Volume de exames de Covid-19 realizados por associados da Abramed caiu 80% em fevereiro

Taxa de positividade dos testes caiu de 60% para 17% em um mês

O número de exames de Covid-19 realizados pelos laboratórios de medicina diagnóstica associados da Abramed – que respondem por cerca de 60% de todos os exames realizados pela saúde suplementar no país – terminou o mês de fevereiro em queda. Na última semana, foram realizados 80 mil testes, volume 23% menor ao da semana anterior e 80% inferior ao registrado na última semana de janeiro – quando haviam sido realizados mais de 390 mil exames.

No primeiro mês de 2022, os laboratórios do Brasil somaram mais de 1,3 milhão de testes de Covid. Já no mês seguinte, a quantidade de exames realizados caiu para 626 mil. Isso significa uma redução de 53% na quantidade de testes em um intervalo de 30 dias.

A taxa de positividade também regrediu, passando de 60% (semana de 24 a 30/01) e 30% (semana de 14 a 20/02), para 17% na semana encerrada no dia 27 de fevereiro.

Segundo a diretora-executiva da Abramed, Milva Pagano, há uma tendência de redução de casos tanto pelo volume de exames quanto pela taxa de positividade. Isso está em linha com a redução de casos observada pelo Ministério da Saúde, indicando um arrefecimento da pandemia.

De acordo com ela, o país deve ter uma redução da média diária de casos, o que se reflete nas testagens negativas: “Não se pode falar ainda em fim da terceira onda, visto que a média móvel de casos observados pelo Ministério da Saúde ainda está acima do observado antes desta onda, no final do ano passado. Mas a tendência hoje é a de que a terceira onda acabe nas próximas semanas”, declara Milva.

Desde 20 dezembro de 2021, quando se notou um novo aumento no número de casos de Covid-19 no Brasil, mais 2 milhões de exames foram realizados pelos associados à Abramed e a taxa de positividade acumulada no período é de 49%.

O período de maior procura por testes ocorreu de 24 a 30 de janeiro, com 390 mil exames, dos quais 60% deram positivos. Isso quer dizer que um a cada seis testes PCR ou antígenos feitos deram positivos. Os dados coincidiram com a semana que o Brasil registrou seu maior número de casos desde março de 2020, com mais de 1,3 milhão de registros. Especialistas afirmaram que a variante ômicron – descoberta em novembro no sul do continente africano e mais contagiosa do que outras cepas do vírus – foi responsável por mais de 90% dos novos casos no Brasil.

A Abramed segue acompanhando o cenário e informará a respeito de atualizações.

Crescimento do setor de diagnóstico é acelerado no Sudeste, Norte e Sul

Segundo dados do Painel Abramed 2021, a expansão foi mais intensa no Sudeste, com aumento de 3.574 unidades nos últimos dez anos, passando de 7.635 em junho de 2011 para 11.209 em junho de 2021.

No Brasil existem 26.545 unidades de serviço de apoio de diagnose e terapia (SADT), segundo dados do Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde do Ministério da Saúde (CNES/MS), ao final de junho de 2021. Esse número compreende as unidades que atuam nos segmentos de apoio diagnóstico e terapêutico onde são realizadas atividades que auxiliam no processo de diagnóstico ou complementam o tratamento e a reabilitação do paciente.

A distribuição regional deste número de unidades está relacionada, principalmente, com as condições socioeconômicas e a disponibilidade dos serviços de saúde. A região Sudeste detém 11.209 unidades e representa 42,2% do total existente no país, constituídas principalmente como entidades privadas com fins lucrativos.

“O ritmo de expansão do setor foi mais intenso em números absolutos no Sudeste, com aumento de 3.574 unidades nos últimos dez anos, passando de 7.635 em junho de 2011 para 11.209 em junho de 2021. Em termos relativos, nota-se um avanço mais acelerado no Norte (65,8%), Sul (62,4%) e Nordeste (51,9%), no mesmo período”, analisa Milva Pagano, diretora-executiva da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica, baseada nos dados que fazem parte do Painel Abramed 2021 – O DNA do Diagnóstico.

De acordo com Milva, o aumento do número de SADT ocorreu, especialmente, rumo aos municípios do interior do país e nas regiões metropolitanas. “Preencheu-se, assim, uma lacuna na oferta e disponibilidade dos serviços de diagnóstico, além das regiões mais desenvolvidas economicamente. Apesar desse avanço, muitos municípios não contam com nenhuma unidade de SADT. Nos últimos dez anos, o número de municípios sem a presença de SADT passou de 2.907 (52,2%) para 2.005 (36%). As áreas escuras representam os municípios com a presença de unidades em junho de 2011 e junho de 2021”.

A disponibilidade de estabelecimentos de saúde predomina nos municípios com população acima de 100 mil habitantes. No setor de saúde, assim como nos diversos segmentos econômicos, as economias de escala são extremamente relevantes para manutenção e sustentabilidade das atividades laboratoriais e de imagem.

“Por esse motivo, observa-se uma oferta maior dos serviços de saúde nessas regiões mais populosas e densamente habitadas. Nota-se que 55,2% das unidades de SADT; 58% das unidades de apoio diagnóstico; 51,7% dos hospitais; e 69,4% dos consultórios, estão distribuídos em um conjunto de 326 municípios do país. Nas regiões, o Sudeste contempla 42,2% do total das unidades de SADT e 44,1% de apoio diagnóstico”, ressalta a diretora-executiva da Abramed.

Crescimento acelerado

A evolução do número de estabelecimentos relacionados às atividades diagnósticas é influenciado, especialmente, pela inovação e avanço tecnológico – o que permite a detecção cada vez mais precoce e, até mesmo, a probabilidade de uma pessoa desenvolver uma determinada doença. Segundo os dados da Relação Anual de Informações Sociais (RAIS), havia cerca de 24,5 mil estabelecimentos relacionados às atividades de serviços de diagnóstico e terapia, ao final de 2020.

