Abramed lança Relatório Anual de Atividades com os destaques de sua atuação em 2023

Documento reflete o trabalho da entidade e o comprometimento dos associados, que desempenham um papel fundamental na saúde suplementar do país

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) apresenta o seu Relatório Anual de Atividades 2023, com o resumo do trabalho realizado pela entidade durante o ano, sua influência no setor e o resultado das iniciativas. “A Abramed nasceu com a visão de unir esforços para alcançar benefícios mútuos e contribuir para o avanço e a sustentabilidade da área, assim como dos sistemas de saúde”, destaca Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da entidade.

Entre os temas abordados no ano, destaque para o processo de revisão da RDC 302/2005, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que culminou na RDC  786/2023, tendo como principal ponto de atenção a autorização para a realização de exames de análises clínicas para triagem em farmácias. Outros assuntos na área de regulamentação são o Piso Nacional de Enfermagem (PNE), criado pela Lei 14.434/2022, que gerou muita discussão sobre o custeio e a sustentabilidade do sistema; e a Reforma Tributária, que prevê tratamento diferenciado à área de saúde.

Na área de tecnologia, ganharam foco: sustentabilidade do setor e ética digital, salientando a importância do combate a ações de fraude; tecnologia, segurança do paciente e inteligência artificial aplicada ao setor de medicina diagnóstica; além de interoperabilidade e padrão LOINC, imprescindíveis para a gestão eficiente. Falando em gestão, também merecem destaque a integração entre os elos da cadeia e as iniciativas de ESG (governança ambiental, social e corporativa) dos associados.

O Relatório Anual de Atividades traz as ações ao longo do ano dos 11 comitês temáticos da Abramed, que atuam nos desafios e demandas da área de medicina diagnóstica, conforme linha estratégica da entidade, promovendo benefícios significativos para o setor de saúde como um todo.

O material também destaca as pautas e os posicionamentos defendidos pela entidade na mídia, por meio de mais de 2.500 matérias veiculadas em diversos e relevantes veículos de comunicação, bem como os números de engajamento nas redes sociais e a participação em eventos do setor, mostrando seu compromisso com a defesa e a promoção dos interesses da medicina diagnóstica e dos pacientes da saúde suplementar.

Por fim, estão listados os diversos encontros e reuniões com entidades e representantes governamentais dos quais a Abramed participou em 2023, que possibilitaram à associação ser fortemente ativa no debate de temas relevantes à área e na formulação de políticas e regulamentações que têm impacto direto na medicina diagnóstica e no segmento da saúde.

“Este documento reflete não apenas o árduo trabalho da nossa equipe, mas também o comprometimento dos nossos associados, que desempenham um papel fundamental na saúde suplementar do Brasil. Que este relatório seja mais do que um registro de nossas conquistas, mas um testemunho do nosso compromisso contínuo com a excelência, a inovação, a ética, a segurança e a sustentabilidade”, salienta Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed.

O Relatório Anual de Atividades 2023 pode ser baixado gratuitamente no site da Abramed.

Entidades se unem em campanha de valorização dos laboratórios clínicos em prol da segurança dos pacientes

SBPC/ML, Abramed, SBAC, CBDL e APBM criaram a campanha #EuConfioNoLaboratório após publicação de norma que autoriza a realização de exames de análises clínicas em farmácias e consultórios

Para evidenciar a expertise e a precisão diagnóstica dos laboratórios clínicos e esclarecer a população, auxiliando nas melhores decisões com relação à saúde, as cinco principais entidades médicas do setor se juntaram para criar a campanha nacional #EuConfioNoLaboratório. A ação conjunta envolve a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC), a Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL) e a Associação Paulista de Biomedicina (APBM).

A motivação foi a publicação da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 786/2023, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que entrou em vigor no dia 1 de agosto, permitindo a realização de exames de análises clínicas, em caráter de triagem, em farmácias e consultórios, os chamados testes rápidos. 

As entidades entendem que a nova norma é importante, mas chamam atenção para a garantia de rigorosos procedimentos de qualidade, que ofereçam precisão e confiabilidade aos resultados dos exames. Segundo elas, há um risco de a população fazer uso de exames por curiosidade ou conveniência.

“A nova RDC gerou muitas dúvidas, tanto nos profissionais da área, quanto nos cidadãos. Os laboratórios já têm a expertise de triagem e diagnóstico […] e é essa qualidade que traz segurança aos pacientes”, afirma o presidente da SBPC/ML, Fábio Brazão, que continua: “A busca contínua por qualidade do serviço é o que norteia nosso trabalho. Vamos seguir em frente acreditando nos laboratórios e oferecendo o melhor para a saúde da população”, diz.

Para o diretor de relações institucionais da SBPC/ML, Wilson Shcolnik, é histórica a junção de tantas sociedades científicas trabalhando em prol de um único objetivo: evidenciar a importância do trabalho laboratorial. “É estranho que esta nova diretriz na RDC apareça justo nesse momento, quando o laboratório ganha relevância e visibilidade em tempos de pandemia”, questiona ele.

Shcolnik, que também é presidente do Conselho de Administração da Abramed, declara que o desafio agora é mostrar o valor dos exames de laboratório, desde a promoção e prevenção de doenças até o diagnóstico, pela sua precocidade, possibilitando tratamentos que vão beneficiar os pacientes e trazer desfechos favoráveis, além de cura ou reabilitação. “Muitos nos acusam de realizar muitos exames ou de que os resultados não são acessados. Agora, iniciaremos uma campanha para dar voz aos representantes do setor, de modo que o laboratório tenha o seu valor bem declarado para toda a sociedade”, reforça.

Por sua vez, o presidente da CBDL, Carlos Eduardo Gouvêa, ressalta que o laboratório é o ponto de encontro entre pacientes e a medicina para diagnósticos mais precisos. “Depois da pandemia da Covid-19, o valor do diagnóstico ficou mais claro que nunca. Precisamos valorizar ainda mais o serviço que alicerça esses dados e, dessa forma, ter acesso a terapias cada vez mais precisas. É o laboratório que traz o cidadão lá da ponta da cadeia da saúde para ter visibilidade de fato, possibilitando-lhe um diagnóstico”, diz.

