Business Intelligence aprimora jornada do paciente através da análise de dados

O BI gera insights, permite customização das informações para as equipes operacionais e acelera análises críticas

18 de abril de 2024 – Já parou para pensar que a análise inteligente de dados tem o poder de salvar vidas? Esse é um dos papéis do Business Intelligence (BI) na área de saúde, que vem transformando a forma de lidar com as informações dos pacientes. Mais que uma ferramenta, o BI faz parte de um conjunto de estratégias de gestão capazes de transformar grande quantidade de dados em informações valiosas.

Na medicina diagnóstica, isso significa: compreensão mais profunda das operações e das condições de saúde dos pacientes, além de uma prestação de cuidados mais eficaz. “O diagnóstico precoce e o entendimento dos riscos associados a cada situação clínica permitem sugestões assertivas que melhoram a jornada do paciente”, explica Flávia Helena, gerente sênior da área de inteligência da qualidade – Torre Médica Técnica Negócios em Hospitais e Novos Elos do Grupo Fleury, associada Abramed.

Funciona assim: a partir de repositório de dados geridos pela TI, as informações são organizadas e apresentadas às equipes através de painéis interativos customizados com alta granularidade de informações, o que favorece correlações, benchmarking e análise de causa raiz. Esses insights acionáveis são importantes para uma cultura data driven, o que gera conhecimento e aprendizado organizacional através de melhorias, oportunidades e identificação de criticidades de forma mais ágil. 

“A acessibilidade aos dados e a geração de ideias que viram ações concretas nas operações são importantes aspectos na melhoria da qualidade. Cada vez mais, recursos de BI serão conectados com sistemas operacionais e analíticos para acelerar a disponibilização de informações ‘já tratadas’ para as equipes. No caso da rotina médico-técnica, isso contribui para aprimoramento de fluxos, processos e sinalização de criticidades para suporte à decisão”, destaca Flavia.

Por exemplo, na Torre Médica e Técnica do Grupo Fleury, a equipe de Quality Intelligence foca em indicadores de qualidade e conformidade com normas técnicas. “Através de design empático e guidelines oriundos de certificações/acreditações como CAP ISO 15.189, implementamos um modelo de gestão denominado ‘razão e sensibilidade’, em que indicadores hard e soft se encontram para engajar os times de diagnóstico na identificação de causas raiz e oportunidades de melhoria na experiência dos pacientes. Indicadores de orgulho, criados em colaboração com as equipes, reforçam a cultura de qualidade e segurança”, salienta.

A área da saúde é rica em dados e guidelines, portanto, as normas técnicas devem permear toda a construção de portfólio de indicadores e soluções data driven. O BI amplia o potencial de visualização de dados, de geração de insights e de aceleração de análises críticas na jornada do paciente. Ciclos contínuos de melhoria são essenciais, e o registro dessas melhorias é fundamental para gerar conhecimento e aprimorar as práticas das equipes.

A interpretação precisa dos dados requer expertise técnica, enquanto a integração de diversos conhecimentos é valorizada para alinhar processos às necessidades dos pacientes. Promover a comunicação e o compartilhamento de propósito entre as equipes é essencial para fortalecer a interdisciplinaridade e melhorar o trabalho em equipe.

“O uso de BI, junto com outras ferramentas de gestão e uma comunicação efetiva sobre nossa essência como organização, reforçam o engajamento dos times. BI sozinho não faz plano de ação: o engajamento emocional através de métricas afetivas e efetivas é essencial para converter estudos em ação e gerar impacto positivo no paciente, promovendo um ciclo virtuoso do dado à ação”, afirma Flavia.

Potencialidades de uso na rotina da medicina diagnóstica

O uso de tecnologias de BI e análise de dados na medicina diagnóstica oferece uma série de potencialidades para aprimorar a rotina médica. Primeiramente, essas ferramentas possibilitam uma governança mais eficiente dos dados, garantindo sua qualidade, integridade e segurança, aspectos cruciais para a confiabilidade dos resultados diagnósticos. Além disso, permitem análises detalhadas dos dados, proporcionando uma compreensão mais profunda dos padrões e tendências nos resultados dos exames.

Outro benefício é a capacidade de identificar anomalias operacionais, como falhas nos processos de coleta ou interpretação de dados, permitindo uma intervenção rápida para correção. A integração dos recursos de BI às plataformas e sistemas operacionais agiliza a disponibilização de informações de qualidade para apoio à decisão clínica. 

Além disso, a análise de dados históricos permite a simulação de cenários e condições, tanto descritivas quanto preditivas, gerando alertas de criticidade e relevância na gestão das operações e na coordenação do cuidado. Essa capacidade de prever possíveis desfechos clínicos e antecipar problemas permite uma intervenção proativa, influenciando desde o pré até o pós-analítico.

Desafios e como vencê-los

Alguns dos desafios ao implementar sistemas de BI em laboratórios de medicina diagnóstica incluem: garantia da qualidade dos dados, escolha da ferramenta adequada, validação e integração do sistema, segurança da informação, equilíbrio entre investimento e retorno, além de garantir conformidade com guidelines/normas pertinentes, entre outros.

“A experiência mostrou que o planejamento da jornada da implantação de sistema em BI se fortaleceu a partir dos direcionadores de cultura de excelência, qualidade e foco no paciente – o que por sua vez exigiu muito aprendizado a partir de guidelines, normas e referências CAP e CAP ISO 15.189, entre outros”, acrescenta. 

Segundo Flavia, promover uma cultura de qualidade, excelência e foco no paciente é essencial para uma jornada data driven na saúde. Isso pode ser alcançado por meio de projetos estruturantes que organizem os dados e incentivem uma abordagem colaborativa e orientada para resultados ‘fim’ (impactos na experiência do paciente). Além disso, o desenvolvimento do letramento em saúde e em dados colabora para que todos os envolvidos no processo compreendam a importância que os times desempenham na experiência dos pacientes.

As parcerias entre empresas de tecnologia e instituições são cruciais para o desenvolvimento de novas soluções e sua devida validação. Interoperabilidade, jornada do paciente e coordenação de cuidados são exemplos de temas que trazem necessidades de inovação tecnológica. De acordo com Flavia, elas precisam ser devidamente validadas e alinhadas às necessidades clínicas e de excelência do cuidado.

“A Abramed desempenha um papel fundamental nesse cenário, fortalecendo a comunidade de associados, orientando discussões sobre questões regulatórias e conectando parceiros ao longo da jornada do paciente. Além disso, a entidade promove a disseminação de conhecimento, oportunidades de cocriação e codesenvolvimento, reforçando a excelência na prática médica e garantindo que o conhecimento médico e técnico seja colocado a serviço dos pacientes e da sociedade”, salienta Flavia.

O avanço do Business Intelligence na saúde significa mais do que apenas uma mudança tecnológica. Ele está transformando a maneira como lidamos com os dados dos pacientes, habilitando cuidados de saúde mais precisos e eficazes. Enfrentar os desafios dessa implementação requer uma cultura organizacional focada na qualidade e no bem-estar do paciente.

