Melhorando vidas e mudando cifras – Impacto positivo da medicina diagnóstica

* Por Guilherme Collares

Junho de 2019

Como seria o cenário atual da saúde sem os diversos investimentos em medicina diagnóstica? Embasando 70% das decisões médicas, os exames diagnósticos são indispensáveis para a garantia da saúde global e cumprem papel fundamental nas ações de prevenção e detecção precoce de doenças principalmente por agregarem dados objetivos às informações muitas vezes subjetivas vindas da anamnese e do exame físico.

Como ponto de partida, devemos entender que prevenção é o caminho para melhorias significativas na saúde global, tanto que o termo é um dos mais presentes nas agendas da Organização Mundial da Saúde (OMS) e responsáveis por traçar as estratégias e diretrizes do mundo.

É impossível pensar em prevenção sem pensar em medicina diagnóstica. Para analisar um cenário infelizmente comum, podemos observar o campo das doenças cardiovasculares, que são a principal causa de morte no mundo, levando, segundo a OMS, cerca de 17,9 milhões de pessoas a óbito todos os anos.

Somente no Brasil, o Ministério da Saúde computa que, ao ano, 300 mil pessoas sofrem infartos, sendo em 30% desses casos o ataque cardíaco fatal. Para minimizar esses dados entristecedores, é preciso investir na medicina diagnóstica e preventiva básica. Como exemplo pontual temos a redução do risco cardiovascular por meio do controle do colesterol associado a outros dados para avaliação do risco cardíaco.

Normalmente assintomática, a elevação dos níveis de colesterol só pode ser observada por meio da medicina diagnóstica preventiva e periódica. Com isso é possível reverter índices alterados antes de complicações. Segundo o InterHeart, estudo internacional realizado para avaliar a importância de fatores de risco para doença arterial coronariana ao redor do mundo, o controle inadequado do colesterol é o fator de risco modificável mais importante para o infarto do miocárdio. Assim, o controle feito por acompanhamento médico, somado a exames diagnósticos simples, pode eliminar complicações, reduzir o número de internações e cirurgias e salvar milhares de vidas.

Outro exemplo do impacto direto da medicina diagnóstica na sociedade está no já reconhecido teste do pezinho, que, segundo o Ministério da Saúde, é realizado por 85,8% das crianças no país. Em sua versão simplificada – oferecida gratuitamente –, o exame feito entre o segundo e o quinto dia de vida pode detectar seis doenças genéticas ou congênitas.

Entre essas seis patologias está a fenilcetonúria. Doença rara que gera acúmulo de fenilalanina no organismo e leva à deficiência mental. Porém, se diagnosticada precocemente, o início do tratamento antes dos três meses de vida pode evitar totalmente o retardo mental do bebê.

Responsável por mudar o prognóstico da criança, o teste do pezinho vem passando por inovações e, hoje, várias instituições da rede privada trabalham, inclusive, com formatos ampliados capazes de diagnosticar uma quantidade bastante extensa de doenças.

Esses são exemplos da medicina diagnóstica e preventiva aplicada em sua veia mais clássica. Porém, quando avançamos nos anos e nas inovações tecnológicas que abraçam o setor, vamos muito mais longe. Fundamental para o sucesso de qualquer tratamento de saúde, o diagnóstico correto vem sendo perseguido pelos especialistas do segmento, visto que diagnósticos inadequados geram ineficiência clínica. E, hoje, já podemos contar com as benesses da medicina personalizada.

Trazendo um novo olhar sobre o paciente, a evolução dentro do campo da genética permite um apontamento muito mais preciso sobre cada patologia. Pensemos em um paciente diagnosticado com câncer de pulmão. Pela medicina tradicional, ele seria direcionado a um tratamento padrão adotado para todos os casos da doença.

Já com a medicina personalizada, que está em desenvolvimento no país, painéis genéticos permitem que cada paciente seja tratado em sua individualidade. Levando em conta o histórico desse paciente combinado a influências ambientais e a genética do câncer, o corpo clínico pode indicar melhores caminhos para resultados e tratamentos mais rápidos e precisos.

Segundo o Oncoguia, com a medicina personalizada a sobrevida média de pacientes com câncer de pulmão evoluiu grandiosamente, passando de seis meses em 1995 para algo em torno de 30 a 50 meses após 2015.