De acordo com a presidente da SBAC, Dra Maria Elizabeth Menezes, é muito importante disseminar a informação correta à população e que todos fiquem cientes da diferença entre Exames de Análises Clínicas – EAC realizados fora do laboratório (farmácia e consultório isolado) os chamados “teste de triagem” e exames realizados no laboratório (RDC786/2023). “Os exames realizados em laboratório precisam cumprir uma série de exigências sanitárias para a segurança do paciente. Sendo assim, fica nítida a importância da  campanha de valorização dos laboratórios uma vez que o resultado do exame laboratorial norteia a conduta clínica e o manejo do paciente”.

No vídeo abaixo, os presidentes das cinco maiores entidades do mercado de análises clínicas compartilham informações sobre o que torna os laboratórios tão essenciais para a saúde e o bem-estar de todos nós.

[Acesse o vídeo oficial da campanha]

Para orientar a população em geral, a campanha “Eu Confio no Laboratório” conta com um site próprio (www.euconfionolaboratorio.com.br), cujo propósito é fornecer informações transparentes e acessíveis sobre a realização de exames laboratoriais. A ideia é esclarecer dúvidas e ajudar as pessoas a tomarem decisões mais acertadas para cuidar de sua saúde.

No dia 4 de agosto, foi divulgado um vídeo de posicionamento, dando início à campanha. O engajamento inicial alcançou 331 mil contas, com mais de 12 mil interações e mais de 11 mil likes. O vídeo também pode ser acessado através do site. 

Wilson Shcolnik recebe prêmio “100 mais influentes da Saúde” por sua contribuição à frente da Abramed

A premiação na categoria Entidades Setoriais foi entregue ao presidente do Conselho de Administração da associação, em cerimônia no Palácio Tangará

Em uma noite de festa, Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, recebeu o troféu como um dos “100 Mais Influentes da Saúde” do ano, na categoria Entidades Setoriais, por sua valiosa contribuição à frente da associação. A cerimônia de entrega do prêmio, organizado pelo Grupo Mídia e pela revista Healthcare Management, aconteceu no dia 12 de dezembro, no Palácio Tangará, em São Paulo.

“Ao longo de 2023, a Abramed desempenhou um papel fundamental no avanço e na promoção da medicina diagnóstica no país, atividade essencial para a tomada de decisões clínicas. Concentramos nossos esforços em construir um ecossistema mais integrado, sustentável, ético e seguro para toda a cadeia de saúde, atuando fortemente junto ao governo e a outras entidades do setor. Este troféu representa o reconhecimento do impacto positivo de nossa dedicação e da importante colaboração da Abramed para o setor”, disse Shcolnik, em agradecimento.

Considerado o Oscar do Setor, o prêmio “100 Mais Influentes da Saúde” encerra o ano homenageando os nomes que mais se destacaram nos últimos 12 meses, por seu comprometimento em colocar a saúde brasileira como importante agente no desenvolvimento do país.

Os eleitos são escolhidos por meio de votação aberta e pesquisa de mercado realizada pelo Conselho Editorial do Grupo Mídia. Os ganhadores são divulgados para o mercado no dia do evento e também na edição especial da revista Healthcare Management, distribuída em primeira mão no dia da premiação e posteriormente enviada para todo o setor.

Número de exames de covid-19 realizados na rede privada e taxa de positividade se mantêm estável

Segundo dados da Abramed, a taxa de positividade na semana de 25 de novembro a 1 de dezembro chegou a 19,2%

Na semana de 25 de novembro a 1 de dezembro de 2023, foram realizados pelas empresas associadas à Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) 11.716 exames de covid-19, com taxa de positividade de 19,2%. Os associados à Abramed representam cerca de 65% do volume de exames realizados na saúde suplementar no Brasil.

Esse resultado demonstra um ligeiro aumento no número de exames realizados em comparação à semana anterior e uma estabilidade na quantidade de positivos. De 18 a 24 de novembro, foram realizados 11.159 exames, com taxa de positividade de 19,5%. Essa pequena diferença pode ser considerada uma flutuação normal.

A última vez que a taxa de positividade ficou acima dos 30% foi na semana de 21 a 27 de outubro. Desde então, vem diminuindo e está abaixo de 20%.

Vale lembrar que a entidade desempenha um papel fundamental na compilação e no registro de dados relacionados à evolução da Covid-19. Os laboratórios clínicos associados enviam os resultados dos exames diretamente à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS/DATASUS), contribuindo para o monitoramento epidemiológico pelo Ministério da Saúde.

Essas informações são essenciais para avaliar a situação da pandemia e orientar as medidas de saúde pública. A entidade também enfatiza a importância de seguir as diretrizes de prevenção e cuidados para combater a propagação do vírus e proteger a saúde de todos.

Abramed integra webinário da Shift sobre perspectivas para a medicina diagnóstica

Evento demonstrou que as expectativas para 2024 são positivas, com a continuidade da colaboração entre as entidades setoriais e o crescimento do uso da inteligência artificial

Para fazer uma retrospectiva de 2023 e discutir as tendências que conduzirão o setor de medicina diagnóstica em 2024, a Shift, especializada em Tecnologia da Informação (TI) para o segmento, convidou Wilson Shcolnik, presidente do Conselho da Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), para integrar o webinário “Transformando a saúde dos negócios e das pessoas”, também com participação de Fábio Brazão, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), e Maria Elizabeth Menezes, presidente da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC). O evento foi realizado no dia 28 de novembro, sob a moderação de Marcelo Lorencin, CEO e fundador da Shift, parceira institucional da Abramed.

Os palestrantes reforçaram a importância da medicina diagnóstica no setor de saúde, lembrando que cerca de 70% das decisões médicas se baseiam em resultados de exames laboratoriais. E esse valor ficou ainda mais evidente durante a pandemia. Segundo dados da 5ª edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, as associadas realizaram mais de 720 milhões de exames de diagnóstico em 2022, um aumento de 9,5% em relação a 2021.

