ANAHP), unindo propósitos, informam a constituição de um Grupo de Trabalho para monitoramento das propostas de reforma tributária. O foco dos trabalhos está nas repercussões que possam impactar as atividades desempenhadas na área das instituições de saúde privada e de medicina diagnóstica.

Como é de conhecimento público, além das reformas que já tramitam no Congresso Nacional, o Governo Federal trabalha com a perspectiva de instituição gradativa de um novo modelo de tributação, a ser composto por etapas.

Há estudos, inclusive, para que essas alterações sejam conduzidas sem a necessidade de uma ampla alteração constitucional, o que pode tornar mais célere o processo legislativo necessário, tendo como primeira fase a unificação das contribuições ao PIS e a Cofins, com extinção do regime cumulativo e fixação de alíquota entre 11% e 12%.

Essa medida, por si, implicaria impacto significativo e não desejado aos nossos associados, o que gera a necessidade comum de um assessoramento técnico, jurídico e estratégico. É fundamental que sejam adotadas as medidas adequadas a evitar a oneração excessiva na prestação dos serviços, ainda que o equilíbrio das incidências tributárias seja alcançado com o advento das demais etapas da reforma, dentre as quais insere-se a desoneração dos encargos sobre a folha de pagamento, ainda de contornos indefinidos.

Os hospitais privados e as empresas da área de medicina diagnóstica, para além da relevância dos serviços prestados, formam um relevante e imprescindível setor da economia para a geração de empregos, o que confere peso ao papel de suas entidades representativas no debate sobre o recondicionamento do sistema tributário nacional.

Nesse sentido, o Grupo de Trabalho composto por especialistas da ANAHP e da ABRAMED está atuando nas seguintes frentes:

a) estudos aprofundados sobre as propostas já divulgadas;
b) reunião de elementos técnicos e jurídicos relativos ao setor que orientem

o posicionamento construtivo a ser adotado;
c) desenvolvimento de cenários e de proposições que mitiguem ou

compensem eventuais impactos negativos da reforma;
d) construção de canais de interlocução com os Poderes Executivo e Legislativo.

A atuação especializada e direcionada proporcionará o tratamento da questão de forma profissional, pragmática e serena, no sentido de subsidiar as decisões a serem tomadas pelo poder público. Dessa forma, acredita-se na viabilidade de uma reforma sem aumento de carga tributária sobre as atividades dos nossos associados, preservando-se, assim, a capacidade de investimento, expansão e empregabilidade do setor de saúde.

Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica ABRAMED

Associação Nacional de Hospitais Privados ANAHP

SBPC/ML anuncia segunda lista de recomendações do Choosing Wisely Brasil

Ao todo são 5 novas recomendações de acordo com a inciativa da Fundação American Board of Internal Medicine que visa ampliar a cultura da sabedoria na saúde

Rio de Janeiro, 03 de outubro de 2019 – A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) anuncia cinco novas recomendações para adesão à campanha Choosing Wisely Brasil. O objetivo é dar continuidade ao programa que visa ampliar a percepção dos profissionais da área para a importância do uso adequado, consciente e sem excessos de recursos e vai ao encontro do conceito Less is more ou “menos é mais”.

“A segunda lista de recomendações reforça o compromisso de nossa sociedade em auxiliar os especialistas na busca pelo equilíbrio entre a gestão de recursos da saúde para fins de prevenção, diagnóstico e monitoramento de doenças e a excelência no atendimento ao paciente”, afirma o vice-presidente da SBPC/ML, Gustavo Campana.

Com base nas orientações do projeto Choosing Wisely Brasil, a SBPC/ML, com a colaboração de seus associados, elaborou a segunda Lista de Recomendações para orientar os especialistas dessa e de outras áreas em relação ao uso de exames laboratoriais. São elas:

1) Evite exames laboratoriais pré-operatórios de rotina, sem indicação clínica, para cirurgias de baixo risco

A maioria dos testes pré-operatórios (comumente hemograma. Tempo de Protrombina, e TTPA, exames bioquímicos e urinálise) realizados em cirurgias eletivas são normais. Achados clínicos ocorrem em menos de 3% dos pacientes testados. Em quase todos os casos, não há eventos adversos relatados quando pacientes estáveis passam por cirurgias eletivas. Os exames pré-operatórios são indicados para pacientes com fatores de risco ou quando os exames podem esclarecer o risco cirúrgico.

2) Não solicite múltiplos exames na avaliação inicial de pacientes com suspeita de doença tireoidiana. Solicite o Hormônio Tireoestimulante (TSH) e, se anormal, prossiga com avaliação adicional ou tratamento dependendo dos achados

A dosagem de TSH pode detectar doença tireoidiana subclínica em pacientes sem sintomas de disfunção tireoidiana. Uma dosagem de TSH dentro dos valores de referência exclui na maioria dos casos doença primária de Tireoide. Se a dosagem de TSH for anormal, confirmar o diagnóstico com avaliação de T4 Livre.

3) Não realize triagem com CA-125 ou ultrassom, para câncer de ovário, em pacientes de baixo risco do sexo feminino.

O CA-125 e o ultrassom em pacientes de baixo risco e assintomáticas, sem diagnóstico de câncer, não reduzem a mortalidade nestes pacientes. Resultados falso-positivos acarretam a realização de exames ou procedimentos desnecessários e possuem riscos de complicações.

4) Não realize repetição de Carga Viral de Hepatite C em pacientes sem uso de terapia antiviral.

Os exames de Hepatite C quantitativos de alta sensibilidade são apropriados para diagnóstico e são parte do acompanhamento da terapia antiviral. Em outras condições, o exame de Carga Viral não modifica o manejo clínico ou desfecho.

