Combate ao câncer de mama: tomossíntese digital mamária 3D é grande aliada

Por Wilson Shcolnik* e Marcos Queiroz**

O câncer de mama é uma preocupação constante em nossa sociedade, e com razão. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), é a primeira causa de morte por câncer entre as mulheres no Brasil. Enfrentar essa realidade exige uma abordagem abrangente e, principalmente, a busca por soluções inovadoras para a prevenção e o diagnóstico precoce. É com essa perspectiva que vale destacar a importância da tomossíntese digital mamária 3D, uma tecnologia crucial nessa luta.

A mamografia tradicional, sem dúvida, tem sido um pilar na prevenção do câncer de mama, contribuindo significativamente para a redução da mortalidade associada à doença. No entanto, é importante salientar que novas tecnologias e abordagens têm chegado ao setor de diagnóstico por imagem, como a tomossíntese digital mamária 3D, também conhecida como mamografia 3D.

Estudos demonstraram que a tecnologia pode aumentar a taxa de detecção do câncer de mama em até 30% em comparação à mamografia convencional. Como isso é possível? A resposta está em sua capacidade de produzir imagens tridimensionais da mama, permitindo uma visualização em camadas. Isso é fundamental para detectar lesões pequenas e identificar anormalidades em mulheres com tecido mamário denso, reduzindo as taxas de falsos positivos e falsos negativos.

Em um momento em que a saúde pública é uma preocupação constante, é encorajador saber que a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) abriu uma consulta pública para incorporar a tomossíntese digital mamária 3D no Rol de Procedimentos e Eventos em Saúde. Essa incorporação, que recebeu inúmeras manifestações de apoio – incluindo o posicionamento do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR) – ainda está em discussão, mas deve ser vista com seriedade, pois é um impulsionador para fazer com que a tecnologia esteja ao alcance das mulheres brasileiras que possuem planos de saúde.

Não podemos subestimar a importância do sistema de saúde suplementar em nosso país, que desempenha um papel fundamental na assistência à saúde. De acordo com a ANS, o número de beneficiários de planos de saúde no Brasil está em crescimento e atingiu 50,5 milhões no final de 2022, o maior número desde dezembro de 2014.

Este é um tema de extrema relevância para a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), cujos associados são responsáveis pela realização de 65% do volume total de exames da saúde suplementar no Brasil. Acreditamos que a inclusão da tomossíntese digital mamária 3D no rol da ANS é um passo importantíssimo para a melhoria dos serviços de saúde no país, especialmente no que se refere ao diagnóstico precoce do câncer de mama.

Atuando em prol da saúde dos pacientes, estamos sempre envolvidos em consultas públicas e debates com órgãos regulatórios e entidades de saúde, fornecendo dados e argumentos que demonstram a importância da inclusão de novos exames no rol da ANS. Além disso, estamos empenhados em promover a educação e a conscientização sobre a importância da realização de exames em laboratórios e clínicas de diagnósticos por imagem.

Trabalhamos em estreita colaboração com o governo, a comunidade médica e outras instituições, reforçando nosso compromisso de garantir aos nossos pacientes a melhor assistência diagnóstica possível, com qualidade, rapidez e eficiência.

*Wilson Shcolnik

Presidente do Conselho de Administração da Abramed

**Marcos Queiroz

Líder do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed

Abramed cria Comitê de Interoperabilidade para impulsionar a integração entre sistemas

Grupo foi estruturado para apoiar e desenvolver projetos e fomentar a troca das melhores práticas sobre o tema no setor de saúde brasileiro

A interoperabilidade desempenha um papel fundamental na transformação do setor de saúde, permitindo que as informações fluam de forma integrada e segura entre sistemas e profissionais, proporcionando melhores resultados para todos os envolvidos.

Pensando na importância do tema para a sustentabilidade do ecossistema da saúde, a Abramed criou o Comitê de Interoperabilidade, sob a liderança de Atualpa Carvalho de Aguiar, Diretor de Tecnologia e Inteligência Digital do CURA grupo, e André Santos, IT & Digital Transformation Manager do Hospital Israelita Albert Einstein.

O Comitê surge como um espaço institucional para avançar na agenda de interoperabilidade na medicina diagnóstica, além de apoiar e desenvolver projetos na intersecção entre o poder público e privado, e fomentar a troca das melhores práticas e desafios entre os principais atuantes da área.

A motivação por trás de sua criação é multifacetada. O principal objetivo é promover a colaboração entre os players do setor de medicina diagnóstica, especialmente os associados à Abramed, para desenvolver e implementar padrões de interoperabilidade, melhores práticas e soluções tecnológicas que aprimorem a eficiência e a qualidade dos serviços de saúde diagnóstica no Brasil. O Comitê também vai contribuir para a criação de políticas nacionais. 

Desafios a serem vencidos

Um dos principais desafios da interoperabilidade é a diversidade de sistemas e padrões de dados usados por diferentes instituições, que dificulta a troca de informações. A segurança e a privacidade dos dados de saúde também são preocupações críticas, exigindo medidas rigorosas e conformidade com a legislação. A complexidade tecnológica e os custos associados à integração de sistemas de saúde são obstáculos significativos.

Além disso, as diferentes regulamentações de saúde em várias regiões e países complicam a busca pela interoperabilidade em nível global. A cultura organizacional e a aceitação da interoperabilidade nas instituições de saúde também podem ser desafios, exigindo conscientização, treinamento e mudanças na mentalidade.

O Comitê de Interoperabilidade da Abramed tem o potencial de ajudar a enfrentar esses desafios. “Ele pode desempenhar um papel vital na criação de padrões específicos para o setor de medicina diagnóstica no Brasil, promover a conscientização sobre a interoperabilidade e facilitar a colaboração entre partes interessadas. Pode, ainda, recomendar e explorar soluções tecnológicas para facilitar a troca de dados entre sistemas”, acrescenta Aguiar.

Prioridades do Comitê

Entre as prioridades está validar, entre os associados da Abramed, a proposta de adesão à autorregulação da padronização de assinatura eletrônica avançada, conforme estabelecido pela Lei 14.063/2020, nos relatórios de exames. Essa proposta foi apresentada pela Associação Brasileira das Empresas Desenvolvedoras de Sistemas de Informação Laboratorial (LISBrasil) e visa assegurar a conformidade e a segurança dos documentos eletrônicos utilizados na área.

Outra iniciativa é estabelecer uma cooperação técnica com a Secretaria de Saúde Digital do Ministério da Saúde, para alinhar os esforços, garantindo uma melhor coordenação e troca de informações entre os diversos atores do setor.

Mais uma meta importante do Comitê é a codificação das doenças e dos exames previstos na Lista Nacional de Notificação Compulsória para o padrão de terminologia LOINC, sistema de código universal para identificar informações clínicas em registros eletrônicos, visando a padronização dessas notificações para comunicação dos sistemas de informação dos associados à Abramed com a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS).

