Retrospectiva 2022: Empenho e dedicação da Abramed em um ano de transformações no setor da saúde

Entidade acredita em seu papel de influenciar o mercado na defesa de comportamentos éticos e transparentes, vitais para a evolução e a sustentabilidade do sistema de saúde

Nas palavras da diretora-executiva da Abramed, Milva Pagano, o ano de 2022 foi “de transformações e impactos para o setor da saúde”. Muitas foram as contribuições e conquistas pelo empenho e atuação da entidade nos últimos 12 meses, nas quais destacam-se o envolvimento em temas como RDC 302; Piso de Enfermagem e telemedicina, entre outros.

“A Abramed participou ativamente da revisão da RDC 302, publicada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que dispõe sobre o regulamento técnico e visa definir os requisitos necessários para o funcionamento dos laboratórios clínicos e postos de coleta laboratorial públicos e privados que realizam atividades na área de análises clínicas, patologia clínica e citologia. Reconhecemos o empenho e cuidado da Anvisa na atualização da norma e nosso objetivo foi de contribuir, trazendo clareza sobre os impactos na segurança do paciente com as modificações propostas”, frisou Milva.

Em maio, quando aprovado o PL 2.564/2020, que fixava o piso salarial da enfermagem, a Abramed se manifestou favorável à valorização dos recursos humanos desta profissão, mas entendendo que esse caminho deveria ser percorrido com sustentabilidade.

Outras ações enfatizadas por Milva foram a atuação da entidade na construção da Agenda Regulatória da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) e a criação do Fórum de Proteção de Dados; e o desenvolvimento de um planejamento estratégico para atuação e expansão da entidade nos próximos cinco anos.

O Fórum Permanente do Setor de Saúde em Proteção de Dados e Privacidade, lançado em agosto, em Brasília, trata-se de uma coalizão em caráter permanente composta de associações, federações e confederações representativas do setor de saúde, cuja missão é debater e fomentar os temas envolvendo Privacidade e Proteção de Dados, inovação e tecnologia para o segmento, além de preparar a proposta de autorregulação do setor.

Com a Abramed, integram o Fórum a Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para a Saúde (Abraidi), Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB), Associação de Planos Odontológicos (Sinog), Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge), Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), Federação Brasileira de Hospitais (FBH) e Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde).

“Esse Fórum nasceu da necessidade do setor de saúde de trabalhar, eventualmente, em uma autorregulação regulada, já que é um segmento muito sensível, que lida com dados sensíveis, e, simultaneamente, traz vários stakeholders, desde o hospital, que presta assistência beira-leito, até as entidades de medicina diagnóstica, como a Abramed; as operadoras, que trabalham com os dados; e as Santas Casas, que lidam muito com dados públicos. Em determinado momento, entendemos ser necessário tentarmos, em alguns temas críticos, buscar convergir entendimentos”, explicou Milva.

Como resultado de um trabalho que vem sendo desenvolvido desde 2021, a Abramed no início deste ano apresentou o seu novo posicionamento estratégico. O projeto, que conduzirá as ações da entidade nos próximos cinco anos, teve como foco a dinâmica setorial, que tem mudado bastante nos últimos anos, a visão dos associados com relação à entidade, bem como os desafios e oportunidades para a medicina diagnóstica. Entre os objetivos estão o fortalecimento, aumento da representatividade, pluralidade e oferta de valor da entidade para seus associados.

“A Abramed tem um olhar para o futuro, influenciando os caminhos da saúde no Brasil. Somos um agente influenciador e pretendemos manter a nossa contribuição constante para uma mudança setorial que envolva maior compartilhamento e maior integração dos elos da cadeia,” salienta Milva.

Em 2022, a entidade finalizou a implantação da reestruturação de seus dez comitês, com representantes dos associados, para deliberar sobre as agendas propositivas, com atuação em três eixos: benchmarking de boas práticas; desenvolvimento de conteúdos de valor; e desenvolvimento de projetos aplicados.

“Acreditamos no nosso papel de influenciar o mercado na defesa de comportamentos éticos e transparentes, vitais para a evolução e a sustentabilidade do sistema de saúde e em benefício da população que busca os serviços essenciais que o setor fornece e queremos gerar cada vez mais valor para nossos associados e para a sociedade”, afirma Milva.

Em um ano de retomada dos eventos presenciais, a diretora-executiva relembra a sexta edição do FILIS – Fórum Internacional de Lideranças da Saúde, organizado pela Abramed, e realizado pela primeira vez em formato híbrido, com transmissão ao vivo, discutindo assuntos relevantes sob a temática central “A Medicina Diagnóstica na Disrupção da Saúde”. “Foi um reencontro marcante, com debates necessários para o melhoramento e desenvolvimento do setor da Saúde e da Medicina Diagnóstica nos próximos anos. Um verdadeiro sucesso”, destaca.

A Abramed participou ainda de importantes eventos do setor, entre eles: Hospitalar; JPR – Jornada Paulista de Radiologia; FIS Week; Congresso Brasileiro de Análises Clínicas; Diálogos Digitais Abramed; FILIS – Fórum Internacional de Lideranças da Saúde; CBR – Congresso Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem; Congresso Brasileiro de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial; Global Summit Telemedicine & Digital Health; Debates Fenasaúde, e Saúde Business Fórum.

Durante a Hospitalar 2022, a Abramed participou da cerimônia de criação de área dedicada à medicina diagnóstica na feira. O espaço, que concentra as soluções e as inovações para laboratórios, diagnóstico e análises clínicas, surgiu para atender a crescente demanda dos visitantes por produtos relacionados à área. Nesta primeira edição, já foi um sucesso absoluto, reunindo 30 empresas.

Confraternização

A Abramed promoveu um jantar que reuniu membros do Conselho de Administração, Conselho Fiscal, líderes dos comitês, associados e parceiros para brindar o encerramento de 2022, ressaltar as conquistas e realizações e reafirmar o empenho da entidade em prol do setor de medicina diagnóstica no próximo ano.

“O nosso setor de medicina diagnóstica continua muito pujante. Novas metodologias são desenvolvidas, a indústria nos disponibiliza aqui no Brasil muitas inovações e novos exames são oferecidos aos médicos e aos nossos pacientes. O segmento tem demonstrado um crescimento ano a ano. Um estudo publicado essa semana, realizado por dois centros de pesquisa da Universidade Johns Hopkins, sintetizou pesquisas realizadas ao longo de 20 anos sobre os erros diagnósticos, revelando que 5,7% de pacientes atendidos em prontos-socorros, em vários países, recebem diagnóstico incorreto, e desses, 2% são vítimas de eventos adversos, ou seja, sofrem danos por conta disso”, comentou Shcolnik.

O presidente do Conselho de Administração prosseguiu ressaltando que o valor do trabalho, que é realizado por profissionais da área, muito qualificados, se reflete em um apoio diário oferecido aos médicos, quer seja na prevenção, no diagnóstico, na definição e gerenciamento de tratamentos.

“O compromisso da Abramed, firmado há anos, que é de conhecimento público, permanece intacto. Defendemos o uso racional de exames, a sustentabilidade do sistema de saúde, do qual todos somos parte, e a integridade e o acesso da nossa população a serviços de saúde de qualidade”, garantiu Shcolnik.

