Nota de apoio da Abramed à Reforma Tributária

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) vem, por meio desta nota, expressar seu apoio à Reforma Tributária aprovada, nesta quinta-feira (6), em primeiro turno pelo plenário da Câmara, enaltecendo especialmente a postura do relator, Deputado Aguinaldo Ribeiro. 

Em primeiro lugar, gostaríamos de parabenizar o relator pelo seu trabalho, especialmente por conferir tratamento diferenciado ao setor de saúde. Agradecemos, sobretudo, a redução sobre a alíquota geral, que para ser neutra para o consumidor, precisou ser de pelo menos 60%, refletindo o entendimento dos parlamentares e o reconhecimento de que se trata de um setor essencial, constitucionalmente instituído e que presta serviços de qualidade. Entendemos a importância de uma Reforma Tributária e reconhecemos a necessidade de um novo modelo que evite distorções futuras e assegure a eficiência do sistema. 

Ressaltamos que o desequilíbrio na tributação da saúde afeta não apenas o setor em si, mas também o poder público e a sociedade como um todo. Por esta razão, reforçamos a importância da manutenção do mesmo nível de tributação que o setor já paga, a fim de garantir a sustentabilidade e a qualidade dos serviços prestados, inclusive no que tange a possibilidade de redução de alíquota em 100% para dispositivos médicos como previsto para medicamentos.

Por fim, agradecemos a atenção dada ao setor e nos colocamos à disposição para contribuir com informações e expertise, visando à construção de um sistema tributário mais justo e eficiente, capaz de impulsionar o desenvolvimento do país.

Dados digitais: a vulnerabilidade do paciente na transformação da medicina diagnóstica

*Por Rogéria Cruz

A tecnologia em Saúde é algo já mandatório. A implantação de plataformas que otimizam a gestão, melhoram o aproveitamento dos recursos e a análise de dados, assim como apoiam as tomadas de decisão, trazem otimismo ao ecossistema desgastado pela falta de recursos financeiros. A evolução é comemorada, pois, na ponta, pode aumentar o acesso e proporcionar a oferta de cuidado de forma mais segura, rápida e preditiva. 

Além disso, pode permitir o exercício de uma medicina diagnóstica mais igualitária, levando atendimento a toda uma parcela mais abrangente da população, como aconteceu com a incorporação da telemedicina. Mesmo com deficiências, esse modelo de atendimento, indiscutivelmente, leva assistência às comunidades que vivem em locais remotos, com dificuldade de locomoção, que precisam do acompanhamento primário de forma mais ostensiva.

Porém, como toda novidade, enquanto o carro anda, a roda é trocada. Vale fazer algumas perguntas e buscar respostas, uma vez que as organizações devem refletir o que moralmente é desejável da parte dos profissionais e dos usuários a partir do uso de ferramentas que busquem salvaguardar o ambiente da Saúde. 

Seria admissível, por exemplo, pedir e compartilhar senhas? Violar as regras das organizações? Acessar ambientes computacionais fora da área de atuação? Compartilhar prints de telas de computador que possam caracterizar um incidente de segurança? Expor o paciente quanto aos seus dados diagnósticos, inclusive o assistindo de forma não igualitária? Ter dados de maneira tão fácil e compartilhada com tantos profissionais atua positivamente de forma disruptiva, mas aumenta o grau de exposição e de possibilidade de exploração.

Por isso, o próprio beneficiário deve ter controle sobre as suas informações pessoais e fiscalizar as unidades de atendimento quanto à aplicação de legislações protetivas. Enquanto isso, o desafio da gestão segura de dados para que maus profissionais, ou mesmo usuários, joguem dúvida sobre os avanços digitais depende da construção de valores, como honestidade, integridade e solidariedade. Seja no âmbito pessoal, seja no corporativo. Afinal, lidamos com pessoas, acima de tudo, que confiam e entregam em nossas mãos a sua expectativa de bem-estar e qualidade de vida, além da cura, entendendo que os avanços não os prejudicarão. 

A partir dessa premissa, enquanto as tecnologias vão sendo implantadas, a legislação voltada para manter a segurança da captura de dados, bem como sua utilização dentro das clínicas de diagnósticos, hospitais e operadoras, vem sendo construída. 

O setor sempre atuou preservando o sigilo e a confidencialidade, contudo o mundo digital amplia a possibilidade de trocas de informações. Logo, regular só reforça esse compromisso de tutelar todos os tipos de dados envolvidos na assistência. A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) foi um início promissor para organizar e deliberar o que se fazia em ambiente pouco regulado: a internet. 

