Sétima edição do Painel Abramed é lançada durante o FILIS e reforça impacto da Medicina Diagnóstica na Saúde brasileira

O 9º Fórum Internacional de Lideranças da Saúde – FILIS marcou um momento inédito: pela primeira vez, o Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, foi apresentado dentro da programação oficial do evento. Esta publicação anual é amplamente aguardada pelo setor e reúne dados estratégicos e atualizados do mercado de medicina diagnóstica. A edição deste ano trouxe, ainda, um capítulo especial sobre Interoperabilidade na Saúde, tema fundamental para o avanço da integração e da eficiência no cuidado em saúde no Brasil.

Na abertura, Milva Pagano, Diretora Executiva da Abramed, celebrou os 15 anos da entidade destacando o papel da Medicina Diagnóstica como eixo estratégico para a Saúde. Ao falar sobre propósito, lembrou que as empresas do setor lidam diariamente com todas as dimensões da vida – medo, dor, envelhecimento, nascimento e esperança – e que essa responsabilidade precisa orientar o futuro.

“O objetivo não é apenas gerar rentabilidade. O propósito é o cuidado na jornada do paciente. Todos nós somos pacientes, e quando estamos nesse papel, nossa perspectiva muda”, afirmou.

Em seguida, César Nomura, Presidente do Conselho de Administração da Abramed, destacou o simbolismo de trazer a publicação ao FILIS e apresentou dados que refletem a força do setor. Segundo ele, os associados concentram 37% da força de trabalho da Medicina Diagnóstica, reunindo 116,2 mil empregos formais e respondendo por 11,1% de todos os postos de trabalho em saúde no Brasil.

A presença também é expressiva em todo o território nacional: as associadas estão em 22 estados, com quase 3 mil postos de coleta e mais de 800 estruturas de apoio em imagem e análises laboratoriais, o que reforça a capilaridade e o alcance do diagnóstico.

O estudo mostra ainda que as associadas são responsáveis por 86,8% de todos os exames realizados na saúde suplementar, consolidando a Medicina Diagnóstica como um dos pilares do sistema de Saúde brasileiro. Esse protagonismo também se reflete na produção científica: em 2024, os associados publicaram 1.971 artigos científicos.

No campo da sustentabilidade, os números evidenciam avanços significativos: redução de 25% no consumo de água, 23% no uso de energia elétrica e 29% na geração de resíduos nos últimos anos. Além disso, 93% dos associados já adotaram coleta seletiva, acompanhada de campanhas de conscientização e treinamentos ambientais.

Outro destaque foi o avanço digital, com um salto de 267% no acesso eletrônico a exames, diminuindo drasticamente o uso de filmes radiológicos e gerando impacto positivo no meio ambiente.

Para Nomura, os resultados revelam que a transformação do setor é fruto de uma construção coletiva. “Muitas vezes com pequenos gestos e atitudes a gente começa a construir pontes, pedra por pedra, que ajudam a mudar o setor. Só com parceria verdadeira conseguimos avançar”, afirmou.

Com esse lançamento, o FILIS consolidou-se como espaço para dar visibilidade a dados estratégicos e reforçou a relevância do Painel Abramed como ferramenta de análise, reflexão e compromisso com um sistema de Saúde mais sustentável, eficiente e centrado no paciente.

A íntegra da publicação está disponível no site da Abramed, com dados completos sobre mercado, empregos, sustentabilidade, interoperabilidade e produção científica: https://abramed.org.br/publicacoes/painel-abramed/painel-abramed-o-dna-do-diagnostico-edicao-7 .

Os caminhos para a interoperabilidade na Saúde

Debate destacou experiências práticas e a convergência público-privada como pilares para ampliar eficiência, qualidade e cuidado centrado no paciente

Uma das principais pautas da 9ª edição do Fórum Internacional de Lideranças em Saúde (FILIS), evento promovido anualmente pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica – Abramed (e realizado no último dia 21 de agosto, no Teatro B32, em São Paulo-(SP), a interoperabilidade foi também tema do  debate de encerramento do Fórum.

