Todo exame que coleta amostras do nariz com um cotonete é RT-PCR?

A resposta é não. Abramed esclarece a diferença entre os testes e seus graus de confiabilidade para que nenhum brasileiro faça um exame de moderada sensibilidade acreditando estar sendo testado por uma metodologia de alta sensibilidade

1º de maio de 2021

Desde o início da crise causada pelo novo coronavírus, a Organização Mundial da Saúde (OMS), apoiada pelas comunidades científicas globais, indicou o RT-PCR como o exame padrão-ouro para diagnóstico da COVID-19. Cientes de que esse era o exame mais confiável dentro desse cenário, muitos brasileiros passaram a identificar essa metodologia como o teste que coleta amostras nasais com um cotonete. Porém, com o passar dos meses, muitos outros testes surgiram e, hoje, há uma certa confusão entre todos os tipos que estão disponíveis, quais seus graus de confiabilidade e quando cada um deles deve ser utilizado.

Para trazer mais clareza, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) esclarece todas as dúvidas que estão no ar. E o primeiro apontamento dado pela entidade é: nem todo exame hoje disponível que coleta amostras pelo nariz é um RT-PCR.

Atualmente, outras metodologias diagnósticas utilizam esse tipo de amostra. É o caso do teste rápido de antígeno viral que também serve para identificar a doença na fase ativa mas, erroneamente, tem sido chamado por muitos estabelecimentos de POCT-PCR (Point-of-Care Testing – PCR). Esse teste é, na verdade, um teste imunocromatográfico simples, menos sensível, que dispensa o uso de reagentes adicionais e equipamentos sofisticados e precisos usados em laboratórios clínicos, ou seja, é diferente do RT-PCR, que é um exame molecular de alta complexidade.

“No RT-PCR, as amostras coletadas com um swab do fundo do nariz e da garganta do paciente são dispostas em um equipamento capaz de detectar e amplificar o material genético do vírus ali contido. É exatamente essa multiplicação que aumenta a sensibilidade do teste. Já no teste de antígeno nasal não há essa amplificação. Isso significa que mesmo doente, caso o paciente não tenha uma carga viral alta em suas vias respiratórias, há grande chance daquele teste dar um falso negativo”, explica Alex Galoro, diretor do Comitê Técnico de Análises Clínicas da Abramed.

Disponível na literatura científica internacional, um estudo1 publicado em novembro de 2020 concluiu que a sensibilidade e a especificidade do teste de antígeno viral são inferiores às dos exames RT-PCR. Para tal, a pesquisa utilizou esfregaços de cidadãos testados via RT-PCR e foram selecionadas, para o comparativo, 75 amostras de pacientes comprovadamente infectados pelo novo coronavírus e outras 75 amostras de pacientes comprovadamente saudáveis.

Na ocasião, entre todas as amostras avaliadas, o teste rápido apontou três falsos positivos (o que o levou a 96% de especificidade) e 53 falsos negativos (sensibilidade de 70%). Entendendo que a sensibilidade do teste depende do ciclo da doença e da proporção da carga viral nas amostras, outra análise foi feita levando à compreensão de que: em amostras com alta carga viral, o teste rápido alcançou 100% de sensibilidade; em amostras com carga viral média, 95% de sensibilidade; em amostras com carga viral baixa, 44,8% de sensibilidade; e em amostras com carga viral muito baixa, apenas 22,2% de sensibilidade.

“O paciente não tem como saber qual sua carga viral. Por esse motivo, a indicação é de que o teste rápido de antígeno viral seja utilizado unicamente quando não houver a possibilidade de realização de um RT-PCR e em pacientes sintomáticos, já que a presença de sintomas, na teoria, indica uma carga viral mais alta”, explica Galoro. Importante destacar que qualquer cidadão infectado transmite a doença independentemente da quantidade de vírus que carrega.

Outros testes para detecção da doença na fase ativa

Além dos testes descritos acima, há outros exames disponíveis no mercado para detecção da doença na fase ativa, a exemplo do PCR-Lamp. Trata-se de um teste isotérmico que, apesar de usar outra metodologia para amplificação da carga viral e posterior análise de resultados, tem desempenho similar ao RT-PCR e pode ser feito tanto com amostras colhidas do nariz quanto com saliva.

Porém, é importante que todos saibam que há diferença de desempenho dos testes de acordo com o tipo de amostra utilizada: a sensibilidade de qualquer teste para COVID-19 é maior quando utilizadas secreções nasais, visto que a carga viral costuma ser inferior em amostras de saliva. “O recomendado é que os testes sempre sejam feitos com swab nasal e que o teste via saliva seja utilizado apenas em pessoas que tenham dificuldades anatômicas para a coleta da secreção pelo nariz”, diz Galoro.

Sorológicos para identificação de anticorpos

Os testes disponíveis no Brasil são os mesmos utilizados pela maioria dos outros países. Além dos já mencionados para detecção da doença na fase ativa (RT-PCR, PCR-LAMP e Teste de Antígeno Viral), estão disponíveis os testes capazes de detectar anticorpos e, assim, apontar se aquele paciente já teve contato com o novo coronavírus. Os mais realizados, hoje, são os testes sorológicos para IGG, IGM e anticorpos totais.

Entre eles, há diferenças na metodologia de análise, na sensibilidade e na entrega de resultados.

O teste-rápido – que é feito através de um pequeno furo na ponta do dedo para extração de uma gota de sangue a ser avaliada por imunocromatografia em um dispositivo portátil – depende muito da experiência e conhecimento do profissional de saúde que está executando a coleta e traz um laudo qualitativo, ou seja, apenas indica “positivo ou negativo” para IGG e IGM. Por ser uma metodologia mais simples, tem sensibilidade menor, o que aumenta a chance de resultados falso negativos.

Já os testes sorológicos feitos em laboratório com coleta de sangue venoso trazem resultados quantitativos e conseguem indicar, com mais precisão, como foi a exposição daquele paciente ao patógeno.

Aqui, novamente é preciso estar atento à janela imunológica, ou seja, cada pessoa demora um período específico para produzir anticorpos após ser infectado. Portanto, qualquer exame sorológico só deve ser feito dez dias após o início dos sintomas.

Teste pós-vacinação

Com a imunização fluindo no mundo, surgiram os testes de sorologia pós-vacina, pesquisas de anticorpos neutralizantes focadas em investigar a resposta imune de cada indivíduo à vacinação. Importante enfatizar que dependendo da vacina que é aplicada, o anticorpo pesquisado deve ser diferente. Isso porque cada imunizante estimula uma resposta do sistema imunológico.

Além disso, estudos clínicos realizados com esses testes mostram que nem todo cidadão vacinado apresenta soropositividade. E isso não significa que ele não está protegido. O que os pesquisadores notaram é que, por vezes, o teste aplicado não é capaz de detectar exatamente o anticorpo gerado e que, além disso, anticorpos não são a única fonte de defesa do organismo, que conta também com os linfócitos T, inacessíveis aos testes sorológicos.

