Do diagnóstico à prevenção: como os exames de sequenciamento genético contribuem para a medicina

Eles permitem a adequação personalizada do tratamento com base no background genético do indivíduo e de sua doença

A avaliação genética com fins diagnósticos ou preventivos tomou um grande impulso nos últimos 10 anos, principalmente com o advento de uma tecnologia chamada sequenciamento de nova geração, conhecida como NGS (Next Generation Sequence).

O NGS tornou o custo de sequenciamento do material genético em laboratórios mais acessível e aumentou a velocidade do procedimento, possibilitando a utilização da informação em testes clínicos. “Podemos dizer que essa área se delineou a partir do uso mais maciço dessa tecnologia genômica”, explica Cristóvão Mangueira, membro do Comitê de Análises Clínicas da Abramed e diretor de Medicina Laboratorial do Hospital Israelita Albert Einstein.

Importante ressaltar que genômica não é o mesmo que genética. Genética é a disciplina médica mais tradicional, e a genômica é basicamente a aplicação do NGS na composição de painéis de testes genéticos, com a finalidade de uso na medicina clínica.

Segundo Marcos Queiroz, diretor suplente do Comitê de Radiologia da Abramed e diretor de Medicina Diagnóstica do Hospital Albert Einstein, a genômica está revolucionando a medicina. “Antigamente, o tratamento para um tumor de pulmão, por exemplo, era o mesmo para todas as pessoas acometidas por ele. Com o sequenciamento genético, é possível detectar subtipos e características próprias para aquele indivíduo, fazendo com que o tratamento seja diferenciado. Cada lesão tem sua característica, e o sequenciamento genético permite identificar e entender se há um tratamento específico”, explica.

O sequenciamento também é importante no desenvolvimento de terapias celulares, porque, uma vez conhecido o aspecto característico do tumor, desenvolvem-se terapias que podem ser aplicadas diretamente nele. Além dos benefícios no tratamento oncológico, a genômica tem grande papel preventivo. Já existem check-ups genéticos que permitem estudar o DNA para entender se há algum gene que determine predisposição para determinado tipo de câncer.

Abordagens

Existem várias abordagens e maneiras de usar a tecnologia NGS na medicina, mas Cristóvão as divide em três mais frequentes. Uma envolve o sequenciamento do material genético humano, o DNA, à procura de mutações e variações genéticas que possam estar associadas ao diagnóstico de alguma doença ou à predição de risco ao seu desenvolvimento. Um exemplo na área oncológica é o câncer de mama. “Algumas mutações são identificadas no sequenciamento de genoma, associadas a um risco aumentado de câncer de mama hereditário. Isso pode levar a condutas diferentes na condução da saúde do indivíduo com a mutação”, explica.

Outra abordagem é o sequenciamento de material genético de um câncer já diagnosticado. Por meio de uma biópsia, tira-se um pedaço do câncer ou todo ele, e é feito o sequenciamento genético do material. “Esse procedimento é útil para vários tipos de cânceres, pois é possível individualizar o tratamento, dependendo da mutação genética encontrada. Dessa forma, podemos prever se vale a pena tratar com medicação, quimioterapia, imunoterapia ou radioterapia”, destaca Cristóvão.

Por essa abordagem, também é possível prever se o paciente terá mais ou menos propensão a efeitos colaterais do tratamento. “Isso é o que chamamos de medicina personalizada, individualizada ou medicina de precisão, que é a adequação do tratamento para um indivíduo com base no background genético dele e de sua doença”, acrescenta o especialista.

A terceira abordagem é a utilização da tecnologia NGS para sequenciar microrganismos. Atualmente é possível estudar completamente a flora bacteriana do intestino fazendo o microbioma, que pode ser útil no tratamento de doenças inflamatórias intestinais, síndromes disabsortivas que levam à diarreia e doenças crônicas associadas com o mau funcionamento do intestino, por exemplo.

No diagnóstico, a tecnologia pode ser utilizada, por exemplo, para fazer sequenciamento total do vírus da covid-19 e identificar as novas variantes, como delta, ômicron, alfa, beta e assim por diante. “Resumindo, podemos usar o sequenciamento genético para diagnóstico de doença, predição de risco de doenças e para sequenciamento de microrganismos que causam doenças”, expõe Cristóvão.

Prevenção

Muito se fala da saúde do futuro, que está mais relacionada a cuidar preventivamente do paciente no contexto de sua saúde do que tratar a doença quando ela chega. Sem dúvida, os testes genéticos fazem parte dessa revolução.

Cristóvão conta, inclusive, que existem várias iniciativas de incorporação do sequenciamento genético no check-up tradicional, ou seja, muito além de exames de sangue, de imagem, físicos e da consulta médica. “Isso possibilita uma análise geral da saúde do paciente e uma visão mais aprofundada do risco para desenvolver doenças no futuro, como câncer, cardiopatias e doenças neurológicas.”

Na área de neurologia, há pesquisas para identificar, a partir do sequenciamento genético, o risco de doenças neuromusculares, neuropatias hereditárias, risco de epilepsia (InternationalEpilepsyDay), demência e Doença de Alzheimer, por exemplo.

No caso de doenças cardiológicas, uma das principais aplicações do teste genético é na identificação do risco de morte súbita, pois algumas pessoas não sabem que têm uma doença do coração, acabam sofrendo um mal súbito e vão a óbito. “O teste genético consegue identificar as doenças com antecedência, possibilitando ao médico prescrever medicamentos que previnam a morte súbita, como anticoagulantes ou outros que corrijam o ritmo cardíaco”, diz Cristóvão.

Como são feitos?

Testes genéticos são exames de alta tecnologia que demandam grande investimento nos sequenciadores genéticos, máquinas importadas dos Estados Unidos e China, por exemplo, que chegam a custar milhões de dólares. “Além do investimento nesse parque de equipamentos, os laboratórios e as clínicas de diagnóstico precisam investir em profissionais capacitados, pois não basta um profissional de laboratório comum, sem formação ou com formação generalista; são necessárias pessoas com PhD e treinamento específico na área genética”, conta Cristóvão.

Ele disse que foi incorporado um novo profissional ao laboratório: o bioinformata, profissional que une o conhecimento de TI e de biologia, capaz de desenvolver e utilizar softwares que interpretam dados de sequenciamento, transformando-os em um laudo inteligível para o profissional de saúde. “Atualmente, os laboratórios que trabalham com genômica têm equipes de bioinformática, ou seja, biólogos e biomédicos com formação específica, a maioria com pós-graduação.”

