Avanços e efetividade para a Gestão da Saúde foi o tema do segundo debate do FILIS 2023

Informações armazenadas desde o agendamento de consultas ou exames até o momento final de tratamento têm facilitado a rotina de grupos de saúde. Mas, a integração de diferentes serviços para oferecer valor ainda é desafio

A fim de propor caminhos para a gestão da saúde, Alexandre Fiorelli, Diretor da DIPRO da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS); Lídia Abdalla, CEO do Grupo Sabin e membro do COnselho de Administração da Abramed; Paulo Nigro, CEO do Hospital Sírio Libanês e Tobias Zobel, Diretor da Digital Health Innovation Platform e Membro do Conselho Estratégico da Medical Valley participaram do segundo debate do 7º Fórum Internacional de Lideranças da Saúde – FILIS, realizado no último dia 31 de agosto, no Teatro B32, em São Paulo, mediado por Claudia Cohn, diretora-executiva na Dasa e membro do Conselho de Administração da Abramed.

“Estamos vivendo um ponto de inflexão da história. A possibilidade de mineração de dados e de aplicar inteligência artificial sobre isso. Há algum tempo estamos enchendo nosso data lake e padronizamos dados para encher o health lake, que é como precisamos deles”, revelou Nigro. Essas ações permitem a tomada de decisão para tratamentos ou predição que permitem a definição de linha de cuidado para aquele público ou indivíduo. 

Este cenário é semelhante ao apresentado pela CEO do Grupo Sabin. A companhia tem um sistema integrado em todo o País que permite que qualquer médico que trabalhe com o grupo possa acessar o histórico do paciente desde o agendamento de uma consulta até o final do tratamento, independentemente de onde tenha sido realizado o procedimento, com rastreabilidade dos dados e segurança. 

Para Fioranelli, entretanto são necessárias duas avaliações: uma clínica e outra sobre impacto financeiro. Da primeira se busca saber se ela responde ao que se precisa, se dá resultado e se é segura ao paciente. Quanto à segunda: “como médicos queremos tecnologia de ponta, mas devemos pensar se é eficaz e possível para todos os envolvidos no processo”, analisa. 

Ainda de acordo com Fioranelli, a ANS tem a obrigação de enxergar as condutas em todo o setor em diferentes vetores e que muitas vezes tem divergências próprias relacionadas aos seus negócios. “De que maneira vamos convergir esses agentes em um mercado com alteração legislativa, de que maneira será essa abrangência e de que maneira identificamos a adesão desses pacientes?”, questiona o diretor.

Quanto à alteração legislativa e adesão dos pacientes, Lidia afirma que na era em que padrão de qualidade é objetivo das empresas, se tivesse que escolher por dois caminhos eficientes para foco e diagnóstico, decidiria por processo e estratégia internos e pela integração de diferentes serviços para oferecer valor ao paciente. “A grande avenida é a cooperação entre todos os atores e empresas. Uma plataforma de compartilhamento de informação respeitando, claro, a Lei Geral de Proteção de Dados”, enfatiza a CEO do Grupo Sabin.

Zobel acrescenta que o sentimento de responsabilidade do paciente pela sua própria saúde colabora na utilização das soluções digitais. Uma nova lei na Alemanha possibilitou que empresas de aplicativos de terapia e diagnóstico atuem por um ano, período que funciona também como certificação, quando e se aprovadas, os médicos alemães podem prescrever esses apps para alguns tratamentos.  

Modelo brasileiro de padronização de dados

A utilização dos dados tem como premissa ampliar com qualidade os atendimentos aos beneficiários. Questionado por Claudia Cohn sobre quais estratégias que existem para melhorar a gestão da saúde e se poderia apresentar exemplos alemães que pudessem inspirar o Brasil, Zobel optou por fazer o caminho inverso. 

“Uma grande vantagem do Brasil em relação a outros países é o uso do Cadastro de Pessoas Físicas (CPF). Isso não existe na Alemanha, por exemplo. Aqui, esse documento pode ser inserido no banco de dados”, compara e lembra que durante a pandemia da Covid-19 esse registro foi essencial para o monitoramento de pacientes depois de hospitalizados e ao receberem alta.

Além da ausência de um cadastro de pessoas físicas, Zobel sinalizou que na Alemanha há alguns problemas para se chegar às inovações que em eventuais avanços tecnológicos acontecem para suprir uma carência: “Olhando para trás, para uma iniciativa alemã, entendemos que usamos algoritmos pela falta de profissionais e (para se antecipar ao) crescimento da população”, explica. 

Atento a esse cenário, Nigro afirmou que o Hospital Sírio Libanês já tem seus próximos 100 anos planejados a fim de ampliar atendimento e manter padrão. Com novas unidades em Brasília e Águas Claras (DF) há planos de expansão, que necessitam de expansão digital. “Precisamos de padronização de dados”, garantiu.

Ainda sobre expansão, Claudia ressalta que o Fórum Internacional de Lideranças da Saúde tem trazido aprendizados e maturidade ao setor: “Nas primeiras edições falávamos muito de conflitos e hoje os temas das conversas são cooperação e interoperabilidade. E são temas para uma conversa continuada. Saímos do FILIS com tópicos para debater ao longo do ano e de forma prática”.

Debate sobre novas tecnologias e seus impactos para o futuro encerra a 7ª edição do FILIS

Soluções tecnológicas devem promover eficiência, melhorar os resultados ao paciente e ampliar o acesso

Encerrando a programação da 7ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), o debate “Novas tecnologias e seus impactos na Saúde: o que esperar do futuro?”, reuniu Eliezer Silva, diretor do Sistema de Saúde Einstein, do Hospital Israelita Albert Einstein, que atuou como moderador, os debatedores Ana Estela Haddad, secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde; Jeane Tsutsui, CEO do Grupo Fleury; Gustavo Fernandes, diretor-geral de Oncologia da Dasa; e Jacson Barros, Healthcare Business Development Manager da Amazon.