Portanto, mesmo que o paciente opte por fazer um teste de anticorpo pós-vacina, o resultado não deve interferir na conduta. Isso significa que tendo resultado positivo ou negativo na pesquisa de anticorpos neutralizantes, o indivíduo deve permanecer utilizando máscara, realizando os processos adequados de higiene e cumprindo o distanciamento social. Além disso, não há, até o momento, qualquer indicação de reforço vacinal ou mudança do tipo de vacina justamente porque, apesar de serem fonte importante de informação para médicos e vacinados, os resultados desses testes sorológicos pós-vacinação ainda não foram completamente compreendidos pela ciência.

A Abramed descreveu, na tabela abaixo, os detalhes mais importantes de cada teste. Porém, a Associação reforça que o melhor caminho para a realização do teste certo no momento certo está na indicação médica. “Para uma boa assertividade, o paciente precisa saber o que ele está pesquisando – se RNA do vírus ou anticorpos – e em qual momento do ciclo da doença ele está. É difícil para o cidadão comum ter esse discernimento. Portanto, o ideal é que o brasileiro procure o médico, explique o seu caso para que ele consiga indicar o melhor teste para aquela situação”, diz Galoro. Isso porque independentemente do teste escolhido, se for feito em um período inadequado da janela imunológica (fazer um RT-PCR quando já passaram muitos dias do início dos sintomas ou um sorológico no começo da infecção) pode gerar resultados equivocados.

Referências:

1. Comparison of the SARS-CoV-2 Rapid antigen test to the real star Sars-CoV-2 RT PCR kit

Teste de sorologia pós-vacina – Por que é importante avaliarmos a população

A pesquisa de anticorpos auxilia na compreensão dos efeitos da vacinação na resposta imune de cada indivíduo, mas não altera as medidas de proteção independentemente do resultado

22 de abril de 2021

A pandemia de COVID-19 tem sido um desafio para a ciência e para o setor de saúde. Aprender a lidar com uma doença nova, potencialmente fatal, e sem um tratamento eficaz até o momento vem exigindo da comunidade médica agilidade na interpretação de estudos clínicos e urgência nas tomadas de decisão.

Muito teve de ser feito com base em informações incompletas ou sob entendimento ainda em construção, conquistado a duras penas e em tempo real, concomitantemente à elevação ou diminuição no número de novos casos e de óbitos, nas sucessivas ondas da COVID-19 que tivemos até o momento.

Isso tudo não foi diferente na medicina diagnóstica, que desde o início da crise vem sendo apontada como essencial para o controle das contaminações. Além do RT-PCR, exame molecular considerado o padrão-ouro para detecção da infeção, surgiram os testes sorológicos, que têm papel complementar, auxiliando na identificação de anticorpos no sangue de pacientes que tiveram a COVID-19.

Até meados de dezembro de 2020, essa era a principal função do teste sorológico. A pessoa infectada fazia o teste para identificar anticorpos específicos contra diferentes proteínas do vírus SARS-Cov-2. Porém, com a chegada das vacinas e o início da imunização ao redor do mundo, pesquisadores e laboratórios passaram a realizar os testes sorológicos também para investigar a resposta imune de cada indivíduo à vacinação.

Nesse contexto, foram desenvolvidos novos testes sorológicos: um grupo busca a identificação do bloqueio da ligação da proteína Spike às células do doente e é denominado teste de anticorpos neutralizantes; outro identifica diretamente anticorpos gerados contra a proteína Spike.

Estudos clínicos realizados com esses testes mostram que nem todo indivíduo vacinado apresenta soropositividade. Mas isso não significa que ele necessariamente não está protegido. O que vem ocorrendo, e pode ser notado pelos pesquisadores, é que nem sempre o teste é capaz de detectar exatamente o anticorpo que foi gerado pelo paciente. Além disso, o anticorpo não é a única fonte de defesa do organismo, que conta, também, com os linfócitos T, inacessíveis aos testes sorológicos.

Mesmo que os resultados dos testes sorológicos pós-vacinação ainda não sejam totalmente compreendidos, eles são uma importante fonte de informação para médicos e indivíduos vacinados que precisem ou queiram saber a sua resposta imunológica à vacina. Por isso, esses testes, embora complexos, têm um papel relevante se forem adequadamente realizados por laboratórios clínicos que tenham condições de oferecê-los seguindo os mais rigorosos padrões de qualidade.

Nesse contexto, algumas diretrizes precisam ser bem compreendidas. A conduta de proteção indicada hoje não deve ser, em hipótese alguma, modificada. Isso significa que tendo um resultado positivo ou negativo na pesquisa de anticorpos neutralizantes, o indivíduo deve permanecer utilizando máscara, realizando os processos adequados de higiene e cumprindo o distanciamento social. Não há, até o momento, qualquer indicação de reforço vacinal ou mudança do tipo de vacina.

3° Bootcamp Abramed de Jornalismo em Saúde reúne especialistas para falar de um ano de pandemia

Novas variantes do novo coronavírus e o papel da medicina diagnóstica após a vacinação populacional foram alguns dos temas abordados

03 de março de 2021

A terceira edição do Bootcamp Abramed de Jornalismo em Saúde contou com a participação de jornalistas da grande mídia nacional interessados nas atualizações acerca do papel da medicina diagnóstica na pandemia um ano após a confirmação do primeiro caso de COVID-19 no país. O encontro virtual, realizado dia 25 de fevereiro, pode ser assistido AQUI.

O Bootcamp iniciou com uma apresentação de Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, que trouxe um rápido perfil da entidade. “Hoje, nossas associadas são responsáveis por mais de 56% dos exames realizados na saúde suplementar brasileira”, pontuou. A diretora também aproveitou para enfatizar a relevância do jornalismo na luta contra a disseminação do novo coronavírus e agradecer aos profissionais de mídia presentes.

Na sequência, Leandro Figueira, vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed e diretor comercial da Alliar Médicos à Frente, trouxe dados atualizados sobre a participação da medicina diagnóstica privada no controle da pandemia de COVID-19. “Mais de 40% dos diagnósticos da infecção pelo novo coronavírus realizados no Brasil ao longo de 2020 foram feitos por associadas à Abramed”, declarou. Segundo o executivo, essas empresas realizaram, até 31 de dezembro, 10,1 milhões de testes, sendo 4,5 milhões RT-PCR e 5,7 milhões de sorológicos.

Outro apontamento relevante feito pelo vice-presidente diz respeito à queda no número de procedimentos eletivos durante o ano de 2020. Em abril do ano passado, quando houve um pico de preocupação e isolamento social no país, a queda na quantidade de autorizações emitidas pelos planos de saúde tanto para exames quanto para terapias chegou a 62%. “Esses dados mostram que deixamos de diagnosticar câncer, doenças cardíacas e distúrbios metabólicos importantíssimos como a Diabetes. Certamente teremos uma demanda futura desencadeada pelo atraso nesses diagnósticos”, disse. “Quanto mais tempo demoramos para detectar, pior é o tratamento e o prognóstico”, completou.

Figueira também disse esperar que com a vacinação, voltemos à sonhada “normalidade”, porém declarou que as sequelas que a pandemia está deixando nos sistemas de saúde são muito importantes. “Precisamos dar voz a todos aqueles que não foram tratados para evitar que eles permaneçam em filas, aguardando seus atendimentos”, finalizou.

