Definir parâmetros e garantir a qualidade são ações essenciais diante das CPs 911 e 912

SindHosp reuniu especialistas da medicina diagnóstica, hospitais, indústria e farmácia em debate sobre consultas públicas da Anvisa

25 de novembro de 2020

Debatidas incessantemente nas últimas semanas pelos protagonistas do setor de saúde, as Consultas Públicas 911 e 912 – sobre realização de exames laboratoriais em qualquer serviço de saúde –, abertas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), foram tema de encontro virtual promovido em 19 de novembro pelo Sindicato dos Hospitais, Clínicas e Laboratórios do Estado de São Paulo (SindHosp). Na reunião intitulada “Só os laboratórios estão sob ameaça?”, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) foi representada pelo presidente do Conselho de Administração, Wilson Shcolnik, que defendeu o posicionamento da entidade de que liberar a realização de exames fora dos ambientes altamente controlados dos laboratórios aumenta o acesso, mas também aumenta o risco ao paciente.

Moderado por Francisco Balestrin e Luiz Fernando Ferrari Neto, respectivamente presidente e vice-presidente do SindHosp, o debate também recebeu Carlos Eduardo Gouvêa, presidente-executivo da Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL), Gonzalo Vecina Neto, sanitarista, ex-presidente da Anvisa e ex-secretário municipal de Saúde; e Marcos Machado Ferreira, presidente do Conselho Regional de Farmácia do Estado de São Paulo (CRF-SP). O intuito do encontro foi abrir o diálogo permitindo que todos os envolvidos tivessem voz.

Partindo do cenário da medicina diagnóstica, na ocasião representada por Shcolnik, foi feito um breve retrospecto regulatório. O executivo reforçou que a revisão da RDC 302 tem sido um pleito frequente do segmento, visto que com a modernização de tantos processos que impulsionaram novas práticas, uma atualização se fazia necessária. “A RDC 302 disciplinou o setor de forma sensacional trazendo requisitos de gestão de qualidade para as três fases do processo laboratorial: pré-analítica, analítica e pós-analítica. Porém, após 15 anos, essa regulamentação não estava mais adequada aos novos métodos adotados”, disse o presidente ao enfatizar que os profissionais do ramo diagnóstico receberam com motivação a notícia de que finalmente a RDC seria revisada.

Porém, a revisão da norma por meio das CPs 911 e 912 assustou o setor. “A CP 911 trata das práticas farmacêuticas após a Lei nº 13.021/2014 que dá a esses estabelecimentos o status de serviços de saúde. Desde então, farmácias e drogarias estão se preparando para esse novo papel. Mas, para nós, essa assistência farmacêutica estaria relacionada ao monitoramento e uso de medicamentos. Não seria tão abrangente como estamos vendo agora que outros serviços são também oferecidos”, explicou Shcolnik.

Um dos principais questionamentos do setor está na capacitação dos profissionais que atuam em farmácias. “Na medicina, são mais de 50 especialidades e os médicos não estão preparados para exercer qualquer uma delas. Eu, como médico patologista clínico, não posso fazer uma neurocirurgia. Os profissionais que trabalham nas farmácias estão preparados para essa mudança radical no papel desses estabelecimentos?”, questionou o executivo.

Para a Abramed, a ampliação que está sendo proposta pelas consultas públicas gera dúvidas, pois não é adequado facilitar o acesso colocando, em risco, a segurança dos pacientes. “A justificativa de acesso não me parece razoável, pois o maior risco está na população. Sabemos que existem, por exemplo, testes rápidos de altíssima qualidade que evoluíram consideravelmente ao longo do tempo. Entretanto, sabemos também que há testes de qualidade variável e desempenho questionável”, pontuou Shcolnik lembrando que inclusive durante a pandemia de COVID-19 a união de diversas entidades do setor de diagnóstico e de laboratórios criou um programa de validação para apresentar, à sociedade, quais testes para detecção do novo coronavírus eram confiáveis.

Farmacêutico bioquímico, Ferreira trouxe a visão dos profissionais de farmácia. “Esse debate não é tão simples de lidar”, iniciou sua argumentação. Para ele, o caminho natural – e que já vem sendo observado no mundo inteiro – é a farmácia avançar para outros cuidados de saúde, inclusive a realização de exames. “Minha preocupação está em qual caminho seguir. Na CP 912, a criação do SADT-TAC (serviços de saúde que realizam atividades relacionadas a testes de análises clínicas) permite que exames sejam feitos em qualquer ambiente. As farmácias vieram se preparando ao longo do tempo para isso, mas ao criar o SADT-TAC, a Anvisa permite que esses testes ocorram em qualquer local considerado estabelecimento de saúde. Ou seja, consultório médico, psicológico, nutricional, odontológico e muitos outros. E isso é um problema sim quando consideramos a qualificação dos profissionais”, declarou enfatizando que com essa abordagem perde-se o controle da situação. “Exames sairão das mãos de profissionais qualificados, que se prepararam para tal, e isso é preocupante demais”, completou.

Essa mudança de nomenclatura também foi um ponto de questionamento por parte de Ferrari: “nossa estranheza está na destruição da RDC 302 somada à mudança até do nome para SADT-TAC”, citou. Para Balestrin, a impressão é de início de um processo que transformará as farmácias em clínicas populares prontas para receber o cidadão não atendido pelo SUS. “Aquele que não tem cobertura de saúde vai até uma farmácia e resolve seu problema. Mas isso é muito insuficiente quando pensamos, de fato, na gestão de saúde do cidadão”, falou mencionando a importância de debater a saúde baseada em valor. Já Vecina acredita que colocar as farmácias como hubs de saúde é algo inaceitável. “Vivemos um tempo em que existem extravagâncias que fazem mal à civilização. Temos que entendê-las negando a possibilidade que ocorram”, declarou.

