Quais os caminhos atuais para obtenção de crédito?

Entenda quais as linhas de financiamento disponíveis para as empresas associadas à Abramed; BNDES acaba de divulgar novo crédito direcionado ao setor de saúde

8 de junho de 2020

A pandemia do novo coronavírus desestabilizou muitas empresas do setor de diagnóstico ao gerar medo nos pacientes e cancelar exames eletivos. Conforme já apontado pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) inclusive em entrevistas recentes para a grande mídia, a ociosidade dos laboratórios e das clínicas de diagnóstico por imagem chega, respectivamente, a 70% e 90%, o que consolida um cenário preocupante.

“Nosso setor de diagnósticos no Brasil é composto por muitas pequenas empresas que não contam com caixa suficiente para garantir suas necessidades financeiras por tantos meses”, comenta Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed, lembrando que as grandes empresas também sofreram rupturas, fecharam unidades e seguem na luta pela manutenção de seus serviços.

Atuando junto a órgãos federais, o setor de saúde busca, desde o início da crise de COVID-19, medidas que contribuam com a sustentabilidade das empresas. E algumas vitórias já foram assinaladas. Na manhã de 8 de junho o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) anunciou, em uma apresentação realizada ao vivo no canal do Banco no YouTube, o Crédito Direto Emergencial, direcionado às empresas da saúde com faturamento anual superior a R$ 300 milhões.

No início da pandemia o Governo Federal anunciou um novo modelo de crédito voltado à saúde, porém a medida não atendia às necessidades das associadas à Abramed. “Era uma linha focada em investimento e precisávamos de algo direcionado ao capital de giro”, explica Rafael Younis Marques, do Machado Nunes.

A fim de ampliar as possibilidades às suas associadas, a Abramed, ao lado de outras entidades do setor, pleiteou, por intermédio da Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia (SEPEC), uma nova linha de crédito livre.

Necessidade que foi atendida pelo BNDES. “Esta é uma linha de uso livre que visa apoiar hospitais e laboratórios privados com faturamento acima de R$ 300 milhões por ano, instituições protagonistas no combate à pandemia”, declarou Gustavo Montezano, presidente do Banco, durante a apresentação virtual. Entende-se por “uso livre” que as empresas que solicitarem o crédito não precisarão vincular o valor a nenhum projeto específico. “É livre para apoiar a liquidez dessas empresas nesse momento que estão atravessando”, complementou Montezano.

Para as pequenas e médias, foi aprovada, em meados de abril, uma nova medida que auxilia a manutenção das folhas de pagamento por dois meses. Disponível para empresas com faturamento anual entre R$ 360 mil e R$ 10 milhões, essa linha de crédito somente pode ser utilizada para pagamento dos funcionários que recebem até dois salários mínimos (R$ 2.090,00) e os recursos são depositados diretamente na conta dos trabalhadores. Nesse caso a contrapartida é que essas empresas ficam proibidas de demitir, por dois meses, os empregados que tiveram os salários financiados.

Houve, também, uma movimentação em torno do Fundo Garantidor para Investimentos (FGI). No início de junho o Governo Federal editou a Medida Provisória 975/2020 que institui o Programa Emergencial de Acesso a Crédito. Com essa medida, a União aumenta em até R$ 20 bilhões a participação no FGI e inclui, na lista das beneficiadas, as médias empresas com faturamento anual de até R$ 300 milhões, nicho empresarial que estava desatendido.

“Além dessa ampliação, a MP afirma que as empresas que forem contratar crédito junto aos bancos não precisam mais apresentar as certidões que normalmente eram exigidas”, explica Rafael Younis Marques, do Machado Nunes.

Também estão disponíveis para as associadas à Abramed o PRONAMPE, destinado a micro empresas e empresas de pequeno porte; e as linhas já tradicionalmente concedidas. Mais detalhes sobre as linhas emergenciais disponibilizadas via BNDES podem ser encontrados AQUI.

Força-tarefa valida testes de COVID-19

Projeto visa garantir a segurança da população ao verificar quais testes geram resultados confiáveis

11 de Maio de 2020

No Brasil, o setor de medicina diagnóstica se uniu em uma força-tarefa que está validando testes sorológicos para diagnóstico de COVID-19 registrados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Graças a parceria entre a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), a Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC) e a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), a ação já está executando as análises e disponibilizando os relatórios das validações.