Da descoberta do vírus às novas variantes

A apresentação de Celso Francisco Hernandes Granato, médico e diretor clínico do Grupo Fleury, trouxe explicações sobre as variantes do novo coronavírus que estão aparecendo e assustam a população. Depois de fazer um rápido panorama sobre o surgimento da COVID-19, detalhando desde a primeira notificação de uma pneumonia desconhecida na China, Granato disse que “nem toda mutação é ruim e nem toda mutação leva a consequências maiores”. Segundo o especialista, que explicou todas as variantes já identificadas até o momento, essas modificações na estrutura do vírus mostram uma evolução natural do patógeno.

“A primeira mutação, em março do ano passado, rapidamente substituiu a cepa original. A segunda mutação, prevalente na Inglaterra, mostrou uma velocidade de replicação até 60% maior do que a anterior. A outra variante, identificada primeiramente na África do Sul em dezembro, parece permitir a reinfecção dos já infectados. E, agora, a modificação proveniente da Amazônia brasileira carrega grande parte das mutações anteriores”, disse.

Para Granato, as principais implicações das variantes que estão surgindo são: maior carga viral e maior potencial de disseminação do vírus; formas clínicas mais graves da doença; escape do diagnóstico molecular, da sorologia e, inclusive, das vacinas. Porém, o especialista reforça que, por enquanto, esses impactos são potenciais e, exceto pela maior carga viral e facilidade de transmissão, nenhum deles foi comprovado academicamente.

Evolução dos testes diagnósticos

A apresentação de Rafael Jácomo, diretor técnico do Sabin Medicina Diagnóstica, destacou a evolução dos exames para detecção da COVID-19 desde o surgimento da pandemia. O especialista mostrou uma linha do tempo que aponta a criação do kit de RT-PCR – até hoje considerado padrão ouro – em março e segue com os testes imunocromatográficos disponibilizados em meados de abril; os testes sorológicos para IgG, IgM e IgA no início de maio e os testes de anticorpos totais no final deste mês; as alternativas para detecção da doença na fase ativa como o RT-LAMP em junho; e os testes de antígeno em julho. Quem acompanhou a palestra também pode compreender mais a fundo como funciona cada teste disponível hoje no mercado.

De forma enfática, Jácomo reforçou a importância da realização de todo e qualquer teste em um ambiente adequado e controlado como forma de evitar problemas com os resultados, que podem deixar de ser confiáveis. “Com a realização em locais que beiram o ridículo, como postos de gasolina, vemos que o diagnóstico foi banalizado. Me parece quase óbvio que um ambiente desse não é adequado. Imagine quantas substâncias voláteis estão nesse posto e não sabemos qual a interferência delas nas amostras dos pacientes”, explicou. No ano passado, a mídia denunciou espaços comerciais como postos de gasolina e até pet shops realizando testes para COVID-19.

Considerando a necessidade de ampliar a capacidade de testagem e, ao mesmo tempo, proteger os cidadãos, uma das alternativas encontradas pelos laboratórios foi oferecer o exame em sistema drive-thru. O tema também foi abordado pelo especialista, que enfatizou que para isso estudos foram feitos e os espaços passaram por aprovação dos órgãos reguladores. “Sempre que pensamos em alternativas, devem ser considerados todos os pontos das legislações vigentes. Não podemos criar exceções que podem levar o paciente ao risco”, disse.

Pandemia pós-vacinação

O que devemos esperar com a imunização advinda das vacinas? José Geraldo Ribeiro, epidemiologista e assessor científico em Vacinas do Grupo Hermes Pardini, trouxe uma boa perspectiva ao reforçar que, em Israel, já é possível observar os reflexos positivos da campanha de vacinação. “Vemos o alívio do sistema de saúde com a diminuição dos casos graves devido à uma boa cobertura vacinal”, pontuou.

Uma das principais dúvidas quando se cogita uma vacinação em massa está se poderemos considerar a imunidade de rebanho. Para Ribeiro, há dúvidas. “Proteção de rebanho depende de fatores como modo de transmissão da doença e da cobertura vacinal, principalmente daqueles grupos que transmitem mais. Sabemos que as vacinas são excelentes para a proteção individual, mas não que geram a proteção de rebanho”, disse. Segundo ele, especialistas já chegaram a mencionar que com 80% da população vacinada estaremos protegendo as outras pessoas, porém esse dado ainda é incerto quando se trata da COVID-19. “Existem estudos principalmente da Pfizer e de Oxford, indicando diminuição da infecção, da transmissão e apontando positivamente para esse cenário. Mas só teremos certeza depois que usarmos, de fato, a vacina em massa”, explicou.

Pensando no setor de medicina diagnóstica, o especialista também listou quais os principais impactos da vacinação contra a COVID-19. Declarou que o RT-PCR segue sendo um ótimo teste com sensibilidade para detecção das variantes – tendo sido inclusive responsável pela identificação da variante inglesa – e que nesse momento em que outras cepas estão aparecendo, essa vigilância constante torna-se ainda mais indispensável.

“Não basta saber quem tem Sars-CoV-2, precisamos saber qual a variante para acompanhar a velocidade de infecção e o potencial de controle das vacinas. E isso é um grande desafio tanto para os laboratórios públicos quanto para os privados”, declarou. Segundo ele, ainda não temos laboratórios capacitados à genômica e sequenciamento genético em grande quantidade no país, visto que essa infraestrutura exige bastante tecnologia.

Outro cenário alertado pelo epidemiologista está na busca por comprovação de imunidade após a vacina. “Médicos e pacientes querem provas sorológicas para saber se a vacina os protegeu, porém, essas provas ainda não estão disponíveis. Todos nós estamos nos preparando para explicar, para nossos colegas médicos, que os exames laboratoriais que temos até o momento não são capazes de afirmar a proteção. Esse é um grande desafio que o setor vai vivenciar na medida em que os imunizantes forem sendo aplicados”, declarou.

Em concordância com os pontos já apresentados por Figueira no início do debate, Ribeiro enfatizou que outras doenças não esperam a pandemia passar para se manifestarem e que muitos exames ficaram represados nos últimos meses. “O número de mamografias no Brasil caiu pela metade”, alertou.

Antes de encerrar sua apresentação, Ribeiro parabenizou a atuação de todos os associados à Abramed na pandemia. “Esse trabalho foi imprescindível para o controle da doença no Brasil. Provavelmente a rede pública, sem o apoio da rede privada, teria muito mais dificuldade”, disse.

Encerramento

Para encerrar as apresentações, Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, aproveitou seu discurso para enfatizar a importância dos exames diagnósticos no controle da saúde populacional. Lembrando que muitos exames deixaram de ser realizados durante as fases críticas da pandemia e que isso fará com que diagnósticos permaneçam represados, o diretor disse que todos devem se recordar que “prevenir custa menos do que tratar”.

Essa fala foi pontuada pela explicação de que ainda há, no país, um certo debate sobre exames representarem custos e despesas inapropriados. “Quanto custam esses exames para o sistema de saúde? Exames não representam os maiores gastos totais da saúde no nosso país. Os laboratoriais representam apenas 3% e os exames de imagem, cerca de 12%. Por isso precisamos continuar prestando esse serviço tão importante para os cuidados e a assistência”, disse.

