Due diligence tem papel-chave nas operações de fusão e aquisição

Atenção ao compliance também é necessária para o sucesso dos negócios

10 de outubro de 2020

Para fortalecer seu posicionamento no mercado, ampliando o potencial do negócio, muitas empresas, inclusive na área da saúde, vêm apostando em iniciativas de fusão e aquisição (M&A).

Embora seja promissor, esse tipo de operação requer uma série de cuidados e processos, que são fundamentais para assegurar o sucesso da operação e, principalmente, resguardar o comprador da empresa-alvo (target firm) de possíveis dificuldades e prejuízos por conta de multas decorrentes de práticas de corrupção, fraudes ou violação de legislações, por exemplo.

Para tanto, é necessária uma série de diligências investigatórias na etapa que antecede a M&A. A due diligence tem a função de levantar e auditar informações técnicas, contábeis, fiscais, além de jurídicas da empresa-alvo relacionadas às esferas trabalhistas, societárias, ambientais, imobiliárias, de propriedade intelectual, administrativas, dentre outras, conforme o caso. Para Walquiria Favero, superintendente jurídica e Compliance da Dasa e membro do Comitê de Governança, Ética e Compliance (GEC) da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), “o propósito é determinar os riscos relacionados a eventuais comportamentos adotados por representantes da empresa a ser adquirida em suas relações com os entes públicos e privados, levantar todos os fatores que possam contribuir positivamente ou negativamente para o sucesso do projeto, como um diagnóstico de riscos e oportunidades. Dessa maneira, a operação terá mais confiabilidade e capacidade de alcançar os objetivos esperados pela empresa compradora”.

Além disso, a due diligence tem um papel-chave no auxílio dos negócios e na tomada de decisões dos gestores por dar subsídio para a execução de melhorias e medidas de governança e boas práticas para que o retorno dos investimentos realizados seja ampliado.

É a partir desse processo investigativo que a empresa interessada na aquisição poderá equilibrar os riscos identificados e, por meio de exigência do contrato de compra e venda (Sales and Purchase Agreement – SPA), estabelecer disposições que lhe protejam em caso de futura responsabilização por atos de corrupção ou antieconômicos praticados anteriormente à operação.

A atenção ao compliance também é mais do que necessária, ainda mais que, com a globalização, as transações das empresas ultrapassaram os territórios e as fronteiras. Entretanto, apenas a adoção de práticas para cumprir normas legais e regulamentares, políticas e diretrizes estabelecidas para as atividades da instituição ou da empresa não são suficientes para o sucesso de uma organização.

Para Walquiria, é importante implementar um programa de compliance que esteja em constante atualização, visando preservar a conformidade ética e jurídica dos comportamentos adotados pela companhia, especialmente nas relações mantidas com entes públicos – seja na área em processos licitatórios, na contratação de terceiros que mantenham interação com órgãos públicos, no recebimento de fiscalizações, nas políticas da empresa para doação eleitoral, concessão de doações, brindes e patrocínios –, bem como deve ser garantido os aspectos relativos a conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais. “A implementação exitosa de uma política de compliance é uma tarefa sobremaneira complexa. Requer desde um código de ética, padrões de conduta e treinamentos periódicos dos funcionários até o estabelecimento de canais abertos e seguros para a denúncia de irregularidades, a garantia da independência da instância responsável por aplicar as medidas disciplinares, de registros contábeis íntegros e transparência nas doações com caráter político”, explica.

Por mais que represente um objetivo que demanda grande dispêndio de energia e de recursos, a efetiva adesão dos colaboradores à política de compliance da companhia é indispensável para o desempenho regular das atividades empresariais e uma condição relevante – por vezes, até indispensável – no caso de uma operação de M&A, pois auxilia a identificar falhas de práticas e condutas que possam existir na companhia-alvo, possibilitando a estruturação de mecanismos jurídicos que mitiguem o risco de responsabilização da empresa adquirente. “Uma análise panorâmica sobre o compliance aplicado às operações de fusão e aquisição revela como é avançado o grau de relevância das políticas de integridade para o sucesso dessas operações societárias”, destaca a advogada.