“Desse total, 12,6 mil (51,4%) são laboratórios clínicos e 6 mil (24,7%) unidades de serviços de diagnóstico por imagem. Nos últimos dez anos, observa-se crescimento mais acelerado em termos absolutos nos laboratórios clínicos, com mais de 4,3 mil novos estabelecimentos e nos serviços de diagnóstico por imagem, com 2,6 mil novas unidades”, observa o presidente do Conselho de Administração da Abramed, Wilson Shcolnik.

De acordo com o documento, o crescimento foi mais intenso nos serviços de diagnóstico por registros gráficos (métodos gráficos), com 209,3% de aumento entre 2010 e 2020. Esses serviços compreendem diversos exames para o diagnóstico de doenças do coração, entre eles o eletrocardiograma de repouso, teste ergométrico, eletrocardiograma de alta resolução, Holter, MAPA (Monitoramento Ambulatorial da Pressão Arterial), teste cardiopulmonar e Tilt-Test.

“Regionalmente, nota-se um aumento do número de laboratórios clínicos nas regiões Norte (86,1%), Nordeste (76,3%) e Centro-Oeste (69,5%) nos últimos dez anos. No segmento de diagnóstico por imagem, o aumento foi maior no Nordeste (166,7%), Norte (126,2%) e Centro-Oeste (115%), no mesmo período. Esse crescimento rumo ao interior do país está diretamente associado ao número de beneficiários de planos de assistência médica e à oferta dos serviços de assistência à saúde da população”, diz Shcolnik.

Perspectivas

O panorama para o setor de medicina diagnóstica no Brasil é promissor, mesmo diante dos desafios econômicos, regulatórios e legislativos. Considerado como um dos setores que mais evoluem e inovam a cada ano, o surgimento de tecnologias permite que os exames de diagnóstico sejam realizados em grande escala, em menor tempo, com melhor qualidade e precisão, evitando o desperdício e o aumento na escalada dos custos na saúde.

“Inúmeros fatores têm impulsionado o crescimento do setor: utilização da Inteligência Artificial e processos digitais para apoiar os diagnósticos, a modernização dos equipamentos e novas tecnologias laboratoriais, a utilização da telemedicina e subespecialidades em larga escala, inovações na área de genética, rede integrada de saúde, entre outros. Esse conjunto de fatores aponta para um cenário em desenvolvimento, especialmente com o surgimento de diversas startups”, finaliza Shcolnik.

Diagnósticos e perspectivas para o ano novo brasileiro

Fernando Silveira Filho*

Em 2021, a pandemia, como já ocorrera no ano anterior, exigiu esforço de guerra de toda a cadeia de valores da saúde, com ênfase para os profissionais do setor, que se superaram para salvar vidas. Nessa missão, médicos, enfermeiros e todo o pessoal da linha de frente dos hospitais e atendimento direto aos pacientes, tiveram uma grande aliada, chamada tecnologia, que tem avançado cada vez mais, tanto no que diz respeito a equipamentos, como respiradores, aparelhos para exames de imagem e monitoramento das funções vitais, como nos aplicativos e plataformas de TI, no contexto da profunda transformação digital em curso.

Mobilizada e alerta, pois, a despeito do êxito da vacinação no Brasil, ainda é preciso dimensionar os riscos reais da variante ômicron, a indústria de alta tecnologia para a saúde vislumbra 2022 com perspectivas mais otimistas, principalmente se os índices de contaminação da Covid-19 seguirem descendentes, como vem se observando nos últimos meses de 2021. Se continuarmos adotando todos os cuidados básicos necessários e com a sequência da imunização em massa, teremos tudo para comemorar expressivas vitórias contra o novo coronavírus em 2022.

De fato, em um levantamento realizado nas empresas associadas da ABIMED em novembro passado, 66% das respondentes apontaram expectativa de crescimento na base de negócios para o próximo ano. O resultado, portanto, gera perspectivas de novas contratações e sustentação dos investimentos atuais.

O ano novo será particularmente relevante para os brasileiros, que irão às urnas para eleger o presidente da República, governadores, senadores, deputados federais e estaduais. Seria bastante produtivo para o País se o Congresso Nacional, cuja presente legislatura conseguiu aprovar medidas importantes, conseguisse conciliar a agenda eleitoral com o prosseguimento das reformas estruturais, principalmente a tributária e a administrativa. São medidas importantes para melhorar o ambiente de negócios e contribuir para a retomada do crescimento em patamares mais elevados, bem como a recuperação dos empregos e dos investimentos. Entretanto, no âmbito da reforma tributária é de fundamental importância que os legisladores trabalhem com cenários que, no mínimo, não impliquem aumento da carga de impostos hoje incidente sobre o segmento de equipamentos e dispositivos médicos, uma das mais altas no mundo.

Também se exigirá um esforço grande do governo, de toda a sociedade e do universo corporativo no sentido de impedir a continuidade da escalada inflacionária, um fenômeno mundial, que nos atingiu de modo mais agudo este ano, na esteira da desorganização de várias cadeias de suprimentos provocada pela pandemia. Esse é um desafio crucial, pois com menores índices, poderemos retomar um novo fluxo de redução dos juros, fator que contribui para o avanço do PIB.

Consciente dos desafios e obstáculos a serem vencidos, analisamos com responsável otimismo o potencial de uma retomada da economia nacional em 2022. O segmento de produtos, tecnologia, equipamentos e suprimentos médico-hospitalares, com participação de 0,6% no PIB, constituído por aproximadamente 13 mil empresas e gerador de 140 mil empregos diretos de alto perfil técnico, tem missão estratégica nesse processo. Afinal, ao lado dos profissionais da área, é um dos pilares na luta contra a pandemia e no âmbito do propósito permanente de proporcionar melhor saúde aos brasileiros, uma prioridade com alto impacto na qualidade da vida e nos índices de produtividade, competitividade e prosperidade econômica.