Mais recentemente, a Emenda Constitucional 115/22 acrescentou o direito à proteção de dados, inclusive digitais, entre os direitos e as garantias fundamentais. Além disso, as entidades de classe, como médica e de enfermagem, contam com seus códigos de ética com o objetivo de resguardar os pacientes de eventos danosos. Assim como o Código de Conduta da Abramed e o nosso Comitê atuam para promover conscientização e conhecimento. Inclusive, intensificar treinamentos, fazer campanhas de conscientização, ter ferramentas de apoio também são atitudes que reforçam a adesão a um bom programa de compliance, cujas ações devem ser constantes e duradouras.

Também estão em tramitação, em paralelo, o Marco Civil da Internet e a Lei das Fake News, que podem resguardar o paciente de atuações de profissionais que agem com má-fé (disseminando falsos tratamentos, por exemplo) e capturam pessoas e informações por meio de cadastros falsos, por exemplo.

Comprovando essa vulnerabilidade dos dados, recentemente acompanhamos pela imprensa casos de tentativas de driblar as regras dos planos. O fato trouxe à tona essa provocação sobre sigilo e proteção de dados pessoais. Mas avaliamos quando e de que forma o próprio usuário se expõe de forma autodestrutiva? Há interferência do setor médico?

Como uma grande ação orquestrada, também se encontram profissionais sugerindo que pacientes forneçam login e senha do plano para que seja feito o reembolso assistido, ou seja, o beneficiário recebe como promessa a facilitação do processo de pedido de reembolso. Uma espécie de aliciamento? O ordenamento jurídico não é omisso com relação a essa previsibilidade, pois o Artigo 171 do Código Penal trata do tema e gera sanções.

O usuário pode ter a falsa impressão de que essa prática de reembolso, por exemplo, afetaria apenas o seu plano, sem grandes danos, quando, na realidade, impacta todo o sistema em detrimento a ele mesmo e a seus familiares. Se o plano é corporativo, aumenta-se a sinistralidade, que reflete no valor a ser pago, o que aumenta o custo, que é repassado ao contratante. Assim chegamos a R$ 11,5 milhões de rombo financeiro nas operadoras.

A ocorrência de fraudes gera um impacto financeiro relevante, diminui a qualidade no atendimento ao paciente, assim como cancelamentos, colocando o usuário em risco diante de procedimentos desnecessários e aumentando os custos médico-hospitalares. Portanto, não há espaço para que sua prática seja tolerada pela sociedade, uma vez que, no final da cadeia, a conta é paga por quem precisa do atendimento.

As associações de classe estão tendo protagonismo em disseminar informações sobre a questão, buscando atuar de forma proativa. A Abramed, por exemplo, sempre tratou o tema como relevante para manutenção do equilíbrio do setor, abrindo espaço aos associados para que reportem casos que entendam importantes serem apoiados. Em um contexto de transformações em que a relação paciente-plano-profissional é cada vez mais centralizada em mecanismos online, discutimos incansavelmente o combate a ações criminosas.

*Rogéria Cruz é líder do Comitê de Proteção de Dados da Abramed e diretora Jurídica de Proteção de Dados do Hospital Albert Einstein

Diagnóstico preciso é arma indispensável contra o superfungo Candida auris

Associados à Abramed estão preparados para oferecer testes que identifiquem a presença do microrganismo com precisão para acelerar o tratamento

Um “superfungo” vem preocupando nos últimos anos ao se espalhar silenciosamente pelo mundo. Trata-se do Candida auris, que ganhou destaque devido à sua resistência a medicamentos antifúngicos e à capacidade de causar infecções graves em pacientes vulneráveis. 

A confusão entre Candida auris e outras espécies de fungos pode afetar o tratamento da infecção de diversas maneiras, como atraso no diagnóstico, uso inadequado de medicamentos e agravamento da infecção. Portanto, laboratórios, clínicas e hospitais precisam estar preparados e capacitados para oferecer exames que identifiquem sua presença com precisão e acelerem o tratamento.

“A principal preocupação com o aumento da incidência do Candida auris é a ausência de tratamento direcionado, já que se trata de um microrganismo multirresistente, podendo levar a pessoa à morte”, explica Alex Galoro, líder do Comitê de Análises Clínicas da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

O fungo foi identificado pela primeira vez no Japão, em 2009, e depois se espalhou por países na Europa, na África, na Ásia, na Oceania e nas Américas. No Brasil, os primeiros casos de infecção foram conhecidos em dezembro de 2020.