5) Não solicite teste genético para HFE para pacientes sem sobrecarga de ferro evidenciada ou sem histórico familiar de Hemocromatose Hereditária.

A maioria dos casos de Hemocromatose Hereditária é devido à herança de mutações no gene HFE. Estas mutações são comuns em indivíduos de ancestralidade Europeia, entretanto apenas uma pequena proporção destes indivíduos desenvolve condições clínicas. Outros fatores genéticos e não genéticos contribuem para este desenvolvimento. A genotipagem do HFE deve ser realizada em pacientes com sobrecarga de Ferro (ex. Saturação de Transferrina > 45%) ou aqueles com história familiar de Hemocromatose Hereditária.

A primeira lista de recomendações da SBPC/ML foi lançada em 2018, quando a sociedade aderiu ao programa. Para acessar, clique aqui.

O Choosing Wisely foi criado pela American Board of Internal Medicine (ABIM), em 2011, e chegou ao Brasil em 2015. O projeto engaja diversas sociedades médicas para que apontem, através de uma lista de recomendações, condutas que não devem ser indiscriminadamente adotadas, fazendo com que os especialistas reflitam sobre os procedimentos de sua atividade.

De acordo com Choosing Wisely, atualmente mais de 70 sociedades médicas na Alemanha, Canadá, Inglaterra, Japão e Brasil, já publicaram mais de 400 recomendações sobre exames e tratamentos que devem ser reavaliados pelos especialistas.

Vencendo desafios, medicina diagnóstica se desenvolve fora do eixo Rio-São Paulo

Sempre que pensamos em pioneirismo em saúde, as primeiras referências nacionais automáticas estão nos grandes centros médicos de São Paulo e do Rio de Janeiro. Essa percepção não é diferente quando esmiuçamos o mercado de medicina diagnóstica, já que as maiores empresas do setor estão instaladas nessas regiões e despontam com inovação e alta tecnologia.

Porém, mesmo em um país continental como o Brasil, estamos conseguindo mudar essa mentalidade, já que podemos observar uma redução do gap que existia entre esses grandes centros e outras regiões.

Como comprovação desse desenvolvimento, temos dados do Cadastro Nacional dos Estabelecimento de Saúde no Brasil (CNES) que, publicados no Painel Abramed 2019 – O DNA do Diagnóstico, mostram que o número de unidades de Serviço de Apoio à Diagnose e Terapia (SADT)  cresceu 66,6% nos últimos dez anos, atingindo um total de 24.763 mil unidades em dezembro de 2018.

Recortando as regiões Norte e Nordeste, temos um boom ainda mais interessante de ser analisado: a quantidade de estabelecimentos cresceu 91% no Norte e 68,5% no Nordeste do país no mesmo período.

A incorporação tecnológica, que surge para melhorar a qualidade dos exames e ampliar o acesso da população a diagnósticos de imagem mais precisos, tem sido uma das facilitadoras para a equiparação do atendimento prestado nas megalópoles aos serviços prestados em todo o restante do território nacional.

Sólida realidade fora do eixo Rio-São Paulo, a tecnologia de ponta pode ser identificada, por exemplo, no oferecimento do exame de PET/CT (acrônimo de tomografia por emissão de pósitrons/tomografia computadorizada) em diversas regiões do país. Esse exame, inserido no rol da Medicina Nuclear e importante aliado no diagnóstico e no combate ao câncer, ficou restrito ao Sudeste e ao Sul do Brasil por muitos anos, mas hoje já pode ser encontrado em clínicas como a nossa, no Ceará, que acabou de colocar em funcionamento seu segundo aparelho de PET/CT, levando ganhos a pacientes e médicos da capital cearense ao reduzir o tempo do exame e melhorar a qualidade da definição da imagem. Isso sem falar na Internet, que promove uma melhor troca de informações, beneficiando todo o sistema de saúde.

No mesmo caminho de desenvolvimento temos cada vez mais médicos especialistas fora dos grandes centros e isso faz com que a medicina diagnóstica esteja em constante evolução para ser cada vez mais o apoio que os médicos necessitam para a tomada de decisões e definição das condutas terapêuticas.

Outros resultados do crescimento do setor de diagnóstico em todo o território nacional está, além do incremento do parque tecnológico, na evidente busca por qualidade e humanização; no foco em acreditação hospitalar e vários outros selos de qualidade e no reconhecimento de capitais como Salvador (BA), Recife (PE), Fortaleza (CE), Teresina (PI) e São Luís (MA) como importantes polos de saúde.

Mas, como em todo processo de desenvolvimento, há as dores do crescimento trazendo grandes desafios ao dia a dia dos centros de diagnósticos fora do eixo Rio-São Paulo. Dentre eles, podemos citar a distância geográfica dos centros de distribuição de peças de reposição para os equipamentos de diagnóstico, já que a maioria deles está em São Paulo gerando impacto relevante quando há a necessidade de manutenção de equipamentos com substituição de peças. Não é raro que as empresas tenham de esperar vários dias para consolidar essa manutenção colocando o equipamento novamente em funcionamento.

Somado a isso, encara-se a prática de recolhimento do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) entre os Estados da Federação dificultando a chegada dos itens solicitados. Como exemplo, vemos a simples troca de um fiscal na fronteira estadual podendo atravancar e até mesmo impedir a entrega desses itens às clínicas, mesmo quando essas clínicas são consumidoras finais, ou seja, isentas de inscrição estadual e do pagamento de tal tributo.

Outro desafio bastante relevante está no acesso mais restrito da população que se encontra fora do eixo Rio-São Paulo a planos de saúde. Com diversos aspectos socioeconômicos influenciando fortemente a oferta e a demanda dos serviços de saúde, é notória a associação entre o porte populacional e a distribuição do número de beneficiários de planos de assistência médica.