Qualidade e validação

Apresentando a perspectiva da indústria que se empenha em fornecer kits de testes para abastecer a demanda interna e externa, Gouvêa falou sobre a incorporação tecnológica que vem ocorrendo para otimizar os processos produtivos e enfatizou ser necessário desmistificar as más impressões que se instalaram após muitos testes rápidos de COVID-19 serem criticados, justamente, por seu baixo desempenho.

“Os primeiros testes que saíram não eram bons, tinham acabado de ser desenvolvidos. À medida em que fomos avaliando esses testes, os fabricantes melhoraram seus processos. Nossa inovação é incremental, ou seja, utiliza o feedback dos profissionais que estão na ponta. Tivemos, inclusive, fabricantes que desistiram de lançar esses kits por perceber que seus produtos não tinham qualidade e que não teriam condições de melhorá-los rapidamente”, declarou.

Para o executivo da CBDL, o teste rápido nunca terá a mesma sensibilidade e especificidade dos apontados como padrão ouro, mas podem atingir um segmento da população maior, atuando como triagem. “A pessoa que passa por esse teste e tem um resultado positivo, precisará de confirmação”, declarou. Segundo Gouvêa, com essa ampliação proposta pelas consultas públicas, os laboratórios serão ainda mais acessados para exames complementares, de maior qualidade.

Vecina parte do pressuposto de que é impossível negar os avanços do sistema. “Não podemos nos posicionar contra melhorias que promovem o bem-estar. O que é melhor, tem que ficar”, disse. Para o especialista, os testes rápidos podem ser realizados por diferentes profissionais de saúde, desde que tenham sua qualidade comprovada. Para ele, o importante é não transformar o cuidado em saúde em algo totalmente comercial.

“O consumidor, protegido pelo Código de Defesa do Consumidor, tem direito a fazer o que bem entender, mas o produto a ele ofertado precisa de adequada especificidade e precisa ser validado”, pontuou. A liberação de testes rápidos para COVID-19 sem validação no começo da pandemia foi, na opinião de Vecina, um grande erro. “A Anvisa errou, mas todo mundo errou. O que fizemos foi fruto da nossa ignorância na ocasião. Mas agora as coisas melhoraram e temos de olhar para o futuro”, alertou.

Impor limites é fundamental

Para Ferreira – e também para a Abramed –, é preciso discutir a normatização definindo parâmetros assim como ocorre em outras partes do mundo. “Quais testes laboratoriais são possíveis de serem feitos nas farmácias? Precisamos discutir de forma mais clara”, alegou.

Vecina também concorda com a ideia de que é imprescindível definir os limites: “temos que decidir o que pode e o que não pode ser feito em farmácia; discutir quais testes serão liberados”.

Para encerrar a apresentação, Shcolnik pediu a todos que jamais esqueçam que o tema central de todo esse debate é saúde. E que é preciso sempre pensar até que ponto a liberalidade protege o cidadão. “A Anvisa foi criada para proteger a população, mitigar os riscos. Se há um risco identificado, é papel da Anvisa atuar. E ela tem mecanismos para isso”, encerrou.

Inserção de novos exames no Rol da ANS otimiza assistência à saúde com impacto orçamentário mínimo

Consulta Pública capta opiniões sobre cobertura obrigatória de novos procedimentos diagnósticos para 2021; estudo da Abramed sobre última inclusão traça comparativo entre número de exames esperados e realizados nos 12 primeiros meses da incorporação e mostra que impacto é inferior ao sugerido

20 de novembro de 2020

Com a Consulta Pública (CP) 81 da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aberta para que a sociedade opine sobre a inclusão de novos procedimentos no rol de obrigatoriedades dos convênios médicos, a medicina diagnóstica vivencia uma nova oportunidade para ofertar aos usuários de planos de saúde exames mais modernos, tecnológicos e assertivos para uma infinidade de patologias. Corroborando com a aceitação da inclusão, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) elaborou um estudo sobre a incorporação anterior e confirma que o impacto orçamentário da inclusão de 10 novos exames de alta complexidade no rol foi mínimo.

Segundo a análise da Associação, os benefícios gerados pela ampliação do número de procedimentos extremamente eficazes para diagnóstico precoce de doenças são muito maiores do que o possível aumento do custo assistencial. “Quando temos diagnóstico precoce e correto, o tratamento é mais assertivo melhorando o prognóstico dos pacientes e, inclusive, diminuindo o custo da assistência”, explica Alex Galoro, diretor do Comitê Técnico de Análises Clínicas da Abramed.

O processo para a inclusão de novos exames, cuja lista deve ser anunciada ainda no primeiro trimestre de 2021, começou em 2018 e diversas entidades de classe e sociedades científicas fizeram sugestões de procedimentos sempre apresentando evidências científicas e análises financeiras. Entre os exames propostos pela Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), por exemplo, estão painéis para diagnóstico de infecções do sistema nervoso central, como meningites e encefalites, e de infecções respiratórias, incluindo a COVID-19.