A padronização e a harmonização das informações de saúde entre os sistemas de saúde podem levar a melhorias na qualidade do atendimento, em eficiência operacional, apoio à pesquisa médica, envolvimento dos pacientes, conformidade regulatória e estímulo a parcerias no campo da medicina diagnóstica.

O futuro da interoperabilidade

Segundo Aguiar, o futuro da interoperabilidade no Brasil é promissor e representa uma etapa fundamental na evolução do sistema de saúde do país. Diversas tendências e expectativas apontam para avanços significativos nos próximos anos, e a interoperabilidade desempenhará um papel crucial nesse cenário.

Em primeiro lugar, espera-se um aprimoramento na padronização de sistemas e protocolos, facilitando a comunicação eficiente entre os sistemas de saúde. A inteligência artificial e a análise de dados também serão fundamentais na interpretação e utilização das informações de saúde interoperáveis, revolucionando diagnósticos e tratamentos personalizados.

A telemedicina, a saúde digital e a integração de dispositivos médicos enriquecerão o atendimento. “A segurança e a privacidade dos dados serão prioridades, assim como a conscientização e a educação dos profissionais de saúde. Regulamentações atualizadas e a colaboração entre diversos stakeholders serão fundamentais para o sucesso da interoperabilidade”, comenta Aguiar.

Segundo Santos, com a crescente adoção de sistemas eletrônicos de saúde e a necessidade de compartilhar informações de pacientes entre instituições, a interoperabilidade se tornará cada vez mais importante. “No entanto, o sucesso dependerá de esforços coordenados entre governos, prestadores de serviços de saúde, empresas de tecnologia e reguladores para desenvolver padrões de interoperabilidade robustos, garantir a segurança dos dados e promover a adesão geral. À medida que o setor avança, é essencial que haja um equilíbrio entre a facilitação do fluxo de informações e a proteção da privacidade dos pacientes”, finaliza.

Abramed protagoniza debate sobre transformação digital no CBR23

Painel realizado pela entidade mostrou o panorama do mercado e abordou os desafios e os impactos da digitalização na saúde 

Para levar conhecimento, promover o networking e incentivar o debate de temas relevantes ao setor, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) marcou presença no 52º Congresso Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, o CBR23, que aconteceu de 12 a 14 de outubro, no Rio de Janeiro.

Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, fez a abertura do Painel que trouxe como tema central a “Transformação Digital na Medicina Diagnóstica”, no dia 14 de outubro, além da apresentação institucional da entidade. A programação contou com palestra de Ademar Paes Jr, diretor da Clínica Imagem e membro do Conselho de Administração da Abramed, sobre o “Panorama do mercado de Medicina Diagnóstica”, mostrando dados da 5ª edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico; e palestra sobre “Desafios e impactos da digitalização na saúde”, com Adriano Tachibana, gerente médico imagem do Hospital Israelita Albert Einstein. Além disso, Luciana Dias, CEO da Transduson, apresentou um case sobre as tecnologias aplicadas na empresa, que se destaca pela digitalização.

Após as palestras, um debate sobre o tema central foi conduzido por Milva, abordando assuntos como ética, mudança de cultura, segurança de dados e o futuro da medicina diagnóstica. Os participantes frisaram que a evolução está acontecendo, portanto, é preciso se adaptar. 

No mesmo dia, o presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnick, a convite do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), participou da programação, palestrando sobre o cenário atual dos prestadores do Serviço de Apoio Diagnóstico Terapêutico, tratando da atuação da defesa profissional.

Desafios e avanços da digitalização

O debate “Transformação Digital na Medicina Diagnóstica” rendeu insights valiosos. “Quando tratamos de tecnologia, falamos de ética, legitimidade das informações e governança. No entanto, ainda enfrentamos desafios significativos envolvendo cibersegurança e proteção de dados. Portanto, é fundamental identificar indicadores para mensurar os processos de transmissão de dados”, disse Milva.

Ademar complementou que esses indicadores estão sob a responsabilidade das empresas e, geralmente, são impulsionados por seus departamentos internos. Ao implementar um serviço de tecnologia em uma organização que já possui estrutura em conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), é necessário cumprir uma série de requisitos. “No entanto, a questão vai além de legitimação e segurança; precisamos evoluir para outros temas, como o direito de propriedade sobre os dados e considerações éticas em relação à utilização dessas informações.”

Segundo Ademar, cada vez que um indivíduo disponibiliza seus dados, ele perde a rastreabilidade sobre seu uso. “A ausência desse controle não é necessariamente prejudicial – na era analógica também não havia –, mas precisamos evoluir e criar ferramentas de controle”, reforçou.

Melhorias na eficiência 

Tachibana compartilhou que o Hospital Israelita Albert Einstein melhorou significativamente sua eficiência por meio da transformação digital, abrangendo áreas como agendamento, operações diárias e engajamento dos pacientes. “Notamos que a digitalização tem alcançado uma grande parte de nossos clientes, e isso resulta em melhorias tanto na eficiência como no crescimento da instituição, além de reduzir custos. Essa redução foi fundamental para mantermos nossas operações com as mesmas características”, expôs. 

Contudo, ele reconheceu que houve um impacto considerável no número de glosas no balanço da instituição, algo que não era um problema no passado, mas que passou a fazer parte da rotina. “Embora busquemos constantemente aumentar a eficiência e a produtividade, enfrentamos penalizações em outras áreas”, disse.

Ele lembrou que a implementação de inteligência artificial para melhorar a produtividade dos médicos ou a interpretação de exames de forma mais eficiente ainda não é uma realidade, devido a questões éticas. Segundo Tachibana, é preocupante que os médicos estejam entrando em um ciclo descendente e os radiologistas estejam sob crescente pressão. Uma pesquisa da Medscape feita nos Estados Unidos indicou que um terço dos radiologistas sofre de burnout, o que é alarmante.

“Apesar das preocupações, tentamos encarar esse cenário com otimismo, acreditando que o sistema se ajustará com o tempo. No entanto, se não tivéssemos adotado rotinas digitais com custos mais controlados, estaríamos em desvantagem”, disse.

Por sua vez, Luciana contou que a Transduson experimentou melhorias significativas graças à transformação digital. Como exemplo, citou que a experiência do paciente começa com o check-in digital, e as autorizações para exames são obtidas em segundos devido ao uso de robôs. 

Antes da implementação de melhorias, o índice de glosa estava em torno de 2% e, em alguns meses, chegou a 10%. Para enfrentar esse desafio, a empresa contratou programas de robôs, padronizou os motivos de glosas e, com isso, o tempo de resposta diminuiu de dias para horas. “Embora o investimento inicial tenha sido alto, melhorou muito esse retorno. Conseguimos reduzir o índice de glosa de volta para 2%”, expôs.