Diversidade é estratégia de negócio

Por Lídia Abdalla*

O setor de saúde tem uma característica muito particular que é a prevalência de colaboradoras do gênero feminino, tanto na linha de frente quanto em áreas de gestão. Mas, na média e na alta liderança, o número de mulheres ainda é reduzido, o que acontece também em diversos outros segmentos.

Apesar dos avanços recentes, este panorama ainda reflete os desafios enfrentados ao longo de suas carreiras. Devemos, sim, celebrar as conquistas em datas como o Dia Internacional da Mulher, mas também precisamos aproveitar para analisar os obstáculos que ainda persistem e como avançar.

Muitas vezes, as mulheres até chegam em níveis de coordenação e gerência, mas não conseguem passar daí. Outras não conseguem nem chegar na liderança intermediária. Reconhecemos que elas buscam constantemente aprimorar suas habilidades, participando de formações e especializações.

Ao longo da minha trajetória profissional, enfrentei diversos desafios que me exigiram assumir novas responsabilidades e liderasse outras áreas. Em resposta, sempre busquei ampliar meu conhecimento, especialmente em áreas como administração financeira, gestão e liderança, que não foram abordadas em minha formação inicial. Além disso, o autoconhecimento e o fortalecimento da autoestima são muito importantes, e acabam sendo barreiras, mesmo para mulheres totalmente preparadas e capacitadas. A autocrítica excessiva pode ser um grande obstáculo.

Outro aspecto importante na jornada de carreira da mulher é contar com uma rede de apoio, tanto dentro quanto fora do ambiente de trabalho. Dentro da empresa, precisamos encontrar a sororidade, ter o apoio de outras mulheres, nos reunirmos com as demais lideranças femininas, buscar inspirações. Isso fortalece e joga luz no caminho para seguir por ele com confiança.

Fora do ambiente de trabalho, é preciso ter uma rede de apoio no sentido da família e da comunidade onde vive. As mulheres ainda são cobradas pelo papel de cuidar da família, ser esposa e mãe. Não que os homens não tenham essa responsabilidade, mas o maior peso ainda fica com elas. Por isso, ter pessoas com quem contar nos ajuda a nos dedicarmos à carreira em alguns momentos que exigem mais atenção.

Um ponto que considero fundamental no ambiente de trabalho é trazer os homens para a discussão, afinal, quem está com a caneta na mão na maioria dos cargos de liderança são homens brancos. Quando precisam preencher vagas de promoção, por exemplo, eles optam por quem é mais parecido com eles. Isso é natural e espontâneo do ser humano, chamamos de viés inconsciente. No momento de urgência na decisão, uma mulher pode estar de licença de maternidade, então encontra-se outra pessoa… E assim, vamos arrumando as desculpas perfeitas.

Esses vieses não se limitam apenas a gênero, mas também a raça, orientação sexual, deficiência e outros aspectos da diversidade. Escolher quem é mais parecido consigo ajuda no alinhamento de visão, mas aí está o maior risco para as empresas: retirar toda a diversidade do ambiente.

Com uma equipe diversa, tem-se, de fato, pessoas com experiências e visões diferentes com relação ao consumidor, ao mercado, à sociedade e a estilos de vida. Ter diversidade significa ser uma empresa mais inovadora e criativa. E também é estratégia de negócio, pois traz competitividade. Por isso falamos tanto da importância dos indicadores e metas.

A questão da equidade de gênero é de extrema relevância para qualquer empresa e deve ocupar um lugar de destaque na agenda do presidente. Não basta apenas aderir a iniciativas para cumprir uma formalidade ou constar em pesquisas de mercado. É essencial que essa preocupação se traduza em ações concretas e efetivas.

O caminho a ser seguido é relativamente simples, mas requer um compromisso sério e contínuo: criar um modelo de gestão de diversidade e inclusão, que começa com um diagnóstico completo da empresa. Esse processo permite identificar os talentos existentes e seu potencial, reconhecendo, claro, as competências e as habilidades necessárias para determinadas funções, especialmente na área de saúde, na qual a especialização e a senioridade são cruciais.

No entanto, ao longo da jornada do colaborador, a empresa deve oferecer oportunidades de desenvolvimento e mostrar claramente o caminho para o crescimento profissional. Isso inclui fornecer as ferramentas necessárias, orientar os passos a serem dados e criar um ambiente que encoraje e apoie o avanço de todos.

Minha ascensão no Sabin Diagnóstico e Saúde não se deu por ser mulher, mas por ser uma profissional dedicada e comprometida. Quando chegou o momento de escolher um novo presidente, eu estava pronta para o desafio. Claro que tudo são escolhas, mas elas não devem ser vistas como sacrifícios, pois assim não há realização pessoal nem profissional.

Em algumas situações, minhas escolhas significaram perder momentos importantes na vida de meu filho e em família. No entanto, quando olho para trás, percebo que todas elas valeram a pena, pois foram feitas com propósito e determinação.

Falando nisso, um dos pontos críticos para as mulheres é a questão da maternidade. Para a maioria, ser mãe é um desejo profundo e um sonho. Como passamos a maior parte de nossa vida produtiva dentro das empresas, não tem como deixar esse sonho para depois. No entanto, muitas vezes enfrentamos o dilema de ter que escolher entre avançar na carreira ou iniciar uma família.

Além de olhar para essa situação com cuidado, a empresa também precisa se preparar para incluir a família em suas políticas e programas. Isso não só apoia as mulheres em suas carreiras, mas também transforma a cultura organizacional. Claro que nossos filhos querem a nossa companhia, mas também ficam felizes e orgulhosos pelas nossas conquistas profissionais.

E isso tem tudo a ver com engajamento, que se tornou mais um desafio para as organizações. Vivemos em um mundo onde as relações de trabalho estão em constante evolução, influenciadas pela pandemia e pela entrada dos Millennials e da Geração Z no mercado de trabalho. Essas novas gerações valorizam mais o propósito e os desafios do que cargo ou remuneração. E quando as empresas trazem a família para esse ambiente e oferecem programas que mostram às pessoas que elas estão sendo cuidadas e valorizadas, geram engajamento e também melhoram o desempenho e a produtividade.

Outra questão fundamental é cultivar habilidades que são inerentes à maioria das mulheres e que podem ser molas propulsoras para suas carreiras. Um desses aspectos é a resiliência, que não deve ser confundida com conformismo. Estou falando de ter força para vencer momentos adversos e encontrar novos caminhos.

Além da resiliência, a sensibilidade é outra habilidade valiosa, especialmente no setor de saúde, no qual o contato com pacientes requer comunicação empática e atenção aos detalhes. As mulheres muitas vezes trazem uma sensibilidade natural para essas interações, o que pode ser altamente benéfico para o sucesso em sua vida profissional.

Precisamos reconhecer o valor dessas habilidades e nos sentirmos confiantes em nossa capacidade de liderança, sem precisar adotar padrões masculinos de vestimenta ou comportamento. A verdadeira igualdade de gênero só pode ser alcançada quando as mulheres são encorajadas a serem autênticas e a contribuir com suas habilidades únicas para o sucesso das organizações.

E a última mensagem que eu deixo é que não precisamos ser “mulher-maravilha” e dar conta de tudo perfeitamente o tempo todo. A vida é cheia de desafios e imprevistos, e é normal que nem tudo saia conforme planejado. Essa cobrança excessiva só nos levará a sofrimento, frustração e compromete nosso desempenho e bem-estar.