Dessa forma, os riscos relacionados às eventuais práticas em desconformidade com a política de compliance poderão ser devidamente quantificados e equilibrados no contrato. Em algumas hipóteses, condições antecedentes à operação poderão requerer até a prévia celebração de ajustes com os órgãos de controle, com um acordo de leniência – acordo administrativo por meio do qual o ente público, em troca da obtenção de vantagens materiais e processuais, ameniza, por substituição definitiva e consensual, as penalidades civis e administrativas que seriam eventual e oportunamente por si aplicadas ou requeridas contra a empresa colaboradora.

Walquiria lembra que o adquirente é sucessor dos direitos e obrigações da empresa target. Ainda que sob o ponto de vista criminal a conduta seja respondida por quem efetivamente praticou o ato ilícito, o comprador será sucessor de processos civis e administrativos.

Essas medidas de precaução, segundo a advogada, diminuem os riscos de que a empresa adquirente seja surpreendida com a responsabilização por atos e fatos anteriores à aquisição. Mas é preciso avaliar se essas eventuais práticas não violam a Lei Anticorrupção (lei nº 12.846/2013), que disciplina a responsabilidade de companhias que se submetem a uma operação de M&A.

A referida lei prevê a responsabilização das empresas independente de culpa – no âmbito administrativo e civil – em virtude de atos de corrupção praticados por terceiros em seu benefício ou interesse. Destaca-se que para a configuração da responsabilidade da empresa adquirente, basta que ela seja beneficiada com o ilícito cometido pelo terceiro, e mesmo que os gestores desconheçam a prática de corrupção, serão responsabilizados.

Isso mostra, mais uma vez, que para diminuir riscos é necessário que qualquer empresa, independentemente do porte ou segmento, adote a due diligence como critério de confirmação de efetividade do programa de integridade, como previsto no decreto federal nº 8.420/2015, que regulamentou Lei Anticorrupção.

Mas, a superintendente jurídica e Compliance da Dasa alerta que apesar das  obrigações quanto à realização da prática de diligência em operações de fusão e aquisição constarem no normativo, foi mencionado que o legislador é que regularia como isso se operacionalizaria em M&A de pequenos e médios negócios, o que não foi feito até o momento. “Na saúde isso é uma incógnita, pois como o setor é formado majoritariamente por pequenas empresas e está passando por um processo de consolidação, a aplicação de medidas como previstas na lei torna a operação de fusão e aquisição custosa e pode não refletir o risco real da operação”, esclarece.

Para tanto, Walquiria orienta que seja feita uma verificação de antecedentes da target firm, dos acionistas e diretores; análise das doações para campanhas eleitorais; se a sociedade possui Programa Especial de Parcelamento (PEP) em posição relevante e contratos públicos, especialmente de licitações. A verificação de políticas para doações, brindes e hospitalidades, especialmente no relacionamento com órgãos públicos também é recomendável. “Dessa forma, o gestor terá como evitar riscos, dar mais segurança às suas decisões, planejar ações e garantir que os resultados sejam alcançados num cenário real, apoiado em dados mais robustos e confiáveis”, conclui.  

Medical Fair Brasil impulsionará negócios em saúde

Spin-off da maior feira do setor no mundo acontece de 4 a 7 de maio em São Paulo

09 de novembro de 2020

O ano de 2021 será marcado pelo retorno dos grandes eventos, após um ano de paralisação por conta da pandemia da Covid-19 e o setor da saúde, bastante atingido, anseia por soluções a problemas recorrentes e que ficaram ainda mais evidentes. Neste cenário, de 4 a 7 de maio, no Expo Center Norte, em São Paulo, acontecerá a Medical Fair Brasil (MFB), spin-off da principal feira de saúde do mundo.

Organizada pela Messe Düsseldorf, multinacional há mais de 45 anos responsável pela realização da MEDICA, na Alemanha, a feira chegou ao território brasileiro para ser uma verdadeira plataforma de impulsionamento e geração de negócios para o segmento. A organização tem trabalhado para que os participantes tenham à disposição um evento completo, com todas as possibilidades que as feiras de negócios oferecem de forma presencial.

Mais do que priorizar a exposição de produtos e serviços, a MFB terá vasta programação com fóruns, simpósios e congressos. A apresentação de cases práticos e os êxitos obtidos durante a pandemia servirão como estímulo para melhorias. Segundo a diretora-geral, Malu Sevieri, ao propor uma programação contemplando atividades de conteúdo, a MFB propiciará aos participantes um melhor direcionamento para o relacionamento.

