Jornal O Globo publica dados da Abramed sobre dengue

Segundo levantamento da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) publicado no jornal O Globo, o índice de positividade, que se mantinha estável em torno de 20%, voltou a subir nas últimas semanas e atingiu 28,9% no período de 16 a 22 de março — o maior desde maio de 2023.

Para o Dr. Alex Galoro, patologista clínico e líder do Comitê Técnico de Análises Clínicas da Abramed, o avanço é preocupante e demanda atenção redobrada por parte das autoridades de saúde e da população. “Esse crescimento reforça a urgência de medidas preventivas, como o combate ao mosquito Aedes aegypti, ampliação da testagem e conscientização da população para evitar a proliferação da doença”, afirmou à reportagem.

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Inovação Incremental: como solucionar os desafios da Medicina Diagnóstica com recursos tecnológicos já disponíveis no mercado?

Com avanço em soluções de automação e na nuvem na saúde, setor aposta em tecnologias consolidadas para otimizar fluxos, reduzir desperdícios e melhorar a experiência do paciente

Na corrida da transformação digital que impulsiona diferentes setores da economia e da sociedade, incluindo o universo da saúde e da Medicina Diagnóstica, é muito comum que os olhares se voltem para a próxima tendência disruptiva capaz de trazer novos paradigmas para o mercado e nosso dia a dia.

No entanto, é na chamada inovação incremental – aquela que se baseia em tecnologias já existentes, implementadas para aprimorar processos e recursos – que organizações do Brasil e do mundo concentram boa parte de seus esforços de digitalização na busca por mais eficiência, qualidade e sustentabilidade financeira. 

E, na Medicina Diagnóstica, em que grandes volumes de atendimentos e rotinas operacionais – como as solicitações de autorização, agendamentos, abertura de fichas, preenchimento de documentações e registros de cobranças – são processados diariamente, esse modelo de inovação que busca, por exemplo, maximizar o uso de ERPs, plataformas de auto-atendimento, sistemas de automação e soluções na nuvem, é especialmente relevante.

“A incorporação destas tecnologias já disponíveis no mercado tem tornado a experiência de todos os envolvidos no atendimento muito mais fluida, uma vez que elas tornam os processos centrais do setor mais seguros, ágeis, menos burocráticos e com um maior nível de informação que, por sua vez, melhora a tomada de decisões e permite a otimização do gerenciamento e da rastreabilidade de todo o workflow. Tudo isso potencializa a experiência para o paciente, para o colaborador e para o corpo clínico, trazendo ainda resultados práticos para a organização em termos de fluxos, tempos de atendimento e resultados financeiros”, afirma Júlio Vieira, Diretor de Negócios e Estratégias no HCor e membro do Conselho de Administração da Abramed.

E, quando lançamos um olhar para tecnologias já consolidadas no mercado, é positivo observar seu gradativo avanço no setor de saúde. O relatório Healthcare Cloud Computing Market aponta, por exemplo, que os investimentos em computação na nuvem devem crescer 17,5% até 2029 no segmento, ao passo que, segundo o estudo Medical Automation Market Size, os processos de automação na medicina já movimentaram mais de US$ 52 bilhões em todo o mundo, trazendo avanços e eficiência para o campo dos diagnósticos e exames de pacientes.

Na prática, isso significa enfrentar gargalos históricos da Medicina Diagnóstica com soluções, via de regra, de menor custo para as organizações e que podem ser integradas por meio de APIs (interfaces e protocolos de programação que facilitam a conexão entre sistemas) e dos próprios ERPs das empresas.

“Na minha visão, o próximo passo da transformação digital da Medicina Diagnóstica consiste, justamente, em explorar de modo mais estratégico os recursos de tecnologias já existentes. A maioria das empresas já tem ERPs em funcionamento, por exemplo, mas não utilizam todo o seu potencial. Temos também muitos sistemas que solucionam problemas específicos do setor. São ferramentas baratas, já maduras, que podem ser integradas e que resolvem gargalos em larga escala, mas que ainda dependem de uma maior maturidade do setor em sua jornada de digitalização. Isto inclui desde a automação de processos operacionais (elegibilidade, autorizações), e robôs que executam tarefas repetitivas (faturamento) e até softwares que aceleram a produção de exames”, diz Júlio Vieira.

