RDC 978/25: o que os laboratórios precisam observar para garantir conformidade regulatória

Nova norma da Anvisa já está em vigor e requer atenção redobrada à implementação prática e ao alinhamento com a fiscalização sanitária

A RDC 978/25 da Anvisa, em vigor desde 10 de junho, trouxe importantes avanços para a regulação da Medicina Diagnóstica no Brasil. Entre os destaques estão a atualização das regras para laboratórios clínicos e postos de coleta, a flexibilização na calibração de instrumentos e a ampliação das exigências nos laudos laboratoriais.

No entanto, mais do que conhecer as mudanças, é essencial que os laboratórios estejam preparados para colocar em prática as novas exigências com segurança jurídica, especialmente diante de possíveis diferenças interpretativas entre vigilâncias sanitárias estaduais e municipais.

Confira os principais pontos de atenção para uma transição segura e alinhada:

1. Prazo de adaptação e análise técnica detalhada

A norma prevê um prazo de 90 dias, a partir da publicação, para que laboratórios e prestadores se adequem. Esse período deve ser utilizado estrategicamente para revisar processos internos, atualizar protocolos e buscar orientações técnicas com entidades representativas.

2. Uniformização da fiscalização

Um dos principais desafios está na interpretação local das novas regras. É essencial que as vigilâncias sanitárias estaduais e municipais atuem com base em diretrizes padronizadas, evitando interpretações subjetivas que possam gerar insegurança jurídica.

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) acompanha, junto à Anvisa e demais entidades do setor, a produção de materiais orientativos — como documentos de perguntas e respostas — para apoiar tanto os fiscais quanto os serviços laboratoriais nesse momento inicial.

3. Responsável técnico nas Centrais de Distribuição (CDs)

A exigência de responsável técnico para CDs ainda gera dúvidas quanto ao escopo de atuação e ao perfil exigido para o profissional. A Abramed defende que esse ponto seja melhor especificado para evitar decisões conflitantes nas fiscalizações.

4. Controle Externo de Qualidade (CEQ)

A obrigatoriedade de CEQ para todos os equipamentos em uso deve ser implementada com critério técnico, evitando generalizações que possam impactar financeiramente os prestadores e comprometer a sustentabilidade operacional do setor.

5. Informações mínimas nos laudos

Os laboratórios devem revisar seus modelos de laudo à luz das novas exigências, garantindo que todos os dados requeridos estejam padronizados. Esse é um ponto crítico, que exige alinhamento prévio com as áreas técnicas e acompanhamento da atuação dos órgãos de fiscalização.

6. Triagem não é diagnóstico: atenção à interpretação

Outro ponto sensível é a diferenciação entre exames de triagem e exames diagnósticos. A RDC reforça a importância de que a natureza dos exames seja claramente compreendida pelas equipes de fiscalização, evitando que testes com finalidades distintas sejam avaliados com os mesmos critérios técnicos e operacionais. Essa distinção é fundamental para garantir interpretações regulatórias corretas e evitar autuações indevidas.

Para que os avanços propostos pela RDC 978/25 se traduzam em ganhos reais para os pacientes e para o sistema de saúde, é indispensável que a sua implementação ocorra de forma coordenada e equilibrada. Isso exige investimento imediato em capacitação técnica das vigilâncias sanitárias locais, com foco na uniformização do entendimento da norma, especialmente em pontos como triagem versus diagnóstico e escopo de atuação nas Centrais de Distribuição.

A Abramed seguirá acompanhando o tema junto aos seus associados e atuando junto à Anvisa para garantir segurança jurídica, previsibilidade regulatória e qualidade nos serviços prestados à população.

“Nosso compromisso é apoiar os associados na compreensão e na implementação prática das exigências da RDC 978/25. Além de dialogar com a Anvisa sobre os principais pontos de atenção, estamos promovendo treinamentos técnicos e encontros exclusivos para esclarecer dúvidas e alinhar interpretações. Acreditamos que a qualificação contínua e o compartilhamento de boas práticas são essenciais para o sucesso dessa transição”, comenta Milva Pagano, diretora-executiva da Associação.

Abramed completa 15 anos promovendo qualidade e avanços na Medicina Diagnóstica

No dia 14 de julho, a Abramed celebrou 15 anos de uma história construída com diálogo, conhecimento técnico e disposição para posicionar a Medicina Diagnóstica como um pilar essencial para a Saúde no Brasil. A jornada de cuidado começa pelo diagnóstico e que exames realizados com base em evidências e boas práticas são fundamentais para uma medicina mais preventiva, eficiente e acessível.