Mesmo que, segundo dados do Painel Abramed, a região Nordeste tenha incorporado mais de 1,6 milhões de beneficiários de planos de saúde nos últimos dez anos enquanto, no mesmo período, a região sudeste tenha ganhado 1,4 milhões de vidas, números  do Sistema de Informações de Beneficiários (SBI) da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), também publicados no Painel, mostram que mais da metade dos beneficiários (52,2%) está localizada nos 46 municípios mais populosos da nação, ou seja, que têm acima de 500 mil habitantes e nos quais a taxa de cobertura alcança 37,9% da população.

Na outra vertente, em quase 90% dos municípios brasileiros com até 50 mil habitantes, apenas 7,8% da população está coberta pelo sistema suplementar. Essa restrição, diretamente relacionada com o menor poder aquisitivo, resulta em discrepâncias remuneratórias entre as regiões: enquanto os grandes centros conseguem ofertar exames a custos menores e recebem remunerações mais altas por eles, as regiões mais remotas têm mais despesas – já que os equipamentos, a manutenção e os insumos acabam mais caros – e menos receita a cada exame executado. Para isso, contamos com um olhar minucioso por parte dos órgãos regulatórios como a ANS e o Conselho de Saúde Suplementar (Consu).

Com a restrição ao mercado de planos de saúde em algumas regiões, o SUS tem papel ainda mais importante no acesso da população à medicina diagnóstica, principalmente no interior dos Estados onde existem poucos serviços de diagnóstico do próprio governo. Nesses locais, as parcerias público-privadas são indispensáveis e fazem com que clínicas e hospitais privados conveniados ao Ministério da Saúde ofertem os serviços para suprir as demandas populacionais. Porém as tabelas remuneratórias do SUS estão congeladas há quase 20 anos e o complemento dos valores pagos aos prestadores de serviços pelo sistema público, que deveria vir das esferas municipais ou estaduais, quase nunca é garantido.  

Sobretudo e diante deste cenário de oportunidades e desafios, podemos dizer que continuamos a tomar os grandes centros de diagnóstico do eixo Rio-São Paulo como referência, embora tenhamos a certeza de que muitas soluções já surgem também em outras regiões e de que isso é fundamental para médicos e pacientes que precisam contar com medicina diagnóstica de qualidade nos quatro cantos do Brasil.

*Juliano Esteves Viana é CEO do Grupo Omnimagem

Tecnologia de ponta e procedimentos de saúde foram assuntos do 4º FILIS

Shafi Ahmed, um dos principais influenciadores mundiais em saúde digital e realidade virtual, abordou o tema “Transformando a saúde”

O mundo passa pela quarta revolução industrial e vive a “época mais empolgante da biomedicina”. Esse é a ótica de Shafi Ahmed, cirurgião oncológico dos hospitais The Royal London e St. Bartholomew, professor das universidades Bradford e Singularity, e um dos principais influenciadores mundiais em saúde digital e realidade virtual. Sua palestra encerrou o 4º FILIS – Fórum Internacional de Lideranças da Saúde, evento promovido pela Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica).

Em 2014, usando o Google Glass, Ahmed removeu um câncer de um paciente sob os olhares de centenas de universitários, em mais de 100 países. À medida que as perguntas surgiam na lente do seu Glass, ele respondia às dúvidas como se as pessoas que o questionavam estivessem ao seu lado. O procedimento transmitido ao vivo, em realidade virtual, tornou-se um novo paradigma de aprendizagem. Além disso, o cirurgião alcançou vários reconhecimentos relevantes da indústria, incluindo o Future NHS Award e o Webit International Award de Melhor Uso de Inovação Digital em Saúde.

No FILIS, ele ressaltou que o dinheiro disponível no mundo é escasso e que é preciso estabelecer metas sustentáveis para os novos desafios tecnológicos. “Precisamos mudar os currículos das universidades e ensinar os médicos a serem empreendedores. As inovações vão ocorrer em um ritmo mais acelerado e os centros de ensino precisam acompanhar. Estamos mais conectados do que nunca”, reforçou.

Para o médico, as altas tecnologias de baixo custo estarão cada vez mais acessíveis. “Sou consultor de cirurgias que ocorrem em diferentes lugares do mundo: Londres, Índia, Estados Unidos. Eu não vou a esses lugares, mas a tecnologia me leva até eles”, afirmou Ahmed, que deve lançar um novo livro em novembro sobre o tema.

Entre os exemplos de lugares que estão passando por transformação tecnológica na área da saúde, ele citou Abu Dhabi, nos Emirados Árabes. “É um país rico e pequeno, com apenas três milhões de habitantes. Lá existem cerca de 50 hospitais e estão todos conectados por meio de tecnologia de ponta”, afirma, lembrando que o país investiu US$ 5,5 bilhões no sistema de saúde.

Ao final da palestra, o presidente do Conselho de Administração da Abramed 2019-2022, Wilson Shcolnik, encerrou o evento fazendo um balanço do evento e seus principais destaques. E aproveitou para convidar a todos para o 5° FILIS, que tem data marcada para o dia 28 de agosto de 2020.

Inovação eleva qualidade e eficiência na medicina diagnóstica

Confira a entrevista com Sidney Klajner, presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein

As empresas que atuam na área da saúde estão em busca constante de qualidade e eficiência. A chegada de novas tecnologias e o investimento em inovação permitiram à medicina diagnóstica a realização de exames em grande escala, em menor tempo, com mais qualidade e precisão, ofertando melhor atendimento ao paciente.

O salto dado pelo setor de medicina diagnóstica, que se diferencia de outras especialidades da medicina por adotar novas tecnologias mais rapidamente, é, na visão do presidente da Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Albert Einstein, Sidney Klajner, responsável por estimular o empoderamento do paciente e uma mudança radical na medicina atual.  