A decisão sobre no que investir, segundo Silva é uma das primeiras questões quando se fala em novas tecnologias. Esses novos processos estão cada vez mais presentes no dia a dia dos gestores. Então, como decidir em qual inovação aplicar o dinheiro ou qual o setor que vai receber o investimento para a incorporação tecnológica mais eficiente?

Fernandes explicou que ação, tecnologia e pesquisa estão bastante misturadas na saúde, por isso definir onde investir requer uma análise consciente do que trará impacto positivo a mais pessoas.

“Em um país de dimensões continentais como o nosso, na minha área, em que mais de 500 mil novos casos de câncer são diagnosticados por ano e mais de 200 mil mortes são registradas anualmente, vive-se uma verdadeira pandemia. Procuro definir por soluções que possam ajudar o maior número de pacientes e que sejam mais eficientes para uma grande parcela deles”, ressaltou o oncologista, dizendo que a dúvida e a pressão sempre estarão presentes quando se toma esse tipo de decisão, pois há novas tecnologias surgindo a todo o momento e a incorporação delas nunca acontece em um processo tão rápido quanto elas surgem.

Retorno de investimento

Jeane ponderou que no momento de custo de capital alto que todo mundo vive, apesar de o cenário macro de perspectivas ser positivo para a redução de juros, de maneira geral, uma empresa de capital aberto é cobrada o tempo inteiro pelo retorno do investimento feito. Por isso, três aspectos precisam ser considerados ao se investir em tecnologia: parâmetros do ganho de produtividade; quais os benefícios que essa inovação pode trazer ao paciente, ou seja, evidências de que determinada incorporação vá trazer benefício real ao usuário; e se essa solução vai ampliar o acesso à saúde, seja no Sistema Únicos de Saúde (SUS), seja na saúde privada, ou na suplementar.

“Isso deve ser muito bem colocado, pois há a tendência de envelhecimento populacional, de maior demanda por serviços de saúde, e é preciso ponderar como vamos utilizar toda essa inovação que está surgindo. Não são decisões simples, pois o momento é de equilibrar o curto, médio e longos prazos, o que é fundamental, sem deixar de lado o foco no cuidado ao paciente”, salientou Jeane.

Opinião reiterada por Barros, que acredita ser importante avaliar os resultados que cada inovação pode trazer, de fato, ao seu público e o valor dessa nova tecnologia para aquilo que se propõe a entregar. Para tanto, ele reforça ser essencial a análise de indicadores e dos fatores de sucesso de cada solução.

“O investimento precisa ser harmônico e ter um propósito e não somente porque é novidade no mercado”, alerta Barros.

Para Ana Estela Haddad, na saúde pública, a primeira questão avaliada é o custo-benefício da inovação, em termos de cobertura populacional, do valor que ela vai gerar e a escalabilidade do uso da nova solução. Porém, ainda há um aspecto prévio que é feito que é a avaliação dos riscos que a tecnologia tem ou pode trazer ao setor.

“O Estado tem um papel importante em fomentar a inovação para que ela depois possa ser incorporada pela sociedade. Por isso, é importante dosar e equilibrar todos esses aspectos e não somente arrojar em novas tecnologias”, destacou a secretária.

Inclusão tecnológica

Sobre a questão apontada por Silva, como as diferentes tecnologias vão auxiliar o sistema de saúde em acolher o paciente, Jeane ponderou que a diferencialidade que há no país deixa claro que o fato das pessoas terem acesso a uma conexão de internet não quer dizer que ela vai conseguir usar determinada tecnologia. O processo de inclusão às novas soluções é necessário para que o cuidado possa ser feito a partir de inovações tecnológicas.

“É uma forma de contribuir para a utilização adequada dos recursos. Vimos isso com a telemedicina que levamos à favela, que com orientação usa-se melhor o potencial da tecnologia e pode-se, inclusive, fazer a estratificação de risco e contribuir para a sustentabilidade do setor”, explicou a CEO do Grupo Fleury.

Os ganhos sobre as novas soluções passam pelos resultados que a inteligência artificial (IA) pode trazer e o impacto que ela terá na vida das pessoas. Barros exemplifica que essa tecnologia desempenha um papel importante na distribuição de informações. Além disso, as discussões sobre a IA generativa prometem grandes transformações no setor, trazendo novas expectativas para a área da saúde.

“Com oportunidades na casa de trilhões de dólares, segundo o Fórum Econômico de Saúde, não há como ignorar seu impacto. Ela poderá ser importante na decisão clínica, na previsão de riscos de surtos, na medicina personalizada e no desenvolvimento de novos medicamentos”, exemplifica, destacando seu uso, inclusive, na segurança do paciente, pois aumentam as chances de prever eventos adversos.

Olhar crítico

Ao fim do debate, Ana Estela Haddad disse que a tecnologia sempre esteve presente na saúde e que é preciso ter um olhar analítico e crítico sobre as novas soluções.

“Não podemos incorporar acriticamente o aspecto das tecnologias. É necessário aprofundar, conhecer e entender como elas funcionam e como podemos moldá-las para serem usadas a favor do paciente e do que queremos promover. A inovação deve ser vista como um meio para melhorar a rede assistencial e potencializar o serviço prestado e, quando preciso, refazer os processos. Temos, então, a oportunidade de fazer diferente. Vamos aproveitar e fazer melhor”, concluiu a secretária.