Abramed divulga dados atualizados sobre exames de covid-19 e mpox

Número de exames de covid-19 reduziu, mas positividade ficou estável, já a positividade em exames de mpox caiu 69,6% em novembro

O número de exames de covid-19 realizados na semana de 3 a 9 de dezembro de 2022 (48.881) caiu 15,8% em relação à semana anterior, 26 de novembro a 2 de dezembro (58.058). Já a taxa de positividade caiu de 39,8% para 38,4%, uma redução de 1,4 ponto percentual. Os dados foram compilados pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), cujos associados respondem por cerca de 60% de todos os exames realizados pela saúde suplementar no país.

Apesar da ligeira queda, a taxa de positividade pode ser considerada estável nas últimas cinco semanas (de 5 de novembro a 9 de dezembro), variando apenas entre 2,7 pontos percentuais no período.

Já no acumulado do ano, até 9 de dezembro, foram realizados pelas associadas aproximadamente 4,3 milhões de exames. Esse número representa uma redução de cerca de 60% em relação a 2021, quando foram realizados aproximadamente 11 milhões de exames. No entanto, a taxa de positividade em 2022 (35,9%) é mais alta do que a de 2021 (30,5%) em 5,4 pontos percentuais. O resultado pode ser atribuído, entre outros fatores, ao maior critério na solicitação dos exames. 

Mpox

No caso da mpox (monkeypox), a taxa de positividade de exames realizados pelas associadas à Abramed, em novembro, caiu 69,6% em comparação a outubro. Foram 20 resultados positivos em novembro contra 66 no mês anterior.  

Com relação ao número de exames realizados em novembro (137), a redução também foi significativa, de 58,7%, comparando com outubro (332).

O acompanhamento dos exames de mpox pela Abramed começou em primeiro de julho de 2022. Desde então, foram realizados 1.425 exames, com positividade de 26,2%.

Contribuições Científicas da Medicina Diagnóstica: o que evoluiu?

Os métodos de sequenciamento de nova geração na área diagnóstica deram um salto, impulsionados pela pandemia

A medicina diagnóstica vem ganhando cada vez mais protagonismo e não foi diferente em 2022. A área foi indispensável para a gestão de casos de covid-19, em suas mais variadas cepas, e também de outras doenças, como a mpox (monkeypox, ou varíola dos macacos).

“Iniciamos 2022 ainda com muitos casos de covid-19, gerando grandes incertezas. No entanto, ao longo dos meses, os casos diminuíram e entramos num período de menos registros graves, em comparação a 2020 e 2021. Por outro lado, houve picos de outras doenças respiratórias, como influenza, H3N2 e H1N1”, analisa o diretor científico da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) e coordenador médico do Laboratório de Biologia Molecular do Hospital Israelita Albert Einstein, André Doi.

Um ponto de evolução neste ano, ainda segundo Doi, são os métodos de sequenciamento de nova geração na área diagnóstica. “Estamos caminhando no campo de medicina de precisão, por exemplo, na área oncológica, usando a técnica para caracterizar genomicamente diferentes tipos de câncer e tratar o paciente de maneira personalizada, com terapias específicas. Isso já existia antes, mas foi consolidado em 2022”, explica.

O método de sequenciamento de nova geração também deu um grande salto na área de doenças infecciosas, impulsionado pela covid-19. Por exemplo, a metagenômica – que consiste em colher uma amostra do paciente e fazer uma varredura de todos os agentes etiológicos que podem estar causando essa infecção – permite não só o diagnóstico de doenças conhecidas, como também de doenças raras, de baixa ocorrência e doenças novas.

Outra questão importante relacionada ao método foi viabilizar o sequenciamento de todos os patógenos. No caso do vírus SARS-CoV-2, isso possibilita entender os picos de casos e as mutações que ocorrem, permitindo caracterizar os tipos de variantes, como Ômicron e Delta.

Além de cânceres e doenças infecciosas, há marcadores genômicos também para doença de Alzheimer e outros tipos de doenças em diversas especialidades. “Cada vez mais a técnica está sendo divulgada e utilizada, e as pessoas estão tendo mais conhecimento sobre ela. “A medicina genômica entrou em pauta em 2022 e promete crescer muito em 2023”, expõe Doi. 

Vale lembrar que o uso da tecnologia de sequenciamento genômico é restrito, devido ao alto custo dos equipamentos, no entanto, todos os LACENs (Laboratório Central de Saúde Pública) serão equipados com sequenciadores de nova geração para fazer esse tipo de exame. “Os laboratórios públicos que não têm a tecnologia poderão encaminhar amostras para esses laboratórios no caso de doenças infecciosas ou mesmo para caracterização de cepas de vírus circulantes, como SARS-CoV-2 e variantes. Isso representa um grande avanço, pois como há LACENs em todos os estados, as instituições de saúde públicas, de alguma maneira, terão acesso a essa ferramenta”, conta Doi.

Com relação à pesquisa, o diretor científico da SBPC/ML destaca um ramo que tem evoluído e que representa uma grande inovação tecnológica: o transplante de fezes, já utilizado há alguns anos para tratamento de infecções refratárias a tratamentos. Ele cita casos de pacientes com a bactéria Clostridium difficile, causadora de inflamação no intestino e diarreia aguda, que não melhoram com o uso de antibióticos, apenas com o transplante de fezes.

A técnica consiste em retirar todo o microbioma do paciente doente e colocar o de um paciente saudável. “Há estudos sobre o papel do microbioma intestinal na saúde e na doença, inclusive existem bancos de fezes de pacientes saudáveis para tratar infecções por essa bactéria, o que seria inimaginável antigamente. O Food and Drug Administration (FDA) aprovou alguns tratamentos relacionados com transplante de microbioma nos Estados Unidos, então, isso logo vai chegar no Brasil”, adianta Doi.

O médico patologista clínico, gestor regional do Grupo Sabin e diretor do Comitê de Análises Clínicas da Abramed, Alex Galoro, destaca também que os laboratórios de análises clínicas estão bastante sintonizados com avanços tecnológicos, com relevantes contribuições de informática e inteligência artificial. Chama atenção, ainda, o uso de drones para o transporte de amostras de exames.

“Na fase pré-analítica, tem-se utilizado desde aparelhos para fazer aliquotagem, distribuição de amostras até drone para transporte de material em locais próximos, encurtando o tempo de entrega de exames, muitas vezes imprescindíveis. Quando o médico tem um resultado mais ágil, mais rápido ele pode tomar uma decisão, refletindo em ganho para o paciente. Com isso, o desenvolvimento da medicina diagnóstica será mais voltado para utilização de novas tecnologias e conhecimento das doenças, da fisiopatologia que permite o desenvolvimento e o lançamento de novos exames, novas pesquisas, material genético, metabólicos. Tudo isso trará subsídios para o clínico fazer o diagnóstico e ter uma atuação mais correta, o que chamamos de medicina personalizada”, reforça Galoro.

Em 2022, Snibe investiu mais de US$ 3 milhões em pesquisa e desenvolvimento

Há cinco anos no Brasil, a empresa chinesa especializada em equipamentos e reagentes de diagnóstico in vitro é a nova parceira institucional da Abramed. Jane Peng, gerente geral da companhia no território brasileiro comenta sobre atuação, crescimento e perspectivas

A Abramed acredita que a união de habilidades, conhecimentos e propósitos, além de aumentar a visibilidade para ambas as marcas, possibilitando um alcance mais abrangente, é também uma forma de alavancar o desenvolvimento de projetos visando o aprimoramento do setor de medicina diagnóstica. É neste cenário que a entidade anuncia a Snibe como nova parceira institucional.