Custos

A transformação digital mudou completamente os custos de saúde. Ademar explicou que existem três principais fatores que contribuem para o aumento dos gastos. Em primeiro, a inflação inerente aos serviços, como ajustes em serviços de lavanderia, hotelaria e contratos de manutenção. Em segundo, a incorporação de novas tecnologias, como novos medicamentos ou exames. Em terceiro, o aumento da utilização desses serviços pelos beneficiários. 

Disparadamente, o terceiro fator é o mais significativo. O acesso à informação está incentivando as pessoas a consumirem mais serviços de saúde e a se engajarem em medidas preventivas. No entanto, o mundo ainda está se adaptando a essa mudança. “A transformação digital é um fator muito relevante, e agora enfrentamos o desafio de utilizar essa transformação para reduzir custos e tornar o sistema mais inteligente e eficiente de forma assertiva. A inovação não é uma prioridade se não há agenda e orçamento direcionados a ela”, ressaltou.

De acordo com Ademar, a tendência é ampliar o acesso à saúde a todos, e não haverá recursos financeiros suficientes se não houver incorporação tecnológica. 

Cultura

Na Transduson, a digitalização dos resultados de exames reduziu os custos em 50%, no entanto, Luciana disse que os pacientes com mais de 50 anos ainda preferem receber os resultados em papel, muitas vezes sem compreender os custos envolvidos e as implicações relacionadas a ESG (sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa).

Para ela, a transição cultural para a digitalização é um processo gradual e desafiador. “Poucos aceitam essa transformação digital, 60% dos pacientes ainda preferem fazer agendamentos por telefone, poucos adotam o uso de aplicativos e o WhatsApp”, apontou.

Segundo Tachibana, é preciso criar um caminho para que cada pessoa continue a utilizar o serviço. “É importante entender que elas têm suas próprias necessidades. Algumas requerem explicações detalhadas ou um processo diferenciado, preferindo ainda o analógico”. Ele contou que o Hospital Israelita Albert Einstein, inicialmente, buscou personificar os perfis de usuários, para auxiliar a compreender as particularidades de cada um. 

Ademar lembrou que a compra de filmes para a impressão de exames tem diminuído, portanto, a adaptação é uma questão de tempo. Mas declarou ser fundamental reconhecer as diferenças entre os perfis do público. Por exemplo, o perfil de um idoso com alta renda é diferente do de um idoso com baixa renda, assim como o perfil de um jovem com alta renda é distinto do de um jovem com baixa renda.

“Enfrentamos diversos desafios nesse processo de transformação, mas precisamos começar, pois não há mais como retroceder. Manter processos conservadores não é viável. A necessidade de aumentar a produção e a capacidade limitada exigirão que sejam realizados mais exames com menos recursos. A transformação digital precisa implementar mecanismos para melhorar a performance, senão, haverá 100% de radiologistas com burnout”, alertou.

Como vai ser o futuro?

Segundo Ademar, a transformação digital traz uma tendência de inversão de lógica no point of care. O tradicional é o paciente ter alguma dúvida, marcar consulta, o médico solicitar os exames e o paciente retornar com o resultado. É um processo que envolve paciente, médico, exames e médico novamente.

Através da tecnologia, isso se inverteu. O paciente primeiramente se educa sobre sua condição, estabelece uma rotina de testes diagnósticos e procura o médico apenas quando detecta alguma alteração. Na Virginia, Estados Unidos, alguns planos de saúde já adotaram esse modelo com grupos específicos, como pacientes com diabetes ou hipertensão. Em vez de realizar consultas a cada seis meses, eles fazem apenas exames diagnósticos e consultas uma vez por ano ou a cada dois anos. 

“Precisamos estar abertos a uma mudança cultural. Às vezes, a luta não está em resistir à mudança, mas em manter a relevância do processo. A chave da medicina diagnóstica está em sermos mais eficientes, organizados, entregarmos mais valor, fazermos um controle mais preciso, sem erros, com segurança e qualidade”, disse Tachibana.

Segundo Luciana, a evolução não tem volta e envolve maior eficiência, qualidade das imagens, rapidez na entrega de resultados, atendimento personalizado ao paciente e telemedicina. Tudo com conforto. “Precisamos mudar nossa cultura e avançar, pois a tecnologia é uma ferramenta que potencializa os processos e reduz os custos”, salientou.

Por fim, Ademar encorajou todos a liderarem a transformação digital em seus ambientes, seja consumindo tecnologia, seja contribuindo para o desenvolvimento de soluções e processos. “A inovação não depende do avanço tecnológico, mas da responsabilidade que assumimos para resolver problemas. Façam parte dessa liderança”, encerrou.

Outubro Rosa: jornada de prevenção do câncer de mama começa com informação e conscientização

Entidade reforça a importância dos exames na prevenção do câncer de mama, incentivando as mulheres a conversarem com seus médicos sobre manter a saúde em dia

As empresas associadas à Abramed realizaram 1,4 milhão de exames de mamografia em 2022, o que equivale a 29% de todos os exames de mamografia feitos pela Saúde Suplementar no Brasil no ano. No âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), foram realizados 4,2 milhões de exames de mamografia.

Considerando o panorama nacional, ou seja, Saúde Suplementar mais SUS, o total de mamografias no Brasil atingiu 9,1 milhões, com a Abramed contribuindo com 16%. Suas associadas representam 65% do volume total de exames realizados pelo setor privado no país.

“Quando as mulheres realizam regularmente os exames de diagnóstico, têm a oportunidade de identificar o câncer em estágios iniciais, o que geralmente leva a tratamentos menos agressivos e a maiores taxas de sobrevivência”, ressalta Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed.

Tanto na campanha Outubro Rosa quanto ao longo de todo o ano, a entidade incentiva as mulheres a conversarem com seus médicos sobre manter os exames em dia. “Eles são uma ferramenta poderosa na promoção da saúde, no aumento da conscientização e na luta contra o câncer de mama”, acrescenta.

Este é o tipo de câncer que mais acomete mulheres em todo o mundo, segundo o Instituto Nacional do Câncer (INCA), do Ministério da Saúde. Para o Brasil, foram estimados 73.610 casos novos de câncer de mama em 2023, com um risco estimado de 66,54 casos a cada 100 mil mulheres.

A estratégia de diagnóstico precoce contribui para a redução do estágio de apresentação do câncer, segundo o World Health Statistics 2007, o “Guia Estatístico em Saúde 2007”. Nessa estratégia, destaca-se a importância da educação da mulher e dos profissionais de saúde para o reconhecimento dos sinais e sintomas do câncer de mama, bem como do acesso rápido e facilitado aos serviços de saúde.