Atualmente, quando um paciente chega com suspeita clínica de meningite, ou seja, apresenta febre, rigidez na nuca e alteração do nível de consciência, são realizados exames diversos para obtenção do diagnóstico, o que envolve exame de líquor por punção lombar, análises epidemiológicas e de imagem, e testes bioquímicos. Além disso, também são feitas coletas de sangue e de fezes para identificação de várias possibilidades virais, bacterianas ou fúngicas da encefalite. Todo esse procedimento faz com que o diagnóstico final seja obtido, em média, após 13,3 horas.

Se aplicada a identificação multiplex por PCR em tempo real de até 25 agentes infecciosos simultaneamente – exame que está na lista avaliada pela ANS para incorporação como procedimento obrigatório dos planos de saúde – em menos de três horas há definição do diagnóstico e o melhor tratamento pode ser iniciado. “Em casos de meningite bacteriana, se o paciente não começar a terapia adequada em até quatro horas ele pode ter sequelas irreversíveis como surdez, lesão no sistema nervoso central e déficit intelectual e pode, inclusive, chegar a óbito”, explica Alvaro Pulchinelli, diretor científico da SBPC/ML.

Essa nova metodologia diagnóstica para infecções do sistema nervoso central que já é utilizada por grandes laboratórios e hospitais de referência no atendimento particular e que está sendo avaliada na CP 81 apresentou sensibilidade entre 84,4% e 100% e especificidade superior a 99,9%.

Quando adotado esse novo exame em substituição a todos os outros tidos como padrão hoje, o custo permanece praticamente o mesmo. Do diagnóstico ao tratamento, o custo mediano por paciente com o método padrão é de US$ 239,63. Quando utilizado o painel multiplex, esse custo é de US$ 239,14.

Para infecções do trato respiratório – tipo mais comum de infecção entre os brasileiros – a utilização dessa nova metodologia diagnóstica também traz resultados muito positivos. Pacientes diagnosticados com influenza pelo painel multiplex permaneceram internados por 38,8 horas, enquanto os submetidos ao teste rápido de antígeno (padrão atual) ficaram hospitalizados por 49,8h. Além disso, aqueles que tiveram acesso à nova metodologia ingeriram antibióticos por menos tempo e fizeram menos radiografias do tórax. Em pessoas imunocomprometidas, por exemplo, a incorporação desse exame traz uma economia de R$ 251,22 por paciente no comparativo com o atendimento utilizando os exames tidos, hoje, como padrão.

Além de analisar a incorporação ou não de novos procedimentos, a consulta pública também sugere a inclusão ou a alteração de Diretrizes de Utilização (DUT) desses testes. “Tem sido frequente a criação de diretrizes que obrigam a realização dos exames apenas nos casos que se enquadram em determinadas situações clínicas”, explica Galoro. É o caso de alguns exames de imagem que estão sendo reavaliados como, por exemplo, a mamotomia via biópsia percutânea à vácuo guiada por raio X ou ultrassonografia.

O procedimento, que é indicado para investigação de alterações mamárias, já integra a lista da ANS e a nova consulta pública sugere algumas mudanças para a autorização, indicando que o exame deve ter cobertura obrigatória quando preenche alguns critérios específicos e quando os nódulos são menores do que 2 centímetros, de categorias 4 ou 5 do BI-RADS (ou seja, quando há suspeita de malignidade) e permanecem dúvidas mesmo após a realização de core biopsy orientado por ultrassonografia. Diferentemente do procedimento que está sendo discutido que é feito à vácuo, o core biopsy é uma biópsia na qual a amostra é retirada com uma agulha de calibre mais grosso.

Diante desse cenário, o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) reafirma que existem várias situações clínicas na qual não é possível – ou mesmo necessária – a realização do core biopsy antes do procedimento à vácuo. Essa diretriz pode aumentar a ansiedade do paciente por submetê-lo a mais exames, atrasar o diagnóstico e elevar os custos da assistência.

Inclusão de 2018 gerou impacto mínimo no orçamento

A Abramed realizou um estudo baseado na incorporação, em 2018, de 10 novos exames na lista de procedimentos com cobertura mínima obrigatória dos planos e seguros de assistência médica elencada pela ANS, todos exames de alta complexidade como, por exemplo, ressonância magnética de fluxo liquórico, que atua na identificação de presença de líquor no cérebro e na medula espinhal, auxiliando o diagnóstico de hidrocefalia e outras condições; e a elastografia hepática ultrassônica, exame que pode substituir a biópsia de fígado.

Para a análise, a Abramed computou a quantidade de exames realizados por suas associadas ao longo do primeiro ano de vigência do novo rol e, também, os dados compartilhados pela ANS nesse mesmo período. E, então, comparou as informações com as estimativas traçadas pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) em estudo que avalia as consequências financeiras da adoção de novas tecnologias ou procedimentos em saúde. Importante ressaltar que as associadas à Abramed foram responsáveis pela realização de mais de 480,8 milhões de exames em 2018, o que representa 56% do total de procedimentos diagnósticos realizados na saúde suplementar.

Na estimativa da CNI, seriam efetivados 77.441 exames da lista dos 10 novos procedimentos diagnósticos incorporados ao Rol em 2018. Porém, encerrado o primeiro ano de vigência, as associadas à Abramed confirmaram a realização de apenas 37.665 exames, o que confirma que a inclusão de novos procedimentos não atingiu sequer 50% do volume de exames que eram esperados para os primeiros 12 meses após a ampliação do Rol.

