Mensagem de fim de ano

Prezado associado,

Ao nos aproximarmos do final de 2025, é tempo de pausar, olhar para trás e celebrar um ciclo verdadeiramente vitorioso para todos nós. Este ano não foi apenas mais um calendário cumprido, mas um marco definitivo em nossa história, onde nossos compromissos estratégicos se transformaram em entregas concretas que fortaleceram a Medicina Diagnóstica em todo o Brasil.

Foi um período em que a materialização dos nossos avanços ampliou a confiança da sociedade e reafirmou a importância do nosso setor. Intensificamos nossa presença institucional em Brasília e junto a órgãos reguladores, construindo pontes sólidas que garantiram que o diagnóstico fosse reconhecido como um componente estratégico e vital para a saúde nacional.

Essa maturidade institucional, fruto dos nossos 15 anos de caminhada, refletiu-se na qualidade dos nossos encontros. Momentos como o FILIS e o lançamento da nova edição do Painel Abramed não foram apenas espaços de debate, mas de construção coletiva de soluções, onde antecipamos tendências e compartilhamos conhecimentos valiosos.

Ao longo do ano, atuamos de forma decisiva na linha de frente das grandes discussões que moldam o futuro do nosso mercado. Desde os debates sobre Inteligência Artificial e a defesa da Política Nacional do Diagnóstico Laboratorial até o acompanhamento minucioso da Reforma Tributária, nosso foco foi garantir segurança, transparência e sustentabilidade. Trabalhamos incansavelmente para traduzir a complexidade desses temas em apoio real e informação clara para o seu dia a dia, ao mesmo tempo em que avançamos nas pautas de inovação e ESG.

Encerramos este ciclo com o coração cheio de gratidão e a convicção de que cada avanço e parceria firmada em 2025 tornou a Abramed um agente de transformação ainda mais forte. Nada disso seria possível sem a sua confiança e participação.

Que as conquistas deste ano sirvam de inspiração para o novo tempo que se aproxima. A Abramed reafirma o compromisso de seguir ao seu lado, apoiando as adaptações necessárias e promovendo a excelência.

Desejamos a você, à sua família e a toda sua equipe um final de ano de paz e alegria, e um 2026 repleto de prosperidade e novas realizações.

Boas festas!

Milva Pagano, Diretora Executiva da Abramed.

Inteligência Artificial no Brasil: como o setor da Saúde contribui para a construção do novo marco regulatório

Propostas da Abramed orientam a construção de um marco regulatório que concilie proteção ao paciente, segurança jurídica e desenvolvimento tecnológico.

O Projeto de Lei nº 2.338/2023, que estabelecerá as diretrizes para o desenvolvimento, o fomento e o uso ético e responsável da Inteligência Artificial no país, tem avançado no Congresso Nacional. Em um momento decisivo para a definição de parâmetros de inovação, segurança e responsabilidade, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) tem atuado de forma estratégica para assegurar que a futura legislação considere as especificidades da saúde e garanta equilíbrio regulatório.

Ao lado da Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP), Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde), Saúde Digital Brasil e outras entidades, a Abramed enviou contribuições que foram apresentadas pela Frente Parlamentar Mista de Saúde ao relator do PL, Aguinaldo Ribeiro (PP-PB), um documento técnico estruturado: o Decálogo de Regulação de IA para o Setor da Saúde, que consolida entendimentos e propõe ajustes fundamentais para que o Brasil avance com segurança e sem criar barreiras desnecessárias à inovação.

De acordo com o advogado Lucas Bonafé, do escritório Machado Nunes, a atuação institucional concentrou-se em qualificar o debate e mitigar generalizações que poderiam dificultar a adoção de novas tecnologias no setor, apresentando propostas concretas de alteração legislativa baseadas em 10 pilares estratégicos. Destacamos abaixo algumas das contribuições apresentadas.

O primeiro trata da definição precisa de alto risco, com a proposta de que o enquadramento de sistemas seja competência do Sistema Nacional de Regulação e Governança de Inteligência Artificial (SIA), considerando probabilidade e gravidade dos impactos adversos. Outro ponto-chave aborda a responsabilidade proporcional e não duplicada, especialmente relevante em saúde, onde uma mesma instituição pode ser desenvolvedora e usuária: defendemos que a responsabilização recaia sobre quem efetivamente exerce controle sobre o sistema.