“Não se pode olhar para uma feira apenas com a perspectiva de vendas. Existem oportunidades que não se podem deixar passar, como a geração de mídia espontânea, crescimento dos leads da empresa e novas parcerias. Feiras de negócios representam a mais eficaz ferramenta para aprofundar e consolidar relacionamentos comerciais bem como conquistar a necessária confiança para concretizar mais negócios”, reitera.

Antecipando as novidades para 2021, a Emme Brasil, que representa a Messe Düsseldorf, lançou em outubro o Medical APP, um aplicativo exclusivo e totalmente gratuito para conectar todos os expositores, parceiros e visitantes. Trata-se de uma ferramenta de matchmaking intuitiva, que facilitará o encontro das necessidades de compradores com seus respectivos fornecedores. Esta é uma vantagem sem qualquer custo adicional, ou seja, empresas expositoras não pagam para utilizar o benefício, condicionado à participação na feira.

Empresas interessadas em expor seus produtos e serviços na MFB podem reservar seu espaço AQUI.

O Medical APP permite a conexão com a cadeia do setor de saúde através de poucos cliques. Os usuários podem promover seus produtos; aumentar seus leads qualificados e expandir seu network para todo o território nacional e internacional. Por meio de interação digital e utilizando inteligência artificial, o aplicativo contribui para o agendamento de reuniões One-on-One (1:1) com outros executivos.

“Quem utilizar o Medical APP poderá agendar e participar de reuniões com muito mais eficiência, além de se planejar para acompanhar nossa programação sem conflitos de interesse”, destaca Malu.

Para a MFB 2021, a Emme Brasil desenvolveu também um protocolo de higiene e segurança para atender a todos os requisitos e recomendações para tornar o ambiente da feira o mais seguro. O documento pode ser acessado AQUI.

Mais informações e inscrições para visitação no site: https://www.medicalfair-brasil.com.br/pt/

Reforma Tributária – Mesmo que votação não se concretize em 2020, tema segue aquecido nos bastidores

Saúde permanece em contato com líderes do governo abordando os drásticos impactos que a reforma pode causar ao setor

09 de outubro de 2020

Além dos desafios impostos pela pandemia de COVID-19 neste segundo semestre, o setor brasileiro de saúde vem lutando para mostrar aos parlamentares e decisores os altíssimos impactos que a Reforma Tributária, nos moldes em que está sendo traçada, terá sobre a população e os negócios. Com a Comissão Mista – grupo composto por deputados e senadores e encarregado de analisar a PEC 45/19 e a PEC 110/19 elaborando uma proposta única para simplificação do sistema tributário nacional – adiada até 10 de dezembro, há incertezas se teremos, de fato, uma definição sobre o assunto ainda em 2020 ou se a votação se concretizará em 2021.

Com as eleições se aproximando – o primeiro turno ocorrerá em 15 de novembro e as cidades que seguirão para o segundo turno terão a votação concluída em 29 do mesmo mês – a expectativa é a de que o assunto retorne com mais força em dezembro.

“Em novembro continuaremos debatendo o tema e participando de seminários”, comenta Armando Monteiro Bisneto, advogado e especialista em Relações Governamentais. Segundo ele, caso o deputado federal Aguinaldo Ribeiro (PP/PB), que é o relator da Comissão Mista da Reforma Tributária, apresente seu parecer em 10 de dezembro, serão poucos dias úteis para que haja uma movimentação mais assertiva ainda em 2020. “Torna-se pouco provável que a reforma seja votada na Comissão Especial e passe por duas votações no Plenário da Câmara esse ano”, opina lembrando que a Comissão Mista não tem amparo regimental e que as votações na Câmara devem ocorrer com quórum de maioria qualificada, ou seja, com no mínimo 2/3 dos vereadores.

Paralelamente às eleições, outros assuntos ganharam prioridade no governo como, por exemplo, a PEC 186/2019, chamada PEC Emergencial para regulamentar o teto de gastos; o valor a ser pago pelo Renda Cidadã, programa que substituirá o Bolsa Família; e a votação do orçamento. “Essas externalidades entraram e tomaram a vanguarda, porém nos bastidores a Reforma Tributária continua sendo debatida, tanto que seguimos em um ritmo elevado de reuniões com assessores e parlamentares”, esclarece Eduardo Muniz Machado Cavalcanti, consultor para Reforma Tributária da Abramed.