Inédito no mundo, o projeto – que tem foco especial nos testes rápidos – surgiu devido à grande preocupação das entidades com kits pouco confiáveis. “Todos os métodos que estão chegando ao Brasil precisam ser validados para que tenhamos segurança dos procedimentos. As indústrias fabricantes podem submeter seus testes para nossas análises e, assim, tornaremos público o desempenho de cada uma delas”, explica Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed. Os resultados são publicados no portal www.testecovid19.org.

Os testes utilizados pelo Ministério da Saúde no setor público são validados pelo Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde (INCQS), da FioCruz. Já outros testes que podem ser adquiridos por empresas privadas não passam pela validação do INCQS e podem não ter a qualidade esperada. Com a força-tarefa, o Brasil visa evitar problemas já enfrentados em outros países como, por exemplo, a Espanha que importou milhares de testes e, ao iniciar sua aplicação, percebeu que tinham sensibilidade muito baixa e não deveriam ser utilizados.

Para Carlos Eduardo Ferreira, presidente da SBPC/ML, o país ter uma listagem com os testes validados é extremamente importante no combate à pandemia. “Temos grande preocupação com a qualidade dos diferentes kits que chegam ao mercado nacional, por isso a importância desse projeto. Assim, podemos prover informações para garantir a segurança dos pacientes”, declara.

Em uma crise de saúde, a medicina diagnóstica assume um papel de alta relevância. Tanto que a Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçou que um dos melhores caminhos para o combate à COVID-19 era testar o maior número possível de pessoas. “O diagnóstico tem múltiplos papeis e, em uma situação de emergência, ajuda a guiar ações de saúde pública e medidas de controle. Para a vigilância epidemiológica, trabalha no monitoramento das tendências e da efetividade das estratégias e intervenções adotadas pelo Estado”, complementa Carlos Eduardo Gouvêa, presidente executivo da CBDL.

O Brasil segue na fase ascendente da curva de contaminação pelo novo coronavírus e os testes sorológicos, que identificam os anticorpos em uma amostra sanguínea e apresentam grande variabilidade de eficiência, serão ainda mais relevantes quando nos aproximarmos da segunda fase da pandemia. É o que explica Luiz Fernando Barcelos, presidente da SBAC. “Esses testes para pesquisa de anticorpos de COVID-19 serão especialmente úteis quando a curva da doença for descendente, permitindo a correta avaliação do panorama epidemiológico da população brasileira”, diz.

Participação dos laboratórios privados

Além das entidades do setor, diversos laboratórios privados com grande expertise e excelente infraestrutura se uniram para operacionalizar a validação desses testes. Até o momento, participam do projeto Dasa, DB – Diagnósticos do Brasil, Albert Einstein Medicina Diagnóstica, Emilio Ribas Medicina Diagnóstica, Grupo Fleury, Hermes Pardini e Sabin.

Todos os laboratórios participantes atendem a rede hospitalar brasileira e podem contribuir grandiosamente com a validação dos testes por terem acesso rápido às amostras de pacientes internados e com confirmação de infecção pelo novo coronavírus por meio do exame RT-PCR (padrão ouro para diagnóstico de COVID-19 durante a fase aguda da doença).

“Esses laboratórios podem utilizar amostras retiradas de pacientes durante todo o ciclo da infecção, ou seja, podem validar os testes considerando diferentes etapas da doença”, explica Shcolnik.

Seguindo um protocolo técnico criado pelas sociedades científicas, os laboratórios podem checar diferentes metodologias diagnósticas como testes rápidos imunocromatográficos; Point of Care, exames que não são realizados em laboratórios centrais como, por exemplo, os utilizados nos pronto-atendimentos; e ELISA e fluorimetria, métodos quantitativos que determinam o nível de anticorpos nas amostras e, portanto, são úteis para verificar quem está imunizado e pode circular sem risco.

