A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) segue monitorando a evolução dos casos de dengue no Brasil. Dados recentes indicam que a taxa de positividade dos exames realizados pelos laboratórios associados permanece em níveis elevados, com aumento registrado nas últimas semanas de fevereiro (semanas epidemiológicas 07, 08 e 09), quando a positividade chegou a 19,2% — o maior índice desde outubro de 2024.
Embora a média móvel aponte uma tendência de queda, essa redução ocorre porque o pico de casos de janeiro não compõe mais a base de comparação. Ao desconsiderar esse período, as taxas até fevereiro foram as mais elevadas desde agosto de 2024 (semana epidemiológica 32).
Dengue atinge níveis históricos no Brasil
Apesar de dados do Ministério da Saúde apontarem uma queda considerável de quase 70% nos casos prováveis de dengue registrados nos dois primeiros meses de 2025 em comparação com o mesmo período de 2024, historicamente, o Brasil enfrenta o segundo ano com mais ocorrências da doença.
Outro ponto que chama a atenção dos especialistas é a circulação do sorotipo 3, que esteve ausente no Brasil por mais de 15 anos e pode aumentar o risco de contágio, já que grande parte da população nunca foi exposta à essa variante e não possui anticorpos específicos.
“Os sintomas da dengue, como febre alta, dor abdominal intensa e vômitos persistentes, podem ser confundidos com outras viroses, dificultando o diagnóstico e diminuindo a atenção a sinais de agravamento, isto reforça a importância dos testes laboratoriais para a detecção da doença”, explica Dr. Alex Galoro, patologista clínico e líder do Comitê Técnico de Análises Clínicas da Abramed.
Além disso, mesmo com a adesão de todas as doses disponíveis para 2025, a distribuição ainda é restrita e a vacinação contra a dengue está disponível na rede pública apenas para crianças e adolescentes de 10 a 14 anos — em algumas regiões, a faixa etária foi estendida até os 16 anos.
Com o aumento histórico de casos, as estratégias de combate à dengue incluem medidas preventivas como eliminação de criadouros do mosquito Aedes Aegypti, principal transmissor da doença. O Ministério da Saúde alerta que 75% dos focos do mosquito estão dentro de residências, reforçando a necessidade de ações contínuas de conscientização e controle ambiental.
A Abramed reitera a importância da vigilância laboratorial, do diagnóstico precoce e da notificação dos casos para a tomada de decisões estratégicas no enfrentamento da epidemia. O monitoramento contínuo e a atuação conjunta entre governos, setor privado e sociedade são fundamentais para conter o avanço da doença no Brasil.
Monitoramento
Os associados à Abramed são responsáveis por cerca de 80% do volume de exames realizados na Saúde Suplementar no Brasil. Os dados são compilados por meio da plataforma de inteligência de dados METRICARE, desenvolvida e gerenciada pela Controllab, parceira da associação. Essa colaboração tem permitido o acompanhamento de dados relevantes, fornecendo uma visão clara e estratégica para a tomada de decisões em prol da saúde populacional.
Importante ressaltar que as associadas da Abramed enviam os resultados dos exames diretamente à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS/DATASUS), contribuindo para o monitoramento epidemiológico conduzido pelo Ministério da Saúde. Essas informações são essenciais para entender a progressão da dengue no Brasil e embasar medidas de saúde pública voltadas à contenção da doença.