Fundada em dezembro de 1995, na China, a empresa é especializada em equipamentos para laboratórios clínicos e reagentes de diagnóstico in vitro, sendo pioneira na utilização de “microesferas imunomagnéticas” avançadas como o principal material de separação do sistema. Inovou também na utilização de “compostos orgânicos moleculares sintéticos pequenos” avançados, ao invés de enzimas tradicionais, como marcadores luminescentes para aplicação da tecnologia de imunoensaio de quimioluminescência direta, realizando a produção em massa de instrumentos totalmente automáticos.

Em entrevista exclusiva para a newsletter Abramed em Foco, a gerente geral da Snibe no Brasil, Jane Peng, fala da atuação da companhia, as perspectivas para 2023 e sobre a ampliação do alcance no mercado nacional.

Confira o bate-papo na íntegra.

Abramed em Foco – Quais foram os investimentos em pesquisa, desenvolvimento e inovação que a Snibe promoveu em 2022?

Jane Peng – Temos foco em imunoensaio de quimioluminescência há 28 anos, nunca paramos de investir em pesquisa e inovação. Em 2022, a Snibe investiu mais de US$ 3 milhões em P&D e nossa nova sede estará pronta em janeiro de 2023.

Abramed em Foco – E quais são as perspectivas da companhia para 2023? Há potencial para crescimento?

Jane Peng – Estamos com meta de aumentar mais de 35% em comparação com 2022. Prevemos ampliar mais para a nova linha de produtos com profissionais.

Abramed em Foco – Tecnologia e qualidade também estão entre os principais investimentos da Snibe. Comente sobre como esses aspectos fazem a diferença no mercado.

Jane Peng – A Snibe possui 28 anos de foco no desenvolvimento de equipamentos de laboratório clínico e reagentes de diagnóstico in vitro visando os recursos humanos. Um novo equipamento e dez novos parâmetros são lançados a cada ano e atendem à demanda do mercado. Continuamos trabalhando com parceiros como Thermofisher e HITACH no sistema TLA para lançar nosso Produto Total de Automação Laboratorial.

Abramed em Foco – Para a Snibe, qual o papel da indústria na ampliação de acesso da população a exames de qualidade e na implementação de ações que promovam melhorias aos processos já estabelecidos?

Jane Peng – O sistema de gerenciamento de qualidade Snibe é estabelecido com base na ISO 9001 e ISO 13485, integrando os requisitos dos regulamentos GMP na China, União Europeia, Estados Unidos, Brasil e Coreia.

Nos concentramos no controle de qualidade do processo de produção, estabelecido com base nas características do produto e pontos de controle de processo adequados e apropriados. Além do controle de qualidade, na fabricação, também projetamos controles de qualidade no kit para colaborar na melhor experiência do usuário.

A Snibe está sempre atenta aos itens de teste realizados pelas reconhecidas organizações de EQA (sigla em inglês para avaliação externa da qualidade), como Comissão Nacional de Saúde da China, Centro de Dados de Reumatismo Chinês, BIO-RAD, Randox, Colégio Real de Patologistas da Australásia (região que inclui a Austrália, a Nova Zelândia, a Nova Guiné e algumas ilhas menores da parte oriental da Indonésia) e Colégio de Patologistas Americanos, para estabelecer um plano anual de controle de qualidade.

Abramed em Foco – A pandemia de covid-19 trouxe uma necessidade emergencial de otimizar os processos de diagnóstico a fim de expor o paciente ao menor risco possível. Quais os caminhos para que se consiga tornar os exames mais eficazes, especialmente no setor de análises clínicas?

Jane Peng – A Snibe fornece os testes CLIA de painel completo para anticorpo e antígeno SARS-CoV-2, que podem ser detectados em nosso analisador CLIA mais rápido MAGLUMI X8, que tem alto rendimento de até 600 testes por hora para atender às altas necessidades e melhorar a eficiência do laboratório. Além disso, fornecemos teste rápido de antígeno SARS-CoV-2 e teste RT-PCR para ajudar no diagnóstico de Covid-19.

Recentemente, lançamos o analisador de PCR digital Molecision S6, que é uma solução única para quantificação absoluta para o RT-PCR. Ele divide a amostra de ácido nucleico de entrada em dezenas de milhares de gotículas do tamanho de nanolitros e a amplificação por PCR das moléculas modelo ocorre em cada gotícula individual. Ao analisar cada gota, a fração de gotas positivas para PCR na amostra original pode ser determinada, concluindo, assim, a concentração do molde de DNA alvo na amostra original.

O analisador integra funções de geração de gotículas, amplificação de PCR, fluorescência de quatro cores, detecção e análise de dados. E a detecção geral leva apenas duas horas sem a necessidade de trabalho manual tedioso.

Desenvolvemos o sistema totalmente automático de Bioensaios E6, para substituir a operação manual. O teste de cálcio ionizado mede apenas a forma livre e metabolicamente ativa pelo método de eletrodo seletivo de íons. Pode refletir melhor o estado metabólico do cálcio no corpo do que o cálcio total.

Temos o SISTEMA TCA de personalização de laboratório com fácil adição de módulos novos ou existentes para mais funcionalidades., compatível com analisadores totalmente automáticos de outros fabricantes.

Abramed em Foco – Como a empresa avalia sua participação no mercado brasileiro?

Jane Peng – A Snibe entrou no mercado brasileiro há cinco anos e ganhamos o apoio de clientes, distribuidores e parceiros. Estamos orgulhosos de nossos produtos, pois muitos clientes se beneficiam de nossa boa qualidade, portfólio mais amplo e excelente serviço.

Com novas linhas de PCR, Bioquímica, Eletrólitos e Linha de Testes Rápidos, nossa equipe está crescendo no Brasil. Até agora, ainda somos tão jovens no país, então esperamos aprimorar com novos parceiros e novos clientes também. Continuaremos aperfeiçoando a qualidade de nossos serviços para o mercado brasileiro.

Abramed em Foco – Sob a ótica da empresa, quais os principais pontos de atenção para o futuro da medicina diagnóstica?

Jane Peng – A atenção principal está voltada para o pioneirismo global no campo de diagnóstico in vitro (com um serviço completo, de melhor qualidade e de crescimento conjunto com nossos parceiros no Brasil) e na liderança de participação no mercado nos próximos cinco anos.

Abramed em Foco – Como a Snibe enxerga a atuação da Abramed na medicina diagnóstica? O que espera da entidade como parceira para melhoria do setor?

Jane Peng – A Abramed é muito importante para cooperar com marketing profissional e compartilhar as notícias globais com o sistema médico em diagnóstico in vitro. Esperamos trabalhar junto com a entidade para expandir nossa cooperação no Brasil, tendo chances de mostrar nosso sistema de atualização e intercâmbio com os líderes para o campo de laboratórios diagnósticos.

Do diagnóstico à prevenção: como os exames de sequenciamento genético contribuem para a medicina

Eles permitem a adequação personalizada do tratamento com base no background genético do indivíduo e de sua doença

A avaliação genética com fins diagnósticos ou preventivos tomou um grande impulso nos últimos 10 anos, principalmente com o advento de uma tecnologia chamada sequenciamento de nova geração, conhecida como NGS (Next Generation Sequence).

O NGS tornou o custo de sequenciamento do material genético em laboratórios mais acessível e aumentou a velocidade do procedimento, possibilitando a utilização da informação em testes clínicos. “Podemos dizer que essa área se delineou a partir do uso mais maciço dessa tecnologia genômica”, explica Cristóvão Mangueira, membro do Comitê de Análises Clínicas da Abramed e diretor de Medicina Laboratorial do Hospital Israelita Albert Einstein.