Hoje, a entidade é uma das principais vozes da Saúde Suplementar, seus associados são responsáveis por mais de 80% dos exames realizados no país. Com a dedicação de muitos ampliamos, atua papel em temas como inovação, regulação e ESG, tornando-se referência com iniciativas como o Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico e o FILIS – Fórum Internacional de Lideranças da Saúde.

“Chegar aos 15 anos é alcançar um novo momento de maturidade, com representatividade fortalecida e atuação cada vez mais estratégica. Mudanças exigem perseverança, escuta ativa e disponibilidade para agir coletivamente e a Abramed seguirá sendo esse espaço de articulação, diálogo e proposição, promovendo uma cultura de cuidado que antecipa, diagnostica e transforma”, diz  Milva Pagano, Diretora Executiva da Abramed    

A Abramed segue construindo e trabalhando por um setor cada vez mais preparado para contribuir com a saúde de toda a população e comprometido em cuidar das pessoas.    

Cofundador da Dengo Chocolates palestra sobre propósito e impacto social nos negócios para associados da Abramed

Realizado na sede da Roche, em São Paulo, o 2º Simpósio de ESG na Medicina Diagnóstica, organizado pelo Comitë de ESG da Abramed, reuniu associados em um encontro que reforçou a relevância dos temas ambientais, sociais e de governança para o setor. A abertura do evento foi conduzida por César Nomura, presidente do Conselho de Administração da Abramed; Milva Pagano, diretora-executiva da entidade; e Carlos Martins, presidente da Roche, que deu as boas-vindas aos participantes.

O ponto alto do encontro foi a palestra de Estevan Sartoreli, cofundador da Dengo Chocolates, que compartilhou reflexões sobre propósito, impacto social e ambiental, os desafios de colocar em prática a sustentabilidade de forma autêntica, além da urgência de repensar o papel das lideranças e revisar a lógica de sucesso nas organizações.

“O mundo está adoecido emocionalmente. O desengajamento começa pelo colaborador desmotivado — e o responsável é o líder. Precisamos parar de correr tanto e refletir se estamos fazendo as coisas certas”, afirmou.

Sartoreli também relacionou saúde mental a fatores como uso excessivo de telas, ambientes tóxicos e alimentação ultraprocessada e pontuou que relações de qualidade impactam diretamente na saúde emocional das pessoas. “Será que estamos juntos apenas para saber o que o outro está fazendo, ou para começar a fazer juntos?”, provocou.

Ele defendeu ainda que propósito não é algo genérico ou apenas comunicável, apresentando a trajetória da Dengo como exemplo de empresa que nasceu com um propósito claro e o mantém como guia estratégico, e pontuou que a sustentabilidade precisa estar na origem do modelo de negócio — não como uma agenda paralela, mas como parte indissociável da operação.

Debate: ESG e o futuro dos negócios

Na sequência, Estevan Sartorelli participou de um painel com Daniel Périgo (Líder do Comitê de ESG da Abramed) e César Nomura, com mediação de Lídia Abdalla (Vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed). O debate abordou os desafios da Saúde Suplementar, o papel da interoperabilidade na sustentabilidade e a necessidade de colaboração entre players da cadeia.

Daniel Périgo ressaltou que, apesar de avanços heterogêneos, a agenda de sustentabilidade ainda precisa amadurecer no setor e apontou a necessidade de desenvolver parcerias mais sustentáveis ao longo da cadeia de fornecimento, reforçando que o setor ainda conversa pouco para propor soluções conjuntas. “Quando há um problema, a Saúde é lembrada. Mas na prevenção, somos esquecidos. Isso precisa mudar”, alertou.

Nomura reforçou que ESG é uma maratona, não uma corrida de 100 metros, e que decisões consistentes exigem coragem e tempo para amadurecimento. Ele destacou ainda a atuação da Abramed para conectar o setor privado ao público, inclusive por meio do trabalho em interoperabilidade. “Evitar exames desnecessários e reduzir a repetição está diretamente ligado à sustentabilidade do sistema. Mas todo mundo quer interoperabilidade — ninguém quer ser o primeiro a compartilhar seus dados”, afirmou.