Após as apresentações, o Bootcamp Abramed de Jornalismo em Saúde permitiu que todos os jornalistas presentes tirassem suas dúvidas com os especialistas. Participaram profissionais da Rede Globo, Record TV, SBT, TV Band, BBC Brasil, Folha de S. Paulo, Jornal O Globo, Revista Exame, Correio Braziliense, Veja Saúde, UOL, Jovem Pan, entre outros veículos de grande porte e mídias especializadas. A sessão de perguntas e respostas, que trouxe mais explicações sobre as novas variantes, imunidade de rebanho, eficiência das vacinas e retorno à normalidade, pode ser vista diretamente clicando AQUI.

Fim da isenção do ICMS gera impacto anual de R$ 400 milhões na rede suplementar de diagnóstico

Insumos mais caros ameaçam a realização de exames e podem complicar a avaliação pulmonar de pacientes afetados pela COVID-19

1 de março de 2021

A revogação da isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) de diversos produtos e equipamentos para saúde gerada pela proposta de ajuste fiscal do Governo do Estado de São Paulo traz prejuízos para toda a cadeia justamente em um momento de união de esforços para enfrentamento da pandemia de COVID-19. Na medicina diagnóstica – especialmente no segmento de diagnóstico por imagem – os insumos ficarão mais caros levando a um impacto anual de R$ 400 milhões na rede suplementar e esse prejuízo ainda pode se desdobrar em queda drástica nos investimentos e perda de postos de trabalho. A estimativa foi traçada pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), cujos associados respondem por cerca de 56,4% de todos os exames realizados no setor privado.

No Brasil, desde 1999 o setor de saúde atua com a isenção do ICMS sobre uma lista variada de produtos, entre eles chapas e filmes para raio-X, drenos para sucção, cateteres e eletrodos, itens utilizados na rotina das clínicas de imagem. Com a revogação desse benefício, todos esses dispositivos passam a sofrer com uma alíquota de 18%, o que impacta a cadeia de saúde em toda sua extensão, desde a indústria até o usuário final.

A medicina diagnóstica tem papel indispensável na assistência à saúde e essa percepção se fortaleceu ainda mais durante a pandemia com a urgência de testes tanto laboratoriais quanto de imagem para diagnóstico da COVID-19 e acompanhamento dos pacientes infectados. “Mesmo com as dificuldades enfrentadas – o setor estima uma redução de aproximadamente 15,3% nas receitas brutas, o que representa uma queda nominal de R$ 6 bilhões em 2020 – laboratórios e clínicas de imagem seguiram auxiliando o país para garantir o atendimento populacional. Esse é um momento de recuperação econômica, totalmente inadequado para aumento da nossa carga tributária”, comenta Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, ao afirmar que a entidade defende a isenção total do tributo e reforçar que saúde é um serviço essencial e direito constitucional.

Considerando que o impacto ocorrerá principalmente no ramo de diagnóstico por imagem, há prejuízo inclusive para os cidadãos infectados pelo novo coronavírus, já que exames de imagem do tórax são utilizados tanto para confirmação diagnóstica da infecção quanto para acompanhamento do comprometimento pulmonar desses pacientes.

Além do aumento direto nos custos de insumos indispensáveis à atividade diagnóstica que aumentarão os preços dos exames, a revogação da isenção do ICMS pode se desdobrar em riscos à manutenção da empregabilidade de um setor que gera mais de 250 mil postos de trabalho formal. Haverá, também, possível queda nas taxas de investimento. Hoje, esse segmento dedica aproximadamente 12% de sua receita bruta à pesquisa, desenvolvimento e inovação.

Entenda a revogação

Em agosto de 2020, o Governo do Estado de São Paulo apresentou a proposta do Pacote de Ajuste Fiscal Paulista, medida criada para reduzir os gastos públicos gerados pela pandemia de COVID-19. Essa proposta, aprovada ainda em outubro do ano passado e publicada pelos Decretos Estaduais nº 65.253/20, nº 65.254/20 e nº 65.255/20, trouxe um aumento direto na carga tributária do fornecimento de produtos médico-hospitalares ao alterar alguns artigos do RICMS/SP que previam a isenção do ICMS pelos Convênios 1/99 e 126/10.

Dessa forma, o setor de saúde foi o único a perder 100% da isenção e uma sequência de itens que não sofriam com o imposto passaram a ser tributados em 18% em 1º de janeiro de 2021. Apesar da mudança ocorrer apenas em São Paulo, os impactos são nacionais, visto que 70% dos dispositivos médicos são distribuídos pelo país a partir desse estado.

Durante o início desse ano, a fim de dirimir os prejuízos do setor, a Abramed – assim como outras entidades representativas da saúde – iniciou uma articulação para derrubar a revogação e conquistou uma decisão judicial favorável, uma liminar publicada em 13 de janeiro pela juíza Laís Helena Bresser Lang, da 2ª Vara de Fazenda Pública da Comarca de São Paulo, que reforçava que “a respectiva revogação, via decreto, é ilícita e causa ainda prejuízo direto à população pela consequente e provável oneração dos serviços de saúde prestados”. A alegação da magistrada foi de que essa modificação caberia à lei complementar, visto que o ICMS é um tributo de natureza remuneratória.

Porém, no dia 20 do mesmo mês, a Procuradoria Geral do Estado de São Paulo ingressou com uma nova medida judicial para suspender a execução de liminares, derrubando tanto a conquista da Abramed quanto a de outros segmentos da saúde.

Campanha #AgoraNãoÉHoraSP

Com o objetivo de fomentar o debate sobre o impacto de mais um tributo para o setor de saúde que vem sofrendo há quase 12 meses com a pandemia de COVID-19, o Movimento Unidos pela Saúde lança a campanha #AgoraNãoÉHoraSP.

Nove entidades do setor estão alinhadas a fim de apresentar os impactos que a revogação do ICMS traz, mostrando que toda a cadeia de saúde suplementar – indispensável para o atendimento dos mais de 210 milhões de brasileiros e aliada do Sistema Único de Saúde (SUS) – sofre com essa decisão que prejudica a indústria, os hospitais, serviços de diagnóstico e planos de saúde.

A campanha foi lançada em 1º de março de 2021 com uma coletiva de imprensa realizada em ambiente virtual e ações em mídias sociais, TV e rádio. Há, também, uma página exclusiva na Internet que reúne todos os pleitos, manifestos, estudos de impacto e recomendações das signatárias e pode ser acessada AQUI.

A Abramed participa da campanha que também conta com a Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (ABIMED); a Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratório (ABIMO); a Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (Abraidi); a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge); a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp); a Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde); a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde); e o Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (Sindhosp).

Em nova fase da pandemia, laboratórios iniciam busca por testes com maior precisão para detecção pós vacinal

Dependendo do imunizante e do teste escolhido, resultado negativo não significa que vacina não foi eficaz, mas que o exame não foi capaz de identificar aqueles anticorpos específicos

4 de fevereiro de 2021

A medicina diagnóstica tem sido protagonista no cenário de pandemia de COVID-19. Em um primeiro momento, os testes foram fundamentais para detecção rápida e isolamento das pessoas infectadas a fim de evitar a disseminação desenfreada do novo coronavírus. Na sequência, para controle epidemiológico e compreensão da parcela da população já exposta ao patógeno, novos exames estão sendo utilizados. Agora que as vacinas foram disponibilizadas – até o fechamento dessa matéria eram mais de 2,2 milhões de brasileiros imunizados – a testagem assume um novo papel: o de checar a eficácia dos imunizantes.