Também reforçamos a necessidade de proteger a Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), recomendando que aplicações exclusivamente dedicadas à pesquisa fiquem fora do escopo da lei até sua entrada no mercado, garantindo liberdade para etapas iniciais de experimentação. Por fim, enfatizamos a harmonização regulatória entre o Plano Brasileiro de Inteligência Artificial (PBIA), que estrutura a visão estratégica, e o PL 2.338/2023, que deve oferecer segurança jurídica para a aplicação da IA em saúde.

As propostas foram apresentadas diretamente à liderança parlamentar, em nome de entidades representativas da Saúde Suplementar, e seguimos monitorando sua incorporação à versão final do relatório.

A aprovação do Marco Legal trará novos requisitos para empresas e prestadores de serviços de Saúde, entre eles a obrigatoriedade de avaliações de impacto algorítmico que contenham informações técnicas e operacionais sobre riscos potenciais aos direitos fundamentais, medidas adotadas para mitigá-los, etapas de supervisão humana e métricas utilizadas para aferir acurácia e desempenho. A Abramed entende que a regulação é necessária para fortalecer a segurança jurídica, proteger pacientes e promover boas práticas no ciclo de vida dos modelos, sem impor barreiras que inviabilizem a inovação responsável.

Para apoiar o setor nesse processo de transição, recomendamos que os associados iniciem a adoção de boas práticas em três frentes essenciais:

  • Governança de Dados: garantia de qualidade, completude e proteção dos dados utilizados no treinamento de algoritmos;
  • Interoperabilidade: adoção de padrões internacionais que permitam integração com prontuários, sistemas clínicos e repositórios nacionais;
  • Gestão do ciclo de vida da IA: monitoramento contínuo para evitar degradação de desempenho, vieses discriminatórios e perda de acurácia ao longo do tempo.

Nos próximos meses, nossas prioridades incluem a participação ativa em Grupos de Trabalho, contribuindo tecnicamente para a implementação da lei; a capacitação de equipes em temas como transparência, explicabilidade e mitigação de vieses; e o diálogo permanente com legisladores e reguladores para garantir que a regulamentação setorial da saúde seja convergente com o Marco Legal da IA.

A Abramed reafirma seu compromisso em representar o setor com responsabilidade, antecipar tendências regulatórias e contribuir para um ambiente que combine segurança, inovação e qualidade assistencial.

Artigo de Milva Pagano destaca papel da Medicina Diagnóstica diante da crise climática

Em artigo publicado no portal Futuro da Saúde, a Diretora Executiva da Abramed, Milva Pagano, analisa como os eventos climáticos extremos vêm ampliando a demanda por exames e acelerando uma transição estrutural na medicina diagnóstica. O texto aborda os impactos diretos do aquecimento global sobre o perfil epidemiológico da população e os desafios que esse novo cenário impõe aos laboratórios e aos sistemas de saúde.

No artigo, Milva destaca que ondas de calor, mudanças no regime de chuvas e o aumento da circulação de vetores infecciosos pressionam o setor a repensar modelos operacionais, investimentos em tecnologia e a capacidade de resposta diagnóstica, especialmente para populações mais vulneráveis. A autora também chama atenção para o avanço — ainda desigual — das práticas ESG na medicina diagnóstica, ressaltando a importância de dados, governança e transparência para orientar decisões relacionadas às mudanças climáticas.

Outro ponto central do texto é o papel da interoperabilidade e da inovação como pilares para enfrentar esse contexto. A integração de dados, o uso de inteligência artificial, a ampliação da telemedicina e a cooperação entre SUS e saúde suplementar aparecem como caminhos estratégicos para ampliar o acesso, qualificar o cuidado e antecipar cenários de risco associados ao clima.

Confira o artigo completo.

Abramed amplia participação da Medicina Diagnóstica no debate sobre mudanças climáticas

Dados, governança e cadeia produtiva entram no centro das discussões sobre o papel da saúde diante da crise climática.

O avanço das mudanças climáticas vem alterando o funcionamento dos sistemas de saúde em todo o mundo. Eventos extremos mais frequentes, ondas de calor prolongadas, alterações no regime de chuvas e impactos sobre a qualidade do ar e da água já se refletem no perfil epidemiológico da população e na operação de hospitais, laboratórios e serviços assistenciais. Ao mesmo tempo, estima-se que o setor responda por cerca de 4,4% das emissões globais de gases de efeito estufa, segundo estudo da Health Care Without Harm (HCWH).