Importante ressaltar que genômica não é o mesmo que genética. Genética é a disciplina médica mais tradicional, e a genômica é basicamente a aplicação do NGS na composição de painéis de testes genéticos, com a finalidade de uso na medicina clínica.

Segundo Marcos Queiroz, diretor suplente do Comitê de Radiologia da Abramed e diretor de Medicina Diagnóstica do Hospital Albert Einstein, a genômica está revolucionando a medicina. “Antigamente, o tratamento para um tumor de pulmão, por exemplo, era o mesmo para todas as pessoas acometidas por ele. Com o sequenciamento genético, é possível detectar subtipos e características próprias para aquele indivíduo, fazendo com que o tratamento seja diferenciado. Cada lesão tem sua característica, e o sequenciamento genético permite identificar e entender se há um tratamento específico”, explica.

O sequenciamento também é importante no desenvolvimento de terapias celulares, porque, uma vez conhecido o aspecto característico do tumor, desenvolvem-se terapias que podem ser aplicadas diretamente nele. Além dos benefícios no tratamento oncológico, a genômica tem grande papel preventivo. Já existem check-ups genéticos que permitem estudar o DNA para entender se há algum gene que determine predisposição para determinado tipo de câncer.

Abordagens

Existem várias abordagens e maneiras de usar a tecnologia NGS na medicina, mas Cristóvão as divide em três mais frequentes. Uma envolve o sequenciamento do material genético humano, o DNA, à procura de mutações e variações genéticas que possam estar associadas ao diagnóstico de alguma doença ou à predição de risco ao seu desenvolvimento. Um exemplo na área oncológica é o câncer de mama. “Algumas mutações são identificadas no sequenciamento de genoma, associadas a um risco aumentado de câncer de mama hereditário. Isso pode levar a condutas diferentes na condução da saúde do indivíduo com a mutação”, explica.

Outra abordagem é o sequenciamento de material genético de um câncer já diagnosticado. Por meio de uma biópsia, tira-se um pedaço do câncer ou todo ele, e é feito o sequenciamento genético do material. “Esse procedimento é útil para vários tipos de cânceres, pois é possível individualizar o tratamento, dependendo da mutação genética encontrada. Dessa forma, podemos prever se vale a pena tratar com medicação, quimioterapia, imunoterapia ou radioterapia”, destaca Cristóvão.

Por essa abordagem, também é possível prever se o paciente terá mais ou menos propensão a efeitos colaterais do tratamento. “Isso é o que chamamos de medicina personalizada, individualizada ou medicina de precisão, que é a adequação do tratamento para um indivíduo com base no background genético dele e de sua doença”, acrescenta o especialista.

A terceira abordagem é a utilização da tecnologia NGS para sequenciar microrganismos. Atualmente é possível estudar completamente a flora bacteriana do intestino fazendo o microbioma, que pode ser útil no tratamento de doenças inflamatórias intestinais, síndromes disabsortivas que levam à diarreia e doenças crônicas associadas com o mau funcionamento do intestino, por exemplo.

No diagnóstico, a tecnologia pode ser utilizada, por exemplo, para fazer sequenciamento total do vírus da covid-19 e identificar as novas variantes, como delta, ômicron, alfa, beta e assim por diante. “Resumindo, podemos usar o sequenciamento genético para diagnóstico de doença, predição de risco de doenças e para sequenciamento de microrganismos que causam doenças”, expõe Cristóvão.

Prevenção

Muito se fala da saúde do futuro, que está mais relacionada a cuidar preventivamente do paciente no contexto de sua saúde do que tratar a doença quando ela chega. Sem dúvida, os testes genéticos fazem parte dessa revolução.

Cristóvão conta, inclusive, que existem várias iniciativas de incorporação do sequenciamento genético no check-up tradicional, ou seja, muito além de exames de sangue, de imagem, físicos e da consulta médica. “Isso possibilita uma análise geral da saúde do paciente e uma visão mais aprofundada do risco para desenvolver doenças no futuro, como câncer, cardiopatias e doenças neurológicas.”

Na área de neurologia, há pesquisas para identificar, a partir do sequenciamento genético, o risco de doenças neuromusculares, neuropatias hereditárias, risco de epilepsia (InternationalEpilepsyDay), demência e Doença de Alzheimer, por exemplo.

No caso de doenças cardiológicas, uma das principais aplicações do teste genético é na identificação do risco de morte súbita, pois algumas pessoas não sabem que têm uma doença do coração, acabam sofrendo um mal súbito e vão a óbito. “O teste genético consegue identificar as doenças com antecedência, possibilitando ao médico prescrever medicamentos que previnam a morte súbita, como anticoagulantes ou outros que corrijam o ritmo cardíaco”, diz Cristóvão.

Como são feitos?

Testes genéticos são exames de alta tecnologia que demandam grande investimento nos sequenciadores genéticos, máquinas importadas dos Estados Unidos e China, por exemplo, que chegam a custar milhões de dólares. “Além do investimento nesse parque de equipamentos, os laboratórios e as clínicas de diagnóstico precisam investir em profissionais capacitados, pois não basta um profissional de laboratório comum, sem formação ou com formação generalista; são necessárias pessoas com PhD e treinamento específico na área genética”, conta Cristóvão.

Ele disse que foi incorporado um novo profissional ao laboratório: o bioinformata, profissional que une o conhecimento de TI e de biologia, capaz de desenvolver e utilizar softwares que interpretam dados de sequenciamento, transformando-os em um laudo inteligível para o profissional de saúde. “Atualmente, os laboratórios que trabalham com genômica têm equipes de bioinformática, ou seja, biólogos e biomédicos com formação específica, a maioria com pós-graduação.”

Na prática, a análise pode ser feita em qualquer material que contenha DNA ou RNA, no caso de vírus ou mesmo humano, como sangue ou saliva. Algumas informações oriundas do sequenciamento genético são chamadas de colaterais ou recreacionais, ou seja, não servem para fazer diagnóstico, mas matam a curiosidade das pessoas. Por exemplo, os testes de ancestralidade mostram o percentual de ascendência negra, europeia, indígena ou oriental no código genético da pessoa. No entanto, esse dado não tem nenhuma aplicação prática do ponto de vista médico.

Também é possível fazer sequenciamento de qualquer amostra que contenha células, pois todas têm DNA. Em testes focados em sequenciamento tumoral, que definem tratamento de cânceres, é usada a amostra de tecido tumoral, ou seja, um fragmento do próprio tumor retirado cirurgicamente, que é sequenciado no laboratório.

Análise dos resultados

Para análise dos resultados, a amostra passa por um processo de extração, que é a separação do DNA da amostra. Isso significa que primeiramente é preciso isolar o material genético e depois sequenciá-lo em outro equipamento, o sequenciador.

O resultado são alguns gigabytes ou até terabytes de informações, dependendo da profundidade do sequenciamento de dados brutos. Depois, esses dados são colocados em um software específico que traduz as informações para a linguagem médica clínica. O software vai rastrear os dados e identificar quais são as variações que estejam associadas a doenças. Depois, isso vai para outro sistema, que produzirá um laudo com a informação analisada.

“Não são exames fáceis com resultados que saem de um dia para outro. Geralmente são necessários vários dias ou até semanas para processar uma amostra e gerar um laudo. Esse exame geralmente é feito uma vez só e define o risco de ter alguma doença ou o tratamento específico para uma doença já diagnosticada, não é um exame de rotina”, explica Cristóvão.