Traduzindo os percentuais para valores monetários, a CNI estimava uma despesa assistencial de R$ 50,9 milhões com a realização dos novos exames, porém, segundo dados das associadas à Abramed, o valor total concretizado no período foi de R$ 20 milhões.

Desta forma, a Abramed reforça, em seu estudo, que a incorporação de novos procedimentos em saúde é, muitas vezes, apontada como um dos principais fatores que impulsionam o crescimento das despesas assistenciais sem que haja uma análise mais aprofundada de quanto essas novas tecnologias são benéficas para o diagnóstico precoce e, por consequência, para o bem-estar do paciente e a redução dos custos com tratamentos e terapias.

Laboratórios privados associados à Abramed já realizaram mais de 6 milhões de testes para COVID-19

Desse montante, 57% foram RT-PCR e 43% exames sorológicos

11 de novembro de 2020

No início de março, Tedros Adhanom, diretor-geral da Organização Mundial de Saúde (OMS), declarou pandemia do novo coronavírus e pediu aos países que aumentassem seus programas de testagem como melhor caminho para conter a propagação do patógeno. Levantamento feito pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) mostra que, desde o início da crise até outubro, os laboratórios privados associados à entidade já realizaram 6,2 milhões de exames relacionados à doença no Brasil, sendo que desse montante 57% foram RT-PCR, padrão ouro utilizado para detecção na fase ativa; e 43% exames sorológicos que checam anticorpos para indicar se o individuo já teve contato com o vírus.

A rápida resposta dos laboratórios privados no país foi fundamental para que o Brasil trabalhasse dentro dessa perspectiva. “Os números refletem o empenho das empresas associadas à Abramed na intensificação da oferta e na ampliação da capacidade de processamento desses testes”, comenta Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

Segundo o executivo, é importante ressaltar que nenhuma nação estava preparada para enfrentar uma epidemia de um vírus desconhecido, porém logo que o surto chegou ao Brasil, os laboratórios privados – mesmo frente à escassez de insumos e problemas logísticos – se movimentaram para desenvolvimento in house dos primeiros exames moleculares, ofertando com agilidade boas possibilidades diagnósticas.

Segundo dados do Ministério da Saúde, de março até a primeira quinzena de outubro foram realizados cerca de 15,2 milhões de exames para COVID-19 no país. Considerando que as associadas à Abramed foram responsáveis por 6,2 milhões de todos os exames no período, os outros 9 milhões foram feitos por laboratórios e hospitais privados que não integram a vitrine da Associação; pelo Sistema Único de Saúde; e pelas farmácias e drogarias.

Dos mais de 15 milhões de testes no país, 7,8 milhões foram sorológicos (entre testes rápidos e exames laboratoriais para IGG, IGM e anticorpos totais) e 7,5 milhões foram de RT-PCR. “Importante frisar que os exames sorológicos realizados pelos laboratórios em ambientes controlados que respeitam as boas práticas laboratoriais levaram a resultados mais confiáveis do que aqueles realizados fora do ambiente laboratorial”, especifica Shcolnik.

O executivo reforça que a fim de garantir que a população brasileira utilizasse apenas testes de qualidade, laboratórios e entidades do setor de saúde se uniram em um projeto para verificar o desempenho dos kits disponibilizados em território nacional, apresentando os resultados – incluindo os que evidenciaram problemas – no portal testecovid19.org.

Câncer de Próstata – Homens deixaram de realizar exames preventivos na pandemia

Durante a crise de COVID-19, queda média de 34,6% no número de alguns exames relacionados à patologia preocupa; sem diagnóstico precoce, tratamento torna-se menos eficiente e há redução na chance de cura

5 de novembro de 2020

São diversos os exames que podem auxiliar os urologistas na detecção precoce do câncer de próstata, patologia que mata mais de 15,5 mil brasileiros todos os anos. Porém, dados levantados pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) apontam queda em todos eles durante a pandemia de COVID-19, o que leva a um cenário preocupante. Avaliando os números divulgados pelo Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS do Ministério da Saúde referentes aos procedimentos realizados entre janeiro e agosto de 2020 e comparando-os com as quantidades de testes no mesmo período de 2019, nota-se queda média de 34,6% no número de exames para diagnóstico da patologia na esfera pública.

A dosagem de antígeno prostático específico (PSA), exame de sangue que identifica uma proteína produzida pela próstata e, assim, pode apontar alterações no órgão, assinalou queda significativa de 34,4%. Outros dois exames de imagem também relacionados ao diagnóstico da patologia, ultrassonografia de próstata por via abdominal e por via transretal, apresentaram queda de 37,8% e 35,7% respectivamente. Já a biopsia reduziu 22,7% no período.

“Esses dados refletem o afastamento dos pacientes das unidades de saúde durante a pandemia. Além de encontrar algumas unidades fechadas, com receio de contrair o novo coronavírus, as pessoas adiaram procedimentos, o que pode levar ao atraso na detecção de doenças, entre elas o câncer de próstata. Com esse atraso, nos deparamos com consequências como o agravamento das patologias, piora do prognóstico e redução da chance de cura”, explica Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed. As empresas associadas à entidade – responsáveis pela realização de mais da metade dos exames de beneficiários da saúde suplementar – confirmaram redução de 39,5% no número de testes de PSA realizados entre março e agosto de 2020 no comparativo com o mesmo período do ano passado.

Culturalmente, os homens já são menos atentos à saúde e prevenção. Tanto que, em 2018, segundo dados do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, dos mais de 50 milhões de pacientes atendidos nas associadas à entidade, apenas 38% eram homens.