Acreditamos que, com o empenho de todos — poder público, sociedade, empresas e entidades de classe –, poderemos ter bons resultados no ano novo. Há tratamento para os males de nosso país! Basta fazer os diagnósticos corretos e prescrever as receitas adequadas.

*Fernando Silveira Filho é presidente-executivo da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para Saúde (Abimed).

Instituto Lado a Lado pela Vida é voz reconhecida quando se fala em saúde cardiovascular

Além de ações de conscientização e prevenção, instituição também propõe alternativas para melhorar a saúde no Brasil.

Fundado há 13 anos, o Instituto Lado a Lado pela Vida é a única organização social brasileira que se dedica simultaneamente às duas principais causas da mortalidade – o câncer e as doenças cardiovasculares –, além do intenso trabalho relacionado à saúde do homem.

Desde 2014, o instituto atua fortemente na temática da saúde cardiovascular, que é a principal causa de morte no mundo e no Brasil. Naquele ano, a entidade lançou a campanha nacional Siga Seu Coração, com o objetivo de alertar a população para os cuidados com o coração.

Esta ação foi motivada por solicitação de pacientes, principalmente mulheres, que sentiam falta de encontrar informações e orientações sobre a saúde do coração, os principais fatores de risco, o diagnóstico precoce de doenças, inclusive aquelas que podem ser evitadas e as que podem ser controladas, como as doenças crônicas.

“Somos uma voz reconhecida no que se refere às ações de conscientização da população sobre as doenças cardiovasculares. Temos realizado ações de comunicação junto à sociedade civil e também atuado fortemente para impactar as políticas públicas para melhorar o grave cenário brasileiro da doença cardiovascular”, explica Marlene Oliveira, fundadora e presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida.

Há uma página no Facebook dedicada à Campanha Siga Seu Coração. E, na última semana de janeiro, foi relançado o perfil no Instagram, que reforça as mensagens da importância dos cuidados com o coração.

Outras doenças

Quando o Instituto LAL foi criado, em 2008, o propósito era atuar na causa da saúde do homem, orientando os brasileiros sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata. Ao longo do tempo, seu escopo foi ampliado para os demais tumores prevalentes na população masculina, como os de testículos, bexiga e rins. “Temos sido a voz mais atuante no Brasil para alertar a população sobre a inaceitável incidência do câncer de pênis, doença negligenciada e que pode ser evitada e prevenida com hábitos de higiene”, conta Marlene.

Em 2011, o LAL criou no Brasil a campanha nacional Novembro Azul, que, vale lembrar, não é um movimento internacional trazido para nosso país. Ao longo dos 10 anos desta campanha, foram realizadas inúmeras ações não só dedicadas à importância do diagnóstico precoce do câncer de próstata, mas também para incentivar os homens a assumirem o protagonismo com sua saúde de forma integral.

Em 2014, como já mencionado, foi incorporada a causa cardiovascular na agenda, além da ampliação da atuação na oncologia, incluindo os tumores femininos de colo de útero, ovários, endométrio e mama, porém, com menos destaque ao câncer de mama, pois há outras entidades que se dedicam diretamente a esse tipo de tumor. Os tumores femininos são trabalhados no guarda-chuva da campanha Mulher por Inteiro.

A entidade atua, ainda, em câncer de pulmão, incluindo o importante alerta para o aumento de casos em pessoas não fumantes. Nessa temática, conta com a campanha Respire Agosto e, ainda, dedica atenção ao câncer de pele e melanoma (MagdalensPureSkinCare), muito prevalente no Brasil, principalmente nas áreas rurais, com alta incidência de sol.

Em dezembro de 2021, foi lançada a campanha Câncer por HPV: O Brasil pode ficar sem, com destaque à importância da vacinação dos adolescentes. “Entendemos que essa é uma missão importantíssima, eliminar o desenvolvimento de cânceres que podem não existir e para os quais já existe uma vacina segura e eficaz”, ressalta Marlene.

Paralelamente, a entidade se dedica a alguns temas que identifica como transversais, pois impactam diretamente as doenças cardiovasculares e as oncológicas: obesidade; medicina personalizada; pesquisa clínica e envelhecimento da população.

Políticas públicas em saúde

Além das campanhas de prevenção e conscientização citadas anteriormente e do compromisso em disponibilizar conteúdo qualificado sobre saúde, a instituição realiza um amplo e estruturado trabalho de advocacy, para impactar a definição de políticas públicas em saúde.

“Atuamos junto ao Parlamento e também a órgãos públicos e privados ligados à saúde, não só para ‘apontar o dedo’ para o que não está bem, para os gargalos, mas também para propor e sugerir alternativas viáveis e factíveis para melhorar a saúde no Brasil, seja no âmbito do SUS, seja na saúde suplementar”, destaca Marlene.

Para fortalecer essa abordagem, a entidade realiza, desde 2019, o Global Forum Fronteiras da Saúde, evento internacional dedicado a discutir a sustentabilidade dos sistemas de saúde, público e privado.

Maiores preocupações

São várias as preocupações atuais do LAL. Uma delas é a falta de informação da população sobre saúde, incluindo o combate às Fake News. “Trabalhamos diariamente para disseminar conteúdo qualificado nas áreas que definimos como prioridade. Além disso, temos a constante preocupação com a desigualdade na saúde no Brasil. Temos um olhar aguçado e atento para diminuir o abismo entre os setores público e privado. Entendemos que para atingir a equidade na saúde, temos de rever o modelo ‘tudo para todos’ e trabalhar para conseguirmos o ‘tudo para quem precisa na hora certa’”, salienta a presidente do Instituto.