Esse duplo papel – como setor impactado e emissor relevante – ganhou espaço na agenda internacional durante a COP30, realizada em Belém (PA). Pela primeira vez, a saúde deixou de ocupar uma posição periférica nas discussões climáticas e passou a ser tratada como parte estrutural das estratégias de adaptação. O movimento é fruto de uma trajetória iniciada na COP28, com a criação do Dia da Saúde, e fortalecida na COP29, quando o tema passou a integrar oficialmente a programação das conferências.

A Abramed também integra essa agenda. Durante a COP30, Cesar Nomura e Claudia Cohn, respectivamente presidente e membro do Conselho de Administração da entidade, participaram de um debate na EY House que reuniu lideranças do setor de saúde, especialistas em sustentabilidade e representantes do poder público. A discussão girou em torno da integração entre ciência, governança e políticas climáticas, com foco nos efeitos diretos do aquecimento global sobre as cidades e os sistemas de saúde.

“A presença da Abramed demonstrou o papel estratégico da medicina diagnóstica na sustentabilidade ambiental, contribuindo para debates sobre resiliência das cidades, clima, eventos extremos e o protagonismo do diagnóstico por um futuro mais seguro”, destacou Nomura. Segundo ele, a agenda climática passa necessariamente por ganhos de eficiência operacional, redução de desperdícios e revisão de práticas históricas.

A reflexão foi aprofundada posteriormente no painel da Câmara de Assuntos Políticos e Estratégicos (Cape), organizada pela Fesaúde, com apoio da Arca. No encontro, o debate se deslocou da operação individual das instituições para a dimensão sistêmica. Vital Ribeiro, presidente do Conselho do Projeto Hospitais Saudáveis, chamou atenção para o peso da cadeia produtiva nas emissões associadas à saúde. “Setenta por cento do impacto ambiental do setor está nos fornecedores — equipamentos, insumos, logística, energia. Quando se fala em emissões da saúde, é preciso olhar para essa cadeia de forma mais ampla”, observou.

Vital também destacou que, apesar do avanço do tema no ambiente internacional, a saúde ainda ocupa espaço limitado nas negociações climáticas. “Há uma tendência de tratar a mudança climática apenas como um problema operacional, ligado à continuidade do atendimento em situações extremas. Mas as decisões tomadas hoje em áreas como energia, uso do solo, mobilidade e sistemas alimentares terão efeitos diretos sobre a saúde da população nas próximas décadas”, afirmou.

Na avaliação de Claudia Cohn, também diretora de Relações Institucionais da Dasa, um dos principais desafios está na fragmentação das iniciativas. “A saúde não começa nem termina no hospital ou no laboratório. A jornada envolve indústria, logística, embalagens, fornecedores e o próprio comportamento do usuário. Quando cada parte atua de forma isolada, o impacto é limitado”, disse.

Claudia destacou que escolhas historicamente consideradas sustentáveis precisam ser revisitadas à luz de novas evidências. Para ela, decisões relacionadas a materiais, embalagens e consumo exigem uma análise mais cuidadosa dos efeitos ambientais ao longo de toda a cadeia, e não apenas na etapa final do descarte.

A agenda climática na saúde exige decisões coletivas, continuidade e engajamento institucional, acrescentou Nomura. Segundo ele, não é mais possível tratar a crise climática como um problema externo ao setor. “Há uma responsabilidade direta das lideranças e das instituições. Não adianta esperar que o outro faça: a mudança depende de escala, de conscientização e do compromisso das organizações de referência”, afirmou.

Da discussão à prática

As empresas associadas à Abramed têm se dedicado, continuamente, a ações que diminuem o impacto de suas atividades no meio ambiente. Segundo o Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, houve redução de 25% no consumo de água, 23% no uso de energia elétrica e 29% na geração de resíduos nos últimos anos.

Além disso, 93% dos associados já adotaram coleta seletiva, acompanhada de campanhas de conscientização e treinamentos ambientais. Outro destaque foi o avanço digital, com um salto de 267% no acesso eletrônico a exames, diminuindo drasticamente o uso de filmes radiológicos e gerando impacto positivo no meio ambiente.

Entre as experiências exitosas estão as do Hospital Sírio-Libanês, o primeiro da América Latina a se tornar carbono neutro, combinando mecanismos de compensação de emissões com mudanças estruturais em processos internos e na relação com fornecedores.