Retomada dos exames

Segundo estudo do INCA, realizado em fevereiro de 2023, 38% dos casos de câncer de mama são diagnosticados em estágios avançados, ou seja, já atingiram o estágio 3 ou 4, quando já há doença metastática. Além disso, cerca de 37% dos casos levaram mais de 30 dias para confirmação diagnóstica após a consulta.

“Esses dados são muito preocupantes, pois sabemos que quanto mais cedo identificamos a doença, maiores são as possibilidades de cura, superando o benefício que qualquer medicamento possa oferecer”, comenta Ricardo Caponero, presidente do Conselho Técnico Científico da Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (FEMAMA).

Neste mês de Outubro Rosa, a FEMAMA enfatiza a importância dos exames de rastreamento, como a mamografia, e das consultas médicas regulares, conforme recomendado pelas sociedades médicas e respaldado por lei. A partir dos 40 anos, é essencial realizar a mamografia anualmente, quando a mulher tiver uma expectativa de vida de pelo menos mais 10 anos.

“A situação piorou durante a pandemia, quando muitas deixaram de realizar exames. Precisamos retomar o incentivo a essa prática, pois o rastreamento desempenha um papel fundamental na prevenção da doença”, finaliza Caponero.

Painel liderado pela Abramed abordou os desafios da gestão em medicina diagnóstica

Com apresentação de cases de sucesso, o evento integrou o I Congresso de Acreditação e Qualidade em Medicina Diagnóstica, do CBR

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) liderou o painel “Desafios da gestão em medicina diagnóstica”, no I Congresso de Acreditação e Qualidade em Medicina Diagnóstica, realizado de 26 a 28 de setembro, durante a Medical Fair Brasil (MFB), em São Paulo.

Organizado pelo Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem (CBR), em parceria com a Abramed, a Associação Brasileira das Clínicas de Diagnóstico por Imagem (ABCDI), a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML); e a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP), o congresso representou um marco no segmento. 

O painel aconteceu no dia 28 de setembro e foi moderado por Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, que conduziu a sessão de perguntas do público após as apresentações de quatro cases de sucesso, envolvendo desafios e iniciativas em gestão na medicina diagnóstica em diferentes áreas.

Roberto Caldeira Cury, diretor médico-executivo de medicina diagnóstica da Dasa, mostrou as ações implementadas pela rede de laboratórios. Marcos Queiroz, diretor de medicina diagnóstica no Hospital Albert Einstein e líder do Comitê de Radiologia e Diagnóstico por Imagem da Abramed, compartilhou a experiência do laboratório inserido no complexo hospitalar. Julio Pessotti Neto, diretor de Laboratório Clínico na Hapvida Diagnóstico e NotreLabs, apresentou o case como uma rede verticalizada. E Maria Elizabete Mendes, coordenadora do núcleo de qualidade e sustentabilidade do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina (FMUSP) – Divisão de Laboratório Central, finalizou com a experiência do setor público.

Gestão em rede de laboratórios

Em 2017, a Dasa deu início à padronização dos fluxos operacionais, para minimizar desvios e assegurar que todos os pacientes recebam um padrão de atendimento consistente. O processo começou com o mapeamento das melhores práticas operacionais de todas as suas 26 marcas e a consolidação desse conhecimento em um modelo de produção, como explicou Cury. 

Esse esforço levou cerca de um ano e meio e, em 2018, a empresa implementou com sucesso o modelo, garantindo uniformidade em todas as marcas e unidades. Em 2019, criou o Núcleo de Operações e Controle para centralização da qualidade, tanto médica quanto operacional, e um modelo de certificação das unidades através de auditoria. Em 2021, estabeleceu núcleos de segurança dos pacientes e, em 2023, vem focando na cultura organizacional.

Cury destacou que a Dasa encoraja a notificação de quase erros, visando proteger vidas e melhorar constantemente os procedimentos. Ele enfatizou a importância da cultura justa para todos os colaboradores, que significa que as pessoas não são punidas por seus erros e falhas, mas as violações não são toleradas.

“Em resumo, ressaltamos a importância da padronização de processos e fluxos, a gestão de indicadores, a cultura organizacional focada na segurança do paciente, a estruturação de auditorias internas e multiplicadores, a conquista de certificações e acreditações nacionais e internacionais, bem como a mensuração da qualidade e a excelência médica, priorizando o paciente e a melhoria contínua”, expôs Cury.

Gestão em complexo hospitalar

Queiroz contou como a gestão de um laboratório de medicina diagnóstica dentro de um hospital é fundamental para o sucesso e a segurança do atendimento médico. Ele defendeu que o investimento em qualidade é essencial e, muitas vezes, a melhor maneira de abordar os gestores é demonstrar que a falta de qualidade pode gerar prejuízos, especialmente quando se trata de prevenir eventos adversos catastróficos. “Ou seja, existe um custo para a não qualidade”, reforçou.

Entre os principais desafios enfrentados na busca pela acreditação, Queiroz citou o baixo engajamento da alta liderança, a falta de uma cultura organizacional voltada para a gestão de riscos, a priorização de investimentos a curto prazo, a dificuldade de alocar recursos humanos qualificados, a falta de dados e o baixo investimento em melhoria contínua e eficiência operacional.

Para vencer esses desafios, o Hospital Albert Einstein implementou um escritório de qualidade, que busca agregar as pessoas no tema qualidade, promovendo a transparência e a segurança. “Há uma tendência de colocar os problemas embaixo do tapete, mas isso é o que de pior pode acontecer. É preciso engajar as pessoas”, expôs.

E para obter sucesso nessa empreitada, é importante inventar formas para que a informação cause realmente impacto. Pensando nisso, o Einstein utiliza a prática “Safety Huddle”, pela qual as principais lideranças se reúnem diariamente, por 10 minutos, para compartilhar informações do dia anterior e prever o dia que começa. Isso cria um ambiente de comunicação aberta e de confiança na liderança. 

Queiroz também enfatizou que é possível ser produtivo e manter a qualidade, e que é papel do gestor demonstrar isso. Ele incentivou o reconhecimento e o engajamento por meio de prêmios de qualidade, além de pequenos gestos, como cafés da manhã com o colaborador destaque. “Aqui no Einstein realizamos de três a quatro eventos de premiação por ano”, contou.

Sobre a diferença de um laboratório dentro de um complexo hospitalar, ele citou a exigência ainda maior para resultados corretos cada vez mais rápidos e a existência de um corpo clínico instalado. Queiroz aproveitou para salientar que a medicina diagnóstica está envolvida nas maiores decisões médicas, sendo responsável por 70% das decisões de um paciente internado.

O diretor defendeu que a área não deve ser vista como apoio, mas uma atividade-chave para o sistema de saúde. “É a medicina diagnóstica que tem dados estruturados, ou seja, é responsável pelas definições de estratégias dentro de uma instituição”, reforçou.