“Nosso setor está em crescimento e vai continuar assim por uma série de razões. Estou otimista, embora ainda tenhamos muitos desafios a enfrentar. O grande fator positivo neste ano que se encerra foi a união das entidades, de uma maneira nunca vista antes. Com isso, nos tornamos fortes para defender os interesses do setor diante de tantas ameaças que encontramos no ambiente externo, seja em assuntos regulatórios, como a RDC 786/2023, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), seja em assuntos de mercado, já que muitos laboratórios também atendem a área privada”, disse Shcolnik.

Ele frisou que o foco da RDC era o funcionamento dos laboratórios clínicos, mas, por uma série de contingências, gastou-se muita energia na discussão sobre exames realizados fora do laboratório clínico. “Na minha opinião, conseguimos bons resultados, pois os critérios para realização desses exames são muito rígidos. Compete a cada um de nós fiscalizar como eles estão sendo feitos nas farmácias, afinal, não podemos submeter as pessoas a qualquer tipo de risco”, complementou.

Ainda referente à RDC 786/2023, Shcolnik apontou várias conquistas relacionadas à tecnologia da informação. Antes, não havia autorização legal para a liberação automática de exames, embora todos os laboratórios utilizem essa ferramenta. Agora, a questão está prevista na regulamentação. Outra conquista foi a assinatura dos laudos, que não precisa mais ser certificada, simplificando o processo.

Shcolnik participou recentemente de uma reunião na Anvisa, mas a agência revelou não ter condições de informar um cronograma para discutir e promover ainda mais alterações já identificadas na nova RDC. “Nós da Abramed temos discutido algumas iniciativas no futuro para nos proteger e oferecer aos pacientes as melhores práticas, com resultados de exames confiáveis”, acrescentou.

Lorencin reforçou que a evolução da RDC é importante, desde que não traga impacto negativo e autorize o uso da automação para garantir o equilíbrio do setor e, ao mesmo tempo, a segurança do paciente. “Isso é o que preconiza a questão da assinatura em termos de autenticidade e integridade dos dados, sem aumentar os custos na cadeia produtiva de medicina diagnóstica. Isso também foi um trabalho em conjunto”, destacou.

Essa união entre as entidades também resultou na campanha inédita de valorização do laboratório, chamada “Eu confio no Laboratório”, demonstrando preocupação com a saúde do paciente após alteração na RDC. O objetivo é conscientizar a população sobre a importância de buscar resultados de exames em locais adequados, garantindo a qualidade dos resultados.

De acordo com Brazão, o local que vai realizar o exame fora do laboratório clínico – que já tem essa expertise – precisa montar um programa de garantia da qualidade, para fazer gestão de equipamento, gestão de risco e gestão de pessoas. “O investimento nesses locais deve ser fiscalizado”, ressaltou.

Fazendo uma comparação com outros países, Maria Elizabeth compartilhou sua experiência em um evento na Guatemala, que reuniu representantes da América Latina, América Central e República Dominicana. O Brasil é o único país com poucas barreiras sobre exames realizados fora de laboratório. “Mesmo nos Estados Unidos, onde cada estado tem sua legislação, não é tão aberto assim, com a preconização da assistência primária através de farmácia e inteligência artificial para alguns exames. Por outro lado, a América Latina está preocupada com a qualificação de laboratórios”, disse.

Maria Elizabeth também contou que só no Brasil há o farmacêutico generalista, o que coloca em risco a vida dos laboratórios. “Esse generalista não tem competência para fazer os exames, fornecer os resultados para o paciente e fazer o encaminhamento correto. Existem alguns cursos preparatórios, mas não são desenvolvidos pelas sociedades científicas”, apontou.

O impulso da tecnologia

“A tecnologia é a base de qualquer negócio, mas é preciso que as empresas tenham maturidade para poder capturar o seu valor”, disse Lorencin. “Quanto mais madura uma organização está perante seus processos, mais consegue capturar resultados da tecnologia, que vão desde a automação total até diferenciais competitivos”, comentou o CEO da Shift.

Para Brazão, os laboratórios precisam de um sistema que ajude desde o cadastro até a liberação dos resultados, passando pelas três fases: pré-analítica, analítica e pós-analítica, com foco na segurança. “Com o avanço da tecnologia, vemos o crescimento da telemedicina, que aumenta o acesso e gera resultado de forma mais rápida. Vivemos o momento dos quatro ‘p’: prevenção, participação, previsão e personalização”, disse.

Ele citou outras tecnologias promissoras, como a genômica, a metagenômica e a espectrometria de massa. Nesse ponto, destacou a união também entre laboratórios menores para unir tecnologias e realizar exames em parceria. “É importante se apegar à tecnologia na automação e na qualidade, para que os clientes tenham confiança em seu trabalho”, comentou Brazão.

Por sua vez, Shcolnik citou outras inovações. A radiologia já utiliza reconhecimento de imagem com grandes benefícios para os pacientes. “O olho humano não consegue ver essas imagens, mas a inteligência artificial as identifica e envia alertas para que os médicos possam priorizar a análise dessas imagens e tecer suas conclusões”, explica.

Na área de laboratórios clínicos, acrescentou o reconhecimento de imagem em hematologia e até em parasitologia. Segundo ele, a inteligência artificial elevará a importância dos exames para as decisões clínicas de 70% para quase 90%. “Na literatura internacional já há definições do uso da IA para melhoria de processos em laboratórios, para identificação de novos valores de referência populacionais, para indicações de exames em cada situação clínica e sobretudo para auxílio na interpretação. A IA conseguirá unir todos esses dados e transformá-los em informações muito valiosas. Esse é um futuro que se aponta”, explicou Shcolnik.

Maria Elizabeth também acredita no aumento da importância dos exames laboratoriais. Segundo ela, o crescimento é impulsionado pela miniaturização de plataformas, permitindo que até mesmo laboratórios de menor porte realizem exames em suas próprias instalações.

A presidente da SBAC explicou que as plataformas reduziram os erros, desde a fase pré-analítica até a emissão do laudo. Nas mais compactas, há a possibilidade de personalização para atender às necessidades específicas dos pequenos laboratórios, possibilitando a realização de exames individualizados. Essa abordagem não apenas melhora a precisão dos resultados, mas também oferece maior flexibilidade operacional.