Na prática, a análise pode ser feita em qualquer material que contenha DNA ou RNA, no caso de vírus ou mesmo humano, como sangue ou saliva. Algumas informações oriundas do sequenciamento genético são chamadas de colaterais ou recreacionais, ou seja, não servem para fazer diagnóstico, mas matam a curiosidade das pessoas. Por exemplo, os testes de ancestralidade mostram o percentual de ascendência negra, europeia, indígena ou oriental no código genético da pessoa. No entanto, esse dado não tem nenhuma aplicação prática do ponto de vista médico.

Também é possível fazer sequenciamento de qualquer amostra que contenha células, pois todas têm DNA. Em testes focados em sequenciamento tumoral, que definem tratamento de cânceres, é usada a amostra de tecido tumoral, ou seja, um fragmento do próprio tumor retirado cirurgicamente, que é sequenciado no laboratório.

Análise dos resultados

Para análise dos resultados, a amostra passa por um processo de extração, que é a separação do DNA da amostra. Isso significa que primeiramente é preciso isolar o material genético e depois sequenciá-lo em outro equipamento, o sequenciador.

O resultado são alguns gigabytes ou até terabytes de informações, dependendo da profundidade do sequenciamento de dados brutos. Depois, esses dados são colocados em um software específico que traduz as informações para a linguagem médica clínica. O software vai rastrear os dados e identificar quais são as variações que estejam associadas a doenças. Depois, isso vai para outro sistema, que produzirá um laudo com a informação analisada.

“Não são exames fáceis com resultados que saem de um dia para outro. Geralmente são necessários vários dias ou até semanas para processar uma amostra e gerar um laudo. Esse exame geralmente é feito uma vez só e define o risco de ter alguma doença ou o tratamento específico para uma doença já diagnosticada, não é um exame de rotina”, explica Cristóvão.

Investimento

Para os laboratórios que querem investir nesses exames, Cristóvão diz que o retorno financeiro é difícil, porque o investimento inicial é muito alto, tanto em equipamentos quanto em profissionais qualificados. No caso de um laboratório inserido em sistemas de saúde de alta complexidade, com serviços de oncologia e outros serviços especializados, ele acredita que vale a pena buscar soluções genômicas para incorporar ao portfólio.

“Como o investimento é muito alto, uma tendência mundial é fazer associações entre laboratórios, pois o número maior de amostras viabiliza o retorno financeiro. O Brasil é um mercado de saúde grande e há poucos serviços de genômica privados. Assim, a tendência é que esses serviços se juntem para buscar sustentabilidade. Uma mão lava a outra”, analisa Cristóvão.

Por sua vez, Queiroz acredita que investir em genética é o futuro e que, com o tempo, o valor do aporte vai diminuir. “No entanto, é fundamental investir em educação médica, para que a análise desses resultados seja a mais assertiva possível”, acrescenta. Aliás, segundo ele, também é preciso educar a população em geral, através da divulgação dos benefícios gerados pela medicina genética de precisão.

“É fundamental fazer uma divulgação responsável desse tipo de exame. Por outro lado, vale lembrar que ele não resolve tudo, pois há doenças com fatores ambientais, que dependem da alimentação e de uma série de outros fatores”, finaliza Queiroz.

Texto publicado em: 12/12/2022

Especialistas em ESG compartilham suas experiências em episódio da série #DiálogosDigitais Abramed

Relatório de sustentabilidade, indicadores, metodologias, sensibilização e desafios foram alguns dos temas abordados

“O que ESG tem a ver com a sua saúde?” foi o tema de mais um episódio da série #DiálogosDigitais Abramed 2022, que aconteceu no dia 6 de dezembro, com transmissão ao vivo pelo canal do  YouTube  da entidade. Entre as perguntas respondidas durante o webinar, estiveram: de que maneira o ESG se conecta com a estratégia da empresa; porque ele é importante para o setor de saúde; como estamos e de que forma somos vistos; e quais seus desafios e oportunidades.

Participaram da conversa Lílian Mendes, gerente de ESG e Sustentabilidade da Dasa e membro do Comitê de ESG da Abramed; Meire de Fátima Ferreira, especialista e mentora em gestão de sustentabilidade; e Daniel Périgo, gerente de Sustentabilidade do Grupo Fleury e diretor suplente do Comitê de ESG da Abramed. A moderação ficou a cargo de Wilson Shcolnik, presidente do Conselho de Administração da Abramed.

O conceito de ESG – Environmental, Social and Corporate Governance, sigla em inglês para governança corporativa, social e ambiental, vem ganhando bastante destaque, no entanto, ainda há muito o que evoluir na medicina diagnóstica. “Esse é um tema de grande interesse, mas que tem sido pouco falado no setor. Portanto, convidamos três especialistas que lidam com o assunto diariamente”, iniciou Shcolnik.

Lílian começou destacando a importância do relatório de sustentabilidade, que é um dos principais passos para quem pretende incluir o ESG em sua estratégia de negócio. “Esse relatório provoca uma evolução interna da empresa e traz os stakeholders para mais perto. Independentemente do porte da organização, pode ser implementado com facilidade e aprimorado aos poucos. Cada passo é dado no seu tempo, afinal, estamos falando de uma jornada”, disse.

Ela contou que a Dasa implementou a metodologia da GRI, mantendo a transparência e a reciprocidade com pacientes e stakeholders. A Global Reporting Initiative (GRI) é uma organização sem fins lucrativos que fornece os padrões mais usados ​​do mundo para relatórios de sustentabilidade, os padrões GRI, também chamados de relatórios GRI.

Um dos desafios enfrentados pela Dasa em relação ao tema é equilibrar os três pilares de forma estratégica para que todos tenham o mesmo peso de importância. “Por isso, sempre mantemos metas e indicadores para cada um deles, fomentando os temas de forma equilibrada junto ao Conselho de Administração da empresa. Evidentemente, nosso propósito tem cunho social e ambiental. A governança, pilar muito relevante, acaba permeando os outros dois”, expôs.

Meire, por sua vez, está em transição de carreira, mas compartilhou sua experiência enquanto esteve como gerente executiva de sustentabilidade na BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo. “Manter uma organização do porte da instituição, que possui 7 mil colaboradores diretos, em um ambiente regulado, é desafiador. Estrategicamente, o hospital trabalha com uma visão sistêmica muito imbuída no fundamento de Peter Senge, que considera as organizações organismos vivos. Segundo essa perspectiva, é preciso prestar atenção em tudo aquilo que me afeta e que é afetado por mim no ambiente onde estou inserida”, ressaltou.

Vale lembrar que as iniciativas de ESG não são voltadas apenas para grandes companhias. “Qualquer uma, não importa o tamanho, que conseguir pensar nesse impacto socioambiental pode organizar a própria gestão. O setor de saúde é altamente regulado, o S, de social, todas as empresas precisam ter para existir. O A, de ambiental, está conectado com o cumprimento da legislação, mas, é claro, é necessário ir além. Sobre o G, de governança, o simples fato de ter um contrato ou um estatuto social já gera o vínculo. É a governança que vai dar o tom da gestão para que se possam fazer as escolhas”, explicou a especialista.