A instituição também está substituindo gradualmente a logística tradicional por entregas realizadas com caminhão elétrico, além de avançar na eliminação do uso de filmes radiológicos, com incentivo ao acesso digital aos exames e à devolução de chapas antigas mantidas pelos pacientes. Já foram recolhidas mais de duas toneladas e meia do material, que não se decompõe e gera grande impacto ambiental quando descartado de forma inadequada. 

Outros investimentos envolvem novas tecnologias de imagem, como equipamentos de ressonância magnética que operam com volumes menores de hélio, reduzindo riscos ambientais associados ao insumo. O uso de algoritmos de inteligência artificial também tem permitido encurtar o tempo de realização de exames, com reflexos diretos no consumo de energia e na eficiência da operação. 

Já o Einstein Hospital Israelita aproveitou a COP30 para apresentar sua plataforma MAIS (Meio Ambiente e Impacto na Saúde), que cruza informações ambientais — como temperatura, poluição do ar e ondas de calor — com registros de doenças, internações e mortalidade. O objetivo é ampliar a capacidade de análise sobre como as mudanças climáticas já se refletem nos indicadores de saúde.

A relevância do tema tem levado a Abramed a incluí-lo nos debates do FILIS, o Fórum Internacional de Lideranças da Saúde, realizado anualmente pela entidade. Como sintetiza Nomura, quando a saúde mede o impacto climático, cria-se a base para o cuidado. E, no enfrentamento da crise climática, o diagnóstico é, mais do que nunca, o primeiro passo.

Encontro entre Abramed e ITpS marca nova fase de cooperação entre as entidades

Parceria pode avançar em agenda conjunta na defesa de uma arquitetura nacional de dados em Saúde

A Reunião do Comitê de Interoperabilidade da Abramed, realizada na sede do Instituto Todos pela Saúde (ITpS), se colocou como um marco para a colaboração técnica entre as entidades, que irá ganhar novos desdobramentos ao longo de 2026 e tem como norte a defesa comum de uma arquitetura nacional de dados capaz de sustentar o avanço da saúde digital.

Em um contexto de crescente digitalização da saúde e pressão por maior integração dos sistemas, o encontro reforçou a interoperabilidade como condição estruturante para a evolução do setor.

Iniciada no biênio de 2023-2024 como uma parceria voltada ao monitoramento epidemiológico, a convergência entre a Abramed e o ITpS agora abarca a busca pela interoperabilidade dentro do contexto de um Sistema de Saúde ainda marcado por fragmentação, redundâncias e baixa capacidade de troca qualificada de informações. Nesse sentido, a padronização de dados surge como condição estruturante para melhorar desfechos clínicos, reduzir ineficiências e apoiar decisões.

Com abertura de Milva Pagano, Diretora Executiva da Abramed, e Vanderson Sampaio, Diretor de Operações do ITpS, a reunião contou com palestras e um debate técnico entre associados e representantes das entidades, além de hospitais e especialistas.

Na primeira apresentação do encontro, o pesquisador científico do ITpS, Juan Carlo Santos e Silva, trouxe uma leitura sobre os desafios da interoperabilidade de dados no Brasil. Um dos pontos centrais foi a distinção entre integrar e interoperar informações. “Integrar é armazenar dentro de um data lake; interoperar é conseguir trocar informações e fazer com que elas tenham valor para a tomada de decisões. Isso sim gera um impacto positivo enorme para toda a cadeia”, disse.

A apresentação destacou o papel da Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS), mas também suas limitações atuais, especialmente no consumo efetivo das informações por estados e municípios. Entre os principais gargalos apontados estão a baixa padronização semântica, o uso restrito de terminologias como LOINC e SNOMED, a pouca capacidade de integração dos sistemas legados do SUS e a desigualdade de capacidade técnica entre grandes grupos e pequenos laboratórios.

O pesquisador também apresentou iniciativas do ITpS voltadas à padronização e à governança de dados, com apoio, por exemplo, de automação e inteligência artificial para tradução de códigos com curadoria humana. A proposta é viabilizar caminhos escaláveis e factíveis para a interoperabilidade no Sistema de Saúde brasileiro.