Em 18 de maio deste ano, foi confirmado o primeiro caso, no estado de São Paulo, de um bebê no Hospital da Mulher Prof. Dr. José Aristodemo Pinotti, vinculado à Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Já no estado de Pernambuco, nove casos foram registrados em 2023.

Como o fungo é detectado?

Os exames de cultura de urina e outras secreções são responsáveis por revelar o crescimento de microrganismos dentro do corpo. Uma vez confirmado, é realizado outro procedimento para identificar a bactéria ou o fungo que está agindo.

Isso pode ser feito de duas formas. Uma delas é por meio de provas bioquímicas, que são testes laboratoriais para caracterizar esses microrganismos, de acordo com seu metabolismo. O segundo modo é por meio de uma tecnologia de ponta chamada espectrometria, amplamente aplicada na identificação de moléculas em amostras biológicas. 

“Durante esse processo é possível distinguir, por exemplo, a Candida albicans, a espécie mais comum, de outros tipos. Não é padrão fazer exame de sangue para identificar Candida auris, pois ela é encontrada com mais frequência no trato urinário”, esclarece Galoro.

Pelo exame, o crescimento do microrganismo pode ser constatado em até 48h. Já o tipo de bactéria ou fungo leva de 4h a 12h na técnica de espectrometria e de 12h a 24h no caso de provas bioquímicas. “O método mais avançado tem disponibilidade restrita, pelo valor da tecnologia, mas a rapidez no resultado permite direcionar os cuidados adequados ao paciente em menor tempo”, conta Galoro.

Ele ressalta que os associados à Abramed seguem rigorosos protocolos de qualidade e possuem infraestrutura adequada para oferecer um diagnóstico preciso, nas duas técnicas apontadas.

Além disso, essas empresas seguem as boas práticas de laboratório, controle e garantia da qualidade. “A competência dos associados da Abramed também se reflete na capacidade de interpretar corretamente os resultados e fornecer informações relevantes aos médicos e profissionais de saúde”, acrescenta o coordenador do Comitê de Análises Clínicas.

Sintomas e tratamento

Os sintomas de alguém com Candida auris são típicos de uma infecção. Por exemplo, no caso de uma infecção urinária, são: dor ao urinar, aumento da frequência para ir ao banheiro e, eventualmente, febre. “Os pacientes internados em hospitais, mais propensos a ter o fungo, podem não ter sintomas, ou apenas estar colonizados. O diagnóstico é feito por culturas de monitoramento de infecções hospitalares”, explica Galoro. Ou seja, o alerta maior é para pacientes vulneráveis e hospitalizados. 
A maioria das infecções causadas por Candida auris é tratada com um tipo específico de medicamento antifúngico chamado equinocandinas. No entanto, há casos em que essa infecção é resistente e não responde de maneira favorável, o que torna o tratamento difícil. Portanto, é necessário recorrer à administração de múltiplas classes de antifúngicos em doses elevadas para combater a infecção.

FILIS ganha destaque nos sites Visão Hospitalar, FBH e Lab Network

O evento acontecerá em 31 de agosto, no formato presencial, no Teatro B32, em São Paulo; as inscrições estão abertas

A 7ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS) foi notícia em três veículos de comunicação nesta semana. Os sites Visão HospitalarFederação Brasileira de Hospitais (FBH) e Lab Network publicaram sobre o evento.

O encontro já faz parte da agenda de lideranças da área de saúde e a cada edição propicia a troca de experiências sobre as melhores práticas e soluções inovadoras em gestão e tecnologia na área da saúde. Além disso, busca promover a interação entre os líderes da área, oferecendo um ambiente propício para a geração de novas ideias e parcerias.

As inscrições podem ser feitas na página oficial do FILIS. Aproveite para ver o vídeo da edição passada e conferir a programação de 2023.

Abramed é fonte do Valor Setorial – Saúde, do Valor Econômico

A Abramed foi destaque em duas matérias da revista Valor Setorial – Saúde, publicação anual do jornal Valor Econômico! A nossa diretora-executiva, Milva Pagano, destacou a preocupação da entidade em incentivar práticas de ESG entre os associados e a criação de comitê específico sobre o assunto. Em outra matéria, apresentou as expectativas otimistas de crescimento no número de exames realizados em 2023. Leia o conteúdo completo aqui.

Integração da Saúde é recurso infinito e deve ser usado sem prescrição

Aumento e qualificação do acesso e sustentabilidade serão discutidos na sétima edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde, dia 31 de agosto, em São Paulo

A importância da integração como provedora da qualidade do cuidado, colaborando, especialmente, para a sustentabilidade de todo o ecossistema de saúde, será foco da 7ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), organizado pela Abramed, que acontece em 31 de agosto, no Teatro B32, em São Paulo (SP). Na programação principal, três painéis darão o tom do evento que reunirá líderes de todos os elos da cadeia, além de personalidades internacionais.