Investimento

Para os laboratórios que querem investir nesses exames, Cristóvão diz que o retorno financeiro é difícil, porque o investimento inicial é muito alto, tanto em equipamentos quanto em profissionais qualificados. No caso de um laboratório inserido em sistemas de saúde de alta complexidade, com serviços de oncologia e outros serviços especializados, ele acredita que vale a pena buscar soluções genômicas para incorporar ao portfólio.

“Como o investimento é muito alto, uma tendência mundial é fazer associações entre laboratórios, pois o número maior de amostras viabiliza o retorno financeiro. O Brasil é um mercado de saúde grande e há poucos serviços de genômica privados. Assim, a tendência é que esses serviços se juntem para buscar sustentabilidade. Uma mão lava a outra”, analisa Cristóvão.

Por sua vez, Queiroz acredita que investir em genética é o futuro e que, com o tempo, o valor do aporte vai diminuir. “No entanto, é fundamental investir em educação médica, para que a análise desses resultados seja a mais assertiva possível”, acrescenta. Aliás, segundo ele, também é preciso educar a população em geral, através da divulgação dos benefícios gerados pela medicina genética de precisão.

“É fundamental fazer uma divulgação responsável desse tipo de exame. Por outro lado, vale lembrar que ele não resolve tudo, pois há doenças com fatores ambientais, que dependem da alimentação e de uma série de outros fatores”, finaliza Queiroz.

Texto publicado em: 12/12/2022

Especialistas em ESG compartilham suas experiências em episódio da série #DiálogosDigitais Abramed

Relatório de sustentabilidade, indicadores, metodologias, sensibilização e desafios foram alguns dos temas abordados

“O que ESG tem a ver com a sua saúde?” foi o tema de mais um episódio da série #DiálogosDigitais Abramed 2022, que aconteceu no dia 6 de dezembro, com transmissão ao vivo pelo canal do  YouTube  da entidade. Entre as perguntas respondidas durante o webinar, estiveram: de que maneira o ESG se conecta com a estratégia da empresa; porque ele é importante para o setor de saúde; como estamos e de que forma somos vistos; e quais seus desafios e oportunidades.

Participaram da conversa Lílian Mendes, gerente de ESG e Sustentabilidade da Dasa e membro do Comitê de ESG da Abramed; Meire de Fátima Ferreira, especialista e mentora em gestão de sustentabilidade; e Daniel Périgo, gerente de Sustentabilidade do Grupo Fleury e diretor suplente do Comitê de ESG da Abramed. A moderação ficou a cargo de Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

O conceito de ESG – Environmental, Social and Corporate Governance, sigla em inglês para governança corporativa, social e ambiental, vem ganhando bastante destaque, no entanto, ainda há muito o que evoluir na medicina diagnóstica. “Esse é um tema de grande interesse, mas que tem sido pouco falado no setor. Portanto, convidamos três especialistas que lidam com o assunto diariamente”, iniciou Shcolnik.

Lílian começou destacando a importância do relatório de sustentabilidade, que é um dos principais passos para quem pretende incluir o ESG em sua estratégia de negócio. “Esse relatório provoca uma evolução interna da empresa e traz os stakeholders para mais perto. Independentemente do porte da organização, pode ser implementado com facilidade e aprimorado aos poucos. Cada passo é dado no seu tempo, afinal, estamos falando de uma jornada”, disse.

Ela contou que a Dasa implementou a metodologia da GRI, mantendo a transparência e a reciprocidade com pacientes e stakeholders. A Global Reporting Initiative (GRI) é uma organização sem fins lucrativos que fornece os padrões mais usados ​​do mundo para relatórios de sustentabilidade, os padrões GRI, também chamados de relatórios GRI.

Um dos desafios enfrentados pela Dasa em relação ao tema é equilibrar os três pilares de forma estratégica para que todos tenham o mesmo peso de importância. “Por isso, sempre mantemos metas e indicadores para cada um deles, fomentando os temas de forma equilibrada junto ao Conselho de Administração da empresa. Evidentemente, nosso propósito tem cunho social e ambiental. A governança, pilar muito relevante, acaba permeando os outros dois”, expôs.

Meire, por sua vez, está em transição de carreira, mas compartilhou sua experiência enquanto esteve como gerente executiva de sustentabilidade na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. “Manter uma organização do porte da instituição, que possui 7 mil colaboradores diretos, em um ambiente regulado, é desafiador. Estrategicamente, o hospital trabalha com uma visão sistêmica muito imbuída no fundamento de Peter Senge, que considera as organizações organismos vivos. Segundo essa perspectiva, é preciso prestar atenção em tudo aquilo que me afeta e que é afetado por mim no ambiente onde estou inserida”, ressaltou.

Vale lembrar que as iniciativas de ESG não são voltadas apenas para grandes companhias. “Qualquer uma, não importa o tamanho, que conseguir pensar nesse impacto socioambiental pode organizar a própria gestão. O setor de saúde é altamente regulado, o S, de social, todas as empresas precisam ter para existir. O A, de ambiental, está conectado com o cumprimento da legislação, mas, é claro, é necessário ir além. Sobre o G, de governança, o simples fato de ter um contrato ou um estatuto social já gera o vínculo. É a governança que vai dar o tom da gestão para que se possam fazer as escolhas”, explicou a especialista.

Em se tratando dos relatórios, Meire afirmou que eles são ferramentas de gestão que ajudam a organizar as ideias, a tomar decisões, a priorizar determinados temas, sempre em função daquilo que a empresa tem mais facilidade em fazer. “Os relatórios permitem às organizações do setor de medicina diagnóstica adotarem uma gestão estruturada de sustentabilidade sem precisarem de uma estrutura muito robusta para isso.”

Falando pelo Grupo Fleury, Périgo citou algumas iniciativas da empresa em consonância com a pauta ESG, como a construção de usinas fotovoltaicas, que têm tornado a matriz energética mais sustentável. “Também atrelamos o programa de remuneração variável a metas de ESG e temos buscado iniciativas sociais mais focadas na ampliação da atenção primária em saúde e no uso de telemedicina, aproveitando os aprendizados da pandemia. Na área de finanças, emitimos uma debênture (título de dívida que gera um direito de crédito ao investidor. Ou seja, ele terá direito a receber uma remuneração do emissor e periodicamente ou quando do vencimento do título receberá de volta o valor investido) para o mercado atrelada a metas de ESG, o que foi algo pioneiro na saúde do país”, contou, ressaltando que o sucesso das iniciativas depende da atuação de todas as áreas da companhia.

Para elaborar seu relatório anual de sustentabilidade, o Grupo Fleury utiliza como metodologias o GRI, o relato integrado, o Sustainability Accounting Standards Board (SASB), ou Conselho de Padrões Contábeis de Sustentabilidade, e o Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD), que diz respeito às questões climáticas.

“O relatório precisa mostrar a atuação integrada da companhia em relação às três letras da sigla. O objetivo é conseguir uma integração cada vez maior entre elas. Na área de saúde, o S ainda sobressai, pois a conexão é direta, embora o social seja o grande desafio das empresas. Importamos de outros países o maior destaque à questão ambiental, mas o Brasil precisa focar mais o social”, analisou Périgo.

Sobre os indicadores, o diretor suplente do Comitê de ESG da Abramed destacou, ainda, que eles permitem visibilidade e autorreflexão. “É o momento de avaliar os ganhos e as oportunidades de melhorias. A partir da análise dos indicadores, é possível trazer ganhos externos e para a companhia”, disse.