Coordenação do cuidado

A segunda palestra, conduzida por Sabrina Dalbosco, gerente de projetos do Hospital Sírio Libanês, trouxe a interoperabilidade como uma das bases para a sustentabilidade do Sistema de Saúde. Ao abordar o custo da ineficiência, ela ressaltou que falhas na circulação da informação geram desperdício financeiro, retrabalho e riscos clínicos. “Interoperabilidade não é apenas tecnologia; ela está no coração da coordenação do cuidado e da segurança do paciente”, destacou.

Sabrina também alertou para o risco do chamado “falso digital”, quando processos analógicos são simplesmente replicados em sistemas eletrônicos, sem ganhos reais de eficiência ou qualidade. Para ela, padronização, governança de dados e formação de profissionais em saúde digital são condições indispensáveis para que a transformação digital produza, de fato, valor concreto.

Entre os exemplos apresentados, ganhou relevância o Sumário Internacional do Paciente (IPS), iniciativa interoperável entre países que reúne informações clínicas essenciais — como alergias, medicamentos e diagnósticos —, que foi iniciada na pandemia e avança junto ao Ministério da Saúde.

Próximos passos

O debate que se seguiu aprofundou desafios vividos pelos laboratórios diante de questões como as notificações compulsórias e a multiplicidade de exigências de vigilâncias municipais com formatos distintos para os mesmos dados, o que gera retrabalho e insegurança operacional. A centralização das notificações via RNDS, com integração padronizada, foi apontada como caminho prioritário.

Também houve consenso sobre a necessidade de envolver fornecedores de sistemas laboratoriais, mapear a maturidade digital dos associados da Abramed e documentar casos de uso que demonstrem retorno clínico e operacional. Do ponto de vista regulatório, o grupo discutiu a importância de transformar a interoperabilidade em política de Estado, com padrões claros e previsibilidade para o setor.

A reunião sinalizou a possibilidade da ampliação do escopo da parceria entre Abramed e ITpS — antes concentrada em monitoramento epidemiológico — para incorporar a interoperabilidade como agenda estruturante, com encaminhamentos técnicos e perspectiva de continuidade.

Com representantes de laboratórios responsáveis por 85% do volume de exames realizados no país, a Abramed reafirma seu papel estratégico na indução de padrões de interoperabilidade e na construção de uma agenda conjunta capaz de sustentar a qualidade, a segurança e a sustentabilidade do Sistema de Saúde brasileiro. 

Simpósio InovaSUS Digital reforça papel estratégico da agenda nacional de interoperabilidade

Discussões preparatórias consolidam o papel da Abramed no processo que antecede o Chamamento Público do InovaSUS Digital.

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) participou, em 9 de dezembro, do Simpósio Laboratório InovaSUS Digital, realizado pelo Ministério da Saúde em Brasília (DF). O encontro reuniu gestores estaduais e municipais, lideranças do Governo federal, organismos internacionais, instituições de saúde e o setor produtivo em torno dos fundamentos técnicos e estratégicos do SUS Digital — incluindo interoperabilidade, integração de dados, arquitetura nacional de informação, telessaúde, inteligência artificial e serviços digitais para o cidadão.

A presença da Abramed no simpósio soma-se à sua atuação na reunião preparatória que antecedeu o evento, quando a Associação apresentou ao Ministério da Saúde um diagnóstico setorial consolidado com percepções, desafios e prioridades das empresas de Medicina Diagnóstica. Esse processo reafirma o papel institucional da Abramed como representante qualificada da Saúde Suplementar e como parceira do Ministério da Saúde no acordo de cooperação técnica que trata da integração dos resultados de exames à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS). 

Pela relevância de suas associadas — responsáveis por mais de 85% dos exames realizados no país —, a Abramed é parte estrutural do movimento de digitalização do SUS, contribuindo diretamente para a maturidade digital e para o avanço da interoperabilidade entre os ecossistemas público e privado.

O que marcou o simpósio

As discussões do InovaSUS Digital evidenciaram que a transformação do SUS depende de uma arquitetura nacional de dados robusta, de padrões técnicos consolidados e da integração plena das informações ao longo da jornada do paciente. Entre os destaques das falas, esteve a importância do histórico clínico contínuo como base para segurança, qualidade assistencial e vigilância epidemiológica — além dos obstáculos persistentes, como fragmentação de sistemas, ausência de padronização, diferenças de maturidade digital entre estados e municípios, desafios de governança e limitações tecnológicas que dificultam o fluxo de dados em tempo real.