Em se tratando dos relatórios, Meire afirmou que eles são ferramentas de gestão que ajudam a organizar as ideias, a tomar decisões, a priorizar determinados temas, sempre em função daquilo que a empresa tem mais facilidade em fazer. “Os relatórios permitem às organizações do setor de medicina diagnóstica adotarem uma gestão estruturada de sustentabilidade sem precisarem de uma estrutura muito robusta para isso.”

Falando pelo Grupo Fleury, Périgo citou algumas iniciativas da empresa em consonância com a pauta ESG, como a construção de usinas fotovoltaicas, que têm tornado a matriz energética mais sustentável. “Também atrelamos o programa de remuneração variável a metas de ESG e temos buscado iniciativas sociais mais focadas na ampliação da atenção primária em saúde e no uso de telemedicina, aproveitando os aprendizados da pandemia. Na área de finanças, emitimos uma debênture (título de dívida que gera um direito de crédito ao investidor. Ou seja, ele terá direito a receber uma remuneração do emissor e periodicamente ou quando do vencimento do título receberá de volta o valor investido) para o mercado atrelada a metas de ESG, o que foi algo pioneiro na saúde do país”, contou, ressaltando que o sucesso das iniciativas depende da atuação de todas as áreas da companhia.

Para elaborar seu relatório anual de sustentabilidade, o Grupo Fleury utiliza como metodologias o GRI, o relato integrado, o Sustainability Accounting Standards Board (SASB), ou Conselho de Padrões Contábeis de Sustentabilidade, e o Task Force on Climate-related Financial Disclosures (TCFD), que diz respeito às questões climáticas.

“O relatório precisa mostrar a atuação integrada da companhia em relação às três letras da sigla. O objetivo é conseguir uma integração cada vez maior entre elas. Na área de saúde, o S ainda sobressai, pois a conexão é direta, embora o social seja o grande desafio das empresas. Importamos de outros países o maior destaque à questão ambiental, mas o Brasil precisa focar mais o social”, analisou Périgo.

Sobre os indicadores, o diretor suplente do Comitê de ESG da Abramed destacou, ainda, que eles permitem visibilidade e autorreflexão. “É o momento de avaliar os ganhos e as oportunidades de melhorias. A partir da análise dos indicadores, é possível trazer ganhos externos e para a companhia”, disse.

Périgo salientou também que o ESG demanda ações de longo prazo. É necessário aprender a desdobrar as metas e os indicadores entre as áreas e os projetos de uma empresa. “Não precisa esperar ter uma grande estrutura para começar a trabalhar com o tema, é possível iniciar com pautas pequenas e evoluir ao longo do tempo, como aconteceu com o Grupo Fleury.”

Sensibilização

Segundo Shcolnik, a sensibilização de colaboradores é sempre um desafio para obter os resultados desejados. Ele questionou os convidados sobre as iniciativas adotadas para atingir o engajamento dos envolvidos. Périgo respondeu que, para criar uma cultura de ESG, é preciso ter conexão com a estratégia e com o core businessda companhia. “Se trabalharmos dissociados disso, essa pauta será sempre secundária”, expôs.

Ele também citou a importância do apoio da direção, porque são necessários recursos para as pautas saírem do papel. “Tivemos dificuldades com a média liderança, o que exigiu um grande esforço de sensibilização”, revelou. O Grupo Fleury aprendeu, ainda, que é fundamental agregar a visão que vem de fora da companhia, ou seja, dos clientes, dos fornecedores e dos órgãos regulatórios. “É preciso conversar com todos os players envolvidos”, disse.

E, falando em outros atores no processo, Périgo lembrou que as operadoras de planos de saúde ainda são um público distante da pauta. “O diálogo com elas precisa avançar, porque há uma série de oportunidades e sinergias entre operadoras e prestadores de serviços”, observou.

Lílian, por sua vez, comentou que, neste mês de dezembro, a Dasa vai lançar a Jornada ESG. Todos os novos colaboradores passarão por ela para conhecer o significado e a importância da sigla, a maneira como a Dasa se posiciona e quais são suas metas, entre outras questões. Para a liderança, a experiência será diferenciada, sendo mais focada em como conectar a estratégia ao negócio e como liderar pessoas. “Não temos resultados ainda, mas isso vai ajudar muito na sensibilização dos colaboradores”, disse.

De acordo com a gerente de ESG e Sustentabilidade da Dasa, a empresa aprendeu a ouvir o que as pessoas, os diversos stakeholders, têm a falar. “Essa escuta é um ponto de partida fantástico, que tem espaço em rodas de conversas e palestras. Companhias de qualquer porte podem fazer isso. O que funciona, de fato, é utilizar as estratégias e sensibilizar.”

Já Meire contou que a BP criou a figura do influenciador, aquele que sempre está disposto a levantar a bandeira do ESG. Ela aproveitou para comentar sobre atores muito importantes no processo: os médicos. “Quando falamos com eles a respeito do assunto, todos conversam no mesmo nível de conhecimento e linguagem. Esses profissionais estão perto tanto dos pacientes quanto das operadoras. Também não podemos nos esquecer dos enfermeiros, essenciais para tocar essa missão tão relevante quando se fala de uma agenda de sustentabilidade.” O episódio completo pode ser visto neste link: https://youtu.be/hbXVmNCzWEM

Texto publicado em: 12/12/2022

Positividade em exames para Covid-19 está estável, mas continua alta, segundo Abramed

De 19 a 25 de novembro, mesmo com o aumento no número de exames em relação à semana anterior, a positividade manteve-se em 41,1%.

A quantidade de exames de Covid-19 realizados nos laboratórios privados associados à Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed) – entidade que representa 60% do volume de exames realizados na saúde suplementar -, vem crescendo, embora a taxa de positividade permaneça estável nas últimas duas semanas, no alto patamar de 41,1%.

Na semana de 12 a 18 de novembro, o número total de exames realizados chegou a 64.809, com 41,1% de positivos. De 19 a 25 de novembro, mesmo com o aumento na quantidade de exames (79.225), a positividade manteve-se na mesma porcentagem.

Em comparação com as últimas seis semanas, de 15 a 21 de outubro, foram realizados 18.229 exames, com positividade de 8,2%. De 22 a 28 de outubro, dos 18.928 exames realizados, 16,6% deram positivo. Na semana seguinte, de 29 de outubro a 4 de novembro, foram 21.019 exames, sendo 28,8% positivos. Um salto aconteceu de 5 a 11 de novembro, quando o número de exames quase triplicou em relação à semana anterior, chegando a 57.530, com 39,3% de positividade.