Esses são apenas alguns dos caminhos profícuos criados pela medicina diagnóstica junto às expressivas ações de saúde global. Com uma discussão latente sobre excesso de exames e, inclusive, algumas vertentes profissionais apontando que exames com resultados normais são sinônimo de desperdício, é preciso destacar que esses exames tidos como “normais” são justamente os resultados esperados nas diversas situações de rastreamento de doenças. Resultados capazes de refletir a saúde da população e de garantir que aquele cidadão não se tornará um paciente com complicações no curto prazo.

O melhor pensamento para este cenário é o de que cada paciente que deixa de desenvolver uma doença por ter investido em prevenção ou que tem uma patologia diagnosticada rapidamente ganha em qualidade de vida e representa economia para todo o sistema.

* Guilherme Collares é diretor-executivo de Operações no Grupo Hermes Pardini e conselheiro da Abramed

Mudança do mercado pede perfil mais ativo do médico radiologista

Tecnologia, humanização do atendimento e paciente no centro do cuidado transformam as relações na saúde

Junho de 2019

A transformação digital surge para prover diagnósticos muito mais precisos, rápidos e por meio de técnicas cada dia menos invasivas. Paralelamente a isso, o impulsionamento da humanização do atendimento e o retorno do paciente ao centro do cuidado consolidam uma mudança relevante no mercado de saúde. Para estar adequado a esse novo cenário, o médico radiologista passa a desempenhar um papel ainda mais ativo do diagnóstico até os tratamentos terapêutico e cirúrgico.

Para que essas novas necessidades sejam interpretadas de forma global, toda a complexa cadeia de saúde precisa estar alinhada. “É para contribuir com essa mudança de cultura que nos posicionamos como parceiros ao ofertar produtos e ferramentas que auxiliam o médico radiologista na tomada de decisão diagnóstica e terapêutica ao mesmo tempo em que podemos otimizar a administração de contrastes, melhorando a eficiência dos processos e a eficácia para o paciente”, comenta Tommaso Montemurno, Country Manager da Bracco Imaging do Brasil, empresa global e líder em diagnóstico por imagem.

Considerando o impacto da transformação digital no segmento como um todo, a marca monitora a inclusão de novas tecnologias como, por exemplo, inteligência artificial e machine learning na otimização dos processos da prática clínica. “Essas soluções representam uma importante oportunidade e por esse motivo decidimos começar a participar desse novo mercado de inovação que pode contribuir com o melhor atendimento aos nossos clientes”, pontua Montemurno reforçando que essas novas tecnologias ajudam na definição de respostas coerentes à necessidade de eficiência e sustentabilidade econômicas do sistema de saúde.

Investir em parcerias estratégicas é um dos caminhos possíveis de serem trilhados para uma somatória positiva. De acordo com essa vertente, a Bracco expande seu portfólio lançando plataformas e produtos que devem chegar em breve ao Brasil. Entre as novidades, destaque para soluções auxiliares no processo de ablação de tumores que possibilitam melhor visualização da área-alvo, permitindo que somente essa área sofra a intervenção. “Tudo isso sem comprometer o fluxo de trabalho, o tempo de duração do procedimento e com a garantia de um resultado mais preciso”, afirma o executivo.

Outras soluções que estão sendo planejadas pela marca abordam a otimização de processos e a busca por mais agilidade na rotina dos centros de diagnóstico para melhorar a experiência do paciente. “Entendemos que em um mundo onde a tecnologia oferece mais informações e acelera os processos de tomada de decisão, a busca por diagnósticos mais ágeis levará à exploração de modalidades diagnósticas que ofereçam resultados rápidos e em tempo real, valorizando a contribuição do médico radiologia nesses processos”, finaliza Montemurno.

Experiência em compliance ajuda na adequação à nova lei de dados

Grupo de Trabalho da Abramed auxilia no entendimento da legislação

Junho de 2019

Informações sobre orientação sexual, religião, informações genéticas, entre outras. Grande parte dos dados pessoais solicitados pelas empresas de medicina diagnóstica deverão ser classificados como sensíveis de acordo com a lei nº 13.709/2018, a chamada Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD), que entrará em vigor em agosto de 2020.