Segundo ela, é fundamental que o país evolua no que se refere à participação social na saúde, incluindo a educação. O brasileiro precisa saber mais sobre como funcionam os sistemas de saúde no país, sobre a navegação, a jornada do paciente e destacar que ter direitos subentende-se também ter deveres.

Marlene frisa que é preciso elevar o diálogo. “Falar mais sobre prevenção e sobre promoção da saúde e não só dedicar atenção às doenças. Educar nossa sociedade de que é fundamental prevenir se desejamos lidar melhor, por exemplo, com pandemias como a que vivenciamos nos últimos dois anos”, expõe.

Expectativas

De acordo com a entidade, a grande expectativa é que a pandemia tenha acendido a luz de que não podemos ser passivos quando o assunto é saúde. Por isso, as atividades do Instituto em 2022 estarão ainda mais dedicadas a comunicar a população e os pacientes sobre a importância de consumir informação de qualidade quando o assunto for saúde/doenças.

“Não podemos nos esquecer que estamos em um ano de eleições e que a participação da sociedade com as escolhas nas urnas definirão muito o que acontecerá não só nos próximos quatro anos, mas também no longo prazo no ecossistema da saúde”, finaliza Marlene.

Abramed integra Fórum de Privacidade e Proteção de Dados do Setor de Saúde Suplementar

Objetivo é a representatividade do segmento e estabelecer um diálogo com a ANPD, para debater inovação, desafios e gargalos relacionados a LGPD

A Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) – Lei 13.709/2018 -, traz um enorme impacto para o setor de saúde que utiliza dados sensíveis em seu cotidiano, desde a anamnese, o diagnóstico, a identificação até o tratamento de doenças. Com a pandemia de Covid-19, surgiram novos desafios voltados inclusive à cibersegurança e até mesmo às relações trabalhistas. O tema é bastante complexo para todos os atores da cadeia de saúde e, justamente por isso, o diálogo aberto e transparente é fundamental. Nesse contexto, em dezembro de 2021, iniciaram-se as tratativas para implementação do Fórum de Privacidade e Proteção de Dados do Setor de Saúde Suplementar, com discussões entre as entidades de saúde sobre sua criação e escopo de atuação.

“Diante da complexidade dos temas envolvendo a aplicação da LGPD à saúde, a intenção foi criar um locus de discussões qualificado e diversificado, em que todas as entidades representativas do setor possam debater temas relevantes de forma equitativa e ativa, além de dar concretude ao projeto de autorregulação do segmento, mediante a definição de mecanismos de aplicação das regras que serão aprovadas no Fórum”, explica a diretora-executiva da Abramed, Milva Pagano.

Por outro lado, segundo Milva, as discussões e propostas elaboradas poderão auxiliar a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) na compreensão das peculiaridades do segmento de medicina diagnóstica e poderão contribuir para a tomada de decisões pelo agente regulador.

“A ideia é massificar o conhecimento e apoiar a ANPD, produzindo Códigos de Boas Práticas e reunindo o setor para discussão do tema”, complementa a diretora do Comitê de Proteção de Dados da Abramed, Rogéria Cruz.

Para o coordenador jurídico da Confederação Nacional de Saúde (CNSaúde) e membro do Conselho Nacional de Proteção de Dados (CNPD), Marcos Ottoni, desde o advento da LGPD, percebe-se que várias entidades, até para tentar fornecer uma prestação de serviços adequada para seus filiados, buscaram esclarecer como funcionava a legislação, os impactos para o setor de saúde e por esse motivo era importante a uniformização dos entendimentos de cada envolvido para a criação de uma proposta única.

Segundo Ottoni, o Fórum de Privacidade e Proteção de Dados não é um modelo da CNSaúde, ou da Abramed, ou da Anahp, ou da FBH, ou da Abramge. O objetivo é congregar o setor como um todo. “Isso partiu, inclusive, do modelo europeu que trata de autorregulação regulada, com a união dos players para se preverem as próprias regras. Um setor tão complexo, que trata de dados sensíveis, precisa estar unido para que não tenhamos terceiros falando em nosso nome”, afirma.

O objetivo do Fórum é uniformizar os conceitos, os entendimentos, discutir os temas de interesse do setor no que compete a privacidade de dados, bem como para que seja um interlocutor qualificado tanto para a ANPD quanto para o poder legislativo, assim como para subsidiar o segmento de saúde com um modelo de regulação mais homogêneo, único e conforme o que de fato é vivenciado no cotidiano.

“Hoje o nosso Fórum já conta com alta adesão na participação de entidades, tanto de prestadores como de operadoras de saúde. Entre elas estão a Abramed, a Federação Brasileira de Hospitais (FBH), a Associação Nacional de Hospitais Privados (ANAHP); a Confederação das Santas Casas de Misericórdia, Hospitais e Entidades Filantrópicas (CMB); a Confederação Nacional das Seguradoras (CNSeg); a Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), e a Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge)”, cita Ottoni.

A Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (Abraidi) também formulou um pedido formal para participar do grupo e a Abramge convidou a União Nacional das Instituições de Autogestão em Saúde (Unidas), ampliando ainda mais a abrangência do projeto.

“A CNSaude teve a iniciativa de criação deste Fórum. A Abramed apoiou e participará ativamente, através de seu Comitê de Proteção de Dados, por acreditar na força de mobilização das entidades para defesa dos interesses do setor perante a ANPD”, declara Milva.

Segundo Ottoni, o fundamental para o sucesso do Fórum é que todas as entidades tenham idênticas condições de participação, de indicação de membros e de definição das pautas. A ideia não é ter um grupo capitaneado por essa ou por aquela entidade.

Para que o Fórum tenha representatividade, contará com a coordenação acadêmica de uma instituição de ensino superior, e será necessário que todas as entidades participem de forma ativa, além da própria Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), que será peça fundamental em tais discussões. Além disso, contará com a participação de especialistas e acadêmicos com experiência no tema para auxiliar nos debates.