Gestão em rede verticalizada

Pessotti Neto compartilhou o case da NotreDame Intermédica, ressaltando os projetos desenvolvidos pelo grupo, que conta com 271 unidades de atendimento de imagem e análises clínicas, atendendo 67 unidades hospitalares em todo o Brasil.

Um dos projetos está relacionado ao tratamento de pacientes com diabetes. O Brasil é classificado como o sexto país com o maior número de pessoas com essa condição, de acordo com a Federação Internacional de Diabetes. Para abordar esse desafio, o grupo criou um painel dedicado a esses pacientes, composto por uma equipe de controle dedicada.

Durante o primeiro ano do projeto, foram identificados 1.500 pacientes em alto risco, que receberam monitoramento contínuo. Eles eram convocados para consultas regulares a cada 60 ou 90 dias, quando não retornavam, a equipe ligava agendando o exame. “Com esse grupo, as internações caíram a zero, ninguém teve complicações por diabetes”, apontou Pessotti Neto. 

Outro projeto apresentado envolve a análise do perfil bacteriano de todos os clientes em internação e pronto-atendimento. Esse acompanhamento hospitalar detalhado possibilita a administração de antibióticos logo nas primeiras bactérias identificadas, otimizando significativamente o tratamento.

Gestão no setor público

Maria Elizabete apresentou alguns desafios enfrentados pela instituição e delineou as estratégias adotadas para superá-los. “Tínhamos muitas falhas da comunicação, elevado turnover, entre outros problemas, que levaram a uma desmotivação enorme da equipe. Era como uma areia movediça, com todo mundo afundando sem tomar providências”, explicou. A jornada de transformação teve início em 1995, com a necessidade de se autoconhecer para planejar as ações. 

Para tornar o laboratório uma área de excelência, foi desenvolvida uma política de sistema de gestão, definindo missão, visão e valores. Cada colaborador percebeu o que era importante mudar. A cada dois anos, novas diretrizes estratégicas são lançadas, e avaliações com as lideranças são realizadas.

Um dos desafios do serviço público mencionados por Maria Elizabete é a ausência de “dono”, o que exige uma responsabilização que começa na liderança. “Tivemos de utilizar os recursos disponíveis e valorizar as pessoas, desenvolvendo talentos e trabalhando para que as novas lideranças de tornassem inspiradoras”, contou.

Foram construídas redes estratégias, que gerassem maior motivação e um ambiente de trabalho mais saudável, trazendo segurança para o negócio, resultados e mais resolutividade do ponto de vista técnico. Também foram criadas 14 comissões multidisciplinares, com multiplicadores. Cada uma é uma frente de trabalho que dá apoio ao laboratório, proporcionando colaboração e empoderamento.

Maria Elizabete destacou, ainda, o investimento em boas práticas e a conquista de acreditações. A primeira só veio depois de 10 anos, foi uma etapa superada. Depois a instituição levou quatro anos para conquistar a acreditação internacional do Colégio Americano de Patologistas (CAP).

Já a gestão de equipamentos se tornou um modelo para outros centros, e a segurança da informação foi abordada em colaboração com a equipe de TI, através do mapeamento de riscos para garantir um controle de acesso eficaz que evite ataques de hackers.

Maria Elizabete ressaltou a importância das auditorias internas e externas para garantir a qualidade, enfatizando que essas práticas são mantidas desde 1995 como parte dos esforços contínuos para aprimorar o laboratório. Nesse contexto, enfrentou desafios significativos, mas, com uma abordagem estratégica e colaborativa, conseguiu superá-los e estabelecer-se como uma área de excelência na medicina diagnóstica.

Encerrando, Maria Elizabete disse que o mais importante da missão da FMUSP é poder ensinar. “Essa nova geração de patologistas clínicos saiu do nosso laboratório com conhecimentos básicos em qualidade e boas práticas. Isso nos honra”, comentou.

Papel da Abramed

Ao fim das palestras, Milva apresentou a estrutura da entidade, seus projetos e iniciativas. Em referência ao tema do evento, salientou que a associação tem como missão trazer boas práticas para o setor, promovendo a sustentabilidade através da importância de utilizar o recurso certo no local certo.

“O que mais nos enche de orgulho é trabalhar em união com outras entidades, como o CBR. A defesa de pautas comuns tem um impacto positivo no setor, nas empresas e nos profissionais que nelas trabalham. Não podemos conceber a inovação sem considerar as necessidades das pessoas, pois nada funciona efetivamente se elas não estiverem motivadas e engajadas. Esse comprometimento beneficia todo o sistema”, declarou.

Abramed avança na discussão sobre interoperabilidade e padrão LOINC no Brasil

Junto ao Instituto HL7 Brasil e à SBIS, a entidade vem impulsionando a transformação digital em prol da sustentabilidade

Nos últimos anos, a área da saúde tem enfrentado um cenário de transformação digital que tem revolucionado a forma como os dados são gerenciados e compartilhados. No entanto, ainda enfrenta desafios significativos na adoção de padrões de informação que permitam a interoperabilidade entre sistemas e a melhoria da qualidade dos cuidados.

Quando se trabalha com a padronização de dados, há mais estabilidade e previsibilidade, o que facilita a antecipação de requisitos de negócios, a economia de recursos e a redução de erros, colaborando para a sustentabilidade de toda a cadeia da saúde.

A Abramed vem se dedicando para avançar na discussão da interoperabilidade e do padrão LOINC através de seus comitês e em parcerias com outras entidades, buscando uma padronização nacional. O LOINC é um modelo internacional de terminologia para procedimentos de diagnóstico laboratorial, de imagem médica e outros, que exige o detalhamento de cada exame e resultado em todos os níveis, garantindo a interoperabilidade e a qualidade dos dados.

Em 2018, a tradução do LOINC para o português no Brasil foi iniciada pela DASA. Atualmente, existem 62.659 termos na hierarquia de Laboratório no LOINC, dos quais cerca de 29 mil já foram traduzidos para português. Essa iniciativa está sendo liderada pela Sociedade Brasileira de Informática em Saúde (SBIS), em colaboração com o Instituto HL7 Brasil e a Abramed.

“Esse é o primeiro movimento que pode contribuir efetivamente para a priorização de algo tão relevante para a medicina diagnóstica quanto o LOINC, porque a Abramed tem os players adequados e a governança necessária para traduzir e manter o LOINC para que seja adotado como um padrão nacional. Parabéns pela proposta de enfrentar esse desafio”, disse Lincoln A. Moura Jr, consultor em estratégias de saúde digital, durante palestra na Reunião Mensal de Associados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), em setembro.

A colaboração entre a Abramed, o Instituto HL7 Brasil e a SBIS é fundamental para impulsionar essa transformação e garantir um futuro mais eficiente e seguro para a saúde no Brasil. O tema é tão importante que a associação criou recentemente o Comitê de Interoperabilidade.