Na entrevista a seguir, ele comenta a importância da tecnologia e das inovações para medicina diagnóstica, os desafios do financiamento da incorporação tecnológica e da redução dos custos para ofertar exames de ponta acessíveis. Confira!

Abramed em Foco – Quais as vantagens, resultados e impactos do Núcleo Técnico Operacional do Laboratório Clínico do Albert Einstein, inaugurado em 2019?

O Núcleo Técnico Operacional concentra a maioria dos exames de análises clínicas da rede ambulatorial do Einstein e de outras instituições que contratam o nosso serviço de medicina diagnóstica. O projeto recebeu um investimento de cerca de R$ 50 milhões e abriga novos equipamentos, instrumentos e metodologias que permitem maior agilidade nos processos, redução de custos e aumento do portfólio de exames. Um dos grandes diferenciais é a utilização da esteira de automação, que reúne, em uma mesma estrutura, equipamentos capazes de realizar exames de bioquímica, imunologia, hematologia e biologia molecular. Trata-se da primeira experiência mundial de integração de equipamentos de diferentes fabricantes em uma só esteira. De início, serão 20 analisadores integrados, podendo chegar a 29, caso a demanda por exames laboratoriais aumente.

Para este ano, está prevista a segunda etapa da ampliação dos laboratórios de técnicas moleculares e de sequenciamento genético, além da incorporação da área técnica do laboratório Genomika relacionada à medicina de precisão. Essas mudanças também facilitarão a maior interação com as áreas de Pesquisa e Inovação.

Abramed em Foco – De que forma as novas tecnologias e a telemedicina impactam no acesso ao atendimento, na experiência do paciente e na possibilidade de diagnósticos precoces? 

Muitas tecnologias surgem para empoderar o paciente e melhorar a comunicação com seu médico. Um exemplo é o aplicativo Meu Einstein, lançado em 2016. Ele permite ao paciente agendar e fazer check-in em consultas e exames, checar seus resultados, monitorar dados de saúde e solicitar coleta domiciliar, entre outras funcionalidades.

Já sobre a telemedicina, uma das grandes vantagens do serviço, tanto para pacientes quanto para hospitais, é colocar o paciente certo no lugar correto. O atendimento de urgência por meio da modalidade evita idas desnecessárias ao pronto atendimento, poupando o paciente do deslocamento até um hospital quando o caso pode ser resolvido sem que isso seja preciso e protegendo-o, ao impedir que ele se exponha em um ambiente hospitalar desnecessariamente. Para o hospital, uma das vantagens é poder destinar os leitos adequadamente, reservando-os a atendimentos para casos mais complexos.

Mas há outros benefícios. Um dos nossos programas, o de Teledermatologia, é um serviço com atendimento assíncrono, ou seja, que não é feito em tempo real. Ele consiste em uma análise virtual de diagnóstico dermatológico em união com o médico de família da Unidade Básica de Saúde.  Com isso, conseguimos zerar a fila pelo atendimento dermatológico na cidade de São Paulo em parceria com a prefeitura municipal. Foram, ao todo, 55 mil atendimentos na capital paulista em seis meses de projeto. Atualmente, o programa foi expandido para atuação em nível estadual.

Outro ponto positivo da prática é a possibilidade de levar conhecimento e expertise médica a regiões desprovidas de recursos mais sofisticados. Em um país de dimensões continentais como o Brasil, o atendimento por meio da telemedicina permite que um médico especialista que está em São Paulo atenda o morador de uma área sem estrutura para assistência adequada.

Um grande exemplo que temos em andamento é nosso teleatendimento a oito UTIs privadas e sete hospitais públicos por meio de uma parceria com o Ministério da Saúde. Nós conseguirmos prover a essas instituições visitas diárias de médicos especialistas em unidades de terapia intensiva e auxiliar no atendimento local. Como resultado, reduzimos a mortalidade neste tipo de internação e aumentamos o giro de leito.

Abramed em Foco – Comparando a medicina diagnóstica atual com a que era praticada na primeira década dos anos 2000, como vê essa evolução? 

A medicina diagnóstica que se pratica em 2020 é completamente diferente da que se praticava em 2010. Demos um enorme salto em apenas uma década. 

A área sempre teve a vocação da inovação, diferenciando-se de outras especialidades da medicina por adotar e popularizar novas tecnologias mais rapidamente. Até pela maior agilidade de validação e aprovação, testes diagnósticos laboratoriais e tecnologias de imagem acabam sendo incorporados à prática médica mais rapidamente.  

Por exemplo, em um passado relativamente recente, acompanhamos a rápida incorporação de técnicas de biologia molecular ao diagnóstico de doenças infecciosas e de métodos de imagem como a ressonância magnética. 

Nos últimos anos, vemos a aceleração desse processo de incorporação tecnológica, principalmente na área da medicina genômica e de precisão, o que tem instigado uma mudança radical na medicina atual. Os testes genéticos tornaram-se uma realidade. Eles possibilitam, por exemplo, a predição de risco de doenças como câncer ou enfermidades neurodegenerativas. Oncologia e neurologia, na verdade, são duas áreas bastante impactadas pela evolução dos testes genéticos.

Abramed em Foco – Quais as perspectivas da medicina diagnóstica? Quais são os principais gargalos no setor de saúde hoje?

Os grandes desafios ainda são o financiamento da incorporação de toda essa tecnologia e a mudança cultural dos profissionais. Tudo o que foi e está sendo desenvolvido traz enormes ganhos para a medicina, mas ainda carece de escalabilidade em nível do Sistema Único de Saúde (SUS). Muitas novidades ainda são inacessíveis para a maioria dos usuários do sistema de saúde público e mesmo do privado.