Equilibrar múltiplas responsabilidades é como equilibrar pratos. Às vezes, um deles pode cair, e está tudo bem. Podemos escolher conscientemente qual prato vamos permitir que caia em determinado momento, seja priorizando o trabalho, a família, os amigos ou outros aspectos de nossa vida. Não devemos nos sentir culpadas por não conseguirmos fazer tudo perfeito o tempo todo.

Isso faz parte da nossa jornada de vida e de carreira. Vamos tirar essa carga de precisar estar sempre atualizada e perfeita. É hora de desafiar os padrões, abraçar a autenticidade e redefinir o que significa ser uma líder de sucesso!

*Lídia Abdalla, CEO do Grupo Sabin e Vice-Presidente do Conselho de Administração da Abramed. Bioquímica formada pela Universidade Federal de Ouro Preto (Ufop), com mestrado em Ciências da Saúde pela Universidade de Brasília (UnB) e MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Dom Cabral (FDC), conselheira do Programa Winning Women Brazil da EY. Sob sua gestão, o Grupo Sabin alcançou importantes conquistas. Nos últimos 10 anos, chegou a 78 cidades de 14 estados, além do Distrito Federal. Em 2023, a empresa anunciou a construção de um ecossistema, expandido a atuação da empresa para Atenção Primária e Gestão de Saúde de Grupos Populacionais, uma plataforma integradora de serviços de saúde, além dos serviços de análises clínicas, anatomia patológica, genômica, exames por imagem, vacinas e check up. O Grupo Sabin também figura entre as 10 Melhores Empresas para Trabalhar no Brasil (GPTW) e a Melhor Empresa para a Mulher Trabalhar no Brasil (GPTW). Empresa mais sustentável do Setor de Saúde pelo Guia Exame Sustentabilidade, e uma das Empresas Mais Inovadoras pelo Prêmio Valor de Inovação.

18/03/2024

Perspectivas na saúde populacional brasileira: uma abordagem multifacetada

É fundamental considerar não apenas aspectos clínicos, mas também sociais, econômicos e tecnológicos

15 de março de 2024 – A saúde populacional é essencial na promoção do bem-estar e da equidade, na redução de custos em saúde, na resposta a emergências de saúde pública e no apoio ao desenvolvimento sustentável. Compreender e abordar seus desafios no Brasil requer uma visão integral e coordenada, considerando não apenas aspectos clínicos, mas também sociais, econômicos e tecnológicos. 

Segundo Paula Campoy, presidente na Aliança para a Saúde Populacional (ASAP), os principais desafios incluem alta incidência de doenças transmissíveis e crônicas, distribuição desigual de recursos e serviços de saúde, bem como questões socioeconômicas. “Além disso, o sistema de saúde é muitas vezes focado no tratamento em vez da prevenção, o que acarreta custos elevados e menos eficiência”, destaca.

Para mudar esse cenário, é preciso um movimento que aborde não apenas os sintomas desses desafios, mas também suas causas fundamentais. Isso inclui investir em educação para a saúde, iniciativas de prevenção e campanhas de conscientização que possam mudar comportamentos de risco e promover estilos de vida saudáveis. “Paralelamente, é necessário fortalecer o sistema de atenção primária, tornando-o mais acessível e integrado com as comunidades que serve. Isso pode ser alcançado através do aumento do financiamento para a saúde pública e da adoção de tecnologias que melhorem a eficiência e a coordenação do atendimento”, conta.

Na saúde populacional, a medicina diagnóstica é um pilar central, pois fornece a base para a maioria das decisões clínicas. Seu papel é detectar doenças precocemente, orientar tratamentos, monitorar a progressão das doenças e avaliar a eficácia das intervenções. Em um país como o Brasil, com grandes disparidades regionais e diferentes perfis de doenças, sua função é ainda mais crítica.

“No atual contexto, enfrentamos a necessidade de equilibrar a alta demanda por serviços de diagnóstico com os custos operacionais e a necessidade de manter a qualidade e a precisão dos resultados. Há, ainda, o desafio da distribuição desigual de serviços de diagnóstico, com áreas rurais e comunidades menos desenvolvidas muitas vezes desassistidas”, aponta Paula.

Inteligência artificial e interoperabilidade

Uma forma de superar esses obstáculos é utilizar a tecnologia, e a inteligência artificial (IA) é um ótimo exemplo, ao possibilitar a coleta e a análise eficiente de grandes volumes de dados. Essa ferramenta identifica padrões imperceptíveis aos métodos convencionais, sendo imprescindível para prever surtos de doenças, entender epidemias e personalizar a medicina com base em dados genéticos e clínicos.

Avanços em dispositivos vestíveis e sensores remotos permitem monitoramento contínuo da saúde em tempo real, enquanto a IA melhora a precisão diagnóstica ao interpretar imagens médicas. Seus benefícios incluem otimização do fluxo de trabalho em saúde, eficiência operacional, redução de custos e, mais importante, melhoria nos resultados de saúde. 

“Ampliar o uso de IA na saúde populacional pode oferecer melhor acesso a diagnósticos e tratamentos de qualidade para populações desatendidas, além de melhorar a resposta a emergências de saúde pública, como demonstrado durante a pandemia de covid-19”, salienta Paula.

Vale destacar que a interoperabilidade de sistemas e o compartilhamento de dados são peças-chave na saúde populacional ao permitir a integração de informações entre diferentes níveis e serviços de atendimento, possibilitando uma visão abrangente da saúde do indivíduo e da população em geral.

Com sistemas que se comunicam eficientemente, é possível acompanhar a jornada do paciente, melhorar o manejo de doenças crônicas, otimizar a alocação de recursos e fortalecer estratégias de prevenção e promoção de saúde. Além disso, a interoperabilidade facilita estudos epidemiológicos e a vigilância em saúde, essenciais para decisões baseadas em evidências.

Inspiração nas melhores práticas

Há várias práticas de gestão de saúde populacional no mundo que poderiam ser adaptadas e adotadas no Brasil. Por exemplo, na Dinamarca e no Reino Unido, são usados sistemas de atenção primária robustos. “Eles servem como o primeiro ponto de contato, coordenando o cuidado e mantendo registros abrangentes que são compartilhados dentro do sistema de saúde. Este modelo facilita a prevenção e o manejo precoce de condições crônicas, e poderia ser adaptado no Brasil para fortalecer nossa atenção primária”, explica Paula.

Outra prática para inspiração e análise é o uso de sistemas de saúde digitais integrados, como na Estônia, onde a digitalização de registros de saúde permitiu o acesso em tempo real a informações médicas por profissionais de saúde e pacientes, melhorando a coordenação e a qualidade do cuidado. 

Na Holanda, há um enfoque significativo na governança participativa, onde pacientes e cidadãos têm voz ativa nas decisões sobre a saúde populacional. Já no Canadá, a abordagem para a saúde mental é integrada e acessível, com programas que vão desde a prevenção até o tratamento especializado e suporte comunitário. 

“É fundamental entender que, para cada prática bem-sucedida internacionalmente, é necessário adaptá-la ao contexto cultural, econômico e político do Brasil, garantindo que as soluções sejam sustentáveis e efetivas a longo prazo”, diz Paula.