“Em nossa última reunião, na segunda quinzena de janeiro, foi decidido que o fórum atuará sob dois grandes eixos. O primeiro é a questão da atualização e da uniformização de um código de boas práticas que vai subsidiar o projeto da autorregulação regulada do setor de saúde. Queremos criar um código único que represente todos os interesses do setor de forma conjunta. A segunda vertente é a atuação ser um locus de discussão técnica sobre temas envolvendo privacidade no setor de saúde, sobre a agenda da ANPD e a agenda legislativa. Vamos debater essas temáticas e transformá-las em um policy paper com a manifestação do nosso segmento”, explica Ottoni.

De acordo com o coordenador jurídico da CNSaúde, essa união setorial terá grande força, principalmente para pautar as autoridades no processo de regulação da LGPD. Em síntese, o Fórum se reunirá, deliberará e transformará o entendimento conjunto em um documento que servirá como posicionamento para todas as entidades participantes.

“O setor de medicina diagnóstica é um dos que mais produz dados sobre LGPD. Precisamos muito, principalmente, conversar e debater sobre a conformidade do entendimento do setor com as operadoras, com a ANS. Eu diria que o setor é um dos que mais vai precisar atuar, apresentar suas perspectivas, porque é um dos que mais produz dados para podermos desenvolver o setor de saúde”, afirma Ottoni.

“Um ponto importante a destacar é que todas as Organizações estão engajadas nos processos de implantação do Fórum, mas que existem dificuldades, pois estamos há meses em uma pandemia e muitas vezes isso impacta no processo de conscientização. Nossos associados estão comprometidos com o tema e a Abramed busca apoiá-los através de material, de discussões e agora contribuindo de maneira mais abrangente com o setor de saúde”, finaliza Rogéria.

Incorporação da tecnologia cresce na medicina diagnóstica

Associadas da Abramed investiram entre R$ 600 milhões a R$ 1 bilhão em 2021 em inovações que ajudaram a melhorar a excelência, a qualidade dos diagnósticos e oferecer melhores experiências para os pacientes. A adoção dos canais digitais é uma das principais tendências

A transformação digital vem acontecendo aceleradamente, impulsionada pela pandemia. Não por acaso, segundo a Distrito, maior ecossistema independente de startups do Brasil, os investimentos em healthtechs – cruciais para apoiar o processo de inovação no setor de saúde no país – mais que dobraram de 2020 para 2021. Inteligência Artificial (IA), telemedicina, telerradiologia, internet das coisas (IoT), wearables, tecnologias móveis, dados, automação de processos e de fluxo laboratoriais, assistentes virtuais, assistentes por voz e o 5G são tecnologias que já se fazem presentes e assumirão um papel cada vez mais importante na medicina diagnóstica.

Apesar do panorama complexo e desafiador, em 2020 e 2021, o setor de medicina diagnóstica continuou investindo em novas tecnologias e formas de atendimento para ofertar soluções de diagnóstico laboratorial e de imagem.  Segundo dados do Painel Abramed 2021 – O DNA do Diagnóstico, os investimentos em novos equipamentos e também em tecnologias variaram entre R$ 600 milhões a R$ 1 bilhão em 2021, valores que podem ter sido de 50% a 80% superiores aos de 2020.  Isso está relacionado ao reaquecimento do setor, após a queda nos primeiros meses da pandemia. 

As vantagens da incorporação da tecnologia são inúmeras e impactam em diagnósticos mais precisos e rápidos, elevando consideravelmente as chances de controle e tratamento de inúmeras doenças e contribuindo para um melhor cuidado. Também possibilita a ampliação do acesso à saúde, traz agilidade e otimiza os fluxos, apoiando na busca da sustentabilidade. Além de oferecer melhores experiências, um serviço de excelência e uma jornada mais fluída para os pacientes. 

A tecnologia, de acordo com Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, trouxe a velocidade necessária para atender a demanda que cresceu exponencialmente no último ano.  O setor de medicina diagnóstica é, desde sempre, um forte usuário e demanda atualizações frequentes, em especial no parque de diagnóstico por imagem, área que oferece exames cada vez mais com precisão e dispõe de recursos capazes de capturar imagens menores, com riquezas de detalhes.

Os exames genéticos também estão exigindo novos equipamentos analíticos e metodologias. Isso inclui, por exemplo, dispositivos simples e testes rápidos, que permitem atendimento hospitalar e realização de procedimentos na beira do leito; e exames de alta complexidade, “como foi o sequenciamento de Nova Geração muito utilizado para detecção de mutações na medicina personalizada, que também foi empregado na pandemia”, complementa Shcolnik.

Outro legado deixado pela pandemia é a consolidação dos canais digitais. É fato que essa é uma tendência que veio para ficar e será cada vez mais aprimorada. Afinal, o paciente está cada vez mais exigente e buscando uma experiência mais similar com a que está acostumado em outros setores de sua vida. Quase 70% dos associados, segundo o Painel Abramed 2021, desenvolveram aplicativos, que englobaram desde o processo de agendamento, atendimento ao paciente, através do web check-in, até a checagem de resultados. Isso foi crucial para desafogar as filas e diminuir o tempo de permanência dessas pessoas nas unidades.

“Os canais digitais têm uma vantagem enorme para os pacientes por uma série de motivos. Hoje a história dele está no aplicativo. Isso em saúde pública muda desfecho, porque você consegue fazer com que em algum momento o médico olhe toda a sua história e este é mais é um legado que a medicina diagnóstica está trazendo. Quanto mais pessoas pudermos impactar com a tecnologia, mais saúde coletiva teremos, mais diagnósticos precisos, mais informações clínicas em uma base de dados”, ressalta Shcolnik.