Uma das principais medidas para o futuro é tornar a medicina diagnóstica de ponta acessível. É prover os novos exames para todos os que deles necessitam. Isso passa por esforços para reduzir o custo da tecnologia, mas também por busca de modelos mais sustentáveis de atenção à saúde, em que os exames sejam prescritos quando realmente necessários. Dessa forma, evita-se o desperdício de recursos, além de poupar que o paciente se submeta a testes desnecessários.

Abramed em Foco – De que maneira a Abramed, como associação que congrega dentro da medicina diagnóstica hospitais, grandes grupos laboratoriais e até pequenas empresas que atuam no segmento, pode contribuir na solução desses problemas? 

A Abramed, como entidade que representa os principais players de medicina diagnóstica no país, pode contribuir para encontrar caminhos que tornem os exames diagnósticos mais eficientes e mais acessíveis. Uma das formas é continuar promovendo o diálogo com todos os atores envolvidos, sejam eles os pacientes, os principais interessados no tema, as empresas e o governo.

Abramed em Foco – O que a instituição espera da Abramed para vencer os desafios do setor para os próximos anos? 

Esperamos que a Abramed continue a fazer o trabalho primoroso que vem conduzindo desde sua fundação, oferecendo espaço para o debate e incentivando a busca de soluções que tornem o sistema da medicina diagnóstica mais acessível, sustentável e eficiente.

Abramed em Foco – Em 2020, a Abramed comemora 10 anos de atuação. Qual a importância da Associação para o setor durante esta década?

A Abramed representa as principais organizações de medicina diagnóstica que prezam pela prática baseada nas melhores evidências científicas, dentro de princípios éticos bastante rígidos e têm na satisfação dos seus clientes seu principal foco.

Dentro deste cenário, a Abramed é tanto um fórum de debates que congrega grandes líderes do setor, quanto um fornecedor para sociedade de soluções que criem alternativas de crescimento sustentável do setor, com o melhor desfecho para os pacientes. A Abramed também propicia coletarmos dados dessas organizações e do mercado de saúde e, com um trabalho analítico cuidadoso, oferece aos gestores contribuições estratégicas valiosas.

Por fim, por meio de seus vários grupos técnicos gera conhecimentos de fronteira para o setor de medicina diagnóstica, monitora e atua nos setores regulatórios para que a prática da medicina diagnóstica não se distancie de seu objetivo maior que é criar valor na cadeia de saúde e que o cidadão se beneficie sobremaneira de sua atuação.

Sudeste concentra quase metade dos mamógrafos do Brasil

Painel Abramed 2019 ressalta desigualdade na oferta de exames nos estados, ocasionando o chamado vazio assistencial; região Norte possui apenas 6% dos equipamentos do país

Não há dúvidas de que os equipamentos de imagem e sua evolução tecnológica são essenciais para a melhoria na qualidade do diagnóstico e maiores chances de cura de algumas doenças. Esse fato é ainda mais significativo quando falamos em mamografia, exame mais indicado pela Sociedade Brasileira de Mastologia para detecção precoce do câncer de mama – que, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), é o câncer que mais acomete as mulheres do país, com um total de novos 59.700 casos previstos para todo o ano de 2019.

“Os casos detectados precocemente têm muito mais chances de cura e melhor tratamento”, explica Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed. “Segundo o relatório de auditoria operacional do Tribunal de Contas da União, uma das principais causas para imprevisibilidade da atenção oncológica é o despreparo da atenção primária para rastrear os casos de câncer, refletindo no diagnóstico avançado da doença”, diz.

O relatório demonstra que 53,9% dos pacientes com câncer de mama no Brasil foram diagnosticados em estadiamento avançado, estágios 3 e 4. Para entendimento: o câncer de mama é classificado em 5 estágios principais (0 a 4), tendo chances melhores de tratamento quando detectado entre os estágios 0 e 2. Mesmo sendo um número relevante e desafiador para o sistema de saúde, existem outros entraves que cercam o câncer de mama no país, como o vazio assistencial.

Dados do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico mostram que dos 5.570 municípios brasileiros, apenas 1.217 (21,8%) possuem ao menos um equipamento de mamografia. Entre esses, o número aproximado de mamógrafos é de 4,7 por cidade, em média. Do total de 5.723 mamógrafos em uso distribuídos no país em dezembro de 2018, 11,4% concentravam-se nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, com um total de 652 unidades.

A região Sudeste concentra quase 47,44% dos aparelhos do país, tanto na esfera pública como na privada. Em seguida vem Nordeste (22,2%); Sul (15,7%), Centro-Oeste (8,5%) e Norte (6%). “Norte e Nordeste, juntos, com todo o seu tamanho de território e população de quase 75 milhões de habitantes, têm um número muito reduzido em relação ao Sudeste, por exemplo”, pontua Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed.

“Nas regiões mais urbanizadas e populosas há maior oferta dos recursos de saúde, além de uma maior presença de hospitais, laboratórios e profissionais da área médica”, comenta Priscilla. “Adicionalmente, os determinantes sociais e outras características individuais ou de grupos da população influenciam a demanda. A consequência desse arranjo é a desigualdade na oferta de bens e serviços de saúde, ocasionando o chamado vazio assistencial”, acrescenta.

MAMOGRAFIA NO BRASIL: VOLUME DE EXAMES ABAIXO DO IDEAL

Considerando a disponibilidade de equipamentos em uso – nas esferas pública e privada –, nota-se que a distribuição geográfica dos equipamentos de mamografia não é homogênea ao longo do território nacional. O resultado dessa discrepância é a cobertura insuficiente de exames de mamografia.