Custos e valor em saúde

Os custos na gestão de saúde têm um papel duplo: são um indicativo de eficiência e uma barreira potencial ao acesso. No contexto atual, com recursos limitados e demanda crescente por serviços de saúde, é necessário gerir custos de forma estratégica para maximizar o valor para os pacientes.

Uma abordagem eficaz envolve investir em intervenções comprovadamente eficazes, como a prevenção de doenças e a promoção da atenção primária, o que pode reduzir a necessidade de tratamentos mais dispendiosos no futuro. Além disso, é importante adotar modelos de pagamento baseados em valor, que recompensem a qualidade dos cuidados e desincentivem intervenções desnecessárias.

Por fim, vale ressaltar que a colaboração entre profissionais de saúde, governo e entidades é indispensável para o avanço da saúde populacional. As parcerias público-privadas estão ganhando destaque, unindo conhecimento técnico, inovação e eficiência. Por sua vez, os profissionais de saúde podem ajudar na formulação de políticas públicas baseadas em evidências, especialmente em campanhas de vacinação e prevenção.

“Além disso, a colaboração em pesquisa e desenvolvimento é essencial, assim como o intercâmbio de informações entre os setores. Também é importante investir na capacitação e educação continuada dos profissionais de saúde para enfrentar os desafios emergentes”, encerra a presidente da ASAP.

Radiologia: desafios e perspectivas para a prática profissional

Por Cibele Alves de Carvalho*

A prática da radiologia médica enfrenta uma série de desafios que não apenas impactam os profissionais da área, mas também reverberam na qualidade dos serviços de saúde oferecidos à população. Por isso, abordar essas questões de forma transparente e propositiva é fundamental, inclusive pensando na sustentabilidade de todo o sistema.

Um dos principais desafios enfrentados pelos médicos radiologistas é a percepção equivocada de que somos meros operadores de equipamentos. Ao contrário, somos médicos responsáveis pela interpretação dos exames de imagem e emissão dos respectivos laudos, assumindo toda a responsabilidade ética, civil, penal e criminal associada. Essa subestimação de nossa função tem reflexos diretos na remuneração que recebemos, muitas vezes inadequada e desproporcional ao nosso papel para o diagnóstico e tratamento das doenças.

Outra barreira significativa é a pressão das fontes pagadoras por redução de custos, ignorando que não somos nós os responsáveis pela solicitação dos exames. É imperativo que haja uma discussão  embasada  e responsável para avaliar o real custo  dos serviços de radiologia, em vez de transferir essa responsabilidade para os profissionais da área. O maior custo que temos sempre foi causado pelos gastos com medicamentos, órteses e próteses. Já os custos com propedêutica na cadeia da saúde giram em torno de 6%. 

Além disso, há questões que envolvem a evolução da inteligência artificial. Essa tecnologia tem impactado na formação de novos médicos radiologistas, porque há sempre a ameaça de que ela vai substituí-los. Embora a IA traga avanços significativos, as relações humanas e a expertise clínica são insubstituíveis. 

Os impactos negativos desses desafios para a comunidade médica são evidentes. O número de médicos especialistas está diminuindo, com muitos profissionais frustrados com a desvalorização de sua profissão e optando por outras especialidades ou até mesmo indo atuar em outros países. Com isso, o Brasil perde capacidade técnica e intelectual, comprometendo a qualidade dos nossos serviços de saúde.

E, ainda, essa falta de valorização resulta em dificuldades para atualização e investimento na própria carreira. Sem falar na baixa remuneração pelas operadoras de saúde, o que impacta na renovação tecnológica, reduzindo as chances de investimento no diagnóstico cada vez mais precoce. Diagnosticar precocemente é fundamental para minimizar os custos assistenciais e melhorar os desfechos clínicos, reduzindo a morbidade e aumentando as chances de sobrevida dos pacientes.

Agora falando em tendências, o cenário médico brasileiro apresenta duas que podem impactar significativamente a prática da radiologia. Primeiramente, a proliferação descontrolada de novas escolas de Medicina, com qualidade questionável, tem aumentado o número de médicos no mercado de trabalho, desvalorizando a profissão como um todo. Em segundo lugar, as políticas governamentais têm priorizado a formação de generalistas, em detrimento dos especialistas, o que tem levado muitos profissionais a optarem pela atuação em estratégia de saúde da família, especialmente do ponto de vista financeiro.

Esta situação tem preocupado tanto o Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) quanto a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), que vêm trabalhando em conjunto para valorizar o papel dos profissionais que atuam com propedêutica, incluindo radiologistas e, no caso da Abramed, também os patologistas clínicos. A colaboração entre essas entidades inclui iniciativas políticas para destacar a importância do trabalho desses profissionais e defender seus interesses junto aos órgãos legislativos e Agências Nacionais.

O CBR tem feito, inclusive, discussões, webinares, salas de discussão em congresso para que o acadêmico entenda melhor qual é o papel do médico radiologista, que eu reitero: é essencial dentro da Medicina. Já a Abramed desempenha um papel crucial ao monitorar os dados dos laboratórios clínicos, evidenciando o impacto positivo desses serviços na redução dos custos assistenciais. A medicina diagnóstica gera impacto no custo assistencial, mas para menos, não para mais.

A educação continuada também é uma prioridade para o CBR e a Abramed, que promovem iniciativas para atualização profissional e aprimoramento técnico dos médicos radiologistas e patologistas clínicos. Essas ações são fundamentais para valorizar e fortalecer a especialidade médica em propedêutica no Brasil.

A preocupação com a qualidade e a segurança dos serviços de imagem e laboratórios também gerou iniciativas importantes. O CBR criou o Programa de Acreditação em Diagnóstico por Imagem (Padi); a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML) criou o Programa de Acreditação de Laboratórios Clínicos (PALC); e a Sociedade Brasileira de Patologia (SBP) criou o Programa de Acreditação e Controle de Qualidade (PACQ). Vários simpósios de qualidade têm sido realizados através das ações conjuntas entre as entidades. 

De fato, a prática da radiologia enfrenta desafios significativos, mas também oferece oportunidades para aprimoramento e inovação. É fundamental que os radiologistas estejam cientes e ativos na defesa de sua prática profissional, participando da vida associativa,   potencializando sua representatividade e defendendo seus interesses em todas as instâncias pertinentes. Somente a união poderá nos fortalecer para enfrentarmos os desafios, garantir a valorização da profissão e, principalmente, oferecer serviços de saúde de qualidade à população.

*Cibele Alves de Carvalho é médica formada pela UFMG, especialista em Clínica Médica e em Radiologia e Diagnóstico por Imagem, com MBA em gestão de hospitais e serviços de saúde pela Fundação Getúlio Vargas. Foi presidente da Sociedade Mineira de Radiologia (SRMG) por dois mandatos e presidente do Conselho Regional de Medicina de Minas Gerais (CRMMG), onde ainda é conselheira. É presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia (CBR) e diretora administrativa e financeira da Clínica Scanner, em Belo Horizonte. Além disso, é membro da Câmara Técnica de Radiologia e Diagnóstico por Imagem do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Cresce 49,8% número de exames de covid-19 realizados na rede privada, segundo Abramed

Os dados comparam as semanas de 28 de janeiro a 3 de fevereiro e de 4 a 10 de fevereiro; positividade sobe de 30% para 34%

A quantidade de exames de covid-19 realizados na rede privada cresceu 49,8%, na comparação entre a semana de 4 a 10 de fevereiro (18.172) e a semana anterior, de 28 de janeiro a 3 de fevereiro (12.129). Os dados são das empresas associadas à Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), que representam cerca de 65% do volume total de exames realizados na saúde suplementar no Brasil.