Por que LOINC?

O LOINC busca estabelecer a noção de que cada exame solicitado e cada resultado devem ser detalhados em todos os níveis. Para que essa troca de informações seja eficaz, ela deve atender a alguns requisitos, como padronização, legibilidade por máquinas, adaptabilidade, base em requisitos e testabilidade.

O LOINC abrange uma ampla gama de resultados de análises clínicas, incluindo áreas como bioquímica, toxicologia, hematologia, microbiologia e muitas outras. Ele segue políticas de desenvolvimento que incluem a marcação de termos errôneos ou duplicados em vez de removê-los, o que garante a preservação de registros históricos. Esse vasto sistema tem mais de 102 mil componentes, mais de 62 mil dados de laboratórios e mais de 27 mil dados clínicos.

Seu conteúdo é organizado em um banco de dados, onde cada termo possui sinônimos e um conjunto de atributos detalhados. Uma característica essencial é que seu uso é gratuito, não exigindo acordos assinados. No entanto, para Lincoln, é fundamental estabelecer governança para determinar como e quando incorporar novos termos. Não faz sentido entidades terem suas próprias versões.

“A missão da Abramed é contribuir para a saúde pública no Brasil. Não basta termos um código LOINC para cada instituição; é necessário estabelecer um código nacional. Esse é o compromisso que vamos assumir e, posteriormente, estender esse esforço às empresas desenvolvedoras de sistemas. Afinal, elas serão as responsáveis pela relação com a tabela TUSS do Ministério da Saúde, para que os médicos compreendam que os exames serão codificados de forma que os sistemas possam se comunicar sem confusões”, ressaltou Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

Sobre os entraves ao desenvolvimento da interoperabilidade, Lincoln considera que são muito mais organizacionais do que tecnológicos ou financeiros. “Envolvem mais a nossa capacidade de nos organizarmos para construir um consenso entre os diversos participantes, sejam empresas associadas da Abramed, empresas que desenvolvem softwares, o governo ou os representantes dos pacientes. Estamos falando em ter um conjunto significativo de atores que possam construir esse consenso, isso é imbatível”, finalizou.

Como vencer as barreiras da transformação digital na saúde

A adoção do padrão FHIR é uma estratégia para impulsionar a mudança, permitindo a interoperabilidade de dados

Enquanto outros setores têm adotado tecnologias digitais rapidamente, a área da saúde enfrenta desafios em relação a essa transformação. A Tecnologia da Informação (TI) continua em estágios iniciais, e a utilização de padrões para integração entre negócios e usuários não está bem estabelecida. Além disso, existem outros obstáculos, como questões culturais, regulamentações e resistência às mudanças. A análise foi feita por Guilherme Zwicker, presidente do Instituto HL7 Brasil, durante palestra na Reunião Mensal de Associados da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), em setembro.

A questão sobre se o digital é realmente benéfico para a saúde pode parecer absurda agora, mas não era no passado. O setor está em constante evolução, e é importante considerar como causar um impacto positivo. Segundo Zwicker, é preciso gerenciar melhor os registros de saúde, empoderar o usuário e dar acesso ao dono do dado, que é o paciente. “No entanto, esse é um desafio complexo devido a intermediários e às dificuldades técnicas que as empresas enfrentam ao entregar isso”, expôs. 

Também é preciso tornar mais eficientes as práticas de trabalho existentes e os fluxos de pacientes, bem como melhorar o processo de tomada de decisão sobre cuidados e criar novas maneiras de conectar prestadores com aqueles que requerem assistência. “Tudo isso é fácil de fazer mal, difícil de fazer bem e ameaça o modelo de negócios existente de alguém. Por isso há uma grande resistência para que essas modificações aconteçam de fato”, destacou Zwicker.

Para trazer a internet para a área de saúde, o Instituto HL7 Brasil desenvolveu o FHIR (Fast Healthcare Interoperability Resources), permitindo a troca de informações de forma mais eficiente e colaborando para a interoperabilidade dos dados. O FHIR é um padrão aberto e de domínio público que descreve como as informações de saúde podem ser trocadas por meio de interfaces de programação de aplicativos (APIs). Isso possibilita maior conectividade entre prestadores de cuidados de saúde e pacientes.

Um exemplo de sucesso na implementação do FHIR é o Projeto Argonauta, do governo dos Estados Unidos. Em 2011, o custo total de aquisição de uma conexão à prontuário de saúde pessoal (PHR) era aproximadamente de US$ 100.000,00, incluindo despesas relacionadas ao desenvolvimento, aspectos legais, marketing, testes, retrabalhos e manutenção.

O governo dos Estados Unidos estava interessado em estabelecer um acesso padronizado aos prontuários dos pacientes e propôs um projeto colaborativo com o setor privado para desenvolver uma API padrão que permitisse aos pacientes acessarem seus registros de saúde. Os fornecedores de saúde optaram pelo FHIR, que foi renomeado para FHIR US-Core.

Hoje em dia, o custo desse acesso aos prontuários de saúde praticamente foi reduzido a zero, porque a conexão PHR por meio da FHIR US-Core se tornou uma commodity, com login de acesso padronizado nos sites. As únicas despesas estão relacionadas à gestão interna de projetos, não sendo mais necessário destinar recursos à adaptação de conceitos diversos para integrar sistemas heterogêneos. 

O FHIR tem sido adotado em todo o mundo em projetos de saúde. Nos Estados Unidos, é obrigatório para instituições que atuam no setor, enquanto no Canadá, na Austrália, na Europa, na América Latina e na África, também tem ganhado destaque em diversos projetos de saúde pública e cuidados de saúde.

O HL7 abriu mão da licença de uso restrito do FHIR, o que significa que é permitido copiar, modificar, distribuir e utilizar, inclusive para fins comerciais, sem a necessidade de obter permissão. “É uma das licenças mais abertas disponíveis”, reforçou Zwicker. 

Qualquer pessoa ou empresa pode participar da Cultura FHIR. É uma construção comunitária, realizada por ciclos e demonstrações contínuas. Para fomentar a colaboração e a inovação na área da saúde, são realizados Connectathons, reuniões presenciais, teleconferências e fóruns.

Diferenças entre FHIR e LOINC

O FHIR é um padrão de interoperabilidade de saúde que aborda a troca de uma ampla variedade de informações de saúde eletrônicas, enquanto o LOINC (Logical Observation Identifiers, Names and Codes) é uma terminologia de codificação focada na padronização de observações clínicas e resultados laboratoriais. Ambos desempenham papéis importantes no ecossistema de saúde digital, mas têm finalidades diferentes. Frequentemente, são usados em conjunto para garantir a interoperabilidade e a padronização dos dados de saúde.