Para o executivo, é notável que o empenho do setor de saúde em mostrar os impactos da reforma no acesso da população à assistência vem surtindo efeito. “Enxergamos que esse ponto está maduro, que os deputados entendem que saúde e educação merecem tratamento diferenciado”, pontua. Para ele, esse é um período de trabalho silencioso, porém muito importante pois a percepção da realidade trazida por uma reforma míope está sendo construída “tijolo a tijolo”.

Na visão de Monteiro Bisneto, o tema nunca saiu de cena e seguirá com ainda mais força no começo de 2021. “É um assunto que desperta muito interesse dos gabinetes e justamente por isso devemos sempre reforçar a nossa mensagem de quão prejudicial uma reforma mal elaborada será para setores essenciais como saúde e educação. Não podemos deixar a chama se apagar, mesmo que a reforma não seja votada ainda esse ano”, declara.

Entenda o impacto

A proposta de Reforma Tributária apresentada pelo Governo Federal ameaça a saúde de forma generalizada. Sem reconhecer a essencialidade desse setor, o texto considera a unificação de PIS/Pasep e Cofins sob uma alíquota única que aumentará drasticamente a carga tributária de instituições de saúde e ampliará ainda mais as dificuldades de acesso já existentes.

No setor de medicina diagnóstica os custos tributários podem subir até 40,4%. Isso representa aumento médio de R$ 3,6 bilhões ao ano para laboratórios e clínicas de imagem; para o paciente, exames até 10% mais caros.

“O sistema tributário brasileiro é, de fato, disfuncional e tem uma complexidade que contribui para a construção de um ambiente de negócios pouco favorável a investimentos e empregabilidade. Precisamos de uma reforma focada na simplificação dos processos com objetivo de reduzir, entre outros entraves, o custo de conformidade. Porém, onerar ainda mais o segmento de saúde inviabilizará a atuação de inúmeras empresas de medicina diagnóstica, que deixarão de existir, especialmente em regiões menos desenvolvidas economicamente”, comenta Priscilla Franklim Martins, diretora-executiva da Abramed.

Clique AQUI e confira todas as matérias já publicadas pela Abramed sobre os drásticos impactos da Reforma Tributária na saúde. Aproveite para acessar, também, o estudo completo elaborador pela Associação (clique AQUI).

Representante do Ministério da Economia dialoga com executivos da saúde sobre ‘Projeto Custo Brasil’

Reforma tributária foi tema de webinar com participação de Lídia Abdalla, membro do Conselho de Administração da Abramed

6 de novembro de 2020

O “Custo Brasil” é uma expressão emergente no país há algumas décadas. Quem acompanha o debate econômico certamente já se deparou com o termo. Trata-se de uma denominação abrangente para uma série de custos de produção, ou despesas incidentes sobre a produção, que impactam tanto o exportador brasileiro na hora de colocar seus produtos no mercado internacional, quanto o produtor nacional de competir com mercadorias importadas. O tema foi debatido no “Painel Digital ICOS: Projeto Redução do Custo Brasil – Impactos no Setor da Saúde”, realizado no dia 20 de outubro.

No Brasil, as empresas gastam em média 1,5 mil horas por ano para organizar e preparar o pagamento de seus impostos, ou 89% mais do que a média dos países membros da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). O chamado “Custo Brasil” consome por ano R$ 1,5 trilhão do setor produtivo, ou o equivalente a 22% do Produto Interno Bruto (PIB). Os dados são de um estudo realizado pelo Movimento Brasil Competitivo (MBC) em parceria com o Ministério da Economia.

Esses custos estão relacionados com aspectos legais em diferentes camadas que compõe a economia do país. Dentro desse cenário, a Reforma Tributária é uma das principais discussões em diversos setores brasileiros, inclusive o da saúde, e foi uma das principais pautas do encontro on-line.

Durante o webinar, executivos da saúde puderam dialogar diretamente com o CEO do Projeto Redução do Custo Brasil no Ministério da Economia, Jorge Lima. A conferência foi moderada pelo presidente do Instituto Coalizão Saúde (ICOS), Claudio Lottenberg, e contou com a participação de Eduardo Amaro, presidente da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), Fernando Silveira Filho, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Alta Tecnologia de Produtos para a Saúde (Abimed), João Alceu, presidente da Federação Nacional de Saúde Suplementar (FenaSaúde), e Lídia Abdalla, membro do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e presidente do Grupo Sabin.