Complementando o debate, Lídia Abdalla destacou que o setor de Medicina Diagnóstica precisa assumir com mais clareza o seu protagonismo no impacto social e na contribuição efetiva para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.

“Nosso setor tem um impacto social gigantesco no Brasil, especialmente por levar serviços de qualidade e segurança para regiões distantes, fora dos grandes centros. Mas ainda falamos pouco sobre isso. Precisamos escolher onde atuar com profundidade e responsabilidade, e entender que nossos negócios só vão prosperar se cuidarmos verdadeiramente do entorno. Sustentabilidade é também sobre fazer escolhas conscientes, equilibrando custo, investimento e impacto”, refletiu.

O CEO da Dengo finalizou dizendo que gestores devem fazer escolhas difíceis e que não será mais fácil daqui em diante. Sartorelli também pontuou que “a ação deve preceder a regulação” — uma frase que resume o espírito do encontro: incentivar que, mais do que se adaptar a regras externas, as organizações de Saúde liderem com propósito, promovam práticas sustentáveis e colaborem para um setor mais justo e resiliente.    

A Abramed, como representante desse ecossistema, seguirá incentivando o diálogo e o protagonismo de seus associados na construção desse caminho.

Abramed avalia avanços e desafios da RDC nº 978/2025

A nova RDC nº 978/2025, publicada recentemente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), representa um passo importante para a atualização regulatória dos serviços de análises clínicas, anatomia patológica e demais modalidades da medicina laboratorial. A norma substitui a RDC nº 786/2023 e incorpora uma série de aprimoramentos conquistados após meses de diálogos técnico e institucional com a participação da Abramed e de representantes do setor regulado.

Entre os pontos atendidos, a norma trouxe avanços como o reconhecimento de laboratório clínico contratado pelo posto de coleta, maior clareza na identificação do material biológico e a permissão para calibração de instrumentos por laboratórios acreditados por organismos internacionais — medidas que contribuem para maior segurança e previsibilidade na operação dos serviços diagnósticos.

No entanto, a publicação da RDC também manteve dispositivos que seguem preocupando o setor. Entre eles, a exigência de responsabilidade técnica em centrais de distribuição, a obrigatoriedade de controle externo de qualidade para todos os equipamentos em uso (não apenas por analito), e a falta de clareza sobre os dados obrigatórios nos laudos. Outro ponto que merece atenção é a possibilidade de flexibilizações regulatórias para a administração pública, o que pode afetar a equidade sanitária do setor como um todo.

Frente a esse cenário, a Abramed já iniciou novas frentes de atuação junto à Anvisa. O Comitê Técnico de Análises Clínicas está preparando um documento de Perguntas e Respostas com foco na fase de implementação da norma, além de reunir e encaminhar as principais dúvidas dos associados para colaborar com a elaboração de materiais oficiais da Agência. Também está em andamento o diálogo sobre a orientação das ações de fiscalização, especialmente em relação à exigência de RT em centrais de distribuição.

“Seguimos comprometidos com o aperfeiçoamento técnico e regulatório do setor de Medicina Diagnóstica. A publicação da RDC 978 representa um avanço importante, mas ainda há pontos sensíveis que exigem atenção. Vamos continuar atuando de forma colaborativa com a Anvisa para garantir que a regulação avance de maneira equilibrada, com foco na qualidade, segurança e sustentabilidade dos serviços”, afirma Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed.

A entidade continuará reunindo casos concretos, ouvindo seus associados e contribuindo tecnicamente para fortalecer o ambiente regulatório da Medicina Diagnóstica no país.

Abramed e ITpS se unem para fortalecer a vigilância no Brasil

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e o Instituto Todos pela Saúde (ITpS) acabam de celebrar  uma parceria estratégica para ampliar e fortalecer  a capacidade de vigilância epidemiológica no Brasil.

O acordo prevê o compartilhamento de dados laboratoriais e a produção conjunta de estudos, análises e boletins técnicos sobre a circulação de arboviroses e patógenos respiratórios — como dengue, chikungunya, influenza e Covid-19. O ITpS realiza o monitoramento de patógenos respiratórios desde 2021 e de arbovírus há um ano e meio, em colaboração com laboratórios parceiros, e já emitiu 54 relatórios. A parceria com a Abramed irá ampliar de forma expressiva o número de dados analisados, com ampliação dos municípios cobertos.