Para entender melhor a nova legislação e estudar soluções que adequem as associadas ao seu cumprimento, a Abramed conta também com o apoio do Grupo de Trabalho (GT) de Governança, Ética e Compliance, instância consultiva do seu Conselho Deliberativo. “O compliance é o atendimento das normas e essa norma é mais uma que deve ser respeitada por todos, inclusive pelo setor da saúde”, disse o advogado Rafael Younis Marques, sócio da Machado Nunes Advogados.

Empenhado em ajudar as associadas à adaptação à nova lei, o GT de Governança, Ética e Compliance tem trabalhado em paralelo com o grupo de trabalho criado especialmente para tratar do tema, o GT Proteção de Dados. “Essa adequação vai mexer com a empresa como um todo, é complexa, envolve sistemas, processos internos e é muito mais custosa que um programa de integridade, que é opcional e cada um faz ao seu tempo, conforme seus recursos. A lei entra em vigor no meio do ano que vem”, destacou ele, lembrando que o trabalho da Abramed envolve conscientizar o associado sobre uma análise profunda nos processos internos das empresas para, por exemplo, avaliar se de fato há a necessidade de se coletar todas informações atualmente solicitadas dos pacientes, que muitas das vezes não são utilizadas e somente geram riscos e obrigações no cumprimento da LGPD.

Marques conta que o trabalho iniciado pela Abramed no segundo semestre do ano passado sobre os impactos da LGPD, juntamente com outras entidades, já colheu frutos. “Parte significativa dos pleitos do setor foi atendida na medida provisória aprovada pelo Senado semana passada”, afirmou o advogado, citando a MP 869/2018, que seguiu para a sanção do Presidente Jair Bolsonaro após aprovação pelo Senado na quarta-feira, 29 de maio.

De acordo com ele, a MP estabelece pontos antes não abordados que preocupavam o setor, como o compartilhamento de informações com finalidade econômica, sem consentimento do paciente: o texto permite, por exemplo, o compartilhamento de dados pelos controladores no limite necessário para a prestação de serviços de saúde e de assistência farmacêutica, incluídos o diagnóstico e a terapia, em benefício dos interesses dos titulares dos dados.

“Outra coisa boa da MP foi que permitiu que os serviços de saúde e auxiliares – que é o caso da medicina diagnóstica – compartilhem dados com as fontes pagadoras, operadoras e planos de saúde, sem o consentimento, o que é essencial para o faturamento”, explicou.

“A lei vai mudar a cabeça dos gestores, pois o excesso de informações põe a empresa em risco sem necessidade. Por exemplo, alguns serviços de saúde perguntam sobre a religião do paciente e esse é um dado sensível pela LGPD. Para um hospital pode ser relevante porque há religiões que não permitem a transfusão de sangue, mas para um laboratório isso talvez não seja relevante para a assistência pretendida”, conclui o membro do GT Governança, Ética e Compliance.

HCFMUSP promove curso sobre Patologia Clínica

Treinamento de férias será realizado entre 1º e 5 de julho em São Paulo

Junho de 2019

A Disciplina de Patologia Clínica da USP, por meio da Divisão de Laboratório Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, realizará entre 1º e 5 de julho de 2019 um Curso de Férias sobre Patologia Clínica destinado a alunos do 4º ano da graduação das faculdades de medicina de todo o país.

Com o objetivo de atrair novos especialistas, o curso debaterá a inserção da patologia clínica na prática clínica e demonstrará o uso de tecnologias na prática laboratorial. Considerando que 70% das decisões médicas são embasadas em exames diagnósticos, a intenção do time responsável pela elaboração do treinamento é mostrar o papel do laboratório clínico no diagnóstico de doenças, abordando temas como sistema hematológico, endocrinológico, imunológico, cardiológico e doenças infecciosas.

O programa do curso que é coordenado pelos professores doutores Alberto José da Silva Duarte, Leila Antonangelo, Nairo M. Sumita e pelos médicos assistentes da Divisão de Laboratório Central HCFMUSP, é bastante abrangente. Durante as manhãs serão realizadas discussões de casos clínicos onde os exames laboratoriais, de imagem e de anatomia patológica, serão ressaltados como armamento no diagnóstico preciso das doenças discutidas.