Demografia, economia e medicina diagnóstica: o Brasil em transformação

O primeiro capítulo da 5ª edição do Painel Abramed oferece uma análise profunda das mudanças demográficas e econômicas no país

Conhecer dados demográficos e econômicos do Brasil é fundamental para o planejamento estratégico e a adaptação de serviços de medicina diagnóstica às necessidades e às condições do mercado. O acesso a informações precisas e atualizadas nessas áreas ajuda as empresas a ofertarem serviços mais eficazes e atenderem melhor a população.

Com gráficos claros e análises profundas, esses dados são expostos no primeiro capítulo do 5º Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico. Com o título “Demografia e Conjuntura Econômica”, o conteúdo que abre a publicação oferece uma visão completa sobre as transformações significativas ocorridas no Brasil em 2022 e seu impacto na saúde da população.

O primeiro aspecto relevante diz respeito à demografia. No ano passado, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) realizou o Censo, revelando uma população menor do que aquela estimada pelo IBGE ao longo dos anos entre a realização de Censos. “Esse fenômeno indica que o envelhecimento está ocorrendo em um ritmo mais acelerado do que se previa, e isso repercute significativamente não apenas no sistema de saúde, mas também no sistema educacional e previdenciário”, comenta Bruno Santos, Coordenador de Inteligência de Mercado da Abramed.

Outro ponto de grande relevância é a transição demográfica que o Brasil está vivenciando, um fenômeno intimamente relacionado ao envelhecimento da população. O país está transitando de um estado em que predominava uma população jovem para uma nação mais madura do ponto de vista etário. Além disso, esse processo de transição demográfica tem correlação com uma mudança paralela chamada transição epidemiológica.

A transição epidemiológica é um fenômeno no qual o principal causador de mortes deixa de ser as doenças infecto-contagiosas e passa a ser as doenças crônicas não-transmissíveis. Países de baixa renda, geralmente mais carentes, tendem a apresentar maior incidência de mortes decorrentes de infecções, enquanto países mais desenvolvidos e com uma população mais madura tendem a registrar predominância de mortes causadas por doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes. “No caso do Brasil, isso já é evidente, uma vez que a maioria das mortes no país é atribuída a doenças não transmissíveis, refletindo o impacto do envelhecimento populacional”, comenta Santos.

Um aspecto particularmente interessante é que, em 2021, houve uma reversão temporária dessa transição epidemiológica devido à pandemia. Naquele ano, a maior causa de morte no Brasil foram as doenças infecciosas, com a covid-19 se destacando como principal responsável por esse cenário. “Isso mostra como eventos extraordinários, a exemplo da pandemia, podem temporariamente alterar as tendências epidemiológicas em uma população que já está em processo de transição demográfica e epidemiológica”, acrescenta.

Uma informação adicional relevante trazida pelo Censo é a mudança na distribuição geográfica da população brasileira. Historicamente, o Brasil tem sido um país com uma concentração populacional significativa nas regiões litorâneas. No entanto, observou-se que essa tendência não é uniforme e varia de acordo com os estados. No geral, notou-se que a população está crescendo de forma mais lenta ou, em alguns casos, até mesmo diminuindo em estados situados no litoral, enquanto o aumento populacional tem sido mais rápido em estados do oeste, no interior do país, particularmente nas regiões do Centro-Oeste e Norte.

“Essa mudança na distribuição geográfica da população merece destaque, pois indica uma possível reconfiguração das dinâmicas populacionais e socioeconômicas no país. Ela pode estar relacionada a fatores como migração interna, desenvolvimento econômico regional e oportunidades de emprego, representando um importante aspecto a ser considerado ao analisar o panorama demográfico e socioeconômico do Brasil”, analisa o Coordenador de Inteligência de Mercado da Abramed.

Além disso, o capítulo ressalta a importância dos exames de diagnóstico para doenças crônicas não transmissíveis, como hipertensão e diabetes. A detecção precoce dessas condições é fundamental para o gerenciamento e tratamento eficazes, e estima-se que a demanda por exames diagnósticos deverá crescer 96% até 2050.

O capítulo também discute o cenário econômico brasileiro em 2022, destacando a recuperação do crescimento após a pandemia e os desafios inflacionários. A alta inflação e o aumento da taxa básica de juros têm impactos significativos nos custos de capital, afetando particularmente o setor de medicina diagnóstica e as operadoras de planos de saúde.

Este material é um convite para explorar mais a fundo as implicações dessas transformações e os caminhos a serem seguidos para enfrentar os desafios futuros. Baixe gratuitamente a 5ª edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico e leia o conteúdo completo. São cinco capítulos, em 274 páginas, repletos de informações valiosas para o setor de saúde.

Brasil vive cenário desafiador na saúde, marcado por quedas nas receitas e alta sinistralidade

Segundo capítulo do 5º Painel Abramed destaca o papel estratégico da medicina diagnóstica e os desafios da Saúde Suplementar

As despesas com saúde no Brasil alcançaram entre R$ 912 bilhões e R$ 951 bilhões em 2022, representando um aumento real de aproximadamente 10% em relação a 2019, segundo projeção da Abramed. Esse crescimento é uma tendência mundial.

Dentro do contexto da saúde, o setor de medicina diagnóstica desempenha um papel estratégico, pois os serviços oferecidos são a fonte mais econômica e menos invasiva de se obter informações objetivas sobre o estado de saúde do paciente.

Essas e outras informações são detalhadas no segundo capítulo do 5º Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, intitulado “Panorama do Setor de Saúde no Brasil”, que oferece uma visão abrangente do contexto da saúde no país, com foco especial no setor de medicina diagnóstica.

“Esses dados foram cuidadosamente organizados para ajudar os leitores a entenderem a dinâmica do sistema, revelando não apenas os investimentos, mas também evidenciando os desafios enfrentados pelo setor e as oportunidades para aprimorar a qualidade e efetividade dos serviços prestados no país”, comenta Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed.

Em termos de infraestrutura de serviços, o capítulo aborda os maiores desafios, como a desigualdade regional na disponibilidade de hospitais. As regiões Sudeste e Centro-Oeste possuem maior proporção de hospitais em relação ao tamanho de suas populações, enquanto a região Nordeste apresenta menos hospitais nesta comparação.

Sobre o número de equipamentos de diagnóstico por imagem, os gráficos mostram aumento geral na quantidade em uso no Brasil entre 2021 e 2022. O maior crescimento registrado foi de tomógrafos computadorizados (14%), seguido do ultrassom (12%). O material também revela o aumento no número de equipamentos por métodos gráficos e ópticos no país.

Com relação à mão de obra médica, o Brasil viu um crescimento de mais de 80% no número de médicos, de 2010 ao final de 2022. Isso contribui para melhorar o acesso aos serviços de saúde, embora o país ainda esteja atrás da média da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) em termos de proporção de médicos para a população.