A iniciativa integra a ampla base de dados clínicos das associadas da Abramed — responsáveis por mais de 80% dos exames realizados na saúde suplementar — com a expertise do ITpS em ciência de dados, bioinformática, epidemiologia, genômica e formação de profissionais de saúde pública, além de políticas públicas. Para a Abramed, o objetivo é antecipar riscos, detectar padrões de transmissão e fornecer inteligência analítica para apoiar a tomada de decisão de gestores públicos, operadoras de saúde, laboratórios e instituições de saúde em todo o país.

Criado em 2021, o Instituto Todos pela Saúde é uma organização sem fins lucrativos criada para contribuir com a organização, a melhoria e a manutenção de redes e o desenvolvimento de competências que ajudem o Brasil na preparação para epidemias e pandemias e na resposta em tempo oportuno. São três os pilares de atuação: fortalecimento de redes de vigilância, análise oportuna de dados e formação de profissionais em áreas estratégicas para preparação e resposta a emergências sanitárias.

“Ampliar o acesso a dados laboratoriais em tempo real é um passo fundamental para ajudar o Brasil a fortalecer sua vigilância”, afirma Gerson Penna, diretor-presidente do ITpS. “Com essa parceria, teremos uma visão mais abrangente da circulação de patógenos em diferentes regiões do país, fornecendo informações para que o poder público possa tomar a melhor decisão possível.”

Para Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, a colaboração reforça o papel estratégico da medicina diagnóstica no planejamento e na prevenção em saúde pública. “Nosso setor é uma fonte robusta de dados clínicos. Integrar essa base ao trabalho altamente qualificado do ITpS contribui para antecipar riscos, identificar tendências e apoiar decisões baseadas em evidências”, afirma.

A expectativa da Abramed é que a parceria resulte na entrega periódica de painéis analíticos, com recortes geográficos, temporais e clínicos, voltados a gestores públicos, operadoras, laboratórios e instituições de saúde.

Comitê de RH da Abramed debate impactos da NR-01 e atuação técnica do setor junto ao Governo

No dia 25 de junho, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) realizou um encontro do Comitê de Recursos Humanos para aprofundar as implicações da nova redação da NR-01, que passará a exigir das empresas a gestão de riscos psicossociais.


Mediado pela Líder do Comitê de RH da Abramed e Gerente de Saúde Corporativa do Grupo Fleury Lucilene Costa, o debate reuniu especialistas jurídicos, médicos e lideranças institucionais para discutir os impactos clínicos, regulatórios, financeiros e operacionais da norma no setor da Saúde e construir, de forma coletiva, uma proposta técnica a ser encaminhada ao Ministério do Trabalho.


A programação começou com apresentação da advogada trabalhista Daniela Bernardo, que apresentou os marcos da revisão da NR-01, ressaltando sua convergência com diretrizes da OIT (Organização Internacional do Trabalho) e a urgência de o setor da Saúde se posicionar proativamente. Também reforçou o papel do sistema sindical como agente de influência: “Se o setor da Saúde se unir, podemos levar nossas pautas com mais força e ver nossas particularidades realmente acolhidas”.


Roberta Pardo, do Balera Advogados, mostrou um panorama detalhado dos impactos financeiros decorrentes da concessão de benefícios acidentários por doenças de natureza mental e comportamental — que, embora hoje representem cerca de 3% dos casos, já apresentam tendência de alta nos registros da Previdência.

“A inclusão dos riscos sicossociais na NR-01 pode contribuir para o aumento do reconhecimento de nexos técnicos pelo perito do INSS, elevando o número de benefícios acidentários e,
consequentemente, os custos das empresas com o FAP (Fator Acidentário de Prevenção)”, explicou.


A advogada detalhou o funcionamento do FAP (Fator Acidentário de Prevenção), que pode impactar diretamente o RAT ajustado (Risco Ambiental do Trabalho) e elevar os custos previdenciários de 0,5% até 6% da folha de pagamento. “Estamos falando de cifras milionárias que podem saltar com o aumento índice de FAP. É um tema que exige atenção técnica e atuação integrada entre jurídico, SESMT, RH e liderança”, defendeu.


De acordo com Roberta, embora o mapeamento dos riscos psicossociais passe a ser obrigatório, isso não implica, por si só, o reconhecimento automático do nexo: “Precisamos manter firme nossa estratégia de investigação, contestação de benefícios e impugnação de nexo. Mas, com a formalização desses riscos em documentos oficiais, ganhamos um novo grau de responsabilidade e de exposição”.