Esse trabalho é de extrema relevância para a segurança populacional, como destaca Gustavo Campana, diretor médico da Dasa. “Definimos, por meio da análise de um grande número de amostras, qual o desempenho analítico desses testes, ou seja, apontamos para qual situação cada um deles funciona, como seus resultados devem ser interpretados e quais os riscos de falsos negativos ou falsos positivos que eventualmente podem ser encontrados”, detalha.

Para Maria Carolina Tostes Pintão, hematologista e coordenadora médica de Pesquisa & Desenvolvimento do Grupo Fleury, é muito positivo ter tantos laboratórios unidos nessa força-tarefa que envolve, inclusive, o compartilhamento de dados. “A iniciativa é valiosa pois temos observado uma variação muito grande na qualidade dos testes sorológicos. Chegamos a analisar um kit que de 14 amostras positivas, identificou apenas uma, gerando vários resultados falso negativos. Esse é um caso extremo, mas que reforça a importância de termos esse processo de validação”, comenta.

Elencando algumas das falhas identificadas em testes sorológicos, Guilherme Collares, diretor de Operações do Hermes Pardini, reforça que validar o teste é garantir a segurança da população. “A nossa experiência mostra que realmente há uma discrepância muito grande de performance entre os diferentes fornecedores. Vemos alguns com desempenho muito bom, mas também observamos testes com desempenho ruim, com baixa sensibilidade – principalmente nos primeiros dias da infecção, quando o corpo ainda não produziu anticorpos detectáveis – e até baixa especificidade. E temos visto uma frequência preocupante de resultados falso positivos”, declara.

Representando o Sabin, que também disponibilizou sua infraestrutura e força de trabalho para validar os testes de COVID-19, o diretor técnico Rafael Jácomo reforça que nunca é tarde para prover soluções que prezem pela qualidade do diagnóstico no país. “Não conseguiremos reverter os danos de testes pouco confiáveis e que já foram utilizados, mas podemos levantar informações muito relevantes para quem vai utilizar esses exames a partir de agora e busca os resultados adequados”, pontua.

Considerando que muitas empresas podem adquirir testes sorológicos para identificar quais os colaboradores que já tiveram contato com o novo coronavírus, traçando estratégias para a retomada das atividades, Jácomo enfatiza que essa fase exige cuidado. “Importante lembrar que a orientação é de que o exame seja feito com pedido médico, pois um resultado negativo pode ter vários significados. Qual a estratégia, por exemplo, das empresas na hora de testar seus colaboradores? Eles aguardaram um resultado positivo ou um resultado negativo para que cada um possa reassumir seu posto? A literatura existente ainda não nos permite responder a essa pergunta”, finaliza.

Contribuição internacional

Paralelamente à contribuição para o controle da COVID-19 no Brasil, o projeto também gerará importantes dados para estudos internacionais. Esses estudos, promovidos pelo International Diagnostic Centre (IDC) da London School of Hygiene & Tropical Medicine (LSHTM) e pela Aliança Latinoamericana para o Desenvolvimento do Diagnóstico in Vitro (ALADDIV) em cooperação com a União Europeia e a OMS, somarão esforços para o que é chamado de “preparedness”, ou seja, a necessidade dos países estarem preparados para lidar com pandemias tanto do ponto de vista regulatório quanto de acesso.

COVID-19 – O valor da Medicina diagnóstica em tempos de pandemia

Cenário de infecções pelo novo coronavírus alavancou a importância do setor no combate aos surtos que rapidamente se espalham pelo mundo

07 de Abril de 2020

A pandemia do novo coronavirus, que teve início no final de 2019 na China e, até o fechamento desta matéria no dia 7 de abril, segundo informação da Organização Mundial da Saúde (OMS), já tinha causado mais de 72 mil mortes no mundo, trouxe à tona importantes debates sobre o valor da medicina diagnóstica no controle de grandes surtos e sobre o uso racional de exames para garantia de atendimento à toda a população. Além disso, despertou discussões sobre a qualidade e aplicabilidade de diferentes metodologias diagnósticas.

Ao recomendar que as nações ampliassem seus programas de diagnóstico testando o maior número possível de pessoas para retardar o avanço da COVID-19, a Organização Mundial da Saúde (OMS) reforçou a importância dos exames para identificar pacientes contaminados e isolá-los, interrompendo a cadeia de infecção.