Mas as doenças não escolhem gênero. De acordo com estatística do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de próstata deve acometer 65.840 pessoas somente em 2020. “Com essa drástica redução no número de exames para detecção da patologia, quantos brasileiros perderam a oportunidade de ter a doença detectada em tempo hábil para receber o melhor tratamento?”, questiona Shcolnik.

No setor privado, a fim de reforçar à população que outras doenças não esperam a pandemia de COVID-19 acabar para se manifestarem, estimulando que todos retomassem seus cuidados, exames e procedimentos, laboratórios e clínicas intensificaram ainda mais os seus já rígidos protocolos de segurança. “Foi preciso investir em uma comunicação transparente, mostrar que as unidades estavam atuando com toda a segurança para receber esses pacientes. A redução de atendimento chegou a 70% no pico da pandemia, porém agora estamos conseguindo retomar nosso ritmo normal, levando novamente a possibilidade do diagnóstico precoce à população”, finaliza Shcolnik.

Exames em farmácias aumentam acesso, mas aumentam também o risco ao paciente

Consultas públicas abertas pela Anvisa buscam opinião da sociedade sobre a realização de exames laboratoriais em farmácias e drogarias; Abramed mostra preocupação com a segurança dos pacientes

27 de outubro de 2020

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) abriu duas Consultas Públicas (CPs) visando ouvir a sociedade brasileira quanto à realização de exames laboratoriais em farmácias e drogarias. Porém, a falta de definição de quais deles poderão ser realizados fora dos ambientes altamente controlados dos laboratórios clínicos é o que preocupa a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed). Hoje, farmácias e drogarias estão autorizadas a realizar apenas testes rápidos de COVID-19 e de glicemia.

“A história nos mostra que muitos testes rápidos têm desempenho ruim, o que pode levar a resultados incorretos, imprecisos, e à falta de segurança dos pacientes”, explica Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed. O executivo, médico patologista clínico, reforça que os laboratórios contam com profissionais altamente treinados para operação de modernos equipamentos de classe mundial em ambientes controlados que seguem diretrizes rígidas impostas pela regulamentação atual, contribuindo para a obtenção de resultados confiáveis. “Exames realizados em laboratórios contam com profissionais que estudaram a calibração, a validação e o controle de qualidade desses equipamentos”, diz. “De que adiantaria uma moderna aeronave sem um piloto treinado para operá-la?”, complementa.

Segundo o presidente, a maioria dos testes rápidos – também denominados point-of-care testing (POCT) – não passa por avaliação da Anvisa antes de ter a utilização liberada. “Eles são registrados, porém não são validados. Cabe, assim, aos laboratórios, com toda sua expertise, realizar uma análise qualitativa dos dispositivos antes de analisar amostras colhidas de pacientes”, disse.

Foi o que ocorreu agora durante a pandemia do novo coronavírus. Com muitos testes chegando ao mercado, começaram a surgir os resultados tanto falso positivos quanto falso negativos. A fim de sanar esse problema, diversos laboratórios privados e entidades do setor de saúde se uniram em um projeto objetivando verificar o desempenho dos kits disponibilizados em território nacional. Os resultados provenientes de cerca de 15 mil amostras de pacientes analisadas evidenciaram problemas e estão disponíveis ao público.

Na visão da Abramed, a oferta de exames em farmácias e drogarias pode ser positiva, desde que haja regulamentação limitando a liberação apenas daqueles de baixa complexidade, à semelhança do que vem ocorrendo em diversos países. “A Inglaterra, por exemplo, só autoriza testes para controle de glicemia, colesterol, gripe e hepatite nas farmácias. Além da glicemia, a França autoriza a exames para influenza A e B e estreptococos. Já a Escócia permite apenas testes de gravidez e de HIV”, esclarece o presidente.

Para a Associação, é possível ampliar o acesso sem prejudicar a segurança dos pacientes. Exames laboratoriais embasam até 70% das decisões médicas, tamanha sua relevância no diagnóstico, na definição de tratamentos e no gerenciamento de doenças. Por esse motivo, liberar qualquer tipo de teste rápido em farmácia pode acarretar sérias consequências aos pacientes. “Um exame com resultado impreciso, pouco confiável, não é benéfico à sociedade. Não adianta ampliarmos o acesso aos exames, se os médicos não terão confiança naqueles resultados para escolherem a melhor abordagem no cuidado do paciente”, diz Shcolnik. Além disso, há a preocupação com os resultados críticos, ou seja, que exigem intervenção médica imediata.

As consultas públicas que tratam o assunto são a 911 e a 912, que seguem abertas no portal da Anvisa até 7 de dezembro. Hoje, os laboratórios clínicos são regulados pela RDC 302, que impõe rigorosas recomendações sanitárias. “Essa resolução representou um marco na conquista da qualidade dos serviços laboratoriais no Brasil. Caso as farmácias passem a realizar exames, devem seguir a mesma regulação dos laboratórios, até porque são esses rígidos protocolos que garantem a segurança e a confiabilidade dos resultados”, finaliza Shcolnik.

Mamografias caem 46,4% durante a pandemia

Dados compilados pela Abramed mostram impacto da COVID-19 no diagnóstico precoce do câncer de mama

9 de outubro de 2020

Principal exame para detecção precoce do câncer de mama, a mamografia é uma das grandes aliadas da saúde feminina. Porém, durante a pandemia de COVID-19, muitas mulheres deixaram de fazer esse procedimento que salva vidas. A queda na quantidade de mamografias realizadas no país, segundo dados das empresas associadas à Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), foi de 46,4% quando comparado o período de março a agosto de 2020 com os mesmos meses de 2019. Importante frisar que as associadas à Abramed representam 56% do total de exames realizados na saúde suplementar.