O diálogo que trouxe visões diversas sobre o avanço da transformação digital na saúde contou com a moderação de Ademar Paes Jr., Fundador e CEO da LifesHub, Sócio da Clínica Imagem e Membro do Conselho de Administração da Abramed; e as participações de Ana Estela Haddad, Secretária de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI); Carlos Marinelli, Diretor Presidente da Bradesco Saúde; Cesar Higa Nomura, Diretor de Medicina Diagnóstica do Sírio-Libanês e Presidente do Conselho de Administração da Abramed; e Rafael Lucchesi, CEO da Dasa.

Muitas vezes visto como um desafio tecnológico, os debatedores foram convergentes em reforçar o papel da interoperabilidade como um vetor para a geração de valor real para pacientes, médicos, gestores e profissionais de Saúde em geral, destacando ainda sua importância na integração dos sistemas público e privado de saúde para reduzir desigualdades e construir soluções de escala nacional.

Do conceito à prática: múltiplas visões

Abrindo o debate, Ademar Paes Jr. ressaltou que a interoperabilidade gera múltiplos benefícios e potencializa a função da Medicina Diagnóstica na jornada de cuidado dos pacientes, frisando ainda que a visão sobre o tema deve ir além das discussões sobre custo tecnológico.

“Interoperabilidade não é apenas troca de informação. Cada vez que o dado gerado por um exame é utilizado por mais um profissional, a gente está amortizando o custo desse exame, está gerando valor para o sistema e dando mais segurança para o paciente, mais eficiência e qualidade para a Saúde em geral”, afirmou.

Ele reforçou, nesse sentido, que a mudança necessária não é apenas tecnológica, mas cultural, de modo que seja possível uma convergência efetiva entre os setores público e privado, por meio da padronização de dados e processos.

Ana Estela Haddad, secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde, destacou o Índice Nacional de Maturidade em Saúde Digital, voltado a medir a evolução de hospitais e gestores em sete dimensões (conectividade, infraestrutura, avaliação, monitoramento, formação, educação permanente e pessoas), apontando os desafios, mas também caminhos para a digitalização da Saúde:

Segundo a secretária, a criação da SEIDIGI já traduz uma mudança de paradigma aprendida no pós-pandemia, quando três grandes lições foram incorporadas: a transformação digital, o fortalecimento do complexo econômico da Saúde e a dimensão ambiental. Para ela, apesar de ser um desafio imenso, também há uma grande oportunidade para se pensar a transformação digital do setor no Brasil.

“A velocidade da transformação digital nos coloca sempre em defasagem, mas é importante não se prender só na falta de orçamento. Precisamos saber priorizar, buscar parcerias e fazer os projetos da melhor forma, entendendo que temos uma janela de oportunidade que demanda ações estruturantes. Os desafios culturais, de financiamento e técnicos vão sempre existir, mas eles não podem nos paralisar”, apontou a secretária.

Concordando com essa visão, Carlos Marinelli, diretor-presidente da Bradesco Saúde, trouxe a perspectiva das operadoras e a necessidade de tratar interoperabilidade como estratégia de valor de longo prazo.

“A pergunta não é se dá para fazer, é como fazer, visando o bem-estar e a resolutividade do cuidado com o paciente. E resolutividade é oferecer o melhor atendimento e a melhor assistência, e a interoperabilidade oferece a camada que potencializa esses benefícios por meio da troca de informações e padrões que integram os Sistemas de Saúde”, apontou o executivo.

 “A sustentabilidade do sistema será uma consequência, uma externalidade positiva da busca pelo melhor atendimento e pela integração dos dados”, completou.

Marinelli destacou ainda que, só na Bradesco Saúde, são realizados anualmente cerca de 108 milhões de exames e 172 milhões de procedimentos em uma rede de 23 mil médicos.

Rafael Lucchesi, CEO da Dasa, por sua vez, contou que, após mais de uma década de investimento pesado, a empresa conseguiu integrar 98% dos seus 450 milhões de exames anuais, mostrando que, apesar do esforço e do custo, o potencial de ganho é exponencial.

Ele apresentou um exemplo concreto dos ganhos da integração digital a partir da interoperabilidade na Saúde:

“Tivemos um caso em que, graças a um algoritmo preditivo, conseguimos identificar uma patologia em apenas duas a três horas. Se tivéssemos esperado o laudo completo, que só sairia no dia seguinte, o paciente teria corrido uma maratona e colocado sua vida em risco. Essa integração de dados salvou a vida dele”.