Dentro do campo das inovações incrementais, Júlio explica ainda que outro pilar que pode ser melhor explorado pela Medicina Diagnóstica envolve os sistemas de predição, que combina o uso de dados, machine learning e algoritmos de inteligência artificial para melhorar a previsibilidade em processos como o planejamento de compras, gestão de estoques e dos fluxos logísticos do setor.

“Temos um case importante nesse sentido e que contou não só com a implantação de tecnologia de predição, mas também com a revisão de políticas de planejamento, saldos de estoques, distribuição entre os diversos pontos de consumo e estabelecimento de cotas e implantação de VMI (projeto em que o fornecedor apoia e executa o planejamento de compras e distribuição) no Hcor. Este projeto gerou uma economia de R$ 9 milhões para o hospital, assegurou o estoque e a disponibilidade de todos os itens padronizados, racionalizou o consumo, reduziu o índice de perdas e vencimentos, diminuindo ainda a necessidade de compras de urgência”, acrescenta o  Diretor de Negócios e Estratégias no HCor e membro do Conselho de Administração da Abramed.

Os ganhos da inovação incremental podem ser observados também no dia a dia de pacientes. Segundo estudo da Abramed, por exemplo, já em 2023, tivemos um aumento de 54% no número de exames ou laudos acessados digitalmente em relação a 2022. Na comparação com 2021, o volume dobrou.

Esse número é reflexo de um ecossistema de saúde mais integrado e que explora com mais eficiência tecnologias que permitem a informatização de seus processos. Para elevar o patamar dessa corrida tecnológica, é fundamental que as empresas do setor reestruturem protocolos e treinem suas equipes para que possam atuar em ambientes organizacionais com maiores níveis de digitalização. Afinal de contas, antes de reinventar a roda, é fundamental fazer um melhor uso de recursos subutilizados.

COP 30: desafios e oportunidades para o avanço da sustentabilidade e da agenda ESG na Medicina Diagnóstica

Com o Brasil no centro das discussões climáticas globais, o setor de saúde tem a oportunidade de se posicionar como um dos protagonistas da transição para modelos operacionais mais sustentáveis, inovadores e socialmente responsáveis

Por Daniel Périgo

A COP 30, que será sediada em Belém (PA) em 2025, representa um marco geopolítico e ambiental para o Brasil e para o mundo. Ao colocar o país como palco central das discussões sobre clima, a conferência também abre uma janela estratégica para que setores fundamentais para o desenvolvimento da sociedade, como o de saúde, se posicionem como protagonistas da transição para uma economia de baixo carbono e de práticas ESG mais maduras.

O momento é de urgência, mas também de enorme potencial de transformação, e naturalmente abarca os esforços da Medicina Diagnóstica, especialmente quando consideramos fatores como o aumento de doenças emergentes relacionadas ao aquecimento global e à proliferação de vetores em ambientes úmidos, além dos impactos nas doenças circulatórias e respiratórias, que aumentam a pressão sobre os setores de exames diagnósticos e cuidados preventivos.

No campo das oportunidades, por exemplo, o desenvolvimento de novos testes para doenças emergentes e melhoria dos modelos atuais visando uma maior agilidade na liberação de resultados pode ser decisivo para o desenho do futuro na Medicina Diagnóstica.

Isso posto, a responsabilidade ambiental do setor de saúde se apresenta como uma demanda indispensável para o planeta, haja vista que, atualmente, os sistemas de healthcare são responsáveis por cerca de 4,4% das emissões de CO2 globais.

Nesse sentido, o primeiro passo é entendermos que a agenda ESG é estratégica e merece destaque na condução central dos negócios, tendo de ser vista como um investimento essencial, e não somente como uma despesa, já que a sustentabilidade se reverte também em políticas de governança mais sólidas, redução de riscos, atração de investimentos e ganhos institucionais junto a uma sociedade cada vez mais atenta ao comprometimento das empresas com a pauta socioambiental.

Dentro desse contexto, é importante destacar ainda que a intensificação de eventos climáticos extremos já está aumentando a ocorrência de determinadas doenças, sobretudo em comunidades mais vulneráveis e sem acesso a saneamento básico e saúde de qualidade, fato que impõe,  segundo posicionamento recente da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) em colaboração com o Ministério da Saúde do Brasil, a necessidade de preparar os serviços de saúde da América Latina para combaterem os impactos decorrentes das mudanças climáticas.