“Há um desafio pela frente para os laboratórios: encontrar o teste sorológico com maior precisão para esse objetivo, visto que os atualmente disponíveis podem não conseguir apontar a presença dos anticorpos protetores gerados a partir dos diferentes estímulos vacinais”, explica Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

Somente no Brasil, por exemplo, a vacinação foi iniciada com a Coronavac, produzida pelo Instituto Butantan em parceria com a farmacêutica chinesa Sinovac, mas já está sendo providenciado também o imunizante desenvolvido pela Universidade de Oxford em parceria com o laboratório AstraZeneca e há negociações em curso para inclusão, em nosso Programa Nacional de Imunização, de vacinas desenvolvidas na Índia e na Rússia.

Esse panorama ocorre porque os testes sorológicos são desenvolvidos para verificar a presença de anticorpos contra o SARS-CoV-2, proteínas específicas que se ligam ao vírus com o intuito de defender o organismo. Porém, o vírus produz tipos diferentes de proteínas e o organismo pode contra-atacar por diversas frentes. As principais proteínas que estimulam o sistema imunológico são a Spike, responsável pela ligação do vírus na célula humana e peça-chave na infecção; e as do nucleocapsídeo viral, envelope que protege e carrega a carga genética do vírus, o RNA viral. Dentro desse cenário, os fabricantes de testes de anticorpos utilizam uma dessas proteínas para desenvolvimento dos reagentes.

Paralelamente, cada vacina tem um tipo de mecanismo diferente de levar à imunidade – lembrando que todas protegem, em maior ou menor grau, a população. Dependendo do tipo do imunizante, há um estímulo específico de anticorpos contra uma proteína. Se o teste sorológico utilizado não cobrir essa proteína, o resultado pode ser um falso-negativo em alguém que está, de fato, imunizado. É o que explica Alvaro Pulchinelli, diretor científico da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML).

“A vacina de Oxford, por exemplo, basicamente simula a produção da proteína Spike. Para a pessoa que tomou esse imunizante, o teste que busca anticorpos contra a proteína Spike conseguirá identificá-los. Agora outros testes, que procuram na amostra do paciente, outras partículas do vírus, podem não funcionar para confirmar a eficácia dessa vacina específica”, detalha. Nesse caso, o resultado negativo não significa que a vacina não foi eficaz, mas que o teste escolhido não foi capaz de detectar aqueles anticorpos contra SARS-CoV-2 no paciente.

Não há essa preocupação para a testagem de pessoas que de fato contraíram a infecção e adoeceram, pois, nesse caso, a pessoa foi exposta ao vírus completo e teve seu sistema imune estimulado por mais de uma frente.

Diante desse alerta, para essa nova testagem, os laboratórios precisam ter acesso à qual imunizante o paciente recebeu para, então, identificar qual o melhor teste a ser feito, evitando, assim, resultados falso-negativos. “Importante enfatizar que os testes sorológicos tentam checar o estado imunitário do paciente e não dizer qual é a melhor ou pior vacina”, complementa Pulchinelli.

Caso haja uma demanda por testes sorológicos para checagem de eficácia das vacinas contra COVID-19, o setor pode trabalhar em conjunto a fim de encontrar os testes mais eficientes para esse objetivo, assim como foi feito no início da pandemia quando a Abramed e a SBPC/ML se uniram à Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) e à Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL) para a construção do Programa de Avaliação de Kits de Diagnóstico para SARS-CoV-2, projeto que utilizou a estrutura de grandes laboratórios nacionais para conferir a qualidade dos testes que chegaram ao nosso país e, posteriormente, divulgar os resultados de forma aberta no portal www.testecovid19.org.

Importante ressaltar que a Diretriz de Utilização (DUT) dos testes sorológicos para a rede de saúde suplementar não inclui a testagem pós-vacinal, ou seja, esse teste, até o momento, não está sendo coberto pelos planos de saúde.

Mantida a isenção de ICMS para equipamentos e insumos da saúde no estado de São Paulo

Liminar pleiteada pela Abramed teve parecer favorável em 13 de janeiro

20 de janeiro de 2021

Com o pacote de ajuste fiscal do Estado de São Paulo, que envolvia os decretos nº 65.254/2020 e nº 65.255/2020, o setor de saúde sofreria a revogação da isenção do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) que, prevista no Convênio 01/99, beneficiava a aquisição de medicamentos, insumos e equipamentos médico-hospitalares. Porém, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), bem como outras entidades representativas do segmento, conseguiu, em 13 de janeiro, decisão judicial favorável para afastar essa revogação.

A liminar, assinada pela juíza Laís Helena Bresser Lang, da 2ª Vara de Fazenda Pública da Comarca de São Paulo, reforça que “a respectiva revogação, via decreto, é ilícita e causa ainda prejuízo direto à população pela consequente e provável oneração dos serviços de saúde prestados”. A alegação da magistrada é de que essa modificação cabe à lei complementar, visto que o ICMS é um tributo de natureza remuneratória.

“Conseguimos a liminar favorável e os associados à Abramed seguem com isenção do tributo para a compra de produtos diversos como chapas e filmes para raio-X, drenos para sucção, cateteres e eletrodos”, pontua Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed. O executivo reforça, no entanto, que a lista completa de produtos beneficiados infelizmente não contempla insumos laboratoriais.

A Abramed requereu o aditamento da decisão judicial, no último dia 15 de janeiro, e os fornecedores foram abrangidos pela liminar e devem manter a isenção de ICMS nas operações com destino aos associados da Abramed.

Diante desse cenário, a Associação sugere às empresas de medicina diagnóstica que comuniquem seus fornecedores para negociar a aplicação da isenção de ICMS nas compras dos produtos e insumos listados pela legislação. Clique AQUI para acessar a lista completa dos itens que seguem com isenção.

“A saúde não pode pagar essa conta” – Campanha apresenta os impactos da Reforma Tributária no setor de saúde brasileiro

Entidades se unem para alertar população dos prejuízos que virão com a aprovação da proposta que tramita no Congresso Nacional

15 de janeiro de 2021

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) segue atuante nas questões relativas à Reforma Tributária, buscando divulgar tanto para decisores quanto para a população geral, quais os impactos que uma reforma míope pode gerar para o setor de saúde. Para isso, uniu-se a outras entidades representativas do segmento e investiu na idealização da campanha “A saúde não pode pagar essa conta”.

Com o slogan “Reforma Tributária, Sim. Aumentar os impostos da Saúde, Não”, a ação traz luz para as mazelas que podem afligir o país caso seja aprovada a proposta que segue correndo no Congresso Nacional. Assinam a campanha, além da própria Abramed, a Associação Paulista de Medicina (APM), a Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), a Federação Brasileira de Hospitais (FBH) e o Sindicato dos Hospitais, Clínicas, Laboratórios e Demais Estabelecimentos de Saúde do Estado de São Paulo (Sindhosp).

“Para nós tornou-se indispensável conscientizar todos os brasileiros e sensibilizar os parlamentares e membros do executivo sobre os prejuízos que a saúde nacional sofrerá com a Reforma Tributária que está sendo proposta”, declara Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, enfatizando que a entidade é a favor de uma reforma tributária que enxergue a essencialidade de setores como saúde e educação aplicando cenários de neutralidade para garantir essas atividades.