O primeiro debate do dia discutirá o “Valor da Medicina Diagnóstica para Integração da Saúde”. César Nomura, Presidente do Conselho Consultivo da Sociedade Paulista de Radiologia (SPR) e vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed, é um dos participantes confirmados e, segundo ele, é importante destacar que a medicina diagnóstica faz parte da medicina de precisão, oferecendo prevenção e acompanhamento de diferentes patologias. “Paralelamente, temos evoluído em tecnologia, aumentando acurácia e exames de melhor qualidade, mais rápidos.”

Nomura lembra que aproximadamente 70% dos médicos baseiam suas decisões em testes de análises clínicas ou de imagem, uma vez que são a porta de entrada para o cuidado especializado até o desfecho. “Mas, considerando a jornada do paciente, os pilares se estendem para demais atores, que precisam trabalhar de forma integrada: hospitais, operadoras, laboratórios, entidades reguladoras, clínicas e, inclusive, os próprios pacientes.”

No debate em destaque, especialistas de diferentes áreas com experiência na academia e no setor privado estarão na discussão. “Essa reunião é fundamental para esclarecimento da linha de custo, ou seja, o que é fazer exame na hora certa, no paciente certo, para início da terapêutica ou intervenção”, comenta Nomura.

Sem um ecossistema estruturado, inevitavelmente os resultados de exames, para dar um exemplo, não serão preditivos, ou seja, deverão ser refeitos ou serão realizados desnecessariamente, produzindo ainda mais estresse no sistema. Os pedidos podem ser desnecessários. A integração é um processo importante. Também permite um melhor gerenciamento de recursos, otimizando o tempo dos profissionais e o timing de oferta de cuidado.

Porém, falar desse tema requer entender o cenário atual. Atualmente, os planos de Saúde vivem um rombo operacional de R$ 11,5 bilhões, e as fraudes nas operadoras pioram o cenário. Discute-se a falta de educação continuada entre os profissionais ou a formação de médicos despreparados; o acesso e o real impacto das tecnologias e a interoperabilidade de dados para elaboração de prognósticos baseados em informações do paciente, levando em conta histórico familiar, hábitos, moradia.

Tendo esses pontos em mente, os debates se iniciam no FILIS 2023. “A Abramed mantém seu compromisso na realização de um evento que é uma referência para o setor da saúde, com um programa diferenciado que trará novidades nesta sétima edição. Com o FILIS, colocamos em pauta assuntos pertinentes a toda a cadeia de saúde, além de ser uma importante plataforma de conexão entre os profissionais e as empresas do setor”, diz Milva Pagano, diretora-executiva da entidade.

Acompanhe a programação e faça sua inscrição em: www.abramed.org.br/filis

Abramed participou de debate sobre a RDC 302 durante 48º CBAC, em SC

Wilson Shcolnik foi um dos convidados do 7º Fórum de Proprietários de Laboratórios, que fez parte do Congresso Brasileiro de Análises Clínicas.

No dia 3 de maio, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou a revisão da RDC 302/2005, norma que estabelece os requisitos técnico-sanitários para o funcionamento de laboratórios clínicos e serviços relacionados a exames de análises clínicas no Brasil. Desde 2019, o órgão vinha realizando audiências e consultas públicas para permitir a atualização da norma.

Para discutir esse importante tema, Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, foi convidado a participar como debatedor do 7º Fórum de Proprietários de Laboratórios, que aconteceu no dia 20/06, durante o 48º Congresso Brasileiro de Análises Clínicas (CBAC), em Florianópolis, SC, realizado pela Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC).

O evento teve como palestrante Alex Machado Campos, diretor da 3ª Diretoria da Anvisa. Além de Shcolnik, participam da mesa Luiz Fernando Barcelos, diretor-executivo da SBAC; Helena Cristina Franz, coordenadora geral do CGLAB/DAEVS/SVSA do Ministério da Saúde; Pedro Eduardo Almeida da Silva, diretor do Departamento de Articulação Estratégica de Vigilância em Saúde e Ambiente do Ministério da Saúde; Fábio Vasconcellos Brazão, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML); e Carlos Eduardo Gouvêa, presidente-executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL). A mediação foi de Maria Elizabeth Menezes, presidente da SBAC.