Além disso, a taxa de positividade subiu de 30% para 34% no período. O número de casos positivos confirmados também aumentou consideravelmente de uma semana para outra, com 6.210 positivos registrados na semana de 4 a 10 de fevereiro, em comparação com os 3.676 da semana 28 de janeiro a 3 de fevereiro, um crescimento de 69% em quantidade de pessoas.

Ao longo de seis semanas (7/1 a 10/2), a Abramed realizou 62.500 exames, dos quais 17.635 foram positivos, representando uma taxa média de positividade de 28,2%.

Diante desse cenário, a entidade reforça a importância contínua das medidas de prevenção e controle, bem como a necessidade de intensificar os esforços na detecção e no tratamento precoce da doença.

“Defendemos que os exames sejam feitos em laboratórios clínicos, que oferecem precisão, testes mais abrangentes e conformidade com padrões de qualidade. Além disso, os laboratórios clínicos associados à Abramed enviam os resultados dos exames diretamente à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS/DATASUS), contribuindo para o monitoramento epidemiológico pelo Ministério da Saúde. Essas informações são essenciais para avaliar a situação da doença e orientar as medidas de saúde pública”, declara Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

Exames de dengue realizados nos laboratórios privados crescem 39,55% em uma semana, segundo Abramed

A comparação é entre a semana de 4 a 10 de fevereiro de 2024 e a semana anterior, de 28 de janeiro a 3 de fevereiro. O número de casos está muito acima do ano passado.

O número de exames de dengue realizados nos laboratórios privados do país cresceu 39,55% em uma semana, segundo as empresas associadas à Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), que representam cerca de 65% do volume total de exames realizados na saúde suplementar no Brasil. A comparação é entre a semana de 4 a 10 de fevereiro de 2024 (43.210) e a semana anterior, de 28 de janeiro a 3 de fevereiro (30.962).

Já a positividade caiu de 21% para 17%, no mesmo período. No entanto, em termos de quantidade de pessoas com a doença, foram 6.383 positivos na semana de 28 de janeiro a 3 de fevereiro, contra 7.547 positivos na semana de 4 a 10 de fevereiro. Um aumento em número de indivíduos com dengue de 18,23%.

“A positividade caiu de 21% para 17% somente porque o número de exames realizados aumentou muito. Mas vejam que o número de casos está muito acima do ano passado também”, explica Bruno Santos, coordenador de Inteligência de Mercado da Abramed. 

Ele se refere à comparação entre os dados da sexta semana epidemiológica deste ano e do ano passado. Em 2023, foram realizados 16.030 exames de dengue, enquanto em 2024, foram 43.210, uma variação de 170%. Em relação aos positivos, foram 4.387 na sexta semana epidemiológica de 2023, contra 7.547 na mesma semana de 2024, uma variação de 72%.

Vale ressaltar que a pesquisa realizada pela Abramed não apresenta dados separados por regiões do país, ou seja, todos os números estão disponíveis apenas em nível Brasil, sem qualquer recorte local.

Veja abaixo as tabelas:

Exames

O exame laboratorial é crucial para diferenciar doenças que têm os mesmos sintomas, como dengue, a zika e a Chikungunya. Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed, explica que, nos estágios iniciais da dengue, até o quinto dia após o início dos sintomas, é feita a pesquisa de antígeno do vírus. E entre o décimo e o décimo quarto dia, é possível identificar a presença de anticorpos.

Como há quatro sorotipos de vírus da dengue circulando no Brasil (um, dois, três e quatro), há reagentes que possibilitam identificar todos juntos, não um de cada vez, o que facilita o processo de diagnóstico. 

Os profissionais de saúde utilizam vários métodos laboratoriais, sendo o ELISA (enzimaimunoensaio) um dos mais comuns, por ser muito sensível e específico para detectar a presença de antígenos ou anticorpos em uma amostra biológica, como o sangue.

No caso da dengue, o ELISA é usado para detectar o NS1 (antígeno do vírus) ou os anticorpos produzidos pelo sistema imunológico em resposta à infecção pelo vírus. O NS1 é uma proteína viral produzida durante a infecção aguda e sua presença no sangue indica uma infecção ativa. 

No entanto, Shcolnik alertou que a identificação do sorotipo responsável pela infecção requer testes mais sofisticados, geralmente realizados em estudos epidemiológicos. “Além do teste específico para dengue, é fundamental também realizar a contagem de plaquetas e avaliar o estado de hidratação do paciente. Abaixo de 40 mil plaquetas há risco de sangramento, identificando dengue hemorrágica”, alerta Shcolnik.

Vale ressaltar que os exames feitos em laboratórios oferecem uma série de vantagens em termos de precisão, capacidade de diferenciação de doenças, possibilidade de testes mais abrangentes, aconselhamento profissional e conformidade com padrões de qualidade.

Além disso, os laboratórios clínicos associados à Abramed enviam os resultados dos exames diretamente à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS/DATASUS), contribuindo para o monitoramento epidemiológico pelo Ministério da Saúde. Essas informações são essenciais para avaliar a situação da doença e orientar as medidas de saúde pública. 

Alerta

Importante lembrar que com as altas temperaturas e as chuvas, aumenta a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, gerando uma grande preocupação, especialmente após o recorde histórico de 1.017 mortes em 2022 e um continuado aumento de casos em 2023. 

Além disso, as mudanças climáticas, incluindo fenômenos como o El Niño, têm contribuído para a expansão do vetor em regiões antes consideradas menos propensas à disseminação da dengue, como Centro-Oeste e Sul, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).

Em uma semana, cresce 21% o número de exames de dengue realizados na rede privada, segundo Abramed

A comparação é entre a semana de 14 a 20 de janeiro e a semana de 21 a 27 de janeiro. A positividade pode ser considerada estável: foi de 25% para 24%.

O número de exames de dengue realizados na rede privada aumentou 21% em uma semana, de acordo com as associadas à Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), que representam cerca de 65% do volume de exames realizados na saúde suplementar no Brasil. A comparação é entre a semana de 14 a 20 de janeiro e a semana de 21 a 27 de janeiro de 2024 (última atualização dos dados). A positividade pode ser considerada estável: foi de 25% para 24%.

Comparando a semana de 31 de dezembro de 2023 a 6 de janeiro de 2024 (10.916) e a semana de 21 a 27 de janeiro de 2024 (21.984), o aumento é de mais de 101% na quantidade de exames realizados no período de quatro semanas. Apesar do crescimento, a positividade é a mesma: 24%. 

Desde a semana de 23 a 30 de dezembro de 2023, o número de exames de dengue vem subindo, enquanto a positividade tem variado entre 22% e 25%. Esses números mostram que as pessoas estão buscando a confirmação do diagnóstico ao sentirem sintomas associados à doença, como febre alta, dores musculares, dor ao movimentar os olhos, mal-estar, falta de apetite, dor de cabeça e manchas vermelhas no corpo.