No Sistema Único de Saúde (SUS) o cenário é igualmente preocupante: entre janeiro e junho de 2019 foram realizados 180.093 exames na rede pública. No mesmo período de 2020, a quantidade de exames caiu para 131.617.

Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), em 2020 o Brasil deve assistir à 66.280 novos casos de câncer de mama, doença que em 2018 matou mais de 17 mil mulheres no país. Importante enfatizar que o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (IBOPE) divulgou recentemente a pesquisa “Câncer de mama: o cuidado com a saúde durante a quarentena” que afirma que 62% das 1.400 mulheres entrevistadas não foram ao médico durante a pandemia com medo de contrair COVID-19. Entre o grupo de risco, composto por mulheres com mais de 60 anos de idade, 73% disseram estar aguardando a pandemia passar para retomar suas consultas e exames.

Essa situação exposta pelo IBOPE reflete parte do impacto da crise na medicina diagnóstica no país. O setor previa a realização de mais de 480 milhões de exames no primeiro semestre de 2020 e foram realizados apenas 353 milhões, o que representa uma queda geral de mais de 36%.

“O setor de medicina diagnóstica é rigidamente regulado para garantir a segurança do paciente. Com a pandemia, as empresas reforçaram ainda mais seus protocolos de segurança, aumentaram os intervalos entre os agendamentos, eliminaram agendamentos presenciais,  reduziram drasticamente o número de pessoas nas recepções, criaram fluxos de atendimento separados para atender pacientes com sintomas de síndrome gripal, aumentaram a coleta domiciliar, criaram o sistema de coleta drive-thru. Tudo isso aliado a uma comunicação consistente sobre a importância de manter a rotina de exames preventivos e de continuidade de tratamentos. As outras doenças não vão esperar a pandemia passar e não podemos descuidar dos cuidados com nossa saúde”, relata Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed.

Considerando que o Brasil é um país continental, a situação do atraso nos diagnósticos de câncer de mama pode ser ainda mais complexa em determinadas regiões do país. Informações do Painel Abramed de 2019 – O DNA do Diagnóstico mostram que a região Sudeste concentra quase metade dos mamógrafos do Brasil, o que gera desigualdade na oferta de exames nos estados e leva ao chamado vazio assistencial. A região Norte, por exemplo, possui apenas 6% dos equipamentos do país.

Com a chegada do Outubro Rosa, campanhas diversas incentivam as mulheres a realizar exames preventivos importantes como a mamografia que, segundo o Instituto Oncoguia, é capaz de detectar pequenos nódulos de 1 milímetro até três anos antes da mulher conseguir senti-los na palpação. Assim, com o diagnóstico precoce e iniciando o tratamento do câncer de mama ainda no estágio inicial, as chances de cura chegam a 95%.

Expectativa x Realidade – Quais os pontos de discordância da CP 912?

Encontro virtual promovido pela LabRede coloca em debate a nova consulta pública proposta pela Anvisa que considera a realização de exames fora dos ambientes laboratoriais

25 de setembro de 2020

Na noite de 24 de setembro, três especialistas da área laboratorial estiveram reunidos em um debate virtual promovido pela LabRede para discutir a Consulta Pública 912, que envolve a revisão da RDC 302 e impacta diretamente o setor de medicina diagnóstica. Mediada por Roberto Joji Kimura, biomédico e CEO da Sancet Medicina Diagnóstica; a conversa recebeu Luisane Vieira, médica patologista clínica, auditora e consultora em gestão de qualidade; e Wilson Shcolnik, médico patologista clínico e presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

O webinar traçou um paralelo entre a expectativa do setor quanto à revisão da RDC 302 e a realidade que está se construindo com base na proposta da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Foram colocados todos os principais pontos de discordância do segmento quanto à essa legislação.

Quando o setor analisou o texto da CP 912, na opinião de Shcolnik, o primeiro sentimento foi de espanto e preocupação, visto que foram muitas as solicitações para que a revisão da RDC 302 entrasse na agenda, mas o texto apresentado para a consulta pública deixa de considerar muitos dos apontamentos dos laboratórios clínicos. Porém, na visão do presidente da Abramed, vivemos um momento oportuno para que todos estejam unidos em prol de uma única batalha.

“Esse cenário criou uma oportunidade para que as entidades se aglutinassem em torno desse tema. É um momento importante para a história das análises clínicas”, enfatizou ao mencionar que uma recente reunião com a Anvisa para tratar especificamente desse assunto contou com a participação do Conselho Federal de Medicina (CFM), Conselho Federal de Farmácia (CFF), Conselho Federal de Biomedicina (CFBM), Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC), Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), Confederação Nacional da Saúde (CNSaúde), Associação Brasileira de Biomedicina (ABBM), além da Abramed e de vários sindicatos de várias regiões do país.

Um dos primeiros pontos de estranhamento apresentados no debate diz respeito a mudanças diretas no cenário de exames laboratoriais. “A impressão que tivemos foi que há um movimento para realização de exames laboratoriais em configurações diferentes das atuais, uma ampliação para que esses exames possam ser realizados por outras entidades como se análise clínica fosse uma atividade que pode ser feita por qualquer pessoa e em qualquer equipamento”, comentou Luisane.