Representando a visão clínica, o médico Laio Meira, coordenador do Programa de Saúde Mental do Grupo Fleury, trouxe à discussão as dificuldades práticas no monitoramento contínuo dos fatores psicossociais, principalmente em empresas de médio e pequeno porte.


Na visão de Lucilene Costa, é fundamental entender como as altas lideranças têm se envolvido com o tema. “Além de provocar o Governo, precisamos provocar nossos CEOs. Eles sabem o que isso representa em termos de impacto na folha? Estamos falando de milhões. É nosso papel técnico traduzir esse impacto em dados e levá-lo para o board”, pontuou.


A Diretora Executiva da Abramed, Milva Pagano, destacou que os riscos psicossociais não se restringem a acidentes pontuais, mas a processos contínuos e invisíveis que impactam diretamente o bem-estar e a produtividade dos colaboradores. “Estamos falando de lideranças nocivas, de síndrome do pânico, de pressões que não vêm apenas do ambiente profissional, mas que podem encontrar ali o estopim”, pontuou.


Para Milva, o setor da Saúde deve assumir uma posição propositiva, compartilhando suas boas práticas com outros segmentos. “Temos que mostrar o que já fazemos, evidenciar os resultados e apoiar outros setores na estruturação de ações similares”.


Ela ainda reforçou que o custo do cuidado não pode ser absorvido apenas pelo setor privado e que a construção de um posicionamento técnico robusto é fundamental para evitar distorções na regulamentação: “Se a gente ficar só esperando vir o manual, vai vir torto. Precisamos nos antecipar e apresentar soluções”, concluiu.


“Não se trata de se isentar do cuidado com o colaborador, mas de construir um histórico sólido, com dados e ações registradas, que possibilite contestar tecnicamente eventuais nexo-causais. O governo exige prova documental, e cabe a nós, como setor, estruturar essa evidência com responsabilidade e estratégia”, completou a Líder do Comitê de RH da Abramed.

Como as decisões empresariais impactam na qualidade e eficiência do Sistema de Saúde?

Em um cenário de transformação constante na Saúde Suplementar e na Medicina Diagnóstica, a tomada de decisões empresariais precisa estar orientada, acima de tudo, pela qualidade assistencial. A eficiência operacional segue como aliada importante, mas é a busca por excelência no cuidado que deve guiar estratégias sustentáveis.

Esse compromisso começa por decisões assertivas em relação à gestão de recursos, à maturidade digital e à adoção de tecnologias com foco em resultados clínicos. A transformação digital – que envolve desde equipamentos mais modernos até soluções de inteligência artificial e big data – deve estar a serviço de diagnósticos mais precoces, menos invasivos e mais confiáveis, com impacto direto na jornada do paciente.

Além disso, uma cultura de dados bem estabelecida pode ainda ser determinante para identificar gargalos nos processos e elevar os padrões de qualidade.

Nesse sentido, é positivo observar o crescimento dos investimentos em inovação na área da Saúde. Segundo a consultoria Future Market Insights, até 2035, globalmente devem ser investidos mais de US$ 351 bilhões em transformação digital no setor, com alta média anual de 14,5%.

No entanto, a tecnologia sozinha não garante qualidade. Ela precisa vir acompanhada de uma estratégia robusta de formação e capacitação profissional, aliando conhecimento técnico, atualização constante e práticas centradas no paciente, tendo como objetivo central, um atendimento mais humanizado, eficaz e preventivo – etapa determinante para a redução dos custos em Saúde, sem perda de padrões técnicos  –  que aumenta ainda mais o protagonismo da Medicina Diagnóstica para a população.

“Colocar as pessoas no centro da estratégia é essencial para que as decisões de gestão realmente favoreçam a excelência, a segurança e a precisão dos exames. Toda escolha tecnológica precisa vir acompanhada de capacitação — não existe inovação eficaz sem profissionais preparados para transformar essa tecnologia em valor para o cuidado em Saúde”, afirma Lídia Abdalla, Vice-Presidente da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e CEO do Grupo Sabin.

“A digitalização trouxe mais rastreabilidade, agilidade e precisão aos exames, mas ainda temos um enorme potencial a explorar com a integração entre os elos da cadeia de Saúde. Boas decisões empresariais podem impulsionar essa interoperabilidade e fortalecer uma atuação mais cooperativa, reduzindo desperdícios e ampliando o acesso a serviços de qualidade, sempre com o paciente no centro do cuidado”, completa.