Ela lembra, no entanto, que os dados no Brasil não estão centralizados, o que é fundamental para trabalhar predição e prevenção. “A Shift pode ajudar nisso em parceria com as entidades. Há vários trabalhos sendo realizados no Brasil que necessitam de integração. Precisamos de um lugar para estocar dados e permitir a análise”, acrescentou.

Maria Elizabeth ressalta, ainda, que a IA não vai substituir o cérebro humano. “Quanto mais nos capacitarmos, menos seremos substituídos. A proximidade com o paciente será de extrema importância. Depois da tecnologia, vai voltar a era da humanização. O tratamento humanizado vai se sobrepor à tecnologia”, expôs.

De forma geral, as perspectivas para 2024 são positivas para o setor de medicina diagnóstica, com a continuidade da colaboração entre as entidades para atingir as demandas do setor e com o crescimento do uso da inteligência artificial, ajudando os laboratórios a atenderem à população com mais precisão e rapidez.

Demanda por informação impulsiona inovação em saúde

Lauro Garcia, fundador da Rede Blessing, mostra como os pacientes e a tecnologia estão provocando a melhoria da medicina diagnóstica

Mais nova associada da Abramed, a Rede Blessing surgiu em 2013, quando Lauro Garcia, gestor hospitalar com mais de 30 anos de experiência, decidiu empreender. O nome do laboratório sintetiza suas aspirações: “Blessing”, uma bênção à saúde, aos seus clientes e colaboradores.

Nesta entrevista, além dos planos da empresa, Garcia analisa o setor, contando como a demanda crescente por acesso a informações está transformando o cenário da medicina diagnóstica no Brasil. Ele também compartilha insights sobre a evolução do segmento, impulsionado pela busca incessante por soluções práticas e avançadas que priorizam a qualidade e a precisão dos diagnósticos.

Além disso, fala sobre o papel do cuidado personalizado na experiência do paciente, a interseção entre tecnologia e medicina diagnóstica e apresenta estratégias para alcançar um sistema de saúde mais sustentável. 

Abramed em Foco – Como a demanda dos pacientes por maior acesso a informações de diagnóstico está moldando o mercado e as práticas no setor?

Lauro Garcia – Percebemos claramente a busca por resultados mais rápidos e acesso on-line, o desejo por informações em tempo real e a busca por serviços personalizados. Por consequência, o setor vem constantemente investindo em tecnologia de última geração, análise de big data, inteligência artificial, automação, aplicativos personalizados nos quais o paciente tenha acesso prático e facilitado à sua história clínica de exames, com disponibilização comparativa do seu perfil em linha de tempo. 

O cliente busca sempre soluções práticas e avançadas, com foco na qualidade e precisão dos diagnósticos. Outro aspecto é a integração entre hospitais, clínicas e sistemas de saúde, ampliando a gama de serviços, com o objetivo de aprimorar a experiência do paciente, contribuindo para uma jornada resolutiva e eficaz. A demanda dos pacientes por mais acesso a informações de diagnóstico está impulsionando a inovação e a melhoria do setor de medicina diagnóstica. Estamos nos adaptando às suas necessidades, oferecendo serviços mais convenientes, informativos e personalizados, ao mesmo tempo em que mantemos altos padrões de qualidade e precisão. 

Abramed em Foco – O cuidado personalizado tem impacto positivo na experiência do paciente. Como a medicina diagnóstica se insere nesse contexto?

Lauro Garcia – Nosso segmento pode aprimorar a experiência do paciente ao abraçar o cuidado personalizado, proporcionando atenção individualizada, informações claras e de fácil entendimento, além de apoio contínuo, melhorando a experiência do paciente e contribuindo para tratamentos mais eficazes. Esse cuidado inclui a disponibilização de interpretação personalizada dos resultados de exames, comunicação empática, acesso fácil aos resultados online, personalização dos exames com base nas necessidades individuais do paciente, colaboração e integração com profissionais de saúde, garantia da segurança e privacidade dos dados do paciente, e coleta de feedbacks para melhoria contínua dos serviços e experiência oferecidos.

Abramed em Foco – De forma prática, como o uso da tecnologia tem aprimorado a rapidez e a eficiência dos processos de diagnóstico?

Lauro Garcia – A automação de testes laboratoriais, com equipamentos ultramodernos, permite processar uma grande quantidade de amostras ao mesmo tempo, acelerando a realização de testes como análises de sangue, urina e culturas microbiológicas. Outro aspecto importante é a análise de grandes conjuntos de dados (big data) e o uso de algoritmos de inteligência artificial, que podem ajudar a identificar tendências e padrões em resultados de exames, contribuindo para diagnósticos ainda mais precisos. 

Os aplicativos móveis e portais para pacientes também contribuem de forma significativa, assim como portais online, garantindo um acesso rápido e conveniente. Tecnologias como código de barras e sistemas de rastreamento garantem que as amostras e os equipamentos estejam sempre em conformidade, evitando erros e atrasos. Já a comunicação eletrônica entre laboratórios, clínicas e médicos permite o envio rápido de resultados e relatórios, reduzindo o tempo necessário para obter informações críticas.

Abramed em Foco – A Saúde Suplementar vem passando por grandes desafios em relação a custos. Em sua opinião, quais as possíveis soluções para resolver esse problema, pensando na sustentabilidade de todo o sistema?

Lauro Garcia – Há vários aspectos para considerarmos. Um deles é investir em programas de prevenção e promoção da saúde, incluindo campanhas de conscientização, check-ups regulares e incentivos para um estilo de vida saudável. Isso pode reduzir a incidência de doenças crônicas e a necessidade de tratamento. Outra solução é aproveitar as inovações tecnológicas, como a telemedicina e a análise de big data, para melhorar a eficiência e a coordenação do atendimento, além de reduzir custos operacionais. Além disso, é importante estimular a colaboração entre operadoras de saúde, seguradoras, prestadores de serviços, governo e pacientes, para buscar soluções conjuntas. É importante reconhecer que não há solução única para os desafios de custos na saúde suplementar. Uma abordagem abrangente e multifacetada, que combine várias estratégias, é fundamental para atingir a sustentabilidade do sistema e garantir que os pacientes tenham acesso a cuidados de qualidade a custos razoáveis.