O sucesso da saúde digital passa pela transformação digital do SUS

Ana Estela Haddad, secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, foi palestrante do FILIS 2023, onde apontou a interoperabilidade de dados e a ampliação do acesso como ações importantes para o órgão

Um dos destaques da programação da 7ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), foi a participação da secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, Ana Estela Haddad, que falou sobre a Saúde Digital no Brasil. Ela iniciou destacando que é preciso trabalhar a questão dos padrões para que se possa avançar no processo de interoperabilidade – considerado um dos desafios para a consolidação da transformação digital no país.

“Temos o compromisso de abrir uma agenda de trabalho para avançar nesse processo que passa também pela transformação digital do Sistema Único de Saúde (SUS)”, explicou Ana Haddad.

A secretária esclareceu que a implementação de inovações tecnológicas sem critério ou respeito pelos princípios e diretrizes do SUS, é o caminho certo para a ampliação das disparidades regionais e mesmo a negação do atendimento médico a amplas faixas da população com dificuldade de acesso à tecnologia.

Por outro lado, se bem planejada, a introdução das novas tecnologias digitais na saúde pública pode ser um fator decisivo para superar certas lacunas do sistema e alcançar populações que recebem uma cobertura ainda insuficiente.

“A transformação digital, até reafirmando a questão da saúde como um direito, visa ampliar o acesso, a participação social. Para tanto, é preciso entender o sistema político brasileiro, fundamentado na estrutura tripartite: trabalhando ao nível federal, com os estados e os municípios de uma maneira articulada para superar os desafios”, declarou a secretária.

Resolver os problemas de informação no SUS, de fato, pode ser um desafio complexo e multifacetado, mas algumas estratégias podem contribuir para melhorar a qualidade e a efetividade do sistema.

Ana apontou que investir em sistemas de informação integrados e interoperáveis, capazes de compartilhar dados entre diferentes níveis de atenção à saúde e garantir a continuidade do cuidado; promover a padronização de dados e informações coletadas em todo o sistema; disponibilizar informações sobre saúde aos usuários do SUS, por meio de plataformas digitais e ferramentas de comunicação; garantir a qualidade das informações registradas nos sistemas de saúde; investir em tecnologia da informação e recursos humanos; estimular a participação do paciente, usuários e profissionais da saúde na gestão e no desenvolvimento dos sistemas de informação são soluções que devem ser implementadas de forma coordenada e integrada, envolvendo a participação de diferentes atores envolvidos no sistema de saúde, dos gestores aos acadêmicos e empresas de tecnologia da informação.

“Não podemos deixar de fora o setor privado e a saúde suplementar, fundamentais para o sucesso da transformação digital da saúde no país”, ressaltou.

Telessaúde

A secretária lembrou que a saúde digital começou há 20 anos, a partir de uma resolução da Organização Mundial da Saúde. Na época, no Brasil, o trabalho começou com a telessaúde integrada à política de educação permanente e formação dos profissionais de saúde, avançando, nos últimos anos, nos programas de saúde.

Os dados comprovam a importância da telessaúde no país. Entre 2020 e 2021, cerca de 7,5 milhões de atendimentos foram realizados por aproximadamente 52,2 mil médicos, via telemedicina; 87% foram primeiras consultas. Esses números devem crescer, acredita Ana Estela, haja visto os investimentos globais em ambientes virtuais de saúde e a regulamentação definitiva da modalidade pela lei 14.510, em 27/12/2022, no país.  

“Este foi um passo importante para organizar os processos, mas transformação digital é bem mais do que isso”, ponderou a Secretária, dizendo ser necessário ir além, implementar as diretrizes para a Política Nacional de Saúde Digital, que consiste em criar uma cultura de governança que fortaleça pacientes e grupos vulneráveis, assegurando saúde e direitos digitais; coletar e usar dados de saúde baseado no conceito de dados abertos e solidariedade, tendo como objetivo a proteção individual de dados sensíveis e simultaneamente a promoção das informações como bem público, fortalecendo uma cultura de Justiça e equidade; e priorizar as tecnologias mais necessárias em diferentes níveis de maturidade em saúde digital.

Para isso, ela garante ser fundamental ampliar a parceria com o segmento da saúde suplementar para se ter um espaço dinâmico que fomente o ecossistema da saúde com inovação em caráter permanente.

“Dessa forma, podermos implementar o Programa Saúde Digital Brasil, com múltiplas estratégias para a ampliação do acesso à informação em saúde, visando a continuidade do cuidado em todos os níveis de atenção à saúde para qualificar o atendimento e o fluxo de informações, fortalecendo o apoio à decisão clínica, à vigilância em saúde, à regulação, à gestão, ao ensino e à pesquisa”, explicou.

Este é o modelo que está sendo articulado multissetorialmente para integrar a transformação digital da saúde com as demais áreas do governo federal e dos outros setores. Inclusive, Ana Haddad adiantou que no próximo dia 26 de setembro, o Congresso Nacional irá criar a Frente Parlamentar da Saúde Digital para que o tema seja debatido em todas as esferas do poder.

Interoperabilidade

Para interoperabilidade na saúde, a integração dos sistemas e dos dados não será uma tarefa fácil, salientou a secretária, tomando como exemplo o DataSUS, que tem 35 anos e que quando foi criado tinha a preocupação de produzir e armazenar informação.

“Não podemos jogar fora toda uma série histórica. A solução é um modelo de interoperabilidade, com uma arquitetura interoperável a partir de um trabalho progressivo com todos os atores, serviços de saúde e centros de pesquisa, atuando em modelos informacionais, com conjuntos mínimos de dados, que se transformam em modelos computacionais, para que aí se possa trocar informação”, propôs.

Para isso, a secretaria está apostando na Rede Nacional de Dados de Saúde (RNDS), que conectará os atores e dados em saúde de todo o país, estabelecendo o conceito de Plataforma Nacional de Inovação, Informação e Serviços Digitais de Saúde, que será uma plataforma para conectar qualquer sistema de informação, interligada ao Conecta SUS para o acesso aos dados dos usuários.