Cada escolha feita pelas lideranças impacta diretamente a assertividade diagnóstica e a sustentabilidade e o valor percebido do sistema de Saúde como um todo.

Um exemplo prático é o Grupo Sabin que, com essa mentalidade, implementou uma nova plataforma tecnológica no Núcleo Técnico Operacional em Brasília, que aumentou sua capacidade produtiva em cerca de 20% e reduziu em até duas horas o tempo médio de liberação dos resultados  – garantindo mais agilidade sem abrir mão da excelência diagnóstica.

Dessa forma, cabe aos líderes estruturar metas objetivas voltadas tanto para o curto prazo – que são importantes para garantir o funcionamento adequado e eficiente da operação – quanto para um horizonte mais longo, fase essa que demanda uma clara visão de onde se quer chegar, considerando as novas ondas de expansão e evolução do mercado e da sociedade.

“Uma tomada de decisão que mira apenas o curto prazo e o custo direto arrisca o processo de crescimento da empresa, bem como sua sustentabilidade no mercado. Decisões focadas apenas no curto prazo, que afetam o nível do serviço oferecido, impactam não só a sua credibilidade e reputação, mas a do setor inteiro”, reforça Lídia. 

O aumento da eficiência e da qualidade é possível para todos que souberem orquestrar projetos que alinham inovação, pessoas e processos que visam o cuidado em primeiro lugar. Ao alinhar decisões estratégicas com esses princípios, líderes empresariais têm o poder de transformar o sistema de Saúde. 

Esse papel da governança corporativa e das escolhas de gestão na construção de um setor mais eficiente e qualificado será um dos temas centrais das discussões no Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), promovido pela Abramed em agosto. 

Se quiser se aprofundar no assunto, inscreva-se em: https://www.abramed.org.br/filis

Dados indicam alta da gripe e reforçam importância da imunização e testagem precoce

Levantamento da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), com base em informações consolidadas por seus associados – responsáveis por mais de 80% do volume de exames realizados na Saúde Suplementar –, aponta um crescimento expressivo na circulação dos vírus Influenza e H1N1 no Brasil nas últimas semanas epidemiológicas.

O cenário acende um alerta para o reforço das medidas preventivas, como a vacinação e a testagem precoce, especialmente entre os grupos prioritários.

Os dados laboratoriais mais recentes mostram que a positividade para H1N1 passou de 5,8%, na semana epidemiológica (SE) 15, para 23,9% na SE 20 (período de 13/04 a 17/05/2025), demonstrando uma escalada contínua. A média móvel da positividade, que considera os resultados das últimas cinco semanas, também apresentou alta: de 5,9% para 15,4% no mesmo intervalo.

A Influenza segue tendência semelhante. A positividade passou de 8,1% na SE 14 (30/03 a 05/04/2025) para 26,3% na SE 23 (02/06 a 07/06/2025). Após um período de estabilidade entre as semanas 19 e 21, os casos voltaram a subir de forma significativa nas semanas seguintes, reforçando a tendência de alta identificada na média móvel desde o final de março.

Esse avanço das infecções respiratórias reforça a importância das campanhas de imunização, sobretudo para idosos, gestantes, crianças e pessoas com comorbidades, além da adoção de estratégias que favoreçam a detecção precoce e a adoção de medidas clínicas adequadas.

“O aumento da positividade nos testes de H1N1 observado nas últimas semanas exige atenção. A testagem continua sendo uma ferramenta essencial para orientar decisões clínicas e de saúde pública. Além disso, a vacinação contra a gripe deve ser incentivada como estratégia de prevenção, principalmente entre os grupos prioritários”, destaca o Dr. Alex Galoro, patologista clínico e líder do Comitê Técnico de Análises Clínicas da Abramed.

Monitoramento integrado e dados estratégicos

Os dados analisados pela Abramed são extraídos da plataforma METRICARE, desenvolvida em parceria com a Controllab, e refletem o compromisso da entidade com o monitoramento contínuo e qualificado de indicadores de saúde. A ferramenta permite acompanhar, em tempo real, o comportamento de diversos agentes infecciosos e apoiar ações públicas e privadas de enfrentamento às epidemias sazonais.