No debate, sob a ótica da medicina diagnóstica, Lídia destacou a preocupação sobre os impactos da Reforma Tributária no setor. “Apoiamos a simplificação de tributos desde que não haja prejuízos. No entanto, a forma como ela está sendo proposta no Congresso traz um peso muito grande para as empresas. Nossos serviços, que hoje têm em média 5% de impostos, passariam a ter uma carga tributária próxima de 12%”, disse ao representante do Ministério da Economia.

Dessa forma, o custo da rede privada será maior e dificultará o acesso da população à assistência, resultando na superlotação do Sistema Único de Saúde (SUS). “A nossa atenção não é só com os grande e médios serviços de medicina diagnóstica, mas também sobre como trazer mais eficiência e otimização de recursos para que possamos garantir a sobrevivência dos pequenos serviços, que são importantes para muitas cidades brasileiras”, acrescentou Lídia.

Segundo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), nos últimos quatro anos, devido à instabilidade econômica e ao aumento do desemprego, cerca de 3 milhões de pessoas deixaram de contar com planos de saúde. Com a atual proposta da Reforma Tributária, a Confederação Nacional de Saúde, Hospitais, Estabelecimentos e Serviço (CNSaúde) prevê o aumento de 5,2% no valor das mensalidades dos planos de saúde, sugerindo a perda potencial de até 500 mil beneficiários, que também passarão a depender do SUS.

“Medidas que afetam e inviabilizam a presença de usuários dentro do sistema privado, além de ter um impacto direto no setor suplementar, acarretam na sobrecarga de pessoas dentro do sistema público de saúde, que inclusive já terá consequências danosas devido a pandemia”, destacou Lottenberg durante a mediação do evento.

Outro alerta feito pelos executivos da saúde para o representante do Ministério da Economia foi o reconhecimento da essencialidade do setor nas discussões sobre a Reforma Tributária que acontecem no Congresso. “Isso não significa diferenciação, mas sim trazer competitividade para um setor que é gerador de riquezas para o país”, disse Silveira Filho.

Além de também defender a essencialidade da saúde, João Alceu destacou que na proposta de reforma que o governo enviou ao Congresso há uma alíquota diferenciada para os planos de saúde. “Gostaria de enfatizar que toda a cadeia produtiva da saúde deve ter este tratamento, porque assim é em outros países que têm o Imposto sobre Valor Agregado (IVA) como mola mestra do sistema tributário de serviços”.

Segundo levantamento realizado pela Abramed, de todos as nações que possuem impostos sobre valor agregado, mais de 80% aplicam isenção ou alíquota reduzida aos serviços essenciais de saúde e educação, assim evitando todos os efeitos negativos acima indicados. “Precisamos avançar com uma reforma tributária que nos dê competitividade, mas sem onerar o bolso do cidadão brasileiro”, completou Silveira Filho.

Desoneração da folha de pagamento

Para minimizar os impactos negativos da reforma tributária no setor, uma das sugestões é a adoção da desoneração da folha de pagamento, o que permitiria que o setor de serviços abatesse os impostos sobre mão de obra assim como a indústria abaterá os impostos sobre insumos. A folha de pagamento representa cerca de 50% das despesas de laboratórios e clínicas de imagem, considerando contratações diretas e indiretas, segundo levantamento realizado pela Abramed.

Durante o debate sobre os impactos do Projeto Redução do Custo Brasil na saúde, Amaro explicou que as instituições associadas à Anahp somam cerca de 220 mil empregos formais e que “o custo com o pessoal é em torno de 50%”. Segundo ele, ao comparar o Brasil com países membros da OCDE, é possível observar uma grande discrepância e encontrar um caminho para conseguir melhorar o ambiente de trabalho no setor.

O representante do Ministério da Economia assegurou que o atual governo é defensor da desoneração. “A intenção é diminuir o custo trabalhista, essa é a nossa prioridade. Somos a favor da desoneração em tudo”, pontuou.

Durante o evento online, Lima também destacou a importância da saúde e educação no Brasil. “Todo país que conseguiu avançar cuidou desses setores. Nenhum conseguiu crescer sem se desburocratizar, inovar e sem ser mais liberal”. Ele também explicou que o Projeto Custo Brasil é complexo, transversal – atingindo todos os ministérios e órgãos independentes –, e que conta com o diálogo do setor produtivo com o Congresso.