“Assim, esperamos como benefícios o provimento da continuidade do cuidado, a melhoria da coordenação da assistência e na qualidade do atendimento, segurança do paciente e redução de custos”, finalizou Ana Estela.

O laboratório pode ser um dos motores da transformação digital na saúde, segundo presidente da Roche

Carlos Martins apresentou cases de automação e integração de sistemas no FILIS 2023

Como parte do “Momento Transformação” do 7º FILIS, espaço na programação para apresentação de cases de inovação em Saúde, Carlos Martins, presidente da Roche Diagnóstica Brasil, participou como palestrante sobre o tema “A integração de dados aumenta a eficiência e melhora os cuidados com os pacientes” e compartilhou quatro cases de sucesso envolvendo soluções digitais da empresa. 

Iniciou apresentando dados de uma pesquisa recente com 742 líderes de saúde, conduzida pela Harvard Business Review Analytic Services. Segundo 95% dos participantes, é muito importante gerenciar dados em ambientes de cuidados em saúde, mas apenas 19% afirmam que sua organização é bem-sucedida nisso. “Isso quer dizer que há muitas oportunidades para melhorar e impactar ainda mais o cenário”, disse Martins.

O estudo mostrou, ainda, os principais obstáculos: equipes isoladas dentro das organizações e falta de colaboração, sistemas desconectados ou incompatíveis, orçamento insuficiente, preocupação com a segurança da informação e falta de infraestrutura tecnológica. “Os profissionais de saúde precisam de insights orientados por dados para tomar decisões mais assertivas. Faltam integração e colaboração”, resumiu.

Para que o paciente não seja impactado por isso, a Roche acredita que o laboratório possa ser um dos motores da transformação digital na saúde, já que cerca de 70% das decisões clínicas são influenciadas por dados laboratoriais, de acordo com a Associação Europeia de Fabricantes de Diagnóstico (EDMA).

“O Brasil tem grande importância nisso, pois é uma potência em termos de medicina laboratorial, não apenas do ponto de vista de volume, mas também de especialidade e diversidade”, expôs Martins. Para a Roche, superar todos os desafios que os laboratórios e a saúde enfrentam exige mais do que uma solução dinâmica, exige uma transformação.

Na prática

E mostrando que é possível fazer isso com as soluções já disponíveis no mercado, Martins apresentou quatro cases de renomadas instituições. O primeiro da Unimed Sorocaba (SP), que utiliza o sistema Infinity para gerenciar 330 mil testes por mês. A solução não só processa as amostras dentro do laboratório, como também centraliza toda a área de controle de qualidade. “A entidade tem mais de uma década de experiência e crescimento com a digitalização do diagnóstico. É um case importante em termos de pioneirismo digital”, destacou.

O segundo case foi do Hospital Israelita Albert Einstein, que buscou levar o máximo de inteligência para o novo Núcleo Técnico Operacional (NTO) do seu laboratório clínico. “Juntamente a outros parceiros, automatizamos e integramos equipamentos, fluxos e informações, o que beneficiou o paciente do ponto de rapidez e resposta, bem como de redução de erros.”

Dessa forma, o hospital obteve crescimento de 68% nos exames produzidos ao mês, gerando alta satisfação do corpo clínico e dos pacientes, com 100% das decisões baseadas em evidências. Mensalmente, são processados 500 mil testes e 114 mil amostras. 

A automação do novo NTO do Grupo Fleury, que processa 3 milhões de testes e 549 mil amostras por mês, foi o terceiro caso apresentado. “A automação permite prever o que vai acontecer, tendo um impacto importante na operação, trazendo consolidação, redução de custos, mais eficiência e resultados mais rápidos”, mostrou. 

Martins fechou sua participação apresentando o case do Ministério da Saúde, que lançou para a Roche o desafio: instalar 82 laboratórios em 27 estados e 58 cidades para monitorização de HIV e hepatites. Em 90 dias, a empresa atendeu o pedido, garantindo a operação otimizada dos analisadores e a integração de todos os equipamentos, com os resultados reportados em todo o Brasil. Por ano, são processados 1.6 milhão de testes.

“A automação de laboratórios é uma estratégia poderosa, impulsionando melhorias na qualidade do atendimento ao paciente, redução de custos e ampliação da eficiência operacional. Os casos exemplificados ilustram como essa abordagem bem-sucedida pode ser aplicada com êxito em entidades de variados tamanhos e especializações”, concluiu.

Palestrante do FILIS 2023 provoca reflexões sobre o uso de dados para a inovação na saúde

Jacson Barros, Healthcare Business Development Manager da Amazon, mostrou a importância de mudar o mindset para criar insights e turbinar a experiência dos pacientes

Provocando o público com várias e pertinentes reflexões sobre como fazer diferente no dia a dia de suas operações, Jacson Barros, Healthcare Business Development Manager da Amazon, apresentou durante a 7ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde – FILIS a palestra “Potencializando o uso de dados para a inovação na saúde”, mostrando como a empresa analisa as palavras “dados” e “inovação”.

A Amazon trabalha a inovação sob quatro eixos: cultura, mecanismo, arquitetura e organização. Barros focou nos dois primeiros. “Temos um ambiente integrado e todos os novos colaboradores, antes da primeira reunião, passam três meses estudando cada um dos 16 princípios de liderança da empresa”, explicou.

Entre os mais importantes está o conceito de “disagree and commit”, ou seja, é normal que as pessoas tenham opiniões diferentes e discordem em algumas decisões, mas é importante manter o progresso e a eficiência do trabalho em equipe. Significa que mesmo não concordando, há comprometimento em fazer acontecer.

