Desafios e possíveis ações para melhorar a saúde frente ao cenário econômico atual são temas do FILIS 2022

O orçamento público federal, a racionalidade no uso de recursos, a atenção primária, a tecnologia, a importância dos dados e da infraestrutura e a logística estiveram entre os temas abordados por lideranças internacionais e nacionais da saúde no módulo econômico do evento

Debater os principais desafios e obstáculos econômicos que permeiam o setor de saúde foi o objetivo de um dos painéis que aconteceram durante a sexta edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), promovido pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). Mediado pelo jornalista Sidney Rezende, o debate intitulado “Obstáculos econômicos frente aos desafios atuais” contou com a participação de Patricia Frossard, presidente Brasil da Philips; Roberto Santoro, CEO do Grupo Pardini; Maureen Lewis, CEO da Aceso Global; e Arthur Aguillar, diretor de Políticas Públicas do Instituto de Estudos para Políticas de Saúde (IEPS). O objetivo foi reunir diferentes visões sobre os pontos a serem observados e os aspectos do cenário econômico que podem ajudar a solucionar os principais desafios da saúde.

A saúde está em foco e a pandemia escancarou muitos obstáculos que até então estavam velados. Esse cenário, de acordo com Patricia, demanda discussões mais profundas sobre os entraves que permeiam o setor e por uma necessidade de os participantes da cadeia unirem-se em prol do paciente. A junção de esforços dos setores público, privado e da própria sociedade são, para ela, fundamentais, assim como os investimentos no engajamento do paciente e em PPPs (parcerias público-privadas), que, além de permitirem a consolidação de indicadores (KPIs), ajudam na redução de custos, no ganho de escala e no aprimoramento da efetividade no cuidado com o paciente.

“Pecamos na comunicação de massa para ensinar o paciente sobre quando ele deve procurar o hospital, em que momento ele tem que se submeter a um procedimento, entre outros. Embora eu veja essa consciência naturalmente acontecendo por conta da pandemia. Ainda esquecemos do paciente e de sua educação.”

Trazendo para o contexto da indústria, ela apontou a necessidade de solucionar o desafio de acompanhar o avanço, atender bem o paciente, com qualidade e, ao mesmo tempo, a baixo custo. Por isso, cada vez mais os produtos desenvolvidos consideram acompanhar toda a jornada do paciente, desde a entrada na recepção do serviço de saúde até o procedimento de diagnóstico, o tratamento e, eventualmente, o home care.

“Quando conseguimos participar de todo esse processo, conseguimos ajudar os hospitais e laboratórios a fazer uma gestão melhor de toda a sua cadeia, de forma que eles tenham menos perdas, seja de tempo, seja repetição de exames”, enfatizou Patricia.

A sofisticação das tecnologias, como a inteligência artificial, que ajuda a aprimorar o diagnóstico, também é útil e emerge como parte importante nessa busca da transformação. “Os gargalos existem, mas contamos com a IA, por exemplo, para melhorar a eficiência. Isso ainda é algo embrionário e que pode ser muito explorado, principalmente no que diz respeito ao diagnóstico.”

Do âmbito de políticas públicas, o diretor do  IEPS contextualizou que trazer a lente da economia, considerar a evidência empírica em políticas públicas para compreender os desafios do SUS e tentar resolvê-los da melhor maneira possível são objetivos da instituição. Para ele, ampliar o orçamento público de saúde, fazer melhor uso desses recursos e identificar possíveis fontes de origem desse incremento de receita, sobretudo em um momento como o atual, em que o cenário fiscal do país está complexo, são prioridades. “Seria irresponsável falar de mais gastos públicos, sem esclarecer como podemos fazer isso”, ressaltou.

Outro desafio apontado por Aguillar está em direcionar os investimentos à atenção primária, que, segundo ele, é mais custo-efetivo na saúde pública: “Na estratégia de saúde da família, que é uma política reconhecida, premiada e com as melhores evidências em periódicos científicos, mas que parou de crescer nos últimos oito anos, depois de um aumento de cobertura sistemático desde os anos 1990.

Usando como base uma nota técnica publicada pelo IEPS, que analisou o projeto de lei orçamentária para 2022, o especialista explicou que, olhando o orçamento público federal em saúde e descontando os gastos com a covid-19, trata-se do menor orçamento em dez anos para o setor. Além disso, o gasto em atenção primária está praticamente estabilizado, mesmo tendo um incremento importante da população nesse período. O outro ponto destacado é que o nível de investimento do governo caiu 70%.

“Nosso sistema de saúde tem diversas pressões de demanda, inflação médica, represamento de serviços advindos da covid-19, envelhecimento da população, afinal estamos em plena transição democrática, com um sistema que não está mudando seu patamar de financiamento. Temos também um momento muito complicado fiscal.”

Exatamente por esses motivos, o IEPS, na Agenda Mais SUS – documento da instituição para a eleição presidencial, propõe uma trajetória incremental do aumento de gastos públicos com saúde, saltando de 3,95% para 5% do PIB até 2026. Essa meta é considerada por ele exequível, quando observada a estrutura do orçamento. A saída apontada está em introduzir medidas para reduzir ou eliminar renúncias fiscais que o setor apresenta. Em 2018, o montante foi de 50 bilhões de reais, e, desse total, 26 bilhões em renúncias de imposto de renda das pessoas físicas e jurídicas. No caso da pessoa física, 80% desse montante está relacionado a 10% da parcela mais rica da população. “Parar de subsidiar a saúde das pessoas mais abastadas na saúde suplementar e colocar esses recursos no sistema público de saúde talvez seja o primeiro passo.”

A segunda ação proposta é olhar para outros entes de governo. Ele citou o exemplo do Ceará, que acabou de triplicar a parte do ICMS repassada para os municípios, condicionando tudo ao valor agregado e aos resultados obtidos. Também faz parte das proposições olhar para todos os bens e serviços que fazem mal para a saúde e aumentar a tributação desses setores para financiar a saúde pública. É o caso de bebidas açucaradas, alimentos ultraprocessados, álcool e tabaco.

O CEO do Grupo Pardini, organização presente em diferentes regiões, apontou questões de infraestrutura como um obstáculo, que inclusive está diretamente relacionado à logística, um problema na saúde de forma geral no Brasil. É preciso solucionar essas questões e aumentar a capacidade de transitar, como no caso da instituição, exames laboratoriais, e não os clientes, solucionando uma questão importante, que é dar acesso a exames cada vez mais especializados e de qualidade, em localidades remotas.

“Se um recém-nascido nas entranhas maranhenses precisa de um diagnóstico de uma doença rara, isso tem que ser feito de uma forma rápida. Mas não lá. Tem que ser transportado para e por um laboratório de referência que forneça essa solução imediata. Quando olhamos para o quesito infraestrutura, é extremamente importante saber como se pode prover isso”, ressaltou.

Santoro reforçou não só a ideia colocada por outros participantes, que é a necessidade do foco em atenção primária no sistema de saúde, como também a relevância da medicina diagnóstica nesse contexto. “Hoje o setor representa 20% dos gastos na saúde suplementar. Mas, se associada à atenção primária, ela é muito mais resolutiva. O volume de exames feitos na rede pública equipara-se ao da saúde privada. Os exames estão acontecendo, mas sem ligação com atenção primária. Se formos falar em economia, gastos com hospitalização e outros custos também evitáveis, é preciso dar mais visibilidade à medicina diagnóstica. Penso que, inclusive, os resultados disso precisam ser medidos”, explica.