Confira a íntegra do webinar clicando AQUI.

Câncer de Próstata – Homens deixaram de realizar exames preventivos na pandemia

Durante a crise de COVID-19, queda média de 34,6% no número de alguns exames relacionados à patologia preocupa; sem diagnóstico precoce, tratamento torna-se menos eficiente e há redução na chance de cura

5 de novembro de 2020

São diversos os exames que podem auxiliar os urologistas na detecção precoce do câncer de próstata, patologia que mata mais de 15,5 mil brasileiros todos os anos. Porém, dados levantados pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) apontam queda em todos eles durante a pandemia de COVID-19, o que leva a um cenário preocupante. Avaliando os números divulgados pelo Sistema de Informações Ambulatoriais do SUS do Ministério da Saúde referentes aos procedimentos realizados entre janeiro e agosto de 2020 e comparando-os com as quantidades de testes no mesmo período de 2019, nota-se queda média de 34,6% no número de exames para diagnóstico da patologia na esfera pública.

A dosagem de antígeno prostático específico (PSA), exame de sangue que identifica uma proteína produzida pela próstata e, assim, pode apontar alterações no órgão, assinalou queda significativa de 34,4%. Outros dois exames de imagem também relacionados ao diagnóstico da patologia, ultrassonografia de próstata por via abdominal e por via transretal, apresentaram queda de 37,8% e 35,7% respectivamente. Já a biopsia reduziu 22,7% no período.

“Esses dados refletem o afastamento dos pacientes das unidades de saúde durante a pandemia. Além de encontrar algumas unidades fechadas, com receio de contrair o novo coronavírus, as pessoas adiaram procedimentos, o que pode levar ao atraso na detecção de doenças, entre elas o câncer de próstata. Com esse atraso, nos deparamos com consequências como o agravamento das patologias, piora do prognóstico e redução da chance de cura”, explica Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed. As empresas associadas à entidade – responsáveis pela realização de mais da metade dos exames de beneficiários da saúde suplementar – confirmaram redução de 39,5% no número de testes de PSA realizados entre março e agosto de 2020 no comparativo com o mesmo período do ano passado.

Culturalmente, os homens já são menos atentos à saúde e prevenção. Tanto que, em 2018, segundo dados do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, dos mais de 50 milhões de pacientes atendidos nas associadas à entidade, apenas 38% eram homens.

Mas as doenças não escolhem gênero. De acordo com estatística do Instituto Nacional do Câncer (INCA), o câncer de próstata deve acometer 65.840 pessoas somente em 2020. “Com essa drástica redução no número de exames para detecção da patologia, quantos brasileiros perderam a oportunidade de ter a doença detectada em tempo hábil para receber o melhor tratamento?”, questiona Shcolnik.

No setor privado, a fim de reforçar à população que outras doenças não esperam a pandemia de COVID-19 acabar para se manifestarem, estimulando que todos retomassem seus cuidados, exames e procedimentos, laboratórios e clínicas intensificaram ainda mais os seus já rígidos protocolos de segurança. “Foi preciso investir em uma comunicação transparente, mostrar que as unidades estavam atuando com toda a segurança para receber esses pacientes. A redução de atendimento chegou a 70% no pico da pandemia, porém agora estamos conseguindo retomar nosso ritmo normal, levando novamente a possibilidade do diagnóstico precoce à população”, finaliza Shcolnik.

Gigantes da saúde, corrupção e o papel das associações são temas de debate virtual

Wilson Shcolnik participou de encontro no FHCB 2020 e enfatizou o empoderamento da Abramed no diálogo setorial

3 de novembro de 2020

A edição deste ano do Fórum Healthcare Business (FHCB 2020) também abordou a vertente do diagnóstico. Em encontro realizado em 21 de outubro, Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), foi um dos convidados para discursar sobre a nova realidade gerada pela pandemia de COVID-19 no painel intitulado “O salto quântico para uma nova realidade: a saúde global”.

Também participaram Franco Pallamolla, presidente da Associação Brasileira da Indústria de Artigos e Equipamentos Médicos, Odontológicos, Hospitalares e de Laboratórios (ABIMO), e Sérgio Rocha, presidente da Associação Brasileira de Importadores e Distribuidores de Produtos para Saúde (ABRAIDI). A moderação foi realizada por Lauro Miquelin, chairman do Grupo Mídia, marca idealizadora do evento.