No âmbito da medicina diagnóstica, com R$ 3,6 bilhões de impostos a mais no ano, laboratórios e clínicas de imagem preveem que os preços ao consumidor final podem aumentar até 10%. “Todos serão impactados negativamente e precisamos evitar que um setor essencial como a saúde sofra dessa maneira, principalmente após um ano tão difícil como o de 2020”, complementa o presidente relembrando que ainda vivenciamos a pandemia de COVID-19.

Os prejuízos seguem avançando em outras vertentes. “Os planos de saúde, que já estão sofrendo reajustes consideráveis, ficarão ainda mais inacessíveis, levando milhares de pessoas para o já sobrecarregado sistema público. Isso sem falar na queda de investimentos, que nos tornará ainda mais dependentes de tecnologias importadas”, diz Shcolnik.

A CNSaúde tem a mesma percepção de que uma reforma se faz necessária, desde que garanta neutralidade para os impactos que trará para o segmento. “Saúde é um serviço essencial, de relevância pública e, por isso, defendemos uma reforma que não aumente a nossa carga tributária. Caso contrário, os consumidores finais – o paciente e a sociedade como um todo –, sofrerão as consequências”, detalha Breno Monteiro, presidente da Confederação.

Outro segmento que está receoso com a aprovação da reforma é o hospitalar. Para Francisco Balestrin, presidente Sindhosp, o Brasil está indo na contramão do que é visto mundo afora. “Países como Portugal, Suécia, Uruguai, Inglaterra, Suíça e Canadá aplicam uma carga tributária baixa para tornar a saúde mais acessível à população”, menciona. Para o executivo, a campanha surge no momento ideal para que todos consigam visualizar os impactos sobre um setor tão vital inclusive para o desenvolvimento econômico do país.

Na visão da FBH, é preciso fortalecer o bem coletivo, que envolve o acesso à saúde, mas também a empregabilidade e uma economia mais saudável. “A saúde é essencial e estratégica, além de ser um dos setores que mais pagam impostos, gerando emprego e renda. A reforma que está sendo proposta coloca em risco o funcionamento de centenas de estabelecimentos de saúde. Estamos falando sobre perder hospitais e sobre desemprego. É importante que a população brasileira tome ciência da real situação e se envolva no debate”, esclarece o presidente da Federação, Adelvânio Francisco Morato.

Representando a classe médica, Marun Davi Curi, diretor de Defesa Profissional da APM, reforça que a Associação também contesta a reforma tributária nos moldes em que se apresenta e que é fundamental explicar, também para os profissionais da saúde, os impactos desse projeto. “É importante que o médico se una aos outros segmentos, visto que ele também integra a sociedade como um elemento que consome e que é consumido. Assim, é preciso que esses profissionais estejam integrados a esses movimentos para que possam lutar pelos seus direitos. Quem trabalha com tanto afinco o ano inteiro não pode ser penalizado por uma carga tributária elevada”, finaliza.

A campanha pode ser vista e acompanhada nas redes sociais das entidades participantes. Entre as abordagens apresentadas na ação estão frases de impacto como “Se aumentarem os impostos da saúde os exames em laboratórios ficarão mais caros”; “Mais impostos da saúde aumentariam a fila dos hospitais públicos”; “Aumentar os impostos da saúde vai gerar desemprego”, entre outros. Além disso, conta também com um vídeo que traz os principais destaques desse pleito e já tem mais de 30 mil visualizações somente no canal da Abramed no YouTube (clique AQUI para assistir).

Abramed celebra 10 anos de atuação com evento digital reunindo fundadores e associados

Virtual devido à pandemia de COVID-19, encontro promoveu debate entre ANS e ANVISA; edição 2020 do Painel Abramed foi lançada na ocasião

4 de dezembro de 2020

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) planejou, para o ano de 2020, doze meses de ações comemorativas aos 10 anos da entidade. Porém, com a chegada da pandemia de COVID-19, muitos dos planos tiveram de ser adiados e outros tantos reformulados. Depois de investir em ações de comunicação nas redes sociais compartilhando detalhes sobre sua estrutura organizacional e dando voz a cada um de seus 27 associados, a entidade organizou um evento para lançar a terceira edição Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico; dialogar com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS); e, por fim, brindar a sua uma década de relevante atuação no setor de saúde.

“O ano de 2020 tem sido desafiador para todos. Um período no qual a saúde exerceu papel fundamental no combate ao novo coronavírus e a medicina diagnóstica contribuiu enormemente com esse enfrentamento à pandemia”, disse Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Associação, ao abrir o encontro virtual.

Com uma programação dividida em três momentos, o evento iniciou com debate moderado por Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da entidade, e presenças de Alex Campos Machado, diretor da Anvisa, e Rogério Scarabel, diretor-presidente da ANS, para um bate-papo sobre os desafios regulatórios frente à pandemia.

O painel trouxe as percepções de dois dos principais órgãos reguladores da saúde no nosso país. Mostrando que as agências estão totalmente abertas ao diálogo setorial, ambos os executivos traçaram suas perspectivas a respeito dos entraves e das oportunidades que surgiram nos últimos meses.

“Trabalhamos sempre muito próximos às entidades, entre elas a Abramed, realizando diversos encontros com representantes e mantendo as portas abertas para que tivéssemos informações do mundo real para basear nossas decisões”, comentou Scarabel. Segundo o executivo, a ANS sempre buscou as melhores evidências disponíveis e ouviu os pareceres técnicos para agir diante da crise. “Foi um momento difícil e complexo, no qual nossos servidores estavam em trabalho remoto e mesmo assim nos reuníamos de manhã, a tarde, a noite e de madrugada buscando informações. Complexo, difícil, mas um momento muito importante para a história do nosso país”, complementou.

Na Anvisa, o trabalho também tem sido 24/7. “Estamos de plantão. Não paramos de trabalhar um só dia. E quem nos acessou encontrou, na Agência, servidores públicos parceiros e atentos para facilitar a vida das pessoas e das empresas que se empenhavam no enfrentamento da pandemia”, disse Machado. O diretor também mencionou que a Agência deu respostas rápidas flexibilizando as normas possíveis para facilitar o acesso à insumos e importações sem colocar a saúde da população em risco.

Shcolnik reforçou que a Abramed reconhece todo o empenho dos órgãos reguladores e a disposição em ouvir o setor regulado. “Essa abertura para o diálogo nos anima, pois precisamos estar juntos”, disse.

Lançamento do Painel Abramed 2020

A Associação disponibiliza anualmente ao mercado o Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, um compilado de dados do setor que tem sido utilizado por líderes e gestores para a tomada de decisões estratégicas em seus negócios. A edição 2020, lançada durante o evento digital, traz uma seção exclusiva com informações sobre a pandemia de COVID-19 (clique AQUI para acessar o arquivo).

Apresentado por Leandro Figueira e Álvaro Almeida, respectivamente vice-presidente do Conselho de Administração e economista-chefe responsável pelo departamento de inteligência da entidade, o painel traz um amplo panorama do mercado. Destrincha a conjuntura econômica e a saúde no Brasil; o setor de medicina diagnóstica, seus estabelecimentos e detalhes sobre a produção assistencial e o mercado de trabalho; as principais perspectivas futuras; e a vitrine de associados Abramed que conta, hoje, com 27 empresas representando cerca de 60% de todos os exames realizados na saúde suplementar nacional.