A necessidade de se rediscutir o modelo de saúde, a exemplo do que aconteceu na criação do SUS, é também uma urgência apontada pelo executivo, assim como a inclusão digital, que, apesar dos avanços, segue sendo uma barreira. Em sua fala ao longo do debate, Santoro também enfatizou várias vezes a necessidade de preparar profissionais, inclusive para lidar com as tecnologias, e de ser criada uma trilha de carreira para os profissionais no sistema público de saúde. “Esse é um momento adequado de realizar uma nova discussão setorial, fomentada pelo governo para podermos realmente atingir um novo patamar. Nenhuma transformação de saúde acontecerá sem transformação digital e utilização de tecnologia.”

Trazendo a visão internacional desses desafios, Maureen acredita que a carência do uso de dados para embasar a gestão, assegurar a qualidade e melhorar a eficiência deve ser prioridade quando o assunto é saúde. Existe a necessidade de um novo enfoque em qualidade, tema que está diretamente relacionado, segundo ela, a todos os outros desafios apontados durante o debate. “Dados são importantes para saber como tudo está funcionando e o que deveria ser mudado. Não se pode alcançar qualidade sem isso”, explica.

A própria configuração da saúde no Brasil foi salientada como um ponto de atenção, pois não há integração entre os sistemas público e privado e também dos serviços. Em sua concepção, o cenário ideal não seria falar de quem está prestando o serviço, e sim do resultado alcançado. Essa descentralização do cuidado e a existência de uma série de atores fazem o paciente se perder em sua jornada por não saber o que deve fazer.

“A gestão é fraca tanto na saúde suplementar como no sistema público. O uso de dados e os ajustes que eles permitem são fundamentais para a saúde de forma geral. Isso é muito interessante para acompanhar se houve melhora e para criar políticas. O tempo é agora e existe uma abertura para as PPPs, inédita, que é bastante animadora. Lembrando que o Brasil está à frente dos países emergentes”, enfatiza.

Maureen também trouxe a necessidade de se pensar em aspectos que ajudem a melhorar a eficiência e a qualidade do atendimento, apontando mais uma vez a atenção primária e a prevenção como caminhos bem-sucedidos.

A CEO da Aceso Global também foi palestrante no sexto FILIS. Confira aqui a matéria sobre sua apresentação.

Abramed realiza 6º Fórum Internacional de Lideranças da Saúde – FILIS

Em seu retorno ao formato presencial, evento aconteceu no dia 24 de agosto, em São Paulo, e apresentou os novos Conselhos de Administração e Fiscal da entidade

A sexta edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), evento promovido pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), foi realizada no último dia 24 de agosto, no Teatro Santander, em São Paulo, reunindo mais de 450 participantes que acompanharam ao vivo o evento, sendo uma parte por transmissão remota através de uma plataforma customizada. Esse foi o retorno do FILIS ao formato presencial após um hiato de dois anos, em função da pandemia de covid-19.

Desde a primeira edição, em 2016, o Fórum se tornou referência de inovação e compartilhamento de experiências entre as lideranças que compõem a cadeia da saúde. Em 2022, trouxe como macrotema “A Medicina Diagnóstica na Disrupção da Saúde”, em uma programação composta de três módulos com debates abordando aspectos político-regulatórios, econômicos e de inovação e futuro. Além disso, contou com a participação de dois palestrantes internacionais: a CEO da Aceso Global, Maureen Lewis, e o líder de mercado em Soluções de Saúde e Ciências da Vida nas Américas do Google Cloud, Esteban López.

A abertura foi conduzida pela diretora-executiva da Abramed, Milva Pagano. Ela celebrou o reencontro e agradeceu a confiança e o apoio inconteste de associados e não associados em prol da troca de conhecimento e informações qualificadas. “É uma emoção e felicidade estarmos aqui hoje, reunidos presencialmente. No ano passado, fizemos a nossa primeira edição remota que foi um desafio, mas também uma surpresa muito gratificante, pois tivemos ampla participação e engajamento. De qualquer forma, a tecnologia, por melhor que seja, não substitui a riqueza deste momento, do presencial, da conexão, da troca. É muito bom estarmos aqui. Agradeço a todos a confiança, o apoio, a possibilidade deste encontro”, discursou Milva.

Na ocasião, a diretora-executiva apresentou ao setor os membros que irão compor os Conselhos de Administração e Fiscal da Abramed pelos próximos três anos. A eleição dos nomes ocorreu no mês de agosto e foram empossados em jantar realizado na noite anterior ao 6º FILIS. Wilson Shcolnik foi reconduzido à presidência do Conselho de Administração e Cesar Higa Nomura assumiu a vice-presidência. Os demais membros nomeados são Ademar Paes Junior, Carlos Figueiredo, Claudia Cohn, Eliezer Silva e Lídia Abdala. O Conselho Fiscal da próxima gestão é formado por Caio Duarte, Guilherme Colares e Isadora Bittar.

Em seu discurso, Shcolnik reiterou a alegria do encontro presencial e lembrou que a pandemia de covid-19 não reprimiu os serviços de medicina diagnóstica, pelo contrário. O segmento foi alçado a um protagonismo poucas vezes observado, dada a importância que os exames de diagnóstico tiveram nesse período de emergência sanitária, contribuindo para confirmar infecções agudas, proporcionar informações sobre a gravidade da doença, na identificação de variantes do vírus e na avaliação de resposta vacinal.

“Capacitamos nossas equipes, adaptamos nossa infraestrutura, nossos processos e inovamos com drive thru; aumentamos os atendimentos domiciliares e não abandonamos os pacientes que precisavam tratar também de outras doenças. As empresas associadas à Abramed foram solidárias e muitas delas contribuíram com atendimento na área pública, o nosso famoso Sistema Único de Saúde (SUS). E a entidade não parou. Graças aos nossos colaboradores, continuamos realizando inúmeras atividades”, frisou o presidente do Conselho de Administração.

Shcolnik destacou o apoio oferecido aos associados na interlocução com diretores da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que muito contribuíram para a liberação de reagentes e de kits que proporcionaram a realização dos exames de covid-19; assim como ressaltou os diálogos com diretores da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que possibilitaram a incorporação dos exames de covid-19 no rol de cobertura obrigatória; além disso, outros biomarcadores para monitoramento de gravidade da doença em doentes hospitalizados foram igualmente incorporados. O presidente ainda mencionou a cooperação da entidade para possibilitar a transmissão de resultados de exames para a rede nacional de dados em saúde, possibilitando, dessa maneira, ao Ministério da Saúde monitorar epidemiologicamente o que se passava durante a pandemia.

“Tivemos um apoio permanente de entidades do nosso setor, sociedades médicas e da indústria, que nos apoiou em muitas iniciativas; mantivemos as reuniões periódicas dos nossos comitês e, como somos uma entidade empresarial, foi durante a pandemia que criamos mais um comitê em linha com a modernidade, o Comitê de ESG, que já está com projetos muito interessantes”, disse Shcolnik sobre a atuação da Abramed nos últimos anos.

“A medicina diagnóstica cada vez mais se complementa, contribuindo para a promoção da saúde, a prevenção e o gerenciamento de doenças. Já temos recursos para, hoje, indicar tratamentos personalizados. O segmento segue em frente, consciente da sua importância para os sistemas de saúde brasileiros”, concluiu o presidente do Conselho de Administração da Abramed na cerimônia de abertura.