O primeiro assunto abordado no debate enfatizou a formação de gigantes da saúde. Na medicina diagnóstica, segundo comentado por Shcolnik, a consolidação teve início há 20 anos com a Dasa e com o Fleury, porém, o executivo observa que essa movimentação não foi acentuada durante a pandemia. “Apesar da fragilidade de muitas clínicas e laboratórios que tiveram seus atendimentos reduzidos à 30% do normal, não ouvimos falar de fusões e aquisições no nosso setor”, explicou.

Porém, o executivo aproveitou a oportunidade para comentar que na área hospitalar e entre operadoras esse movimento de formação de gigantes segue ativo. “A Rede D’Or, que é a maior rede hospitalar do Brasil, anunciou a aquisição de uma clínica no Rio de Janeiro e o desejo de iniciar IPO. E a Notredame Saúde divulgou a aquisição de um grupo em Minas Gerais, adentrando um território dominado pela Unimed”, comentou.

Pensando no setor industrial, a China desponta ainda mais como uma das principais fornecedoras de materiais e equipamentos, como relatado por Rocha. “Os chineses têm uma participação extremamente importante no mundo inteiro na nossa área. Nas commodities, o domínio deles é enorme”, disse o executivo. Para ele, o Brasil sofre com a falta de investimento. “Não somos competitivos. Precisamos de investimento para essa virada”, complementou.

Pallamolla seguiu o raciocínio de Rocha afirmando que a consolidação já vinha em um ritmo crescente e que a pandemia contribui para que surjam ainda mais gigantes. “Temos de nos adaptar a isso, a lidar com players cada vez mais potentes. E, hoje, nossa indústria parece ser o elo mais frágil dessa cadeia”, disse.

Papel das associações

Diante de um cenário de desafios, Miquelin questionou o que as entidades estão fazendo para apoiar os associados. Na ocasião, Shcolnik comentou que a Abramed comemora 10 anos em 2020, consolida empresas de todos os portes e regiões e tem ganhado força e notoriedade para o debate público. “Temos conseguido interlocução com o executivo, o legislativo e com as agências reguladoras. Aproveitamos esse empoderamento para fazer essa aproximação”, disse ao mencionar que um dos principais pleitos do setor na atualidade tem sido a Reforma Tributária e que a Abramed elaborou estudos e se reuniu com lideranças para mostrar os graves impactos que uma reforma míope pode gerar no segmento. “Não estamos buscando vantagens, mas sim neutralidade tributária em relação ao que temos hoje. É o que estamos defendendo”, declarou.

Sobre a atuação junto aos associados, Pallamolla citou a parceria que a ABIMO tem com a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil) para capacitar a indústria e mencionou a campanha “Saúde Feita no Brasil”, que privilegia a indústria nacional. Já Rocha contou que o maior desafio da Abraidi foi a variação cambial e que a união das entidades é extremamente importante para que o setor vença os empecilhos criados durante a crise.

Corrupção

“Na pandemia tivemos de fazer uma reflexão sobre a impunidade no Brasil. As empresas que são julgadas e condenadas por atos de corrupção, são expulsas das associações?”, questionou Miquelin.

Shcolnik apresentou o código de conduta da Abramed e lembrou que a Associação é membro do Instituto Ética Saúde, com aproximação recente até para compartilhamento do canal de denúncias. “Sabemos que na saúde esses atos ilícitos também ocorrem. Então temos nosso código de conduta com normas para relacionamento com fornecedores e operadoras de saúde, visto que nossas associadas têm cerca de 80% de seus exames contratados por essas operadoras e temos que nos relacionar com esses players”, contou.

Na ABIMO, Pallamolla afirmou nunca terem vivenciado uma empresa condenada e reforçou que, na verdade, não é a empresa que comete o desvio, mas sim as pessoas físicas. “Temos um manual de conduta ética e mecanismos para chegar a excluir um associado se necessário for”, afirmou. Na Abraidi, Rocha também citou o código de conduta e enfatizou a importância da participação de todos no Instituto Ética Saúde. “Essa é uma das lutas da Abraidi nos últimos anos”.

O debate completo pode ser assistido AQUI, no canal do YouTube do Grupo Mídia.