O total de exames realizados nas últimas seis semanas, ou seja, de 15 de outubro a 25 de novembro, foi de 259.740, com 36,1% de positividade (a taxa de positividade total é a média ponderada do período). Os números referentes a testes para diagnóstico são os primeiros a mostrarem a evolução de uma doença e o aumento da transmissibilidade, por isso os resultados apresentados semanalmente pela Abramed são tão importantes para o acompanhamento da Covid-19 no Brasil.

Positividade nos exames de Monkeypox cai de 19,1% para 7,1 em uma semana, segundo Abramed

Dados mostram oscilação na taxa de positividade, desde julho de 2022, quando diagnóstico começou a ser realizado

A positividade nos exames de Monkeypox (também conhecida como varíola dos macacos) na rede privada de medicina diagnóstica caiu 12 pontos percentuais, segundo levantamento da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed).

Na semana de 7 a 13 de novembro de 2022, foram realizados 35 exames, sendo que 7 registraram positivo para a doença, representando 19,1% de positividade. Já na semana de 14 a 20 de novembro, o número de exames caiu para 22, sendo 2 positivos, representando 7,1% de positividade em relação ao total de exames no período.

O acompanhamento semanal da Abramed dos exames de Monkeypox começou em julho de 2022. Desde então, a taxa de positividade vem oscilando. A maior incidência de casos positivos aconteceu na semana de 8 a 14 de julho, quando foram realizados 37 exames, sendo 24 positivos, representando 64,9% de positividade. A menor taxa foi registrada na semana de 3 a 9 de outubro, quando foram realizados 46 exames, com apenas 3 positivos, representando 6,5% de positividade.

De 1 de julho a 20 de novembro de 2022, período completo da apuração feita pela Abramed até então, foram realizados 1.331 exames, sendo 362 positivos, que representam 27,2% do total. Vale lembrar que suas associadas são responsáveis por cerca de 60% do total de exames realizados pela saúde suplementar.

No Brasil, estão confirmados 9.935 casos de Monkeypox, segundo Informe no 112 do Ministério da Saúde, publicado em 23 de novembro de 2022. No início de setembro, o governo incluiu a varíola dos macacos na Lista Nacional de Notificação Compulsória de doenças, agravos e eventos de saúde pública nos serviços de saúde públicos e privados em todo o Brasil.

Todos os resultados de testes diagnósticos para detecção da varíola dos macacos feitos por laboratórios das redes pública, privada, universitários e quaisquer outros em todo o País, sejam positivos, negativos ou inconclusivos, precisam ser notificados ao Ministério da Saúde de forma imediata, em até 24 horas.

Abramed contribui para debate da FenaSaúde sobre prevenção e combate às fraudes na saúde suplementar

A atuação dos laboratórios e das clínicas de diagnóstico foi abordada por Milva Pagano, diretora-executiva da entidade

A Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (Abramed), representada por Milva Pagano, diretora-executiva da entidade, participou do 11º Debates FenaSaúde, que abordou o tema “Prevenção e Combate às Fraudes na Saúde Suplementar”. O evento aconteceu no dia 22 de novembro, no auditório da Escola de Negócios em Seguros, em São Paulo, e foi transmitido pelo canal da FenaSaúde no Youtube.

Milva foi uma das debatedoras do primeiro painel, que tratou de “Fraudes na cadeia de saúde: impactos e enfrentamento”, discorrendo sobre a atuação dos laboratórios e das clínicas de diagnóstico. A discussão contou com a participação de Vera Valente, diretora-executiva da FenaSaúde, falando pelo lado dos planos de saúde; e de Antonio Brito, diretor-executivo da Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp), que apresentou a atuação dos hospitais privados.

Ela começou parabenizando a FenaSaúde pela iniciativa e manifestou o apoio da Abramed. Contou que a entidade instituiu, em 2017, um código de conduta, bem como desenvolveu uma política de compliance e um canal de denúncia, tamanha a importância dada ao tema.

“Nosso código de conduta segue alguns pilares importantes, como ética, foco no paciente, integridade, transparência, confiabilidade, livre concorrência e sustentabilidade”, disse, acrescentando que a entidade adotou critérios de elegibilidade para os associados, tendo como requisitos fundamentais justamente esses valores, garantindo a qualidade do serviço prestado.

A diretora-executiva da Abramed comentou que estamos em um momento precioso de discussão da RDC 302, da Anvisa, que normatiza o funcionamento dos laboratórios. “Há dois anos, a Abramed vem discutindo esse tema com outras entidades do setor. A questão dos postos de coleta é muito delicada, pois não há nenhuma vedação legal para sua existência dentro de clínicas. Nós defendemos a realização de coleta de exames por laboratórios em locais legalizados”, expôs.

Além disso, disse haver uma diversidade enorme de exigências sanitárias conforme a municipalidade, ou seja, o que se exige em uma cidade difere do que se exige em outra. “É importante padronizar esses pontos. Estamos buscando essa normatização. Precisamos fechar as brechas que existem”, declarou Milva.

Em relação à realização de exames desnecessários, mesmo com toda a rastreabilidade de laudos e amostras, ela lembrou que não é possível desconsiderar a autonomia do médico. “Como medicina diagnóstica, não podemos negar a realização de exames solicitados pelo médico. Não há como selecionar quais serão feitos.”

Segundo Milva, um evento como este é riquíssimo, pois permite discutir algo que coloca em risco a sustentabilidade do setor. “É importante unirmos esforços para coibir essas práticas.”

O painel contou com mediação de Lúcia Helena Oliveira, jornalista do UOL. “As fraudes na saúde suplementar são uma realidade e suas consequências estão diretamente relacionadas à sustentabilidade e a previsibilidade de gastos no sistema de saúde. Isso impacta a ponta da cadeia, ou seja, os beneficiários”, comentou.

Para o diretor-executivo da Anahp, as fraudes são um problema do sistema de saúde como um todo, é preciso compreender isso. “É perigoso pensar nelas apenas como um evento de ordem policial e criminal. Não se trata de um desvio que vai ser resolvido com mais investigação e mais política, mas uma consequência das dificuldades de organização do próprio setor. A fraude é febre indicando doença no organismo”, disse.

Brito defendeu a acreditação das instituições de saúde e a clareza dos processos para inibir as fraudes. Há problemas de excesso de exames, de formação profissional insuficiente, bem como questões culturais e desentendimento sobre glosas, que são a falta de pagamento de algum item que compõe a conta hospitalar do paciente atendido. “Há muita zona cinzenta no sistema de saúde, e o cinza é a cor preferida do fraudulento, daquele que pretende se esconder para fazer o malfeito.”