Na sequência os alunos participarão de um workshop onde técnicas e equipamentos empregados na realização de testes na área de patologia clínica serão discutidos. Os participantes também visitarão alguns dos mais importantes laboratórios clínicos da cidade: Grupo Fleury, DASA, Hospital Israelita Albert Einstein e HCOR – Hospital do Coração.

Abramed abre inscrições para o 4º FILIS (Fórum Internacional de Lideranças de Saúde)

Neste ano, evento realizado pela Abramed promoverá discussão sobre inovação e questões regulatórias

Junho de 2019

Discutir o impacto que a transformação digital tem sobre o setor de saúde, o futuro da saúde e o papel da medicina diagnóstica no ciclo de cuidados do paciente. Esse é o objetivo do 4º FILIS – Fórum Internacional de Lideranças de Saúde, promovido pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). O evento acontece em 30 de agosto, no Instituto Tomie Ohtake, em São Paulo, das 8h30 às 17h30.

Com o tema “Medicina Diagnóstica: mais valor para um sistema de saúde em transformação”, a quarta edição do FILIS será ainda mais inovadora com a oferta de mais conteúdo para o desenvolvimento da cadeia de saúde. O objetivo do evento, além de aproximar os principais agentes e tomadores de decisão, é promover um espaço para debater as transformações do setor de saúde com participação ativa do público.

O FILIS já faz parte da agenda de gestores, especialistas e demais profissionais da saúde. Além de CEOs, presidentes e diretores, o evento contará com a presença de gestores, especialistas e profissionais da área técnica do setor.

Programação

O evento será formado por quatro módulos com uma hora de duração cada. Na parte da manhã, a programação será dividida em dois módulos. O primeiro levantará a questão regulatória do setor a partir das discussões “Órgãos regulatórios: como lidar com as inovações setoriais” e “Quais as mudanças que a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) trará para o setor de saúde”. O painel “Healthtechs: transformando o acesso à saúde”, integrante do segundo módulo, refletirá sobre o impacto da inovação em saúde ao falar sobre o advento das startups que surgem no setor.

A tarde iniciará com a premiação Dr. Luiz Gastão Rosenfeld, homenagem criada pela Abramed para reconhecer profissionais que fomentam o desenvolvimento e a melhoria da saúde no Brasil. A CEO da Abramed, Priscilla Franklin Martins, fará a entrega do prêmio. Na sequência, o terceiro módulo tratará sobre medicina diagnóstica, seu papel e sua participação no ciclo de cuidados. O evento se encerra com o quarto módulo, que discutirá o futuro da saúde e as formas de preparação para o que vem por aí no setor.

SERVIÇO:

4º FILIS (Fórum Internacional de Lideranças de Saúde)
30 de agosto, das 8h30 às 17h30
Instituto Tomie Ohtake
Rua Coropé, 88 – Pinheiros

Ministro da Saúde recebe Abramed

Encontro foi realizado dia 6 de junho em Brasília (DF); na ocasião Associação ofereceu apoio a projetos do Ministério

10 de junho de 2019

No dia 6 de junho, membros da Abramed estiveram em Brasília (DF) para uma reunião junto ao Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. Participaram do encontro Claudia Cohn, Lídia Abdalla e Leandro Figueira, respectivamente presidente e membros do Conselho de Administração; Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva; e Armando Monteiro Bisneto, assessor parlamentar.

Durante a reunião, o Ministro falou sobre sua política de regionalização, que visa concentrar os atendimentos de saúde básica em centros de saúde regionais. O projeto de regionalização da saúde brasileira, também conhecido por distritos sanitários, visa quebrar o ciclo de saúde municipalizada já instituído no país.

Especificamente do setor de medicina diagnóstica, o executivo reforçou que há vazios assistenciais que podem ser minimizados pelos laboratórios privados. Segundo ele, muitas vezes o exame é solicitado pelo médico da rede de atenção básica, mas o paciente não encontra meios para realizá-lo.

A Abramed mostrou apoio para que o segmento possa buscar alternativas a fim de solucionar esse problema.

Secretário especial do Ministério da Economia abre espaço para demandas da saúde

Em encontro realizado pelo ComSaude, da Fiesp, Igor Calvet falou sobre a importância do consenso nas demandas da cadeia produtiva para ampliação da produtividade

07 de Junho de 2019

Para que o governo possa colaborar com decisões que estimulem a produtividade e a competitividade do setor de saúde é necessário que haja consenso nas demandas apresentadas pela cadeia produtiva. Essa foi a mensagem deixada por Igor Calvet, secretário especial adjunto da Secretaria Especial de Produtividade, Emprego e Competitividade do Ministério da Economia em sua participação em plenária realizada pelo ComSaude, da Fiesp, no dia 6 de junho em São Paulo.