Invent and simplify” é outro conceito que leva à reflexão: os colaboradores de sua empresa podem inventar? “Há abertura para receber uma proposta de simplificação de fluxo, por exemplo?”, provocou Barros, citando, ainda, a alta burocracia na saúde. “O sistema de informação de sua companhia é amigável para quem usa?”

Mais um “mantra” da Amazon é “think big”: pensar grande. “Quais são os planos da sua empresa? O que pretendem para os próximos anos?”, perguntou. 

Barros explicou, ainda, a importância do conceito working backwards (trabalhar de trás para frente), que envolve começar com um entendimento claro do resultado desejado ou do objetivo final e, em seguida, trabalhar de volta para determinar como alcançar esse objetivo. Dessa forma, todos sabem aonde pretendem chegar.

“O que queremos no fim do dia? Reduzir as filas? Diminuir os desperdícios? Todos os envolvidos estão alinhados com o mesmo objetivo? Isso acontece no seu dia a dia?”, questionou. “Não há nenhum segredo em aplicar tanto os princípios de liderança quanto os working backwards”, disse.

Desafios de saúde

Barros chamou a atenção para o fato de que a jornada do paciente não começa no hospital, mas bem antes disso, embora poucos se atentem a isso. “Os pacientes contam, hoje, com milhares de pontos de coletas de dados ao longo de sua jornada. Será que conhecemos quem atendemos? Precisamos analisar isso em nossa rotina”, provocou, mais uma vez.

As prioridades de saúde estão passando por uma evolução significativa, refletindo os desafios ouvidos na indústria de saúde. Há uma crescente demanda por acesso mais equitativo aos cuidados à medida que eles transitam de um modelo centrado no hospital para prestados localmente, focando na proximidade com os pacientes.

Além disso, há uma necessidade crescente de diagnósticos integrados que ofereçam uma visão 360 graus do paciente, permitindo uma abordagem mais holística para o tratamento. No entanto, os sistemas de saúde enfrentam pressões consideráveis, pois precisam capturar mais dados, manter o nível de serviços e responder rapidamente às necessidades dos pacientes, sob gerenciamento de orçamento constante.

“Para as organizações de saúde, o desafio de proporcionar cuidados centrados no paciente em meio a custos crescentes nunca foi tão significativo. Todo dia são gerados novos dados, precisamos saber separar o joio do trigo”, apontou Barros.

Em uma pesquisa feita com quem usa dados em saúde, o palestrante destacou duas afirmações dos respondentes: “Gastamos mais tempo ingerindo e processando dados do que traduzindo insights em melhores decisões de negócios”, e “Está tudo isolado! Pesquisar e analisar dados é difícil”. O que leva a outra reflexão: o quanto sua empresa trabalha para evitar o desperdício?

“Ouvimos muito sobre a importância da interoperabilidade, mas ela não é bala de prata, que resolve todos os problemas. Enfrentamos desafios cotidianos, questões da vida real, como a falta de treinamento adequado para profissionais e a crescente rigidez dos sistemas. Fundamental pensar nisso”, expôs Barros.

Data-driven

O profissional da Amazon também falou sobre data-driven, que, na saúde, refere-se ao uso de dados e análises para tomar decisões clínicas, operacionais e estratégicas. Pesquisa Executiva de Big Data e Inteligência Artificial 2022, feita pela NewVantage Partners, mostrou que tornar-se data-driven requer um foco organizacional na mudança cultural. Pelo 4º ano consecutivo, mais de 90% dos executivos apontaram a cultura como maior impedimento para alcançar resultados de negócios. 

“É preciso mudar o mindset. Uma organização data-driven é aquela que aproveita os dados como um ativo, para impulsionar a inovação sustentada e criar insights acionáveis a fim de turbinar a experiência de seus clientes. Pense nisso como tecnologia moderna complementada com uma metodologia moderna”, frisou.

A Amazon orienta que para chegar a uma visão moderna do uso do dado, é preciso trabalhar em ciclos. Primeiramente, definir um caso de uso – o mais palpável –, e a partir daí, comunicar e gerenciar a mudança no ritmo certo, para que todos visualizem aonde querem chegar.

Alguns pontos importantes nesse processo são: buscar o engajamento dos gestores, não apenas o patrocínio; usar os dados para subsidiar as decisões, não para justificá-las; ter os dados como um ativo da organização, não como propriedade departamental; e trabalhar a proficiência em capacidade analítica, e não proporcionar o “letramento de dados”, ou seja, investir na capacidade das pessoas de entender, interpretar e analisar dados de maneira eficaz.

Por fim, Barros deixou uma mensagem de Andy Jassy, CEO da Amazon: “Gostamos de dizer que não existe um algoritmo de compressão para a experiência”. Ou seja, a experiência é a base de tudo, e é a partir dela, com a ajuda dos dados, que seremos guiados e orientados às melhores decisões.

A importância dos gêmeos digitais na personalização da medicina e no futuro da saúde

Colaboração entre países, interoperabilidade, empoderamento e experiência do paciente foram temas abordados por Tobias Zobel, palestrante internacional do FILIS 2023

É fato que o perfil da população mudará em breve e que até 2050 deverá chegar a 10 bilhões. Como consequência desse maior número de pessoas, haverá também um aumento da demanda e saúde de alta qualidade. Por outro lado, ao mesmo tempo, o mundo terá um déficit de 18 milhões de profissionais de saúde até 2030. É exatamente nesse contexto que a automação e a inteligência artificial (IA) tornam-se essenciais para o setor da saúde, sendo inseridas no diagnóstico e no tratamento.