Essa necessidade mobiliza ainda a criação de um Plano de Ação sobre Clima e Saúde, atualmente em desenvolvimento por essas organizações que será considerado no âmbito da COP 30. Essa iniciativa, somada ao plano setorial de adaptação ao clima da área de saúde do governo brasileiro, atualmente em consulta pública, pode fornecer subsídios para um melhor enfrentamento aos efeitos das mudanças do clima no setor de saúde e no país.

Em outras palavras: o setor de saúde será um ator relevante para o cumprimento dos objetivos da COP 30 que prioriza, dentre outros, temas como adaptação e justiça climática, transição energética, redução da emissão de gases de efeito estufa, desenvolvimento de soluções de baixo carbono e atenção aos impactos sociais das mudanças no clima.

Para o setor de saúde e de Medicina Diagnóstica, na prática isso significa ampliar o acesso à saúde de forma equitativa, fortalecer a resiliência dos sistemas assistenciais frente às emergências climáticas e reduzir o impacto ambiental das operações implantando ações concretas que incluem desde a ampliação da telemedicina para diminuir deslocamentos, passando por um aumento nos investimentos na redução e em uma melhor gestão dos resíduos gerados e na diversificação da matriz energética das operações até a adoção de mecanismos de redução do consumo ou substituição do uso de gases anestésicos com alto potencial de geração de emissões, como o óxido nitroso.

No entanto, é necessário ainda avançar em iniciativas conjuntas, em especial com a cadeia de fornecimento, na busca de soluções mais sustentáveis com relação à logística reversa de resíduos e eletrificação de frotas logísticas, apenas para citar alguns exemplos que podem ser decisivos para uma nova mentalidade em um segmento tão importante para a vida da população.

Neste cenário, a inovação tecnológica desponta como ferramenta indispensável. A inteligência artificial, por exemplo, pode ajudar a construir modelos preditivos climáticos mais precisos que orientem investimentos em prevenção de impactos, otimizem fluxos e reduzam desperdícios. Equipamentos de menor consumo energético e investimentos na integração de informações e processos do ecossistema de saúde são outros passos fundamentais. Mas há desafios: o próprio processamento intensivo de informações na IA consome energia, o que exige a criação de modelos computacionais mais enxutos e bases de dados mais otimizadas.

Ato contínuo, no campo social da agenda ESG que dialoga com a COP 30 dentro da busca pela redução dos impactos sociais frente às mudanças climáticas, é fundamental fortalecer programas de saúde para populações vulneráveis, investir em diversidade, inclusão e na formação e bem-estar dos profissionais de saúde, bem como, garantir acesso equitativo ao diagnóstico e a saúde de qualidade para a toda a população.

Diante de tantas demandas urgentes que envolvem ainda a padronização de protocolos nacionais e internacionais voltados ao tema e fortalecimento da governança das políticas ESG, a Abramed coloca essa agenda no centro de suas discussões. Além de contar com um Comitê ESG exclusivo que incentiva os debates e trocas de experiências entre empresas associadas, a Associação tem investido na consolidação de dados de ESG do setor e na disseminação de conteúdo e aprendizado sobre essas pautas, seja na newsletter mensal, no Fórum de Líderes de Saúde (FILIS) ou na realização de simpósios específicos sobre as temáticas ambientais, sociais e de governança.

A COP 30 é, portanto, mais um chamado para que a temática socioambiental se torne um pilar estratégico do setor de saúde e da Medicina Diagnóstica, que deve cumprir um papel decisivo, tanto diante das mudanças climáticas que já são uma realidade no Brasil e no mundo, quanto como um setor ativo na jornada de transição para sistemas econômicos de baixo nível de emissões e na busca por mais equidade social. 

Daniel Périgo é Líder do Comitê ESG da Abramed e Gerente Sênior de Sustentabilidade do Grupo Fleury

Revisão da tabela TUSS 38 da ANS: Abramed participa de Comitê para aprimorar classificação de glosas

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) participou recentemente 1ª reunião do Comitê de Padronização das Informações em Saúde Suplementar (COPISS) da ANS de 2025.Entre os temas debatidos, um dos destaques foi a retomada da revisão da Tabela TUSS 38 — instrumento que organiza a nomenclatura, codificação de procedimentos e mensagens padronizadas na comunicação entre operadoras e prestadores de serviços de saúde, incluindo a Medicina Diagnóstica. A atualização da tabela busca eliminar repetições, padronizar descrições e trazer maior clareza e objetividade aos fluxos de informação.