Durante o encontro, que contou com a participação de Claudia Cohn e Priscilla Franklim Martins, respectivamente presidente do Conselho e diretora-executiva da Abramed, o executivo reforçou que o setor de saúde como um todo representa 12% do PIB e tem cerca de 60% de participação do governo. Isso, segundo Calvet, causa certa distorção de mercado e enfatiza a importância do comportamento do governo em relação ao segmento. Na atual gestão, as iniciativas setoriais para aumento de produtividade são atendidas pelo Ministério da Economia por meio de secretarias especiais criadas pelo ministro Paulo Guedes. Com as instituições vinculadas – entre elas Inpe, Inmetro, ABDI e Suframa – as secretarias trabalham para criar práticas e políticas de incentivo à produtividade.

Em sua gestão, Calvet está focado na resolução de problemas de produtividade das empresas brasileiras de vários setores a partir de dados que vêm de quatro ministérios extintos: Fazenda, Planejamento, Trabalho e Indústria e Comércio Exterior. Os desafios, porém, são muitos. Além de infraestrutura, que prejudica a logística e aumenta o custo Brasil, há questões sobre a baixa qualificação de mão de obra e distorções tributárias que impedem a competitividade.

Para minimizar a demanda de mão de obra, o secretário falou sobre a estratégia nacional de qualificação, que será lançada em breve, e do programa Brasil Mais Produtivo. “A meta é nos próximos dois anos ter 100 mil empresas participantes. O que está em discussão hoje é o modelo de financiamento. Antes o governo entrava com subsídio de 80%, e 20% eram custeados pela empresa. A primeira fase aconteceu com 3 mil empresas que aumentaram, em média, 20% de produtividade”, explicou Calvet.

No setor de saúde, o secretário afirmou que está revendo o molde das PDPs (Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo). Segundo ele, para resolver o problema de vulnerabilidade do SUS, as PDPs carecem de melhor monitoramento. “O Estado precisa ter uma visão do que de fato é estratégico para definir a entrada em uma PDP. O grande marco para as PDPs em saúde, falando como Ministério da Economia, é se devemos produzir medicamentos biotecnológicos em laboratórios públicos. Vacinas eu acho que sim. Porém deve haver também o mercado privado, já que ele tem suporte, apoio tecnológico e capital para investimento para longo prazo.”

Calvet ainda destaca que há muita assimetria de informação. “Falta ao governo uma visão integrada de cadeia, na qual, em geral, há grande distanciamento entre as instituições de representação. Quando a cadeia traz a demanda, as decisões são mais acertadas. E por isso fiz questão de vir ao ComSaude. Minha expectativa é abrir o diálogo e saber as coisas que estão impedindo o avanço do setor de saúde.”

Além de Calvet, Claudia e Priscilla, a plenária também contou com a participação de Bruno Portella, assessor do secretário; do diretor-titular do ComSaude, Ruy Baumer; e dos diretores-adjuntos Eduardo Giacomazzi, Paulo Henrique Fraccaro, Francisco Balestrin e Eduardo Ferreira Santana.

Fórum internacional aborda soluções para transformação tecnológica

HIMSS@Hospitalar debateu prevenção e medicina de precisão; talk-show no dia 22 de maio tratou dos desafios dos hospitais na era digital

23 de Maio de 2019

A edição 2019 do HIMSS@Hospitalar – International Digital Healthcare Forum, evento realizado dentro da Feira Hospitalar para debater o que há de mais inovador no setor de saúde, teve como tema central “Prediction, Prevention and Precision Care”. Ao longo dos quatro dias de palestras com líderes nacionais e internacionais do setor, foram debatidos assuntos como inovações hospitalares, consumo, telemedicina e big data, questões que têm impacto direto no sistema de saúde como um todo.