Abramed em Foco – As práticas de ESG são realidade nos mais diversos setores. Como as empresas que atuam com medicina diagnóstica podem contribuir com questões ambientais, sociais e de governança dentro de suas atividades?

Lauro Garcia – É possível contribuir de diversas maneiras, tanto no aspecto ambiental, com gestão de resíduos, eficiência energética e tecnologias que reduzam o consumo de energia em laboratórios e instalações, bem como com a educação de funcionários e pacientes, sobre práticas sustentáveis e conscientização ambiental. Do ponto de vista social, é fundamental garantir o acesso à saúde para diferentes grupos geográficos e socioeconômicos. O aspecto da responsabilidade social corporativa envolve a promoção de campanhas de saúde comunitárias e o aspecto da segurança dos pacientes, com a utilização de práticas seguras e de alta qualidade, que atendam aos padrões regulatórios. No aspecto de governança, destacamos a ética e a transparência, o cumprimento da regulamentação da saúde, a privacidade dos dados e a gestão de riscos garantindo a integridade do negócio e a confiança dos pacientes. Ou seja, uma governança realmente focada em compliance.

Abramed em Foco – Como foi 2023 para a Rede Blessing e quais são as perspectivas de negócios para 2024?

Lauro Garcia – Os anos de 2022 e 2023 foram muito significativos. Em 2022, começamos o projeto de construção da nova sede da Blessing, que foi inaugurada em 24 de outubro de 2023. Neste mesmo ano, adquirimos a Clicor – Medicina Diagnóstica, com atuação no Rio de Janeiro e Ceará. Ainda no segundo semestre, criamos a Rede Blessing. Destaque também para a inauguração da nova sede no Nordeste, em Fortaleza, CE, onde já temos sete unidades e teremos mais duas do Laboratório Blessing e da Clicor, ampliando para nove no estado. Fecharemos 2023 incluindo a inauguração de mais uma unidade Clicor em Botafogo, no Rio de Janeiro. Para 2024, está em nosso planejamento trabalhar o crescimento da rede em mais 10%.

Abramed em Foco – Como você enxerga a atuação da Abramed na medicina diagnóstica? O que espera da entidade como parceira para a melhoria do setor?Lauro Garcia – Esperamos que a Abramed continue desempenhando um papel significativo na melhoria do setor de diversas maneiras. Uma delas é através da representação dos interesses das empresas de medicina diagnóstica perante o governo, reguladores e outras partes interessadas, trabalhando sempre para criar um ambiente regulatório favorável e justo. Também esperamos que continue a colaborar na criação de normas e diretrizes que promovam práticas de alta qualidade, éticas e seguras na medicina diagnóstica, além de incentivar a melhoria contínua, o fomento à pesquisa e à inovação, apoiando o desenvolvimento de novas tecnologias e práticas, ajudando a educar o público sobre a importância dos serviços de diagnóstico médico no seu papel de promoção da saúde e prevenção de doenças.

Abramed apresentou o cenário da medicina diagnóstica em evento da Frente Parlamentar em Brasília

Na reunião com parlamentares e lideranças da saúde, também foi destacada a 5ª edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico

A Abramed participou de reunião da Frente Parlamentar do Empreendedorismo (FPE), no dia 7 de novembro, em Brasília. No encontro, a entidade apresentou o “Cenário do setor de Medicina Diagnóstica – Desafios e Oportunidades”, com base nos dados do 5º Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, além de discutir “Desafios e perspectivas do Setor da Saúde”, junto a parlamentares e outras lideranças da área da Saúde.

Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, salientou a relevância da medicina diagnóstica para a sustentabilidade do sistema de saúde e mencionou o reconhecimento da importância dos exames pela Organização Mundial de Saúde (OMS), que publicou em 19 de outubro deste ano a quarta lista dos exames laboratoriais essenciais, recomendando aos governos dos países membros a oferta em nível nacional.

Apresentando dados do 5º Painel Abramed, Shcolnik mostrou que o segmento tem experimentado um crescimento significativo nos últimos anos, impulsionado por fatores como aumento populacional, envelhecimento da população, crescente preocupação com saúde e bem-estar, além do avanço tecnológico. 

No entanto, segundo informações da publicação, as despesas com saúde no país atingiram entre R$ 912 bilhões e R$ 951 bilhões em 2022, com um aumento real de cerca de 10% em relação a 2019. Este aumento foi impulsionado pelo crescimento do setor de medicina diagnóstica, que representou menos de 20% das despesas totais com saúde.

Shcolnik também abordou os desafios do setor, começando pelo no-show, que acontece quando o paciente agenda exames, mas não comparece. No caso específico de exames de imagem, o índice chegou a 25% em 2022, segundo dados do Painel. Essa prática prejudica a disponibilidade para outros pacientes, o que impacta diretamente no acesso aos serviços de saúde.

Outro desafio apontado foi o prazo médio de pagamento das operadoras aos prestadores de serviços. O Painel revela que em 2022 esse prazo chegou a 52 dias, tendo superado a marca de 70 dias no primeiro semestre de 2023. A longa espera por pagamentos afeta significativamente os fluxos de caixa das empresas, gerando repercussões em toda a cadeia, impactando a qualidade e a continuidade dos serviços prestados.

Shcolnik também citou a questão das glosas, ou seja, os exames realizados e não remunerados pelas operadoras de saúde. Alguns desses casos apresentam justificativas plausíveis, enquanto outros carecem de razões fundamentadas. Esse fenômeno atingiu 5% em 2022, de acordo com o Painel, representando um impacto significativo no sistema, uma vez que afeta diretamente a receita dos prestadores de serviços. Isso pode prejudicar a capacidade de investimento, o pagamento de salários e a expansão de serviços de diagnóstico de alta qualidade.

Há também a questão dos laudos não acessados. Shcolnik salientou que o número real de laudos não acessados é substancialmente inferior aos valores frequentemente divulgados pela mídia como desperdício. Em 2022, por exemplo, esse índice foi de 3,8% para exames laboratoriais e 9% para exames de imagem, segundo dados do Painel. Ele destacou que o acesso online aos laudos está em crescimento constante, e a fonte mais precisa para informações são os próprios laboratórios, não a mídia ou as operadoras de saúde. 