Périgo salientou também que o ESG demanda ações de longo prazo. É necessário aprender a desdobrar as metas e os indicadores entre as áreas e os projetos de uma empresa. “Não precisa esperar ter uma grande estrutura para começar a trabalhar com o tema, é possível iniciar com pautas pequenas e evoluir ao longo do tempo, como aconteceu com o Grupo Fleury.”

Sensibilização

Segundo Shcolnik, a sensibilização de colaboradores é sempre um desafio para obter os resultados desejados. Ele questionou os convidados sobre as iniciativas adotadas para atingir o engajamento dos envolvidos. Périgo respondeu que, para criar uma cultura de ESG, é preciso ter conexão com a estratégia e com o core businessda companhia. “Se trabalharmos dissociados disso, essa pauta será sempre secundária”, expôs.

Ele também citou a importância do apoio da direção, porque são necessários recursos para as pautas saírem do papel. “Tivemos dificuldades com a média liderança, o que exigiu um grande esforço de sensibilização”, revelou. O Grupo Fleury aprendeu, ainda, que é fundamental agregar a visão que vem de fora da companhia, ou seja, dos clientes, dos fornecedores e dos órgãos regulatórios. “É preciso conversar com todos os players envolvidos”, disse.

E, falando em outros atores no processo, Périgo lembrou que as operadoras de planos de saúde ainda são um público distante da pauta. “O diálogo com elas precisa avançar, porque há uma série de oportunidades e sinergias entre operadoras e prestadores de serviços”, observou.

Lílian, por sua vez, comentou que, neste mês de dezembro, a Dasa vai lançar a Jornada ESG. Todos os novos colaboradores passarão por ela para conhecer o significado e a importância da sigla, a maneira como a Dasa se posiciona e quais são suas metas, entre outras questões. Para a liderança, a experiência será diferenciada, sendo mais focada em como conectar a estratégia ao negócio e como liderar pessoas. “Não temos resultados ainda, mas isso vai ajudar muito na sensibilização dos colaboradores”, disse.

De acordo com a gerente de ESG e Sustentabilidade da Dasa, a empresa aprendeu a ouvir o que as pessoas, os diversos stakeholders, têm a falar. “Essa escuta é um ponto de partida fantástico, que tem espaço em rodas de conversas e palestras. Companhias de qualquer porte podem fazer isso. O que funciona, de fato, é utilizar as estratégias e sensibilizar.”

Já Meire contou que a BP criou a figura do influenciador, aquele que sempre está disposto a levantar a bandeira do ESG. Ela aproveitou para comentar sobre atores muito importantes no processo: os médicos. “Quando falamos com eles a respeito do assunto, todos conversam no mesmo nível de conhecimento e linguagem. Esses profissionais estão perto tanto dos pacientes quanto das operadoras. Também não podemos nos esquecer dos enfermeiros, essenciais para tocar essa missão tão relevante quando se fala de uma agenda de sustentabilidade.” O episódio completo pode ser visto neste link: https://youtu.be/hbXVmNCzWEM

Texto publicado em: 12/12/2022

Abramed contribui para debate da FenaSaúde sobre prevenção e combate às fraudes na saúde suplementar

A atuação dos laboratórios e das clínicas de diagnóstico foi abordada por Milva Pagano, diretora-executiva da entidade

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), representada por Milva Pagano, diretora-executiva da entidade, participou do 11º Debates FenaSaúde, que abordou o tema “Prevenção e Combate às Fraudes na Saúde Suplementar”. O evento aconteceu no dia 22 de novembro, no auditório da Escola de Negócios em Seguros, em São Paulo, e foi transmitido pelo canal da FenaSaúde no Youtube.

Milva foi uma das debatedoras do primeiro painel, que tratou de “Fraudes na cadeia de saúde: impactos e enfrentamento”, discorrendo sobre a atuação dos laboratórios e das clínicas de diagnóstico. A discussão contou com a participação de Vera Valente, diretora-executiva da FenaSaúde, falando pelo lado dos planos de saúde; e de Antonio Brito, diretor-executivo da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), que apresentou a atuação dos hospitais privados.

Ela começou parabenizando a FenaSaúde pela iniciativa e manifestou o apoio da Abramed. Contou que a entidade instituiu, em 2017, um código de conduta, bem como desenvolveu uma política de compliance e um canal de denúncia, tamanha a importância dada ao tema.

“Nosso código de conduta segue alguns pilares importantes, como ética, foco no paciente, integridade, transparência, confiabilidade, livre concorrência e sustentabilidade”, disse, acrescentando que a entidade adotou critérios de elegibilidade para os associados, tendo como requisitos fundamentais justamente esses valores, garantindo a qualidade do serviço prestado.

A diretora-executiva da Abramed comentou que estamos em um momento precioso de discussão da RDC 302, da Anvisa, que normatiza o funcionamento dos laboratórios. “Há dois anos, a Abramed vem discutindo esse tema com outras entidades do setor. A questão dos postos de coleta é muito delicada, pois não há nenhuma vedação legal para sua existência dentro de clínicas. Nós defendemos a realização de coleta de exames por laboratórios em locais legalizados”, expôs.

Além disso, disse haver uma diversidade enorme de exigências sanitárias conforme a municipalidade, ou seja, o que se exige em uma cidade difere do que se exige em outra. “É importante padronizar esses pontos. Estamos buscando essa normatização. Precisamos fechar as brechas que existem”, declarou Milva.

Em relação à realização de exames desnecessários, mesmo com toda a rastreabilidade de laudos e amostras, ela lembrou que não é possível desconsiderar a autonomia do médico. “Como medicina diagnóstica, não podemos negar a realização de exames solicitados pelo médico. Não há como selecionar quais serão feitos.”

Segundo Milva, um evento como este é riquíssimo, pois permite discutir algo que coloca em risco a sustentabilidade do setor. “É importante unirmos esforços para coibir essas práticas.”

O painel contou com mediação de Lúcia Helena Oliveira, jornalista do UOL. “As fraudes na saúde suplementar são uma realidade e suas consequências estão diretamente relacionadas à sustentabilidade e a previsibilidade de gastos no sistema de saúde. Isso impacta a ponta da cadeia, ou seja, os beneficiários”, comentou.

Para o diretor-executivo da Anahp, as fraudes são um problema do sistema de saúde como um todo, é preciso compreender isso. “É perigoso pensar nelas apenas como um evento de ordem policial e criminal. Não se trata de um desvio que vai ser resolvido com mais investigação e mais política, mas uma consequência das dificuldades de organização do próprio setor. A fraude é febre indicando doença no organismo”, disse.

Brito defendeu a acreditação das instituições de saúde e a clareza dos processos para inibir as fraudes. Há problemas de excesso de exames, de formação profissional insuficiente, bem como questões culturais e desentendimento sobre glosas, que são a falta de pagamento de algum item que compõe a conta hospitalar do paciente atendido. “Há muita zona cinzenta no sistema de saúde, e o cinza é a cor preferida do fraudulento, daquele que pretende se esconder para fazer o malfeito.”

Segundo ele, também é preciso estimular o máximo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a redobrar o olhar sobre o tema geral de acreditação, processos e protocolos. Outra questão importante é a mudança do modelo de pagamento, de remuneração por procedimentos, favorecendo as fraudes, para remuneração por desfechos. Vários hospitais já demonstraram o valor deste último modelo para a sustentabilidade do sistema. Brito defendeu, ainda, o prontuário único. “A interoperabilidade é uma necessidade urgente”, ressaltou.