Convidada a participar do talk-show “Challenges of National Hospitals in the Digital Age” realizado no dia 22 de maio, a presidente do Conselho da Abramed, Claudia Cohn, declarou: “Precisamos sair da discussão do que está errado para as grandes e profundas discussões sobre como podemos mudar, de forma efetiva, o sistema de saúde”. Mediado pelo Healthcare Market Director da Informa, Vitor Asseituno, o painel também contou com a participação de Charles Alessi, Chief Clinica Officer do HIMSS do Reino Unido, e de Ariel Dascal, Chief Digital Officer na Rede D´Or São Luiz.

O debate sobre os desafios da rede hospitalar brasileira durante a era da transformação digital seguiu com Alessi afirmando que a situação da saúde no Brasil não é diferente de outras partes do mundo, onde há os mesmos problemas de integração de sistemas. “As soluções tecnológicas estão lá. A mudança não se trata só de tecnologia, é preciso haver mudança de comportamento, ceder poder, renda, e isso leva tempo”, disse ele, explicando que ainda há esperança para alguns países, entre eles o Brasil.

O britânico destacou a importância do apoio dos conselhos e das diretorias das organizações para que essa transformação seja executada. “Eles têm que ser parte efetiva dessa mudança para poder gerenciar os riscos”, disse, afirmando que Claudia seria a pessoa mais indicada para responder ao questionamento do moderador. Asseituno havia questionado sobre qual seria o equilíbrio ideal em uma equipe que busca essa transformação digital, considerando que médicos muitas vezes não conseguem romper padrões e outros profissionais podem colocar vidas em risco ao promover determinadas rupturas.

Segundo Claudia, pontos como engajamento e responsabilidade são essenciais para que o processo de mudança seja executado de maneira segura. Ela destacou a necessidade de investimentos em formação e de mudar os currículos das universidades da área. “Precisamos de líderes que queiram se engajar e ser professores de inovação para esses médicos, enfermeiros, biomédicos”, explicou.

“Tem solução. Eu enxergo isso e estamos trabalhando por essa solução. A equação é complexa. Venho de outro segmento, em telecomunicações a transformação digital está dez anos à frente do setor de saúde”, disse Ariel Dascal, justificando que o setor da saúde é um dos mais analógicos por ser baseado na relação humana. “Hospital é leito”, completou.

Paulo Chapchap aposta na atenção primária como mecanismo de combate aos desperdícios do sistema

Confira a entrevista exclusiva da Abramed em Foco com o CEO do Hospital Sírio-Libanês

Maio de 2019

Centro de referência internacional de saúde, o Hospital Sírio-Libanês é reconhecido pelo investimento em responsabilidade social, ensino, pesquisa e alta tecnologia. Comandado desde 2016 pelo CEO Paulo Chapchap, a instituição trabalha pela humanização de seus atendimentos e tem forte relevância no setor de medicina diagnóstica.

Em entrevista exclusiva ao Abramed em Foco, Chapchap menciona a dedicação da entidade em manter atualizado todo seu departamento de tecnologia e fala, também, sobre a criação de novos modelos de atuação que integrem as várias modalidades diagnósticas. Cita a importância do médico de família e da atenção primária no combate aos desperdícios do sistema e a importância da Abramed na promoção de interações fundamentais à saúde brasileira.

Confira a entrevista completa.

Abramed em foco: Quais os desafios que enxerga para a medicina diagnóstica brasileira?

Paulo Chapchap: O Hospital Sírio-Libanês enxerga na medicina diagnóstica uma parte fundamental da sua atuação. Essa é uma das suas principais portas de entrada e uma importante fase do ciclo do paciente. Trabalhamos para manter nossa tecnologia de ponta sempre atualizada e, nossa equipe, especializada na assistência e interpretação de resultados. O maior desafio é a criação de novos modelos de atuação que integrem as várias modalidades diagnósticas para agregar valor ao paciente e de novos modelos de negócio que revertam as tendências de insustentabilidade do setor de saúde.

Abramed em foco: Com uma visão da medicina diagnóstica consolidada dentro dos hospitais, acredita que underuse e overuse seguem como práticas a serem combatidas?

Paulo Chapchap: Temos hoje em toda a cadeia de saúde suplementar fenômenos de overuse e underuse. Estamos trabalhando em parceria com outras empresas do setor para criar formas de coibir essas práticas, fomentar a eficiência, aumentar a precisão e evitar os desperdícios dentro da assistência médico-hospitalar.