Segundo ele, também é preciso estimular o máximo a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) a redobrar o olhar sobre o tema geral de acreditação, processos e protocolos. Outra questão importante é a mudança do modelo de pagamento, de remuneração por procedimentos, favorecendo as fraudes, para remuneração por desfechos. Vários hospitais já demonstraram o valor deste último modelo para a sustentabilidade do sistema. Brito defendeu, ainda, o prontuário único. “A interoperabilidade é uma necessidade urgente”, ressaltou.

Por sua vez, Vera Valente tratou da atuação dos planos de saúde na prevenção e no combate às fraudes. “A glosa é uma febre que mostra uma enorme preocupação das empresas com contas muito altas”, disse.

Ela citou como exemplos de fraudes: pedido de reembolso de consultas não realizadas, solicitação desnecessária de exames, entrada em processos para pedir judicialmente a execução de procedimentos que não são necessários e mudança de código de doença para solicitar tratamento sofisticado com fins estéticos. “Todos pagam a conta”, ressaltou.

“Temos como desafio organizar a jornada do paciente, para que ele não corra para o pronto-socorro a qualquer dor de cabeça. Precisamos nos unir para apagar os incêndios, pois eles podem comprometer a sustentabilidade da cadeia. Todos precisam ter consciência de seu papel, incluindo médicos e beneficiários”, expôs Vera.

O evento completo pode ser visto neste link: https://youtu.be/dcAM8aQyXfU 

Em suas considerações finais, Milva ressaltou a importância do debate, fazendo votos de que ele seja o primeiro de muitos. “Mas não podemos ficar apenas no debate, a Abramed, norteada por seu Código de Conduta, lançado em 2017, orienta, incentiva e exige de seus associados boas práticas que inspirem todos os elos da cadeia, honrando nossa responsabilidade em garantir o foco na atenção ao paciente, resguardando sua segurança e o compromisso com serviços diagnósticos de qualidade, que contribuem diretamente para a adequada conduta médica e, consequentemente, para evitar desperdícios de recursos no sistema”, encerrou.

Quatro em cada dez testes de Covid feitos na rede privada têm resultado positivo

O crescimento da taxa de positividade de covid-19 nos exames realizados em laboratórios privados, foi destaque nos principais veículos de comunicação. Os dados, compilados e divulgados pela Abramed, mostram que a taxa passou de apenas 5,1% na segunda semana de outubro para 39,9% no mesmo período em novembro. Com isso, hoje cerca de 4 a cada 10 exames realizados indicam um diagnóstico para a doença.

A Abramed responde por cerca de 60% de todos os exames realizados pela saúde suplementar no país.

Leia as notícias na íntegra:

Veja

https://veja.abril.com.br/saude/um-susto-esperado-o-que-explica-a-nova-explosao-de-casos-de-covid-19/

Terra

https://www.terra.com.br/vida-e-estilo/saude/covid-19-quatro-em-cada-dez-testes-tem-resultado-positivo-saiba-quando-buscar-exame,500dab3103f7dbbe37586b4c1469e4f4ka1xiayi.html

Estadão

https://www.estadao.com.br/saude/covid-quatro-de-cada-dez-testes-feitos-deram-positivo-na-ultima-semana-mostra-associacao/

O Globo

https://s3.amazonaws.com/static.resources/original_page/621728947c6aaf52f3a7db5222d0a5ef?AWSAccessKeyId=AKIAVXOJ7J3IBUN3XNWG&Expires=1672059005&Signature=mg80y9jQQCgnD6LeNXAnpyh2OdQ%3D

Extra

https://s3.amazonaws.com/static.resources/original_page/199b98e1f87f55ea24c50ef99fe8b0dd?AWSAccessKeyId=AKIAVXOJ7J3IBUN3XNWG&Expires=1672059005&Signature=N%2Bh9H8NKMsJ5nYjYBwoXaoGZb3I%3D

Record News, a partir do minuto 1:51

https://s3.amazonaws.com/media.resources/tv/877136/2022/11/19/20221119_001538-20221119_002037.mp4?AWSAccessKeyId=AKIAVXOJ7J3IBUN3XNWG&Expires=1671627713&Signature=AQjSupEF%2Fg2tPL3RW6AJpGJMW4M%3D

Ecossistemas de saúde quebram barreiras e unem o setor em busca de eficiência

Por Renato Freire Casarotti*

Quando falamos de cuidado em saúde no setor privado, a discussão vai para o lado do problema da fragmentação e, consequentemente, para a importância dos ecossistemas, que são soluções integradas focadas no atendimento de várias demandas dos beneficiários.

O conceito transversal do ecossistema é o principal meio para atingir os três grandes pilares da saúde: acesso, qualidade e sustentabilidade. O acesso diz respeito à facilidade para obter exames, consultas e internações. Acessível não significa apenas “estar disponível”, mas também ser “custo acessível”. Quanto à qualidade, o acesso a consulta, exame e demais procedimentos devem também possuir uma boa experiência durante o seu processo, só assim é possível termos um desfecho 360º de maneira positiva. Já a sustentabilidade do setor de saúde está na manutenção de prover essas condições de acesso à população no longo prazo. Se a empresa oferecer acesso e qualidade, mas a conta não fechar, o sistema quebra.

Sempre ouvimos que o cuidado é muito fragmentado: laboratórios, hospitais e planos de saúde não se conversam. Exames se repetem, consultas se repetem, o plano muda e tudo se perde. Resumindo: o acesso fragmentado reduz a qualidade, piora o desfecho e afeta a própria sustentabilidade, afinal, a ineficiência e o desperdício são evidentes. Falta, portanto, uma maior integração entre as partes, e também entre os sistemas público e privado de saúde.

Se houvesse um ecossistema que agregasse os vários elos do setor de saúde, o atendente de um hospital, por exemplo, teria acesso a todo o histórico do cidadão, dos exames, às consultas realizadas, permitindo o acompanhamento completo da sua condição de saúde.

Então qual é a minha convicção? É de que a solução já existe, é a da integração dos dados, que de certa forma já se encontra nas grandes redes de saúde que possuem operadora, hospitais e laboratórios próprios, ou seja, rede própria de saúde.

A realidade está nos atropelando, e aquilo que poderia ser feito de forma planejada, com calma, como tudo na nossa vida – e aqui no Brasil temos a impressão de que isso é ainda mais forte –, vai sendo postergado, até o dia em que se é obrigado a realizar.

O surgimento dos ecossistemas é fruto da própria realidade, que nos empurra em sua direção, pois, como o modelo fragmentado está ficando cada vez mais caro e inacessível, a quebra das barreiras ocorre por pressão. Isso pode ser visto de várias formas. Vou citar dois.

O primeiro modelo é o tradicional: integrado, com rede de saúde própria exclusivamente. Um dos seus objetivos é tornar a jornada da saúde mais integrada, com uma gestão de saúde mais próxima entre beneficiário e operadora de plano de saúde.