Também foram abordados o papel central da RNDS como infraestrutura estratégica do país; os avanços regulatórios em interoperabilidade; a necessidade de integrar dispositivos médicos, serviços digitais e telessaúde; e o fortalecimento de mecanismos de proteção de dados e segurança cibernética. Especialistas ressaltaram que a consolidação de padrões nacionais é condição para ampliar acesso, reduzir assimetrias e permitir que soluções inovadoras se conectem de forma segura ao SUS Digital.

O diagnóstico setorial entregue pela Abramed à Secretaria de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI) demonstra que o setor de Medicina Diagnóstica compartilha dos mesmos desafios estruturantes debatidos no simpósio. Entre os principais pontos técnicos destacados no ofício:

  • Falta de padronização nacional (57,1%) e altos custos de integração (71,4%) são as barreiras mais relevantes para a interoperabilidade;
  • A maturidade digital é heterogênea: 42,9% possuem interoperabilidade parcial e outra parcela igual ainda enfrenta limitações internas e externas;
  • Em telessaúde, a expansão esbarra em integração com sistemas existentes (57,1%) e infraestrutura insuficiente (42,9%);
  • Em análises avançadas e medicina de precisão, o maior obstáculo é a qualidade e padronização dos dados (57,1%);
  • Em gestão, as prioridades são Inteligência Artificial e automação de processos (ambas com 85,7%), frente a desafios como custos de digitalização (85,7%) e falta de integração entre áreas (71,4%);
  • As prioridades estratégicas do setor convergem com as do SUS Digital: engajamento do paciente (71,4%), gestão e eficiência (57,1%) e serviços digitais e telessaúde (42,9%).

Essa convergência reforça a importância da participação da entidade como ponte entre a Saúde Suplementar e o Ministério da Saúde. Ao contribuir tecnicamente para os eixos do InovaSUS Digital, a Associação apoia a formulação de diretrizes, editais e modelos colaborativos que reduzirão assimetrias tecnológicas, fortalecerão padrões nacionais e ampliarão a capacidade de integração entre os diversos prestadores do sistema.

Próximos passos: o chamamento público

O Ministério da Saúde confirmou que o simpósio antecede o lançamento do Chamamento Público do InovaSUS Digital, que credenciará parceiros para desenvolver projetos de inovação alinhados aos eixos estratégicos da transformação digital. As contribuições recebidas — incluindo as da Abramed — subsidiarão a construção dos editais e das diretrizes técnicas do programa.

A Abramed seguirá acompanhando e colaborando com o Ministério da Saúde nessa agenda estratégica, reafirmando seu compromisso com interoperabilidade, qualidade, segurança, governança e integração dos dados de saúde — elementos essenciais para um SUS digital, moderno e sustentável.

Reunião conjunta dos Comitês Jurídico e de Proteção de Dados aprofunda debate sobre ECA Digital

Lei traz novos parâmetros para a segurança de crianças e adolescentes no meio virtual que alcança hospitais, laboratórios e reforça a responsabilidade solidária na cadeia de Medicina Diagnóstica

A Abramed reuniu, no último dia 4 de dezembro, seus Comitês Jurídico e de Proteção de Dados para discutir um dos marcos regulatórios que mais mobilizaram a sociedade brasileira contemporânea: o ECA Digital, relacionado ao(Estatuto da Criança e do Adolescente, que foi instituído pela Lei 15.211/2025 e tem como princípio fortalecer os mecanismos de proteção de crianças e adolescentes em ambientes virtuais. 

A pauta é central para a cadeia de Medicina Diagnóstica pois, além de se referir a um tema com impacto direto na saúde mental de jovens do país, seus efeitos alcançam portais de exames, aplicativos de telemedicina, sistemas de agendamento, chatbots de hospitais e laboratórios e qualquer canal online com acesso eventual desse público, mesmo que não seja a ele direcionado. 

A reunião, realizada virtualmente, contou com palestras de Alessandra Borelli, especialista em Ética, Direito Digital, IA e Proteção de Dados; e Lucas Bonafé, especialista em Direito Digital, Regulatório e Proteção de Dados do Machado Nunes — escritório que representa a Abramed.

Um marco regulatório que muda a governança digital da saúde

Ao apresentar as bases do ECA Digital, Alessandra Borelli ressaltou que o Brasil assume protagonismo regional ao se tornar um dos primeiros países da América Latina a estabelecer um marco regulatório específico para a proteção digital infantojuvenil. 