Já Cesar Nomura, diretor de Medicina Diagnóstica do Sírio-Libanês, enfatizou a necessidade de uma mudança de postura do ecossistema como um todo para um real avanço da interoperabilidade:

“Se a gente não abrir mão de preconceitos, não adianta ter tecnologia. É uma mudança de cultura que não se faz do dia para a noite”.

Ele ressaltou que áreas como radiologia e laboratório já utilizam linguagens padronizadas, como DICOM e LOINC, o que mostra que a interoperabilidade é possível de forma prática se houver vontade do setor. E concluiu reforçando a interdependência entre os setores: “O público e o privado são vasos comunicantes. Não vai dar para um player se dar muito bem e o outro não. Nós temos que evoluir juntos.”

Valor em saúde e convergência de esforços

O debate mostrou que a interoperabilidade só irá se consolidar como instrumento de valor clínico, eficiência e segurança se entendida como prioridade estratégica, com agenda e orçamento dedicados. Para Marinelli, o setor está “muito próximo de vencer a arrebentação” e transformar a interoperabilidade em realidade concreta.

Já Ana Estela alertou que existe uma janela de oportunidade que precisa ser aproveitada agora, sob risco de o país não conseguir dar o salto necessário. Ela lembrou ainda que o Brasil tem uma vantagem única em relação a outros países: um sistema nacional como o SUS, que pode ser a base para acelerar a escala dessa transformação.

A convergência das falas evidenciou que o futuro da interoperabilidade depende da união entre público e privado e que o paciente deve estar no centro desse movimento.

Ao reunir diferentes visões, o FILIS evidenciou que a transformação digital na saúde brasileira só terá êxito se traduzida em benefício direto ao paciente. Nesse caminho, a interoperabilidade deixa de ser custo tecnológico para se tornar alicerce de sustentabilidade e resiliência do Sistema de Saúde.

Case SEIDIGI: parceria entre Abramed e Ministério da Saúde gera resultados concretos e impulsiona avanço da interoperabilidade

Acordo firmado na edição passada do FILIS se consolida com 204 exames já interoperáveis e amplia a digitalização do Sistema de Saúde

O 9º Fórum Internacional de Lideranças em Saúde (FILIS) mostrou, mais uma vez, como a colaboração entre os setores público e privado é capaz de acelerar transformações estruturantes no sistema de saúde brasileiro.

Um dos destaques foi a apresentação de Ana Estela Haddad, Secretária de Informação e Saúde Digital do Ministério da Saúde (SEIDIGI), que detalhou os avanços do acordo de cooperação firmado entre o Ministério e a Abramed em 2024 para a padronização e integração de dados de exames.

O case de interoperabilidade laboratorial já produz resultados tangíveis, com impacto direto para pacientes, profissionais e gestores das redes pública e privada.

Do acordo à prática: interoperabilidade laboratorial em expansão

Assinado no 8º FILIS, o acordo consolidou a construção de um modelo informacional comum para exames laboratoriais, representando um importante passo para que se supere a histórica fragmentação do sistema de saúde nacional. Segundo Ana Estela, esse foi um marco na padronização de dados tanto para o setor público quanto para o suplementar: “Pela primeira vez, público e privado falam a mesma língua em interoperabilidade laboratorial”, explicou a Secretária do SEIDIGI.

O trabalho começou com um esforço de harmonização entre a Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS) e diferentes padrões utilizados pelos laboratórios. No início do projeto, foi realizada a tradução dos códigos LOINC (padrão internacional de codificação) dos exames constantes na Lista Nacional de Notificação Compulsória, seguida da revisão do modelo de resultados laboratoriais (REL) da RNDS.

Como resultado, 204 exames já foram incorporados ao modelo, com destaque para os relacionados às arboviroses – dengue, zika, chikungunya e febre amarela. A segunda etapa do processo incluiu mais 87 exames, cobrindo febre do Nilo e mayaro, além da integração futura de exames voltados à Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG).

A Secretária destacou o impacto desse avanço na vida do cidadão:

“Como ganho direto dessa cooperação, um aspecto bastante interessante é a harmonização de terminologias laboratoriais. Na rede de laboratórios do setor público, o modelo LOINC não era utilizado, então não havia possibilidade de interoperabilidade efetiva. Agora, com a padronização, a gente pode oferecer todos os resultados para os pacientes na Rede Nacional de Dados em Saúde que podem ser acessados, em tempo real, pelos pacientes”, comentou Ana Estela.