“Se o risco de uma epidemia de dengue se concretizar, o papel do laboratório clínico para avaliar o risco de hemorragias será fundamental para evitar mortes”, explica Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

Exames

O exame laboratorial é crucial para diferenciar doenças que têm os mesmos sintomas, como a dengue, a zika e a Chikungunya. Shcolnik explica que, nos estágios iniciais da dengue, até o quinto dia após o início dos sintomas, é feita a pesquisa de antígeno do vírus. E entre o décimo e o décimo quarto dia, é possível identificar a presença de anticorpos.

Como há quatro sorotipos de vírus da dengue circulando no Brasil (um, dois, três e quatro), há reagentes que possibilitam identificar todos juntos, não um de cada vez, o que facilita o processo de diagnóstico. 

Os profissionais de saúde utilizam vários métodos laboratoriais, sendo o ELISA (enzimaimunoensaio) um dos mais comuns, por ser muito sensível e específico para detectar a presença de antígenos ou anticorpos em uma amostra biológica, como o sangue.

No caso da dengue, o ELISA é usado para detectar o NS1 (antígeno do vírus) ou os anticorpos produzidos pelo sistema imunológico em resposta à infecção pelo vírus. O NS1 é uma proteína viral produzida durante a infecção aguda e sua presença no sangue indica uma infecção ativa. 

No entanto, Shcolnik alertou que a identificação do sorotipo responsável pela infecção requer testes mais sofisticados, geralmente realizados em estudos epidemiológicos. “Além do teste específico para dengue, é fundamental também realizar a contagem de plaquetas e avaliar o estado de hidratação do paciente. Abaixo de 40 mil plaquetas há risco de sangramento, identificando dengue hemorrágica”, alerta Shcolnik.

Importante lembrar que com a chegada das altas temperaturas e da temporada de chuvas, aumenta a proliferação do Aedes aegypti, mosquito transmissor da dengue, gerando uma grande preocupação, especialmente após o recorde histórico de 1.017 mortes em 2022 e um continuado aumento de casos em 2023. 

Além disso, as mudanças climáticas, incluindo fenômenos como o El Niño, têm contribuído para a expansão do vetor em regiões antes consideradas menos propensas à disseminação da dengue, como Centro-Oeste e Sul, segundo o Instituto Nacional de Meteorologia (INMET).

Vale ressaltar que os laboratórios clínicos associados à Abramed enviam os resultados dos exames diretamente à Rede Nacional de Dados em Saúde (RNDS/DATASUS), contribuindo para o monitoramento epidemiológico pelo Ministério da Saúde. Essas informações são essenciais para avaliar a situação da doença e orientar as medidas de saúde pública. 

A medicina não pode mais negligenciar a gestão e a eficiência econômica

Por Alberto Duarte*

É inegável que a medicina contemporânea se depara com desafios complexos, sobretudo quando nos debruçamos sobre o intricado cruzamento entre diagnóstico, gestão e a sustentabilidade de nosso sistema de saúde. Como profissional imerso nesse cenário, percebo que é hora de uma reflexão profunda sobre como podemos promover mudanças positivas, levando em consideração o papel da medicina diagnóstica, pois se sabe que cerca de 70% das decisões médicas se baseiam em resultados de exames laboratoriais.

Quando pensamos em laboratórios e exames de imagem, inevitavelmente, estamos falando de elementos fundamentais na jornada diagnóstica do paciente. Contudo, aprimorar esses ambientes não deve se limitar apenas à sofisticação tecnológica, mas também à consciência de que a busca por diagnósticos precisos deve ser equilibrada com a responsabilidade de evitar exames desnecessários, que não apenas encarecem o processo, mas também expõem o paciente a procedimentos invasivos sem razão clínica.

Ao longo de minha trajetória, tive a oportunidade de liderar iniciativas voltadas para o uso racional do laboratório em um hospital público. Esta experiência ressaltou a importância de conscientizar os médicos sobre a necessidade de solicitar exames de forma ponderada. Alguns deles pecam pelo excesso por receio de serem acusados de negligentes.

Então, criamos algoritmos que indicavam quando e com que frequência determinados exames deveriam ser realizados, evitando excessos e reduzindo a sobrecarga econômica nos serviços de saúde. Esse é o tipo de movimento que contribui para o equilíbrio na cadeia de saúde, que envolve o médico, o paciente e a operadora de saúde.

Entretanto, a responsabilidade não recai apenas sobre os ombros dos médicos. A gestão, muitas vezes negligenciada nos currículos médicos, deve ser incorporada de maneira mais significativa na jornada de aprendizado. Durante minha presidência no conselho do Instituto Central do Hospital das Clínicas, percebi a complexidade que surge quando profissionais, muitas vezes não treinados em gestão, são encarregados de administrar serviços médicos.

A gestão eficaz não é apenas uma habilidade administrativa, mas uma ferramenta essencial para otimizar recursos, escolher opções terapêuticas mais acessíveis e, consequentemente, oferecer um atendimento de qualidade sem exorbitantes custos. No entanto, essa perspectiva de gestão não é amplamente ensinada nas faculdades de medicina, fazendo com que o médico nem sempre esteja apto a tomar decisões eficientes no âmbito financeiro.

Além disso, é importante abordar a assimetria na qualidade do ensino de medicina entre diferentes regiões. A padronização e a normatização nos currículos médicos são imperativos para garantir que todas as faculdades do país formem profissionais aptos a atuar em diversos cenários. Não podemos aceitar faculdades que não ofereçam oportunidades adequadas de prática clínica e residência, afinal, a experiência é crucial para o desenvolvimento de habilidades médicas. Há avanços na conscientização sobre essas questões, mas ainda há muito a ser feito para melhorar o sistema de saúde como um todo.

Nesse contexto de transformações necessárias, a inteligência artificial emerge como uma aliada promissora. A capacidade de reunir e analisar dados de forma rápida e precisa pode ser aproveitada para orientar os médicos na tomada de decisões mais embasadas. Algoritmos podem indicar a necessidade real de determinados exames, evitando solicitações desnecessárias e contribuindo para a racionalização dos recursos.

A Abramed, como representante das empresas de medicina diagnóstica, não tem como normatizar esse tema, mas pode, como vem fazendo, promover a racionalização através da conscientização da cadeia de saúde sobre a importância dessa questão e suas consequências. Dessa forma, a entidade visa a proteger seus associados, evitando glosas e o mau uso da prática médica.

Portanto, o futuro da medicina, na minha visão, depende da sinergia entre conscientização, gestão eficaz e incorporação de tecnologias inovadoras. A inteligência artificial não vai substituir o profissional, mas é uma ferramenta valiosa para orientar práticas mais conscientes e eficientes. As associações médicas, as instituições de ensino e os próprios profissionais têm um papel crucial na promoção dessas mudanças.

Como atuante na área, reafirmo que a medicina não pode mais negligenciar a gestão e a eficiência econômica. A busca incessante pelo que é mais recente e saliente na mídia nem sempre se traduz no melhor para o paciente. É chegada a hora de um realinhamento na formação médica, incorporando uma visão mais holística que compreenda a importância da gestão, da responsabilidade financeira e do uso consciente da tecnologia em prol de um sistema de saúde sustentável e de qualidade.