“Os casos expostos recentemente com o “Efeito Felka” mobilizaram a sociedade e criaram guardiões digitais dentro de um debate fundamental para o futuro da segurança na internet. O ECA Digital é um marco que cobra responsabilidade de empresas, pais, poder público e, do ponto de vista tecnológico, a Agência Nacional de Proteção de Dados (ANPD) já está trabalhando para esclarecer pontos sensíveis da nova lei”, disse Borelli. 

Sobre os efeitos da legislação no ecossistema de saúde e de Medicina Diagnóstica, Alessandra Borelli apresentou os nove pilares que impactam diretamente os canais virtuais de hospitais e laboratórios, incluindo a necessidade de verificação etária, de medidas para a proteção contra conteúdo nocivo, publicidade responsável, do design seguro, de políticas claras de governança e transparência,  da responsabilidade solidária na cadeia e prevenção de interações indevidas, além da proteção de dados pessoais e do direito à desconexão com fomento da educação digital.

A especialista enfatizou que esses elementos exigem uma revisão profunda das jornadas digitais, contratos de telemedicina, fluxos de consentimento e políticas internas de comunicação. Como argumentou, “as instituições podem ser responsabilizadas por incidentes mesmo quando ocorrem por meio de terceiros, como agências de marketing ou plataformas tecnológicas” .

Borelli reforçou ainda que crianças e jovens são mais vulneráveis a riscos digitais relacionados a conteúdos, contatos, condutas, contratos e comércio no ambiente virtual. Esses eixos são decisivos para que se formulem estratégias de segurança, permitindo também o dimensionamento de impactos financeiros, operacionais e reputacionais para empresas que não se adequarem à nova lei.

A responsabilidade solidária prevista no ECA Digital alcança todos os integrantes da cadeia, incluindo fornecedores de tecnologia, parceiros terceirizados, provedores de infraestrutura digital e empresas de comunicação. A depender da gravidade da violação, a lei prevê advertência, suspensão de funcionalidades, bloqueio temporário de serviços, obrigação de implementação imediata de medidas corretivas e multas que podem atingir valores significativos, especialmente quando envolvem dados sensíveis de menores. Esse contexto reforça a necessidade de diagnósticos regulatórios, revisão de políticas e implementação de controles digitais adequados para evitar interrupções assistenciais e impactos reputacionais.

Questões regulatórias e o papel da Abramed

Em sua participação Lucas Bonafé trouxe a discussão sobre a Tomada de Subsídios – Consulta Pública aberta recentemente que revisa a agenda regulatória da ANPD – , lembrando que o setor de Medicina Diagnóstica enfrenta nuances específicas e que “há um prazo breve para contribuições dos associados sobre pautas como a definição de acesso a dados em portais de saúde e aplicativos de telemedicina, especialmente quando há a permissão do acesso de adolescentes”. 

Sobre esse ponto, Bonafé debateu o conceito de “acesso provável”, explicando que ele exige atenção, já que portais e aplicativos que não foram concebidos para crianças – mas que podem ser utilizados por adolescentes de forma autônoma – precisam ter “exigências de verificação etária harmonizadas com a importância da continuidade do cuidado, sobretudo quando consideramos ferramentas voltadas a saúde mental e que tem um papel importante, inclusive, no tratamento dos impactos do ambiente digital na vida dos jovens”. 

Também foram apresentadas reflexões sobre aculturamento digital, capacitação das equipes e a necessidade de envolver setores como jurídico, TI, governança, comunicação e pediatria em um esforço integrado. 

O encontro reforçou o papel da Abramed como articuladora setorial, consolidando evidências, levantando dúvidas técnicas e preparando contribuições coordenadas à ANPD sobre temas como: mecanismos adequados de verificação etária em portais de exames; limites para coleta e uso de dados sensíveis de menores na jornada assistencial; critérios de responsabilização quando a interação ocorre via terceiros; e parâmetros mínimos de governança digital para o setor de saúde.

A entidade seguirá apoiando os associados na interpretação das obrigações regulatórias e na implementação de medidas técnicas e organizacionais que garantam conformidade diante da combinação entre LGPD, ECA Digital e normas sanitárias.