O acesso, por sua vez, é feito via Meu SUS Digital, enquanto profissionais de Saúde contam com a integração no SUS Digital Profissional, garantindo continuidade do cuidado aos pacientes. O próximo passo é a federalização dos dados, permitindo que estados e municípios também integrem seus sistemas a esse modelo padronizado. Segundo a Secretária, o processo já está sendo levado à Comissão Intergestores Tripartite (CIT), ampliando o alcance nacional da iniciativa.

Uma agenda mais ampla para a saúde digital

O avanço da interoperabilidade se insere em um movimento mais amplo de transformação digital liderado pelo Ministério da Saúde. Ana Estela Haddad ressaltou que a agenda inclui o fortalecimento da telessaúde, com a publicação de editais que abrem espaço tanto para serviços públicos quanto privados. Estão previstas, nesse sentido, modalidades como teleconsulta, telediagnóstico, teleinterconsulta e telerregulação, com notificações automáticas para pacientes em fila.

Outro pilar desse movimento é o programa Agora Tem Especialistas, lançado em 2024, que busca reduzir o tempo de espera por exames e atendimentos especializados. O modelo de financiamento, baseado na Oferta de Cuidado Integrado (OCI), prevê pagamento apenas após o diagnóstico completo (em até 30 dias para câncer e 60 dias para outros agravos). A iniciativa conta também com a utilização da infraestrutura privada para complementar a rede pública.

A secretária foi enfática sobre o potencial dessa jornada de interoperabilidade: “Estamos transformando filas em fluxos digitais inteligentes, reduzindo tempo de espera e melhorando a resolutividade do SUS”.

Dentro desse contexto, já podem ser observados outros avanços importantes, como a integração inédita de dados da ANS à RNDS, a caderneta digital da criança – já com mais de 1,2 milhão de acessos – e o planejamento da linha de cuidado digital do câncer, com suporte de telediagnóstico.

É importante salientar ainda que todo esse processo pode aumentar a efetividade do Sistema de Saúde e da Medicina Diagnóstica como um todo, contribuindo, inclusive, para a redução de óbitos e melhoria direta da qualidade de vida dos pacientes – segundo dados do Governo Federal, por exemplo, o país ainda tem, em média, 370 mil óbitos relacionados a atrasos de diagnóstico em doenças não transmissíveis.

Impacto estratégico

O case apresentado no FILIS 2025 reforça o papel do Fórum como catalisador de mudanças, conectando inovação tecnológica, políticas públicas e a capacidade operacional e técnica do setor privado. Acima de tudo, como bem afirmou Ana Estela Haddad, “não se trata apenas de digitalizar processos, mas de melhorar a vida dos pacientes”.

Com esse movimento, o Brasil avança muitas casas rumo a uma Saúde digital realmente integrada e demonstra, mais uma vez, como o setor privado pode e deve atuar enquanto um parceiro indispensável do SUS.

Afinal de contas, em um Sistema de Saúde em que dados circulam de forma segura e ágil, será possível fortalecer continuamente a equidade e a qualidade do cuidado aos pacientes em todas as regiões do país.

InovaHC apresenta case de integração de dados e firma memorando de intenções com a Abramed

Projeto do Hospital das Clínicas inspira modelo nacional de integração de dados e reforça acordo firmado no 9º FILIS

Integrar dados clínicos no Brasil é uma das maiores barreiras para melhorar a eficiência do sistema de saúde e a jornada de cuidado do paciente. A fragmentação das informações na medicina diagnóstica resulta em redundância de exames, dificuldade na continuidade de tratamentos e risco de falhas diagnósticas, que podem aumentar custos e comprometer a segurança da população.

O InovaHC, hub de inovação do Hospital das Clínicas da FMUSP (HCFMUSP), decidiu enfrentar esse desafio transformando uma dificuldade prática em um dos cases mais relevantes de interoperabilidade no país.