“Canal de Denúncias e Compliance na Saúde” é tema de discussão em #DiálogosDigitais Abramed 2022

Evento digital contou com a participação de especialistas da área que abordaram o assédio nas instituições de saúde; a importância do canal de denúncias; novas tecnologias na área; entre outros.

No último dia 26 de julho, a série #DiálogosDigitais discutiu o tema “Canal de Denúncias e Compliance na Saúde”, com participação da sócia-fundadora da Flesch Advogados, Esther Flesch; o diretor executivo da Aliant – Plataforma de Riscos, Ética e Compliance do Grupo ICTS, Maurício Fiss; e a diretora de Riscos, Auditoria e Compliance no Hospital Albert Einstein, Viviane Miranda. A moderação foi da superintendente Jurídico e de Compliance na Dasa e diretora do Comitê de Governança, Ética e Compliance da Abramed, Walquiria Favero.

Segundo relatório da Aliant, a retomada do mercado de trabalho para o modelo presencial após a diminuição das restrições da pandemia acarretou um aumento de 18% no registro de denúncias de assédio em 2021 em relação a 2020. Para Maurício, apesar do crescimento, o número mostra uma maior conscientização, ou seja, comportamentos considerados “normais” não são mais vistos dessa forma e são denunciados.

O canal de denúncias é uma ferramenta importante para lidar com a questão, desde que realmente funcione e ofereça segurança ao denunciante. “Saber que serão levadas a sério, que não sofrerão retaliação e que receberão algum feedback faz as pessoas não terem medo de denunciar. Essa é a dica inicial para as empresas implementarem um canal de denúncia efetivo”, acrescentou Esther.

As companhias precisam ter processos bem estabelecidos para que as investigações sigam sem negligências. No caso de envolvimento com a alta direção e em assuntos sensíveis à organização, é importante recorrer a terceiros, para não haver constrangimentos e garantir a credibilidade no processo.

Viviane Miranda acrescenta que, no caso de assédio, seja moral, sexual ou discriminatório, o ideal é ter uma comissão de apuração permanente que se reúna com periodicidade para tratar de casos que envolvam qualquer colaborador. “No Einstein, conversamos com o denunciado e o denunciante e fazemos entrevistas com pessoas da área envolvida, para identificar as evidências. Após a apuração, é decidido qual medida educativa ou disciplinar é adequada, que pode ser demissão por justa causa, necessidade de coaching, alinhamento ou mudança de área. Planos de ações não faltam para mitigar as questões de assédio na instituição”, contou.

Todos que atuam na instituição são agentes de compliance e devem evitar que o assédio aconteça. “É preciso treinar, educar e agir. Temos visto muitas evoluções significativas. O mercado está amadurecendo”, acrescentou Viviane.

Walquiria aproveitou para deixar a mensagem para que as instituições reforcem as campanhas de conscientização e a cultura da organização, a fim de que todos cooperem com o sistema de retaliação a esse tipo de comportamento. “O comitê precisa dar respostas rápidas, sérias e idôneas ao denunciante e proteger a integridade da empresa, especialmente na relação médico e paciente”, ressaltou.

Sobre as mudanças referentes ao Decreto 11.129/2022, que entrou em vigor em 18 de julho de 2022, regulamentando a Lei Anticorrupção Brasileira (12.846, de 1º de agosto de 2013), Esther comenta que o decreto tornou necessário ter um mecanismo de tratamento de denúncias. “Não basta apenas implantar um canal de denúncias, elas precisam ser levadas a fundo. Algumas podem ser inconsistentes, mas todas devem ser investigadas para realmente confirmar se são reais”, explica a sócia-fundadora da Flesch Advogados.

Ela ainda destaca que, quando a empresa tem uma boa cultura, isso é transmitido aos colaboradores. No caso de contratação de terceiros, a recomendação é que seja feita uma due diligence (diligência prévia) para conhecer esse colaborador e saber se seus valores estão alinhados aos da empresa. 

Outro ponto fundamental citado por Esther é a documentação dos passos de compliance tomados pela companhia, a fim de comprovar o que se alega. “Há muita maquiagem sobre as ações executadas e isso é preocupante, pois geralmente envolve ganhos financeiros e vantagens. É mais importante documentar o que tem sido feito do que alardear o que não foi executado ainda”, finalizou.

Para os laboratórios pequenos que querem implantar ações de compliance, a diretora de Riscos, Auditoria e Compliance no Hospital Albert Einstein sugere começar com um mapeamento de riscos, analisando os pontos que podem comprometer os objetivos estratégicos da empresa. “Classifique os riscos em altos, médios e baixos e, a partir desse diagnóstico, escreva um manual de ética com os principais temas que vão direcionar o comportamento ético dos colaboradores. Importante, aqui, já ter um canal de denúncia. Conforme a evolução do programa, a área de compliance vai crescendo também”, disse, lembrando que a área precisa ter autonomia e apoio da alta administração.

Tecnologia

Sobre as tecnologias que apoiam a área de compliance, Maurício citou duas categorias. As tecnologias reativas, que são aquelas que permitem recuperar conversas apagadas por redes sociais ou apps, as que monitoram palavras-chaves em mensagens trocadas, além das câmeras de vigilância. E as tecnologias preventivas, que permitem detectar algo, como assédio, antes mesmo de acontecer, por meio de machine learning. As denúncias são classificadas em tipologias e identificadas automaticamente pelo sistema. “Também é possível identificar e traçar o perfil de um colaborador, por exemplo, monitorando suas interações nas redes sociais, possibilitando trabalhar a conscientização diretamente com ele”, destacou. 

O episódio “Canal de Denúncias e Compliance na Saúde” pode ser visto na íntegra no canal do YouTube da Abramed, clicando neste link.

Sobre #DiálogosDigitais Abramed

Lançada pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) em 2020, período em que os eventos presenciais foram cancelados por conta da pandemia de Covid-19, a série #DiálogosDigitais Abramed trouxe uma sequência de bate-papos online com o propósito de manter o diálogo entre os diversos atores da cadeia de saúde, contribuindo para o desenvolvimento do setor no Brasil.

Abramed participará do 51° Congresso Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem

Associação estará presente com estande institucional e painel de conteúdo no evento, que acontece de 1º a 3 de setembro, em Florianópolis

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) marcará presença no 51º Congresso Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR22), que acontecerá de 1º a 3 de setembro, no CentroSul, em Florianópolis/SC. A entidade promoverá um painel de conteúdo no dia 3, e participará com estande institucional em todos os dias do evento, que é organizado pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR).

Discutindo o tema “Tendências do Mercado de Saúde”, estarão Ademar Paes Junior, sócio da Clínica Imagem e membro do Conselho de Administração da Abramed; e Marcos Queiroz, Diretor de Medicina Diagnóstica do Hospital Israelita Albert Einstein, membro titular do Colégio Brasileiro de Radiologia, e diretor adjunto do Comitê Técnico de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed. A moderação será conjunta com a participação de Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed; e Luiz Ronan Souza, diretor do CBR.

A programação com participação da Abramed irá integrar o I Simpósio de Qualidade e Gestão de Clínicas do CBR, exclusivo para o segmento, com temas que abrangem práticas seguras para o cuidado centrado no paciente, tendências do mercado de saúde, estratégias e desempenho para os serviços de imagem. Serão 11 painéis com apresentação de metodologias, discussões e casos práticos de sucesso de renomadas instituições que contribuem para o conhecimento e a aplicação das melhores práticas de qualidade e gestão em serviços de radiologia e imagem.