Por sua vez, Vera Valente tratou da atuação dos planos de saúde na prevenção e no combate às fraudes. “A glosa é uma febre que mostra uma enorme preocupação das empresas com contas muito altas”, disse.

Ela citou como exemplos de fraudes: pedido de reembolso de consultas não realizadas, solicitação desnecessária de exames, entrada em processos para pedir judicialmente a execução de procedimentos que não são necessários e mudança de código de doença para solicitar tratamento sofisticado com fins estéticos. “Todos pagam a conta”, ressaltou.

“Temos como desafio organizar a jornada do paciente, para que ele não corra para o pronto-socorro a qualquer dor de cabeça. Precisamos nos unir para apagar os incêndios, pois eles podem comprometer a sustentabilidade da cadeia. Todos precisam ter consciência de seu papel, incluindo médicos e beneficiários”, expôs Vera.

O evento completo pode ser visto neste link: https://youtu.be/dcAM8aQyXfU 

Em suas considerações finais, Milva ressaltou a importância do debate, fazendo votos de que ele seja o primeiro de muitos. “Mas não podemos ficar apenas no debate, a Abramed, norteada por seu Código de Conduta, lançado em 2017, orienta, incentiva e exige de seus associados boas práticas que inspirem todos os elos da cadeia, honrando nossa responsabilidade em garantir o foco na atenção ao paciente, resguardando sua segurança e o compromisso com serviços diagnósticos de qualidade, que contribuem diretamente para a adequada conduta médica e, consequentemente, para evitar desperdícios de recursos no sistema”, encerrou.

Ecossistemas de saúde quebram barreiras e unem o setor em busca de eficiência

Por Renato Freire Casarotti*

Quando falamos de cuidado em saúde no setor privado, a discussão vai para o lado do problema da fragmentação e, consequentemente, para a importância dos ecossistemas, que são soluções integradas focadas no atendimento de várias demandas dos beneficiários.

O conceito transversal do ecossistema é o principal meio para atingir os três grandes pilares da saúde: acesso, qualidade e sustentabilidade. O acesso diz respeito à facilidade para obter exames, consultas e internações. Acessível não significa apenas “estar disponível”, mas também ser “custo acessível”. Quanto à qualidade, o acesso a consulta, exame e demais procedimentos devem também possuir uma boa experiência durante o seu processo, só assim é possível termos um desfecho 360º de maneira positiva. Já a sustentabilidade do setor de saúde está na manutenção de prover essas condições de acesso à população no longo prazo. Se a empresa oferecer acesso e qualidade, mas a conta não fechar, o sistema quebra.

Sempre ouvimos que o cuidado é muito fragmentado: laboratórios, hospitais e planos de saúde não se conversam. Exames se repetem, consultas se repetem, o plano muda e tudo se perde. Resumindo: o acesso fragmentado reduz a qualidade, piora o desfecho e afeta a própria sustentabilidade, afinal, a ineficiência e o desperdício são evidentes. Falta, portanto, uma maior integração entre as partes, e também entre os sistemas público e privado de saúde.

Se houvesse um ecossistema que agregasse os vários elos do setor de saúde, o atendente de um hospital, por exemplo, teria acesso a todo o histórico do cidadão, dos exames, às consultas realizadas, permitindo o acompanhamento completo da sua condição de saúde.

Então qual é a minha convicção? É de que a solução já existe, é a da integração dos dados, que de certa forma já se encontra nas grandes redes de saúde que possuem operadora, hospitais e laboratórios próprios, ou seja, rede própria de saúde.

A realidade está nos atropelando, e aquilo que poderia ser feito de forma planejada, com calma, como tudo na nossa vida – e aqui no Brasil temos a impressão de que isso é ainda mais forte –, vai sendo postergado, até o dia em que se é obrigado a realizar.

O surgimento dos ecossistemas é fruto da própria realidade, que nos empurra em sua direção, pois, como o modelo fragmentado está ficando cada vez mais caro e inacessível, a quebra das barreiras ocorre por pressão. Isso pode ser visto de várias formas. Vou citar dois.

O primeiro modelo é o tradicional: integrado, com rede de saúde própria exclusivamente. Um dos seus objetivos é tornar a jornada da saúde mais integrada, com uma gestão de saúde mais próxima entre beneficiário e operadora de plano de saúde.

O segundo modelo de integração é o contratual, com rede credenciada de saúde. Os ecossistemas são criados, mas não estão no mesmo grupo, porque a governança é diferente, sem, entretanto, comprometer a qualidade do cuidado à saúde dos beneficiários desses planos de saúde.

O comum a esses dois modelos é que os ecossistemas estão se aproximando e em constante aperfeiçoamento. Percebemos que, para conseguirem ser mais eficientes e competitivos, bem como entregar melhor resultado a um custo que seja acessível em longo prazo, essa é a estratégia que vai funcionar.

Reforço que a integração até já existia. As pessoas começaram a perceber, pela mudança brutal do mercado – já esperada –, que chegaríamos a esse momento, em que é preciso acelerar e buscar novos modelos de atuação. O que era alternativo virou mainstream. Ou seja, integração era apenas um nicho, mas agora é a palavra da vez.

O modelo vertical é o primeiro que entendeu a integração como um meio para entregar serviços de qualidade em saúde. Ele, inclusive, está se expandindo. Obviamente, nesse processo é importante encontrar o equilíbrio entre acesso e qualidade. A qualidade é obtida com bons protocolos, boas regras de governança, porque o acesso não pode se sobrepor à qualidade e vice-versa. Não basta ter o centro de saúde mais moderno do mundo dotado de todas as tecnologias de ponta se ele atender poucas pessoas. Se não for acessível para todos, é apenas nicho.

Sempre vai existir o nicho, mas um hospital ou uma clínica isolados ficarão cada vez mais fora da realidade. Se não desenvolverem uma lógica de pertencimento a um ecossistema, terão muita dificuldade. E o mais interessante nisso tudo é ver os muros se quebrando. Os elos, que eram muito segmentados, começaram a se relacionar. Um está resvalando no outro de maneira positiva. Estão todos entendendo que um não pode existir sem o outro.

Ainda há pontos de conflito e é preciso tempo para serem totalmente sanados, mas a integração está acontecendo. Por exemplo, a Abramge talvez nunca tenha falado tanto com associações de outros elos quanto atualmente. A nossa relação é muito forte e próxima.

A era do “cada um no seu quadrado” está chegando ao fim. Claro que cada elo tem suas fortalezas e vícios, mas esperamos, nessa integração, que as fortalezas prevaleçam e que os vícios de um não contaminem o outro, pelo contrário, que as virtudes se sobressaiam e ganhem protagonismo, sempre.

*Renato Freire Casarotti é presidente da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge)

Número de exames de Covid nos laboratórios triplica. Taxa de positividade eleva 400%

A positividade nos exames de Covid-19 na rede privada de medicina diagnóstica continua subindo, segundo levantamento da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (ABRAMED). A taxa de positividade dos exames no período de 5 a 11 de novembro foi de 39,9%. Na semana anterior (29/10 a 4/11) era de 23,1%, passando de 4.276 exames positivos na semana encerrada no dia 4/11 para 21.700 na semana encerrada no dia 11.

O aumento no número de exames realizados também é destaque: passaram de 18.510 para 54.380 no mesmo período, o que significa uma elevação de 194%.

“Os dados nos mostram que na segunda semana de novembro houve um aumento na procura por exames, ou seja, a população foi se testar mais, provavelmente devido ao aumento de sintomas”, explica a diretora-executiva da Abramed, Milva Pagano. “Esse é um comportamento muito importante, pois somente com a testagem segura e com o diagnóstico preciso e correto podemos evitar disseminar ainda mais o vírus. Os testes que fundamentam as estratégias para controle da pandemia no mundo.”