Shcolnik reforçou que a Abramed trabalha para a adequada utilização dos recursos da cadeia da saúde, considerando que a entidade é o elo que atua no diagnóstico e na prevenção, o que reduz o desperdício. Vale lembrar que os resultados de exames laboratoriais apoiam cerca de 70% das decisões médicas. Segundo ele, a busca pela responsabilidade na utilização de recursos é prioridade da Abramed, contribuindo significativamente para a eficiência da cadeia da saúde.

Por fim, o presidente do Conselho de Administração da entidade citou a falta de interoperabilidade no sistema de saúde brasileiro, que dificulta o compartilhamento eficiente de dados entre diferentes pontos de atenção à saúde. Além disso, segundo o executivo, a integração de todos os stakeholders no setor é crucial para garantir a sustentabilidade do sistema.

Uma solução para lidar com esses desafios, conforme destacou Shcolnik, é o uso da inteligência artificial (IA), que, na medicina diagnóstica, colabora para diagnósticos mais rápidos e precisos. Essa tecnologia não apenas aprimora a qualidade dos cuidados de saúde, mas também desempenha um papel crucial em toda a cadeia de saúde. Isso porque permite a análise eficiente de grandes conjuntos de dados, como imagens médicas e registros clínicos, identificando padrões complexos que podem passar despercebidos pela detecção humana. 

Debate

Após a apresentação do Painel, Shcolnik participou do debate sobre os “Desafios e perspectivas do Setor da Saúde”, juntamente com Bruno Sobral, diretor-executivo da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde) e Giovanni Cerri, presidente do Instituto Coalizão Saúde (ICOS), sob a moderação do deputado federal Dr. Zacharias Calil, coordenador-estadual da FPE do Goiás.

Calil defendeu a desburocratização do setor da medicina diagnóstica para fomentar o empreendedorismo. “É preciso simplificar os trâmites para permitir que os empreendedores entrem no setor”, disse.

Giovanni Cerri, por sua vez, ressaltou a necessidade do uso das tecnologias. “O empreendedorismo pode melhorar o acesso para a medicina diagnóstica, reduzindo as desigualdades através das tecnologias, da telemedicina, até por meio da inteligência artificial”, expôs.

Cerri afirmou, ainda, que o Brasil precisa deixar de ser dependente de meios externos para suprir a própria demanda. “Na pandemia, nós vimos o quanto o país é dependente de equipamento, isso tem que mudar”, destacou.

De forma geral, os participantes salientaram que a medicina diagnóstica é crucial para o Brasil e que tecnologias podem transformar o acesso à saúde e reduzir desigualdades.
Na ocasião, a Abramed entregou a 5ª edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, publicação recém-lançada e que traz uma visão aprofundada do setor de diagnóstico no Brasil, podendo fornecer insights a empreendedores para identificar oportunidades, inovar tecnologicamente, estabelecer parcerias estratégicas e garantir conformidade regulatória. Investidores podem utilizar essas informações para decisões financeiras informadas, impulsionando o crescimento e a criação de valor no mercado.

Inteligência artificial e 5G pautaram a participação da Abramed no Global Summit APM 2023

Cesar Nomura, VP do Conselho de Administração da entidade, falou sobre “Conectividade na saúde e seus impactos na Medicina Diagnóstica”

A interseção entre conectividade e métodos de diagnóstico no contexto atual da tecnologia é fortemente impulsionada pela inteligência artificial (IA). Ela é empregada na análise de grandes conjuntos de dados clínicos, imagens médicas e informações genéticas, auxiliando os profissionais na identificação precoce de doenças, tomada de decisões mais informadas e personalização de tratamentos.

Essa sinergia entre IA e métodos diagnósticos é otimizada pela implementação da tecnologia 5G, que vem crescendo no Brasil. Sua capacidade de transmitir dados em altas velocidades e com baixa latência é um fator determinante para a eficácia das aplicações de IA na medicina diagnóstica.

O tema foi abordado por Cesar Nomura, vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed, durante o Global Summit Telemedicine & Digital Health APM 2023, realizado de 20 a 22 de novembro, em São Paulo. Ele apresentou a palestra “Conectividade na saúde e seus impactos na Medicina Diagnóstica”, no Painel Nacional Soluções em Saúde Digital e Telessaúde.

Como exemplo do uso dessas tecnologias, Nomura lembrou que, durante a pandemia, cientistas do Hospital das Clínicas de São Paulo desenvolveram uma plataforma de IA, chamada RadVid19, para identificar casos de Covid-19 em tomografias. Algoritmos eram aplicados às imagens enviadas para a nuvem, disponibilizando os resultados em apenas 10 minutos. A solução foi criada em apenas um mês e meio, abrangendo 50 hospitais, que processaram 27 mil tomografias, gerando uma das maiores bases de exames de tomografia de Covid-19 do mundo.

Apesar do sucesso, segundo Nomura, a quantidade de tomografias processadas, considerando o tamanho do Brasil, poderia ter sido ainda mais expressiva se houvesse maior colaboração com o governo, o que destaca o potencial de expansão e impacto positivo desse tipo de ferramenta.

Atualmente, o 5G é considerado uma das tecnologias de conectividade que mais impactam a saúde, oferecendo rapidez, baixa latência e alta confiabilidade, estando presente em quase todos os lugares. “A conectividade avançada, como o 5G, permite integrar equipamentos como ultrassom, endoscópios, dermatoscópios, raios-x, entre outros, a centros de referência remotos, com médicos especialistas, permitindo o diagnóstico remoto através de imagens transmitidas em tempo real”, explicou.

O advento da tecnologia 5G promete revolucionar o telediagnóstico, especialmente em regiões com poucos serviços disponíveis. Na dermatologia, por exemplo, diversos algoritmos de inteligência artificial proporcionam informações mais detalhadas do que um diagnóstico realizado por um clínico geral ou profissionais menos experientes nessas localizações.

O potencial transformador é evidente ao considerar as taxas de mortalidade em comunidades afastadas, afetadas pela escassez de serviços de saúde. Oferecer um serviço de pré-natal ou ultrassom, com um especialista à distância, pode ajudar a melhorar a saúde pública no Brasil.