A programação completa e o caminho para inscrições estão disponíveis em: https://congressocbr.com.br/cbr2022.

Sobre o evento

O 51º Congresso Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem traz como tema da edição 2022 “Um olhar mais atento”. Ao longo dos últimos anos, o CBR tem se tornado mais inclusivo e diverso, por isso a necessidade de pautar conexão, inclusão e diversidade na Radiologia visando ao futuro da especialidade.

Neste ano, as atividades do CBR22 estarão em um formato com maior integração e interatividade dos participantes. Palestrantes e congressistas contarão com diversas arenas, maratona, submissão de trabalhos, além de uma ampla e moderna área de exposição. A programação do evento abordará também as novidades mais relevantes da área com grandes especialistas nacionais e internacionais.

Inscreva-se no evento! Acesse: https://congressocbr.com.br/cbr2022.

Abramed participa de lançamento do Programa Einstein de Inovação em Biotecnologia

Iniciativa possibilitará a criação de ações com indústrias farmacêuticas, de dispositivos médicos e diagnósticos


No dia 4 de julho, o presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik, participou do Petit Comité para o lançamento oficial do Programa Einstein de Inovação em Biotecnologia, no Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein, em São Paulo (SP).

Estiveram presentes os executivos do Einstein: Sidney Klajner, presidente; Nelson Wolosker e Claudio Mifano, vice-presidentes; e Henrique Neves, CEO, que compartilharam a jornada da organização na escolha da biotecnologia em saúde como um guia de visão estratégica para os próximos anos.

O novo programa nasceu para apoiar iniciativas e possibilitar maior acesso à infraestrutura, aos insumos e a equipes profissionais com as quais se consiga produzir inovações em biotecnologia que sejam de fato transformadoras e tenham a possibilidades de chegar ao mercado mundial.

“O lançamento do Programa de Biotecnologia do Einstein representa importante iniciativa de estímulo à inovação em nosso país. Certamente trará bons frutos para a comunidade científica e para a população brasileira”, avalia Shcolnik.

Como parte dessa ação, o Einstein também anunciou uma nova unidade, a Eretz.bio biotech, para apoio a startups e empreendedores do setor de biotecnologia com foco em saúde. O novo braço contribuirá para o desenvolvimento de novas soluções diagnósticas, medicamentos e vacinas, além do fomento a pesquisas translacionais.

A sede da incubadora fica no Centro de Ensino e Pesquisa Albert Einstein – Campus Cecília e Abram Szajman, e estará em operação a partir deste mês de julho. A Eretz.bio biotech foca nas frentes de pesquisa translacional, empreendedorismo, incubação e aceleração em redes internacionais de colaboração. Todas elas poderão gerar iniciativas em conjunto com startups e empreendedores e cocriar produtos, além de promover transferência de conhecimento e tecnologia entre países. O programa possibilitará também a criação de ações com indústrias farmacêuticas, de dispositivos médicos e diagnósticos para desenvolvimento de novos produtos.

Os participantes do programa se beneficiarão da estrutura do novo Centro de Ensino e Pesquisa, com acesso aos laboratórios de alta tecnologia, como suporte para pesquisas e procedimentos. No local, há uma plataforma de “Salas Limpas”, que contribuirá para estudos pré-clínicos e clínicos. Além do novo Centro, o Programa contará com as estruturas dos Centros de Estudos pré-clínicos e da Academic Research Organization (ARO) do Einstein.

A rede de iniciativas internacionais para intercâmbio tecnológico é formada por países como Canadá, Estados Unidos, Reino Unido, Portugal, Espanha, Israel e Singapura. Ainda este ano, os acordos de cooperação poderão ser ampliados para outros locais da América Latina, China, Japão e Coreia do Sul.

“Laboratório do Futuro” foi tema do painel promovido pela Abramed, no 47º CBAC, em Fortaleza

Com experiências dos Grupos Dasa, Fleury e Sabin, foram mostradas novas dinâmicas que o conceito traz para a área de Análises Clínicas

As questões que permeiam o “Laboratório do Futuro”, com abordagens que trouxeram um olhar estratégico para portfólios e parcerias, laboratórios clínicos e ecossistema de saúde, bem como transformação digital, foram destaques na temática do painel promovido pela Abramed, durante o 47º Congresso Brasileiro de Análises Clínicas da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC), no dia 21 de junho, no Centro de Eventos do Ceará, em Fortaleza – CE.

Moderado por Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da entidade, o painel contou com a participação de Aline Amorim Martinez Ribeiro, Diretora no Grupo Fleury; Lídia Abdalla, CEO do Sabin Medicina Diagnóstica; e Linaldo Vilar Jr. – Diretor de Produção na Dasa.

A importância de debater esse tema na programação do congresso foi ressaltada por Luiz Fernando Barcelos, ex-presidente da SBAC. “Tratar sobre o Laboratório do Futuro faz-se necessário pela sua relevância no cenário atual do mercado de saúde, em constante evolução e, cada vez mais, voltado para as novas tecnologias”, destacou ele na abertura do painel.

Na sequência, Shcolnik fez seus agradecimentos e enalteceu a oportunidade de a Abramed, a convite da SBAC, participar pela primeira vez de um congresso de análises clínicas e poder, dessa forma, apresentar as atividades institucionais da associação, que foi criada há 11 anos com o objetivo de unir prestadores de serviços que atuam na área de Medicina Diagnóstica e são lideranças nesta área.

O presidente destacou que, devido a essa composição da Abramed, que conta com a participação significativa de empresas do setor, foi possível reunir, neste painel, participantes dos Grupos Dasa, Fleury e Sabin, associados da Abramed e protagonistas nesse tema, para mostrarem suas visões sobre o que está acontecendo em escala nacional. “Esses trabalhos respondem ao patamar que a Abramed atingiu por ser responsável por quase 60% dos exames que são realizados em saúde suplementar. Nesse nicho de mercado, alguns associados atuam também realizando exames na área pública, no Sistema Único de Saúde (SUS), através de convênios com prefeituras”, disse Shcolnik, compartilhando um panorama sobre as atividades da Abramed e seu quadro de associados.

Em termos de planejamento estratégico para 2022, informou ainda que a Abramed já tem aprovação para trazer à entidade laboratórios de pequeno e médio portes, ampliando as fronteiras na área da medicina diagnóstica.  Segundo ele, os objetivos da associação são modernos e, acima de tudo, visam debater temas de interesse do setor, promovendo um diálogo aberto, mas com uma característica que está vinculada aos tempos atuais em torno, principalmente, da ética.

“A Abramed tem um código de conduta e exige que seus associados o respeitem incondicionalmente. Sabemos que temos diversos desafios e estamos preparados para responder e atuar dia a dia a fim de superá-los com ética e transparência, especialmente no que tange aos exames de laboratório”, declarou.

Ele ainda fez considerações em torno de detalhes que estão sendo envolvidos na Reforma Tributária, que vai atingir prestadores de serviços de todos os portes e os diálogos que a entidade vem conduzindo para evitar possíveis penalidades ao setor, além de outros temas que interessam aos trabalhos da entidade e de seus associados nacionalmente, bem como os influenciam.