De forma excepcional, essa edição do painel apresenta informações bastante aprofundadas sobre a relevância do setor frente à pandemia, enfatizando que somente até outubro as empresas associadas à entidade tinham realizado mais de 6 milhões de testes para diagnóstico da infecção. “Nossos associados fizeram sua parte demonstrando capacidade na assistência. Realizaram 41% de todos os exames do país, sendo responsáveis por quase metade dos testes de RT-PCR disponíveis à população brasileira”, pontuou Figueira.

>> Clique AQUI e confira uma matéria especial sobre os três anos de Painel Abramed

Fundadores e membros do conselho brindam os 10 anos da Abramed

O terceiro e último momento do encontro, reuniu Luis Natel, primeiro presidente do Conselho de Administração da Abramed (2010-2011); Claudia Cohn, que presidiu a Associação entre 2011 e 2019; e Lidia Abdalla, membro do Conselho de Administração e Associado fundador, para contar um pouco da história da entidade.

“A história da Abramed é a história de todos nós, pois ninguém consegue agir sozinho. A Associação foi um sonho que se tornou realidade quando percebemos que o mercado de medicina diagnóstica crescia e se consolidava assumindo cada vez mais um papel preponderante na saúde de todos”, disse Natel.

A relação amistosa entre essas empresas ditas concorrentes fundamentou o sucesso da entidade na visão de Cláudia. “A gente se dava bem acima de qualquer coisa”, declarou. A executiva falou sobre como foi aprender mais sobre associativismo, termo que ela assume que, à época, não dominava. “Não tínhamos ideia da responsabilidade gigante da Associação. Não é fácil, não há hierarquia como em uma empresa. É preciso agir efetivamente pelo propósito”, completou.

Já Lidia trouxe o ditado “sonhar pequeno ou sonhar grande dá o mesmo trabalho” para enfatizar que a Abramed nunca deixou de acreditar no poder do diagnóstico ser bem representado e ter suas demandas ouvidas e atendidas. “Para conseguir apresentar resultado no final do dia, validando tudo o que pensamos, sonhamos e planejamos, precisamos dos associados representando todos os tamanhos de empresas, de todas as regiões do país. Precisamos de diversidade estrutural”, enfatizou.

Na sequência, a diretora-executiva da Abramed chamou os conselheiros Ademar Paes Junior, Cesar Nomura e Eliezer Silva, que no momento cumprimentaram a Associação, e todos os conselheiros presentes para um brinde final em celebração aos 10 anos. O presidente encerrou o evento ressaltando que 2020 foi um ano muito desafiador, mas repleto de conquistas para a medicina diagnóstica: “saímos vitoriosos e que venham mais 100 anos de Abramed”.

>> Clique AQUI e confira uma matéria especial sobre a história da Abramed

#especial10anos

Cuidado inteligente – Em que fase estamos e quais os próximos passos

Sexto encontro do #DiálogosDigitais Abramed abordou inteligência artificial, LGPD, inovações em saúde e acesso único do paciente

21 de outubro de 2020

O advento da tecnologia vem transformando continuamente a saúde no mundo, tornando o cuidado muito mais inteligente, integrado e acessível a todos os pacientes. Para entender em que fase estamos, quais os empecilhos para o avanço mais rápido e como será a nossa realidade daqui a 30 anos, o sexto encontro da série #DiálogosDigitais Abramed, realizado na noite de 20 de outubro, recebeu especialistas do setor para um bate-papo moderado por Gustavo Meirelles, membro do comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e Gestor Médico no Grupo Fleury.

No debate sobre quais as tecnologias que estão revolucionando o mercado, estiveram presentes Armando C. Lopes Jr, diretor geral da Siemens Healthineers Brasil; João Fábio Silva, co-fundador e COO da Stark-4pl; Leonardo Vedolin, vice-presidente da área médica da Dasa; e Luis Gustavo Gasparini Kiatake, presidente da Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS).

Muito foi tratado sobre procura inteligente de sintomas e o futuro da saúde diante de uma revolução tecnológica exponencial. E, na visão de Lopes Jr, tudo isso só traz benefícios. “A inteligência artificial nos beneficia em três grandes vertentes: aumentar e melhorar a produtividade para que possamos ampliar o acesso; auxiliar a medicina personalizada; e contribuir com a gestão de saúde populacional”, comentou.

Sabendo que a tecnologia tem muitas possibilidades de contribuição à população, Silva aproveitou a oportunidade para fazer uma crítica a alguns conflitos que atravancam o desenvolvimento desse setor. “A dificuldade em colocar toda essa inovação em prática está em gerir interesses que fogem a fazer o bem ao paciente. É preciso quebrar barreiras políticas”, pontuou.

Para o executivo, a pandemia nos mostrou que temos a tecnologia em mãos, mas precisávamos de uma emergência para que o investimento fosse feito. “A telemedicina, por exemplo, tão óbvia e necessária, por qual motivo não foi aplicada antes do novo coronavírus?”, questionou. Assumindo-se otimista, complementou dizendo que sempre será defensor da tecnologia: “vejo muitas soluções que só precisam ser usadas, aceitas e implementadas rapidamente”.

Esse ciclo de oferta e demanda é, para Vedolin, natural. “O que a história tem nos mostrado é que quando a tecnologia se desenvolve em uma área, a demanda por aquela área também aumenta na mesma proporção”, declarou. Enfatizando que o homem acaba falhando ao prever o futuro e que, por esse motivo, ele não cogita fazer previsões, o vice-presidente da Dasa fez um retrospecto sobre a inteligência artificial na medicina diagnóstica. “Vejo que as modelagens de IA começaram muito ligadas à detecção de padrões, segmentação de lesões básicas e caracterização de lesões. Tudo isso auxilia o médico ao melhorar a qualidade do diagnóstico, levando-o a errar menos por estar baseado em critérios morfológicos. É a fase que vivemos agora. Creio que em cinco anos haverá uma evolução para um outro patamar com mais acurácia preditiva”, disse.

Promovendo uma análise sobre o posicionamento do Brasil diante de um mundo tecnológico, Meirelles questionou Kiatake sobre o papel da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) nesse contexto de tecnologia. “O que muda para melhor e o que muda para pior?”, perguntou.

Ao responder, o presidente da SBIS declarou que muitas vezes os dados ficam ilhados dentro das empresas e que a LGPD pode contribuir em dois aspectos: forçar as companhias a olharem para seus compilados de dados e abrir os olhos da população para seus direitos como detentora dessas informações.

“A lei nos força a olha para dentro, a fazer um inventário de dados e isso é excelente. Além disso, traz um novo conceito onde a população começará a compreender que tem direito àquele dado e que essa informação pode gerar benefícios para sua saúde”, verbalizou.

Esse tema serviu de gancho para que o time de especialistas participantes do encontro virtual passasse a tratar da interoperabilidade, tão apontada como entrave no atual cenário de inovação tecnológica. Para Vedolin, é interesse comum que haja interoperabilidade entre todos os elos da cadeia de saúde. “Não tenho dúvida de que todos os protagonistas querem seguir esse caminho”, disse ao afirmar que, na sua visão, interoperabilidade é interesse da indústria, dos prestadores de serviços, das operadoras de saúde, das associações e, sobretudo, do próprio paciente.