Segundo Tobias Zobel, diretor do Digital Health Innovation Platform (d.hip) e embaixador do Medical Valley – um dos complexos mais ricos para engenharia aplicada à medicina no mundo, localizado na região norte do estado alemão da Bavária -, a automação aumentará continuamente por meio de robôs virtuais e físicos baseados em IA para, desta forma, apoiar os profissionais de saúde e, em última instâncias, os pacientes e indivíduos saudáveis. O executivo foi um dos palestrantes internacionais que participou do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), no dia 31 de agosto, e falou ainda sobre os desafios na saúde no Brasil e na Alemanha e como os países podem colaborar mutuamente para solucioná-los.

Embora na d.hip, que consiste em uma aliança de inovação entre pesquisa industrial, clínica e tecnológica, existam, por exemplo, diversos projetos, que incluem data center de saúde digital e os próprios gêmeos digitais, ainda há muito o que avançar. Também é notável a necessidade de engajar as pessoas na IA. 

“Não sabemos o que vem pela frente, apenas que o resultado será bom. Mas, por hora, o que podemos dizer é que estamos em uma espécie de área cinza e precisamos definir o máximo de padrões possível. Nas legislações existem tópicos que ainda não foram contemplados, é muito parecido aqui no Brasil, onde existem projetos que precisam ser considerados pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e pelo Governo. É o caso da proteção de dados, que apesar de ser importante, tem o outro lado da equação no sentido do quanto o dado beneficia o diagnóstico? O maior desafio que enfrentamos hoje na Alemanha e que, finalmente, estamos discutindo, está relacionado à identificação dos pacientes”, complementa Zobel.

Gêmeos digitais 

Com relação ao gêmeo digital de saúde, modelo baseado em tecnologia que vincula o mundo real ao digital para tornar os dados em percepções acionáveis, o especialista explicou que existem muitas definições.  Mas, salientou que o digital patient twin aprende e evolui constantemente com uma pessoa para evitar tanto que ela fique doente ou para ajudá-la a recuperar sua condição de saúde o mais rápido possível quando adoecer.

A prevenção, nesse caminho de um gêmeo digital pessoal, é um dos tópicos mais importantes, mas com ela vem o empoderamento do paciente. É preciso garantir que eles compreendam seu estado de saúde e o quanto são responsáveis por ela. Atualmente o princípio está em comparar pacientes com a base toda de dados, identificar semelhanças e diferenças. Porém, a ideia é dar um passo além, coletando dados anteriormente de quando ela ainda é saudável e em seguida olhar para a avaliação do estado de saúde, o risco e criar um plano de prevenção personalizada para que eles possam mudar seu comportamento e detectar precocemente doenças. Trata-se de informações simples, que podem ser extraídas, sem nenhum contato com o paciente. 

“Os dados também podem servir para melhor percepção da situação de saúde. O próprio paciente pode ajudar a fazer monitoramento, olhando para tudo o que impacta em suas vidas. Por isso, os wearables são tão essenciais. E quando chegamos finalmente na etapa da consulta, já conseguimos levar os dados clínicos fornecidos em etapas anteriores em relatório clínico completo, sem perda de nenhuma informação relevante para o diagnóstico e terapia. E quem tem esse dado é o próprio paciente. Um twin digital holístico é o que permite praticar medicina personalizada”, reforça.  

Para Zobel é preciso implementar o máximo de inteligência artificial possível. Exatamente por todas essas questões, ele reforçou a importância da interoperabilidade e da criação de padrões. Porém, enfatizou que, essa, não deve ser uma responsabilidade do Governo.  

“Encabeçar a solução desse desafio é um papel da indústria. A Abramed e outras associações estão fazendo um trabalho excelente neste sentido, e não vemos isso na Alemanha, por exemplo. Mas, se não tivermos esse avanço, não poderemos tirar proveito dos benefícios da IA”, atesta.

Além da criação de um modelo internacional de IA e de parâmetros que norteiam todos os processos desde o processamento até a anonimização, Zobel falou de desafios como integração, normalização e manutenção de dados; implementação nos fluxos de trabalho; acesso dos pacientes aos dados e direito de decidir sobre o uso; considerações regulatórias e interação com outras plataformas e repositórios. Esses, segundo ele, são os pontos que, inclusive, deverão ser olhados pela Anvisa para a regulação desses aspectos. 

“Isso tudo é um grande desafio. Temos que colocar esses pontos em um fluxo de trabalho real nos hospitais, que estão 20 anos atrasados. Em nosso hospital, por exemplo, temos 700 sistemas de TI para extrair dados clínicos de pacientes. E ainda precisamos garantir a proteção e a gestão da informação, bem como o paciente tem que dar consentimento sobre como podemos usar os dados. Esse é um aspecto prévio e primordial nessa discussão toda”, finaliza.

Leaders Connection e Momento Transformação foram as novidades do FILIS 2023

O primeiro focou na conexão entre os participantes do evento, enquanto o segundo foi dedicado a cases de sucesso

Duas novidades marcaram a 7ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS): o Leaders Connection, períodos de pausa durante a programação do evento focados no networking entre os participantes; e o Momento Transformação, apresentação de cases nacionais e internacionais de inovação na área da Saúde apresentados por grandes players do mercado.

Com a crescente importância da colaboração e da interconexão entre os atores do sistema de saúde, o Leaders Connection se revelou uma iniciativa estratégica e bem-sucedida. Líderes de diferentes áreas tiveram a oportunidade de se reunir informalmente para um momento de verdadeira interação.

O FILIS propicia um ambiente onde profissionais altamente qualificados se congregam para discutir temas essenciais para a sustentabilidade do sistema, como gestão e inovação. “A Abramed preza muito pelo relacionamento, pela troca de boas práticas e pela comunicação entre os diferentes elos da cadeia de saúde. É no momento de intervalo entre as apresentações do FILIS que se torna possível fazer esse networking qualificado com o público”, ressaltou Milva Pagano, diretora-executiva da entidade.