Em sua apresentação, o presidente falou especialmente sobre a forte atuação da Abramed na regulação do setor de Radiologia e destacou o trabalho em torno da Revisão da RDC 302, discutida pela associação com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em parceria com entidades como a SBAC, a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) e os Conselhos Federais de Farmácia, de Biomedicina e de Medicina. Ele finalizou explanando sobre as ações em torno da Agência Reguladora dos Planos de Saúde.

Destacou também que a Abramed atua de braços dados com as sociedades científicas. “Consideramos os trabalhos dessas organizações essenciais para a sobrevivência também do nosso setor e sua valorização. Portanto, além de parceria com a SBAC, atuamos com diversas outras entidades ligadas ao assunto”, diz.

Para Shcolnik, essas iniciativas dão o tom empreendedor da Abramed em seu pouco tempo de história, alimentando a disposição e o empenho da entidade para conduzir os trabalhos que ainda virão. Com isso, deu início às apresentações do painel convidando Linaldo Vilar Jr, que abordou o tema “Laboratório Clínico e Ecossistema de Saúde” e apresentou o modelo de saúde inteligente que busca integrar todo o setor de saúde para tratar de forma personalizada, contínua e preventiva ao longo da vida dos clientes.

“Olhar para a saúde e não para a doença é o objetivo do Dasa através da conexão com todos os entes que impactam o ecossistema da saúde e priorizando a inovação em nosso trabalho”, disse Vilar Jr.

O executivo destacou que a jornada da empresa não é fácil, é um processo longo, mas muito focado na prevenção, na promoção e na predição da saúde, embasado por um banco de dados robusto que permite toda a integração. “Ter esse ecossistema integrado não consiste só na infraestrutura ligada aos laboratórios e hospitais, mas em como conectá-los através de dados e como isso impacta também a jornada dos nossos pacientes e de todos os atores envolvidos, desde médicos até operadoras e parceiros em todo o Brasil”, informou.

Compartilhar esse trabalho com foco na inovação e em consonância com as premissas do conceito de Laboratório do Futuro é o grande diferencial do propósito da Dasa nesse setor, frisou o executivo ao apontar que a empresa busca conciliar a saúde que as pessoas desejam com a que o mundo precisa. “É uma realização diária que exige compromisso, eficiência, excelência e melhor experiência para o nosso paciente para alcançarmos a materialização do nosso trabalho”, descreveu. Vilar Jr. que fez, ainda, um breve relato sobre os três modelos de gestão adotados pela Dasa e os benefícios que propiciam para a empresa e seus clientes.

O painel contou também com o tema “Laboratório do futuro: um olhar estratégico para portfólio e parcerias”, ministrado por Aline Amorim Martinez Ribeiro. Ela apresentou a gestão estratégica conduzida pela empresa e seu portfólio de ações e parcerias que permitem a expansão da capilaridade no setor de investimentos em novos elos da cadeia da saúde, como ortopedia, oftalmologia, infusões de imunobiológicos e fertilidade.

A diretora do Grupo Fleury explorou a atuação da empresa na área de Lab to Lab. “Olhando para esse mercado no setor de medicina diagnóstica em 2021, conforme dados da Abramed, tivemos cerca de R$ 5 bilhões em exames diagnósticos feitos no sistema Lab to Lab e entendemos que é uma grande oportunidade de complementação de portfólio para os mais de 15 mil laboratórios espalhados em todo o território nacional”, informou.

Ela fez observações sobre as implicações no papel do paciente também no que concerne a esse trabalho e falou sobre a gestão do Grupo Fleury nas questões que envolvem as atividades de alta complexidade. “Conforme as nossas práticas internas, a gestão da complexidade exige o entendimento com o suporte transversal e da nossa equipe médica, que acompanha todo esse processo e suas diversas etapas, demandas e atores envolvidos”, observou.

“Transformação Digital no Laboratório Clínico” foi a pauta da palestra feita porLídia Abdalla, que destacou a representatividade da SBAC no país face à sua atuação em prol dos laboratórios clínicos no Brasil.

A CEO do Sabin abordou a importância da tecnologia, da inovação e da transformação digital ao longo da pandemia, em especial para o setor da saúde passar por ela e se reinventar. “Sem a tecnologia, certamente esses dois últimos anos teriam sido muito mais duros”, expressou.

A executiva contou sobre a estratégia de inovação adotada pelo Sabin nos últimos anos, com foco no propósito principal da companhia: inspirar e cuidar da saúde das pessoas, oferecendo prestação de serviços de saúde com excelência, entre outros valores adotados pela empresa desde 1999, quando implementaram o primeiro selo de qualidade do Sabin, em conformidade com a norma ISO 9001.  “Esses valores são revisados anualmente para atender à nossa estratégia de gestão e todo o desenvolvimento tecnológico que vem sendo construído ao longo dos anos. Assim, a inovação é parte do nosso DNA”, destacou, completando sobre as linhas de trabalho do Sabin em torno do tema e alguns resultados alcançados com a transformação digital onde a marca atua.

O painel foi finalizado com um debate entre os especialistas, que puderam discorrer sobre especificidades em torno da implementação do “Laboratório do Futuro” e demais informações importantes para o desenvolvimento das análises clínicas com base nesse conceito inovador.

Mais informações sobre a programação do 47º Congresso Brasileiro de Análises Clínicas da SBAC podem ser acessadas no link: www.sbac.org.br/cbac/.

Abramed contribui para discussão sobre legado da pandemia no Fórum Brasil Imune

Milva Pagano salientou a importância da atuação dos associados à entidade, que oferecem a vacina de maneira complementar

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) participou do Fórum Brasil Imune, evento online promovido pelo Instituto Lado a Lado pela Vida (LAL) nos dias 08 e 09 de junho.

A diretora-executiva da entidade, Milva Pagano, integrou o painel que discutiu os legados deixados pelo programa de imunização da covid-19, no dia 08. Compondo a mesa de debate também participaram Renato Kfouri, presidente do Departamento de Imunizações da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP); Renato Casarotti, presidente da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge); Lely Guzmán, especialista internacional em imunização da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) e da Organização Mundial da Saúde (OMS) no Brasil; Ana Karolina Marinho, médica do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP); e Ana Goretti Kalume Maranhão, pediatra do Programa Nacional de Imunizações (PNI). A presidente do LAL, Marlene Oliveira, participou juntamente com a jornalista Andressa Simonini, moderadora do debate.

A pandemia tornou o assunto vacinação comum entre familiares e amigos, então é preciso aproveitar esse interesse para aumentar a conscientização, já que o país passa por uma fase de baixa na cobertura vacinal.

“Acredito que, se algumas doenças estão voltando por falta de aderência ao programa de vacinação, todos temos nossa cota de responsabilidade. Por isso, é vital levarmos informações para a população em todas as frentes, tanto nas escolas quanto nas empresas. As palavras de ordem são educação e conscientização”, comentou Milva.

Sobre medicina diagnóstica, destacou a importância da atuação dos associados à Abramed, que oferecem a vacina de maneira complementar ao SUS. Citou, ainda, como o setor tem sido impactado por toda a transformação digital.

Destaques

A importância da integração entre o setor público e suplementar foi um dos temas apresentados. Para Cassarotti, da Abramge, as operadoras de saúde estão abertas e se sentirão honradas com essa parceria, porque sabem dos efeitos positivos para a saúde da população e para todo o sistema. “Poderemos participar de forma mais assertiva em prol do programa de imunização, porque é um benefício para todos”, disse.