Abramed em foco: O Sírio-Libanês tem altos investimentos em medicina preventiva, correto? Como vê o papel da medicina diagnóstica, dentro dos hospitais, para garantir uma atenção primária eficiente?

Paulo Chapchap: A atenção primária, no papel do médico de família, é fundamental para orientar o paciente no atendimento básico. Esse médico acompanha o paciente e seu momento de vida, conhece seu histórico e sabe quando é a hora adequada de solicitar exames e quais precisam ser solicitados.  Isso ajuda a aumentar a pertinência do atendimento e evitar desperdícios. Quanto à medicina diagnóstica nos hospitais, deve atuar de forma a integrar dados dos atendimentos ambulatoriais para fornecer insumos ao bom atendimento dos pacientes em todos os pontos da sua jornada ao longo das linhas de cuidado.

Abramed em foco: Firmar parcerias – como por exemplo a parceria que o Sírio-Libanês tem com o Grupo Fleury – é, ao seu ver, um dos caminhos para otimizar custos e garantir melhor acesso da população à toda gama de exames?

Paulo Chapchap: O Grupo Fleury e o Sírio-Libanês são parceiros de longa data, há mais de dez anos, e em várias frentes, como assistência, ensino e pesquisa. Há uma troca de conhecimento entre as duas organizações, permitindo uma melhoria contínua no seu atendimento e atualização constante das equipes técnicas. Atualmente, a parceria está atingindo patamares mais elevados de maturidade, com projetos de atenção primária de saúde e integração de dados diagnósticos e assistenciais.

Abramed em foco: Acredita que o fortalecimento do setor de diagnósticos está diretamente atrelado à inovação tecnológica?

Paulo Chapchap: A inovação é fundamental para a entrega de mais valor ao paciente por parte do setor de diagnósticos. Estudar novas aplicações e avaliar interpretações inovadoras fazem parte desse processo, que está atrelado ao conhecimento científico e ao desenvolvimento de novas tecnologias. É a combinação de conhecimento e tecnologia que promoverá a inovação que impactará a saúde do futuro. Nosso trabalho no Sírio-Libanês é justamente compartilhar nosso conhecimento para fomentar toda a cadeia.

Abramed em foco: Ao seu ver, qual a importância de a Abramed ser uma associação que reúne todos os players do setor, desde grandes hospitais até mesmo pequenos laboratórios?  

Paulo Chapchap: Muito grande. Toda e qualquer área de medicina diagnóstica está intrinsicamente ligada à assistência médica. Não existe uma sem a outra. O objetivo de trabalhar pelo paciente é o mesmo, seja em um grande hospital ou num laboratório pequeno. Convivemos num ecossistema cujo objetivo final é sempre o mesmo: promover a saúde. A Abramed promove interações fundamentais para a saúde dos sistemas de saúde.

Abramed em foco: Por que é tão importante que o setor esteja unido?

Paulo Chapchap: Há muitas coisas que sabemos separados e que podemos amplificar quando estamos juntos. Um setor unido é um setor que amplifica seu pleito a fim de alcançar os objetivos de todos, um bem comum para toda a sociedade.

Abramed em foco: E o que o Hospital Sírio-Libanês espera da Abramed como associação para vencer todos os desafios do segmento?

Paulo Chapchap: A Abramed tem um papel fundamental em falar com todo o setor a fim de alcançar uma sinergia que beneficie a população e promova uma sociedade mais saudável. Além disso, tem se credenciado como a guardiã dos valores éticos e da qualidade da medicina diagnóstico do Brasil.

A vitrine da saúde – Aquisições que movimentam (e qualificam) o mercado

Maio de 2019

* Por Lídia Abdalla

Assistindo a um processo de consolidação, o setor de saúde brasileiro experimenta desde o início dos anos 2000 um movimento direcionado a inúmeras fusões e aquisições que, com o passar do tempo, ganha ainda mais força.

Podemos enxergar que essa é uma tendência mundial, visto que a área de saúde e ciências da vida vem despertando interesse de investidores de forma global. Segundo relatório divulgado pela Mergermarket consolidando as fusões e aquisições da área de pharma, medical & biotech, o primeiro semestre de 2018 superou todos os registros desde 2001. Segundo a publicação, o setor formalizou entre janeiro e junho de 2018 um total de US$ 221,6 bilhões em fusões e aquisições. Esse dado representa 11,3% no mercado mundial de transações. No mesmo período de 2017 a representatividade do setor no montante mundial era de 8,5%.