O segundo modelo de integração é o contratual, com rede credenciada de saúde. Os ecossistemas são criados, mas não estão no mesmo grupo, porque a governança é diferente, sem, entretanto, comprometer a qualidade do cuidado à saúde dos beneficiários desses planos de saúde.

O comum a esses dois modelos é que os ecossistemas estão se aproximando e em constante aperfeiçoamento. Percebemos que, para conseguirem ser mais eficientes e competitivos, bem como entregar melhor resultado a um custo que seja acessível em longo prazo, essa é a estratégia que vai funcionar.

Reforço que a integração até já existia. As pessoas começaram a perceber, pela mudança brutal do mercado – já esperada –, que chegaríamos a esse momento, em que é preciso acelerar e buscar novos modelos de atuação. O que era alternativo virou mainstream. Ou seja, integração era apenas um nicho, mas agora é a palavra da vez.

O modelo vertical é o primeiro que entendeu a integração como um meio para entregar serviços de qualidade em saúde. Ele, inclusive, está se expandindo. Obviamente, nesse processo é importante encontrar o equilíbrio entre acesso e qualidade. A qualidade é obtida com bons protocolos, boas regras de governança, porque o acesso não pode se sobrepor à qualidade e vice-versa. Não basta ter o centro de saúde mais moderno do mundo dotado de todas as tecnologias de ponta se ele atender poucas pessoas. Se não for acessível para todos, é apenas nicho.

Sempre vai existir o nicho, mas um hospital ou uma clínica isolados ficarão cada vez mais fora da realidade. Se não desenvolverem uma lógica de pertencimento a um ecossistema, terão muita dificuldade. E o mais interessante nisso tudo é ver os muros se quebrando. Os elos, que eram muito segmentados, começaram a se relacionar. Um está resvalando no outro de maneira positiva. Estão todos entendendo que um não pode existir sem o outro.

Ainda há pontos de conflito e é preciso tempo para serem totalmente sanados, mas a integração está acontecendo. Por exemplo, a Abramge talvez nunca tenha falado tanto com associações de outros elos quanto atualmente. A nossa relação é muito forte e próxima.

A era do “cada um no seu quadrado” está chegando ao fim. Claro que cada elo tem suas fortalezas e vícios, mas esperamos, nessa integração, que as fortalezas prevaleçam e que os vícios de um não contaminem o outro, pelo contrário, que as virtudes se sobressaiam e ganhem protagonismo, sempre.

*Renato Freire Casarotti é presidente da Associação Brasileira de Planos de Saúde (Abramge)

Número de exames de Covid nos laboratórios triplica. Taxa de positividade eleva 400%

A positividade nos exames de Covid-19 na rede privada de medicina diagnóstica continua subindo, segundo levantamento da Associação Brasileira de Medicina Diagnóstica (ABRAMED). A taxa de positividade dos exames no período de 5 a 11 de novembro foi de 39,9%. Na semana anterior (29/10 a 4/11) era de 23,1%, passando de 4.276 exames positivos na semana encerrada no dia 4/11 para 21.700 na semana encerrada no dia 11.

O aumento no número de exames realizados também é destaque: passaram de 18.510 para 54.380 no mesmo período, o que significa uma elevação de 194%.

“Os dados nos mostram que na segunda semana de novembro houve um aumento na procura por exames, ou seja, a população foi se testar mais, provavelmente devido ao aumento de sintomas”, explica a diretora-executiva da Abramed, Milva Pagano. “Esse é um comportamento muito importante, pois somente com a testagem segura e com o diagnóstico preciso e correto podemos evitar disseminar ainda mais o vírus. Os testes que fundamentam as estratégias para controle da pandemia no mundo.”

Segundo Milva, a elevação da taxa de positividade nos laboratórios corrobora com o que diz a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI), que vem alertando para o aumento significativo do número de casos de covid-19 no Brasil nas últimas semanas, decorrente da circulação da subvariante Ômicron BQ.1 e outras variantes. 

Segundo a SBI pelo menos em quatro estados já se verifica com preocupação uma tendência de curva em aceleração importante de casos novos de infecção pelo SARS-COV-2 quando comparado com o mês anterior.  Há cerca de um mês, os exames realizados pelas associadas da Abramed tinham uma taxa de positividade de 3,7%. 

Confira o histórico abaixo:

Publicado em: 17/11/2022

Gerenciamento de riscos é ação necessária para a sustentabilidade dos negócios

Conceito pode ser aplicado por empresas de todos os portes e segmentos, especialmente na saúde

Conceitualmente, risco é um evento ou condição incerta que, se ocorrer, tem um efeito positivo ou negativo em um ou mais objetivos de uma organização, podendo afetar o escopo, o prazo, o custo e a qualidade dos serviços prestados. Gerenciamento de riscos, em síntese, pode ser resumido como o processo de identificar, tratar, avaliar e monitorar os riscos existentes em uma empresa, departamento, operação, evento ou alguma atividade específica. Ele é imprescindível para o setor de saúde, inclusive para empresas de medicina diagnóstica. O vazamento de dados, por exemplo, é uma consequência de quando não se tem uma gestão adequada das ameaças.

“Nós já temos, no Brasil, várias leis que acabam recomendando que a empresa tenha algum programa de gerenciamento de risco, a exemplo da Lei Anticorrupção (Lei 12.846/13) e da Lei Geral de Proteção de Dados (Lei 13.709/18). Temos várias legislações para finalidades diversas que acabam evocando sistemas de gerenciamento de riscos como necessários dentro de uma organização”, fala o diretor de Controles Internos, Compliance, Riscos e Auditoria Interna do Grupo Pardini e diretor titular do Comitê de Governança, Ética e Compliance (GEC) da Abramed, Jair Rezini.

Entre as principais finalidades do gerenciamento de riscos, tem-se:

  • Alinhar o apetite por risco com a estratégia adotada – os administradores avaliam o apetite por risco da organização ao analisar as estratégias, definindo os objetivos a elas relacionados e desenvolvendo mecanismos para gerenciar esses riscos.
  • Fortalecer as decisões em resposta aos riscos – o gerenciamento de riscos corporativos possibilita o rigor na identificação e na seleção de alternativas de respostas aos riscos – como evitar, reduzir, compartilhar e aceitar os riscos.
  • Reduzir as surpresas e os prejuízos operacionais – as organizações adquirem melhor capacidade para identificar eventos em potencial e estabelecer respostas a estes, reduzindo surpresas e custos ou prejuízos associados.
  • Identificar e administrar riscos múltiplos e entre empreendimentos – toda organização enfrenta uma gama de riscos que podem afetar diferentes áreas. O gerenciamento de riscos possibilita que se dê uma resposta eficaz a impactos inter-relacionados e, também, respostas integradas aos diversos riscos.
  • Aproveitar oportunidades – pelo fato de considerar todos os eventos em potencial, a organização posiciona-se para identificar e aproveitar as oportunidades de forma proativa.
  • Otimizar o capital – a obtenção de informações adequadas a respeito de riscos possibilita à administração conduzir uma avaliação eficaz das necessidades de capital como um todo e aprimorar a alocação desse capital.