Espaços como esse são essenciais para ampliar horizontes, explorar novas perspectivas e estabelecer conexões que podem impactar positivamente o futuro da saúde no Brasil e no mundo.

Cases de sucesso

Já o Momento Transformação foi dividido em duas apresentações. A primeira com a participação da palestrante internacional Wendi Mader, Vice President Employer da Quest Diagnostics, que abordou gestão e saúde populacional, ressaltando o papel dos insights diagnósticos nos programas de saúde corporativa e como essas informações podem direcionar as pessoas ao cuidado adequado no momento certo, aproveitando soluções tecnológicas inovadoras que aprimorem o acesso ao cuidado.

A segunda apresentação foi do Presidente da Roche Diagnóstica Brasil, Carlos Martins, que expôs o tema “A integração de dados aumenta a eficiência e melhora os cuidados com os pacientes”. Ele mostrou as soluções digitais utilizadas por Unimed Sorocaba, Hospital Israelita Albert Einstein, Grupo Fleury e Ministério da Saúde para integrar seus processos na área de diagnóstico, bem como os resultados obtidos.

Ao destacar casos de inovação na área da saúde, o Momento Transformação buscou inspirar líderes a abraçar mudanças, adotar novas tecnologias e aprimorar suas estratégias, se baseando no que o mercado vem praticando.

“O sucesso do Leaders Connection e do Momento Transformação ressaltaram mais uma vez a importância do FILIS como um espaço crucial para a integração de toda a cadeia da saúde”, finalizou Milva.

Professor Alberto Duarte é homenageado da 5º edição do Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld

Honraria criada pela Abramed reconhece profissionais e especialistas que promovem desenvolvimento e melhoria da saúde no País

O Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld, homenagem criada pela Abramed, foi entregue ao Professor Doutor Alberto Duarte durante a 7ª edição do Fórum Internacional de Lideranças da Saúde – FILIS. Graduado em Medicina pela Universidade de Pernambuco, com doutorado em Nefrologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), pós-doutorado em Nefrologia da Harvard Medical School, Dr. Duarte conquistou livre-docência no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (HC/FMUSP) em 1983 e implantou o serviço de imunologia clínica do HC, além de ser responsável pela criação do Laboratório de Investigação Médica também nessa faculdade.

Duarte iniciou seu percurso na FMUSP como Livre Docente e depois tornou-se Professor Titular da Disciplina de Patologia Clínica. Foi diretor da Divisão de Laboratório Central do HC/FMUSP. Possui experiência na área de Imunologia, com ênfase em Imunologia Celular, atuando principalmente nas seguintes linhas de pesquisa: Imunomodulação Experimental, Imunopatologia da Infecção pelo HIV, Imunopatologia das Imunodeficiências Secundárias, Infecciosas ou Metabólicas e Imunopatologia das Infecções Primárias. Durante todo esse período formou 78 mestres e 68 doutores, 16 deles, pós-doutores. Possui mais de 350 artigos científicos publicados.

“Para mim é uma surpresa muito grande essa homenagem e me sinto extremamente honrado, pois quem conheceu Gastão, ter um prêmio com o nome dele é algo muito especial”, disse o professor emocionado.

Ainda de acordo com ele: “tudo o que foi dito sobre mim, jamais pode ser só meu. Porque você não trabalha sozinho! Você trabalha com sua família, mas o que mais me agrada é que tudo o que eu fiz no sentido de treinar e desenvolver pessoas é o que fica. É o que se pode perpetuar e ajudar que isso traga benefícios ao País e ao nosso paciente, que é a nossa meta”. 

Um dos momentos de maior emoção na entrega do Prêmio foi quando Duarte lembrou que teve a “grande honra de orientar” o presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik, em seu doutorado. “Tem umas coisas muito interessantes da vida que quando você se propõe a orientar, mas é o seu aluno que te ensina”. 

Luiz Gastão Rosenfeld

Considerado uma das maiores autoridades em patologia clínica e hematologia do Brasil, o médico Luiz Gastão Rosenfeld foi um dos fundadores do Centro de Hematologia de São Paulo (CHSP) e presidiu a Sociedade Brasileira de Hematologia e Hemoterapia (ABHH), hoje Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular.

Também foi diretor do laboratório do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, além de ter coordenado o laboratório do Hospital Albert Einstein (HIAE), foi vice-presidente clínico e diretor de Relações Institucionais da DASA e coordenador científico da Câmara Técnica da Abramed.

De acordo com Shcolnik, “o doutor Luiz Gastão Rosenfeld foi um visionário”. Chefiou o laboratório do Hospital Albert Einstein, liderando certificação de qualidade internacional nesse laboratório de forma pioneira.

O prêmio foi criado em 2018 pela Abramed. Entre os homenageados das edições anteriores estão Jarbas Barbosa, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), em 2018; Mayana Zatz, bióloga molecular e geneticista, em 2019; Dra. Margareth Dalcolmo, médica pneumologista, professora e pesquisadora da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), em 2021, e o professor Dimas Covas Tadeu, presidente do Instituto Butantan e do Conselho Curador da Fundação Butantan, em 2022.

Insights diagnósticos são fundamentais para mudar o cenário da saúde corporativa, diz palestrante do 7° FILIS

Wendi Mader, da Quest Diagnostics, reforça a importância de acompanhamento e de gestão da saúde populacional nas empresas, e ações que foquem em prevenção para a redução de elevados custos de saúde 

Conhecer a saúde de sua população e trabalhar na prevenção são aspectos que ganham cada vez mais relevância no mercado corporativo. Considerando que qualquer adiamento no cuidado pode impactar não somente quem está negligenciando esse cuidado, como também os empregadores e até o próprio sistema de saúde, estratégias de gestão populacional fazem total diferença nesse contexto.