Ana Goretti, do PNI, ressaltou a necessidade de investimento em três grandes campanhas: covid-19, influenza e sarampo. “Temos de aproveitar a experiência com a pandemia para trabalhar intensamente e recuperar o tempo perdido, a fim de que as vacinas cheguem principalmente a crianças e adolescentes.”

Sobre a questão da baixa cobertura de vacinação, Kfouri, da SBP, apontou que os motivos são diversos, de acordo com cada região. Por isso, são necessários estudos que avaliem essas razões, que podem ser falta de vacina, acesso, qualidade na informação, capacitação vacinal e, principalmente, falta de confiança da população.

“Não estamos sabendo passar informações de forma adequada, e a crítica é para todos. Se não tivermos a confiança das pessoas, será difícil a adesão. O caminho é duro, é difícil, mas precisa ser construído com informação de qualidade, usando as ferramentas digitais que os novos pais hoje utilizam, para que, de forma empática, possamos motivá-los a se vacinarem e vacinarem seus filhos”, comentou.

Lely, da OPAS e da OMS, lembrou que o PNI está prestes a comemorar 50 anos e que é necessário recuperar os bons resultados. “Temos de melhorar os números em toda a região pan-americana. Precisamos fortalecer políticas de vacinação para recuperação e construção de conhecimento e práticas especificamente voltadas aos trabalhadores de saúde, que garantem as boas práticas no processo.”

Além do desenvolvimento tecnológico, a pandemia trouxe como legado positivo a reflexão sobre pontos a fortalecer, como infraestrutura em saúde, ciência, cooperação e transdisciplinaridade, acrescentou Ana Karolina, da HC/FMUSP. “Nisso, o papel da comunicação é muito prioritário”, destacou.

No fim do debate, foi transmitido um vídeo produzido pelo LAL, que apresenta entrevistas com algumas pessoas sobre o que sabem a respeito de imunização e suas percepções.

A transmissão completa do evento no dia 8 de junho pode ser vista neste link.

Empresas devem ser protagonistas na promoção do cuidado integral dos seus colaboradores

Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, moderou o debate sobre promoção da saúde e Gestão de Pessoas no evento digital #ComMeet, na FISWeek

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) promoveu, no dia 3 de maio, durante o #ComMeets, um dos eventos digitais da FISWeek — encontro virtual que reúne lideranças, empresas e entidades para compartilhar conteúdos e experiências para transformar o ecossistema da saúde —, o painel Promoção da Saúde na Gestão de Pessoas.

Com a participação de Lucilene Costa, gerente de Saúde e Segurança Corporativa no Grupo Fleury e diretora do Comitê de RH da Abramed; Cesar Izique, gerente-executivo da Dasa e também membro do Comitê de RH da Abramed, e moderação da diretora-executiva da entidade, Milva Pagano, o debate destacou que as empresas vêm passando por um processo de transformação nos últimos anos no que se refere à gestão e promoção da saúde de seus colaboradores e beneficiários, acelerado ainda mais nos últimos dois anos pela pandemia de Covid-19.

Os especialistas ressaltaram que, por isso, cada vez mais é importante que as organizações sejam protagonistas do cuidado integral desses profissionais, inclusive de seus familiares, pensando no ecossistema da saúde como um bem maior.

“É importante que a empresa cuide dos seus colaboradores indo além da oferta de planos de saúde, completando esse ciclo com a gestão e a promoção da saúde, inclusive para haver o autocuidado”, afirmou Lucilene.

Para tanto, é fundamental um processo de mudança das instituições em que o ponto de partida deixe de ser a doença para dar lugar à saúde. Segundo Milva, trata-se de uma nova perspectiva em que as organizações passam a acompanhar de perto o histórico clínico dos seus colaboradores e fazer a coordenação do cuidado para que esses profissionais tenham mais qualidade de vida, ao mesmo tempo, em que sejam evitados desperdícios de recursos financeiros.

A resposta para esse desafio passa pela formação de ecossistemas. Na prática, é o desenvolvimento de soluções integradas que viabilizam enxergar todos os aspectos relacionados à saúde de cada indivíduo para fazer a efetiva coordenação de cuidados.

“É uma nova forma de observar a saúde, de maneira mais ampla, com atenção aos cuidados preventivos e preditivos, trabalhando com dados para evitar desperdícios, visto que o custo  hoje relacionado às doenças é altíssimo”, ponderou Izique, que salientou ser importante que se avalie também porque as pessoas estão precisando cuidar da saúde física e mental e como está a cultura de saúde dentro dessas organizações.

Na visão de Milva, a ideia da linha de cuidado no ecossistema, com a atuação primária, secundária e terciária efetivamente mostra essa transformação da saúde ocupacional e da medicina do trabalho, saindo da esfera meramente burocrática, muitas vezes de somente cumprir legislação, fazer exames admissionais e demissionais, para muito além.

“As empresas com a área da saúde ocupacional envolvida estão implantando os programas mais bem-sucedidos em gestão da saúde ou até mesmo liderando essas ações. Isso representa um forte indicador de sucesso nos programas de gestão de saúde corporativa”, afirmou a executiva.

O empoderamento das pessoas, enquanto pacientes, também foi destacado pela  diretora da Abramed.

“Hoje ele dialoga com o médico, discute os diagnósticos, ou seja, atua sob uma nova postura. Para nós, esse empoderamento representa vantagens e diversas oportunidades, pois estamos falando de pessoas e a pandemia revisitou a importância das pessoas, suas forças e fraquezas. Essa transformação pela qual o setor passa e que na saúde ocupacional também foi intensificada, trouxe mudanças positivas e vejo isso com bons olhos, como a telemedicina e a telessaúde, que com a eficácia dos atendimentos a distância, conseguiram promover a jornada do ciclo do cuidado com muito mais efetividade”, pontuou.

Saúde mental

Se hoje a saúde ocupacional tem uma atuação muito mais protagonista e relevante na gestão de saúde corporativa, liderando ou co-liderando a jornada do cuidado, também é necessário, segundo Milva, que as organizações estejam atentas às questões da saúde mental dos profissionais, pois antes mesmo do novo coronavírus já se vivia uma epidemia, com muitos afastamentos do trabalho em decorrência desse tipo de doença.

Saber como as pessoas estão sendo cuidadas nas corporações, com atenção ao tipo de ambiente, clima e cultura organizacionais ofertados, para identificar o que está adoecendo as pessoas, ou mantendo a saúde delas é papel da Gestão de Pessoas.

Para Lucilene, é muito importante a diretoria entender que os departamentos da empresa não são ilhas, que todas as informações recebidas a partir da operadora de plano de saúde, das gerências de RH, incluindo dados sobre turnover (taxa de rotatividade de funcionários), absenteísmo, presenteísmo e afastamento de trabalho, são necessárias para se entender como área de apoio.

“No Fleury, assim como em outras organizações, temos setores e negócios com as suas peculiaridades e entender que as necessidades de quem atua no laboratório, no administrativo, no home office, e no hospital diferem é fundamental. Essa delicadeza e pesquisa são importantes, assim como avaliar os dados com continuidade, pois darão insumos para analisar as necessidades de cada população. É entender no perfil epidemiológico qual é a sua população e criar programas específicos para ela, conforme o que precisa, inclusive com o olhar para a saúde mental”, explicou Lucilene.

É um trabalho dinâmico, segundo Izique, para entender se a linha do cuidado da sua população de colaboradores está no caminho certo. Ele ressaltou ser muito importante a integração entre a medicina assistencial, ocupacional e a segurança do trabalho, estruturas que não podem atuar em áreas e conceitos diferentes.