*Alberto Duarte – Graduado em Medicina pela Universidade de Pernambuco, com doutorado em Nefrologia pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e aperfeiçoamento em Imunologia pela Harvard Medical School. Conquistou livre-docência na Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), em 1983, e implantou o serviço de Imunologia Clínica do Hospital das Clínicas, além de ser responsável pela criação do Laboratório de Investigação Médica também nessa faculdade. Entre 2011 e 2013, foi Diretor do Instituto Adolfo Lutz, em São Paulo, e entre 2012 e 2023 foi Professor Titular de Patologia da FMUSP e Diretor do Laboratório Central do Hospital das Clínicas da FMUSP.  Recebeu o Prêmio Dr. Luiz Gastão Rosenfeld de 2023, homenagem criada pela Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

Entidades se unem em campanha de valorização dos laboratórios clínicos em prol da segurança dos pacientes

SBPC/ML, Abramed, SBAC, CBDL e APBM criaram a campanha #EuConfioNoLaboratório após publicação de norma que autoriza a realização de exames de análises clínicas em farmácias e consultórios

Para evidenciar a expertise e a precisão diagnóstica dos laboratórios clínicos e esclarecer a população, auxiliando nas melhores decisões com relação à saúde, as cinco principais entidades médicas do setor se juntaram para criar a campanha nacional #EuConfioNoLaboratório. A ação conjunta envolve a Sociedade Brasileira de Patologia Clínica e Medicina Laboratorial (SBPC/ML), a Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), a Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC), a Câmara Brasileira de Diagnóstico Laboratorial (CBDL) e a Associação Paulista de Biomedicina (APBM).

A motivação foi a publicação da Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 786/2023, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que entrou em vigor no dia 1 de agosto, permitindo a realização de exames de análises clínicas, em caráter de triagem, em farmácias e consultórios, os chamados testes rápidos. 

As entidades entendem que a nova norma é importante, mas chamam atenção para a garantia de rigorosos procedimentos de qualidade, que ofereçam precisão e confiabilidade aos resultados dos exames. Segundo elas, há um risco de a população fazer uso de exames por curiosidade ou conveniência.

“A nova RDC gerou muitas dúvidas, tanto nos profissionais da área, quanto nos cidadãos. Os laboratórios já têm a expertise de triagem e diagnóstico […] e é essa qualidade que traz segurança aos pacientes”, afirma o presidente da SBPC/ML, Fábio Brazão, que continua: “A busca contínua por qualidade do serviço é o que norteia nosso trabalho. Vamos seguir em frente acreditando nos laboratórios e oferecendo o melhor para a saúde da população”, diz.

Para o diretor de relações institucionais da SBPC/ML, Wilson Shcolnik, é histórica a junção de tantas sociedades científicas trabalhando em prol de um único objetivo: evidenciar a importância do trabalho laboratorial. “É estranho que esta nova diretriz na RDC apareça justo nesse momento, quando o laboratório ganha relevância e visibilidade em tempos de pandemia”, questiona ele.

Shcolnik, que também é presidente do Conselho de Administração da Abramed, declara que o desafio agora é mostrar o valor dos exames de laboratório, desde a promoção e prevenção de doenças até o diagnóstico, pela sua precocidade, possibilitando tratamentos que vão beneficiar os pacientes e trazer desfechos favoráveis, além de cura ou reabilitação. “Muitos nos acusam de realizar muitos exames ou de que os resultados não são acessados. Agora, iniciaremos uma campanha para dar voz aos representantes do setor, de modo que o laboratório tenha o seu valor bem declarado para toda a sociedade”, reforça.

Por sua vez, o presidente da CBDL, Carlos Eduardo Gouvêa, ressalta que o laboratório é o ponto de encontro entre pacientes e a medicina para diagnósticos mais precisos. “Depois da pandemia da Covid-19, o valor do diagnóstico ficou mais claro que nunca. Precisamos valorizar ainda mais o serviço que alicerça esses dados e, dessa forma, ter acesso a terapias cada vez mais precisas. É o laboratório que traz o cidadão lá da ponta da cadeia da saúde para ter visibilidade de fato, possibilitando-lhe um diagnóstico”, diz.

De acordo com a presidente da SBAC, Dra Maria Elizabeth Menezes, é muito importante disseminar a informação correta à população e que todos fiquem cientes da diferença entre Exames de Análises Clínicas – EAC realizados fora do laboratório (farmácia e consultório isolado) os chamados “teste de triagem” e exames realizados no laboratório (RDC786/2023). “Os exames realizados em laboratório precisam cumprir uma série de exigências sanitárias para a segurança do paciente. Sendo assim, fica nítida a importância da  campanha de valorização dos laboratórios uma vez que o resultado do exame laboratorial norteia a conduta clínica e o manejo do paciente”.

No vídeo abaixo, os presidentes das cinco maiores entidades do mercado de análises clínicas compartilham informações sobre o que torna os laboratórios tão essenciais para a saúde e o bem-estar de todos nós.

[Acesse o vídeo oficial da campanha]

Para orientar a população em geral, a campanha “Eu Confio no Laboratório” conta com um site próprio (www.euconfionolaboratorio.com.br), cujo propósito é fornecer informações transparentes e acessíveis sobre a realização de exames laboratoriais. A ideia é esclarecer dúvidas e ajudar as pessoas a tomarem decisões mais acertadas para cuidar de sua saúde.

No dia 4 de agosto, foi divulgado um vídeo de posicionamento, dando início à campanha. O engajamento inicial alcançou 331 mil contas, com mais de 12 mil interações e mais de 11 mil likes. O vídeo também pode ser acessado através do site. 

Abramed integra webinário da Shift sobre perspectivas para a medicina diagnóstica

Evento demonstrou que as expectativas para 2024 são positivas, com a continuidade da colaboração entre as entidades setoriais e o crescimento do uso da inteligência artificial

Para fazer uma retrospectiva de 2023 e discutir as tendências que conduzirão o setor de medicina diagnóstica em 2024, a Shift, especializada em Tecnologia da Informação (TI) para o segmento, convidou Wilson Shcolnik, presidente do Conselho da Administração da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), para integrar o webinário “Transformando a saúde dos negócios e das pessoas”, também com participação de Fábio Brazão, presidente da Sociedade Brasileira de Patologia Clínica/Medicina Laboratorial (SBPC/ML), e Maria Elizabeth Menezes, presidente da Sociedade Brasileira de Análises Clínicas (SBAC). O evento foi realizado no dia 28 de novembro, sob a moderação de Marcelo Lorencin, CEO e fundador da Shift, parceira institucional da Abramed.

Os palestrantes reforçaram a importância da medicina diagnóstica no setor de saúde, lembrando que cerca de 70% das decisões médicas se baseiam em resultados de exames laboratoriais. E esse valor ficou ainda mais evidente durante a pandemia. Segundo dados da 5ª edição do Painel Abramed – O DNA do Diagnóstico, as associadas realizaram mais de 720 milhões de exames de diagnóstico em 2022, um aumento de 9,5% em relação a 2021.