“Atualmente passamos entre oito e até 12 horas trabalhando. Tudo é sobre trabalho e acontece nesse ambiente. Além disso, não podemos fazer prevenção apenas em casa. Isso precisa ter continuidade”, explicou Wendi Mader, Vice-presidente Employer da Quest Diagnostics, que nos últimos 20 anos, tem atuado com foco em encontrar formas de controlar os custos de saúde e prevenir condições crônicas. 

Mas quais os caminhos a seguir? Foi exatamente visando esclarecer esses aspectos e mostrar a importância dos insights diagnósticos para melhorar a experiência do cuidado, a saúde populacional e reduzir os custos da saúde, que Wendi compartilhou sua experiência com os participantes do 7º Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS). Ela foi uma das convidadas do “Momento Transformação”, uma das novidades desta edição, que trouxe para a programação a apresentação de cases de inovação na área da Saúde.

Com o objetivo de melhorar esse cenário, a Quest Diagnostics nos Estados Unidos tem adotado iniciativas para manter as populações saudáveis, mas que podem ser aplicadas em empresas no Brasil e em outros países. A companhia investe anualmente 400 milhões de dólares na saúde dos seus 45 mil colaboradores, o que é de extrema relevância, especialmente pelo tipo de serviço crítico que prestam.

A ideia é melhorar a saúde desde o momento de admissão até a aposentadoria, além de criar produtos que tornam os testes de diagnósticos mais simples. Atualmente são mais de 18 mil clientes e mais de 7 milhões de colaboradores testados. “A saúde e a segurança de um colaborador deve ser um comprometimento a longo prazo e deve considerar as especificidades de cada um deles”, complementa.

Reflexos da pandemia

Segundo Wendi, dados da empresa mostram que houve uma diminuição de 70% no número de idas ao médico durante a pandemia. O cuidado tardio, sem dúvidas, causa impactos a longo prazo, como agravamento dos sintomas, atraso no tratamento, maior estresse com relação à condição de saúde e impactos negativos na longevidade. Cerca de um em cada três pessoas nos 67% com alguma doença crônica disseram ter sua condição de saúde piorada durante a emergência sanitária. No entanto, os colaboradores reconhecem a necessidade de focar em sua saúde e dois a cada cinco têm a preocupação de ter alguma condição desconhecida. 

“Será que as pessoas sabem o que acontece em seu corpo? Será que elas relatam tudo o que têm com veracidade. 59% dos colaboradores com níveis de colesterol alto, por exemplo, não sabem que possuem essa condição crônica”, provoca a executiva. 

Por outro lado, os elevados custos que a falta de prevenção pode gerar também são pontos de atenção, que foram também salientados por Wendi. Nos Estados Unidos, por exemplo, um paciente com doença crônica custa em média 125 mil dólares. “Um caso somente basta para causar um desequilíbrio financeiro”, enfatiza. 

A Quest Diagnostics é especialista em dados clínicos e diagnósticos e oferece soluções que garantem às pessoas não apenas o acesso a testes onde quer que estejam, mas também a compreensão dos resultados deles. O objetivo é capacitar as pessoas a entenderem melhor seu estado de saúde, permitindo que elas se tornem consumidores mais informados e alcancem uma melhor gestão de sua saúde. Um desses produtos é o Blueprint Welness que ajuda a ter uma visão real dos dados e não suposições e já realizou a triagem de mais de três milhões de colaboradores no mundo. 

O objetivo é mudar o cenário atual, educar os colaboradores, dar acesso à assistência médica e colocá-los na trajetória correta do seu cuidado. “Temos que pensar diferente a respeito de como usamos a tecnologia. Podemos levar os profissionais da saúde para cada paciente. E não podemos nos esquecer também da saúde mental. Pessoas estão estressadas e tudo bem. A questão é que podemos ajudá-los. Ao final, o objetivo é alcançar uma saúde mais igualitária e reduzir os custos com ela”, finaliza.

Casos de covid-19 mais que dobram em laboratórios privados, segundo Abramed

A positividade passou de 6,3%, na semana de 27 de julho a 4 de agosto, para 13,8%, na semana de 12 a 18 de agosto

A taxa de positividade dos exames de covid-19 realizados em laboratórios e clínicas privadas do Brasil mais do que dobrou nas últimas três semanas. O índice, que ficou em 6,3% na semana de 29 de julho a 4 de agosto, subiu para 13,8% na semana de 12 a 18 de agosto, ou seja, cresceu 7,5 pontos percentuais. Os dados são das empresas participantes da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), que representam 65% do volume de exames realizados pela saúde suplementar no país.

Em relação ao número de exames de covid-19 realizados de 29 de julho a 4 de agosto comparado à semana de 12 a 18 de agosto, o aumento foi de 13,7%, passando de 5.383 para 6.124 exames.

Caso a comparação seja com a semana imediatamente anterior, de 5 a 11 de agosto, o aumento foi de 10,8% no número de exames (de 5.526 para 6.124) e de 5,8 pontos percentuais na positividade (de 8% para 13,8%), em relação ao período de 12 a 18 de agosto. Há semanas que registram aumento do número de exames, sem que isso indique uma nova onda. Por exemplo, em junho, foi registrado um aumento da primeira para a segunda semana de 6% no número de exames realizados. E, na semana subsequente, voltou a cair.

Desde o começo de 2023, a maior taxa de positividade em exames de covid-19 foi registrada na semana de 4 a 10 de março: 22,7%. A partir daí, essa porcentagem foi diminuindo, assim como o total de exames realizados. Na semana de 29 de abril a 5 de maio, o índice de positividade  chegou a um dígito: 8,8%. Só agora na semana de 12 a 18 de agosto passou para dois dígitos: 13,8%. O índice mais baixo de positividade registrada no ano foi na semana de 24 a 30 de junho: 3,5%.