Pesquisadores da Sociedade Brasileira de Mastologia, em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia, divulgaram em 2018 um estudo revelando que o percentual das mulheres da faixa etária entre 50 e 69 anos, em 2017, atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), foi o menor dos últimos cinco anos. Para se entender o contexto, eram esperadas 11,5 milhões de mamografias e realizaram-se apenas 2,7 milhões, uma cobertura de 24,1%, bem abaixo dos 70% recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Por um lado, na saúde suplementar, dados do Painel Abramed mostram que o número de mamografias apresentou ligeira redução, registrando 5 milhões de exames entre 2017 e 2018, queda de 0,4%. Por outro, o número de mamografias em mulheres de 50 a 69 anos alcançou 2,3 milhões e cresceu 1,8%, no mesmo período. “Na saúde suplementar, considerando o número de exames realizados e a quantidade de mulheres com idade entre 50 e 69 anos, a taxa de cobertura para o exame alcançou 48,6% das mulheres, ou seja, 1/3 das mulheres nessa faixa etária não realizou o exame preventivo. Para atender esse público seria necessário a realização de aproximadamente 3,3 milhões de mamografias, ou seja, cerca de 1 milhão acima do observado em 2018, segundo a recomendação da OMS de 70% de cobertura para o grupo de risco”, diz Priscilla

“Mesmo com as campanhas de conscientização, o número de exames de mamografia ainda é abaixo do ideal, tanto no setor público como no setor privado. Confrontando esses dados, é alarmante ver, em algumas áreas críticas da saúde, tanta deficiência em exames para detecção precoce de doenças graves”, finaliza Shcolnik.

Dados destacados (2018):

• Mamógrafos em uso distribuídos no país em dezembro de 2018: 5.723*

• Número de mamógrafos simples: 3.963*

• Número de mamógrafos computadorizados: 889; eram 456 em 2014 (aumento de 95%)*

• 1.217 (21,8%) municípios brasileiros possuem ao menos um equipamento de mamografia*

• Distribuição de mamógrafos por região brasileira: Sudeste (47,44%); Nordeste (22,2%); Sul (15,7%), Centro-Oeste (8,5%) e Norte (6%)*

• Distribuição de mamógrafos na rede privada, por região brasileira: Centro-Oeste (78%), Nordeste (72,90%), Sudeste (70,90%), Sul (67,40%), Norte (58,4%)*

• Distribuição de mamógrafos na rede pública e sem fins lucrativos, por região brasileira: Norte (41,6%), Sul (32,6%), Sudeste (29,1%), Nordeste (27,1%), Centro-Oeste (22%)*

• Número de mamografias apresentou ligeira redução e registrou 5 milhões na saúde suplementar entre 2017 e 2018, com redução de 0,4%**

*Fonte: Ministério da Saúde – Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil (CNES)

**Fonte: Painel Abramed 2019 – O DNA do Diagnóstico

Abramed solicita à Anvisa liberação imediata de insumos para exames de diagnóstico do novo coronavírus

A criação de um canal direto de comunicação entre as entidades ajudará com que os materiais cheguem rapidamente aos laboratórios, garantindo o atendimento à população durante o pico da pandemia

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) encaminhou nesta quinta-feira (19) um ofício ao diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, solicitando a liberação imediata de insumos necessários para exames laboratoriais para diagnóstico do COVID-19. As empresas associadas à Abramed representam mais de 50% de todos os exames realizados pela saúde suplementar no país.

No texto, a Abramed alerta que a alta demanda de exames laboratoriais para o diagnóstico do COVID-19 trouxe ao setor de medicina diagnóstica brasileiro a preocupação com a falta de insumos necessários para a realização desses exames. “Os reagentes usados nos exames laboratoriais para o diagnóstico do coronavírus são importados e enfrentam os trâmites estabelecidos pela Anvisa para entrada no Brasil. Entretanto, diante de um cenário de crise, solicitamos a colaboração da Anvisa para imediata liberação destes insumos ao chegarem ao país”, destacou a Associação em nota.

Os exames laboratoriais e de imagem são responsáveis pelo diagnóstico do novo coronavírus, etapa fundamental não apenas para o tratamento de casos detectados, mas também para o isolamento de pacientes durante o período recomendado pelas autoridades médicas, segundo recomenda o Ministério da Saúde. A finalidade deste ofício é desburocratizar a importação desses materiais a fim de ampliar a capacidade de testes no país e, assim, garantir o atendimento à população durante pico da pandemia. Com esse procedimento, os insumos importados serão enquadrados na categoria prioritária das petições de registro. 

A Abramed também destaca no documento a solicitação da criação de um canal direto de comunicação à Anvisa. O objetivo é que a Associação possa informar a chegada dos insumos importados para a imediata liberação por parte da Agência para que os insumos cheguem rapidamente aos laboratórios que realizam os exames. “Diante da grave situação de saúde pública que atravessa nosso país devido a pandemia do novo coronavírus, a Abramed está empenhada em contribuir e agradece a oportunidade de interlocução com a Anvisa”, diz texto.

Quase 1/5 dos exames têm resultados acessados por meio da internet

Acesso online a exames fortalece o empoderamento do paciente no ciclo de cuidado; entre 50% e 70% das condutas médicas são baseadas em exames de diagnóstico

Quase 1/5 dos exames realizados têm seus resultados acessados por meio da internet. É o que revela a edição do Painel Abramed 2019 – O DNA do Diagnóstico, publicação anual elaborada pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

De acordo com dados do estudo, as empresas associadas à Abramed – que representam 56% do mercado de diagnóstico brasileiro na saúde suplementar – foram responsáveis por 480,8 milhões de exames em 2018. Desse total, 83,4 milhões (17,5%) foram acessados online.