Segundo Milva, a elevação da taxa de positividade nos laboratórios corrobora com o que diz a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), que vem alertando para o aumento significativo do número de casos de covid-19 no Brasil nas últimas semanas, decorrente da circulação da subvariante Ômicron BQ.1 e outras variantes. 

Segundo a SBI pelo menos em quatro estados já se verifica com preocupação uma tendência de curva em aceleração importante de casos novos de infecção pelo SARS-COV-2 quando comparado com o mês anterior.  Há cerca de um mês, os exames realizados pelas associadas da Abramed tinham uma taxa de positividade de 3,7%. 

Confira o histórico abaixo:

Publicado em: 17/11/2022

Gerenciamento de riscos é ação necessária para a sustentabilidade dos negócios

Conceito pode ser aplicado por empresas de todos os portes e segmentos, especialmente na saúde

Conceitualmente, risco é um evento ou condição incerta que, se ocorrer, tem um efeito positivo ou negativo em um ou mais objetivos de uma organização, podendo afetar o escopo, o prazo, o custo e a qualidade dos serviços prestados. Gerenciamento de riscos, em síntese, pode ser resumido como o processo de identificar, tratar, avaliar e monitorar os riscos existentes em uma empresa, departamento, operação, evento ou alguma atividade específica. Ele é imprescindível para o setor de saúde, inclusive para empresas de medicina diagnóstica. O vazamento de dados, por exemplo, é uma consequência de quando não se tem uma gestão adequada das ameaças.

“Nós já temos, no Brasil, várias leis que acabam recomendando que a empresa tenha algum programa de gerenciamento de risco, a exemplo da Lei Anticorrupção (Lei 12.846/13) e da Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709/18). Temos várias legislações para finalidades diversas que acabam evocando sistemas de gerenciamento de riscos como necessários dentro de uma organização”, fala o diretor de Controles Internos, Compliance, Riscos e Auditoria Interna do Grupo Pardini e diretor titular do Comitê de Governança, Ética e Compliance (GEC) da Abramed, Jair Rezini.

Entre as principais finalidades do gerenciamento de riscos, tem-se:

  • Alinhar o apetite por risco com a estratégia adotada – os administradores avaliam o apetite por risco da organização ao analisar as estratégias, definindo os objetivos a elas relacionados e desenvolvendo mecanismos para gerenciar esses riscos.
  • Fortalecer as decisões em resposta aos riscos – o gerenciamento de riscos corporativos possibilita o rigor na identificação e na seleção de alternativas de respostas aos riscos – como evitar, reduzir, compartilhar e aceitar os riscos.
  • Reduzir as surpresas e os prejuízos operacionais – as organizações adquirem melhor capacidade para identificar eventos em potencial e estabelecer respostas a estes, reduzindo surpresas e custos ou prejuízos associados.
  • Identificar e administrar riscos múltiplos e entre empreendimentos – toda organização enfrenta uma gama de riscos que podem afetar diferentes áreas. O gerenciamento de riscos possibilita que se dê uma resposta eficaz a impactos inter-relacionados e, também, respostas integradas aos diversos riscos.
  • Aproveitar oportunidades – pelo fato de considerar todos os eventos em potencial, a organização posiciona-se para identificar e aproveitar as oportunidades de forma proativa.
  • Otimizar o capital – a obtenção de informações adequadas a respeito de riscos possibilita à administração conduzir uma avaliação eficaz das necessidades de capital como um todo e aprimorar a alocação desse capital.

“O mundo de negócios é algo em constante transformação, com tendências que emergem, surgimento de tecnologias, influência de investimentos, de política, sendo cada vez mais necessário que as empresas tenham controles que consigam prever as situações de risco que possam acontecer e afetar seus planos e planejamentos estratégicos. Um projeto de gerenciamento de riscos visa identificar e antecipar possíveis oportunidades e ameaças aos objetivos estratégicos. Ele auxilia toda a gestão, na tomada de decisão e possibilita a criação e o aumento de valor”, explica o Gerente de Riscos, Compliance e Controles Internos da BP- A Beneficência Portuguesa de São Paulo e diretor suplente do GEC/Abramed, Lucas Perez.

Segundo ele, entre os desafios que se tem ao trabalhar com um projeto de gerenciamento de riscos, há o fato de que as empresas muitas vezes já têm gestões de riscos estabelecidas nas diversas áreas de negócios, ou seja, aumenta o grau de dificuldade trabalhar um projeto que congregue as diferentes visões, especialmente no setor de saúde.

“Hoje você tem diversas áreas dentro de um hospital ou de um laboratório olhando a segurança; o risco financeiro; o próprio risco operacional ou regulatório. Então, trabalhar com um projeto de gestão de riscos integrado é um desafio, porque você precisa congregar essas visões para falar de risco numa linguagem única dentro da organização. O ideal é que você consiga ter uma visão única de risco, mas aproveitando aquilo que já está sendo feito. Você deve aproveitar as visões de risco existentes para criar uma perspectiva única”, conta Perez.

Linhas de defesa

O diretor suplente do Comitê GEC/Abramed destaca que, quando se fala de melhores práticas de governança, é preciso ter em mente o modelo das três linhas. Esse modelo de governança é recomendado para todas as organizações resultando em um gerenciamento de riscos mais sólido, quando há três linhas de defesa separadas, com papéis bem definidos. Cada uma dessas três “linhas” desempenha um papel distinto dentro da estrutura. São elas:

  1. Todos na empresa desempenham uma função na gestão eficaz de riscos, mas a responsabilidade primária para a gestão e o controle dos riscos é delegada ao nível de gestão adequado dentro da empresa. Ou seja, o processo é descentralizado e o dono do processo é o dono do risco e de seus controles.
  • A área de gestão de riscos/controle interno tem por missão qualificar a primeira linha bem como fornecer expertise complementar quanto ao gerenciamento de riscos.
  • A terceira linha é a auditoria interna e deve realizar suas avaliações independentes tanto na primeira como na segunda linha de defesa.

Sistemática

Rezini conta que o processo de gestão de riscos do Grupo Pardini envolve a aplicação sistemática de políticas, procedimentos e práticas para as atividades de: comunicação e consulta; esclarecimento de contextos; avaliação de riscos; tratamento; monitoramento e análise crítica; e registro e relato de riscos.

“Como parte dos esforços para aperfeiçoar a gestão de riscos, o grupo vem realizando importantes ações a fim de garantir a maior efetividade do gerenciamento de riscos com revisão da política e metodologia de gerenciamento de riscos; implementação da plataforma otimizada; criação do Comitê de Gerenciamento de Riscos, entre outros. Vale ressaltar que isso se aplica a qualquer segmento e qualquer tamanho de empresa. É um norteador de como você deve fazer. Mas a essência, o que se deve ter em mente, é: quais são os riscos para o meu negócio? Quais são os riscos que, ao se materializar, irão inviabilizar a continuidade do meu negócio?”, afirma Rezini.

Segundo ele, a área de qualidade conta com um consultor que atende a cada região onde o Pardini está. É o profissional que vai às unidades de atendimento para passar orientações, cuidados, treinamentos, porque o setor de medicina diagnóstica exige vários cuidados, desde um acesso adequado a uma loja, como adequada identificação do ambiente, os cuidados com manuseio e conservação de material biológico e logística.

Publicado em: 17/11/2022