Concordando com essa percepção, Shcolnik enfatizou a relevância das análises clínicas, atividade responsável por exames preditivos, confirmação de diagnósticos, definição e monitoramento de tratamentos e, inclusive, pela medicina personalizada, um grande avanço da saúde que depende dos resultados laboratoriais para ser constituída. “Nos sentimos desprestigiados diante dessa nova proposta”, apontou.

Testes Laboratoriais Remotos – TLR

Os Testes Laboratoriais Remotos (TLR), também conhecidos por sua terminologia em inglês Point-of-Care (POCT), existem há décadas no mercado e já eram mencionados na RDC 302. Com essa nova consulta pública, o assunto volta ao debate. “Nós que trabalhamos em laboratórios clínicos sabemos das virtudes e dos problemas desses testes, então a questão mercadológica não nos assusta”, explicou Shcolnik. Na visão do executivo, o problema está na forma como esses testes são realizados. “Temos visto exames sendo feitos em farmácias, mas também em outros locais como postos de gasolina, consultórios odontológicos e até pet shops. Será que todo mundo tem capacitação para realizar um exame, por mais simples que seja o dispositivo?”, questionou lembrando que o setor de laboratórios é um setor regulado com muita rigidez e que deve permanecer assim para que os interesses sanitários e populacionais sejam plenamente atendidos.

Para os especialistas, um dos pontos mais importantes e que precisam ser questionados está em quais exames serão permitidos fora do ambiente laboratorial. “Uma tira reagente de urina, uma pesquisa de sangue oculto nas fezes, uma glicemia em sangue capilar, são exemplos com equipamentos e sistemas de operação simples onde o risco é considerado tolerável para que seja executado sem toda a regulamentação que o laboratório clínico deve atender”, disse Luisane antes de explicar por qual motivo os TLRs são considerados complexos.

“Podemos fazer um teste para dengue em uma campanha de saúde de forma remota e podemos fazer dentro do laboratório. É o mesmo teste. O que caracteriza o TLR é que o resultado será entregue sem passar por toda a cadeia que o laboratório executa antes da geração do laudo. O resultado é imediato e por isso é de alto risco”, explicou.

Complementando esse raciocínio, Shcolnik, que é médico patologista clínico, questionou até onde a Anvisa pretende liberalizar os testes. “Hoje temos TLR até para biologia molecular e metodologias mais complexas. É desejo da Agência liberar todos os tipos de testes fora do ambiente laboratorial? Será que a população estará segura para receber resultados com essa complexidade?”, questionou.

Segundo o executivo, a própria consulta pública conta com documentos e estudos internacionais que mostram que os outros países impõem limites claros. “A Inglaterra permite a realização apenas de glicemia, colesterol, gripe e hepatites A e B nas farmácias. Na Escócia, o documento diz que farmácias podem realizar apenas testes de gravidez e de HIV. Já a França autoriza a realização desses testes fora dos laboratórios para glicemia, influenza e estreptococos do grupo A”, apontou.

O que está por trás da limitação? São criadas categorias para os testes remotos com base em diversos critérios como conhecimento, treinamento, experiência; preparação de materiais e de reagentes; e características dos espaços operacionais. Além disso, a liberação dos exames também obedece a critérios como calibração, controle de qualidade, ensaios de proficiência, resolução de problemas comuns, manutenção dos equipamentos, interpretação e julgamento de resultados. “Tanto o local quanto a pessoa que vai realizar esses testes fora do ambiente laboratorial devem atender a todos esses requisitos que servem para categorizar os exames”, completou Shcolnik.

Programas de ensaio de proficiência, inclusive, são fundamentais, na opinião do executivo, para que os diferentes kits que apresentam desempenho variável tenham essas diferenças evidenciadas e possam ser sinalizados aqueles com melhor qualidade.

Expectativa x Realidade

Shcolnik se mostrou confiante. “Acredito que com os dados que apresentamos à Anvisa e com todo o nosso conhecimento para contribuir com uma revisão saudável da RDC 302 chegaremos a um bom termo que levará benefícios para todos nós, profissionais sérios que atuam em laboratórios clínicos, e para todos os pacientes que recorrem aos nossos serviços”, disse.

Parafraseando Ariano Suassuna, Luisane disse que “o otimista é bobo, o pessimista é chato e bom mesmo é ser um realista esperançoso”. Para ela, é preciso entender o atual cenário e se posicionar. “Gostaria que todos lessem a CP 912 e comparassem com a RDC 302 e que se manifestassem”, comentou ao incentivar que tanto pessoas físicas quanto pessoas jurídicas acessassem a consulta pública para opinar.

Encerrando o webinar, Kimura questionou: “qual vai ser o desfecho disso tudo?”. Segundo ele, o momento é dinâmico e trará muito aprendizado e conhecimento para todos.

COMUNICADO: Casos suspeitos de coronavírus devem ter prioridade para exames diagnósticos

Com a declaração de pandemia pela Organização Mundial da Saúde (OMS), e diante do aumento do número de casos de infecção pelo coronavírus (COVID-19) no Brasil, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) reforça que as empresas do setor associadas à entidade estão fornecendo todo o suporte necessário para o processo diagnóstico conduzido pela comunidade médica e hospitais, de acordo com as diretrizes estabelecidas pelo Ministério da Saúde.