A nova resolução em debate entrará em vigor em 1º de agosto deste ano e representa um avanço importante em relação à ampliação da lista de serviços executados nas farmácias e nos consultórios, a fim de permitir o melhor acesso da população à assistência à saúde, bem como garantir a qualidade dos exames de análises clínicas no país.

Segundo a Anvisa, durante os últimos anos, ficou evidente a necessidade de aprimoramento do marco regulatório, para abranger questões diversas. Entre elas, destacam-se o avanço tecnológico, a ampliação do acesso por meio da realização de testes de triagem para além das estruturas laboratoriais, os serviços itinerantes, o monitoramento da qualidade dos testes para triagem e diagnóstico, entre outros aspectos. 

Um dos principais requisitos apontados no debate é que apenas profissionais treinados estejam autorizados a realizar os exames. A nova norma também estabelece que as farmácias estão autorizadas apenas a fazer testes de triagem, que não substituem uma consulta médica nem confirmam diagnósticos de doenças. Além disso, exames realizados fora dos laboratórios clínicos devem seguir as mesmas diretrizes e os mesmos regulamentos aplicados a estes, incluindo normas de qualidade, segurança e biossegurança.

A revisão da RDC 302 busca garantir a segurança dos diagnósticos e a qualidade dos resultados. A Abramed apoia a iniciativa e destaca a importância da comunicação dos resultados dos exames às autoridades sanitárias. De acordo com a entidade, é fundamental a fiscalização das vigilâncias sanitárias municipais ou estaduais para proteger a saúde pública e garantir a segurança dos cidadãos brasileiros.

Vale ressaltar que a Abramed sempre contribuiu ativamente para a questão clarificando os impactos dessas modificações na segurança do paciente. Veja, no site, matéria que esclarece diversos pontos da revisão da RDC 302.

A saúde baseada em valor: reflexões sobre o momento e alternativas para o futuro

Por Leonardo Vedolin*

Em meio a um cenário de alta volatilidade e incerteza, é essencial que as organizações de saúde parem e reflitam sobre seus avanços, retrocessos e aprendizados, bem como sobre o funcionamento do sistema de saúde em geral. As questões que se impõem são: estamos no caminho certo? Devemos ajustar nossa estratégia dada a realidade atual? É possível pensar em modelos sustentáveis?

Passados quase vinte anos do uso do conceito de medicina de valor por Michael Porter e Elizabeth Teisberg, conceito já incorporado por diversas empresas e organizações pelo mundo, um artigo recente do The New England Journal of Medicine (NEJM)1 propõe uma agenda global de medicina de valor para a próxima década.

Em um contexto de aceleração deste movimento, em parte estimulado pelas demandas urgentes criadas pela pandemia da Covid-19, a conjuntura atual apresenta três crises: de valor, de evidência e de propósito. A primeira, de valor, diz respeito ao desequilíbrio entre desfecho e custo; a crise de evidência aponta para a perda da conexão entre a pesquisa e a prática clínica; enquanto a crise de propósito, segundo os autores, percebe-se um sentimento corrosivo de desvalia dos profissionais de saúde.

Estaríamos, portanto, diante de um ponto crítico de inflexão para implementar uma nova agenda, e nosso principal desafio – mas também oportunidade – é usar os princípios de cuidados de saúde baseados em valor para transformar sistemas de saúde regionais e nacionais inteiros, como um princípio organizador transformacional. Uma agenda que envolva não apenas organizações, mas empresas, colaboradores e todos os stakeholders do setor. Incluindo os médicos, que detém a arte de promover a saúde e o bem-estar dos pacientes.

Como discutido amplamente nos últimos anos, a abordagem de cuidados de saúde baseados em valor procura otimizar a relação entre a qualidade dos cuidados de saúde e os custos envolvidos em seu fornecimento. Essa abordagem pode ajudar a reduzir o desperdício, a ineficiência e a variação desnecessária nos cuidados, e, ao mesmo tempo, melhorar a qualidade assistencial. A medição sistemática dos resultados de saúde é uma parte crítica dessa abordagem, pois permite aos provedores avaliar seu desempenho e identificar oportunidades de melhoria.

A institucionalização das medidas de desfecho é uma parte importante da agenda de valor, pois ajuda a garantir que os pacientes recebam um cuidado adequado, eficiente e centrado em suas necessidades. O alinhamento de sistemas de pagamento também é crucial para que se certifique que os prestadores de serviços sejam recompensados por oferecer o melhor cuidado possível aos pacientes. Por último, mas não menos importante, os investimentos em infraestrutura robusta para expansão da saúde digital são essenciais para assegurar que os pacientes tenham acesso aos melhores cuidados de saúde possíveis, independentemente de sua localização geográfica.