Durante o 9º Fórum Internacional de Lideranças da Saúde (FILIS), Marco Bego, Diretor Executivo do Instituto de Radiologia (InRad), compartilhou como o projeto nasceu de um problema concreto: levar telediagnóstico e teleconsulta a regiões remotas, como a Amazônia e o Xingu. Nessas localidades, quando um paciente precisava ser encaminhado a um centro de referência, muitas vezes após longas horas de viagem, os dados de seus exames não o acompanhavam. O atendimento precisava recomeçar do zero, atrasando diagnósticos e aumentando os riscos clínicos.

Foi a partir dessa constatação que a equipe passou a investigar soluções de interoperabilidade, inspirando-se em benchmarks internacionais e em setores como o financeiro e de telecomunicações, onde a troca de dados já é consolidada. “A interoperabilidade em Saúde é tão transformadora para o setor quanto foi o open banking para o segmento financeiro”, destacou Bego.

O modelo desenvolvido pelo InovaHC é baseado em lógica transacional: os dados permanecem em seus sistemas de origem e só são compartilhados quando necessário, com autorização do paciente. Essa arquitetura evita a criação de grandes bases centralizadas, reduz custos de armazenamento e garante maior segurança da informação.

O projeto também prevê que a troca seja tratada como ativo estratégico — e não apenas como custo —, sustentada por governança, compliance e padrões globais como o Fast Healthcare Interoperability Resources (FHIR), que é usado para a troca de informação em Saúde, além de integração nativa à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS).

Para viabilizar essa troca, a plataforma foi estruturada de forma modular, com APIs que permitem escalabilidade e a conexão entre laboratórios, ambulatórios, hospitais e diferentes especialidades médicas. A equipe também considerou a criação de um “marketplace de serviços”, no qual instituições com maior maturidade tecnológica poderiam oferecer infraestrutura de interoperabilidade a parceiros que ainda não possuíam capacidade de integração direta.

Segundo Bego, outro aprendizado fundamental foi adotar modelos já validados em outros setores. Assim como acontece nas câmaras de compensação financeiras, a proposta é que a interoperabilidade em Saúde funcione como um “cartório digital”: recebe os dados, autentica e entrega ao destinatário autorizado, sem manter cópias ou manipular informações. Essa lógica garante rastreabilidade, soberania dos dados e um custo transacional equivalente ao de uma operação financeira cotidiana, como um pagamento por cartão de crédito.

Os resultados do piloto no Hospital das Clínicas já demonstram ganhos expressivos. Pacientes passaram a ter um histórico único e contínuo, acessível a diferentes profissionais, reduzindo a duplicidade de exames, aumentando a precisão diagnóstica e diminuindo falhas clínicas. Do ponto de vista institucional, houve ganhos operacionais relevantes, com menos retrabalho, menor custo administrativo e maior eficiência no uso dos recursos. Além disso, o modelo abre caminho para pesquisas avançadas e desenvolvimento de soluções em inteligência artificial aplicadas à Saúde.

“O dado isolado é apenas um número; o dado integrado gera inteligência que salva vidas”, resumiu Bego.

A apresentação no FILIS também marcou um passo institucional decisivo. Durante o Fórum, foi assinado o Memorando de Intenções entre a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), a Secretaria de Informação e Saúde Digital (SEIDIGI) do Ministério da Saúde, a Abramed e o HCFMUSP, por meio do InovaHC. O acordo prevê a implementação da plataforma OpenCare como projeto piloto para integrar dados do setor privado à RNDS, fomentando cooperação técnico-científica e garantindo privacidade, segurança e conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).

Para Giovanni Guido Cerri, presidente dos Conselhos do InRad e do InovaHC, interoperabilidade é mais do que inovação tecnológica: “É sair de uma Saúde fragmentada e reativa para um cuidado contínuo, integrado e centrado no paciente”. Já Milva Pagano, diretora-executiva da Abramed, destacou: “A interoperabilidade é fundamental para integrar e fortalecer a Saúde Suplementar e o SUS, consolidando o compromisso com a inovação, a qualidade e a segurança do paciente”.

O case do InovaHC mostra que a interoperabilidade não é um conceito abstrato, mas uma prática já em curso, capaz de transformar a Medicina Diagnóstica e a Saúde como um todo. Com baixo custo e ativos estratégicos, o projeto pavimenta o caminho para um modelo nacional de Open Health, aproximando o SUS e a Saúde Suplementar em benefício direto dos pacientes.