A ABRAMED destaca, contudo, que os exames para COVID-19 devem ser realizados a partir de avaliação clínica criteriosa para realização do exame, seguindo a prescrição médica. Essa prática assegura a assistência adequada aos pacientes, bem como uso racional dos recursos diagnósticos disponíveis.

Ainda de acordo com as orientações do Ministério da Saúde, a entidade salienta que os exames laboratoriais para COVID-19 devem ser realizados exclusivamente em hospitais e seus postos avançados, ou em atendimento restrito, reduzindo o risco de disseminação do vírus.

Por fim, a Abramed informa que está em contato constante com a Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, contribuindo com as autoridades sanitárias e mantendo-se atualizada sobre novas recomendações acerca da atual pandemia do coronavírus.

Abramed solicita à Anvisa liberação imediata de insumos para exames de diagnóstico do novo coronavírus

A criação de um canal direto de comunicação entre as entidades ajudará com que os materiais cheguem rapidamente aos laboratórios, garantindo o atendimento à população durante o pico da pandemia

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) encaminhou nesta quinta-feira (19) um ofício ao diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, solicitando a liberação imediata de insumos necessários para exames laboratoriais para diagnóstico do COVID-19. As empresas associadas à Abramed representam mais de 50% de todos os exames realizados pela saúde suplementar no país.

No texto, a Abramed alerta que a alta demanda de exames laboratoriais para o diagnóstico do COVID-19 trouxe ao setor de medicina diagnóstica brasileiro a preocupação com a falta de insumos necessários para a realização desses exames. “Os reagentes usados nos exames laboratoriais para o diagnóstico do coronavírus são importados e enfrentam os trâmites estabelecidos pela Anvisa para entrada no Brasil. Entretanto, diante de um cenário de crise, solicitamos a colaboração da Anvisa para imediata liberação destes insumos ao chegarem ao país”, destacou a Associação em nota.

Os exames laboratoriais e de imagem são responsáveis pelo diagnóstico do novo coronavírus, etapa fundamental não apenas para o tratamento de casos detectados, mas também para o isolamento de pacientes durante o período recomendado pelas autoridades médicas, segundo recomenda o Ministério da Saúde. A finalidade deste ofício é desburocratizar a importação desses materiais a fim de ampliar a capacidade de testes no país e, assim, garantir o atendimento à população durante pico da pandemia. Com esse procedimento, os insumos importados serão enquadrados na categoria prioritária das petições de registro. 

A Abramed também destaca no documento a solicitação da criação de um canal direto de comunicação à Anvisa. O objetivo é que a Associação possa informar a chegada dos insumos importados para a imediata liberação por parte da Agência para que os insumos cheguem rapidamente aos laboratórios que realizam os exames. “Diante da grave situação de saúde pública que atravessa nosso país devido a pandemia do novo coronavírus, a Abramed está empenhada em contribuir e agradece a oportunidade de interlocução com a Anvisa”, diz texto.

Quase 1/5 dos exames têm resultados acessados por meio da internet

Acesso online a exames fortalece o empoderamento do paciente no ciclo de cuidado; entre 50% e 70% das condutas médicas são baseadas em exames de diagnóstico

Quase 1/5 dos exames realizados têm seus resultados acessados por meio da internet. É o que revela a edição do Painel Abramed 2019 – O DNA do Diagnóstico, publicação anual elaborada pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

De acordo com dados do estudo, as empresas associadas à Abramed – que representam 56% do mercado de diagnóstico brasileiro na saúde suplementar – foram responsáveis por 480,8 milhões de exames em 2018. Desse total, 83,4 milhões (17,5%) foram acessados online.

Os acessos online de exames são impulsionados progressivamente pela expansão da internet no país. De acordo com dados publicados em 2018 pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 79,9% dos brasileiros vivem em lares com internet, fixa ou móvel. Isso quer dizer que 166 milhões de brasileiros já têm algum acesso à rede.

“Os acessos online ainda vão aumentar muito, uma vez que a maioria da população brasileira já está conectada e que recursos e ferramentas para esse tipo de acesso são disponibilizados pela grande maioria das empresas. 100% de nossas associadas oferecem essa conveniência a seus clientes”, conta Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed. A executiva destaca ainda que as plataformas online para leitura e retirada de exames são facilitadoras no ciclo do cuidado do paciente e proporcionam, por exemplo, que usuários retirem seus resultados em regiões distantes de centros urbanos, reduzindo custos de locomoção.

O valor da medicina laboratorial no tratamento do paciente é inquestionável. Segundo dados do Painel 2019, entre 50% e 70% das condutas médicas são baseadas em exames de diagnóstico, ou seja, trata-se de um relevante elemento no sistema de saúde que subsidia as decisões clínicas por meio de informações de prevenção, diagnóstico e tratamento.

O Painel informa também que 15,9 milhões de laudos não teriam sido acessados e/ou retirados pelos pacientes em 2018. O número equivale a somente 4% do total de exames de imagem e análises clínicas realizados durante o período. Muitas vezes, a razão do não acesso do laudo acontece devido ao mesmo ser acessado diretamente pelos profissionais de saúde, sem sequer passar pelo paciente.

O acesso de exames online fortalece o empoderamento do paciente, que assume a corresponsabilidade no cuidado com sua saúde. “O processo de diagnóstico tem implicações importantes no ciclo de cuidado com o paciente. Por isso, é importante que ele acompanhe seu estado de saúde e participe de diálogos e decisões sobre as melhores possibilidades de tratamento, minimizando riscos e ampliando resultados positivos”, finaliza Priscilla.