A adoção e implementação dessa tríade de iniciativas demanda, evidentemente, uma coordenação em nível nacional, composta pelos responsáveis coletivos pela agenda de valor – um “system leadership” – cujas decisões devem ser compartilhadas e discutidas com todos os principais atores do setor. Trata-se de uma agenda ampla e ousada, mas se bem realizada resultará em um novo paradigma para o sistema.

Países como Singapura, Holanda e País de Gales – que já se movimentaram nessa direção – são as vitrines que deveríamos observar e aprender com suas experiências. Suas iniciativas demonstram, desde já, a importância de líderes em saúde assumirem a responsabilidade coletiva pela agenda de valor e liderarem o caminho para sua implementação efetiva.

No Brasil, já existem empresas que conduzem suas operações com maior uso de dados, aprofundamento da capacidade analítica utilizando modelos de inteligência artificial e procurando ampliar a interoperabilidade entre sistemas. A integração da rede, que é gerida a partir de uma profunda transformação digital, nos leva a uma medicina mais preventiva e personalizada, ao mesmo tempo que elimina desperdícios, fortalecendo todo o sistema.

Deixo essa reflexão para todos nós, líderes deste setor, responsáveis pela entrega de uma saúde eficiente, segura e centrada naquele que deve, sempre, estar no centro do cuidado: o paciente de todos os “sistemas” de saúde. Esta agenda de valor virá do nosso esforço colaborativo, com transparência, confiança e foco num sistema mais sustentável.

1- Larsson S, Clawson J, Howard R. Value-Based Health Care at an Inflection Point: A Global Agenda for the Next Decade. NEJM Catalyst February 24, 2023. Link.

*Leonardo Vedolin é diretor-geral médico e de cuidados integrados da Dasa.

Publicado originalmente pela Revista Medicina S/A. Link original disponível aqui.

Abramed é fonte de matéria do Globo sobre fraudes em planos de saúde

A diretora-executiva, Milva Pagano, comentou o impacto dessa prática na sustentabilidade do sistema como um todo.

Os planos de saúde estão ampliando as exigências para reembolso, como biometria facial e prazo maior de pagamento, em razão das fraudes no sistema. Esse foi o tema de matéria publicada no Jornal O Globo em 18/06.

Segundo Milva, o aumento de glosas e de prazos de pagamento afeta o fluxo de caixa das empresas, podendo causar o fechamento de estabelecimentos de pequeno porte, reduzindo ainda mais o tamanho o mercado. “As fraudes têm impacto na sustentabilidade do sistema como um todo”, disse.

Leia a matéria completa na versão digital do Globo neste link. 

O mesmo conteúdo foi publicado na versão impressa do jornal O Globo, acesse aqui.

Tecnologia é importante, mas não substitui o sorriso, segundo VP do Grupo Meddi

Gileno Portugal acredita que a medicina do futuro é um alinhamento de investir em inovações sem esquecer do cuidado ao paciente

Foi com a responsabilidade de levar a medicina de alta complexidade para o interior da Bahia que, há 40 anos, nasceu o Grupo Meddi. Seu grande foco é atender toda a população baiana seguindo um padrão de atendimento diferenciado.

Fazem parte do grupo o IHEF (Instituto de Hematologia e Hemoterapia de Feira de Santana), centro de referência em saúde nas áreas de medicina laboratorial, diagnóstico por imagem, medicina nuclear, vacinas e banco de sangue; a Multimagem, que oferece serviços de medicina diagnóstica; e o Laboratório Meddi, que dispõe de mais de 4 mil tipos de exames diferentes.

Nesta entrevista especial para o “Por que Abramed?”, Gileno Portugal, médico e vice-presidente do Grupo Meddi há mais de 30 anos, aborda a experiência do paciente, citando exemplos inspiradores, bem como iniciativas em ESG e tecnologias que vieram para transformar a área de saúde.

Abramed em Foco: O mercado de saúde passou por mudanças significativas nos últimos anos, com avanços tecnológicos e novas abordagens de atendimento. Como o Grupo Meddi tem acompanhado essas transformações e incorporado inovações em suas práticas e serviços?

Gileno Portugal: A atenção ao cliente é uma questão que está no DNA do Grupo Meddi. Ao focar no paciente, estruturamos nossos canais para facilitar ao máximo o acesso às unidades. Hoje, com a tecnologia, temos mais de cinco formas de agendamento de exames: site, aplicativo, call center, WhatsApp e presencialmente.