Tendências de mercado

A telerradiologia veio para ficar e surge como apoio para a realização de exames à distância, comandados remotamente por médicos especialistas e feitos por braços robóticos. Isso tudo permite não só ampliar o acesso, levando os exames para regiões mais distantes, como também diminui o tempo de realização e aumenta a assertividade dos diagnósticos, inclusive com apoio da inteligência artificial para fazer as primeiras triagens e reconstruir as imagens em 3D.

A transmissão em tempo real de exames por meio de streaming é também outra tendência, que ajuda a melhorar a entrega dos resultados ao paciente. Com este tipo de plataforma, é possível ampliar a oferta de exames com qualidade, fomentando uma comunicação ativa entre especialistas e generalistas – profissionais capacitados para realizarem diagnósticos e indicar cuidados mais generalistas, avaliando o paciente de forma mais integral e sem observar uma área específica. O médico que está realizando o exame pode solicitar, por exemplo, a qualquer tempo, apoio ao revisor durante a aquisição de imagens ou na conclusão do laudo.

O reconhecimento de voz, utilizando inteligência artificial, pode ajudar a converter áudio em laudo, minimizando as chances de erros na hora de digitar o documento. O recurso reduz o tempo despendido com a elaboração do laudo, o que é crucial, por exemplo, em locais de alta demanda ou em casos de urgência e emergência.

Já IoT, aliada a predição da inteligência artificial, consegue eliminar a necessidade de esperar pelas ocorrências, e habilita a capacidade de prever que elas ocorrerão e, desta forma, agir para evitá-las. Com este tipo de tecnologia é possível monitorar à distância e em tempo real, ambientes e equipamentos de engenharia clínica e de infraestrutura. Desta forma, é possível prever quebras e mau funcionamento que poderiam interromper a realização de exames complexos, como tomografia computadorizada e ressonância magnética.

“Vivemos um processo irreversível, a tecnologia e o digital têm papel importante na eficiência do diagnóstico, na melhoria da experiência do paciente, na qualidade do atendimento e também na redução de custos. Por isso, a Abramed está sempre atenta às novas tendências tecnológicas e também em estratégias que podem contribuir para geração de valor no setor”, finaliza Shcolnik.

Número de exames reduz 14,6%, grande parte para diagnóstico de câncer, segundo Painel Abramed

No mês em que é celebrado o Dia Mundial do Câncer, o alerta é sobre a importância da retomada dos exames para diagnóstico precoce da doença.

Com o agravamento da pandemia no país e a manutenção das medidas de isolamento social, cerca de 177,5 milhões de exames deixaram de ser realizados em 2020, muitos deles associados ao câncer. Neste 4 de fevereiro, Dia Mundial do Câncer, a Abramed – Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica faz, justamente, um alerta sobre a importância do diagnóstico precoce.

Segundo o Painel Abramed 2021 – O DNA do Diagnóstico, em 2020 houve redução de 133,5 milhões de exames de diagnóstico na comparação com 2019, o que corresponde a 14,6%. Foi verificada redução acentuada no número de exames que auxiliam no diagnóstico do câncer: queda de 37,3% de exames de pesquisa de sangue oculto nas fezes; 31,8% de colonoscopias; 28,3% de mamografias e 24,4% de exames de citopatologia cérvico-vaginal oncótica.

O INCA – Instituto Nacional de Câncer estima cerca de 625,4 mil novos casos da doença a cada ano, entre 2020 e 2022. Serão, por exemplo, 65.840 casos novos de câncer de próstata, o que representa uma probabilidade de 62,95 casos novos a cada 100 mil homens, e 66.280 casos novos de câncer de mama, com um risco estimado de 61,61 casos novos a cada 100 mil mulheres.

A estimativa é que haverá um aumento de 20% no número de óbitos em pacientes com câncer nos meses subsequentes aos períodos de confinamento da população em decorrência da pandemia. E não é só isso, quanto mais tardio é o diagnóstico, piores são as sequelas do tratamento.

No Brasil, segundo o relatório de auditoria sobre a política nacional para prevenção e controle do câncer realizado pelo TCU – Tribunal de Contas da União, aproximadamente 80% dos pacientes com câncer foram diagnosticados em grau de estadiamento 3 e 4. Esses números geram preocupação, já que a detecção e o tratamento precoce podem aumentar as chances de cura dos pacientes.

O entendimento de que diagnosticar pacientes precocemente salva vidas e pode reduzir consideravelmente as despesas assistenciais já está consolidado há muito tempo. Não há dúvida de que o diagnóstico tardio, ao contrário, pode promover uma sobrevida pior e resultar em tratamentos mais custosos e muitas vezes ineficientes.

“Os números mostram que a pandemia reduziu as ações de prevenção de doenças. Agora é o momento de reforçar a importância do autocuidado, dos exames preventivos e dos benefícios do diagnóstico precoce junto à população”, salienta Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

O trabalho de diagnóstico é fundamental para os resultados que trazem valor na área da saúde e para a sustentabilidade dos tratamentos. As estratégias para a detecção do câncer são o diagnóstico precoce e o rastreamento. O rastreamento engloba vários procedimentos eficazes para o diagnóstico de doenças em pessoas assintomáticas. Os exames permitem detectar anormalidades, evitando intervenções mais complexas, que são necessárias quando o tumor já se formou ou está em estágio avançado.

“É imprescindível estabelecer ações de detecção com a garantia de acesso a exames de diagnóstico, em tempo adequado e com qualidade em todas as etapas da linha de cuidado da doença”, diz Shcolnik.

Abramed, SBAC e SBPC solicitam ao Ministério da Saúde a participação dos laboratórios na realização dos autotestes de Covid-19

As entidades revelam preocupação com a qualidade desses dispositivos e com possíveis falhas em sua execução

No dia 28 de janeiro de 2022, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou resolução que estabelece os requisitos e os procedimentos para a solicitação de registro, distribuição, comercialização e utilização de autotestes para detecção do antígeno de Sars-CoV-2.