“O mundo de negócios é algo em constante transformação, com tendências que emergem, surgimento de tecnologias, influência de investimentos, de política, sendo cada vez mais necessário que as empresas tenham controles que consigam prever as situações de risco que possam acontecer e afetar seus planos e planejamentos estratégicos. Um projeto de gerenciamento de riscos visa identificar e antecipar possíveis oportunidades e ameaças aos objetivos estratégicos. Ele auxilia toda a gestão, na tomada de decisão e possibilita a criação e o aumento de valor”, explica o Gerente de Riscos, Compliance e Controles Internos da BP- A Beneficência Portuguesa de São Paulo e diretor suplente do GEC/Abramed, Lucas Perez.

Segundo ele, entre os desafios que se tem ao trabalhar com um projeto de gerenciamento de riscos, há o fato de que as empresas muitas vezes já têm gestões de riscos estabelecidas nas diversas áreas de negócios, ou seja, aumenta o grau de dificuldade trabalhar um projeto que congregue as diferentes visões, especialmente no setor de saúde.

“Hoje você tem diversas áreas dentro de um hospital ou de um laboratório olhando a segurança; o risco financeiro; o próprio risco operacional ou regulatório. Então, trabalhar com um projeto de gestão de riscos integrado é um desafio, porque você precisa congregar essas visões para falar de risco numa linguagem única dentro da organização. O ideal é que você consiga ter uma visão única de risco, mas aproveitando aquilo que já está sendo feito. Você deve aproveitar as visões de risco existentes para criar uma perspectiva única”, conta Perez.

Linhas de defesa

O diretor suplente do Comitê GEC/Abramed destaca que, quando se fala de melhores práticas de governança, é preciso ter em mente o modelo das três linhas. Esse modelo de governança é recomendado para todas as organizações resultando em um gerenciamento de riscos mais sólido, quando há três linhas de defesa separadas, com papéis bem definidos. Cada uma dessas três “linhas” desempenha um papel distinto dentro da estrutura. São elas:

  1. Todos na empresa desempenham uma função na gestão eficaz de riscos, mas a responsabilidade primária para a gestão e o controle dos riscos é delegada ao nível de gestão adequado dentro da empresa. Ou seja, o processo é descentralizado e o dono do processo é o dono do risco e de seus controles.
  • A área de gestão de riscos/controle interno tem por missão qualificar a primeira linha bem como fornecer expertise complementar quanto ao gerenciamento de riscos.
  • A terceira linha é a auditoria interna e deve realizar suas avaliações independentes tanto na primeira como na segunda linha de defesa.

Sistemática

Rezini conta que o processo de gestão de riscos do Grupo Pardini envolve a aplicação sistemática de políticas, procedimentos e práticas para as atividades de: comunicação e consulta; esclarecimento de contextos; avaliação de riscos; tratamento; monitoramento e análise crítica; e registro e relato de riscos.

“Como parte dos esforços para aperfeiçoar a gestão de riscos, o grupo vem realizando importantes ações a fim de garantir a maior efetividade do gerenciamento de riscos com revisão da política e metodologia de gerenciamento de riscos; implementação da plataforma otimizada; criação do Comitê de Gerenciamento de Riscos, entre outros. Vale ressaltar que isso se aplica a qualquer segmento e qualquer tamanho de empresa. É um norteador de como você deve fazer. Mas a essência, o que se deve ter em mente, é: quais são os riscos para o meu negócio? Quais são os riscos que, ao se materializar, irão inviabilizar a continuidade do meu negócio?”, afirma Rezini.

Segundo ele, a área de qualidade conta com um consultor que atende a cada região onde o Pardini está. É o profissional que vai às unidades de atendimento para passar orientações, cuidados, treinamentos, porque o setor de medicina diagnóstica exige vários cuidados, desde um acesso adequado a uma loja, como adequada identificação do ambiente, os cuidados com manuseio e conservação de material biológico e logística.

Publicado em: 17/11/2022

Atuação de acordo com práticas de ESG, LGPD e compliance estão entre as perspectivas da Transduson para 2023

Luciana Dias, CEO da nova associada à Abramed, fala de investimentos em tecnologia e desafios frente às mudanças pelas quais o setor de medicina diagnóstica vem passando

A Abramed celebra a chegada de uma nova associada, a Transduson, empresa com unidades em Carapicuíba e Alphaville, no estado de São Paulo, cuja missão é fornecer diagnósticos confiáveis, com responsabilidade, dentro de princípios éticos e técnicos, com tecnologia avançada e colaboradores capacitados em busca do melhor atendimento ao cliente. Em entrevista exclusiva para a newsletter Abramed em Foco, a CEO Luciana Dias fala sobre como a Transduson enfrentou a pandemia de covid-19, as mudanças recentes que o setor de medicina diagnóstica vem passando, incluindo o processo de transformação digital e os investimentos da companhia em tecnologia.

Confira o bate-papo na íntegra.

Abramed em Foco – Comente sobre a história da Transduson, sua atuação e como a empresa enfrentou tanto a pandemia de covid-19 quanto, agora, o processo de retomada.

Luciana Dias – A Transduson concilia paixão e negócio, com visão e propósito de uma nova narrativa, conectando acessibilidade, diagnósticos rápidos, com precisão e alta qualidade e de forma humanizada. Atua na área de medicina diagnóstica completa e avançada desde 1990, com pioneirismo na zona oeste de São Paulo e Alphaville, tornando-se ícone de credibilidade e confiança.

Na vigência do grande desafio da pandemia da covid-19, em março de 2020, quando não se sabia se haveria vacina, a primeira ação imediata foi cuidar da equipe e tentar estabelecer uma relação de confiança com o time para que fôssemos adiante apesar das incertezas que se apresentaram. Com redimensionamento de RH, horários e funções, e mesmo o estabelecimento do home office, fizemos várias adequações visando manter a sustentabilidade e contribuir socialmente para o combate da crise. Cumprimos com rigor as determinações legais de medidas de prevenção, como afastamento social, uso de equipamentos individuais e higienização, bem como aderimos e divulgamos a vacinação assim que foi disponibilizada.

Medidas administrativas imediatas foram tomadas, por exemplo, o escalonamento e redimensionamento das escalas de trabalho visando manter o quadro e o atendimento com qualidade. Nesse período, houve consolidação e evolução das ferramentas de gestão, possibilitando que, na retomada, o fortalecimento dos controles de processos e a otimização das ações integradas se tornassem realidade e fizessem a diferença no equilíbrio entre a demanda em alta crescente e a volta progressiva dos recursos de atendimento.