Precisamos entender que o Brasil é um país continental, e que a Bahia é do tamanho da Espanha, formada por várias “Bahias” diferentes, com particularidades em cada região. Por isso, o modelo de atendimento não pode ser padronizado. Por exemplo, em Irecê, que fica a mais de 450 km de Salvador, os lavradores e a população mais idosa não estão familiarizados com a tecnologia, portanto preferem fazer o agendamento presencialmente.

Como uma empresa de DNA baiano, o Grupo Meddi sempre se preocupou em cuidar da população baiana, entendendo a dinâmica. Temos um modelo de atendimento de butique, buscando satisfazer as necessidades do cliente com atendimento de 360 graus, desde o agendamento, só finalizando com a satisfação do médico ao ler um laudo realizado por nós.

O mercado de saúde na Bahia recebeu 4 bilhões em aquisições e investimentos nos últimos anos. No início, ficamos preocupados: onde estaremos no futuro e em qual nicho de mercado? Então, o grupo identificou que o nicho seria cuidar melhor do cliente. Por isso, procuramos focar muito não só na questão de avanços tecnológicos, processos, guia de atendimentos e melhoria do parque tecnológico, mas principalmente no atendimento, em fazer a pessoa se sentir especial quando entra em nossas unidades.

As operadoras de planos de saúde começaram a entender que a atenção 360 graus, com foco na experiência do paciente, gera valor, reduzindo o número de repetições de exames e, consequentemente, o custo para o sistema.

Abramed em Foco: O acesso à saúde é um tema de extrema importância. Como o Grupo Meddi tem buscado ampliar o acesso aos serviços de saúde em regiões onde a oferta pode ser mais limitada?

Gileno Portugal: O principal foco é levar para o interior o nível de qualidade da medicina que se tem em Salvador. Outra decisão estratégica é construir a melhor unidade do ponto de vista do atendimento, utilizando equipamentos de última tecnologia. Para se ter uma ideia do nosso cuidado, contratamos um fotógrafo para tirar fotos dos lugares de maior valor para a história de cada cidade, assim, quando o cliente entra na clínica, se depara com imagens marcantes para ele, como se estivesse em sua casa. Todos os colaboradores são contratados na própria cidade e treinados por nós, para terem identidade com as pessoas.

Abramed em Foco: A personalização dos serviços tem se tornado uma demanda crescente no setor de saúde. Em sua opinião, como o mercado deve se adaptar a ela?

Gileno Portugal: Isso é fundamental hoje em dia para oferecer um diferencial ao cliente, desde estacionamento, facilitando, por exemplo, no caso de chuva, até ter um funcionário que vá até ele com um guarda-chuva. Também é importante que o processo de atendimento seja feito por uma única pessoa do início ao fim, e que a recepção não ofereça nenhuma dificuldade. Com isso, cria-se vínculo.

Quando entrar na máquina de ressonância pela primeira vez, o paciente precisa ter ao lado uma pessoa com quem já construiu o mínimo de confiança possível, pois isso proporciona uma percepção de segurança e valor.

Abramed em Foco: Quando se fala na experiência do paciente, de forma geral, quais preocupações toda empresa que atua com medicina diagnóstica deve ter? Quais são as novas exigências dos pacientes?

Gileno Portugal: A primeira exigência do cliente é facilidade no agendamento, ou seja, que o processo seja rápido, eficiente e pouco burocrático. A segunda é que seja respeitado o horário agendado, pois ele não aceita mais ficar uma ou duas horas esperando. Não fazemos overbooking, que é agendar pacientes extras para encaixar caso alguém falte. Respeitamos o horário e, caso aconteça alguma intercorrência, que foge do padrão, acionamos a enfermagem para explicar o motivo do atraso junto à família. Depois, no nível 2, o médico da unidade é designado para conversar sobre o caso com os envolvidos. Todas as nossas clínicas têm médico presencial durante o período de funcionamento, o que é outro diferencial. Com isso, o paciente se sente seguro.

Quando o exame indica alguma alteração, o médico liga para o solicitante e já discute ou passa o caso. Então, quando o cliente vai à consulta de retorno, o profissional sabe do que se trata. Isso é valorizar o paciente.

A percepção de valor só termina quando o cliente sai do consultório médico com o problema resolvido. E nós somos parte integrante desse processo. Não adianta o médico fazer uma consulta excelente se eu, no meu papel de relevância ao entregar um exame de qualidade, não faço isso.

Abramed em Foco: As práticas de ESG são cada vez mais cobradas pela sociedade. Como você avalia a maturidade das empresas que atuam no setor de medicina diagnóstica com relação a essa questão, não apenas sobre meio ambiente, mas também incluindo a parte social e de governança?