Se todos querem trabalhar nisso, quais os entraves? Para Vedolin falta confiança. “É um problema sistêmico e os interesses devem estar alinhados. Em algum momento vai ocorrer, porém temos que evitar que ocorra pelo motivo errado, ou seja, que se desenvolva como forma de redução de custos quando, na verdade, deve acontecer para melhorar a experiência do paciente e a qualidade da assistência”, completou.

Depois de ouvir a experiência da Dasa nas palavras de Vedolin, quem assistiu ao debate pode conhecer a visão do Grupo Fleury na fala de Meirelles. “Para a interoperabilidade, ainda temos alguns entraves internos como, por exemplo, o identificador único do paciente, que é o que mais nos preocupa para garantir a segurança. Não sei pontuar quando, mas acredito que isso acontecerá nos próximos anos”, declarou.

Os dois executivos aproveitaram a oportunidade para relembrar que Dasa e Fleury, junto com outros grandes players da medicina diagnóstica do país, já se reuniram dentro da Abramed para conversar sobre interoperabilidade.

Visão de futuro

Após tantas abordagens distintas sobre a tecnologia em saúde, o questionamento final de Meirelles foi: o que terá mudado em 2050?

Lopes Jr. aposta em uma maior percepção do paciente sobre o uso de seus dados pelo setor; Silva enfatizou que a tecnologia estará avançada permitindo maior acesso remoto dos pacientes e oferecendo muitos equipamentos portáteis; Vedolin mencionou uma maior produção interna para suprir as carências do mercado nacional, a utilização de drones dentro da cadeia de supply chain e a genômica mais desenvolvida; e Kiatake trouxe maior conhecimento em células tronco e discussão ética mais fortalecida.

Para encerrar o bate-papo, Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed, trouxe a pergunta do presidente do Conselho de Administração da entidade, Wilson Shcolnik: “o que está sendo feito na sua área para preparar as pessoas para a saúde digital?”.

Kiatake e a SBIS apostam na inclusão do tema no currículo das universidades. “Temos que colocar essa consciência na garotada”. Já Lopes Jr. acredita ser possível extrapolar os muros da escola, já que “inovação nasce em qualquer lugar”. Para o executivo, criar é um processo que vem do conhecimento sobre a experiência de outros segmentos de negócios. Indo nesse mesmo caminho, Silva crê que além de expandir seus horizontes, é preciso se adaptar. “Para liderar e dar o exemplo à minha equipe, primeiro preciso aprender”.

Cientes de que o foco está nas pessoas, Meirelles e Vedolin apostam na educação. Para Meirelles, os principais pontos dessa formação profissional são educação em saúde, conscientização, desmistificação de novas tecnologias, e mentorias que deixam o caminho aberto para todos. Já Vedolin reforçou que educação é uma disciplina que se aprende. “É importante ter a experimentação como forma de aprendizado. Testar e errar leva ao conhecimento. Importante ter o erro como ferramenta de aprendizado. “É o que nos faz sobreviver em um mundo instável”, finalizou. O bate-papo completo deste episódio está disponível no canal do YouTube da Abramed (clique AQUI para assistir) e a próxima edição está marcada para 10 de novembro e trará, como tema principal, “Lei Geral de Proteção de Dados”.

Abramed convoca lideranças do BNDES para esclarecer dúvidas das associadas sobre financiamento e crédito

Empresas tiveram a oportunidade de tratar diretamente com executivos do banco; foram realizados dois encontros virtuais

22 de junho de 2020

Após batalhar por melhorias nas linhas de crédito existentes e por recursos emergenciais junto ao Governo Federal, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) promoveu dois encontros virtuais para que suas associadas pudessem tirar, diretamente com executivos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), todas as dúvidas sobre as diferentes modalidades de financiamento e obtenção de recursos.

“Muitas vezes as empresas não têm a oportunidade de estar em contato direto com o banco e é importante que possamos promover esse encontro e, assim, auxiliar essas companhias”, diz Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

Em um primeiro momento a entidade, em parceria com a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), promoveu uma reunião com João Paulo Pieroni, chefe do Departamento do Complexo Industrial e de Serviços da Saúde do BNDES, e sua equipe. Na ocasião, laboratórios, clínicas de imagem e hospitais com faturamento anual acima de R$ 300 milhões puderam sanar suas dúvidas. O evento contou com a participação de Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed, além de Henrique Sutton de Sousa Neves e Marco Aurélio Ferreira, respectivamente vice-presidente e diretor-executivo da Anahp.

Posteriormente, foi a vez das micro, pequenas e médias empresas terem a oportunidade de esclarecer questões particulares junto à Tiago Peroba, chefe do Departamento de Clientes e Relacionamento Institucional do BNDES. Na ocasião, Priscilla comandou o encontro que também contou com a participação de Wilson Shcolnik.

“Agradeço o diálogo super positivo”, declarou Pieroni ao encerrar sua participação na primeira reunião e enfatizar que o encontro é produtivo pois, muitas vezes, há dúvidas comuns entre as empresas do setor. Na segunda reunião, Peroba – que lida diretamente com as micro, pequenas e médias empresas – também agradeceu a oportunidade de estar mais próximo das companhias. “Como temos sempre um intermediário nas nossas transações, não temos proximidade com o cliente final. Por isso buscamos participar dessas discussões, pois é muito importante ter esse contato”, declarou.

Com a COVID-19, laboratórios e clínicas de imagem assistiram a quedas de até 80% em seus faturamentos, visto que os pacientes, por receio da contaminação, deixaram de realizar seus exames, o que, inclusive, preocupa as autoridades de saúde visto que o diagnóstico tardio – bem como a interrupção de tratamento e acompanhamento de doentes crônicos – pode representar agravamento das patologias. Com isso, a sustentabilidade dessas empresas foi posta em risco, o que fez com que as entidades do setor de saúde buscassem auxílio junto à órgãos federais. “Temos percebido a preocupação do governo em tentar auxiliar empresas de vários portes nesse momento de pandemia”, pontua Shcolnik.

Priscilla também enfatiza a disponibilidade e parceria do BNDES. “Agradecemos aos executivos do banco e às suas equipes que são sempre muito solícitas e estão trabalhando arduamente a fim de contribuir com essa recuperação”, diz.

Além dos encontros virtuais, a Associação preparou a cartilha “COVID-19 – Linhas de crédito para o enfrentamento à pandemia no setor da saúde”. Disponível no portal da entidade, o material – que foi idealizado com apoio da MF Marketing & Business Advisors e do Machado Nunes Advogados – traz detalhes sobre a classificação das empresas por porte, indispensável para análise de quais caminhos estão abertos para obtenção de crédito, e informações detalhadas sobre cada uma das linhas atualmente acessíveis como, por exemplo, capital de giro para pequenas empresas que pode ser solicitado em qualquer banco credenciado ao BNDES; crédito para folha de pagamento para empresas com faturamento até R$ 10 milhões; e linhas emergenciais disponibilizadas recentemente pelo banco.

As empresas associadas que participaram das reuniões ainda tiveram a oportunidade de encaminhar dúvidas posteriores em um canal aberto entre a Abramed e o BNDES.