Ao comentar a relevância da pauta, Milva Pagano, Diretora Executiva da Abramed, destacou: “O ECA Digital inaugura uma nova fronteira de responsabilidade solidária para o setor de Saúde. Não se trata apenas de cumprir regras, mas de garantir que cada interação digital seja segura, ética e compatível com o cuidado que prestamos. A Abramed seguirá como um ponto de convergência entre reguladores, especialistas e o setor produtivo para apoiar uma adequação madura, responsável e alinhada à proteção integral de crianças e adolescentes”.

Abramed lança Relatório Anual de Atividades 2025

Publicação destaca entregas, avanços regulatórios e fortalecimento institucional da entidade ao longo do ano

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) lançou o Relatório Anual de Atividades 2025, que reúne as principais ações realizadas pela entidade ao longo do ano, reafirmando o compromisso com a sustentabilidade, a qualidade e a inovação na Saúde.

A publicação apresenta um panorama das entregas institucionais, agendas técnicas e relações governamentais, consolidando 2025 como um ano de conquistas concretas e de fortalecimento do papel da Abramed como interlocutora estratégica do setor junto ao poder público e à sociedade.

“Este foi um ano de importantes marcos para a Medicina Diagnóstica. Estivemos presentes em discussões decisivas sobre a Reforma Tributária, a nova RDC 978/2025, o Marco Legal da Inteligência Artificial, a Política Nacional de Diagnóstico Laboratorial (PNDL) e o avanço da interoperabilidade, reafirmando nossa missão de contribuir tecnicamente para o desenvolvimento de um Sistema de Saúde mais seguro e sustentável”, destaca Cesar Nomura, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

Entre os temas centrais da publicação estão as ações de Relações Governamentais, com acompanhamento de mais de 30 proposições legislativas, consultas públicas e audiências estratégicas; a cooperação técnica com o Ministério da Saúde e o InovaHC para integração de dados e uso do padrão LOINC; e o fortalecimento de frentes como qualidade e segurança do paciente, ESG e ética na inovação tecnológica.

“Cada capítulo reflete a densidade técnica e o impacto do trabalho coletivo da Abramed — dos comitês temáticos às agendas de representação institucional. Nosso papel é conectar o setor, gerar conhecimento e representar os interesses do setor de Medicina Diagnóstica de forma colaborativa e propositiva”, afirma Milva Pagano, Diretora Executiva da entidade.

O relatório também mostra os eventos realizados e apoiados pela associação — como o Summit Abramed Hospitalar, o Diagnóstico em Pauta, o Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS) e as Reuniões Mensais de Associados — além das participações institucionais em fóruns sobre regulação, inovação e sustentabilidade.

“O Relatório Anual é um testemunho do nosso compromisso contínuo com a qualidade, a transparência e o desenvolvimento sustentável do setor. Ele mostra que, juntos, seguimos construindo uma Saúde mais integrada, inovadora e centrada no paciente”, conclui Milva.O Relatório Anual de Atividades 2025 já está disponível no site da Abramed.


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Entrevista de Dr. Alex Galoro ao Jornal da Record News esclarece obrigatoriedade do exame toxicológico para primeira habilitação

Em entrevista ao Record News, o Dr. Alex Galoro, líder do Comitê de Análises Clínicas da Abramed, esclareceu os principais pontos relacionados à obrigatoriedade do exame toxicológico para a primeira habilitação da Carteira Nacional de Habilitação (CNH) em todas as categorias. A mudança foi aprovada pelo Congresso após a derrubada do veto presidencial e amplia a exigência que antes se restringia a motoristas profissionais.

Durante a conversa, Galoro detalhou o funcionamento do exame, as substâncias detectadas, os prazos de realização e a dinâmica de envio dos resultados ao sistema nacional de trânsito. O médico explicou que o teste identifica drogas psicoativas ilícitas por meio de amostras de cabelo, pelos ou unhas, com janela de detecção de até 90 dias, e destacou os mecanismos de confirmação que garantem a confiabilidade dos resultados.

O especialista também abordou o debate sobre custos, ressaltando que, apesar do impacto financeiro inicial para alguns candidatos à primeira habilitação, os benefícios superam esse fator ao contribuir para a redução de acidentes, da sinistralidade e dos custos associados à saúde e à segurança viária. Segundo ele, a experiência acumulada com a exigência do exame para as categorias C, D e E já demonstrou efeitos positivos na retirada de motoristas sob efeito de drogas do trânsito.

Confira a entrevista completa.