“Nosso setor está em crescimento e vai continuar assim por uma série de razões. Estou otimista, embora ainda tenhamos muitos desafios a enfrentar. O grande fator positivo neste ano que se encerra foi a união das entidades, de uma maneira nunca vista antes. Com isso, nos tornamos fortes para defender os interesses do setor diante de tantas ameaças que encontramos no ambiente externo, seja em assuntos regulatórios, como a RDC 786/2023, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), seja em assuntos de mercado, já que muitos laboratórios também atendem a área privada”, disse Shcolnik.

Ele frisou que o foco da RDC era o funcionamento dos laboratórios clínicos, mas, por uma série de contingências, gastou-se muita energia na discussão sobre exames realizados fora do laboratório clínico. “Na minha opinião, conseguimos bons resultados, pois os critérios para realização desses exames são muito rígidos. Compete a cada um de nós fiscalizar como eles estão sendo feitos nas farmácias, afinal, não podemos submeter as pessoas a qualquer tipo de risco”, complementou.

Ainda referente à RDC 786/2023, Shcolnik apontou várias conquistas relacionadas à tecnologia da informação. Antes, não havia autorização legal para a liberação automática de exames, embora todos os laboratórios utilizem essa ferramenta. Agora, a questão está prevista na regulamentação. Outra conquista foi a assinatura dos laudos, que não precisa mais ser certificada, simplificando o processo.

Shcolnik participou recentemente de uma reunião na Anvisa, mas a agência revelou não ter condições de informar um cronograma para discutir e promover ainda mais alterações já identificadas na nova RDC. “Nós da Abramed temos discutido algumas iniciativas no futuro para nos proteger e oferecer aos pacientes as melhores práticas, com resultados de exames confiáveis”, acrescentou.

Lorencin reforçou que a evolução da RDC é importante, desde que não traga impacto negativo e autorize o uso da automação para garantir o equilíbrio do setor e, ao mesmo tempo, a segurança do paciente. “Isso é o que preconiza a questão da assinatura em termos de autenticidade e integridade dos dados, sem aumentar os custos na cadeia produtiva de medicina diagnóstica. Isso também foi um trabalho em conjunto”, destacou.

Essa união entre as entidades também resultou na campanha inédita de valorização do laboratório, chamada “Eu confio no Laboratório”, demonstrando preocupação com a saúde do paciente após alteração na RDC. O objetivo é conscientizar a população sobre a importância de buscar resultados de exames em locais adequados, garantindo a qualidade dos resultados.

De acordo com Brazão, o local que vai realizar o exame fora do laboratório clínico – que já tem essa expertise – precisa montar um programa de garantia da qualidade, para fazer gestão de equipamento, gestão de risco e gestão de pessoas. “O investimento nesses locais deve ser fiscalizado”, ressaltou.

Fazendo uma comparação com outros países, Maria Elizabeth compartilhou sua experiência em um evento na Guatemala, que reuniu representantes da América Latina, América Central e República Dominicana. O Brasil é o único país com poucas barreiras sobre exames realizados fora de laboratório. “Mesmo nos Estados Unidos, onde cada estado tem sua legislação, não é tão aberto assim, com a preconização da assistência primária através de farmácia e inteligência artificial para alguns exames. Por outro lado, a América Latina está preocupada com a qualificação de laboratórios”, disse.

Maria Elizabeth também contou que só no Brasil há o farmacêutico generalista, o que coloca em risco a vida dos laboratórios. “Esse generalista não tem competência para fazer os exames, fornecer os resultados para o paciente e fazer o encaminhamento correto. Existem alguns cursos preparatórios, mas não são desenvolvidos pelas sociedades científicas”, apontou.

O impulso da tecnologia

“A tecnologia é a base de qualquer negócio, mas é preciso que as empresas tenham maturidade para poder capturar o seu valor”, disse Lorencin. “Quanto mais madura uma organização está perante seus processos, mais consegue capturar resultados da tecnologia, que vão desde a automação total até diferenciais competitivos”, comentou o CEO da Shift.

Para Brazão, os laboratórios precisam de um sistema que ajude desde o cadastro até a liberação dos resultados, passando pelas três fases: pré-analítica, analítica e pós-analítica, com foco na segurança. “Com o avanço da tecnologia, vemos o crescimento da telemedicina, que aumenta o acesso e gera resultado de forma mais rápida. Vivemos o momento dos quatro ‘p’: prevenção, participação, previsão e personalização”, disse.

Ele citou outras tecnologias promissoras, como a genômica, a metagenômica e a espectrometria de massa. Nesse ponto, destacou a união também entre laboratórios menores para unir tecnologias e realizar exames em parceria. “É importante se apegar à tecnologia na automação e na qualidade, para que os clientes tenham confiança em seu trabalho”, comentou Brazão.

Por sua vez, Shcolnik citou outras inovações. A radiologia já utiliza reconhecimento de imagem com grandes benefícios para os pacientes. “O olho humano não consegue ver essas imagens, mas a inteligência artificial as identifica e envia alertas para que os médicos possam priorizar a análise dessas imagens e tecer suas conclusões”, explica.

Na área de laboratórios clínicos, acrescentou o reconhecimento de imagem em hematologia e até em parasitologia. Segundo ele, a inteligência artificial elevará a importância dos exames para as decisões clínicas de 70% para quase 90%. “Na literatura internacional já há definições do uso da IA para melhoria de processos em laboratórios, para identificação de novos valores de referência populacionais, para indicações de exames em cada situação clínica e sobretudo para auxílio na interpretação. A IA conseguirá unir todos esses dados e transformá-los em informações muito valiosas. Esse é um futuro que se aponta”, explicou Shcolnik.

Maria Elizabeth também acredita no aumento da importância dos exames laboratoriais. Segundo ela, o crescimento é impulsionado pela miniaturização de plataformas, permitindo que até mesmo laboratórios de menor porte realizem exames em suas próprias instalações.

A presidente da SBAC explicou que as plataformas reduziram os erros, desde a fase pré-analítica até a emissão do laudo. Nas mais compactas, há a possibilidade de personalização para atender às necessidades específicas dos pequenos laboratórios, possibilitando a realização de exames individualizados. Essa abordagem não apenas melhora a precisão dos resultados, mas também oferece maior flexibilidade operacional.

Ela lembra, no entanto, que os dados no Brasil não estão centralizados, o que é fundamental para trabalhar predição e prevenção. “A Shift pode ajudar nisso em parceria com as entidades. Há vários trabalhos sendo realizados no Brasil que necessitam de integração. Precisamos de um lugar para estocar dados e permitir a análise”, acrescentou.

Maria Elizabeth ressalta, ainda, que a IA não vai substituir o cérebro humano. “Quanto mais nos capacitarmos, menos seremos substituídos. A proximidade com o paciente será de extrema importância. Depois da tecnologia, vai voltar a era da humanização. O tratamento humanizado vai se sobrepor à tecnologia”, expôs.

De forma geral, as perspectivas para 2024 são positivas para o setor de medicina diagnóstica, com a continuidade da colaboração entre as entidades para atingir as demandas do setor e com o crescimento do uso da inteligência artificial, ajudando os laboratórios a atenderem à população com mais precisão e rapidez.