Com isso, será permitida a venda de autotestes diretamente ao consumidor por farmácias e estabelecimentos de saúde licenciados para comercializar dispositivos médicos.

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) apoia a utilização desta modalidade de testagem, pois reconhece sua utilidade como triagem neste momento da pandemia, e aguarda a inclusão das orientações sobre o uso dos autotestes em uma atualização do “Plano Nacional de Expansão de Testagem para Covid-19” (PNE Teste). 

“Entretanto, alertamos e reforçamos nossa preocupação com a qualidade desses dispositivos e possíveis falhas na execução dos autotestes que, embora tenham uma aparente facilidade de aplicação, têm complexidade tecnológica e exigem que todas as etapas sejam realizadas com muito cuidado”, declara Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

Imperfeições nessas etapas levam à obtenção de falso-negativos, o que, do ponto de vista epidemiológico, é extremamente grave por trazer falsa sensação de segurança em relação a não transmissibilidade da Covid-19.

Em razão dessas preocupações, a Abramed, junto a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC), e a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina laboratorial (SBPC/ML), enviou ofício ao Ministério da Saúde, solicitando que os Laboratórios Clínicos participem da realização dos autotestes, em caráter temporário e excepcional, disponibilizando seu ambiente controlado para que os pacientes realizem o procedimento com a orientação e supervisão de profissionais capacitados, bem como para terem seus resultados comunicados aos órgãos sanitários competentes, como já é prática nesses estabelecimentos.

As entidades visam a segurança do paciente, o cuidado na utilização e descarte do material, a interpretação correta do resultado do teste, além da notificação compulsória adequada. “Também reafirmamos que o autoteste trata-se de um teste de triagem e requer confirmação para diagnóstico. Ou seja, seu caráter é orientativo”, reforça Shcolnik.

Abramed apoia webinar promovido pela Iniciativa FIS

Apoiado pela Abramed, evento discutiu o futuro da saúde e as estratégias necessárias para o desenvolvimento do setor

Um debate muito instigante foi promovido pela Iniciativa FIS (Fórum Inovação Saúde) no dia 27 de janeiro, virtualmente. Com o tema “Para onde vai você, Saúde Brasileira?”, o evento foi moderado por Josier Vilar, presidente da Iniciativa FIS. A Abramed é uma das apoiadoras.

“Se, através do FIS, conseguirmos avançar ao longo dos anos com alguns temas que resultem na melhoria do acesso da população brasileira aos serviços de medicina de qualidade, teremos dado uma grande contribuição para a sociedade”, destacou Vilar na abertura.

Felipe Salto, diretor executivo do Instituto Fiscal Independente e especialista em contas públicas, foi o primeiro convidado apresentado. Segundo ele, por um lado, o Brasil precisa de ajuste fiscal, equilíbrio das contas e sustentabilidade das dívidas para ter juros mais baixos, investimento mais alto e crescimento econômico sustentável, e, por outro lado, precisa de recursos para políticas públicas fundamentais, como de saúde.

“O Brasil investe 9% do PIB na saúde, não é pouco, mas esse valor poderia ser aplicado de forma mais eficiente. Veja o funcionamento das Santas Casas, que têm uma dependência muito grande de transferências feitas pelos parlamentares, sem as quais elas não teriam recursos para pagar os custos por mês, o que é muito preocupante. Também é necessário discutir a Tabela SUS. O que falta no Brasil é fazer uma revisão periódica do gasto público, o país acabou entrando no piloto automático”, ressaltou Felipe.

Dando continuidade à fala de Salto, Luiz Antonio Santini, pesquisador associado da FioCruz, falou sobre o subfinanciamento do sistema de saúde. “Concordo que precisa melhorar a governança, a gestão e destinar adequadamente os recursos existentes, mas é necessário garantir o que preconiza o artigo 196 da Constituição, que a saúde é direito de todos e dever do Estado. Não podemos continuar a buscar recursos onde não têm. Chegou o momento de decidir. Não temos direito a arranjos inferiores dentro da sistemática orgânica do sistema”, destacou.

De acordo com Santini, é possível melhorar a alocação de recursos e implantar tecnologias e ferramentas de apoio à gestão, mas faltam recursos. “A medicina brasileira vai para onde for essa discussão, definindo os papéis dos atores atuantes nesse processo e as necessidades da população. Temos de discutir com mais profundidade como mudar a estrutura de organização de financiamento do sistema. A premissa de gastar só o que arrecada precisa ser tirada da discussão, é fundamental gastar mais, a saúde precisa de mais recursos”, expôs.

Em sua participação, Paulo ChapChap, conselheiro estratégico do Dasa para Hospitais e Oncologia, disse que não é mais preciso defender o SUS, já que é unânime a sua importância, mas o valor é insuficiente porque é mal distribuído. “Temos de fazer um chamamento à parte melhor financiada do sistema, que é a suplementar. Deveria ser uma exigência que o setor privado contribua com o público. Não estou falando do sistema privado filantrópico, mas de um segmento com finalidade lucrativa, que desenvolve tecnologia, processos e pessoas. Ele deve ser chamado para ajudar a resolver essa equação”, disse.

ChapChap aproveitou para fazer um lamento: os profissionais de saúde estão sofrendo muito. “Quando médicos do município de São Paulo falam em greve em uma situação de pandemia, é quase um grito de basta. A combinação da alta expectativa da população com a incapacidade de oferecer todos os serviços gera uma tensão no cuidado, que leva a uma grande frustração do profissional de saúde e até insegurança em relação a ameaças físicas”, expôs. Para ele, é preciso ter um cuidado especial com os profissionais da linha de frente, fazendo algum movimento contundente, nem que seja temporário.