Abramed em Foco – O setor de medicina diagnóstica, sem dúvidas, tem passado por mudanças substanciais. Em sua opinião, quais foram as principais?

Luciana Dias – Ciclos de mudanças atuais estão muito curtos, particularmente na medicina, e os desafios são múltiplos para o setor de medicina diagnóstica, os principais incluem:

  • Necessidades crescentes de diagnósticos rápidos e clinicamente úteis exigindo operação informatizada, com alta qualidade.
  • Crescentes desafios regulatórios na área.
  • Importante consolidação do mercado com fusões e aquisições em profusão.
  • Além da gestão de custos, o cenário econômico atual, com o retorno da inflação, e o relacionamento com as fontes pagadoras representam pontos de muita atenção.

Também há que se destacar a crescente importância da área na prática médica, pelo envelhecimento populacional e o grande contingente que passou a ter maior cuidado com a saúde no pós-pandemia.

Abramed em Foco – A pandemia acelerou o processo de transformação digital na saúde, inclusive na medicina diagnóstica. Como a Transduson se insere nesse âmbito?

Luciana Dias – A transformação digital teve consolidação na pandemia e na retomada. A empresa fez várias ações, tornando-se um hub digital. O cenário tecnológico e a aplicação de ferramentas de gestão com formação de times de resposta rápida impulsionaram a produtividade e possibilitaram melhores controles na redução de custos, aumentando a rapidez e a precisão nos diagnósticos.

Ações digitais integradas a atendimento humanizado têm sido o foco de nossas pautas diárias.

Como facilitadora dessa transformação, a vocação histórica de empresa em educação continuada permitiu o fortalecimento do treinamento e do ensino em conjunto com o RH, potencializando o Núcleo de Ensino e Pesquisa da organização.

Destaco também que, através da transformação digital, o SAC age com maior celeridade e precisão, permitindo soluções e melhoria contínua de forma objetiva.

Abramed em Foco – Os laboratórios e as clínicas de imagem valeram-se  do momento pandêmico para investir em tecnologia. A Transduson realizou investimentos nesse sentido? Quais? 

Luciana Dias – Foram feitos vários investimentos em tecnologia bem como em infraestrutura, com abertura de nova unidade. Incorporamos, na esteira das acreditações ISO e ONA, várias aquisições nos setores de Ultrassonografia, Cardiologia, Medicina Laboratorial. Também foram tomadas medidas digitais pavimentadoras, permitindo o exercício da Telerradiologia, o acesso aos exames de forma on-line e com plataformas integradas, como uso de QR code, a utilização de robôs em vários setores, melhorando o relacionamento com as fontes pagadoras.

Outras medidas incluíram incorporação de atendimento agendado via WhatsApp, software de gestão avançada de RH, melhorando a comunicação interna, e implantação de software de gestão de documentos da qualidade, permitindo maior aderência e capilaridade para o time todo.

Tudo isso permitiu a otimização e a agilidade no tempo de atendimento, melhorando a qualidade percebida, bem como a acurácia diagnóstica, com aumento da produtividade e redução de custos.

Abramed em Foco – A medicina diagnóstica brasileira vem atuando para ampliar o acesso aos exames. E sabemos que a tecnologia tem papel fundamental nessas estratégias. Quais são os desafios, na sua visão, para se aplicar a tecnologia na expansão do setor?

Luciana Dias – A tecnologia digital exige e o principal desafio é o conhecimento, a racionalidade e o trabalho em equipe, para uma incorporação correta e funcional, que permita compatibilizar os custos e cumprir a facilitação de acesso aos exames.

Neste contexto, as empresas de diagnóstico têm sido desafiadas a se posicionarem como “hubs digitais”, em que a formação de um time de TI alinhado e atento para atender a todas essas demandas simultâneas se apresenta como desafio fundamental.

Abramed em Foco – Como enxerga o futuro da saúde no pós-pandemia? A medicina diagnóstica assume um papel diferente do que tinha anteriormente?

Luciana Dias – No pós-pandemia, como já destacamos, a medicina diagnóstica tem papel fundamental na qualidade da saúde de um modo geral. O setor está com alta demanda, tanto pelos profissionais médicos quanto pelos usuários dos serviços. Apesar dos múltiplos desafios, existe um cenário muito promissor, especialmente quando pontuamos as tendências que já são realidade e, particularmente, as que estão por vir.

A medicina diagnóstica tem papel de protagonista na prática médica pós-pandemia, sendo a ponte segura para disponibilizar a transformação digital na medicina de precisão e facilitar o acesso a essas mudanças pelo usuário final. A experiência do paciente nunca mais será a mesma após a transformação digital.

Abramed em Foco – Quais as perspectivas da Transduson para 2023? Há potencial para crescimento?

Luciana Dias – A perspectiva principal da gestão neste momento é o crescimento sustentável, pois a sustentabilidade está na nossa raiz. Vamos atuar segundo princípios de gestão ESG, com destaque para ampliação e aquisição de energia fotovoltaica e fortalecimento da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e do compliance.

Acompanharemos o cenário econômico em conjunto com uma governança robusta e investiremos em um controle de custos eficiente e rigoroso. Também vamos gerenciar esforços no sentido de nos aproximarmos de parceiros, clientes e fontes pagadoras.

Há um potencial de crescimento na área diagnóstica com três frentes principais:

  1. o reconhecimento pelas autoridades sanitárias e fontes pagadoras de que o diagnóstico é um fundamento para uma prática médica precisa e com melhores resultados;
  2. o progressivo envelhecimento populacional; e
  3. a retomada com forte demanda pós-pandemia.

Nosso planejamento estratégico para 2023 inclui investimentos em setores específicos como check up, cardiologia, medicina da mulher e da longevidade, bem como aumento da capilaridade geral.

Abramed em Foco – Como enxerga a atuação da Abramed na medicina diagnóstica? O que espera da entidade como parceira para melhoria do setor?

Luciana Dias – Fazendo parte da Abramed, sentimos maior integração com o setor de medicina diagnóstica em todas as suas dimensões, aumentando a nossa segurança por fazermos parte de uma instituição agregadora, atualizada e atenta às tendências, que pode contribuir muito no sentido de buscar soluções no relacionamento entre todas as partes, incluindo fornecedores e fontes pagadoras, particularmente frente ao aumento global dos insumos e de outros custos.

As mudanças têm tido ciclos cada vez menores, o que aumenta a importância de estarmos juntos pensando em soluções que atendam de forma equânime o meio ambiente, a comunidade como um todo, os fornecedores e os clientes. Assim, a atuação da Abramed pode contribuir para a sustentabilidade e melhor interação entre todos.