Para a Abramed, trata-se de uma discussão estratégica, com impactos diretos na previsibilidade financeira e na sustentabilidade do setor. A entidade tem contribuído ativamente com propostas técnicas, com foco em dois desafios principais enfrentados por seus associados: o excesso de códigos pouco aplicáveis e a subjetividade das mensagens de glosa.

Segundo Claudio Laudeauzer, líder do Comitê Padrão TISS da Abramed e Gerente Corporativo de TI do Grupo Sabin, “a TUSS 38 possui muitos códigos que acabam ficando dúbios e em duplicidade. Isso dificulta o entendimento da glosa ou da negativa, e é comum as operadoras utilizarem códigos diferentes para o mesmo motivo”.

Essa falta de padronização prejudica a gestão operacional das instituições de Saúde, impactando diretamente o tempo e os custos administrativos. “O excesso de códigos atrapalha o entendimento do real motivo da glosa ou negativa. Muitas vezes, a correção depende da interpretação da descrição da mensagem, o que pode atrasar o processo ou, até mesmo, torná-lo ineficaz”, explica o especialista.

Com a revisão em curso, o objetivo é tornar a tabela mais enxuta, objetiva e funcional. “A proposta é reduzir o número de mensagens e clarificar os textos das remanescentes. Isso vai reduzir o trabalho interpretativo e gerar uma comunicação mais assertiva”, afirma Laudeauzer. “Teremos uma tabela mais compacta e objetiva, que permitirá uma correção mais rápida e eficaz, reduzindo a recorrência das glosas”.

A participação ativa da Abramed inclui a sistematização de contribuições técnicas elaboradas por seus associados, atualmente em fase de compilação pelo grupo de trabalho do Comitê de Padronização das Informações em Saúde Suplementar, para posterior convergência entre as entidades envolvidas e envio da versão final para avaliação no COPISS.

Essa discussão também reforça a importância de se buscar, no futuro, maior interoperabilidade e padronização entre os sistemas utilizados na Saúde Suplementar brasileira. “Hoje, cada prestador possui seus códigos internos e muitas operadoras adotam protocolos próprios de comunicação. Isso gera um cenário fragmentado e de difícil sustentação. Um modelo único, padronizado e adotado por toda a cadeia traria ganhos reais de eficiência e transparência”, defende Laudeauzer.

O papel da Abramed como voz técnica da Medicina Diagnóstica em discussões como essa reforça o compromisso do setor com a promoção da qualidade da informação em saúde, a busca uma regulação mais eficiente e a construção de relações mais equilibradas e transparentes entre operadoras e prestadores.

Lançamento do livro Medicina Diagnóstica e Direito Administrativo tem apoio da Abramed

A obra Medicina Diagnóstica e Direito Administrativo, coordenada pelo professor André Saddy e publicada pelo Centro para Estudos Empírico-Jurídicos (CEEJ) da Universidade Federal Fluminense (UFF), reúne especialistas de diferentes áreas do Direito e da Saúde para discutir, sob uma perspectiva técnico-regulatória, temas relevantes para a prática da Medicina Diagnóstica no país.


Entre eles, a atuação normativa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os impactos da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) na gestão de exames e informações sensíveis, o papel da biossegurança nos laboratórios, o uso de inteligência artificial no diagnóstico, a responsabilização civil por erros em exames e a viabilidade legal dos serviços laboratoriais em farmácias.


Além disso, o livro discute a contribuição das Parcerias Público-Privadas (PPPs) e de startups para o desenvolvimento de soluções tecnológicas voltadas à saúde, destacando os desafios regulatórios e as oportunidades para a modernização do setor.

“Publicações como essa fortalecem a base técnica e jurídica que sustenta as transformações da Medicina Diagnóstica, promovendo um olhar mais integrado entre saúde, regulação e inovação”, afirma Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed.


Com mais de 400 páginas, o livro conta com o apoio da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) e, em breve, estará disponível nas versões física e digital.


A obra se propõe a ser uma referência para profissionais da Saúde, juristas, gestores públicos, reguladores e pesquisadores interessados em compreender os desafios e caminhos para um setor mais seguro, ético e eficiente.

Abramed debate inovações baseadas em IA durante o Fórum Inovação Saúde 2025

O painel “IA no Diagnóstico: Como Expandir Possibilidades e Maximizar Oportunidades?”, realizado no dia 7 de abril, no Fórum Inovação Saúde 2025, evento organizado pela Iniciativa FIS, em Recife, contou com mediação de Milva Pagano, Diretora Executiva da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), e reuniu Linaldo Vilar, Head of Lab Operations da DASA, e Lídia Abdalla, CEO do Grupo Sabin e Vice-Presidente do Conselho de Administração da Abramed, para refletir sobre o uso da Inteligência Artificial no setor.