Fundador do E-Health Mentor Institute, Guilherme Hummel participou da discussão com seu amplo conhecimento em tecnologia. Ele se mostrou descrente em relação a soluções de curto prazo para melhorar o acesso da população à saúde. “O Brasil tem uma mentalidade muito complicada para executar ações em médio e longo prazos, nós não pensamos no futuro”, criticou.

Para Hummel, acesso não é problema de recursos. Recursos são importantes na média e na alta complexidades, sem dúvida, mas na baixa complexidade o problema é técnico. É preciso pensar sob uma ótica estrategicamente diferente. “Um problema compartilhado é resolvido, mas um problema fragmentado é multiplicado. No Brasil, os problemas não são compartilhados. A fragmentação do sistema é monstruosa e cada vez maior porque não existe parâmetro claro sobre a estratégia a ser atendida”, frisou.

O fundador do E-Health Mentor Institute mostrou as premissas para um sistema de saúde de maior qualidade, especificamente na baixa complexidade. Uma delas é agir em rede, isto é, com plataformas abertas, o que melhora a transversalidade da informação. Outra premissa é que tudo é código, tudo é programável. Sendo assim, a regulação é flexível. “E, se é assim, tudo é registro de dados também. Num primeiro atendimento, o registro é fundamental, não se melhora acesso sem essa transversalidade de dados”, expôs.

Hummel também citou que todas as estratégias precisam levar em consideração a nuvem como SaaS (software como serviço), que permite acesso a qualquer dado de paciente em qualquer lugar, sem necessidade de infraestrutura. “Isso significa que é preciso ser ‘figital’, ou seja, físico, digital e social. É imprescindível a flexibilização.”

Outro item elencado por ele é a necessidade de baixar o analfabetismo de saúde básica no Brasil. “As pessoas vão chegar aos 15 anos sem nenhum cuidado, sem nenhuma articulação com sua conduta sanitária. É preciso incluir o uso do smartphone dentro das ações em saúde. Desde a primeira escolaridade, o indivíduo deve receber instrução básica sobre saúde e também sobre utilização da internet. Isso é alfabetização em saúde e precisa acontecer, necessariamente junto com o autocuidado.”

Para Hummel, só há uma forma de sair do problema de custeio: reduzir rapidamente a demanda dos sistemas de atenção, não há outra possibilidade.

Já na análise do deputado federal Dr. Luizinho, a falta de definição sobre quem tem a responsabilidade por cada atividade na área de saúde atrapalha muito. “As atribuições e competências de forma mais clara podem nos ajudar na melhoria do sistema e na partilha dos recursos”, disse.

A respeito da hierarquização do sistema de saúde, Luizinho salientou que o único sistema universal em que qualquer pessoa recebe a prescrição do medicamento mais caro da rede é o brasileiro. “Nenhum outro sistema do tipo sofre com a mesma falta de hierarquização.”

O deputado federal também defendeu a ampliação do acesso à saúde suplementar. “O Brasil tem espaço para um número maior de usuários na saúde suplementar através de planos mais acessíveis. Este é um assunto polêmico, mas faço questão de colocar a minha opinião.”

Durante o debate, vários profissionais de saúde reconhecidos no setor fizeram suas perguntas aos convidados, enriquecendo ainda mais a discussão. No canal do You Tube do FIS podem ser vistos todos os webinares já realizados.

Taxa de positividade de Covid em laboratórios chega a 60% em janeiro. Procura por exames de Influenza caiu

02 de Fevereiro de 2022 – Na última semana de janeiro de 2022 os laboratórios de medicina diagnóstica associados a Abramed (Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica) realizaram quase 390 mil exames de Covid-19. O número representa um aumento de 18% em relação à semana anterior – quando haviam sido realizados mais de 320 mil exames. A taxa de positividade também aumentou, passando de 57% na semana encerrada no dia 23 para 60% na semana encerrada no dia 30.  A procura por exames de Influenza caiu 12% no mesmo período, sendo realizados mais de 150 mil exames. A taxa de positividade passou de 7,7% para 2,8% . 

Ainda com relação ao influenza, o pico de positividade não foi em janeiro, mas sim na última semana de dezembro, quando a taxa de positividade chegou a 41%. Em janeiro a taxa de positividade média foi de 12,5%. Na primeira semana do mês essa taxa era de 30%. 

Estoques

Sobre os estoques dos insumos para a realização dos exames de Covid-19, que sofreram escassez nas primeiras semanas do ano, a Abramed informa que os  estoques estão sendo repostos e que algumas regiões já apresentam  normalidade no atendimento. 

Cabe ressaltar que a Diretoria de Portos e Aeroportos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) tem facilitado a liberação de reagentes importados, conforme disponibilidade, o que vem favorecendo a reposição dos estoques.

A Abramed vem acompanhando o cenário diariamente, e informará a respeito de atualizações.

SOBRE A ABRAMED

Fundada em 2010, a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica – ABRAMED, surgiu num momento de transformações no sistema de saúde brasileiro, entre elas a consolidação de um novo perfil empresarial e o estabelecimento de regulamentações determinantes para o futuro da medicina diagnóstica no país. Esse cenário foi propício para que as empresas com atuação de ponta no país vislumbrassem os benefícios de uma ação integrada em torno da defesa de causas comuns.

A Abramed expressa também a visão de um setor de grande relevância socioeconômica, cujo desempenho tem impacto significativo sobre a saúde de parcela expressiva da população.

A Abramed conta com associados, que, juntos, respondem por mais de 65% de todos os exames realizados pela saúde suplementar no país. Essas empresas também são reconhecidas por sua qualidade na prestação de serviços, pela excelência tecnológica e pelas práticas avançadas de gestão, inovação, governança e responsabilidade corporativa.

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