Os acessos online de exames são impulsionados progressivamente pela expansão da internet no país. De acordo com dados publicados em 2018 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 79,9% dos brasileiros vivem em lares com internet, fixa ou móvel. Isso quer dizer que 166 milhões de brasileiros já têm algum acesso à rede.

“Os acessos online ainda vão aumentar muito, uma vez que a maioria da população brasileira já está conectada e que recursos e ferramentas para esse tipo de acesso são disponibilizados pela grande maioria das empresas. 100% de nossas associadas oferecem essa conveniência a seus clientes”, conta Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed. A executiva destaca ainda que as plataformas online para leitura e retirada de exames são facilitadoras no ciclo do cuidado do paciente e proporcionam, por exemplo, que usuários retirem seus resultados em regiões distantes de centros urbanos, reduzindo custos de locomoção.

O valor da medicina laboratorial no tratamento do paciente é inquestionável. Segundo dados do Painel 2019, entre 50% e 70% das condutas médicas são baseadas em exames de diagnóstico, ou seja, trata-se de um relevante elemento no sistema de saúde que subsidia as decisões clínicas por meio de informações de prevenção, diagnóstico e tratamento.

O Painel informa também que 15,9 milhões de laudos não teriam sido acessados e/ou retirados pelos pacientes em 2018. O número equivale a somente 4% do total de exames de imagem e análises clínicas realizados durante o período. Muitas vezes, a razão do não acesso do laudo acontece devido ao mesmo ser acessado diretamente pelos profissionais de saúde, sem sequer passar pelo paciente.

O acesso de exames online fortalece o empoderamento do paciente, que assume a corresponsabilidade no cuidado com sua saúde. “O processo de diagnóstico tem implicações importantes no ciclo de cuidado com o paciente. Por isso, é importante que ele acompanhe seu estado de saúde e participe de diálogos e decisões sobre as melhores possibilidades de tratamento, minimizando riscos e ampliando resultados positivos”, finaliza Priscilla.

Canal de denúncias contribui para manutenção da ética

Ao receber informações sob confidencialidade e garantir o sigilo do denunciante, ação atua fortemente no combate a fraudes

Nos últimos anos, a presença constante de matérias sobre corrupção de agentes do governo, fraudes em licitações e desvios de dinheiro público veiculadas na grande imprensa despertou a atenção das empresas que, extremamente preocupadas com perdas financeiras e com sua imagem e reputação perante seus clientes e stakeholders, passaram a investir em ações para combater qualquer atitude que fugisse às normas de ética e compliance.

Contribuindo com o combate à desvios de conduta, o Canal de Denúncias associado a um Programa de Compliance lastreado por um Código de Conduta é de fundamental importância, como comenta Marisol Peña Rodriguez, gerente administrativa de Riscos e Compliance e membro do Comitê de Governança e Compliance da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). “O canal atua como um norteador dos valores da instituição para funcionários, parceiros e fornecedores, sobrepondo-se de forma ética e responsável”, explica.

No segmento de medicina diagnóstica essa busca pela transparência tem sido constante e o que no passado era tolerável, já não passa mais no crivo dos programas de ética que buscam, sempre, bloquear qualquer atitude suspeita desde seu surgimento.

Na Abramed, por exemplo, o Canal de Denúncias – criado para que qualquer pessoa possa comunicar anonimamente ações que violem o código de conduta e as boas práticas tanto da Associação quanto do segmento – recebe e registra as informações de forma sigilosa e sem qualquer conflito de interesses. Na sequência, a alta administração da entidade direciona a denúncia ao seu tratamento adequado.

“O Canal de Denúncias pode se tornar uma excepcional ferramenta de registro capaz de identificar falhas nos processos e riscos na gestão”, comenta Marisol, enfatizando que a Lei Anticorrupção (lei nº 12.846/2013) prevê que se a instituição que trabalha com o poder público comprova possuir um canal de denúncias bem estruturado, ela terá benefícios caso haja alguma transgressão por parte de seus colaboradores.

Construção de um canal de denúncias eficaz

Marisol também menciona que algumas ações são fundamentais para que instituições lancem seus canais de denúncia. Entre os tópicos listados pela especialista está a comunicação eficiente. “A comunicação é indispensável para que o canal seja visto como uma boa iniciativa”, pontua. “Auxilia, também, no reforço do profissionalismo do canal e de que todas as denúncias serão apuradas, sempre filtrando àquelas inconsistentes, incompletas ou que sirvam apenas para prejudicar gestores e colegas de trabalho”, complementa.

A garantia da confidencialidade do início ao fim é ponto-chave para um canal de denúncias funcionar de forma correta. “É extremamente recomendado que esse canal seja independente para proporcionar total confidencialidade e proteção tanto do denunciante quanto do denunciado e que conte, inclusive, com incentivo e reforço do grupo gerencial a fim de evitar o medo e o receio”, relata lembrando que, na Abramed, as denúncias são recebidas pela ICTS, empresa independente e especializada.

Também são imprescindíveis a criação de mecanismos de tratamento adequado às denúncias, com total isenção e sigilo a fim de evitar constrangimentos e descréditos do canal; acompanhamento do denunciante mesmo que a apuração não tenha o resultado por ele esperado; e elaboração de uma política de consequências para tratar casos recorrentes, além de transparência para com os envolvidos.

Acesse o Canal de Denúncias da Abramed aqui.

Sudeste concentra quase metade dos mamógrafos do Brasil

Painel Abramed 2019 ressalta desigualdade na oferta de exames nos estados, ocasionando o chamado vazio assistencial; região Norte possui apenas 6% dos equipamentos do país

Não há dúvidas de que os equipamentos de imagem e sua evolução tecnológica são essenciais para a melhoria na qualidade do diagnóstico e maiores chances de cura de algumas doenças. Esse fato é ainda mais significativo quando falamos em mamografia, exame mais indicado pela Sociedade Brasileira de Mastologia para detecção precoce do câncer de mama – que, segundo o Instituto Nacional de Câncer (Inca), é o câncer que mais acomete as mulheres do país, com um total de novos 59.700 casos previstos para todo o ano de 2019.