Para o diagnóstico preciso – que também envolve exames de imagem – é utilizado um método molecular conhecido como RT-PCR (reação em cadeia da polimerase em tempo real). Exame de alta complexidade realizado em laboratórios especializados, este teste é bastante confiável e, portanto, gera resultados conclusivos. Para este exame os profissionais de saúde coletam amostras de muco e saliva dos pacientes e, nessas amostras, identificam a presença de material genético do vírus.

Com o número de casos crescendo exponencialmente em todo o mundo e aumentando drasticamente a demanda pelos exames, os países foram obrigados a gerir melhor seus estoques de insumos para que os testes fossem utilizados de forma racional e, assim, pudessem atender da melhor forma às necessidades populacionais.

Para tal, o Ministério da Saúde no Brasil optou por direcionar os exames disponíveis aos pacientes mais críticos, fazendo com que a decisão pela realização dos testes coubesse exclusivamente aos médicos responsáveis por cada caso. Até por esse motivo, quando o país entrou em transmissão comunitária, os testes que poderiam ser realizados em domicílio por laboratórios privados foram limitados.

Fazendo a gestão da alta demanda por exames e prezando pela manutenção dos serviços, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) esteve em contato direto com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) solicitando liberação imediata de insumos para exames de diagnóstico do novo coronavírus. “A criação de um canal direto de comunicação entre as entidades permite que os materiais cheguem com mais agilidade aos laboratórios”, comenta Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Associação.

Com o ofício encaminhado à Anvisa, a entidade trabalhou pela desburocratização da importação dos materiais, solicitando que os insumos importados fossem enquadrados na categoria prioritária das petições de registro. Contribuindo para a sustentabilidade da medicina diagnóstica durante a pandemia, a Abramed também assinou, ao lado de outras diversas entidades do setor, um documento denunciando a alta dos preços dos insumos. O objetivo da ação foi pedir atenção do governo para monitoramento e combate aos aumentos abusivos.

Foco em qualidade – Mesmo diante da alta demanda, o setor de diagnósticos no Brasil se mostrou extremamente preocupado com a qualidade dos exames que estão sendo realizados diariamente no país. Para suprir a necessidade de testar o maior número possível de pessoas, surgiram os testes rápidos.

Fabricados em território nacional ou importados, esses testes se baseiam nos anticorpos produzidos pelo organismo do paciente, o que amplia a chance de darem falsos negativos. “Caso a pessoa comece hoje a apresentar tosse e febre, o teste rápido dará negativo mesmo que ela esteja com COVID-19, pois o corpo somente começa a produzir anticorpos de 7 a 10 dias após o início os sintomas”, explica Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed. Segundo o executivo, o grande problema deste resultado impreciso está na falsa e perigosa sensação de segurança.

Sem abrir mão do RT-PCR para verificar os resultados negativos, os testes rápidos são válidos para avaliar o retorno ao trabalho de profissionais de saúde, desde que a testagem ocorra no mínimo sete dias após o início dos sintomas, e como primeira opção para diagnóstico de pacientes hospitalizados já com quadro tardio. Dessa forma, são auxiliares durante a pandemia desde que sejam aplicados da forma mais prudente e adequada.

Em curso, a pandemia movimenta a saúde diariamente com uma grande quantidade de informações provenientes de sociedades científicas, estudos e novidades que visam reduzir o impacto do novo coronavírus na sociedade moderna. E a medicina diagnóstica é parte fundamental de todos os processos, auxiliando inclusive na elaboração de possíveis tratamentos.

Coronavírus: Abramed orienta que profissionais de saúde sigam práticas recomendadas pela SBPC/ML para diagnóstico laboratorial

Para orientar os profissionais de saúde quanto às práticas recomendadas para o diagnóstico laboratorial do coronavírus, a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) preparou um posicionamento, incluindo aspectos de coleta de amostras e biossegurança no transporte e manuseio de amostras clínicas que possam conter o SARS-CoV2.

O surto do coronavírus, declarado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional, vem evoluindo e a Abramed recomenda a seus associados que sigam os apontamentos destacados pela SBPC/ML. 

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