Especialmente no Brasil, a área de medicina diagnóstica é uma das que mais apresentam crescimento em aquisições nos últimos tempos. Somente em 2018 podemos destacar três grandes transações. Além da aquisição de 100% da brasileira Medical Medicina Laboratorial e Diagnóstica, em São Caetano do Sul, pelo Sabin, o Dasa adquiriu a ValeClin, laboratório de análises clínicas de São José dos Campos, no interior de São Paulo; e o Fleury concluiu o processo de aquisição total da Newscan, controladora da Lafe Serviços Médicos.

Ao estudar esse mercado, podemos observar um relatório publicado pela PWC Brasil que coloca a área de serviços de saúde no top 5 dos setores com maior preferência de investimentos, visto que somente em 2017 foram anunciadas 33 transações e, em 2018, esse número subiu para 43 – um crescimento real de 30%.

Tratando especificamente do subsetor de hospitais e laboratórios, um relatório da KPMG aponta que as fusões e aquisições desse segmento vêm crescendo com o passar dos anos. Uma análise histórica por eles publicada considera 9 transações realizadas em 2014; 15 processos concluídos em 2015; 31 negociações finalizadas em 2016; e 50 transações de fusões e aquisições feitas dentro do segmento em 2017, dado mais alto desde 1998, quando a consultoria iniciou as análises.

Com tantos movimentos indicativos de transações, o cenário de saúde alinha-se à expectativa positiva de uma retomada gradual de crescimento econômico no país, que deve ganhar mais força após a aprovação das reformas que seguem em discussão no governo.

Concretizada essa expectativa, as empresas ganham fôlego para investir e contratar; a taxa de desemprego entra em declínio ao mesmo tempo que as operadoras de saúde ganham novos beneficiários. Isso devido ao fato de que a ANS afirma que 67% dos planos de assistência médica em vigor hoje no país são coletivos empresariais, ou seja, entram no quadro de benefícios ofertados pelas empresas aos seus funcionários.

E chegamos a um ciclo virtuoso no qual todo o sistema de saúde brasileiro ganha. Considerando que saúde pública e saúde suplementar – como o próprio nome já diz – não são sistemas concorrentes, mas sim complementares em busca do objetivo único, que é oferecer atendimento de qualidade a todos os mais de 210 milhões de habitantes da nação, os processos de fusões e aquisições que deverão começar a ser desenhados após a firmeza de um crescimento econômico prometem melhorias diretas também para os pacientes.

Transações como essas já mencionadas resultam em ganhos de eficiência nas instituições. A escalabilidade promovida dentro desses processos de consolidação reduz os custos operacionais e permite maior investimento em gestão, qualificação dos colaboradores e em novas tecnologias.

Além disso, regiões mais afastadas dos grandes centros começam a perceber melhorias reais na qualidade do atendimento prestado ao paciente. Laboratórios que investem em processos de fusões e aquisições trabalhando focados no interior do país, por exemplo, conseguem levar uma qualidade assistencial a cidades que antes nunca tiveram acesso a determinados tipos de serviços.

E, quando falamos em um ciclo virtuoso, não podemos deixar a inovação tecnológica de fora desse movimento. O ganho de escala leva a novas possibilidades de investimento em pesquisa, desenvolvimento e inovação; por sua vez, os investidores, nacionais ou internacionais, além de se sentirem atraídos por um sistema de saúde capaz de atender uma das mais densas populações do mundo, também estão atentos às marcas que são capazes de incorporar tecnologias como inteligência artificial e big data para melhorar os processos de saúde com base em mais eficiência e maior transparência.

É um movimento que deve se fortalecer com o tempo, visto que empresas brasileiras já entendem a importância de apostar em ferramentas de gestão que levam a ganhos de eficiência, reduzem custos e garantem a manutenção do paciente no centro do cuidado. É absorvendo de forma rápida e inteligente as novidades tecnológicas que a saúde brasileira conseguirá construir um mercado a cada dia mais assertivo, indispensável e interessante para investimentos.

* Lídia Abdalla é CEO do Grupo Sabin e membro do Conselho Deliberativo da Abramed