Já existem iniciativas em andamento, como a realização de ressonância e tomografia à distância por diversos grupos no país, como o InovaHC – Centro de Inovação do Hospital das Clínicas, permitindo fazer exames em locais sem especialistas, gerando ganhos de escala, aumento na qualidade e na produção, além de redução de custos.

Outro exemplo é o projeto OpenCare5G, criado por um grupo de empresas de diferentes setores e o Hospital das Clínicas da USP, que visa criar uma rede privativa de 5G, oferecer o telediagnóstico em áreas remotas e desenvolver novas habilidades, empoderando a força de trabalho local, induzindo novos pesquisadores no âmbito de telecom e telediagnóstico.

Nomura explicou que o caso inicial do projeto OpenCare5G envolveu um ultrassom portátil conectado via 5G a um centro de referência médico. Um agente de saúde local com treinamento básico opera o dispositivo e um médico especializado localizado remotamente orienta o agente local, salva imagens e fornece o diagnóstico. Tudo em tempo real.

Segundo ele, o verdadeiro avanço só é alcançável através da colaboração entre entidades públicas, privadas, academias e indústrias. “Ao unir esforços para idealizar e implementar soluções inovadoras, podemos maximizar os resultados, fazendo mais com menos em benefício da saúde da população”, disse.

Debate

Na sequência, o vice-presidente do Conselho de Administração da Abramed participou de um debate sobre “Soluções em Saúde Digital e Telesaúde” com participação de Cleidson Cavalcante, pesquisador em IoMT | UTI Respiratória do InCor HC/FMUSP, e Felipe Cabral, gerente médico de Saúde Digital do Hospital Moinhos de Vento.

Uma das discussões foi sobre barreiras na implantação de ferramentas de interação à distância entre os profissionais de saúde. Para Cabral, a primeira delas pode ser a tecnológica, mas não é a principal. “A questão humana é um grande desafio, ou seja, o próprio médico querer uma segunda opinião de outro. Essa relação precisa ser de parceria, é importante trabalhar isso”, disse.

Nomura concordou, mas, para Cavalcante, a experiência foi diferente. No momento de dificuldade durante a pandemia, no caso da teleUTI geral adulto, houve uma grande necessidade de buscar outros profissionais. Ele lembrou, ainda, que na área de Terapia Intensiva é comum a discussão entre pares. “Além disso, quando os dados são entregues em tempo real, ou seja, quando os dois lados estão com acesso às mesmas informações, é importante já deixar combinado que aquele cujo sistema primeiro identificar alguma ocorrência deverá entrar em contato com o plantonista”, explicou.

Sobre a sustentabilidade da adoção de modelos conectados no Brasil, Nomura considera que é importante fazer primeiro a “lição de casa”. “Precisamos de integração entre as instituições de saúde e uma política de saúde pública por região”, destacou.

A respeito do uso da tecnologia na promoção de saúde, os participantes consideraram que é preciso comprometimento para conectar a população aos sistemas das instituições. As pessoas necessitam ser monitoradas e acessadas antes de desenvolverem a doença, evitando uma internação e as chances de complicação em seu quadro de saúde, além de reduzir os custos do sistema. A prevenção é o futuro e há ferramentas que podem contribuir nesse monitoramento.

“Se não nos prepararmos para as mudanças tecnológicas, seremos atropelados ou vamos acabar aceitando o que vier. O uso de aplicativos e tudo que vem de saúde digital é um caminho sem volta, mas é preciso dosar o que utilizar, porque nenhuma tecnologia é capaz de substituir o profissional humano”, salientou Nomura.

CFM, AMB e CBR alertam sobre riscos de usurpação da função do médico em exames de ultrassonografia

A Lei 12.842/2013 deixa claro que a emissão de laudo de exames endoscópicos e de imagem é atividade privativa do médico

O Conselho Federal de Medicina (CFM), a Associação Médica Brasileira (AMB) e o Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) assinaram um comunicado conjunto para alertar a população sobre os riscos associados à realização de exames de ultrassonografia por profissionais não médicos.

A ultrassonografia, procedimento médico não invasivo, tem se expandido em diversas áreas da medicina, desempenhando papel crucial em diagnósticos precisos e acompanhamento de patologias. No entanto, as entidades médicas ressaltam a complexidade dessas áreas e a necessidade de conhecimentos profundos de embriologia, anatomia, patologia, além do domínio da técnica ultrassonográfica associada à clínica específica de cada especialidade.

O comunicado destaca que, embora as imagens documentadas representem apenas uma fração mínima das varreduras multiplanares visualizadas pelo médico durante o exame, são fundamentais para a elaboração de laudos diagnósticos. Esse processo, realizado em tempo real, exige não apenas a aplicação da técnica, mas também a interpretação correta das imagens, considerando a expertise do médico na área.

A Abramed expressa seu total apoio ao comunicado e destaca sua importância para a promoção da precisão diagnóstica e a segurança do paciente. Como defensora dos mais altos padrões éticos e técnicos na prática médica, a entidade ressalta a necessidade de garantir que os procedimentos ultrassonográficos sejam conduzidos exclusivamente por profissionais médicos altamente qualificados, assegurando a interpretação adequada das imagens e a emissão de laudos precisos que orientem o tratamento e o acompanhamento clínico.

Leia o comunicado na íntegra neste link.

Novembro Azul: A inteligência artificial como aliada no diagnóstico precoce e tratamento adequado do câncer de próstata

Algoritmos de IA podem identificar sinais iniciais da doença, aumentando as chances de sucesso no tratamento

A inteligência artificial (IA) tem desempenhado um papel fundamental na saúde em várias áreas, especialmente oncológica. Neste Novembro Azul, mês usual de conscientização à respeito de doenças masculinas, a Abramed chama atenção para sua aplicação no combate ao câncer de próstata. Afinal, a IA pode ajudar tanto na detecção quanto no diagnóstico e no planejamento terapêutico.