Importante destacar que os exames realizados pelas associadas da Abramed alimentam diretamente a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS/DATASUS), contribuindo com o sistema de vigilância epidemiológica do Ministério da Saúde. Essa articulação é fundamental para compreender a evolução das doenças respiratórias no país e embasar políticas públicas que protejam a população.

Os desafios do envelhecimento populacional já batem à porta do ecossistema de saúde no Brasil

É hora de darmos o próximo passo, rumo a um futuro em que todos nós possamos viver com mais qualidade, autonomia e dignidade

*Por Milva Pagano

Impulsionado por transformações socioculturais e econômicas, o Brasil atravessa uma transição demográfica sem precedentes e, em 2030, de acordo com projeções do IBGE, o País terá um número maior de cidadãos com 60 anos ou mais do que de jovens com até 14 anos. Até 2060, o que se espera é um aprofundamento da curva de inversão da pirâmide etária, com a faixa populacional de idosos representando aproximadamente 30% do total de brasileiros.

O fato é que estamos falando de uma transformação em curso acelerado, cujas implicações alcançam um natural aumento da demanda por serviços médicos, exames e tratamentos de qualidade para o sistema de saúde nacional público e privado. Afinal de contas, não se trata apenas de viver mais, mas de ter acesso a cuidados adequados para que a qualidade de vida caminhe em conjunto com uma população longeva.

Alguns desafios já se impõem enquanto a curva se altera. O envelhecimento está diretamente associado ao aumento da prevalência de doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs), como hipertensão arterial, diabetes, neoplasias e doenças neurodegenerativas – condições muitas vezes silenciosas e que precisam de acompanhamento médico e o diagnóstico prévio e preciso.

Os dados mais recentes ilustram essa realidade com clareza quando observamos a frequência de exames por habitante, cujo crescimento é exponencial a partir dos 50 anos, atingindo seu ápice nas faixas entre 70 e 79 anos.

Outro indicador que reforça esse cenário envolve o expressivo crescimento no número de exames de Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (Mapa), que se expandiu 117% entre 2016 e 2023 na saúde suplementar.

É importante salientar que esse crescimento da demanda por exames é somente parte de uma realidade multifacetada. A tendência é que haja uma necessidade cada vez maior por profissionais especializados em geriatria e gerontologia, capazes de lidar com múltiplas comorbidades de forma integrada. Soma-se a isso o aumento na busca por serviços de cuidados de longa duração — como lares para idosos, centros de atendimento diurno e suporte domiciliar.

Outro ponto sensível é a saúde mental. O avanço da idade, aliado a fatores como isolamento social, perdas funcionais e luto, pode levar a um aumento significativo de quadros de depressão, ansiedade e demência – já em 2019, os idosos lideraram o ranking dos mais afetados pela depressão, segundo o IBGE.

Transformação tecnológica na rota da inversão etária. O aumento da demanda pelo acompanhamento da população exigirá mais integração, eficiência e inovação de todo o sistema de saúde, com a evolução tecnológica cumprindo um papel decisivo.

Nesse sentido, foi positivo observar que, em 2023, cerca de 27% dos investimentos realizados pelas principais empresas do setor de medicina diagnóstica foram direcionados à inovação. Houve um crescimento de 54% no número de exames ou laudos acessados digitalmente em relação ao ano anterior — e, na comparação com 2021, o índice dobrou.

Além disso, o crescente uso de inteligência artificial, algoritmos de apoio à decisão clínica, soluções de big data e plataformas digitais já tem sido determinante para que o setor seja capaz de oferecer diagnósticos mais ágeis e precisos, facilitando ainda a integração com os demais elos do ecossistema assistencial.

Finalmente, a tecnologia será fundamental para que o setor de saúde como um todo encontre caminhos para a sustentabilidade financeira – projeções apontam que, até 2060, as despesas assistenciais da saúde suplementar crescerão 28,9% e segundo dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), as despesas médias por diária de internação alcançam uma média de R$ 14 mil a partir dos 59 anos (até os 18, a média é R$ 6 mil).

Ou seja: investir na transformação digital, mais do que uma escolha, é uma necessidade, enquanto que a medicina diagnóstica deve ser vista como investimento, pois se coloca como uma ferramenta de prevenção para quadros mais críticos – estudos apontam que o investimento em atenção primária pode reduzir em até R$ 400 milhões os custos do sistema de saúde.

Essa é uma mudança de mentalidade que precisa ser incorporada com urgência no Brasil.