“Os casos detectados precocemente têm muito mais chances de cura e melhor tratamento”, explica Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed. “Segundo o relatório de auditoria operacional do Tribunal de Contas da União, uma das principais causas para imprevisibilidade da atenção oncológica é o despreparo da atenção primária para rastrear os casos de câncer, refletindo no diagnóstico avançado da doença”, diz.

O relatório demonstra que 53,9% dos pacientes com câncer de mama no Brasil foram diagnosticados em estadiamento avançado, estágios 3 e 4. Para entendimento: o câncer de mama é classificado em 5 estágios principais (0 a 4), tendo chances melhores de tratamento quando detectado entre os estágios 0 e 2. Mesmo sendo um número relevante e desafiador para o sistema de saúde, existem outros entraves que cercam o câncer de mama no país, como o vazio assistencial.

Dados do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico mostram que dos 5.570 municípios brasileiros, apenas 1.217 (21,8%) possuem ao menos um equipamento de mamografia. Entre esses, o número aproximado de mamógrafos é de 4,7 por cidade, em média. Do total de 5.723 mamógrafos em uso distribuídos no país em dezembro de 2018, 11,4% concentravam-se nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro, com um total de 652 unidades.

A região Sudeste concentra quase 47,44% dos aparelhos do país, tanto na esfera pública como na privada. Em seguida vem Nordeste (22,2%); Sul (15,7%), Centro-Oeste (8,5%) e Norte (6%). “Norte e Nordeste, juntos, com todo o seu tamanho de território e população de quase 75 milhões de habitantes, têm um número muito reduzido em relação ao Sudeste, por exemplo”, pontua Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed.

“Nas regiões mais urbanizadas e populosas há maior oferta dos recursos de saúde, além de uma maior presença de hospitais, laboratórios e profissionais da área médica”, comenta Priscilla. “Adicionalmente, os determinantes sociais e outras características individuais ou de grupos da população influenciam a demanda. A consequência desse arranjo é a desigualdade na oferta de bens e serviços de saúde, ocasionando o chamado vazio assistencial”, acrescenta.

MAMOGRAFIA NO BRASIL: VOLUME DE EXAMES ABAIXO DO IDEAL

Considerando a disponibilidade de equipamentos em uso – nas esferas pública e privada –, nota-se que a distribuição geográfica dos equipamentos de mamografia não é homogênea ao longo do território nacional. O resultado dessa discrepância é a cobertura insuficiente de exames de mamografia.

Pesquisadores da Sociedade Brasileira de Mastologia, em parceria com a Rede Brasileira de Pesquisa em Mastologia, divulgaram em 2018 um estudo revelando que o percentual das mulheres da faixa etária entre 50 e 69 anos, em 2017, atendidas pelo Sistema Único de Saúde (SUS), foi o menor dos últimos cinco anos. Para se entender o contexto, eram esperadas 11,5 milhões de mamografias e realizaram-se apenas 2,7 milhões, uma cobertura de 24,1%, bem abaixo dos 70% recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Por um lado, na saúde suplementar, dados do Painel Abramed mostram que o número de mamografias apresentou ligeira redução, registrando 5 milhões de exames entre 2017 e 2018, queda de 0,4%. Por outro, o número de mamografias em mulheres de 50 a 69 anos alcançou 2,3 milhões e cresceu 1,8%, no mesmo período. “Na saúde suplementar, considerando o número de exames realizados e a quantidade de mulheres com idade entre 50 e 69 anos, a taxa de cobertura para o exame alcançou 48,6% das mulheres, ou seja, 1/3 das mulheres nessa faixa etária não realizou o exame preventivo. Para atender esse público seria necessário a realização de aproximadamente 3,3 milhões de mamografias, ou seja, cerca de 1 milhão acima do observado em 2018, segundo a recomendação da OMS de 70% de cobertura para o grupo de risco”, diz Priscilla

“Mesmo com as campanhas de conscientização, o número de exames de mamografia ainda é abaixo do ideal, tanto no setor público como no setor privado. Confrontando esses dados, é alarmante ver, em algumas áreas críticas da saúde, tanta deficiência em exames para detecção precoce de doenças graves”, finaliza Shcolnik.

Dados destacados (2018):

• Mamógrafos em uso distribuídos no país em dezembro de 2018: 5.723*

• Número de mamógrafos simples: 3.963*

• Número de mamógrafos computadorizados: 889; eram 456 em 2014 (aumento de 95%)*

• 1.217 (21,8%) municípios brasileiros possuem ao menos um equipamento de mamografia*

• Distribuição de mamógrafos por região brasileira: Sudeste (47,44%); Nordeste (22,2%); Sul (15,7%), Centro-Oeste (8,5%) e Norte (6%)*

• Distribuição de mamógrafos na rede privada, por região brasileira: Centro-Oeste (78%), Nordeste (72,90%), Sudeste (70,90%), Sul (67,40%), Norte (58,4%)*

• Distribuição de mamógrafos na rede pública e sem fins lucrativos, por região brasileira: Norte (41,6%), Sul (32,6%), Sudeste (29,1%), Nordeste (27,1%), Centro-Oeste (22%)*

• Número de mamografias apresentou ligeira redução e registrou 5 milhões na saúde suplementar entre 2017 e 2018, com redução de 0,4%**

*Fonte: Ministério da Saúde – Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil (CNES)

**Fonte: Painel Abramed 2019 – O DNA do Diagnóstico