O capítulo aborda, ainda, o cenário da Saúde Suplementar pós-pandemia. Houve uma queda de 3,3% nas receitas, passando de R$ 239 bilhões em 2021 para R$ 231 bilhões em 2022, o que compromete a estabilidade financeira do setor, afetando a qualidade dos serviços.

As despesas assistenciais, principalmente internações hospitalares, permaneceram estáveis, em torno de R$ 206 bilhões, indicando um cenário inédito de estabilidade. Já os exames complementares representaram um grupo crescente de despesas, com uma participação de 20,2% nos custos totais.

A sinistralidade, que mede a proporção entre despesas e receitas das operadoras, atingiu níveis preocupantes em várias modalidades, com destaque para a Autogestão (94%) e Seguradora Especializada em Saúde (93%). A persistente alta pode ser atribuída a diversos fatores, como aumento da demanda por serviços de saúde, inflação médica e custos mais altos de procedimentos.

Além disso, o prazo médio de pagamento por parte das operadoras aos prestadores de serviços de saúde variou consideravelmente, chegando a até dois meses em alguns casos. Isso pode impactar a qualidade e a continuidade dos serviços prestados.

Em relação ao total de beneficiários da Saúde Suplementar, o número ultrapassou 81 milhões em 2022, com cerca de 50 milhões na assistência médico-hospitalar e aproximadamente 31 milhões no setor odontológico. Isso representou um aumento de aproximadamente 3,8% em comparação a 2021. 

“A Saúde Suplementar no Brasil enfrenta um cenário desafiador, marcado por quedas nas receitas, alta sinistralidade, ampliação dos prazos de pagamento. O crescimento no número de beneficiários reflete uma recuperação econômica, mas também observamos uma mudança no perfil destes beneficiários, com uma maior conscientização sobre a importância dos cuidados com a saúde, exigindo ainda mais a busca por soluções sustentáveis e parcerias estratégicas para garantir a estabilidade e a qualidade do setor”, analisa Milva.

Convidamos você a aprofundar a compreensão das implicações dessas mudanças e a descobrir as estratégias necessárias para enfrentar os desafios que o futuro reserva. Faça o download gratuito do 5º Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico e tenha acesso ao conteúdo completo. São cinco capítulos, abrangendo 274 páginas com importantes informações para ajudar no desenvolvimento sustentável e integrado do setor de saúde.

Associados à Abramed realizaram mais de 720 milhões de exames em 2022

Terceiro capítulo da quinta edição do Painel Abramed explora dados sobre recursos humanos, produção assistencial e desempenho econômico

Em 2022, as associadas à Abramed realizaram mais de 720 milhões de exames de diagnóstico, um crescimento de 10% em relação a 2021. Esse aumento foi ainda mais significativo, considerando que o setor já havia se recuperado da queda de exames em 2020 devido à pandemia de Covid-19.

O segmento de análises clínicas lidera o volume de exames, com 677 milhões realizados em 2022, enquanto a área de diagnósticos por imagem atingiu 25 milhões. É importante destacar que os exames realizados pelas associadas à Abramed correspondem a mais de 65% do total feito na saúde suplementar no Brasil, mostrando sua representatividade e importância para o desenvolvimento do setor.

Todos os indicadores setoriais referentes a 2022 estão descritos no terceiro capítulo do recém-lançado Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico. Nele são explorados dados relacionados a recursos humanos, produção assistencial, avaliação dos serviços, desempenho econômico-financeiro e governança corporativa das associadas à Abramed. Estas informações são de extrema importância para uma visão abrangente do funcionamento desse setor em constante evolução.

Os gráficos mostram que as associadas atuam em diversos segmentos, incluindo análises clínicas, anatomia patológica e diagnóstico por imagem. Com a fusão de empresas e a integração de novas associadas, o perfil de atuação tem evoluído ao longo dos anos. Em 2022, a maioria (74%) estava focada em diagnóstico por imagem, análises clínicas e anatomia patológica. Menos de 30% atuaram em telerradiologia e telemedicina. 

Essas empresas têm se destacado por investir em tecnologia, tornando os serviços mais acessíveis e eficientes. Tecnologias como telessaúde, telepatologia e telerradiologia estão sendo amplamente adotadas. Além disso, muitas estão aderindo a modelos de atendimento móvel, levando a medicina diagnóstica diretamente aos pacientes.

Com mais de 290 mil colaboradores em 2022, o setor emprega uma força de trabalho multidisciplinar, incluindo profissionais médicos e técnicos. Há um foco crescente na formação técnica, com 42% dos colaboradores atuando nessa área. Além disso, a remuneração variável é o modelo predominante para médicos (46,7%).

De acordo com o painel, os pacientes demonstraram alto nível de satisfação com o serviço de diagnóstico recebido, com um Net Promoter Score (NPS) de 73,20 em 2022. As empresas também se esforçam para manter altos padrões de governança corporativa, com controles internos, transparência e conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD).

“A ênfase na governança corporativa é evidente nos dados, com todas as empresas associadas se comprometendo com elevados padrões de transparência e controle interno. Isso é essencial para garantir a qualidade dos serviços e a confiabilidade das informações em nosso setor”, salienta Ademar Paes Junior, membro do Conselho de Administração da Abramed.

Apesar dos desafios econômicos, a área de medicina diagnóstica mostrou resiliência, com uma receita operacional bruta de cerca de R$ 24 bilhões em 2022. Os investimentos se concentraram em aquisição de equipamentos de imagem, expansão de unidades de atendimento e tecnologias de informação. No entanto, o setor enfrenta desafios relacionados ao prazo médio de recebimento e às glosas indevidas.

“Com um prazo médio de 52 dias em 2022, a longa espera por pagamentos afeta significativamente os fluxos de caixa das empresas. Além disso, a glosa inicial correspondeu a 3,35% das receitas do setor. Isso pode prejudicar a capacidade de investimento, o pagamento de salários e a expansão de serviços de diagnóstico de alta qualidade. A colaboração com as operadoras de planos de saúde é essencial para otimizar esse aspecto”, comenta Paes Junior.

E isso se torna ainda mais uma necessidade, pois as empresas ligadas à Abramed obtêm sua principal fonte de receita dos planos e seguros de saúde privados. Em 2022, essa parcela correspondeu a 60,7% da receita total do setor. Os pagamentos derivados de acordos comerciais com laboratórios, na modalidade B2B, representaram aproximadamente 27,52% da receita, enquanto os pagamentos diretos feitos por pacientes particulares compuseram 9,52%. As fontes de financiamento públicas, por outro lado, contribuíram apenas com 0,66% da receita.Faça o download gratuito da 5ª edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico e tenha acesso ao conteúdo completo, repleto de gráficos e análises aprofundadas. São cinco capítulos, abrangendo 274 páginas com informações para ajudar no desenvolvimento sustentável e integrado do setor de saúde brasileiro.