Os executivos compartilharam experiências e perspectivas sobre o uso da IA no setor, destacando avanços recentes, pontos de atenção e as transformações que ainda virão.

Linaldo Vilar relembrou que a jornada de inovação da DASA teve início em 2017 e passou por uma fase intensa de experimentação até alcançar resultados consistentes a partir de 2021. Segundo ele, hoje a empresa já opera com mais de 80 ressonâncias magnéticas equipadas com aceleradores de imagem e cerca de 50 algoritmos voltados à identificação de achados críticos.

“É preciso usar a tecnologia como um suporte à decisão clínica, e não como substituto da prática médica”, defendeu. Para Vilar, a IA oferece ganhos concretos de agilidade e qualidade, especialmente em áreas como oncologia e genômica, mas sua implementação precisa respeitar os fluxos operacionais dos prestadores. “Não será uma integração impositiva e única. É preciso escolher onde aplicar, adaptar rotinas, integrar sistemas e trabalhar a aceitação da equipe assistencial”, afirmou.

Ele também alertou sobre a importância de ter dados de qualidade para treinar as máquinas e poder usá-las com segurança.

Lídia Abdalla reforçou que a transformação digital exige mais do que investimento em tecnologia. Para ela, o fator humano ainda é o principal desafio. “Se as pessoas não confiarem na empresa e na liderança, se não entenderem que a IA está aqui para tornar a operação mais sustentável, haverá resistência — não só à IA, mas a qualquer tecnologia”, explicou.

A executiva também ressaltou o potencial da IA para ampliar o acesso ao diagnóstico em um país de dimensões continentais. No entanto, chamou atenção sobre os riscos de desigualdade em regiões que não têm estrutura operacional e iniciativas para capacitar as pessoas para usarem as novas tecnologias.

Em seu discurso, a CEO do Grupo Sabin ressaltou um entrave importante: o financiamento. “Na Saúde Suplementar, muitas operadoras ainda não cobrem procedimentos com IA, de modo que, muitas vezes, a inovação ainda é um privilégio de quem pode pagar particular”.

Segundo ela, o Grupo Sabin tem investido em um ecossistema robusto de inovação, com aceleradoras e parcerias com startups, buscando soluções que possam ser aplicadas de forma prática e sustentável para que os benefícios cheguem para todos, principalmente para os pacientes.

Tecnologia, comportamento e humanização

Durante a mediação do painel, Milva Pagano destacou o impacto da IA não apenas do ponto de vista técnico, mas também comportamental. Para ela, apesar do receio e medo de substituição, o avanço da tecnologia já transformou a forma como profissionais, pacientes e as pessoas no geral interagem com a tecnologia.

“Mesmo com resistência, nos acostumamos a usar e muitos até já criaram uma dependência. Mas, quando pensamos no cuidado com a saúde, não podemos perder a dimensão da relação humana e há o receio dessa relação ser substituída pela Inteligência Artificial”, pontuou.

Ela também mencionou a importância de considerar os pensamentos e valores das pessoas no processo de adoção tecnológica. “São as crenças que moldam nossa relação com o novo, por isso, nunca podemos subestimar as crenças que surgem nos seres humanos”.

Dados recentes apontam tendência de queda para a COVID e aumento de casos de H1N1 no Brasil

O último levantamento da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) para monitorar a evolução dos casos de Covid-19 e H1N1 no Brasil indicam comportamentos distintos entre as duas doenças.

A Covid-19 apresenta tendência de queda, com baixa taxa de positividade (3,3%) na última semana analisada e sua média móvel, que considera os resultados das últimas cinco semanas, também reforça a tendência de baixa, demonstrando um cenário de estabilidade e controle da circulação do vírus.

Apesar do momento de aparente tranquilidade, a Abramed destaca a importância da continuidade da vigilância laboratorial, da testagem em casos sintomáticos e da notificação adequada às autoridades de Saúde, especialmente diante das variações sazonais e possíveis novas cepas.

Diferente do cenário da Covid-19, após um período de queda entre fevereiro e o início de março, a H1N1 volta a apresentar curva ascendente, com elevação dos casos nas últimas três semanas de referência (entre 16 de março e 5 de abril de 2025). A média móvel mostra uma tendência clara de alta — com taxa de positividade de 6,7% na medição mais recente — indicando o início de um novo ciclo de aumento da doença.