“A atuação do médico do Trabalho é relevante para direcionar as atuações nas companhias. Eles são os captadores das informações nos exames periódicos  para direcionar os cuidados que os colaboradores precisam”, justificou o gerente-executivo da Dasa.

Já para a segurança psicológica inclusive de líderes e gestores, ele informou ser preciso realizar treinamento e prepará-los para identificar quem está doente e necessita de acolhimento, por questionários, e contribuir para haver uma relação de confiança, algo tão importante em qualquer relação.

“Quando se  traz isso diminui-se turnover, absenteísmo, presenteísmo e de fato se consegue enxergar o cuidado que a empresa tem com o colaborador e com sua família”, finalizou Izique. 

Painel Abramed na JPR 2022 discute tendências do mercado de Saúde na visão de CEOs que atuam no setor

Entidade também participou com estande institucional que recebeu associados e parceiros durante os quatro dias de evento

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) esteve na 52ª Jornada Paulista de Radiologia (JPR), evento organizado pela Sociedade Paulista de Radiologia (SPR), que ocorreu entre os dias 28 de abril a 01 de maio, no Transamérica Expo Center, em São Paulo.

Em Painel promovido pela entidade e que compôs a programação oficial do evento, executivos discutiram as principais tendências do setor de medicina diagnóstica. O objetivo foi evidenciar os movimentos mais atuais, em curso em hospitais e em grupos de medicina diagnóstica e trazer subsídios para um maior entendimento do caminho para o qual o futuro aponta, especialmente na radiologia. 

Conduzida por Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, o bate-papo contou com a participação de Jeane Tsutsui, CEO do Grupo Fleury; Fernando Ganen, Diretor Geral do Hospital Sírio Libanês; e Lídia Abdalla, CEO do Grupo Sabin. Fragmentação do setor, digitalização, interoperabilidade, qualidade e a importância da educação continuada e da formação de profissionais foram tópicos abordados e apontados como desafios importantes pelos executivos.

“A JPR é um evento com foco em temas científicos e cumpre essa missão com muito brilhantismo. Mas, complementar a programação com discussões de cunho mercadológico, como a que estamos promovendo, é bastante importante para que os radiologistas conheçam o seu ambiente de trabalho”, iniciou Shcolnik, ao agradecer o espaço e também enfatizar a necessidade de que cada vez mais pautas como essas façam parte da grade de eventos para especialistas.

O setor de saúde, sem dúvidas, é um dos mais visados do ponto de vista de investimentos e de crescimento. Trata-se do 8º maior mercado de saúde globalmente, 6º mercado farmacêutico mundial e o 3º maior privado de saúde do mundo. São mais de 6,2 mil hospitais, 20 mil Centros de Diagnóstico e 300 mil entidades de saúde.

Entre os maiores desafios, segundo Ganen, que abriu o painel trazendo números sobre o setor, estão os movimentos cada vez mais intensificados de verticalização e consolidação e também um nível muito baixo de integração e conectividade. Tudo isso potencializado pela alta da inflação no pós-pandemia e pelo processo eleitoral para a Presidência da República e outros importantes cargos públicos. 

Fragmentação

A alta fragmentação do ecossistema, com múltiplas regiões, perfis diferentes de pagadores e provedores, foi também outro aspecto salientado por Ganen. Para ele, nesse cenário, é ainda mais importante para que o cuidado centrado no paciente seja o ponto inicial para qualquer discussão em saúde e que todos os stakeholders trabalhem em alinhamento. Sem isso, o sistema torna-se insustentável. “É preciso colocar a fonte pagadora, os contratantes da fonte pagadora e os prestadores de serviços para pensarem em soluções conjuntas e, desta forma, entregarem um melhor cuidado ao paciente”, enfatizou.

Segundo Jeane Tsutsui, esta fragmentação e a formação de diversos ecossistemas acaba atingindo todo setor de uma forma geral no Brasil. Mesmo quando se olha para o diagnóstico, os quatro maiores players do setor, correspondem a 30% do market share. A executiva lembrou durante a sua explanação que a própria jornada de cuidado do paciente é fragmentada e que, durante sua trajetória, não é incomum que o paciente se sinta perdido e seja deslocado de um local para outro, sem nenhuma conexão. Mas, destacou a importância da medicina diagnóstica tanto para integrar, como para respaldar todas essas etapas do cuidado.

“O diagnóstico está presente em todas as etapas do cuidado, seja na atenção primária ou no suporte para questões mais simples, até a alta complexidade. Ela acaba sendo a espinha dorsal. Por isso, ela traz uma vantagem: o paciente pode ser conduzido no cuidado na saúde, englobando o diagnóstico de uma maneira integrada e indo além, conseguindo completar a jornada de cuidado mesmo em um ambiente outpatient e com parcerias com hospitais de maior complexidade”.

A CEO do Grupo Sabin, Lidia Abdalla, também reforçou a ideia de o Brasil ser um país heterogêneo e com muitas diferenças de uma estrutura para outra. É evidente, na opinião da executiva, que olhar para a sustentabilidade do setor da saúde e também dos negócios para seguir sendo competitivo no mercado, seja algo complexo no atual cenário. Mas, atentou também para o fato que, embora essa estrutura traga os desafios da fragmentação, ela cria, em simultâneo, oportunidades para o setor e possibilidades de solucionar problemas que ocorrem já há algum tempo.

“Temos que estruturar novos serviços e inseri-los no fluxo para termos de fato uma presença maior na jornada do paciente, pensando em como podemos nos diferenciar e entregar mais valor ao cliente. A medicina diagnóstica tem uma característica muito importante, como já foi dito, e não podemos deixar de lado esse foco central: tudo começa por ela e tudo continuará passando independente do modelo verticalizado ou de consolidações.”, enfatizou Lídia. 

Ainda sobre a crucialidade do setor de medicina diagnóstica, o presidente do Conselho de Administração da Abramed, reforçou o seu papel na prevenção, que, no que lhe concerne, é ainda uma forte aliada para a redução dos custos totais na saúde. “Um diagnóstico errado, compromete todos os passos que se sucedem no cuidado à saúde. A medicina diagnóstica pode contribuir muito para trazer eficiência ao sistema de saúde. E, o nosso desafio é comprovar isso”, complementa Shcolnik.

Interoperabilidade

Emendando o tema aumento de eficiência, os CEOs foram indagados a respeito da importância da digitalização e da interoperabilidade nesse sentido. A inovação e o uso da tecnologia foram apontados como inegociáveis para o setor de radiologia, em especial com a chegada do 5G, inteligência artificial, entre outros avanços. Os radiologistas são afeitos a tecnologias e em alguns casos pioneiros em sua utilização. Muitos aspectos relacionados à digitalização e à interoperabilidade na saúde começam na medicina diagnóstica, área onde também muitos dados médicos são gerados. Inclusive, elas já são uma realidade e devem ser pensadas para agregar valor aos negócios e aos pacientes, sempre considerando os aspectos relacionados à segurança.

Porém, Lídia Abdalla, chamou a atenção para um ponto, enfatizando que existe uma certa ambiguidade nesse tema: de um lado a necessidade e do outro, a manutenção da privacidade. Ter dados e informações integradas de todos os exames, sejam eles de análises clínicas ou de imagem, é uma tendência. Como solução, a LGPD emerge como algo bastante positivo que norteia como trabalhar essa questão do compartilhamento de dados e destacou ainda que “muitas pessoas falam que a interoperabilidade é complicada e ela é. Mas, ela acontecerá de qualquer forma”, ressalta a executiva.