Gileno Portugal: Houve uma decisão estratégica da diretoria do Grupo Meddi para que as políticas de sustentabilidade, socioambiental e de governança fizessem parte do DNA da empresa. Assim, começamos criando os comitês de governança, social e ambiental e, em outubro, vamos inaugurar uma usina de energia solar para que 100% das nossas unidades tenham energia limpa. Também contratamos uma empresa para poder avaliar o consumo de água e o descarte de resíduos.

Na questão social, temos uma série de ações em desdobramento, englobando a diversidade em todos os aspectos. O empoderamento feminino é cada vez mais forte na empresa e estamos focando em ampliar a presença de mulheres nos cargos de liderança, com muito cuidado do ponto de vista salarial.

Contamos com um projeto social chamado Isa e Almerinda, que cuida de mais de 200 idosos em Feira de Santana, onde eles passam o dia tendo à disposição uma série de atividades, como dança, hidroginástica, jogos, corte e costura. No final do dia, eles voltam para casa, porque entendemos que o melhor lugar do idoso é com sua família. Isso faz total diferença em sua qualidade de vida.       

Abramed em Foco: Com base em sua experiência no setor de medicina diagnóstica, quais mudanças mais significativas você tem observado no mercado nos últimos anos?

Gileno Portugal: A mudança principal que vemos no dia a dia é o nível de exigência do cliente em relação à percepção de qualidade do serviço. Hoje as pessoas estão mais esclarecidas e com maior acesso à informação do que no passado. Não dá mais para enrolar o cliente. Ele já sabe muito bem seus direitos, suas necessidades e quer que a clínica entregue aquilo que foi prometido.

Por isso, um dos desafios é acompanhar a mudança de mindset dos clientes, que estão mais exigentes com horário, qualidade de atendimento e dos equipamentos utilizados. Essa mudança veio para ficar.

Outra é a incorporação de novas tecnologias de inteligência artificial nos equipamentos, para reduzir o tempo de realização dos exames e ganhar em produtividade, o que também é melhor para o cliente, porque ele vai ficar menos tempo no equipamento. Esperamos que a AI seja um instrumento de apoio ao médico para melhorar ainda mais a qualidade do laudo médico.

É um desafio ter todo o arsenal tecnológico que os novos equipamentos exigem. É preciso continuar investindo todo ano no parque tecnológico e nos upgrades dos equipamentos, pois isso faz diferença no final.

O setor de saúde é um ser vivo, em contínua transformação e mudança, então, ou a empresa acompanha esse processo, ou não vai conseguir entregar qualidade ao longo do tempo. Por isso, precisa estar sempre se reinventando e reinvestindo, buscando as melhores práticas e valorizando o capital humano dos seus colaboradores, que é fundamental.

Não adianta querer que a pessoa dê um sorriso todo dia para o seu cliente, se você não valoriza as pessoas que estão no dia a dia atendendo. A empresa de saúde tem de deixar de ser apenas prestadora de serviço, focando na área comercial, o que não significa só a relação clínica e operadora, mas também clínica e cliente, clínica e colaborador, clínica e médico e clínicas e clínicas.

Abramed em Foco: O diagnóstico remoto rápido, por meio de dispositivos como telefones celulares, relógios inteligentes e sensores vestíveis, está revolucionando a maneira como conectamos pessoas aos serviços de saúde. Como você analisa o uso dessa tecnologia?

Gileno Portugal: Eu sou fã dessa tecnologia, ela agrega muito valor, porque tudo que for embarcado em uma clínica de diagnóstico que entregue como resultado exames mais precisos, com imagem de maior qualidade, sempre será bem-vindo. Buscamos todas essas tecnologias, porque acreditamos que a medicina do futuro é um alinhamento de investir em inovações sem esquecer que cuidar do paciente é o grande diferencial de qualquer empresa do setor de saúde. 

Abramed em Foco: Como a empresa enxerga a atuação da Abramed na medicina diagnóstica? O que espera da entidade como parceira para melhoria do setor?

Gileno Portugal: Estamos extremamente felizes em nos associarmos à Abramed. Esse relacionamento, principalmente com os outros associados, trocando experiências e vivências, será fundamental dentro do processo de aprendizado e de crescimento da nossa empresa.

A Abramed é extremamente reconhecida em nível nacional pelo padrão de desenvolvimento de atividades e estratégias no setor de saúde, e o Grupo Meddi não poderia se furtar de estar junto da entidade. Para nós, é muito gratificante e um prazer enorme.