Esse comportamento reforça a necessidade de atenção às campanhas de vacinação contra a gripe, especialmente entre os grupos mais vulneráveis, como idosos, gestantes, crianças e pessoas com comorbidades.

A identificação precoce dos casos e o diagnóstico laboratorial são fundamentais para evitar complicações e reduzir a sobrecarga nos serviços de saúde.

Monitoramento

Os associados à Abramed são responsáveis por mais de 80% do volume de exames realizados na Saúde Suplementar no Brasil. Os dados são compilados por meio da plataforma de inteligência de dados METRICARE, desenvolvida e gerenciada pela Controllab, parceira da associação. Essa colaboração tem permitido o acompanhamento de dados relevantes, fornecendo uma visão clara e estratégica para a tomada de decisões em prol da saúde populacional.

Importante ressaltar que as associadas da Abramed enviam os resultados dos exames diretamente à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS/DATASUS), contribuindo para o monitoramento epidemiológico conduzido pelo Ministério da Saúde. Essas informações são essenciais para entender a progressão da dengue no Brasil e embasar medidas de saúde pública voltadas à contenção da doença.

Todo cuidado começa com um diagnóstico: o papel da Medicina Diagnóstica na Jornada da Saúde

A Medicina Diagnóstica tem um papel fundamental na promoção da saúde em todas as fases da vida, começando pelo acompanhamento gestacional e seguindo ao longo do desenvolvimento humano. No Dia Mundial da Saúde de 2025, celebrado em 7 de abril, essa importância ganha ainda mais destaque, reforçando como o diagnóstico precoce é essencial para garantir um início de vida saudável e prevenir complicações futuras.

Neste ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS) lançou a campanha “Começos Saudáveis, Futuros Esperançosos”, com foco na saúde materna e neonatal. A iniciativa visa reduzir óbitos evitáveis de mães e recém-nascidos, promovendo cuidados de saúde de qualidade desde a gestação até o pós-parto. A Medicina Diagnóstica se destaca nesse cenário, especialmente com a triagem neonatal — como o teste do pezinho, realizado entre o terceiro e o quinto dia de vida —, fundamental para detectar precocemente doenças genéticas, metabólicas e infecciosas, assegurando tratamento oportuno e melhor qualidade de vida para as novas gerações.

Com a ampliação promovida pela Lei nº 14.154, o teste do pezinho passou a identificar até 53 doenças, incluindo fenilcetonúria, hipotireoidismo congênito e anemia falciforme. Essa evolução reforça a importância do diagnóstico precoce na promoção da saúde infantil e na prevenção de sequelas.

“A evolução tecnológica permitiu ampliar o painel de doenças rastreadas no teste do pezinho. Além disso, técnicas como sequenciamento genético e Inteligência Artificial estão revolucionando a velocidade e a precisão dos diagnósticos. Mas precisamos avançar na acessibilidade, garantindo que todas as crianças, especialmente em regiões remotas, tenham acesso a esses exames”, explica Alex Galoro, médico e líder do Comitê de Análises Clínicas da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica.

Diagnósticos nos primeiros 30 dias de vida reduzem em até 70% as hospitalizações por doenças tratáveis. No Brasil, o teste do pezinho alcança mais de 80% dos recém-nascidos, mas a cobertura do exame varia significativamente entre os estados brasileiros.

De acordo com a Sociedade Brasileira de Triagem Neonatal e Erros Inatos do Metabolismo, enquanto em Brasília 97% dos recém-nascidos são submetidos ao exame nos primeiros sete dias após o nascimento, estados como Piauí e Pernambuco apresentam cobertura de apenas 24%.

A campanha da OMS reforça a necessidade de sistemas de saúde que priorizem a prevenção e o cuidado desde o início da vida.

Com ações integradas, a Medicina Diagnóstica pode contribuir com a ampliação da cobertura de exames neonatais, parcerias para viabilizar testes expandidos e capacitação contínua de profissionais para a análise ágil e precisa dos resultados.

Para Milva Pagano, Diretora Executiva da Abramed, investir em saúde neonatal é um compromisso com a saúde da população. “Ao fortalecer o diagnóstico precoce, o setor contribui diretamente para políticas de saúde mais eficientes, equitativas e orientadas à prevenção”, pontua.