Sim, o envelhecimento populacional é uma realidade, fruto da conquista de uma maior expectativa de vida, que traduz os avanços nos sistemas assistenciais e na própria medicina diagnóstica. É hora de darmos o próximo passo, rumo a um futuro em que todos nós possamos viver com mais qualidade, autonomia e dignidade.

Abramed se torna parceira do Pacto Global no Programa Multiplicadores e reforça compromisso com ESG

Iniciativa é mais um passo – que inclui o alinhamento com metas dos ODS da ONU – para consolidar a Medicina Diagnóstica como agente ativo nessa pauta

A parceria da Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica) com o Pacto Global – Rede Brasil, por meio do Programa Multiplicadores, reitera o engajamento da entidade com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas — com foco especial nos ODS 3 (Saúde e Bem-estar) e 17 (Parcerias) — e fortalece a contribuição do setor de Medicina Diagnóstica com os compromissos climáticos que serão discutidos na COP30.

Para Renata Franco, gerente do HUB ODS e do Programa Multiplicadores do Pacto Global, a convergência entre o programa e a COP30 é evidente: “A crise climática exige a ação conjunta de todos os setores, sem deixar ninguém para trás. Um programa como o Multiplicadores dissemina essa importância e permite a troca constante para a união de diferentes players nessa caminhada”.

Renata ainda comenta que essa articulação intersetorial, que agora inclui a Abramed, é essencial para o enfrentamento dos desafios contemporâneos que precisam ser superados em prol do cumprimento dos objetivos da ONU. 

“A parceria da Abramed com o Pacto Global – Rede Brasil, por meio do Programa Multiplicadores, reforça, por exemplo, o compromisso da entidade com a sustentabilidade corporativa do setor da Saúde. As empresas de Medicina Diagnóstica que aderirem à iniciativa poderão usufruir de conhecimento, engajamento e visibilidade a partir das nossas Plataformas de Ação e Movimentos, com metas concretas para alcançar os ODS”, afirma.

A presença do setor diagnóstico no Programa Multiplicadores também é particularmente significativa quando pensamos na importância de que as empresas e principais representantes do segmento se posicionem como protagonistas da transição para uma economia de baixo carbono e de práticas ESG mais maduras.

Por isso, Milva Pagano, Diretora Executiva da Abramed, celebra a entrada da Associação no Programa Multiplicadores e dá destaque ao potencial da iniciativa.

“Como parceiros do Pacto Global, reafirmamos nosso compromisso com a sustentabilidade – tanto corporativa quanto ambiental – e com os valores que devem orientar o presente e o futuro da Medicina Diagnóstica visando mais inclusão e o enfrentamento dos desafios impostos pela crise climática. Nosso objetivo é não apenas engajar os associados, mas posicionar o setor como referência na incorporação de práticas ESG que podem nortear a rota para um modelo mais sustentável, ético, integrado e inclusivo de saúde”, afirma Pagano.

É fundamental observar que, para o enfrentamento da crise climática, não se trata apenas de reduzir emissões ou mitigar danos para diminuir o aquecimento global, mas de reconhecer que os efeitos das mudanças no meio ambiente já estão refletindo na saúde coletiva.

De acordo com Milva, a Medicina Diagnóstica ocupa lugar central nessa resposta quando consideramos, por exemplo, o aumento de enfermidades relacionadas às condições climáticas e o impacto em doenças respiratórias que aumentam a demanda por exames e por uma perspectiva de cuidados preventivos.

Outro destaque da participação da Abramed no Programa Multiplicadores é a conexão  com o ODS 3 – que assume como diretriz a garantia ao acesso à saúde de qualidade e à promoção do bem-estar para todos, em todas as idades – dialoga diretamente com os esforços da Associação para integrar o ecossistema de Medicina Diagnóstica e Saúde Suplementar e construir parcerias entre os Sistemas Público e Privado de Saúde, visando ampliar o acesso da população a exames e avançar em diagnósticos cada vez mais precisos e ágeis.

Além disso, a parceria com o Pacto Global amplia o acesso da Abramed e de seus associados a boas práticas internacionais, capacitações e conteúdos técnicos alinhados a compromissos globais. Esses insumos fortalecem a criação de ações concretas que podem posicionar a Medicina Diagnóstica como uma liderança no movimento por um setor de Saúde mais resiliente, ético e comprometido com a agenda ESG — um caminho essencial para a construção de um futuro mais sustentável e equitativo.