Quem explica é Regis Otaviano França Bezerra, radiologista do Hospital Sírio-Libanês – associada Abramed – e do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), doutor em Ciências pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP). Segundo ele, a IA pode ser utilizada na análise de imagens, permitindo que os algoritmos avaliem exames médicos, como ressonâncias e ultrassonografias para detectar anormalidades sutis ou áreas suspeitas de câncer de próstata. “Dessa forma, esses modelos de aprendizado oferecem dados importantes para aprimorar a precisão na identificação de regiões cancerígenas”, expõe.

O segundo ponto está relacionado à estratificação de risco. Utilizando algoritmos que incorporam informações como idade, histórico familiar e níveis de biomarcadores, a IA possibilita uma análise mais precisa. Outros papéis igualmente relevantes da IA estão na radiômica e na patômica, dois campos emergentes na pesquisa médica que visam extrair dados de alta dimensão de imagens médicas e amostras de tecidos, respectivamente. Em resumo, trata-se da extração de dados tanto da patologia quanto da imagem.

Outro aspecto relevante é a aplicação da inteligência artificial nos sistemas de suporte à decisão, especialmente em cenários nos quais há uma profusão de dados complexos. “Quando lidamos com volumes substanciais de informações, como dados clínicos, de imagem, de patologia e histórico familiar, a integração dessas informações em sistemas de inteligência artificial possibilita o fornecimento de suporte para decisões clínicas mais precisas e embasadas”, salienta Regis.

Mais uma utilização da IA é no monitoramento do progresso da doença. Isso significa que, ao enfrentar o câncer de próstata, é possível acompanhar de perto sua evolução e a resposta ao tratamento. Esse monitoramento permite avaliar se um paciente específico terá uma resposta positiva ou negativa a um determinado tratamento.

Por último, Regis cita a integração com os registros eletrônicos de saúde. Ao conectar os dados do paciente a esses registros, tem-se uma visão abrangente do histórico médico, permitindo uma análise mais personalizada do indivíduo.

Inteligência Artificial na prática

Há alguns meses, o médico patologista Leonard Medeiros, líder de pesquisa no Grupo Oncoclínicas, conduziu um estudo que revelou a maior precisão no diagnóstico do câncer de próstata com a aplicação da inteligência artificial. O estudo, intitulado “Aplicação independente no mundo real de um sistema automatizado de detecção de câncer de próstata de nível clínico”, destaca a eficiência aprimorada do processo por meio dessa nova tecnologia.

A inteligência artificial permite a análise digitalizada do tecido prostático, reduzindo a possibilidade de falso negativo ao detectar áreas menores do câncer que poderiam passar despercebidas pelo método tradicional com microscópio. A pesquisa indicou uma redução de 65,5% no tempo de diagnóstico, evidenciando os benefícios da inteligência artificial na detecção mais rápida e precisa da doença.

O procedimento atua como um tipo de verificação dupla, assemelhando-se à atuação de uma equipe de patologistas que examinam minuciosamente a amostra. Além disso, o algoritmo desempenha um papel significativo no processo de treinamento e aprimoramento de novos profissionais. Medeiros destacou que a literatura médica evidencia uma variação na taxa de falso negativo entre 2% e 4% entre especialistas, e quando se usa o algoritmo, há uma redução para a faixa de 1% a 2%.

Informação é a chave

Mais de 65 mil novos casos de câncer de próstata foram diagnosticados por ano, entre 2020 e 2022, segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA). Os homens mais propensos a desenvolverem o tumor são aqueles com mais de 55 anos, com excesso de peso e obesidade.

“A informação é a chave para que o homem conheça e entenda a necessidade da realização de exames precoces, principalmente em relação ao rastreamento no câncer de próstata, pois só é possível classificar essa doença como agressiva ou de baixo risco após resultados de exames como PSA, toque retal e eventualmente de imagem”, comenta Igor Morbeck, Oncologista e membro do Comitê Científico do Instituto Lado a Lado pela Vida.

Segundo ele, as campanhas de conscientização são fundamentais. “Elas devem alcançar diretamente o público, eliminando preconceitos e quebrando tabus, esclarecendo que o toque retal não compromete a masculinidade, não gera complicações e é realizado em aproximadamente 30 segundos”, explica.

É preciso entender que a atenção à saúde masculina é tão importante quanto à feminina. Conforme revelam as estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os homens, em média, vivem sete anos a menos que as mulheres. Vale lembrar que o sedentarismo, o tabagismo e os hábitos de vida prejudiciais são fatores que contribuem para o surgimento de doenças crônicas, cardiovasculares, metabólicas, como diabetes, e até mesmo câncer. “A população masculina demanda nossa atenção e intenção, necessitando de cuidados especiais para combater esses desafios à saúde”, complementa Morbeck.

A pesquisa “A Saúde do Brasileiro”, realizada pelo Instituto Lado a Lado pela Vida em parceria com o Instituto QualiBest, revela que 83% dos homens entrevistados reconhecem a necessidade de cuidar melhor da saúde, sendo que 63% expressaram grande preocupação com seu bem-estar. No entanto, mais da metade (51%) aponta a rotina estressante como o principal obstáculo para um cuidado adequado, enquanto 32% citam o acesso à saúde como um desafio.

Participaram do estudo 815 pessoas, sendo 52% dos 401 homens usuários do Sistema Único de Saúde (SUS), 27% atendidos pelo Sistema Suplementar e 21% utilizando ambos os sistemas. A pesquisa também destaca que 88% dos homens consultados visitam o médico pelo menos uma vez ao ano, sendo que 84% agendam as consultas por conta própria, e apenas 10% afirmam que as esposas realizam o agendamento.

Dados do Ministério da Saúde de 2022 indicaram o aumento do índice de mortalidade por câncer de próstata em 25 estados do Brasil no período 2008/2022. A análise considerou a taxa por cada 100 mil habitantes. Entre os estados que mais registraram aumento está o Pará (111,3%), o Amapá (97,9%); o Maranhão (82,6%) o Mato Grosso (65,9%) e a Bahia (63,8%). Os que tiveram menores taxas de crescimento são Rio de Janeiro (12,5%), São Paulo (14,8%), Distrito Federal (17,5%) e Rio Grande do Sul (19,2%). Mato Grosso do Sul e Acre tiveram redução de casos em 4,5% e 24,5%.