Fora a adequação, Jeane, apontou que a tecnologia tem que ser usada a favor da medicina e da prática médica para aumentar a produtividade. Segundo a presidente do Grupo Fleury, isso é crucial em um país de muita carência em saúde e de sobrecarga de trabalho.  “Existe diferença entre teoria e prática e uma lacuna grande entre o que é possível e o que é necessário. É importante pensar em como fazer isso, na prática. Olhando o futuro, o equilíbrio está em nossas mãos, e precisamos incorporar a tecnologia, porque o mundo será cada vez mais digital. Se somos organizações focadas no cliente, temos por obrigação aderir ao digital, pois isso já faz parte da vida dele e a área da saúde também pede isso”.

Porém, Ganen ressaltou que a despeito da tecnologia ser crucial, a humanização segue sendo um fator de extrema importância. “Diante de um achado crítico, por exemplo, é importante que o radiologista pegue esse exame e vá até à sala ao lado discutir esse caso com o seu colega. Isso muda a vida do paciente. Falo isso como clínico e não como gestor”.

A mudança nos modelos de remuneração e a continuidade ou não do modelo fee service também foram abordados durante a discussão. E, os painelistas chegaram à conclusão de que a complexidade da saúde não permite que se tenha um único modelo. O setor está tentando buscar alternativas sustentáveis, mas o fator crítico de sucesso desse negócio é ter pessoas preparadas, capacitadas e sendo desenvolvidas continuamente. Por isso, qualidade e educação continuada também foram aspectos abordados pelos CEOs durante diversos momentos do painel.

“O paciente é dono de seus dados e também de escolhas. Por isso temos que trabalhar para ter melhor serviço, pelo atendimento humanizado e sim olhando para a sustentabilidade financeira dos nossos negócios”, finaliza Lídia a respeito da questão.

Abramed participa do Fórum ABRAIDI e discute a saúde financeira dos fornecedores da área

Wilson Shcolnik destacou que vem assistindo grandes transformações no sistema de saúde há anos, inclusive como personagem dessa história

O Fórum ABRAIDI 2002, realizado de forma híbrida (online e presencial), em São Paulo, no dia 26/4, debateu “O presente e o futuro do setor de produtos para saúde no Brasil”. Durante o evento, o atual presidente executivo da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (ABRAIDI), Bruno Boldrin, mencionou os 30 anos da entidade e o lançamento da campanha publicitária pública, que divulgará a importância da cadeia para qualidade da saúde. Representando Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração, participou do Painel que discutiu a financeirização em saúde, o fenômeno da verticalização e consolidações no setor de saúde e os desafios decorrentes.

Dentro da ótica dos prestadores, profissionais e operadoras, acerca dos benefícios, dilemas e desafios do fenômeno da financeirização da saúde, Shcolnik destacou que vem assistindo grandes transformações no sistema de saúde há anos, inclusive como personagem dessa história, quando 20 anos atrás o laboratório de análise de sua família foi adquirido pelo Grupo Fleury.

O presidente da Abramed apresentou um cenário que continua favorável para verticalização, assunto que já foi temido pelo setor e a consolidação horizontal, mas que se mantém mesmo depois da pandemia, “mesmo com um mercado aparentemente paralisado, houve um crescimento no setor de 30%. As consolidações continuam, como a Rede D’Or, a SulAmérica Saúde, o Fleury que está adquirindo clínicas oftalmológicas e de ortopedia, o Sabin, de Brasília, que comprou CML, além de vários hospitais adquirindo Centros de Imagens”, comenta.

Shcolnik contextualizou em sua apresentação os números do setor, como os de empreendimentos no país. “É importante entender que quando há uma base estrutural correta, todos ganham. Precisa haver um maestro para conduzir a jornada do paciente, que se puder encontrar em um mesmo espaço tudo ou quase tudo que necessita para manutenção ou socorro da sua saúde, através de uma prestação de serviço de qualidade, terá prazer de ser cliente desse sistema privado. É necessário saber reger, ter colaboradores de qualidade e oferta de tecnologia avançada. Cada setor é um elo de uma corrente que deve ser perfeita”, finalizou.

Dividindo o painel com Shcolnik, estava Miyuki Goto, assessora da Associação Médica Brasileira (AMB), que falou do papel das agências reguladoras e suas falhas em não colocar na mesa de negociação fornecedores junto com as operadoras de saúde, entre outros itens.

Sergio Rocha, presidente do Conselho de Administração da ABRAIDI, aproveitou o momento para apresentar os dados do anuário lançado, trazendo alguns números que vem acender sinais de alerta, como a comparativo entre exportação de produtos médicos, que teve um crescimento de 4,8% em contraponto de 7,3% de importação. Os valores de R$ 1.3 bilhões gastos com Órteses, Próteses e Materiais Especiais (OPME´s) pelo Sistema Único de Saúde (SUS) se mantém o mesmo há anos, com o agravante do longo prazo para pagamento estar a cada dia mais estendido, além de uma série de produtos que não são reajustados há duas décadas.

No painel de discussão sobre a complexidade da cadeia de valor do fornecedor de produtos para saúde, com foco no desequilíbrio de responsabilidades entre os players da cadeia que oneram o fornecedor de produtos para saúde, Felipe Barreiro, general manager da Medtronic do Brasil, fez ressalvas importantes para o setor.

“Embora o Brasil tenha um sistema único que atende toda a população, a falta de uma política de longo prazo resulta em uma incerteza constante para as empresas globais. A Medtronic está no Brasil há 50 anos, temos duas fábricas no país, mas lamentavelmente deparamos com um cenário desfavorável devido as constantes incertezas do cenário político e econômico”, comenta Barreiro, que conclui quanto ao setor: “Temos um imenso leque de produtos, R$ 13 bilhões em estoques e com lead time de mais de 79 dias, o que nos dá uma margem corroída, uma conta que não fecha e um sistema perto de travar. A solução tem que ser construída além das fronteiras de nossas organizações, é hora de pararmos de nos enxergar como concorrentes, passando a ter uma visão mais geral para encontrarmos soluções transversais”.

Doutor em Economia, Roberto Luís Troster trouxe informações sobre contexto macroeconômico, alertando, inclusive, sobre o posicionamento do dólar no cenário mundial, que vem perdendo frente cada vez mais para o Euro e para as criptomoedas – uma luz para as informações trazidas por Patricia Marrone, sócia-diretora da Websetorial Consultoria Econômica, que afirmou que 37% dos produtos do setor, comercializados no mercado, são importados e vêm sofrendo variação de custos. “Em dezembro devemos ter o dólar estável em R$ 4,50, mas devemos ter atenção a cinco fatores de risco: Ucrânia, eleições no Brasil, fatores energéticos, pandemia, economia da China e questões fiscais mundiais, além do nosso maior monstro – a inflação”, apontou Troster.

Fechando o evento, os painéis sobre e-commerce e doenças cardiovasculares, ministrados por Rodrigo Correia da Silva, CEO da Suprevida, e Sergio Madeira, Diretor Técnico ABRAIDI, respectivamente, levantaram pontos essenciais para o setor, como o debate sobre a importância da telemedicina, inteligência artificial, robótica e o avanço das tecnologias de ponta como um todo.

Assista ao Fórum Abraidi 2022 na íntegra AQUI.